4
.MÚSICA .FILME .HQ .SHOW Ano 2 nº 09 João Pessoa, julho 2012 Você desenha ouvindo música? Que tipo de música você gosta de ouvir enquanto desenha? Desenho ouvindo música, sim. Não tem que ser neces- sariamente algo ligado ao tema da história. Música me faz sentir bem, e isso passa ao meu desenho. Gosto de ou- vir muita coisa diferente:Queen, ELO, Beatles, Monkees, Dylan, Legião, 14 Bis, New Pornographers, Beirut, etc. Aqui você encontra uma boa amostra do que ouço, é a minha estação no Blip FM: http://blip.fm/mikedeodatojr Quando e como você começou a ouvir rock e música pop? De que forma a música passou a ter alguma in- fluência no seu trabalho como desenhista? Desde minha adolescência. Comecei com Monkees, depois passei pra Beatles, Kiss e Queen, minha grande paixão. A influência seria só em meu estado de espírito. Música me faz um bem danado, e eu desenho melhor quando estou bem. Você fez a capa do disco da banda Sociedade Anôn- ima (conhecida aqui na Paraíba na década de 80) e, recentemente, a capa do Seu Pereira e Coletivo 401. Você já fez trabalhos para outras bandas? Foram os dois únicos até hoje. Ah, fiz também uma capa pro Kruger. Queria ter feito mais, mas meu tempo é es- casso. Em uma edição dos Novos Vingadores, há um desen- ho seu que tem uma semelhança com o vocalista da banda Nenhum de Nós, Thedy Corrêa. Homenagem? O Thedy, atualmente, escreve roteiros para HQs. Vocês já se conheciam ou mantiveram contato, não só devido ao gosto pela música, mas pelos quadrinhos também? Conheci ele através do Twitter. Ficamos amigos de ime- diato e trocamos gibis e CDs pelo correio. Ele gosta muito de quadrinhos e, quando tive a oportunidade, fiz a homenagem. Adoro sua música. Marcou bem os meus anos 80. Em 89, você publicou, na revista Aventura e Ficção, uma história intitulada Verso e Reverso, com o seu pai (Deodato Borges) como roteirista. Você pretende voltar a abordar o mesmo assunto (cangaço) e tra- balhar novamente com ele? Pretendo, um dia. No momento, estou exclusivo da Mar- vel. Cangaço é um tema interessantíssimo e ainda quero fazer algo grande com ele. De que você mais gostava quando tinha o Deodato Studios? Nada. Foi uma ideia ruim desde o nascimento. Feita so- mente pra produzir mais e se ganhar mais dinheiro. Muitas vezes, o mercado norte americano é criticado pela produção em massa, fazendo do desenhista uma espécie de operário de uma montadora. Até que ponto a pressão de um editor influencia no produto final? Nunca tive problemas com prazos. Sou bem profissional e conhecido por minha pontualidade. Tenho controle total sobre minha arte, faço minha própria arte-final e só trabalho com o mesmo colorista – escolhido por mim – há mais de dez anos. É puxado, sim, mas estou acostumado com pressão por ter trabalhado em jornais e agências de publicidade. Você já entregou algum material sabendo que pode- ria ter realizado melhor, se tivesse um prazo maior? Você tem a liberdade de pedir alguns dias a mais quando acha necessário para finalizar um trabalho? Nos anos 90, por falta de experiência, já fiz isso, sim. Hoje em dia, só pego trabalhos com prazos que não comprometam a qualidade. Recentemente, Alan Moore criticou a DC por publicar Before Watchmen. Você acha que obras como Watchmen e o Cavaleiro das Trevas não deve- riam ser revisitadas, ou a indústria de quadrinhos, assim como o cinema, encontrou um ótimo nicho? Qual a sua opinião? Eles têm o direito de fazê-lo, já que as histórias lhes per- tencem. Alan Moore deveria ser o último a reclamar, já que duas de suas criações mais marcantes, Watchmen e Miracleman, são revisitações de outras obras, como os heróis da Charlton e Capitão Marvel, respectivamente. Distribuição gratuita MIKE DEODATO - Daqui para o Mundo Quem é o paraibano mais conhecido no mundo?Assis Chateaubriand? Augusto dos Anjos? Herbert Vianna? Sivuca? Genival Lacerda? Bem, isso eu não sei, mas uma coisa é certa: se você perguntar quem é Deodato Taumaturgo Borges Filho, talvez, de cara, ninguém saiba, mas, se perguntarem, ao norte do Canadá, no sudoeste da Indonésia e também em São José de Mipibu, quem é Mike Deodato, aí, meu velho, o panorama muda. Mike Deodato é, com certeza, o paraibano mais conhecido no mundo nesse século, desenhista contratado da Marvel, empresa pela qual já passou grandes lendas das HQs, ele tem status de rock star. Com seu traço e sua simplicidade, colocou seu nome na história dos HQs. Confira agora a entrevista com esse paraibano ilustre. Detalhe: ele não se encontra na lista de paraibanos ilustres. Foto: Victorama

