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Impresso 99129-5/2002-DR/SC UFSC CORREIOS A poesia toma a Biblioteca Jornal Universitário Universidade Federal de Santa Catarina - Outubro de 2009 - Nº 405 Enem adia Vestibular p. 4 Refém Política & inovação p. 2 e 5 Avanço Retrato da qualidade p. 14 Sepex Como funciona a Editora p. 9 Transparência Museu Universitário Oswaldo Rodrigues Cabral ainda não reúne condições de abrigar exposições Lula cria a UFFS p. 4 Inclusão A parceria entre a UFSC e a Udesc funcionou mais uma vez para o sucesso da 2ª Semana Ousada de Artes. O evento, que entra defini- tivamente no calendário da Ilha, apresentou Liderança conquistada e excelência reconhecida Com quase 50 anos, que serão comemo- rados em 2010, e entre as 200 melhores uni- versidades do mundo, segundo ranking inter- nacional recém-divulgado, a UFSC se prepara para enfrentar novos desafios, estimulando a reflexão sobre as avaliações relacionadas ao ensino superior. Em termos de visibilidade na internet, a Instituição ocupa o terceiro lugar no País e assume a 134ª colocação no mundo. A conquista é comemorada, mas aumenta a responsabilidade da Administração da Univer- sidade do Século XXI A arte sai do armário debates, teatro, cinema e dança, promoven- do uma espécie de efervescência cultural e possibilitando às universidades a chance de “mostrar o novo” Foto:Divulgação p. 16 Pai da Catequese Poética, movimento literário nacio- nal que aproximou o verso ao povo, o poeta Lindolf Bell, que morreu em 1998, foi homenageado com uma bela exposição na Biblioteca Universitária p. 11 Foto: Carolina Dantas p. 8 e 9 A infraestrutura e as condições de trabalho favorecem o ensino de excelência. Na foto, sala de aula do Centro de Ciências Biológicas (CCB)

Jornal Universitário - UFSC

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Impresso99129-5/2002-DR/SC

UFSC

CORREIOS

A poesia toma a Biblioteca

Jornal

UniversitárioUniversidade Federal de Santa Catarina - Outubro de 2009 - Nº 405

Enem adia Vestibularp. 4

Refém

Política & inovaçãop. 2 e 5

Avanço

Retrato da qualidadep. 14

Sepex

Como funciona a Editorap. 9

Transparência

Museu Universitário Oswaldo Rodrigues Cabral ainda não reúne condições de abrigar exposições

Lula cria a UFFSp. 4

Inclusão

A parceria entre a UFSC e a Udesc funcionou mais uma vez para o sucesso da 2ª Semana Ousada de Artes. O evento, que entra defini-tivamente no calendário da Ilha, apresentou

Liderança conquistada e excelência reconhecida

Com quase 50 anos, que serão comemo-rados em 2010, e entre as 200 melhores uni-versidades do mundo, segundo ranking inter-nacional recém-divulgado, a UFSC se prepara para enfrentar novos desafios, estimulando a reflexão sobre as avaliações relacionadas ao

ensino superior. Em termos de visibilidade na internet, a Instituição ocupa o terceiro lugar no País e assume a 134ª colocação no mundo. A conquista é comemorada, mas aumenta a responsabilidade da Administração da Univer-sidade do Século XXI

A arte sai do armáriodebates, teatro, cinema e dança, promoven-do uma espécie de efervescência cultural e possibilitando às universidades a chance de “mostrar o novo”

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p. 16

Pai da Catequese Poética, movimento literário nacio-nal que aproximou o verso ao povo, o poeta Lindolf Bell, que morreu em 1998, foi homenageado com uma bela exposição na Biblioteca Universitária

p. 11

Foto: Carolina Dantas

p. 8 e 9

A infraestrutura e as condições de trabalho favorecem o ensino de excelência. Na foto, sala de aula do Centro de Ciências Biológicas (CCB)

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UFSC - Jornal Universitário - Nº 405 - Outubro de 2009 - PÁG 2

Memória

Expediente

Caiu na cestaMoacir Loth

A comunicação cuida da saúde da instituição

Elaborado pela Agecom - Agência de Comunicação da UFSCCampus Universitário - Trindade - Caixa Postal 476CEP 88040-970, Florianópolis - SC www.agecom.ufsc.br, [email protected] Fones: (48) 3721-9233 e 3721-9323. Fax: 3721-9684

Diretor e Editor Responsável:Moacir Loth - SC 00397 JPCoord. de Divulgação e Marketing/ Redação:Artemio R. de Souza (Jornalista) Alita Diana (Jornalista)Arley Reis (Jornalista) Celita Campos (Jornalista)Erich Casagrande (Bolsista)Fernanda Burigo (Bolsista)José A. de Souza (Jornalista)Mara Paiva (Jornalista)Margareth Rossi (Jornalista)Maria Luiza de Oliveira Gil (Bolsista)Natália Izidoro (Bolsista)Paulo Clóvis Schmitz (Jornalista)Paulo Fernando LiedtkeTiago de Carvalho Pereira (Bolsista)Tifany Ródio (Bolsista)Fotografia: Carolina Dantas (Bolsista)Lucas Sampaio (Bolsista)Paulo NoronhaArquivo FotográficoLedair PetryTania Regina de SouzaEditoração e Projeto Gráfico: Jorge Luiz Wagner BehrCláudia Schaun Reis (Jornalista) Divisão de Gestão e Expediente: João Pedro Tavares Filho (Coord.)Beatriz S. Prado (Expediente)Rogéria D´El Rei S. S. MartinsRomilda de Assis (Apoio) Impressão: Diário Catarinense

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A pesquisa acabou por se tornar, colateralmente, a grande vítima da biopirataria (Editorial da Folha de S.Paulo, comentando a burocracia para a realização de pesquisas científicas envolvendo fauna e flora brasileiras)

O ex-diretor da Imprensa Universitária da UFSC, Ricardo Tadeu Dias, faleceu, aos 51 anos, no dia 11/09, no Hospital de Caridade.

Pertencia aos quadros da UFSC desde 1979. Na direção da gráfica, no período de 1992 a 1996, investiu na modernização da gestão administrativa, buscando melhorar as condições de trabalho e otimizar a produtividade da equipe.

Ricardo também trabalhou no Departamento de Apoio à Pesquisa (DAP). Atualmente era servidor do Centro de Ciências Jurídicas, onde coordenava o acervo da Biblioteca Setorial e também era membro suplente no Conselho de Curadores da Fundação José Arthur Boiteux.

Nostalgia. “Saudade dos anos 70, quando esta m**** fazia meus dedos doerem, exigindo uma massagem à base de álcool” (Jornalista e professor Laudelino José Sardá, organizador do livro Da Olivetti à Internet, publicado pela Editora da Unisul). Sardá é um romântico regenerado.

Faz um quatro! “Faça sempre lúcido aquilo que você disse que faria bêbado. Isso o ensinará a manter sua boca fechada” (Ernest Hemingway, autor de Por quem os sinos dobram e O velho e o mar).

Rodermel. A democracia parece obliterar as lideranças estudantis. Jornalista ligou para a Age-com para saber quem é o atual presidente da União Catarinense dos Estudantes (UCE). É o acadêmico de Direito Vander Rodermel, eleito no congresso de junho, em Joaçaba, com 105 votos. Nem os diretó-rios estudantis conhecem seus dirigentes máximos (UCE e UNE). Eleições diretas poderiam resolver a distorção e recuperar a legitimidade!

O homem mordeu o cachorro. A morte do Catatau repercutiu mais na UFSC do que o fim do diploma para jornalista.

Ditadura exposta. A exposição Direito à memória e à verdade - A Ditadura no Brasil passou pela UFSC em 2008. Agora foi distribuída uma revista contendo fatos e fotos dos principais episódios do período 1964-1985. A iniciativa é da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República.

Do EditorCiência com Política

Paz. O 11 de setembro foi essencialmente tecnológico em Santa Catarina. Incluindo entre os seus pressupostos a preservação e a valorização do meio ambiente, e, dessa forma, buscando alcançar desenvolvimento sustentável, a Política Catarinense de Ciência, Tecnologia e Inovação foi aprovada pelos 35 membros que compõem o plural Con-selho Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Conciti). Presidido pelo governador Luiz Henrique da Silveira e pres-tigiado pelo reitor Alvaro Prata, da UFSC, o Conciti, reunido no Centreventos Renato Archer, estabeleceu as bases para fazer “pegar” a recém-regulamentada Lei Catarinense de Inovação, que, devidamente praticada, tornará viável a parceria da comunidade científica com o setor produtivo e o Poder Público.

Formatado desde a década de 1960, o Sistema de Ciência e Tecnologia começou a se consolidar em SC so-mente a partir de 2003, pautado na ideia de Política de Estado semeada pelo ex-ministro Renato Archer. O 11 de setembro, marcado pelo anúncio da Fapesc de editais de pesquisa da ordem de R$ 40 milhões e pelo lançamento do Prêmio Catarinense de Inovação Caspar Erich Stemmer, abre a otimista expectativa do cumprimento da Constituição Estadual que “garante” a aplicação de 2% da arrecadação líquida de impostos do Estado em pesquisa. (Algo em torno de R$ 180 milhões).

O desenvolvimento regional, as ciências agrárias, a pesquisa básica e o meio ambiente ocuparam as mentes atentas do Conselho de Ciência, Tecnologia e Inovação. Para “programas e projetos estratégicos voltados à prevenção de desastres naturais” foram aprovados R$ 2 milhões. É nada quando os estragos costumam se aproximar de bilhões!

Sem desguarnecer o litoral, a revolução liderada pela Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica (Fa-pesc) promete caminhar para a desconcentração científica, pingando reais e esparramando oportunidades de pesquisa para todas as regiões e povos do Estado.

A descentralização é uma mão na roda. A politização da CT&I não preocupa, certamente, a comunidade científica. Os R$ 18 milhões para as Secretarias de Desenvolvimento Regional constituem uma chance relevante para distribuir emprego, renda, enfim, inclusão social via investimento no conhecimento.

O que preocupa, sem dúvida, é a politicagem, que, aliás, horrorizava Renato Archer, porque ela, a politicagem, costuma colocar tudo a perder...

Boa causa. Novembrada - um protesto esperado, de Ana Carla Pimenta, trabalho de conclusão de curso de Jornalismo (Estácio de Sá), contou com apoio da equipe da Agecom.

É justo. O Prêmio Inovação Catarinense é uma homenagem ao ex-reitor da UFSC Caspar Erich Stemmer.

Câmbio. Os atrasados da Progressão por Mérito, pagos retrospectivamente de janeiro a agosto, não caíram do céu. A equipe da PRDHS suou a camiseta para dar conta!

Perguntinha. Democratização ou massificação? Esse é o título do dossiê da Cult sobre a expansão atual do ensino superior federal no País.

Coerência. A Unidade de Conservação Ambiental Desterro não muda o nome em respeito à vontade de sua idealizadora. Mas a sede deverá se chamar Espaço Maike, em homenagem a Maike Hering de Queiroz.

Antes que acabe. O berbigão, que há décadas vem garantindo a sobrevivência de muitas famílias, está merecendo uma maior atenção da comunidade científica, a exemplo do que acontece com a mari-cultura.

Esnobando. A USP, apesar dos apelos do MEC, decidiu continuar boicotando oficialmente o Enad.

Manchete de Mundo (Folha). “Chávez promove lei para controlar a educação”. O projeto coloca em xeque a autonomia universitária.

Sentiram? Apesar dos reajustes, o Plano de Saúde da Unimed continua redondinho.

Verde. O agrônomo Norman Borlaug, Nobel da Paz de 1970, considerado o pai da “revolução verde”, advertiu em 2006: “a miséria humana é explosiva, não se esqueça disso”. O americano morreu aos 95 anos em setembro.

Concurso na EdUFSC. Com inscrições abertas no período de 1° a 30 de novembro, a EdUFSC lança o Concurso Literário 2009-2010 na categoria Conto. Leia regulamento na página www.editora.ufsc.br

Legal. O Sindicato encara o ponto eletrônico com as seis horas!

“Produzindo conhecimento para um mundo melhor” - professora Magda do Canto Zurba

A ética na fila. Está a ponto de bala a indig-nação com aqueles que insistem em furar as filas do Restaurante Universitário (RU). É incrível que isso esteja acontecendo numa das melhores uni-versidades do País! As longas filas não justificam a falta de ética.

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UFSC - Jornal Universitário - Nº 405 - Outubro de 2009 - PÁG 3

O s a r t i g o s s ã o d e i n t e i r a r e s p o n s a b i l i d a d e d e s e u s a u t o r e sO s a r t i g o s s ã o d e i n t e i r a r e s p o n s a b i l i d a d e d e s e u s a u t o r e s

O Centro de Engenharia da Mobilidade (CEM), no campus provisório da UFSC, instalado na Univille, em Joinville, encontra-se com as ati-vidades acadêmicas em pleno funcionamento. Duzentos alunos, classificados entre mais de mil candidatos inscritos, cursam disciplinas de cálculo, física, representação gráfica, geometria analítica, química tecnológica e introdução à engenharia.

