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MÚSICA .FILME .HQ .SHOW Ano 2 nº 08 João Pessoa, maio 2012 GEORGE: É difícil dividir seu tempo entre duas bandas? Especialmente duas bandas que possuem compromissos e fazem turnês extensas pela Europa Estados Unidos... BIFF: Não mesmo, às vezes o choque entre shows existe, mas nós resolvemos isso fazendo o show para quem tem a primeira data, a menos que uma turnê tenha inicio e não há apenas um show em que as datas batem, então resolvemos isso brigando. GEORGE: Suas letras lidam com questões pessoais ao invés dos habituais sócio-políticos que a maioria de nós ouvintes estamos acostumados a ouvir de bandas punk do Reino Unido. E você parece não ter respeito por aquilo que é politicamente correto. Vocês obtem algum feedback negativo a partir de outros punks por causa disso? BIFF: eu fico doente de pensar e ouvir falar de política e muito menos cantar sobre isso, e além disso - o que diabos eu sei sobre políticas sociais, corporações mul- tinacionais e o que se passa por trás de portas fechadas? O que eu sei sobre a vida é que se minha vida não é o PC, então tenho que pedir desculpas por isso, e não te- mos qualquer feedback por causa disso? Bem, eu já fui chamado de racista e sexista, o que apenas mostra que nunca tiveram tempo para realmente me conhecer, por isso eles deviam calar a boca! GEORGE: Quando eu escuto SOTB, eu definitiva- mente ouço influências que vão do Motorhead ao Damned ao Anti- Nowhere League. Que outras ban- das são grandes influências em sua composição? BIFF: Além das bandas que você mencionou, provavel- mente, o UK Subs, GBH e apenas outras bandas punk rock ‘n’ roll - Iggy Pop, esse tipo de merda. Eu e Brian ouvimos bandas de rock antigas e outras coisas. Nós até já pegamos coisas do Deep Purple. GEORGE: Apesar de SOTB definitivamente ter mui- ta influência do punk rock do final dos anos 70 e início dos anos 80, você ainda o mantem renovado e energé- tico. Qual a sua opinião a respeito de bandas atuais e tendências musicais? Existe alguém lá fora, seja punk rock ou não, que você gosta de ouvir nos dias de hoje? E que tipo de coisas que você realmente não gosta? BIFF: Nós originalmente começamos o SOTB porque ninguém estava tocando a música que queríamos ouvir. Para mim não há muita coisa nova que eu gosto – The Restarts, Lunachicks são boas bandas. Zero Tolerance, Thug Murder - há um monte de boas bandas japonesas. Eu não gosto de death metal porque finge que é punk. GEORGE: Conhecendo você, eu podia dizer, que nesse momento, ou você está bebendo ou se curando uma ressaca. Descreva uma típica noite de bebedeira - o que e quanto você bebe e se há outras substâncias envolvidas? BIFF: Bem, eu normalmente começo a beber por volta de 1 ou 2 horas da tarde (porque os bares fecham mais cedo por aqui) eu bebo uns litros de Stella até ficar cheio então eu começo com as vodkas. A maioria das bebe- deiras ocorre no jardim do meu pub favorito com meus companheiros. Nós geralmente fumamos maconha en- quanto estamos bêbado e umas 7 da noite tem um cara que chega com pílulas ou 2 (ecstasy), às vezes speed ou um pouco de coca, depende do que está disponível. Nós deixamos o bar por volta da meia-noite e vamos para um clube de merda para mais vodka até 2 da manhã. Geral- mente é no apartamento de alguém onde eles têm algo para beber e cheirar, transar, etc. eu realmente gosto de absinto quando posso obtê-lo - Eu sempre trago alguns quando volto da CZ (República Tcheca), mas não duram muito tempo. GEORGE: Lendo o release da banda, vocês parecem ter chegado perto de destruir alguns dos lugares em que já tocaram na Inglaterra. Qual foi o show mais perigoso que você fez? BIFF: O show mais perigoso que já fizemos foi em Praga quando algum babaca jogou uma garrafa no meu rosto, quebrou dois dos meus dentes e cortou o meu lábio, o que existiu de perigoso nesse show era que eu poderia ter colocado minhas mãos neles antes de fugirem. Eu não gosto de death metal porque finge que é punk. GEORGE: Qual o lugar favorito? Todo lugar tem algo legal, na Europa tem uma ótima cerveja e podemos beber a noite toda, America tem uma ótima coca e bares legais, na Inglaterra a gente pode tocar e ir pra casa, se o show foi uma merda o melhor é poder dormir na própria cama, no Japão as festas são ótimas após cada show, e cada lugar tem pessoas legais e garotas bonitas. GEORGE: Alex e Simon da banda punk NYC Thought Crime