Jornalmicrofonia#09

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Jornalmicrofonia#09

.MÚSICA .FILME .HQ .SHOWAno 2 nº 09 João Pessoa, julho 2012

Você desenha ouvindo música? Que tipo de música você gosta de ouvir enquanto desenha?Desenho ouvindo música, sim. Não tem que ser neces-sariamente algo ligado ao tema da história. Música me faz sentir bem, e isso passa ao meu desenho. Gosto de ou-vir muita coisa diferente:Queen, ELO, Beatles, Monkees, Dylan, Legião, 14 Bis, New Pornographers, Beirut, etc. Aqui você encontra uma boa amostra do que ouço, é a minha estação no Blip FM: http://blip.fm/mikedeodatojr

Quando e como você começou a ouvir rock e música pop? De que forma a música passou a ter alguma in-fluência no seu trabalho como desenhista?Desde minha adolescência. Comecei com Monkees, depois passei pra Beatles, Kiss e Queen, minha grande paixão. A influência seria só em meu estado de espírito. Música me faz um bem danado, e eu desenho melhor quando estou bem.

Você fez a capa do disco da banda Sociedade Anôn-ima (conhecida aqui na Paraíba na década de 80) e, recentemente, a capa do Seu Pereira e Coletivo 401. Você já fez trabalhos para outras bandas?Foram os dois únicos até hoje. Ah, fiz também uma capa pro Kruger. Queria ter feito mais, mas meu tempo é es-casso.

Em uma edição dos Novos Vingadores, há um desen-ho seu que tem uma semelhança com o vocalista da

banda Nenhum de Nós, Thedy Corrêa. Homenagem? O Thedy, atualmente, escreve roteiros para HQs. Vocês já se conheciam ou mantiveram contato, não só devido ao gosto pela música, mas pelos quadrinhos também?Conheci ele através do Twitter. Ficamos amigos de ime-diato e trocamos gibis e CDs pelo correio. Ele gosta muito de quadrinhos e, quando tive a oportunidade, fiz a homenagem. Adoro sua música. Marcou bem os meus anos 80.

Em 89, você publicou, na revista Aventura e Ficção, uma história intitulada Verso e Reverso, com o seu pai (Deodato Borges) como roteirista. Você pretende voltar a abordar o mesmo assunto (cangaço) e tra-balhar novamente com ele? Pretendo, um dia. No momento, estou exclusivo da Mar-vel. Cangaço é um tema interessantíssimo e ainda quero fazer algo grande com ele.

De que você mais gostava quando tinha o Deodato Studios?Nada. Foi uma ideia ruim desde o nascimento. Feita so-mente pra produzir mais e se ganhar mais dinheiro.