O plano de ensino de cada disciplina foi es-truturado para que o professor e o estudante possam destacar, na relação ensino-aprendi-zado, o fundamento teórico e seu conteúdo prático. Para que isto ocorra, os conteúdos teóricos são ministrados num auditório que abriga os 200 alunos e tem por objetivo chamar a atenção deles para os conhecimentos de base relacionados a cada assunto.

Nas aulas de prática, para turmas de 40 alunos, é dado destaque aos mecanismos de formulação e solução de problemas. O propósito é induzir o estudante, por meio da prática, a desenvolver habilidades específicas para lidar com situações complexas. O professor é desa-fiado a desenvolver no aluno a percepção de que a eficiência deriva diretamente da utiliza-ção correta de fundamentos teóricos sólidos. É por esta razão que o planejamento político-pedagógico contempla métodos e técnicas para a aquisição dos conhecimentos fundamentais de cada disciplina.

A primeira avaliação feita pelos professores da UFSC que dão aulas no CEM indica que a estrutura educacional proposta se mostra fun-cional. Temos certeza de que o formato idealiza-do, com as correções que a prática indicar, será fundamental na formação de pessoas de alta competência, preparadas para ajudar a superar os problemas estruturais do Brasil relacionados com o deslocamento seguro e confortável de pessoas, produtos e informações.

Embora seja este o primeiro semestre dos cursos do CEM, a boa demanda permitiu o pre-enchimento de todas as vagas oferecidas. Isto reflete o interesse despertado pela inovadora oferta, ao passo que sinaliza para uma procura ainda maior nos próximos semestres.

Acires Dias, Álvaro Guillermo e Antônio Fortunato Marcon, diretores da UFSC em Joinville

A UFSC em Joinville

A partir de uma oficina de trabalho deflagrada pelo grupo de prevenção aos desastres naturais, por decisão do grupo técnico-científico (GTC) instituído em dezembro de 2008 pelo governo do Estado de Santa Catarina, por meio do Grupo Re-ação, passou-se ao estudo e análise da região da bacia do Vale do Itajaí, desde o seu nascedouro, em Taió, até a foz, em Itajaí.

Essa ampla região é conhecida, de longa data, pela vulnerabilidade aos fenômenos naturais que atingem ora uma parcela, ora várias partes da bacia. Um dos desafios da ação preventiva e integrada proposta pelo grupo técnico-científico é olhar o todo para que se possam prevenir ocorrências naturais futuras.

O comitê busca ações estratégicas inspiradas num trabalho interdisciplinar – algo que é, ao mesmo tem-po, desafiador e estimulante. A interdisciplinaridade deve ser encarada dentro da perspectiva apresentada por Ivani Fazenda, baseada na definição de um “[...] pensar crítico que leva o homem a se descobrir em situação, admirar-se com a realidade e, por fim, apro-priar-se do conhecimento que não é fixo, posto que não são fixas as relações do homem no mundo”.

A autora vê no diálogo o primeiro indicativo de ações prospectivas, construídas a partir da experiên-cia de vida dos envolvidos, que usufruem da partilha

Interdisciplinaridade e prevenção

do conhecimento pelo grupo. O diálogo contempo-râneo, na pós-modernidade, recupera a dimensão humana do agir comunicativo, revelando não mais a utilização de ações repetitivas, mas, sim, a busca de se analisar, refletir e sintetizar o que foi dialogicizado.

Esse movimento integrador surge com o nome de interdisciplinaridade, que pode acontecer a partir de uma simples comunicação até a integração mútua dos conceitos mais simples a respeito de qualquer fenômeno que atinja o ser humano, desde os mais complexos aos mais simples. Trata-se do TODO e não de uma caixa comportamentalizada.

É a partir dos diversos significados e situações vivenciadas que os participantes de um grupo de diferentes objetivos passam a formar o exercício da reflexão crítica. O que certamente ocorre por meio de coordenação e estruturação de todas as informações nas quais são discutidas e que a partir delas recebe a concepção embrionária, porém não acabada.

O início de uma ação de política pública está na dinâmica dos vários conhecimentos, das múltiplas compreensões, das contínuas análises, das reflexões ponderadas e de uma síntese que revela o todo na realidade contextualizada.

Fernando Fernandes de Aquino, doutor em Ad-ministração e Educação e consultor na Fapesc

Chuvas causam cheias no Rio Itajaí-Açu, repetindo situação ocorrida em novembro de 2008

Foto: Jaime Batista da Silva

Diante do vazamento de provas, o Ministério da Educação, no uso das suas prerrogativas, foi “ágil” e remarcou para os dias 5 e 6 de dezembro a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). A coin-cidência com as datas do Vestibular da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) provocou muita dor de cabeça na Universidade e na população. Felizmente a Administração e os organizadores do concurso manti-veram a calma e rapidamente ofereceram alternativas. A mudança das provas para os dias 19, 20 e 21 de dezembro, respeitando as regras estabelecidas no edi-tal do Concurso 2010, contempla e fortalece o próprio ENEM, possibilitando aos candidatos computar 20% da nota no resultado do vestibular. Dois terços dos que já pediram inscrição optaram pelo benefício.

A UFSC, exercendo a autonomia, poderia ter simplesmente lavado as mãos e, como faria Pilatos, descartado olimpicamente o exame do MEC. Mas preferiu arcar com prejuízos materiais, multiplicar sacrifícios e assumir maiores responsabilidades e novos desafios.

Coerência & inclusão Não foi uma solução fácil. Ousar dói. A UFSC, às

vésperas de comemorar 50 anos, jamais mudou as datas publicizadas no edital do concurso. O vazamento criminoso conseguiu, portanto, uma façanha inatingida nem pelas greves nem pelos desastres naturais.

A decisão, referendada no dia 13 de outubro pelo Conselho Universitário, dá sentido e alguma coerên-cia à política de inclusão adotada pela Instituição, reforçando as ações afirmativas (escolas públicas, negros e índios), a interiorização com a instalação dos campi de Araranguá, Curitibanos e Joinville e a ampliação de vagas e criação de novos cursos, inclusive em Florianópolis.

A Reitoria da UFSC, respaldada pela Comissão Permanente do Vestibular (Coperve) e pela Procura-doria Geral da República, trabalha com a filosofia de preservar os justos interesses da comunidade.

A prorrogação das inscrições também faz parte da agenda inclusiva.

Moacir Loth, jornalista na Agecom

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Reunião do Conselho Universitário realizada no dia 13/10, em que ficou decidida a nova data do Vestibular

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UFSC - Jornal Universitário - Nº 405 - Outubro de 2009 - PÁG 4

Maria Luiza GilBolsista de Jornalismo na Agecom

Só faltava um OK do presidente. E saiu. Com a lei san-cionada, a Universidade Federal da Fronteira Sul já pode começar a ser erguida. Ela entra para a estatística como a 11ª universidade a ser criada nos últimos sete anos. O ministro da Educação, Fernando Haddad, considera um recorde o número de universidades criadas em um gover-no. “Até então, a marca pertencia a Juscelino Kubitschek, que criou dez”, disse ele. Além das novas instituições, os campi das universidades já existentes se expandiram e interiorizaram; são 100 novos em todo o País.

Tudo isso faz parte do Plano Nacional de Educação do governo, que vem priorizando a expansão do ensino su-perior público, oferecendo alternativa às faculdades par-ticulares e ajudando a evitar o êxodo de estudantes para o litoral. Dessa forma, aumentará de 30% para 40%, até 2011, o índice de matrículas em escolas públicas no total das matrículas no ensino superior no Brasil.

Nesse processo, a UFFS é uma das quatro universida-des consideradas estratégicas, pois vai cobrir uma região em que a economia estagnou e cuja população se vê cada vez mais litoralizada. Para embasar a reivindicação, o de-putado Pedro Uczai, do PT/SC, acrescenta que as regiões atendidas apresentam contradições entre a riqueza vinda da produção agropecuária, de perfil exportador, e a pobre-za das periferias das cidades. “As últimas décadas registra-ram uma deterioração das condições socioeconômicas que a nova universidade precisa combater”, afirmou. “Através do debate, a academia e a sociedade podem fazer com que a instituição contribua para garantir a soberania alimentar e energética e o equilíbrio ambiental dessas regiões”. Ali percebe-se a mudança dos minifúndios, que foram sendo absorvidos por latifúndios, e a massa salarial sustentada pelas agroindústrias não consegue expandir seu poder aquisitivo. “O PIB local é 40% menor que o da média da Região Sul e muitos agricultores dependem hoje da venda do leite para sobreviver”, afirma o professor Dilvo Ristoff, que foi oficialmente empossado no cargo de reitor no dia 15 de outubro, durante ato solene presidido pelo ministro Fernando Haddad.

As outras instituições estratégicas são a Universidade da Integração Latino-americana, em Foz do Iguaçu, a Universidade da Integração Luso-Afro-Brasileira, no Cea-rá e a Universidade da Integração Amazônica, no Pará.

Embora ricas na produção agroindustrial, as áreas onde serão implantados os campi da UFFS sempre foram desassistidas no campo da educação – nunca houve ali uma

Nasce a Universidade dos movimentos sociais

universidade federal gratuita. Com o apoio de entidades sociais e de classe, como Fetraf-Sul/CUT e Via Campesina, o projeto ganhou força. O ministro Fernando Haddad lembrou que “os estados contemplados e os movimentos sociais foram determinantes para a criação da instituição”.

O coordenador geral da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf-Sul), Altemir Tortelli, diz que a universidade vai ajudar uma região descoberta do ensino superior público. “Nossa mesorregião abrange quase quatro milhões de habitantes que antes tinham que se deslocar quilômetros para poder fazer uma faculdade. Com a UFFS teremos acesso facilitado ao ensino público, permitindo às pessoas permanecer na cidade e nela cons-truir uma melhor qualidade de vida, com maior renda. Nós sabemos que uma universidade não vai mudar tudo isso sozinha, mas ela vai influenciar. Vamos ter uma instituição interagindo, estimulando o crescimento dessa região. For-mando gente que pense projetos, pense políticas, pense pesquisas e alternativas para o desenvolvimento. Vamos formar profissionais que contribuam para dinamização da economia local – baseada na produção agrícola – através de um conjunto de cabeças engajadas num movimento sustentável, ambiental e social”, defende.

Como entrar - O processo seletivo dos 2.160 estu-dantes que estudarão na Universidade Federal da Frontei-ra Sul, em março de 2010, será realizado pelo resultado da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e pelo conjunto das ações afirmativas, contemplando alunos de escolas públicas e que moram nas regiões de abrangência da instituição.

Os cursos - Para pensar no projeto pedagógico, a comissão levou em conta as potencialidades da região, concentradas na produção agroindustrial e agropecu-ária e na geração de energia. “Os cursos e disciplinas estimularão os estudantes a conhecerem o entorno, a região onde vivem e a própria história da Fronteira Sul”, diz o reitor da UFFS, Dilvo Ristoff. “Durante os últimos anos discutimos bastante com o Ministério da Educação, as lideranças locais e os movimentos sociais para que fossem levadas em conta as necessidades regionais, que são bastante específicas”, diz. Também foi incluída a área das licenciaturas, visando à formação de professores, atendendo a outra demanda detectada nessas regiões.

Infraestrutura - A UFSC é tutora da UFFS, que terá sede em Chapecó e mais quatro campi nas cidades de Erechim e Cerro Largo, no Rio Grande do Sul, Laranjeiras do Sul e Realeza, no Paraná. A nova instituição beneficiará cerca de 3,7 milhões de habitantes desta mesorregião que abrange 396 municípios do oeste de Santa Catarina, sudoeste do Paraná e noroeste do Rio Grande do Sul.

A implantação dos cinco campi terá apoio das prefei-turas dos municípios-sede, que se responsabilizaram por doar os terrenos das futuras instalações físicas. Um dos requisitos colocados pela comissão de implantação foi a disponibilização de uma área de 100 hectares onde fica-rão os campi permanentes, uma vez que, por enquanto, as aulas serão ministradas em espaços alugados.

O passo para as instalações já foi dado, agora a comissão está traçando as metas para a contratação de professores. Serão contratados, ainda em 2009, 150 professores e 120 técnicos, para começar as atividades imediatamente. A Universidade Federal da Fronteira Sul começará a funcionar em 2010 com 2.160 alunos – dis-tribuídos em 21 cursos.

Dentro de quatro anos, a meta é ter 500 professores e 400 funcionários, admitidos sempre por meio de concur-so, que irão atender a cerca de 10 mil estudantes. Para o custeio e o pagamento de salários destes professores e técnicos administrativos, o Ministério da Educação estima um investimento anual de R$ 194,5 milhões. Os recursos previstos até a conclusão do processo, em 2012, chegam a R$ 306 milhões.

Lei sancionada pelo presidente tira do papel a Universidade Federal da Fronteira Sul, fruto de reivindicação dos movimentos sociais

Lula e o professor Dilvo, agora Reitor da UFFS

Foto: José Cruz/ABr

Arley ReisJornalista na Agecom

O Conselho Universitário da UFSC apro-vou a transferência do Vestibular 2010 para os dias 19, 20 e 21 de dezembro. A alteração foi necessária em função da coincidência com o período de aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), determinado pelo Ministério da Educação para os dias 5 e 6 de dezembro. O concurso de UFSC estava agen-dado para os dias 6, 7 e 8 de dezembro.