estavam com você recentemente para alguns shows do festival punk em Inglaterra - eles me disseram que você estava fazendo vodka “tiros nos olhos!” O que é e por que você faria isso? BIFF: Eu não aconselho isso porque pode lhe deixar cego, eu só faço isso quando estou muito bêbado, a idéia é que seus olhos são muito vascular e é uma maneira rá- pida para chegar ao cérebro. GEORGE: O seu consumo excessivo danificou suas cordas vocais em tudo? Ou será que ele realmente foi benéfico – de uma forma meio Motorhead / gargare- jo-com-vidro e lâminas de barbear? BIFF: Eu acho que pode ter sido benéfico. No estúdio, meus vocais normalmente baixam. Quando comecei eu tinha de gritar rouco. GEORGE: Suas gravações estão soando muito vivo muito na cara, o que soa apropriado para o que você faz. Você gasta muito tempo no estúdio tentando obter sons em fita, ou você simplesmente improvisa e toca da mesma forma que faria ao vivo? BIFF: Nós não gastamos muito tempo no estúdio com nosso som. Se a banda soa bem, eu nem sequer preciso ouvir a minha guitarra. Se não está ruim não tem razão para mexer e isso vale para os outros também. Gravamos ao vivo - guitarras, baixo e bateria juntos, apenas o vocal guia é regravado. GEORGE: Quando o SOTB vem para a America em turnê? Existe alguma possibilidade de vocês em turnê com os Varukers? Você seria capaz de lidar com isso? BIFF: Queremos estar lá amanhã. O conflito existe - nós realmente não podemos esperar por isso, vamos estar lá o mais rápido possível. Eu posso lidar com o fato de tocar com os Varukers e SOTB no mesmo show, mas eu preferia me concentrar em uma ou outra banda, quando estamos em turnê (mas é bom ser pago duas vezes em uma noite). GEORGE: E, finalmente, de onde vem o nome Sick On The Bus? BIFF: Enquanto eu estava trabalhando em um canteiro de obras, o filho de meu patrão estava começando uma banda. Então seu pai (Tony Write) disse-lhe para chamar a banda de doentes no ônibus porque ele disse que “todo mundo ficou doente em um ônibus em algum ponto em sua vida.” Mas seu filho odiava o nome. Então eu perguntei se poderia usá-lo porque eu e Brian estavam começando uma banda, mas a gente não tinha um nome, então SOTB nasceu em uma cantina local de construção. Distribuição gratuita Das profundezas da cena obscura do punk no Reino Unido, Sick On The Bus vem subindo como uma Phoenix de chama suja - bem, talvez mais como um abutre - para deixar sua marca sobre o estado atual das coisas musicais. No espírito de grandes bandas como Motorhead, The Damned e Anti-Nowhere League no inicio de suas car- reiras, SOTB realmente não se importa sobre as tendências e o que as massas pensam - eles fazem o que querem e fazem isso com autoridade. É essa autoridade que coloca SOTB sobre a maioria das bandas de punk rock e rock’n’roll. É evidente em seus últimos lançamentos “Set Fire to Someone in Authority” e o CD duplo “Punk Police/ Suck On Sick On The Bus” pela Go-Kart Records nos EUA. Tive o prazer de conver- sar com o vocalista/guitarrista Biff que também divide seu tempo como um membro da clássica banda anarco-punk The Varukers. Biff teve a gentileza de levar o seu tem- po entre ressacas para responder algumas perguntas e agradeço-lhe por isso. Entre vista por George Steele e cedida gentilmente pelo próprio Biff ao Jornal Microfonia. O telefone toca. Do outro lado uma voz diz: você já ouviu uma banda chamada Sick on the Bus? De pronto respondo: não! SOTB é a banda do Biff, guitarrista que também toca no Varukers. A sonoridade não sai da zona de conforto e com isso nos brinda com o mais puro punk rock/hardcore. SOTB é a quarta geração que permanece firme e forte em não crer no sistema governante, constatação explicitada na letra de I Don’t Believe – I don’t believe in the church, I don’t believe in the schools I don’t believe in policemen, I don’t be- lieve in the rules; embora essa seja uma das exceções, já que Biff prefere um tom mais introspectivo quando canta, pois descreve com propriedade suas bebedeiras, aventuras estradeiras e sexuais. Destaque para Kill Yourself (Cego pela hipocresia/Sua mente é um livro fechado), You Make me Sick (Desde que você chegou ando fora de controle) e Ugly (pena que você não é bo- nita/julgamos o livro pela capa/aparência não é tudo). Quem tiver bala no bolso pode assisti-los no Rebelion Festival em Blackpool. A.S. http://www.myspace.com/sickbus SICK ON THE BUS - SUCK ON SICK ON THE BUS FUCK HEADS (UK)