A UFSC também manteve o percentual de 20% da nota do Enem no cômputo do vestibular. Porém, se a divulgação do Enem for depois de 8 de fevereiro, essa nota será desconsiderada, por causa dos prazos de matrícula e do início das aulas na UFSC. O restante do calendário acadêmico do próxi-mo ano não será alterado.

“É um momento difícil, estamos lidando com a vida de muitas pessoas”, lamentou o reitor Alvaro Toubes Prata, na semana em que ocorreram os problemas com a prova do Enem. Segundo ele, toda a logística e conte-údo do concurso serão mantidos. Porém já é possível prever que a nova agenda altere a divulgação do resultado do concurso, tra-dicionalmente realizada antes do Ano Novo.

Vazamento do Enem adia VestibularCom a necessidade de espera do resultado do Enem, a divulgação do listão da UFSC deverá acontecer no final de janeiro.

”Adiamos o concurso em respeito à sociedade e também porque acreditamos na proposta do MEC”, comunicou o reitor, lembrando que a adoção do Enem no resul-tado do vestibular faz parte das ações que a instituição vem desenvolvendo em busca de uma maior inserção social. Estudantes que fizeram sua inscrição e não tenham disponibilidade de realizar o concurso no novo período poderão solicitar devolução da taxa de inscrição.

No Vestibular UFSC/2010 serão ofere-cidas 6.021 vagas em 82 graduações, nos campi de Florianópolis, Joinville, Curitibanos e Araranguá. Em relação ao Vestibular UFSC/2009, os novos cursos que serão oferecidos pela UFSC são: Fonoaudiolo-gia; Engenharia Eletrônica; Antropologia; Arquivologia; Geologia; Licenciatura em Ciências Biológicas – Noturno e Museologia (em Florianópolis), além de Engenharia da Mobilidade (Joinville); Ciências Rurais (Curi-tibanos); Tecnologias da Informação e da Comunicação (Araranguá). Quase três mil pessoas foram beneficiadas com a isenção da taxa de inscrição.

Prata: “adiamos o concurso em respeito à sociedade e também porque acreditamos na proposta do MEC”; estudantes que fizeram sua inscrição e não tenham disponibilidade de realizar o concurso no novo período poderão solicitar devolução da taxa de inscrição

Foto: Carolina Dantas

Page 5: Jornal Universitário - UFSC

UFSC - Jornal Universitário - Nº 405 - Outubro de 2009 - PÁG 5

Paulo Clóvis SchmitzJornalista na Agecom

A apresentação da Política Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (PCCT&I), apresentado no dia 11 de setembro, no Parqtec Alfa, em Florianópolis, foi um ato político com significado simbólico impor-tante. O evento serviu para deslanchar a descentralização dos investimentos no setor, por meio do lançamento de sete chamadas públicas para a área da pesquisa científica e tecnológica, que distribuirão R$ 40,25 milhões a projetos de todas as regi-ões de Santa Catarina, incluindo o Prêmio Mérito Universitário Catarinense (bolsas de iniciação científica), a seleção de propostas de pesquisa na área da biodiversidade e um edital que vai estimular ideias visando à prevenção de desastres naturais.

Com a presença do governador Luiz Henrique da Silveira e do reitor da UFSC, Alvaro Toubes Prata, também foi inaugura-do o Centreventos Ministro Renato Archer, no Parque Alfa, cujo nome homenageia o primeiro ministro da Ciência e Tecnologia, depois sucedido pelo atual governador cata-rinense. Na ocasião, foi entregue a Medalha Anita Garibaldi, in memoriam, ao ex-minis-tro, na presença de seus familiares.

Na abertura do evento, Luiz Henrique ressaltou que o Brasil deve ao ex-ministro Archer, falecido há 13 anos, a valorização do setor, porque “foi com ele que começou a mudança de paradigma que culminou com a ideia de política de Estado para a ciência e tecnologia”. Ao destacar que dali surgiram o CNPq e o próprio Ministério da Ciência e Tecnologia, ele ressaltou o papel

Lançamento foi realizado após a inauguração do Centreventos Ministro Renato Archer, no Parqtec Alfa, na Capital

Editais destinam R$ 40,2 milhões para CT&I

fundamental da CT&I para o desenvolvi-mento do país e de seu reconhecimento internacional como nação.

Com as chamadas públicas, a Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado (Fapesc) atende à alta deman-da por recursos para o setor em Santa Catarina e faz a sua parte para cumprir a determinação constitucional de destinar 2% do orçamento estadual em CT&I, divididos entre a Fapesc e a Epagri, que responde pela pesquisa agropecuária. O presidente da Fundação, Antonio Diomário de Queiroz,

vem lutando há muito tempo para que o setor conte com esses recursos para que instituições de pesquisa, universidades e pesquisadores em geral possam desenvol-ver seu trabalho, ajudando o Estado a se manter numa posição privilegiada no país.

Falando da PCCT&I, o presidente da Fapesc disse que “ela retrata um esforço continuado que vem sendo feito ao longo dos anos e dá um direcionamento estra-tégico para o avanço do conhecimento, que deve elevar a qualidade de vida da população catarinense”.

Dos mais de R$ 40 milhões dispo-nibilizados agora, R$ 18 milhões serão distribuídos pelas secretarias regionais do governo do Estado, considerando os projetos e prioridades de cada região. As SDRs terão até R$ 500 mil cada uma para financiar as iniciativas nos municípios que abrangem, podendo contemplar até 10 projetos, no valor unitário de R$ 50 mil. Também foi lançado o Prêmio Inovação Catarinense (que leva o nome do ex-rei-tor da UFSC Caspar Erich Stemmer), com três categorias – empresas, pesquisado-res e instituições em geral. Nesta manhã foi ainda instalado o Conselho Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Conciti), presidido pelo governador do Estado.

Instituto no Sapiens – Foi assinado pelo reitor Alvaro Prata o edital de licitação para a construção do prédio do Instituto do Petróleo, Energia e Gás (Inpetro), um órgão multidisciplinar e multidepartamen-tal liderado pela UFSC e implantado com apoio da Petrobrás com foco na pesquisa, desenvolvimento, prestação de serviços e formação de recursos humanos.

O instituto será implantado no Sa-piens Parque, no norte da Ilha de Santa Catarina, numa área de 8.700 metros quadrados e com capacidade para receber mais de 300 pesquisadores. O reitor – que recebe a aprovação dos projetos da pre-feitura de Florianópolis, permitindo o início das obras físicas – definiu a apresentação da Política Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação como um divisor de águas, porque trará “reflexos positivos nas par-cerias da sociedade, do setor produtivo e do governo com a Universidade”.

Centreventos Ministro Renato Archer, no Parque Alfa, foi inaugurado no mesmo dia; nome homenageia o primeiro ministro da Ciência e Tecnologia

Tifany RódioBolsista de Jornalismo na Agecom

Aposto que você já passou pela comum situação em que uma pessoa fala, fala e fala e você só escuta, sem prestar atenção, torcendo para que o monólogo acabe logo. Pode ser até que essa seja uma prática sua. Mudar o hábito de se comunicar dessa forma não é tarefa fácil. Atuando na con-tramão, a UFSC adota uma maneira mais eficiente de comunicação entre as pessoas envolvidas com a Universidade: alunos, servidores e comunidade.

A ideia é que a comunicação se cons-trói em dois lados. Quando uma pessoa corresponde ao estímulo de outra, aí sim é estabelecido um contato. Um passa a mensagem e o outro retira o que lhe in-teressa e a interpreta para usá-la do jeito que quiser. A mensagem transformada é devolvida de forma diferente, com novas informações, gerando um processo de aprendizagem contínua a ambos os lados. Usando o conceito de Comunicação Edu-cativa, que defende justamente essa troca de opiniões, a UFSC procura envolver toda a comunidade universitária na construção de um ambiente rico, que aprende.

Inspirado na Política de Comunicação da UFSC, o modelo de Comunicação Educativa (MCE) é um modelo conceitual que vê a comunicação de uma forma diferente, como um processo de cultura. Unindo as teorias de três áreas do conhecimento: Comuni-cação, Educação e Marketing, procura des-construir a imagem de que a comunicação institucional é de competência apenas de

Uma nova maneira de se comunicarO Modelo de Comunicação Educativa da UFSC une as teorias da Comunicação, Educação e do Marketing, procurando desconstruir a imagem de que a comunicaçãoinstitucional é de competência apenas de setores especializados

setores especializados, trazendo a respon-sabilidade para o coletivo. A inovadora pro-posta foi desenvolvida por Ana Carine García Montero, servidora técnico-administrativa, coordenadora do GT de Comunicação com a Sociedade do Programa de Auto-Avaliação Institucional da UFSC.

Indo mais a fundo, o MCE viabiliza a de-finição de estratégias de comunicação para dentro da Universidade. Em 2006 vimos sua primeira aplicação. Aquele era o ano de se realizar uma consulta à comunidade universitária sobre temas do Programa de Auto-Avaliação Institucional (PAAI). Apesar da importância da avaliação, a comunidade universitária não estava disposta a partici-par. O MCE foi usado para criar estratégias de sensibilização e o quadro de rejeição se transformou: a adesão foi maior que a esperada. Uma das ações estratégicas implementadas foi a colocação de um enorme banner com as cores do Brasil no Campus, já que era época de Copa do Mundo, com o slogan do PAAI, “Você pode, você deve avaliar!”. A medida aumentou a aproximação e a simpatia da comunidade universitária para com o Programa.

Os resultados também estão sendo positivos no projeto atual, realizado no Hos-pital Universitário. Lá, o objetivo é ajudar na implantação do Plano 2012, o planejamento estratégico do HU. Para que as ações sugeri-das no Plano sejam realizadas, é preciso que a comunidade do hospital entenda seu fun-cionamento e assuma a sua importância. Em 2007 foi formada a equipe ‘Agentes Comuni-cadores do HU’, encarregada de criar estra-tégias comunicativas educativas que ajudem

a dissipar informações. O trabalho do grupo ainda continua. No primeiro semestre deste ano, 2009, foram ministrados três cursos em Comunicação Educativa, capacitando mais de 60 servidores para integrar a equipe. Luiz Otávio Baasch, da equipe de planejamento do HU, diz que a metodologia da comunicação educativa se encaixa na estratégia de gestão número oito do Plano. Ele reforça que antes do modelo a comunicação institucional era feita sem qualquer técnica, pelo jornal interno, em murais ou boletins. Hoje, é tudo mais organi-zado. Diferentes abordagens de comunicação são definidas para cada público-alvo.

Para que o diálogo seja estabelecido, o MCE sugere a consideração prévia de quatro variáveis. A primeira delas é a bus-ca de informações sobre o ambiente em que a pessoa vive. Segundo Ana Montero, autora do projeto, o ambiente influencia a interpretação da mensagem, e conhecê-lo evita erros na comunicação. O segundo fator é o momento, o instante de vivência daquele que deve corresponder à mensa-gem. A variável temporalidade identifica o lugar de origem e a idade das pessoas. O último trata dos canais, dos meios de comunicação mais usados e por onde as informações fluem mais facilmente.

Todas essas variáveis interferem no sentido que será dado a mensagem e em como ela será percebida. “Para estabele-cer a comunicação, é preciso conhecer o canal que as pessoas usam ou estão dispostas a usar. A análise das variáveis é feita para encontrar o que há de comum entre os comunicadores, mostrando as possibilidades comunicativas para cada grupo. Cada servidor percebe a univer-sidade de uma forma, por isso é preciso estabelecer um entendimento coletivo primeiro”, avalia Ana Montero, aplicando o Modelo à realidade da UFSC.

Esse novo modo de promover o inter-câmbio de idéias dentro da Universidade é um sistema em constante desenvolvimento. Em novembro de 2008 foi criada a Seção de apoio ao Sistema de Comunicação Educativa (Comunica), dentro da Agência de Comu-nicação da UFSC (Agecom). O Comunica dará continuidade ao trabalho baseado no Modelo de Comunicação Educativa. A meta é desobstruir e potencializar a comunicação dentro da Universidade, considerando a diversidade cultural na hora de transmitir as informações, e garantindo um alinhamento de esforços coletivos na realização das políticas, dos objetivos e das metas da instituição.

Cada servidor percebe a universidade de uma forma, por isso é preciso, primeiro, estabelecer um entendimento coletivo” - Ana Montero

Foto: Sabrina Sartott

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UFSC - Jornal Universitário - Nº 405 - Outubro de 2009 - PÁG 6

Tifany RodioBolsista de Jornalismo na Agecom

Um artigo científico publicado no importante periódico Biodiversity and Conservation ganhou repercussão e se tornou, em agosto desse ano, matéria na BBC Earth News. O trabalho é de Carolina Loch, ex-aluna de Biologia da UFSC, sendo assinado em parceria com o professor Paulo César Simões-Lopes, do Departamento de Ecologia e Zoologia, coordenador do Laboratório de Mamíferos Aquáticos. O artigo tem ainda a colaboração de Miriam Mar-montel, pesquisadora e coordenadora do Instituto de Pesquisas Mamirauá (IDSM), da Amazônia.

Com o título Conflicts with fisheries and intentional killing of freshwater dolphins (Cetacea: Odontoceti) in the Western Brazilian Amazon, o artigo fala sobre ataques feitos por pescadores a golfinhos da bacia do Rio Amazonas. O material é resultado de uma pesquisa realizada com o objetivo de monitorar a taxa de mortalidade dos golfinhos e peixes-boi da região.

O estudo mostra que há uma cres-cente tendência para utilização de carne e gordura de boto como isca para capturar um peixe chamado ‘piracatin-ga’ ou Calophysus macropterus. “Essa prática é, possivelmente, muito difun-dida na Amazônia brasileira e pode ameaçar seriamente a conservação dos botos”, alerta a pesquisadora.

A pesquisa foi realizada durante nove meses, em uma viagem feita em 2005, quando Carolina Loch cursava Biologia na UFSC. “Costumo dizer que a Amazônia é um Brasil dentro do Brasil. A realidade é muito diferente e a cultura também. Fui para lá para trabalhar com educação ambiental e conscientização, principalmente em escolas, já que crianças não têm seus conceitos totalmente formados. Respeitando as crenças, procurei conscientizar que não é porque matar

Mortalidade dos golfinhos da Amazônia ganha as páginas de periódico internacionalTrabalho, que ganhou matéria também na BBC Eart News, foi desenvolvido em uma parceria entre UFSC e Instituto de Pesquisas Mamirauá, da Amazônia

O Laboratório de Mamíferos Aquáticos, ligado ao Departamento de Ecologia e Zoologia, foi aberto em 1988 e hoje possui um dos maiores e mais diversifica-dos acervos de carcaças e ossos de animais. A coleção científica reúne mais de três mil peças preservadas de mamíferos aquáticos e terrestres. O coordenador é Paulo César Simões-Lopes, professor do Departa-mento de Ecologia e Zoologia da UFSC.

Além de ser ambiente de pesquisas e realização de trabalhos de conclusão de curso, mestrado e dou-torado, o laboratório recebe alunos da rede pública e privada, com agendamento prévio, cumprindo seu papel de educação ambiental, e participa de exposi-ções e palestras.

Entre ossos, carcaças e animais conservados em líquido, falta espaço para abrigar mais espécies: o local está superlotado. Outra dificuldade é conseguir o transporte da universidade para fazer a coleta dos animais que são encontrados no litoral do Estado. Carolina Loch aproveita para manifestar a vontade de que, no futuro, seja construído um Museu de História Natural vinculado à UFSC, com uma estrutura maior e onde os alunos possam receber bolsas de estágio.

Mais informações com Carolina Loch pelo e-mail [email protected] ou com o Laboratório de Mamíferos Aquáticos (Lamaq): (48) 3721-9626

Durante o estudo, integrantes do Instituto de Pes-quisas Mamirauá, liderados por Carolina Loch e Miriam Marmontel, recuperaram 18 carcaças do animal: 12 da espécie tucuxi (Sotalia fluviatilis) e seis do tipo boto cor-de-rosa (Inia geoffrensis). Os tucuxi foram encon-trados flutuando no Lago Amanã, dentro da Reserva do Desenvolvimento Sustentável Amanã, e os botos cor-de-rosa estavam mortos no Lago Tefé.

O grupo identificou que três carcaças apresenta-

animais é um costume que precisa ser seguido”.

Em entrevista para a BBC, ela re-força a idéia da conscientização: “Ati-vidades de educação ambiental com escolas infantis são fundamentais para evitar conflitos no futuro. Golfinhos da Amazônia têm um importante papel na cultura local e os aspectos positivos dessa influência devem ser reforçados e encorajados” .

Na viagem, a bióloga pescava e tomava café com a comunidade, bus-cando uma maior aproximação. “A abordagem não poderia ser feita com uma postura fiscalizadora. Os golfinhos são vistos como competidores da úni-ca fonte de proteína que pescadores têm. Ter opção de outra carne é raro, só quando eles caçam outros bichos”, considera.

Sobre a repercussão do artigo, Carolina conta que abriu portas para futuros estudos e até despertou o interesse de terceiros produzirem um documentário sobre o assunto. “Nós fazemos o nosso trabalho despreten-siosamente, com limitações financei-ras, falta de patrocínio e dificuldades da própria profissão de biólogo, por amor à camisa. Ter esse reconheci-mento é fantástico”.

A pesquisadora é graduada em Ciências Biológicas pela UFSC e tem Mestrado na Universidade Federal do Paraná. Sua linha de pesquisa é osteologia e morfologia esqueletal de cetáceos e pinípedes. Também está en-volvida com mortalidade, recuperação de carcaças, preparação de material biológico, educação ambiental e con-servação.

Atua como tutora de disciplina no ensino a distância da UFSC, é pro-fessora de Ciências da prefeitura de Florianópolis e se prepara para o seu doutorado no próximo ano. Também é pesquisadora colaboradora do Labora-tório de Mamíferos Aquáticos (Lamaq), da UFSC.

Carolina: “Golfinhos da Amazônia têm um importante papel na cultura local e os aspectos positivos dessa influência devem ser reforçados e encorajados”

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Tradição origina até certidões de nascimento com pai boto

vam lesões incomuns, marcas feitas por punhala-das e golpes de arpão. Além disso, nenhuma parte do corpo dos golfinhos foi arrancada. A conclusão é de que os pescadores estão matando os animais para eliminá-los, por temor de que roubem seus peixes e estraguem seus equipamentos de pes-ca. Os golfinhos são vistos como uma ameaça à sobrevivência. “Animais aquáticos como baleias, golfinhos e leões marinhos são frequentemente vistos como indesejáveis competidores na pesca”, explica Carolina Loch em entrevista à BBC.

A pesquisa destaca que crenças culturais e su-perstições também podem ser causas de algumas das mortes. A população local acredita que os botos se transformam em belos homens, para seduzir mo-ças jovens e engravidá-las. Outros dizem que levam as pessoas para um mundo paralelo, abaixo da terra. Os mitos acabam induzindo as matanças, por medo ou para prevenir inesperados casos de gravidez.

“A tradição é tão forte que eu já vi certidões de nascimento com pai boto”, diz Carolina. “Len-das negativas ligadas à gravidez indesejada de mulheres e encantamento de pessoas devem ser respeitados como parte da cultura popular, mas podem ser esclarecidos e atitudes negativas com os animais devem ser desencorajadas”, considera a bióloga. Segundo ela, outra prática comum é a venda dos órgãos reprodutivos e olhos como amu-letos em mercados populares da região.

Laboratório de Mamíferos Aquáticos

Fotos: Lucas Sampaio

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Paulo Clóvis SchmitzJornalista na Agecom

Co-edição da Editora da UFSC e da Tractebel Energia, o livro Reservatório de Itá – Estudos am-bientais, desenvolvimento de tecnologias de cultivo e conservação da ictiofauna apresenta os resultados de pesquisas feitas na bacia do Alto Uruguai antes e depois da construção da usina de Itá, no oeste de Santa Catarina, divisa com o Rio Grande do Sul. Quando a obra foi concluída, em 2001, o reserva-tório atingiu dezenas de municípios catarinenses e gaúchos, afetando, além de aglomerações urbanas e propriedades rurais, o meio aquático da região. Foi pensando nas conseqüências ambientais do represamento que o Consórcio Itá, responsável pela obra, apostou em projetos de pesquisa da ictiofauna (conjunto de peixes de uma região ou ambiente) da bacia afetada, incluindo até rios a jusante da usina, até Itapiranga, na fronteira com a Argentina.

Com organização dos professores Evoy Zani-boni-Filho e Alex Pires de Oliveira Nuñer, o livro é aberto com um relato sobre a implantação da usi-na de Itá, a primeira de uma série de hidrelétricas que foram ou estão sendo construídas nos rios da região, cujas potencialidades e características – em vista da inclinação acentuada que apresenta e da topografia encaixada da bacia – atraíram o interesse do setor elétrico brasileiro.

O trabalho de resgate dos peixes aprisiona-dos a jusante da barragem, a partir do início de

Livro para preservar peixes de Itá Trabalho da Tractebel Energia é tema de obra publicada pela Editora da UFSC

seu enchimento, e as alterações espaciais e tem-porais da estrutura da ictiofauna em decorrência da implantação do reservatório de Itá também são abordados no livro. Pontos de coleta foram instalados no Uruguai e em seus tributários (como os rios do Peixe, Jacutinga e Chapecó, em Santa Catarina, e Dourado e Passo Fundo, no Rio Grande do Sul) e os peixes foram soltos em locais não afetados pelo enchimento da barra-gem. Espécies como dourado, cascudo, lambari, carpa, traíra, mandi, piava e surubi foram objetos de estratégias de captura e transportados com vida para um local adequado do rio.

Mesmo depois do enchimento do reservatório e do início de operação da usina, os trabalhos de monitoramento da comunidade de peixes da região continuaram a ser feitos pela equipe do Laboratório de Biologia e Cultivo de Peixes de Água Doce (Lapad) da UFSC.

A síntese dos resultados obtidos durante todo o período de estudos da ictiofauna na área de influência da usina de Itá é apresentada em dez capítulos do livro. Ali, além de temas relacionados às alterações espaciais e temporais da estrutura da comunidade de peixes em decorrência da im-plantação do reservatório, são mostrados aspectos como a biotelemetria dos peixes migradores no Alto Rio Uruguai, a distribuição de ovos e larvas de peixes na região, o desenvolvimento de tecnologias de cultivo para peixes nativos e a conservação genética da ictiofauna da região de Itá.

Embora tenha quase trinta anos de existência e seja considerada pela comunidade universitária uma parte importante da estrutura administrativa e acadêmica de nossa universidade, a Editora da UFSC não é tão bem co-nhecida em sua estrutura e funciona-mento. Há um Regimento da EdUFSC, aprovado pelo Conselho Universitário e que especifica sua estrutura e norma-tiza seu funcionamento. É importante comentarmos parte do conteúdo desse documento, para que a EdUFSC seja conhecida com mais detalhes por nos-sos estudantes e servidores docentes e técnico-administrativos.

O órgão editorial responsável da EdUFSC é o Conselho Editorial, com-posto de no mínimo sete membros e, no máximo, nove. O Conselho Editorial é presidido pelo titular da Secretaria de Cultura e Arte da UFSC (SeCArte). Seus membros são escolhidos pelo reitor e representam as grandes áreas do sa-ber. O diretor executivo da EdUFSC tem voz nas reuniões do Conselho Editorial, mas não voto. O Conselho Editorial se reúne ordinariamente uma vez por mês, podendo ter reuniões extraordinárias se necessário.

O Conselho Editorial é um órgão co-legiado e, além do que está estipulado pelo Regimento da EdUFSC, funciona segundo as normas vigentes na UFSC para os órgãos colegiados. Dada à natureza dos assuntos tratados pelo Conselho Editorial, suas reuniões não são abertas, e suas decisões são comu-

A Política Editorial da EdUFSC

nicadas aos interessados (por exemplo, autores ou organizadores de originais submetidos, assim como coordenadores de coleções da EdUFSC) por expedien-tes da Direção Executiva da EdUFSC. Assim como no caso dos outros órgãos colegiados da universidade, as decisões do Conselho Editorial são tomadas por maioria simples. A Direção Executiva tem a tarefa de implementar as deci-sões do Conselho Editorial e de cuidar produção editorial das publicações aprovadas por ele.

O Conselho Editorial baseia suas decisões em pareceres, mas não apenas neles. Quando um livro é submetido para avaliação, um ou mais pareceres são solicitados a especialistas (con-sultores ad hoc) ou a membros do

Conselho Editorial. Com base nesses pareceres, e levando em conta também a política editorial e as linhas editoriais da EdUFSC, é que o Conselho Editorial toma suas decisões de aprovar ou não originais para publicação. O Regimen-to da EdUFSC estipula que a autoria dos pareceres é sempre mantida em sigilo.

Todos os livros publicados pela EdUFSC devem passar por esse mesmo processo de submissão. Um ou mais pareceres favoráveis a um original constituem condição necessária, mas não suficiente, para que um livro seja publicado. O Conselho Editorial tam-bém é responsável pela formulação da política editorial da EdUFSC, que é a orientação geral do tipo de livro que deve ser publicado por nossa editora.

A EdUFSC publica livros cuja argu-mentação ou linguagem sejam condi-zentes com os valores acadêmicos de liberdade de pesquisa e de expressão, e que contenham exame crítico, pro-fundo e circunstanciado das questões abordadas.

Havendo dúvidas sobre a adequação de um livro a tais valores acadêmicos e editoriais, independentemente do méri-to científico ou literário que a obra possa ter e do interesse que possa suscitar no público leitor, o Conselho Editorial tem sido prudente em suas decisões.

A EdUFSC concentra suas publica-ções hoje em obras de caráter acadê-mico, que veiculem pesquisas de quali-dade, seja dos próprios profissionais da

UFSC, seja de instituições congêneres, obras que possam prestar um servi-ço relevante como instrumentos de pesquisa, ensino e extensão. As obras literárias não estão excluídas. No mo-mento, elas são selecionadas por meio de concursos literários, cuja primeira edição já está divulgada, sendo neste ano para a categoria conto.