Jornalmicrofonia#08

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MÚSICA .FILME .HQ .SHOWAno 2 nº 08 João Pessoa, maio 2012

GEORGE: É difícil dividir seu tempo entre duas bandas? Especialmente duas bandas que possuem compromissos e fazem turnês extensas pela Europa Estados Unidos... BIFF: Não mesmo, às vezes o choque entre shows existe, mas nós resolvemos isso fazendo o show para quem tem a primeira data, a menos que uma turnê tenha inicio e não há apenas um show em que as datas batem, então resolvemos isso brigando.

GEORGE: Suas letras lidam com questões pessoais ao invés dos habituais sócio-políticos que a maioria de nós ouvintes estamos acostumados a ouvir de bandas punk do Reino Unido. E você parece não ter respeito por aquilo que é politicamente correto. Vocês obtem algum feedback negativo a partir de outros punks por causa disso? BIFF: eu fico doente de pensar e ouvir falar de política e muito menos cantar sobre isso, e além disso - o que diabos eu sei sobre políticas sociais, corporações mul-tinacionais e o que se passa por trás de portas fechadas? O que eu sei sobre a vida é que se minha vida não é o PC, então tenho que pedir desculpas por isso, e não te-mos qualquer feedback por causa disso? Bem, eu já fui chamado de racista e sexista, o que apenas mostra que nunca tiveram tempo para realmente me conhecer, por isso eles deviam calar a boca!

GEORGE: Quando eu escuto SOTB, eu definitiva-mente ouço influências que vão do Motorhead ao Damned ao Anti- Nowhere League. Que outras ban-das são grandes influências em sua composição? BIFF: Além das bandas que você mencionou, provavel-mente, o UK Subs, GBH e apenas outras bandas punk rock ‘n’ roll - Iggy Pop, esse tipo de merda. Eu e Brian ouvimos bandas de rock antigas e outras coisas. Nós até já pegamos coisas do Deep Purple.

GEORGE: Apesar de SOTB definitivamente ter mui-ta influência do punk rock do final dos anos 70 e início dos anos 80, você ainda o mantem renovado e energé-tico. Qual a sua opinião a respeito de bandas atuais e tendências musicais? Existe alguém lá fora, seja punk rock ou não, que você gosta de ouvir nos dias de hoje? E que tipo de coisas que você realmente não gosta? BIFF: Nós originalmente começamos o SOTB porque ninguém estava tocando a música que queríamos ouvir. Para mim não há muita coisa nova que eu gosto – The Restarts, Lunachicks são boas bandas. Zero Tolerance, Thug Murder - há um monte de boas bandas japonesas. Eu não gosto de death metal porque finge que é punk.

GEORGE: Conhecendo você, eu podia dizer, que nesse momento, ou você está bebendo ou se curando uma ressaca. Descreva uma típica noite de bebedeira - o que e quanto você bebe e se há outras substâncias envolvidas? BIFF: Bem, eu normalmente começo a beber por volta de 1 ou 2 horas da tarde (porque os bares fecham mais cedo por aqui) eu bebo uns litros de Stella até ficar cheio

então eu começo com as vodkas. A maioria das bebe-deiras ocorre no jardim do meu pub favorito com meus companheiros. Nós geralmente fumamos maconha en-quanto estamos bêbado e umas 7 da noite tem um cara que chega com pílulas ou 2 (ecstasy), às vezes speed ou um pouco de coca, depende do que está disponível. Nós deixamos o bar por volta da meia-noite e vamos para um clube de merda para mais vodka até 2 da manhã. Geral-mente é no apartamento de alguém onde eles têm algo para beber e cheirar, transar, etc. eu realmente gosto de absinto quando posso obtê-lo - Eu sempre trago alguns quando volto da CZ (República Tcheca), mas não duram muito tempo.

GEORGE: Lendo o release da banda, vocês parecem ter chegado perto de destruir alguns dos lugares em que já tocaram na Inglaterra. Qual foi o show mais perigoso que você fez?BIFF: O show mais perigoso que já fizemos foi em Praga quando algum babaca jogou uma garrafa no meu rosto, quebrou dois dos meus dentes e cortou o meu lábio, o que existiu de perigoso nesse show era que eu poderia ter colocado minhas mãos neles antes de fugirem.

Eu não gosto de death metal porque finge

que é punk.

GEORGE: Qual o lugar favorito?Todo lugar tem algo legal, na Europa tem uma ótima cerveja e podemos beber a noite toda, America tem uma ótima coca e bares legais, na Inglaterra a gente pode tocar e ir pra casa, se o show foi uma merda o melhor é poder dormir na própria cama, no Japão as festas são ótimas após cada show, e cada lugar tem pessoas legais e garotas bonitas.

GEORGE: Alex e Simon da banda punk NYC Thought Crime estavam com você recentemente para alguns shows do festival punk em Inglaterra - eles me disseram que você estava fazendo vodka “tiros nos olhos!” O que é e por que você faria isso? BIFF: Eu não aconselho isso porque pode lhe deixar cego, eu só faço isso quando estou muito bêbado, a idéia é que seus olhos são muito vascular e é uma maneira rá-pida para chegar ao cérebro.

GEORGE: O seu consumo excessivo danificou suas cordas vocais em tudo? Ou será que ele realmente foi benéfico – de uma forma meio Motorhead / gargare-jo-com-vidro e lâminas de barbear? BIFF: Eu acho que pode ter sido benéfico. No estúdio, meus vocais normalmente baixam. Quando comecei eu tinha de gritar rouco.