As linhas editoriais, por sua vez, também são definidas pelo Conselho Editorial, e procuram contemplar temas que a comunidade acadêmica conside-ra importantes. Elas estão refletidas sobretudo nas coleções que a EdUFSC publica.

Apesar das dificuldades pelas quais passa como editora universitária, não sendo exceção ao que ocorre em geral com as instituições de mesma natureza, a EdUFSC é hoje uma das mais respeita-das e prestigiadas editoras universitárias do País. Ela alcançou essa reputação não apenas por ter, nos últimos anos, inves-tido na modernização e na qualidade gráfica de seus livros, mas sobretudo por procurar publicar criteriosamente de acordo com os valores acadêmicos e por proceder com respeito às normas universitárias.

Um livro publicado pela EdUFSC pode ser considerado um cartão de visita de nossa universidade porque ele resulta do trabalho editorial dedicado e responsável de diversos profissionais da UFSC e reflete decisões editoriais ponderadas e responsáveis de seu Conselho Editorial.

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UFSC - Jornal Universitário - Nº 405 - Outubro de 2009 - PÁG 8

Arley ReisJornalista na Agecom

A mais recente edição do ranking Webometrics posiciona a UFSC como a 134ª melhor universidade do mundo — terceira melhor do Brasil. Doze mil instituições foram avaliadas em relação à sua visibilidade na internet. A notícia foi comemorada na UFSC e estimulou a reflexão sobre as avaliações relacionados ao ensino superior.

“A UFSC não é a terceira melhor uni-versidade do país, nós sabemos disso. Esse é mais um ranking. Mas estar entre as 200 universidades melhor avaliadas no mundo é muito bom”, considera a pró-reitora de Pesquisa e Extensão da UFSC, professora Débora Peres Menezes, em relação ao Webometrics.

Ela lembra que outras instituições fazem rankings internacionais. Entre eles estão o Times Higher Education Supple-ment e a Shanghai Jiao Tong University. Na edição 2008 do Times Higher Education Supplement, publicação especializada em educação, a USP é a única brasileira entre as 200 melhores universidades do mundo. No ranking divulgado em 2008 pela Shan-ghai Jiao Tong University, a UFSC também não aparece entre as 200 top.

Mas a pró-reitora considera que o fato de não estar nestes levantamentos também deve ser encarado com reservas. Na comunidade acadêmica, rankings recebem críticas por concederem muita importância às publicações em periódicos internacionais e à frequência de citações, deixando em segundo plano o ensino e a extensão. Além disso, lembra, há as ava-liações nacionais, adotadas pelo Ministério da Educação, como o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), no caso da graduação, e os conceitos da Capes, na pós-graduação.

Em relação ao Enade, a UFSC tem resultados para comemorar. Alcança notas máximas nas engenharias, Administra-ção, Jornalismo e Secretariado Executivo. Fica também com nota 4 (o Enade tem conceitos de 1 a 5) em arquitetura e urbanismo, biologia, ciências contábeis, direito, enfermagem, medicina, nutrição e odontologia. Assim como tem cursos nota 1, que mostram como também as avaliações nacionais geram informações que devem ser olhadas com cuidado.

“Temos bons alunos, que ganham bol-sas de estudos em importantes instituições internacionais. Fiquei chocada com o resul-tado”, lamenta a pró-reitoria de pesquisa e extensão, professora da área de Física, que ficou com nota 3.

Na graduação, 15ª no país - Um dos indicadores mais recentes adotados pelo Ministério da Educação na avaliação do ensino superior é o IGC (Índice Geral de Cursos) - e ele também permite um ranke-amento das instituições. O IGC atribui no-tas de 1 a 5 às faculdades e universidades, levando em consideração a colocação dos alunos no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) e outros fatores como o corpo docente e a infraestrutura. Há também uma avaliação in loco.

Na mais recente edição foram avaliadas duas mil universidades, sendo que apenas 21 obtiveram nota máxima. A UFSC ficou com nota 4, assim como na edição anterior. E no ranking organizado a partir dos índices

UFSC no Índice Geral de Cursos

IGC 2008 (Triênio 2006, 2007 e 2008)Nota 4 – Índice contínuo: 369Colocação: 1ª em Santa Catarina/15ª no Brasil

IGC 2007: Nota 4 – Índice contínuo: 373Colocação: 2ª em Santa Catarina/14ª no Brasil

Ranking coloca UFSC entre as 200 melhores universidades do mundoA instituição se prepara para seu cinquentenário bem colocada em rankins do ensino superior, mas também alerta para a diversidade das avaliações e desafios do ensino superior

do IGC figura como a melhor instituição de Santa Catarina, 15ª no país.

Mais de 300 instituições ficaram sem conceito porque não houve participação mínima dos alunos de alguns cursos no Enade. Para o Instituto Nacional de Es-tudos e Pesquisas Educacionais (Inep), independente das polêmicas que suscita, o IGC tem a função de orientar o público sobre a qualidade do ensino oferecido em cada instituição.

Na pós-graduação, entre as 20 primeiras - No caso da pós-graduação, os referenciais são os conceitos emitidos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). A UFSC tem 56 cursos de mestrado e 42 de doutorado, contemplando todos os seus 11 centros de ensino e a grande maioria dos cursos de graduação.

A última avaliação trienal foi realizada em 2007 - e a UFSC ficou entre as 20 instituições melhor colocadas no ranking da pós-graduação. Entre os 50 programas avaliados na época, 75% receberam con-ceito 4 e 5 e 10% ficaram com conceito 6 e 7. As pós-graduações em Direito, En-genharia Elétrica, Engenharia Mecânica e Farmacologia, com conceitos 6, e Química, com conceito 7, representam a UFSC no Programa de Excelência Acadêmica (Pro-ex). Em 2008, incluindo as conceituações emitidas para as novas áreas (agora são 57 programas), a UFSC ficou com um conceito médio de 4,35 – e computando apenas os doutorados, passa a 4,64.

Com centenas de laboratórios ligados a estes programas de pós-graduação (o levantamento desse dado é cada vez mais um desafio), a UFSC tem produzido conhecimento de qualidade em diversas áreas. Essa produção se reflete na publi-cação de artigos em periódicos nacionais e internacionais, um indicador importante para acompanhamento da qualidade aca-dêmica e científica da instituição.

Indicadores em expansão - De acor-do com dados do Institute for Scientific In-formation, em 2008 a UFSC chegou a 823 artigos publicados em periódicos interna-cionais (um gráfico crescente mostra que em 2007 foram 681; em 2006 eram 614; em 2005 foram 538 e em 1998 apenas 249). Indicadores desse tipo, relacionados à investigação e à produtividade científica, são os mais valorizados e frequentemente utilizados nos rankings que comparam a qualidade das universidades do mundo. Porém, como os rankings já citados, são também olhados com reservas.

“O ISI só inclui papers, deixa de fora artigos de livros, por exemplo. Além disso, ficam também de fora as humanidades e a extensão”, explica a pró-reitora de pesquisa e extensão da UFSC. Em sua opinião, um grande desafio é desenvolver indicadores que permitam um melhor acompanhamento e valorização das ações que ligam a universidade às comunidades. “Nós temos números da extensão, mas falta criar mecanismos para avaliar melhor sua qualidade”, contextualiza Débora.

O registro das atividades de extensão na UFSC também resulta em um gráfico crescente: em 2004 foram 1.449 projetos e em 2008 estas ações chegaram a 3.016. Ainda que estas ações não pesem em alguns levantamentos, são fundamentais para levar o conhecimento da universida-de para a sociedade.

Um dos laboratórios de Engenharia de Controle e Automação: o curso faz parte da lista dos dez da UFSC - junto com Administração, Jornalismo, Secretariado Executivo, Engenharia Civil, Engenharia de Alimentos, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica, Engenharia Química e Engenharia Sanitária e Ambiental - que receberam nota máxima do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes, o Enade

Foto: Carolina Dantas

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O Webometrics é uma pesquisa realizada desde 2004 pelo Ministério da Educação da Espanha e publicada duas vezes por ano. O levantamento analisou 17 mil instituições acadêmicas no mundo. Os indicadores consideram especial-mente o conteúdo de cada universidade na internet. Para os organizadores, a presença de uma universidade na web é um indicativo de sua excelência e de seu comprometimento com a disseminação de saber.

1 - Massachusetts Institute of Technology – EUA2 – Harvard – EUA3 - Universidade de Stanford – EUA4 - Universidade Berkeley da Califórnia – EUA5 - Universidade Cornell – EUA6 - Universidade Madison de Wisconsin – EUA7 - Universidade Madison de MInnesota – EUA8 - Instituto de Tecnologia da Califórnia – EUA9 - Universidade Urbana Champaign de Illinois – EUA10 - Universidade de Michigan – EUA38 - Universidade de São Paulo – Brasil115 - Universidade Estadual de Campinas – Brasil134 - Universidade Federal de Santa Catarina – Brasil152 - Universidade Federal do Rio Grande do Sul – EUA196 - Universidade Federal do Rio de Janeiro – Brasil204 - Universidade de Brasília – Brasil241 - Universidade Federal de Minas Gerais - Brasil

Fernanda BurigoBolsista de Jornalismo na Agecom

Os graduados do curso de Direito da Universidade Federal de Santa Catarina conseguiram o terceiro lugar no ranking nacional do exame da Or-dem dos Advogados do Brasil (OAB). Com um percentual de aprovação de 92,1%, a UFSC só ficou atrás da

Ranking coloca UFSC entre as 200 melhores universidades do mundo

Laboratório de Botânica do curso de Biologia; assim como Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Direito, Psicologia, Enfermagem, Medicina, Nutrição, Odontologia, Arquitetura e Urbanismo, Ciências da Computação, Engenharia de Materiais, Engenharia de Produção, Química e Sistemas de Informação, o curso alcançou nota 4 no Enade

A UFSC no Enade

Ano Nome do Curso Conceito

2006 Administração 5

2006 Biblioteconomia 3

2006 Ciências Contábeis 4

2006 Ciências Econômicas 2

2006 Design 2

2006 Direito 4

2006 Jornalismo 5

2006 Psicologia 4

2006 Secretariado Executivo 5

2007 Educação Física 1

2007 Enfermagem 4

2007 Farmácia 3

2007 Medicina 4

2007 Nutrição 4

2007 Odontologia 4

2007 Agronomia 2

2007 Serviço Social 1

2008 Arquitetura e Urbanismo 4

2008 Biologia 4

2008 Ciências da Computação 4

2008 Ciências Sociais 1

2008 Engenharia Civil 5

2008 Engenharia de Controle e Automação 5

2008 Engenharia de Alimentos 5

2008 Engenharia de Materiais 4

2008 Engenharia de Produção 4

2008 Engenharia Elétrica 5

2008 Engenharia Mecânica 5

2008 Engenharia Química 5

2008 Engenharia Sanitária e Ambiental 5

2008 Filosofia 3

2008 Geografia 3

2008 História 2

2008 Letras 3

2008 Matemática 3

2008 Pedagogia 2

2008 Química 4

2008 Sistema de Informação 4

Curso de Direito fica em terceiro lugar nacional no exame da OAB

Universidade de Brasília (UnB), com 97,2%, e da Universidade Federal da Bahia (UFBA), com 95,2%. “Como todo resultado positivo, isso nos pro-porcionou uma grande satisfação por trabalharmos em uma instituição de excelência”, afirmou a coordenadora do curso na UFSC, Josiane Rose Petry Veronese.

Segundo a coordenadora, o ín-dice elevado de aprovação se deve

a um “excelente corpo docente, constituído em sua grande maioria por doutores, e de igual modo a um corpo discente de alta qualidade”. Além disso, diz ela, a matriz curri-cular é periodicamente atualizada, “sempre respeitando a característica fundamental do nosso curso que é a formação humanística”. O Curso de Direito da UFSC tem a duração de dez fases e recebe 180 novos estu-

dantes por ano.A aprovação no

exame é requisito obrigatório para o exercício da profissão de advogado.

Informa-ções: www.oab.org.br/examede-Ordem

Ranking Webometrics / julho 2009

Foto: Carolina Dantas

Foto

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c.hu

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UFSC - Jornal Universitário - Nº 405 - Outubro de 2009 - PÁG 10

Quais são as suas leituras atuais?Entre as muitas leituras que sempre

desenvolvo, simultaneamente, faço destaque, hoje, para o último romance de Salim Miguel – Jornada com Rupert. Talvez não seja o melhor dos romances por ele escritos, porém, como ele mes-mo observa, decidiu não tratar dos seus “turcos”, mas retomar um projeto há sessenta anos engavetado e falar dos “alemães”, com quem conviveu – em São Pedro de Alcântara e em Racha-del/Antônio Carlos – no período ainda da infância e adolescência no Brasil. O autor, entretanto, focaliza os alemães de Blumenau, destacando o “rebelde sonhador” Rupert, sobretudo na década de 1940, e não os da região aludida. O romance denuncia forte influência da linguagem cinematográfica, bem como muito adequados fluxos de pensamento e de sensações. Tenha-se, sempre, pre-sente que a narrativa é conduzida por Salim Miguel, de modo que os alemães são vistos por ele, que não deixa de assinalar um contraponto entre o Dr. Blumenau capitalista e o Dr. Fritz Müller

Artemio Reinaldo de SouzaJornalista na Agecom

A edição de agosto do Círculo de Lei-tura de Florianópolis trouxe como convi-dado o escritor Lauro Junkes, membro da Academia Catarinense de Letras e profes-sor titular aposentado da UFSC, que falou de suas leituras e autores prediletos. Numa entrevista ao JU, Junkes analisou as causas que provocam a diminuição da leitura, lembrou que nosso mais grave problema é o da “circulação do livro” e enfatizou que Santa Catarina, há algu-mas décadas, não precisa mais amargar nenhum complexo de inferioridade em relação à produção literária.

Lauro Junkes foi o convidado da 45ª edição do Círculo de Leitura de Florianó-polis, realizada no miniauditório Harry Laus da Biblioteca Universitária da UFSC. Como é de praxe, a exemplo dos con-vidados anteriores, Junkes, que possui graduação em Letras e em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina,

mestrado em Literatura também pela UFSC e doutorado em Linguística e Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1993), falou de suas primeiras leituras, dos livros e artigos publicados e de autores prediletos.

Professor titular da UFSC até 2005, quando se aposentou, continua como vo-luntário na pós-graduação em Literatura. Pesquisador da área de Letras, com ênfase em Literatura Catarinense, atua princi-palmente nos campos da poesia, história e crítica literária. Desde 2002 integra o Conselho Estadual de Cultura do Estado de Santa Catarina e é o atual presidente da Academia Catarinense de Letras.

É autor, entre outros livros, de Roteiro da Poesia Brasileira, - Simbolismo; Tra-vessias; A Literatura de Santa Catarina – Síntese Informativa; O mito e o rito – uma leitura de autores catarinenses; O

faro da raposa e O leão faminto.Criado pelo ex-diretor da EdUFSC, o

poeta Alcides Buss, o Círculo de Leitura de Florianópolis é um projeto que permite ao convidado e aos presentes discuti-rem informalmente sobre os livros que estejam lendo, as leituras do passado e as influências de outros autores sobre o seu trabalho. Escritores e jornalistas como Isabel Orofino - que participou da edição de setembro - Salim Miguel, Oldemar Olsen Jr., Fábio Brüggemann, Inês Mafra, Mário Pereira, Maicon Tenfen,

Cleber Teixeira, Dennis Radünz, Rubens da Cunha, Renato Tapado, Raimundo Ca-ruso, Nei Duclós, Marco Vasques, Zahidé Muzart, João Carlos Mosimann, Mário Prata e Flávio José Cardozo foram alguns dos participantes das etapas anteriores do projeto.

A 46ª edição terá como convidado especial o jornalista Dorva Rezende, editor de Cultura do DC.

“A palavra essencial sera entusiasmo”‘

socialista; é o Salim, leitor de Machado de Assis, que também vai concluindo com um capítulo de negativas: “Não tem amigos. Não considera os parentes. Não deixou ninguém para trás”; é o Salim catarinense que, na personagem Ilze, insinua o retrato de Lausimar Laus, au-tora de uma trilogia romanesca sobre os alemães no Vale do Itajaí, introduzindo através desta a poetisa Maura de Senna Pereira; é o Salim sempre envolvido com a memória que, com o protagonista, vai “buscando se desembaraçar do passado que não quer desprender-se dele”, em troca do ”rumo a um incerto futuro”.

Como poderíamos melhorar o índice de leitura em SC e no País?

Esta não é pergunta para responder em poucas palavras. São múltiplas as causas que provocam a diminuição da leitura, so-bretudo entre jovens. Contento-me, aqui, com focalizar um aspecto apenas: a leitura nas escolas. Se nossos professores não estiverem preparados e entusiasmados, se não transmitirem aos alunos boa iniciação à leitura, entusiasmo e motivações para a

mesma, abrindo a eles a viagem pelo imaginário, se não fizerem as crian-ças e adolescentes lerem livros bem escolhidos e orientados, e nunca por simples obrigação, o futuro dos leitores se projetará cada vez mais negro. E as indicações devem res-peitar as faixas etárias, as regiões, o contexto social de cada escola e seus alunos. A palavra essencial será “entusiasmo”.

Fale sobre o momento vivido pela literatura catarinense.

Santa Catarina, há algumas décadas, não precisa amargar nenhum complexo de inferioridade em relação à produção literária: poesia, romance, conto, crônica... oferecem ótimos textos para qualquer leitor. Nosso mais grave problema é o da “circulação do livro”, pois continuamos formando pequenas ilhas cul-turais cercadas de desconhecimento pelas demais. Talvez seja essa uma das razões pelas quais leitores e escolas prefiram escritores de outros estados, best-sellers

de fórmulas mágicas, literatura traduzida projetada pela mídia. Será, outrossim, necessário tomar consciência de uma ameaça: não estará a classe dos escritores quase superando aquela dos leitores???

Junkes: a leitura nas escolas é fundamental

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UFSC - Jornal Universitário - Nº 405 - Outubro de 2009 - PÁG 11

Artistas conhecidos, com carreira já con-solidada, e nomes novos, recém-egressos no mundo da arte, dividem espaço, desde o dia 29 de setembro, na 25ª Exposição de Arte dos Funcionários da UFSC. Quem visitar a coletiva poderá ver, por exemplo, xilogravuras de Júlia Iguti, que figura entre os principais nomes da gravura catarinense, e obras em nanquim sobre papel de Teresa Adada Sell, também respeitada no mercado de arte. Nessa mesma técnica, há trabalhos da professora aposentada Telma Piacentini, que criou e ad-ministra o projeto Barca dos Livros, na Lagoa da Conceição, em Florianópolis. A mostra fica na Galeria de Arte da UFSC (sala “Aníbal Nunes Pires”, no prédio do Centro de Convivência) até o dia 30 de outubro, podendo ser vista de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h30. A entrada é gratuita.

Promovida pelo Departamento Artístico Cultural (DAC), vinculado à SecArte, a expo-sição é uma oportunidade de conferir a produ-ção de trabalhadores técnico-administrativos e docentes ativos ou aposentados cujo veio artístico nem sempre era conhecido pelos colegas. Carlos Locatelli, por exemplo, é jorna-lista e professor, e nesta mostra apresenta um instigante trabalho em acrílico sobre fórmica. A secretária de Cultura e Arte da UFSC, Maria de Lourdes Borges, assina duas fotografias com o nome artístico de Dudi Borges. Zulma Borges, servidora da reitoria, exibe duas obras que mesclam as técnicas da pintura e da aquarela.

Entre as obras há rosas feitas em nanquim sobre tela de Yara Bianchini, xilogravuras de Antonio Carlos da Silva, acrílicos sobre juta de Mª Esmênia e pinturas de Albaneza Fogaça. Podem ser apreciadas ainda obras nas técnicas do desenho, cerâmica esmaltada, tapeçaria, bordado sobre retalhos, aquarela e objetos/instalações. São 30 funcionários-artistas, boa parte deles participando pela primeira vez de uma coletiva.

A exposição nasceu do desejo de festejar o Dia do Funcionário Público Federal, comemo-rado em 28 de outubro, e é vista como uma oportunidade para divulgar o trabalho artís-tico de funcionários da UFSC que, na maioria das vezes, têm se dedicado à arte como uma atividade paralela (PC).

Informações pelo telefone (48) 3721-9683, no e-mail [email protected] e no site http://www.dac.ufsc.br.

Paulo Clóvis SchmitzJornalista na Agecom

Mais uma vez, a UFSC e a Udesc se transformaram, durante seis dias, em pontos efervescentes de cultura, em áreas tão díspares quanto a dança e a discussão filosófica, a performance e a exposição de projetos de identidade visual. A 2ª Semana Ousada de Artes, realizada entre 21 e 26 de setembro, levou um grande público às salas e ao grande auditório do Centro de Cultura e Eventos da Universidade Federal, ao hall da reitoria, à Concha Acústica, aos cursos de Cinema e Artes Cênicas, ao Departamento Artístico Cultural e ao Teatro da UFSC, à Galeria de Arte e ao Espaço Cultural do NEA. Na Udesc, ocorreu forte afluência ao Museu da Escola Catarinense, à Faculdade de Educação, ao Cefid, ao Centro de Artes e a laboratórios onde houve atividades ao longo da semana.

Também houve espetáculos e performan-ces em espaços alternativos, alguns centros de ensino e no Teatro Pedro Ivo, localizado no Centro Administrativo do governo do Estado, na SC-401. E aconteceram eventos

Arte em efervescência 2ª Semana Ousada de Artes, realizada entre 21 e 26 de setembro pela UFSC e Udesc, movimentou a cidade

itinerantes pelos campi, como improvisações e performances. E mais, ações educativas em escolas, levadas a termo pela Udesc no Mu-seu da Escola Catarinense, que consistiram na visita de estudantes a uma exposição, com acompanhamento de arte-educadores, para reflexão sobre as diferentes linguagens ar-tísticas apresentadas e posterior elaboração de trabalhos escolares.

A secretária de Cultura e Arte da UFSC, Maria de Lourdes Borges, destacou a “par-ceria exemplar” com a Udesc, que vem ren-dendo bons frutos desde 2008, na primeira edição da Semana Ousada e em outras ini-ciativas conjuntas. Ela também afirmou que “50% do sucesso da Semana deveu-se à boa divulgação” do evento.

Este ano, dentro da proposta de apresen-tar as universidades como “lugares da inven-ção do novo”, nas palavras da secretária, a Semana Ousada priorizou a exibição do que é gerado dentro dos muros da academia. A in-tenção dos promotores foi mostrar a pesquisa em arte feita na universidade, sobretudo na graduação, nos cursos de Cinema, Artes Cê-nicas e Arquitetura, além das atividades do Departamento Artístico Cultural (DAC). Os artistas da

Universidade

A exposição é uma oportunidade para divulgar o trabalho artístico de funcionários e professores da UFSC que, na maioria das vezes, têm se dedicado à arte como uma atividade paralela

A proposta da 2ª Semana Ousada de Artes foi apresentar as universidades como “lugares de invenção do novo”, priorizando o que foi produzido pela academia

Fotos: Nilson Só/DAC

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UFSC - Jornal Universitário - Nº 405 - Outubro de 2009 - PÁG 12

Por José Antônio de SouzaJornalista na Agecom

O dia 30 de outubro está marcado como sendo a data em que alunos e servidores da UFSC usarão pela última vez copos descartáveis nas refeições diárias servidas no Restaurante Universitário (RU). Desde a manhã do dia 05/10, segundo a diretora do RU, Deise de Oliveira Rita, o usuário recebe a caneca para tomar água e sucos. Deise disse que a média de copos plásticos utilizados é de cinco mil por dia, somando despesas que passam de R$ 1,5 mil por mês.

A mudança é resultado de estudo desenvolvido por uma co-missão envolvendo a direção do restaurante, o Diretório Central dos Estudantes e a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE). A distribuição vai acontecer na entrada dos dois restaurantes ou na Sala da Administração. Para receber a caneca, o aluno deverá apresentar sua carteira estudantil, enquanto que os servidores, o crachá de identificação. Já os visitantes ganham copos descartáveis na hora da compra do passe.

Informações: 3721-9203.

Cláudia Schaun ReisJornalista na Agecom

A ação da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis reflete a preocupação que alguns integrantes da comunidade uni-versitária já demonstravam há algum tempo. Grandes cartazes fixados nos murais do RU, no início do segundo semestre de 2008, buscavam atrair a atenção e sugerir a reflexão: você sabia que são gastos cerca de sete mil copos por dia no RU? E que a quantidade de refeições servidas não ultrapassa as quatro mil?

As informações expostas, além de despertar a curiosidade, tinham ou-tra função: servir como estratégia de marketing. Ellen Stellet, estudante de História, trouxe 1080 canecas de ôni-bus de São Paulo, e as vendia na frente do restaurante nas sextas-feiras. Além da renda – que ela pretendia destinar a projetos educacionais, englobando a área ambiental –, a estudante também acumulou histórias.

A propaganda com vistas à venda acabou incentivando naturalmente a conscientização. “Eu contava duas ou três pessoas utilizando caneca no RU. Agora percebo que muita gente está usando garrafas plásticas e canecas. As minhas até não são a maioria, mas é interessante ver como estão sendo inseridas no cotidiano dos alunos. Outro dia um grupo estava jogando escravos de jó numa das mesas do Restaurante, utilizando as canecas. A brincadeira chamou a atenção, e isso acaba ser-vindo como propaganda, não só para a venda, mas também para a mudança de comportamento”.

Apesar de, na época, se mostrar indignada com o descaso de muitos alunos com os quais conversa sobre o tema, Ellen entende que cada pessoa tem o seu processo. “Não condeno quem desmerece a preocupação com o meio ambiente. Provavelmente eu já fui assim antes; então acredito que precisamos

Plástico por plástico, o meio ambiente agradeceRestaurante Universitário inicia distribuição de canecas plásticas aos seus usuários. Copos descartáveis só serão utilizados por visitantes

Foto: Paulo Noronha

continuar debatendo essas questões, porque talvez assim possamos fazer com que outras pessoas também parem para pensar e acabem praticando ações em favor do Planeta”.