GEORGE: Suas gravações estão soando muito vivo muito na cara, o que soa apropriado para o que você faz. Você gasta muito tempo no estúdio tentando obter

sons em fita, ou você simplesmente improvisa e toca da mesma forma que faria ao vivo? BIFF: Nós não gastamos muito tempo no estúdio com nosso som. Se a banda soa bem, eu nem sequer preciso ouvir a minha guitarra. Se não está ruim não tem razão para mexer e isso vale para os outros também. Gravamos ao vivo - guitarras, baixo e bateria juntos, apenas o vocal guia é regravado.

GEORGE: Quando o SOTB vem para a America em turnê? Existe alguma possibilidade de vocês em turnê com os Varukers? Você seria capaz de lidar com isso? BIFF: Queremos estar lá amanhã. O conflito existe - nós realmente não podemos esperar por isso, vamos estar lá o mais rápido possível. Eu posso lidar com o fato de tocar com os Varukers e SOTB no mesmo show, mas eu preferia me concentrar em uma ou outra banda, quando estamos em turnê (mas é bom ser pago duas vezes em uma noite).

GEORGE: E, finalmente, de onde vem o nome Sick On The Bus? BIFF: Enquanto eu estava trabalhando em um canteiro de obras, o filho de meu patrão estava começando uma banda. Então seu pai (Tony Write) disse-lhe para chamar a banda de doentes no ônibus porque ele disse que “todo mundo ficou doente em um ônibus em algum ponto em sua vida.” Mas seu filho odiava o nome. Então eu perguntei se poderia usá-lo porque eu e Brian estavam começando uma banda, mas a gente não tinha um nome, então SOTB nasceu em uma cantina local de construção.

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Das profundezas da cena obscura do punk no Reino Unido, Sick On The Bus vem subindo como uma Phoenix de chama suja - bem, talvez mais como um abutre - para deixar sua marca sobre o estado atual das coisas musicais. No espírito de grandes bandas como Motorhead, The Damned e Anti-Nowhere League no inicio de suas car-reiras, SOTB realmente não se importa sobre as tendências e o que as massas pensam - eles fazem o que querem e fazem isso com autoridade. É essa autoridade que coloca SOTB sobre a maioria das bandas de punk rock e rock’n’roll. É evidente em seus últimos lançamentos “Set Fire to Someone in Authority” e o CD duplo “Punk Police/Suck On Sick On The Bus” pela Go-Kart Records nos EUA. Tive o prazer de conver-sar com o vocalista/guitarrista Biff que também divide seu tempo como um membro da clássica banda anarco-punk The Varukers. Biff teve a gentileza de levar o seu tem-po entre ressacas para responder algumas perguntas e agradeço-lhe por isso. Entre vista por George Steele e cedida gentilmente pelo próprio Biff ao Jornal Microfonia.

O telefone toca. Do outro lado uma voz diz: você já ouviu uma banda chamada Sick on the Bus? De pronto respondo: não! SOTB é a banda do Biff, guitarrista que também toca no Varukers. A sonoridade não sai da zona de conforto e com isso nos brinda com o mais puro punk rock/hardcore. SOTB é a quarta geração que permanece firme e forte em não crer no sistema governante, constatação explicitada na letra de I Don’t Believe – I don’t believe in the church, I don’t believe in the schools I don’t believe in policemen, I don’t be-lieve in the rules; embora essa seja uma das exceções, já que Biff prefere um tom mais introspectivo quando canta, pois descreve com propriedade suas bebedeiras, aventuras estradeiras e sexuais. Destaque para Kill Yourself (Cego pela hipocresia/Sua mente é um livro fechado), You Make me Sick (Desde que você chegou ando fora de controle) e Ugly (pena que você não é bo-nita/julgamos o livro pela capa/aparência não é tudo). Quem tiver bala no bolso pode assisti-los no Rebelion Festival em Blackpool. A.S.http://www.myspace.com/sickbus

SICK ON THE BUS - SUCK ON SICK ON THE BUS FUCK HEADS (UK)

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MICROFONIA2

EXPEDIENTE

Editores Responsáveis: Adriano StevensonOlga Costa(DRT – 60/85)

Colaboradores:Josival Fonseca/Beto L./Erivan Silva/Laví Kíssinger

Editoração:Olga Costa

Ilustração:Josival Fonseca

Agradecimentos:Biff (Sick on the Bus) Contato/Anúncios:3512 2330

E-mail:[email protected]

Facebook.com/jornalmicrofonia

Twitter:@jmicrofonia

Tiragem:3.000 exemplares

Enquanto isso na redação...