A idéia do processo, em contraposição ao imediatismo, também foi mencionada no mesmo semestre por Lírio Odorizzi, de 44 anos, 26 deles dedicados ao trabalho na Biblioteca Universitária: “acredito que este seja um curto passo numa longa caminhada para a conscientização”. A frase justifica a ação que ele e mais nove funcionários da BU implantaram no setor: a reciclagem do lixo e a re-dução da utilização de copos plásticos, inicialmente em 50% com meta a che-gar em 100%. A motivação do grupo de servidores veio da vontade de agir com coerência. “A UFSC ofereceu cursos de capacitação, e um deles era sobre a A3P, do governo federal. Fizemos o curso e decidimos colocar em prática algumas ações que estão ao nosso alcance, que dependem da nossa mudança de hábito. É a maneira que temos de contribuir com o meio ambiente e a Universidade”.

Com a autorização e o apoio da dire-ção, os funcionários conseguiram duas lixeiras - localizadas no hall de entrada da BU - para que o lixo pudesse ser se-parado. E a redução dos copos plásticos pretendia servir como incentivo à utiliza-ção de outros recipientes. “Eu chegava a tomar quatro, cinco cafés por dia, usando um copinho para cada um deles. Hoje tomo a mesma quantidade, mas só uso dois copos, no máximo”, atesta Lírio.

O grupo do qual Lírio faz parte en-tende que, através de sua conduta, pode influenciar uma modificação maior. “Quem sabe, influenciamos outros se-tores e a Administração a fim de obter o ISO 14001”.

O projeto, no entanto, não progrediu. “Por causa da crise econômica, a coope-rativa que recolhia nosso lixo reciclável desistiu de nós, e as coisas voltaram a ser mais ou menos como eram antes”, lamenta.

Multiplicadores de ideias verdes

Plástico

As canecas estão sendo distribuídas nas entradas dos restaurantes e na Sala da Administração. Carteira estudantil ou crachá de identificação são necessários para retirá-la

Ellen Stellet, estudante de História, trouxe 1080 canecas de ônibus de São Paulo, e as vendia na frente do restaurante. “Não condeno quem desmerece a preocupação com o meio ambiente. Precisamos continuar debatendo essas questões, porque assim talvez outras pessoas parem para pensar”

Foto: Cláudia Reis

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UFSC - Jornal Universitário - Nº 405 - Outubro de 2009 - PÁG 13

Existem três grupos de remédios para emagrecer: os derivados de anfetaminas, os inibidores de recaptação de serotonina e os inibidores de reabsorção de gorduras. A professora Yara explica que os derivados de anfetaminas, como o mazindol e o fen-proporex, por exemplo, podem provocar dependência e, por isso, devem ser admi-nistrados por um curto período de tempo. Os inibidores de recaptação de serotonina, onde estão incluídos alguns antidepressivos como os tipos fluoxetina e bupromiona, são indicados para tratamento de transtornos alimentares associados com a obesidade, como a síndrome do comer compulsivo. E os inibidores de reabsorção de gordura ser-vem para diminuir a absorção de gordura dos intestinos. O único representante desta classe é o Orlistate, vendido no Brasil com o nome comercial Xenical. A professora alerta que todos estes medicamentos de-vem ser prescritos por um profissional com experiência no tratamento da obesidade, além de exigirem um acompanhamento regular.

Mara PaivaJornalista na Agecom

A indústria da beleza é um comércio bastante lucra-tivo que inclui entre seus bens de consumo alguns itens capazes de comprometer a saúde humana. Entre estes itens estão os anorexígenos ou remédios para emagrecer que movimentam recursos anuais de U$ 65 milhões. O consumo deste tipo de medicamento é incentivado por padrões de beleza estabelecidos pelas tendências da moda e consagrados pelo mercado publicitário ao asso-ciar à magreza com conceitos como beleza, aceitação social e até felicidade.

Em 2006, de acordo com a Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife) o Brasil era o maior consumidor mundial deste tipo de medicamento. Pesquisas realizadas no ano passado por esta mesma organização apontam a Argentina e os Estados Unidos na liderança do consumo de anfetaminas, componente utilizado nos remédios para emagrecer, seguidos pelo Brasil. Uma mudança de posição quase insignificante, pois de acordo com dados da Agência Nacional de Vi-gilância Sanitária (Anvisa) de janeiro a julho deste ano as farmácias de manipulação do Brasil venderam 170 milhões de cápsulas de remédios para emagrecer, ou o equivalente a 10 doses diárias por mil habitantes.

Entre as consequências do uso contínuo de anfetami-

Como começar a mudar

tomar café da manhã – em casa

não substituir refeições principais (café da manhã, almoço e jantar) por lanches

fazer atividade física diária – caminhar 30 minutos, por exemplo.

comer 2 a 3 frutas ao dia

comer saladas diariamente

reduzir a quantidade de frituras

reduzir horas diante da TV, DVD (menos de 10 horas na semana)

reduzir quantidade de refrigerantes na semana.

Fonte: Dra. Yara Medeiros

A droga mais comum

utilizada nos moderadores

de apetite, as anfetaminas, age no

centro de controle do ape-tite localizado no Sistema Nervoso

Central, alterando o controle químico da transmissão do impulso nervoso através do aumento de serotonina, dopamina e norepinefrina no cérebro. Essas substâncias promovem o aumento da pressão san-güínea e batimentos cardíacos, dilatação brônquica, constrição periférica dos vasos sangüíneos, dilatação das pupilas, esvazia-mento da bexiga e intestinos, aumento da atenção, sensibilidade aos estímulos, perda de apetite e aumento da autoconfiança. As reações no organismo, mesmo em baixas dosagens, lembram a ação da cocaína.

Yara Medeiros, médica endocrinolo-

Emagrecer, mas não a qualquer preço

nas o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psi-cotrópicas destaca a perda de peso acentuada, aumento constante na pressão sangüínea, agressividade, irritação, paranóia, confusão de pensamento, compulsividade e esquizofrenia. Tadeu Lemos, Chefe do Departamento Central de Farmacologia da UFSC e médico especialista em dependência química ressalta que o uso abusivo e descontrolado destes medicamentos pode desenvolver problemas endócrinos, hepáticos e renais.

Por conhecer os graves riscos à saúde humana provocados pelo uso de substâncias do tipo anfetami-nas, isoladamente ou em associação com benzodia-zepínicos, diuréticos, hormônios e laxantes, para fins unicamente de emagrecimento, o Conselho Federal de Medicina (CFM) do Brasil já recomendava aos médicos, por meio de uma resolução datada de 1997, a limita-ção em sua administração. No mesmo documento o CFM chamava a atenção da categoria sobre a falta de fundamentação científica no uso dessas associações medicamentosas e sobre o consumo excessivo de anfetaminas.

Para garantir um maior controle sobre a venda no Brasil de remédios a base de anfetaminas, a Anvisa criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Con-trolados (SNGPC). Trata-se de um sistema informatizado colocado em funcionamento em 2008 e que permite monitorar a prescrição das medicações controladas,

em especial entorpecentes, anabolizantes, psicotrópicos e anorexígenos. O SNGPC extinguiu o controle feito em formulários de papel, técni-ca utilizada desde 1973. A medida também estabele-ceu uma receita específica para remédios controlados e a obrigatoriedade de farmácias e drogarias ca-dastrarem semanalmente, em um sistema informati-zado, todos os dados da receita (nome do médico e do estabelecimento distribuidor, a concen-tração do medicamento, a quantidade na embala-gem, o lote, a classe terapêutica, o estado físico e a unidade de medida dos produtos). Todas as informações são armazenadas em um banco de dados único, facilitando o controle sobre o consumo deste tipo de me-dicamento.

Ação dos anorexígenos

Os diferentes grupos de remédios

gista e professora do Departamento de Farmacologia, afirma que os remédios utilizados para auxiliar na redução do peso quando adequadamente indicados pelo médico não costumam trazer re-percussões para o sistema endócrino. O problema é o uso incorreto. Os fatores que justificam diagnosticar esta classe de medicamentos são a obesidade (pessoas com índice de massa corporal maior ou igual a 30), pessoas com sobrepeso ou com co-morbidades importantes. Em relação aos índices de consumo exces-sivos observados no país ela atribui a má fé de alguns médicos, que utilizam as associações medicamentosas como proposta de emagrecimento rápido. Apesar de contra-indicado pela sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e pela Anvisa, há uma cumplicidade entre médicos e pacientes que prometem e procuram soluções mágicas.

O Brasil foi responsável em 2005 por 98,6% da produção de Fenproporex e por 89,5% da Anfepra-mona, duas das substâncias inibidoras do apetite mais utilizadas no mundo.

O uso abusivo e descontrolado destes medica-mentos acaba provocando um desequilíbrio devido ao excesso de anfetaminas existentes. Em conseqüência, podem desenvolver problemas endócrinos, hepáticos e renais.

Há uma epidemia de indivíduos obesos no Brasil associado com uma cultura de cul-to ao corpo e a magreza, avalia a médica. Para de limitar o consumo das drogas ema-grecedoras, considera-se importante o obe-so ser educado a entender que é portador de uma doença crônica e, portanto, deve fazer mudanças no seu estilo de vida de modo permanente e em longo prazo, para evitar futuras complicações. Assim sendo, mudanças comportamentais, envolvendo toda a família são importantes, em asso-ciação com a medicação quando adequada-mente indicada. Ela destaca a existência de estudos epidemiológicos que indicam a possibilidade de até 40% dos obe-sos poderem perder peso sem necessi-dade de me-dicação, isto é, apenas com mudanças com-portamentais.

Made in Brazil

Fotos: sxc.hu

Padrões de beleza ditados pelas tendências da moda incitam a utilização de remédios para emagrecer, movimentando cerca de U$ 65 milhões por ano

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UFSC - Jornal Universitário - Nº 405 - Outubro de 2009 - PÁG 14

Ciências para todos é o mote da 8ª Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão

Programação de Palestras

Quarta-feira – 21/10 9h – Abertura da 8ª Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFSC. Com autoridades e participação da Banda de Música do 63º Batalhão de Infanta-ria. No Palco da Sepex.16h - Inauguração do Projetor Digital do Planetário da UFSC. Local: Planetário.18h - Abertura do 19º Seminário de Iniciação Científica da UFSC.18h20 - O universo é finito? - Palestra integrada à agenda do Ano Interna-cional da Astronomia.Convidado: Professor Kepler Oliveira, do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IF/UFRGS). 20h30 - Estreia do espetáculo As Luas de Galileu. No Teatro da Igrejinha.

Quinta-feira – 22/10 10h30 – Concessão do título de doutor honoris causa ao naturalista Fritz Müller (in memoriam). Local: Auditório da Reitoria. 16h – Mesa-redonda: Fritz Müller – o parceiro de Darwin em Santa CatarinaConvidados:- Mario Cesar Cardoso de Pinna, vice-diretor do Museu de Zoologia da USP- Darwin e a Teoria da Evolução.- Luiz Fontes, médico do IML de São Paulo – O suporte de Fritz Müller à Teoria da Evolução e legado naturalístico.- Cezar Zillig, médico neurocirurgião, autor de várias obras sobre Fritz Müller - Episódios da vida de Fritz Müller e sua correspondência com Darwin.- Sueli Maria Vanzuita Petry, diretora do Arquivo Histórico de Blumenau- Te-souros do acervo Fritz Müller.18h30 – Leitura de poesias escritas por Fritz Müller. Lançamento da tradução do livro Für Darwin, 1864, escrito por Fritz Müller. No Auditório Garapuvu/Centro de Cultura e Eventos

Sexta-feira – 23/10 14h30 - Palestra Mês do Idoso: Viver Mais, viver melhor. No Auditório Ga-rapuvu/Centro de Cultura e Eventos.Convidado: Renato Maia, do International Association of Gerontology and Geriatrics, fundador do Virtual College of Gerontology and Geriatrics, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

Sábado – 24/10 15h - Premiação Estande mais interativo da Sepex e Premiação I Feira do Inventor-UFSC. Local: Palco da Sepex.

Por Arley Reis Jornalista na Agecom

Com o tema Ciência para todos, a UFSC realiza de 21 a 24 de outubro a oitava edição de sua Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão (Sepex). Integrado à Semana Nacional de Ciência e Tecnolo-gia, o evento faz do campus universitário um grande palco para demonstração das ações da universidade.

Este ano poderão ser visitados no pa-vilhão da Sepex, na Praça da Cidadania, mais de 200 estandes com trabalhos nas

áreas de comunicação, cultura, educação, meio ambiente, saúde e tecnologia. Serão também oferecidos no período quase 300 minicursos gratuitos.

Entre os eventos paralelos estão o 19º Seminário de Iniciação Científica da UFSC, a I Feira do Inventor e as mostras Ver Ci-ência (documentários da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia) e Planet.move (mostra de filmes sobre meio ambiente e globalização). O objetivo é mobilizar a população em torno de temas e atividades de ciência e tecnologia, valorizando a criati-vidade, a atitude científica e a inovação.