EDITORIALNos nossos tempos velozes e furiosos nin-guém quer pesquisar mais nada, ninguém quer mastigar, todo mundo quer engolir sem fazer esforço algum, afinal, o mundo internético está aí para nos servir... Ser-vir de que? Pra que? Ah! Para muitas coi-sas: redes sociais, twitter, linkdlen... Os irmãos Borges nos anos 70 diziam: se eu morrer não chore não/É só a lua... Hoje você será apenas um número a menos no facebook. A vida se resumiu a números? Quem me garante que as três mil pessoas que leem o jornal Microfonia no papel irão ler no mundo virtual? Será que um núme-ro maior irá nos dar o retorno do nosso trabalho de formiguinha? A internet não tem sangue... Ainda... Quem sabe num futuro próximo o sangue jorre na nossa cara assim que ligarmos o monitor e aí? Conseguiremos transpor tudo? É só uma ferramenta para incrementar o mundo fantástico de Bob, poucos se dispõem se-riamente a usar o que a rede tem para ofe-recer de produtivo. É como o avião... Usá-lo para carregar a bomba virou história, para transportar pessoas também, resta saber qual escolheremos para habitar a nossa memória genética. Será preciso repetir a história? O Microfonia é um aprendizado, se assim, o querido leitor queira tomar, pois somos todos livres pra escolhermos. O Sick on the Bus enfia o pé na jaca, Márcio Sno se preocupa com uma história a ser contada. Paul MaCartney prefere os palcos. Os grandes heróis da Marvel estarão a postos para nos salvar? E quem irá dizer que não foi oferecida uma opção? Visível ou não, na sua mão ou com os dedos no teclado do computador, nada é melhor do que por os pés na areia da praia, que está bem ali e, no nosso caso, com um jornal nas mãos! Boa leitura!

Zumbilandia

TODO MUNDO QUASE MORTO (Shaun of the Dead) – Direção: Edgar Wright, 2004Shaun acorda feito um zumbi, anda que nem um zumbi, age como se fosse um zumbi, mas não é um zumbi. Lá fora o cenário não muda tanto, quase todo mundo se comporta como desprovido de cérebro fosse: no supermercado, na fila do ôni-bus e até mesmo o mendigo da esquina. Londres parece estar completamente fora de controle. O personagem interpretado por Simon Pegg (que trabalhou em Hot Fuzz do mesmo diretor) só dá conta do que está acontecendo quando uma menina, já transformada em zumbi, aparece em seu quintal. É quando ele e seu melhor amigo Ed (Nick Frost), completamente alheios à situação que assolou a cidade, acham que a garota bebeu demais. Humor digno de se comparar aos tam-bém ingleses do grupo Monty Python, a diferen-ça está apenas na quantidade de sangue na tela, até porque Edgar e Simon assistiram todos os filmes do George Romero. Como exemplo desse humor tem uma cena em que Shaun e Ed, prestes a serem atacados, ficam escolhendo quais vinis irão atirar nos devoradores de vísceras: “Prince - Sign O’ The Times? Não, jogue o Dire Straits!”. Segundo o diretor Edgar Wright o grande lance do filme é a abordagem da ação e do terror em um contexto suburbano e mundano, onde os lo-cais turísticos da cidade de Londres são coloca-dos de lado e o holocausto de zumbis se instala em Crouch End (nome usado por Stephen King para um conto nos anos 80) e Barnet – ambos bairros ao norte de Londres. O filme ainda tem uma ótima trilha sonora, com músicas do Queen – Don’t Stop me Now e You’re My Best Friend tão bem escolhidas que parecem terem sido com-postas para as respectivas cenas - Buzzcocks, The Smiths e The Specials, com destaque para a música White Lies cantada por Nick e Simon bebaços, que foi o primeiro hit rap a falar sobre drogas. Nos extras do filme mostra como foram feitos alguns efeitos especiais, além de entrevis-tas e cenas cortadas. Recomenda-se assistir com pipoca e crush! O.C.

Desde que visualizou a capa do Nevermind do Nirvana nos anos 90 que Alexandre Manoel Ferreira imaginou: “A capa é bonita, mas se fosse um zumbi no lugar do garoto, ficaria genial”. A idéia ficou martelando até o dia que ficou sabendo que a revista Idéia Fixa (uma conceituada referên-cia para ilustração e fotografia) lançou o tema My Song e junto com o seu conhecimento da ferramenta photoshop con-cretizou a idéia, dando início ao que veria a ser sua primeira exposição individual em outubro do ano passado chamada “Zumbis Invadem Capas de Discos”. Para a exposição os trabalhos foram impressos em lona no formato 1,20 x 1,20 – numa alusão ao formato tradicional das capas de CDs. A exposição foi realizada no Bar Kabul localizado próximo ao cemitério da Consolação, em São Paulo que seguiu até o dia das Bruxas (31 de outubro). Alexandre é formado em Artes Plásticas, quadrinista, editor da revista Subversos, ilustrador, professor de quadrinhos e colaborador do site Impulso HQ.http://revistasubversos.blogspot.com.brhttp://desenhossoturnos.blogspot.com.br http://www.ideafixa.com www.impulsohq.com.br

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MICROFONIA 3

Matou a Familia e Foi ao Cinema

Não existe vida na internet. O que vemos lá não passa de um simulacro inserido num mundo fantástico de Bob. A realidade está lá fora! A história precisa ser contada e documentada. A vida como conhecíamos antes incorporou elementos virtuais, fazendo-nos mais modernos a ponto de não sabermos mais escrever de próprio punho. Márcio Sno continua a sua saga na se-gunda parte trazendo depoimentos de fanzineiros que já tinham dado sua contribuição na primeira parte do doc. e fanzineiros que mostram a cara pela primeira vez nesse, como é o caso de Henrique Magalhães (PB) e Rodrigo Okuyama (SP). Já Marcatti encontra a definição para a internet quando diz: “é a mesma coisa que sexo, punheta resolve na hora, mas não tem graça porque não existe alguma pessoa para compar-tilhar isso, para reagir”. Mesmo com o caos instalado, o que ressalta é que existem pessoas interessadas em resgatar o que de melhor despertou-se em nós no passado e traze-lo para o presente. O presente de um futuro que se escreve colocando o do it yourself para engrenar mais uma vez em favor de quem está à mar-gem das grandes corporações. Há muito que se falar e contestar, esse documentário é o segundo passo que saiu no formato de fanzine e tem os erros de grava-ção que são uma diversão à parte - O avião! O.C.

Fanzineiros do Sé-culo Passado Capí-tulo 2: O fanzine a serviço do rock, os fanzineiros desse século e os estímulos para a produção impressa. Docu-mentário. Duração 1hora e 2 minutos, São Paulo 2012

DRAKULA COMANDO FANTASMA CD (SP) Com músicas em inglês, português e instrumental o quarteto formado por D. Wlado (gui-tarra/baixo/vocal), Lord Ottovon Urban(guitarra), Don Diego Buena Morte (guitarra/vocal) e Lobizomen(bateria). É essa formação que faz essa bagaça tocar, destrinchando um som psychobilly rock com maestria, fazendo parecer que estamos numa festa com todos aqueles perso-nagens de filme de terror que costumamos ler ou assistir. O CD é muito bem gravado, as músicas são tão pesada quanto as letras, como por exemplo: Atado a uma maca/Medo de psiquiatra/Jogado numa cela forrada de borracha/Coma induzindo insulina a dor é uma desgra-ça. Destaque para Gorila Perez, Bela Lugosi is Back, Hangman Blues, Medo de Psiquiatra onde o uso do teremim é bem encaixado – ô mu-siquinha insana! – e Aloha Hawaii Dreams com participação de Walkyria Lunette, por sinal muito boa. B.L. www.myspace.com/drakulaband

RATOS DE PORÃO/LOOKING FOR AN ANSWER SPLIT CD (SP/ES) Há bandas que tem tudo pra se foderem e no final das contas são as que seguram a onda. Ratos de Porão é uma delas e junto com a banda espanhola Looking for na Answer, se mostra mais em atividade do que nunca. As três primeiras músicas, Exército de zumbis, Paradoxo da Soberba e Martelo dos Hereges são inéditas, depois vem Guerrear e Políti-cos em Nome Do Povo que já foram registradas no álbum ao vivo e agora estão em versão de estúdio. O álbum tem uma pegada mais metal , tendo nas letras a temática que faz o Ratos ser o que é. O Looking for an Answers é grindcore carrego, musicas de velocidade, peso estrondoso e vocal gutural, alguém pode dizer que é o mais do mesmo, mas não, nesse caso, o nível de gravação é excepcional fazendo a banda ter uma característica ímpar. Legal também é que cada banda toca uma música da outra, O Ratos toca La Matanza e o LFAA arregaça com Paranóia Nuclear que no finalzinho da um trecho de Aids Pop Repressão, fudido demais. Já temos a trilha sonora do caos. A.S.www.myspace.com/ratos

R I N O C E R O N T E – N A S C E U C D ( R S ) Banda criada há cinco anos em Santa Maria por três rapazes devotos do bom e velho rock. Num CD gravado em apenas duas semanas, a banda mostra em dez faixas a que veio. O power trio formado por Pau-lo Noronha (voz/guitarra), Vinicius Brum (baixo/voz) e Luiz Henrique (Alemão) na bateria, tem momentos stoner, hard rock e garagem, num disco que deixa evidente o potencial rock, mas sem abandonar a pegada retrô. Com delirantes solos movidos a mui-tos efeitos, batidas fortes de uma bateria típica de rock e um baixo nervoso embalam as letras que falam sobre vários momentos da vida de qualquer mortal, com metáforas muito bem colocadas. Destaques para O Choque, Anda no Ar e Nasceu que dá título ao álbum e tem um som não menos leve, com uma boa letra, fazendo rever os sons possíveis do novo rock. L.K. www.myspace.com/rinoceronterock