Alunos das Ciências da Saúde trazem trabalhos como o que simula o parto

O artesanato ilhéu e catarinense também é valorizado na Sepex

As atividades de extensão têm seu espaço: o estande de contação de histórias é um dos preferidos das crianças

Os conhecimentos passados de geração a geração são compartilhados durante a Semana

Fotos: Arquivo Agecom

Ciências da Saúde...

artes...

atividades de inclusão...

e estudos de várias outras áreas são apresentados na Sepex

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UFSC - Jornal Universitário - Nº 405 - Outubro de 2009 - PÁG 15

Ombudsman

Em nome do progresso. Não bastou interditar o caminho capenga que ligava a UFSC à Avenida César Seara, passagem de inúmeros estudantes, técnico-administrativos e professores que moram pelas redondezas. A frondosa árvore que se mantinha altiva ao lado do Centro de Capacita-ção (à esquerda da foto), quem sabe contabilizando mais idade do que a própria UFSC, foi derrubada para dar passagem à construção da tão necessária e reivindicada terceira ala do RU. Em tempos em que a palavra é plantar e não arrancar, o progresso, indiferente, segue em frente sem ser detido por nada ou ninguém.

Foto: Paulo Noronha

É bom para a sociedade viver sem uma lei que regule a atividade da imprensa ou da mídia, em geral? Após cinco meses da revogação total da Lei 5.250/67, criada durante o regime militar para “regular a li-berdade de manifestação, do pensamento e de informação” no Brasil, restou um vá-cuo legislativo. Mesmo que alguns de seus artigos retratassem o período autoritário, esta falta de regulamentação é ruim para toda a sociedade. Causa insegurança, tan-to para o cidadão, que se vê prejudicado por denúncias infundadas, como para os veículos de imprensa, que muitas vezes são sentenciados a pagar pesadas multas em função dos danos morais praticados. Somam-se a este quadro de incertezas, algumas decisões judiciais que ameaçam a liberdade de expressão, impedindo a publicação de reportagens ou punindo empresas jornalísticas; ou ainda, os casos onde essa mesma liberdade de expressão é invocada na tentativa de encobrir abusos que ferem a ”intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas”.

Sem dúvida, é bom festejar o fim de uma lei que estava em descompasso com os princípios consignados na Constituição Federal. A Carta de 1988, em seu art. 220, preceitua: “A manifestação do pen-samento, a criação, a expressão e a infor-mação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição; e que “nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no artigo 5º (IV, V, X, XIII e XIV” (§1º); ainda: “É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística” (§2º).

Apesar das garantias constitucionais, na esfera processual restaram aspectos polêmicos sobre a revogação da Lei de Imprensa. Um deles é o direito de resposta. Pelas novas regras, quem se sentir ofendido pela divulgação de opini-ões racistas, por exemplo, deve buscar a esfera penal, registrar um boletim de ocorrência e aguardar o trâmite do processo. Enquanto isso, a informação veiculada pode até estar esquecida, sem contar o prejuízo alegado, que muitas vezes é irreversível. Na lei extinta, o direito de resposta acontecia de forma sumária, com o prazo de 24 horas após

Um novo marco legal para a mídia

Artemio Reinaldo de SouzaJornalista na Agecom

Volume 43 da Revista de Ciên-cias Humanas da UFSC tem como destaque um resgate do “Grupo Sul e a Revolução Modernista em Santa Catarina”, dos professores Rogério Ferreira Guerra e Arno Blass. Pu-blicação semestral do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, a revista traz ainda os artigos com a reflexão de Raymundo Faoro so-bre a abertura política; etnicidade e memória entre quilombolas na Bahia, demografia e direito indíge-na, o trabalho na contemporanei-dade, a natureza do vínculo na vida humana e a intervenção psicológica e prevenção da saúde mental na relação mãe-criança.

Grupo Sul e Revolução Modernista em revista

Amar é mudar a alma de casa

Mário Quintana - 1906-1994

Foto: sxc.hu/ John Chin

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Poema

Na semana em que se comemorou o Dia Mundial dos Animais, o cão Catatau foi homenageado no Projeto 12:30. Catatau, que durante 12 anos residiu e participou das atividades culturais, sociais e po-líticas realizadas no campus da UFSC, morreu em julho deste ano por suspeita de maus-tratos. Querido por todos, era considerado mais que um mascote, é símbolo de liderança, companheirismo e luta.

Catatau agora se encontra eternizado no campus por meio de uma placa, instalada no jardim em frente ao Centro de Comunicação e Expressão, junto ao monumento Pira da Resistência. A placa é uma criação do artista plástico Adlei Pereira, o Gringo, que conseguiu transmitir todo o seu carinho e respeito pelo cão.

A concretização desta homenagem se tornou possível graças à venda dos materiais do Catatau (bottons e adesivos) por alunos, técnico-administrativos e professores, simpáticos à causa do bem-estar animal, e às ONG’s Organização Bem Animal (OBA!) e Instituto É o Bicho!.

Com esta homenagem pretende-se acirrar as campanhas contra o abandono e o controle populacional, e chamar a atenção para o bem-estar dos animais que residem no campus. - Rogeria D’El Rei da S. S. Martins

JU dos leitores

a publicação, ou na próxima edição. Além do direito de resposta, também

geram equívocos a queda dos dispositivos referentes aos crimes de calúnia, injúria e difamação. Na ausência de uma norma es-pecífica, a conduta lesiva está condicionada ao regramento dos Códigos Penal e Civil, à interpretação de juízes de 1º grau ou de tribunais superiores. No Código Penal, os mesmos crimes podem até ter penas menores frente ao mandamento anterior, mas quando são cometidos por um meio de divulgação, a pena é um terço maior, alertam os juristas.

Na aplicação do Código Civil, os ar-tigos 20 e 927, dizem, que quem sofre dano à imagem ou honra tem direito à indenização e quem pratica o ato ilícito fica obrigado a repará-lo. O artigo 5º da Constituição Federal também trata do tema, mas nenhum deles fixa valores para a indenização. Atualmente não existe um teto para as multas por danos morais, em face de notícias falsas ou caluniosas. Na lei revogada, o pagamento de indenização por danos à imagem e à honra era fixado entre dois e vinte salários mínimos.

Embora a Constituição assegure di-reitos individuais e coletivos, a sociedade não pode abrir mão de uma lei que possa mediar a relação desigual entre a mídia e os cidadãos. Espera-se que a polêmica em torno do assunto continue. E que os espaços como este, de ombudsman, se disseminem em todos os veículos de co-municação, como um mecanismo especial de autoregulação da própria imprensa.

Beatriz Menezes dos Santos - jor-nalista, assessora de Imprensa da Secretaria de Estado da Educação e acadêmica de Direito

A homenagem serve para alertar contra o abandono

Page 16: Jornal Universitário - UFSC

UFSC - Jornal Universitário - Nº 405 - Outubro de 2009 - PÁG 16

Poemas encamisados para lembrar Bell

Mara PaivaJornalista na Agecom

O reitor Alvaro Prata entregou no dia 23/9 o certificado de distinção à autora do slogan vencedor do concurso UFSC 50 anos, profes-sora Magda do Canto Zurba, do Departamento de Psicologia da UFSC.

De acordo com a autora, sua participação se deu apenas com a intenção de colaborar, e ela ficou surpresa ao saber da vitória. A frase proposta por Magda, “Produzindo conhecimen-to para um mundo melhor”, será usada no selo comemorativo dos 50 anos da UFSC. O selo será lançado na cerimônia do 49º aniversário da universidade, no dia 18 de dezembro.

O chefe de Gabinete, José Carlos Cunha Petrus, ressaltou que a entrega do diploma à professora foi o primeiro ato oficial do cin-quentenário da UFSC. O momento histórico contou com a participação do filho de Magda, Iudi Zurba Melgarejo, de apenas oito anos, que fez questão de aproveitar a oportunidade para conhecer o reitor.

Em suas considerações sobre o slogan, Al-varo Prata disse que a frase o agradou porque dá a ideia de continuidade – produzindo – e abrange o contexto social – mundo melhor. Prata lembrou também que os 50 anos sig-nificam um momento de transição. “Novos caminhos são trilhados, é uma universidade moderna, uma expressão no Estado e assume dimensões internacionais”, destacou o reitor.

O concurso para escolha do slogan per-maneceu aberto no período de 12 de agosto a 9 de setembro. A seleção foi realizada por 11 membros de diferentes unidades da UFSC, que avaliaram 174 propostas enviadas por candidatos de diversos estados, inclusive de outros países. A Comissão Central dos 50 anos, presidida por Cléia Silveira Ramos, acompanhou a solenidade.

Mais informações com Cléia Ramos pelo telefone (48) 3721-8602. Para saber mais sobre os 50 anos da UFSC acesse: www.50anos.ufsc.br

Autora do slogan, “Produzindo conhecimento para um mundo melhor”, recebeu certificado

Selecionado o slogan comemorativo dos 50 anos da UFSC

O momento histórico contou com a participação do filho de Magda, Iudi

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homem e da sociedade.O escritor tirou a poesia das gavetas,

tornando-a mais acessível através de apresentações, declamações, conferên-cias e debates. Transformou viadutos, praças, boates e estádios em veículos da poesia, com a participação de outros artistas e poetas. Seguiu o impulso da ruptura para cantar poemas em praça pública. Os movimentos de arte de rua nasceram de sua coragem.

O poeta dedicou-se à sua Catequese pelo país e exterior, incentivando a poe-sia declamada em praça pública. Como disse Paulo Leminski, “nunca tinha visto ninguém dizer poemas tão bem, com tanta intensidade, tanta garra, tanto domínio de voz, do gesto e do sentido. A Catequese de Bell, a vanguarda da palavra dita, é um tempo forte dessa efervescência”.

É a partir de Lindolf Bell que a poesia catarinense recuperou o teor de originali-dade (legado por Cruz e Souza) e passou a sugerir algo novo. Exigia do poeta a di-vulgação direta com o público, pois assim tornava-se um intermediário vivo entre o poema e o seu consumidor. Começou a estampar diversos epigramas em ca-misetas, permanecendo assim fiel ao espírito irrequieto e sempre provocador que o identificou ao longo dos anos.

Ele é considerado o mais importante nome contemporâneo da poesia em Santa Catarina, reconhecido nacional e interna-cionalmente por romper as amarras que prendiam a poesia, difundindo ideias atra-vés de painéis-poemas e corpoemas.

Em entrevista à Fundação Cultural

Maria Luiza Gil*Bolsista de Jornalismo na Agecom

A Exposição Catequese Poética de Lindolf Bell, instalada no primeiro piso da Biblioteca Universitária (BU) da UFSC, pôde ser visitada até o dia 30 de setem-bro. Segundo a diretora da BU, Narcisa de Fátima Amboni, a mostra pretendia, além de trabalhar a questão cultural dentro da biblioteca, “homenagear este poeta catarinense, cujas obras são bas-tante pesquisadas, resgatar sua memó-ria e divulgar a sua poesia”. O escritor faleceu em 1998, aos 60 anos.

A exposição traz recortes de jornal e frases retiradas do acervo de Bell, que sempre lutou pela personificação da poesia através da oralidade, visualidade e do concretismo. Uma de suas criações é o Corpoema, que propõe vestir os homens com poesia. Foi do Corpoema que veio a inspiração para os estandes em acrílico em formas de camiseta onde estão colados recortes de jornal.

A Casa do Poeta Lindolf Bell, da Fun-dação Cultural de Timbó, é responsável pela mostra e pela preservação de sua memória. Lindolf Bell nasceu naquela cidade, foi líder do Movimento Catequese Poética, que permitiu a milhares de pesso-as o acesso à poesia e à arte, e mobilizou artistas, desenvolvendo uma nova lingua-gem poética e ampliando a intervenção social de jovens escritores. A Catequese Poética é considerada um marco tanto na cultura popular brasileira como na literatu-ra, pois a partir de Bell a poesia assumiu sua função transformadora do tempo, do

Catarinense (FCC), quando questionado sobre algo de sua residência, Bell respon-deu: “Todas as coisas que me rodeiam são raízes. A jabuticabeira que deve ter quase cem anos, a caramboleira, os baús, os móveis e todos os objetos antigos não são uma forma triste de memória, mas uma afirmação de que, num crescimento es-piritual, num cres-cimento humano não podemos jogar nada pela jane-la ou no lixo. Não podemos jogar fora as raízes - elas nos preservam e elas se preservam conosco, na memória ou dentro da terra, seja onde for, mas elas também nos projetam porque, à medida que elas se preservam na terra, elas crescem, fazem a gente crescer, como uma árvore. O homem é uma árvore que abriga amores, lem-branças, outros seres, uma árvore que dá sombra e luz, e é para isso que a gente nasceu, fundamentalmente. Isso eu aprendi, é claro, convivendo com meus pais e também com os vizinhos, que tinham maneiras semelhantes de viver e conviver, maneiras simples mas definitivas”.

*com informações do site www.lindol-fbell.com.br.

LegadoDeixarei por herançanão o poemamas o corpo no poemaaberto aos quatro ventos

Pois todo poemaé verde e maduro,em areia movediçade angústia, solidãoOnde me debatoainda que finja o contrárioem busca da verdadee seu chão

Deixarei por herançanão o poemaMas o corpo repartidona viagem inconclusa

Pois todo o poema maduroé um verde poemaE, mesmo acabado,se estriba na inconclusãoClaro, sem esquecer,o estratagema da paixão

Lindolf Bell (1938-1998)