MUZZARELAS WE ROCK YOU CD (SP) Em se tratando de punk rock os caras desse quinteto formado por Alexandre Kiss (vocal), Stenio (gui-tarra/vocal), Flávio (guitarra/backing vocals), ET (baixo) e Lirão (bateria) se saem muito bem. Depois de ter gravado o primeiro trabalho Jumentor em 95 e Gorgonzzulah de 97 os caras não pararam mais. Lembrando que o primeiro trabalho foi produzido pelo João Gordo (Ratos de Porão). No sétimo CD eles saem da sombra dos Ramones e estão mais autênticos, com músicas de pegadas rápidas, muito bem tocadas, botaram pra lascar! A gravação está acima da média, o vocal continua o mesmo, agressivo e sujo, o que se torna uma característica do som. Já a cozinha botou pra fuder. As letras são escrachadas e ao mesmo tempo divertidas. A arte interna do CD é em preto e branco, explorando o universo HQ e introduzindo os inte-grantes da banda no contexto. As músicas lembram várias bandas clássicas. Destaque para Weird que lembra o Toy Dolls e 1991 que mesmo citan-do Ramones remete ao Die Toten Hosen. Cantar em inglês no Brasil é como tocar música instrumental. B.L. www.myspace.com/osmuzzarelas

EVIL IDOLS - CAN’T REMENBER AT ALL CD (PR) Rock pauleira, rock estragado, rock do cabrunhão... Com esses adjetivos adiciona-se combustivel a um motor V8 e se tem Can’t Remenber at All da banda curitibana Evil Idols, lançado em parceria por três selos. Punk-gara-gem-rock envenenado com distorção digna das bandas garageiras sessentistas com shows vigorosos regados com muita cerveja. Tocha-(guitarra/vocais), Xandão (baixo), Lucas (bateria) e Sad (guitarra/vocais) pilotam esse combo desgraceira que existe desde 2000 e teve seu primeiro trabalho lançado em 2005 chamado Don’t Mess With the Evil Idols. Antes só tinham lançado splits com as bandas Motosierra de Montevideo (Uruguai) e Estudantes (RJ). Alguma música de destaque? Não! São doze músicas em vinte e três minutos todas com refrões que te fazem cantar logo de cara. Ótimo para ouvir e dirigir... Se for beber... Vai ter que cuspir no bafômetro.A.S. www.myspace.com/evilidols

El Mariachi

À Caminho do Inferno

Alguém certa feita disse que todos depois dos 60 anos deveriam morrer. Pois bem, se isso realmente acontecesse não teríamos presenciado um show de puro rock and roll na sua mais per-feita essência, pois, para esse gênero batizado pelo Alan Freed idade não foi, não é e nem nunca será documento. A prova é a On the Run Tour de Paul McCartney. Não por ele ser um ex-beatle e sim por trazer essa paixão pelo rock e pelo palco desde sempre. Não é por estar a beirar os 70 anos que deveria sentar numa cadeira de balanço e observar seus netos brincarem, mes-mo que tenha previsto algo semelhante quando compôs When I’m Sixty-Four (Grandchildren on your knee – Netos no colo). Paul não desistiu da vida: se apaixonou, casou, divorciou, casou de novo! Não desistiu da estrada por mais The Long and Wind-ing Road que ela se apresentasse. Alguns do tipo da primeira frase que abre esse escrito podem dizer que isso é não aceitar a idade. Não, isso é saber viver! E é por ter uma Live and Let Die que o eterno Beatle nos emociona no palco pela atenção e consideração com as pessoas que fazem com que tudo ao re-dor, necessário para o grande espetáculo acontecer, não sejam esquecidas. All You Need is Love pode soar cada vez mais pie-gas no nosso mundo moderninho, mas é realmente o que mais precisamos e não conseguimos enxergar. Venus e Marte estavam alinhados e tudo conspirou para que o autor de My Valentine (do seu álbum mais recente Kisses on the Bottom) e Maybe I’m Amazed estivesse inspirado e hipnotizasse a multidão que lotou o estádio do Arruda na cidade de Recife: povo arretado!

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MICROFONIA4

Amor à Queima Roupa

O “Grandes Heróis Marvel” está de volta! Refiro-me ao gibi com este título, com os heróis que há mais de quarenta anos faz a alegria de nós leitores e colecio-nadores desse Brasil. Quem lia quadrinhos nos ano 80 sabe o quanto esse gibi fez sucesso trazendo sempre em suas páginas história fechadas (nº 35 – Arma-X), inícios (nº 27–Guerras Secretas II) ou encerramen-tos (nº 01–A Morte de Warlock que já vinha do gibi Heróis da TV) de sagas.Algumas traziam mix com várias histórias curtas, sempre em formatinho, com papel jornal no miolo e papel couchê na capa.A Editora Abril foi responsável em lançar esse título bi-mestral nas bancas a partir de Setembro de 1983. Ape-nas a edição 2 teve um formato maior com uma história de Natal com o Homem-Aranha e outros personagens. Após encerramento desta série, outras duas vieram em seguida. Uma mensal também em formatinho e arcos de histórias fechadas; A outra foi mais luxuosa em formato americano, lombada quadrada, 160 páginas em papel LWC e capa plastificada, com mix de perso-nagens como Demolidor, Vingadores, Quarteto Fan-tástico, Hulk e outros. Fez parte do conjunto de cinco revistas denominada “Linha Premium” juntamente com Homem-Aranha, X-Men, Batman e Superman, ao preço de R$ 9,90, na época, considerado um luxo mesmo.A listagem de todas estas séries da Editora Abril foi a seguinte:1ª série: set/1983 – dez/1999, com 66 edições;2ª série: fev a jul/2000, com 6 edições; 3ª série: Pre-mium, ago/2000 – dez/2001, com 17 edições.A atual fase, iniciada em agosto de 2011 corresponde a 4ª série, agora pela Editora Panini, traz histórias que se estendem por duas ou três edições com preço justo e papel de boa qualidade. Essa revista é ideal para quem está começando a ingressar nas HQs, iniciando uma boa coleção e sem muitos prolonga-mentos de histórias e com um mix bem variado de personagens. A dica está dada, quer conhecer os su-per-heróis Marvel, então comece pelos grandes.J.F.

Fahrenheit 451Editora: Panini-

Revista Periódica - Número de páginas: 52

Formato:Americano (17 x 26 cm)Colorido Lombada com gram-posPreço de capa: R$

5,50

Passou desapercebido o trabalho de Antônio Car-los de Oliveira com o livro Os Fanzines Contam uma História sobre Punks. Os fanzines tiveram seu destaque dentro do movimento punk, tanto que os primeiros fanzines sobre punks não foram publicado em 1982 e sim em 1981, entre eles o Factor zero, de São Paulo e o Exterminação de São Bernardo do Campo, que era confeccionado por Wlade da banda Ulster. Os fanzines eram o fio condutor de informações que não apareciam na grande mídia. Desde o Sniffing Glue até os tempos internéticos os mesmos continuam a trilhar seu caminho (vide o documentário “Fanzi-neiros do Século Passado I e II” de Marcio Sno). Antônio Carlos não só pesquisou como também participou da então chamada fase caverna, em outras palavras, o cara estava in loco acom-panhando o que acontecia no movimento punk na década de 80: assistiu o primeiro show do Cólera em 79, fala do suicídio de um integrante da banda Verminose (aquela do Kid Vinil) ateando fogo no próprio corpo, comenta sobre a imposição da gravadora inglesa X-CNT, para lançar um compacto da banda Olho Seco – a exigência do proprietário era que eles cantassem em inglês - e até do “sequestro-balada” no Rio de Janeiro do integrante da banda Inocentes, Clemente , que foi parar na casa do assaltante de banco,Ronald Biggs. O livro traz a evolução dos fanzines, que inicialmente tinha uma certa ingenuidade, pas-sando depois a tratar de temas mais politiza-dos dentro do movimento. O título do livro é que deveria se chamar “Os fanzines contam várias histórias sobre punks” e não uma. A.S.

Os Fanzines Contam uma História sobre Punks Antônio Carlos de OliveiraEditora Achiamé, R$10.

E o Vento Levou...

BAD BRAINS-BAD BRAINS 1982 ROIR RECORDS

Uma vez o cantor Jeff Buckley já cansado de ter sua música comparada a do seu pai Tim Buckley, disse o seguinte: “Jamais minha música soará como a do meu pai, pelo simples fato dele não ter tido Bad Brains em sua vida”. O Bad Brains começou em 1977, gravou o primeiro álbum em 1978, mas só o lançou em 1996 (já conheço esse filme e eu sei bem o que é isso!). Em 1982 eles lançaram o álbum amarelo do Bad Brains pela ROIR Records, virou clássico instantâneo. Eles são para o Hardcore o que o Ramones é para o punk rock: foram pioneiros e influenciaram – e ainda influenciam - músicos de rap, pop, reggae e HC. Você pode até não gostar do Bad Brains, mas alguém da banda que você gosta tem esses quatro negros rastafáris como referencia, que por sinal ficavam putos quando eram apresentados como uma banda de hardcore de negros: “Somos uma banda de hardcore, se somos negros, brancos ou azuis, foda-se!”. É fácil entender essa irritação, na primeira turnê na Inglaterra alguém gritou da platéia: CRIOLO! Não deu outra, Dr. Know, então guitarrista da banda, desceu do palco e baixou o cassete no inglês racista (bem feito!). Entre outros influenciados ilustres está o integrante do Beastie Boys, Adam Yauch (que faleceu em 04/05/2012 aos 47 anos) que dizia ser esse: “O melhor ál-bum de hardcore de todos os tempos”. Ele tinha uma admiração tão grande pela banda que aca-bou produzindo o álbum de 2007 - Build a Nation. Tive a chance de assisti-los no Abril Pro Rock de 2008 e como guitarrista fiquei no gargarejo em frente ao Dr. Know, não deu outra, quando ele esqueceu o arpejo da musica Secret 77, olhei pra ele e gritei: “Cadê?” Ele sorriu e levantou o pole-gar. Naquela noite dormi igual a uma criança.A.S.