Muitas vezes, o mercado norte americano é criticado pela produção em massa, fazendo do desenhista uma espécie de operário de uma montadora. Até que ponto

a pressão de um editor influencia no produto final? Nunca tive problemas com prazos. Sou bem profissional e conhecido por minha pontualidade. Tenho controle total sobre minha arte, faço minha própria arte-final e só trabalho com o mesmo colorista – escolhido por mim – há mais de dez anos. É puxado, sim, mas estou acostumado com pressão por ter trabalhado em jornais e agências de publicidade.

Você já entregou algum material sabendo que pode-ria ter realizado melhor, se tivesse um prazo maior? Você tem a liberdade de pedir alguns dias a mais quando acha necessário para finalizar um trabalho?Nos anos 90, por falta de experiência, já fiz isso, sim. Hoje em dia, só pego trabalhos com prazos que não comprometam a qualidade.

Recentemente, Alan Moore criticou a DC por publicar Before Watchmen. Você acha que obras como Watchmen e o Cavaleiro das Trevas não deve-riam ser revisitadas, ou a indústria de quadrinhos, assim como o cinema, encontrou um ótimo nicho? Qual a sua opinião?

Eles têm o direito de fazê-lo, já que as histórias lhes per-tencem. Alan Moore deveria ser o último a reclamar, já que duas de suas criações mais marcantes, Watchmen e Miracleman, são revisitações de outras obras, como os heróis da Charlton e Capitão Marvel, respectivamente.

Dis

tribu

ição

gra

tuita

MIKE DEODATO - Daqui para o MundoQuem é o paraibano mais conhecido no mundo?Assis Chateaubriand? Augusto dos Anjos? Herbert Vianna? Sivuca? Genival Lacerda? Bem, isso eu não sei, mas uma coisa é certa: se você perguntar quem é Deodato Taumaturgo Borges Filho, talvez, de cara, ninguém saiba, mas, se perguntarem, ao norte do Canadá, no sudoeste da Indonésia e também em São José de Mipibu, quem é Mike Deodato, aí, meu velho, o panorama muda. Mike Deodato é, com certeza, o paraibano mais conhecido no mundo nesse século, desenhista contratado da Marvel, empresa pela qual já passou grandes lendas das HQs, ele tem status de rock star. Com seu traço e sua simplicidade, colocou seu nome na história dos HQs. Confira agora a entrevista com esse paraibano ilustre. Detalhe: ele não se encontra na lista de paraibanos ilustres.

Foto

: Vic

tora

ma

Page 2: Jornalmicrofonia#09

MICROFONIA2

EXPEDIENTEEditores Responsáveis: Adriano StevensonOlga Costa(DRT – 60/85)

Colaboradores:Josival Fonseca/Beto L./Erivan Silva/Leví Kíssinger/Fred-Não Confor mismo/Carlos Eduardo/Joelson Nascimento

Editoração:Olga Costa

Ilustração:Josival Fonseca

Revisão: Juliene Paiva Osias

Agradecimentos:Januncio Neto (Studio Made in PB) Contato/Anúncios:(83)3512 2330

E-mail:[email protected]

Facebook.com/jornalmicrofonia

Twitter:@jmicrofonia

Tiragem:3.000 exemplares

Todos os textos dos nossos colaboradores são assinados e não refletem a opinião dos editores.

Atrás da Porta Verde

Você respondeu a Julinda Morrow, no site Sequen-tial Highway, que o que o inspira de forma criativa é um “roteiro bem escrito para os personagens que eu amo!”. Quais são as adaptações para o cinema que você mais gosta?300, Avengers, Spider-Man 2 e Sin City.

Qual personagem merece ganhar uma adaptação para o cinema? Quem você imagina ser suficiente-mente competente para realizar isso?Eu acho que, depois de Avengers, Joss Whedon deveria ser obrigado a dirigir só filme de super-heróis, para sem-pre. Acho que Ka-zar daria um filme sensacional.

Sabendo que você é fã do selo Vertigo, com quais per-sonagens e autores você gostaria de trabalhar? Death, Fables, Sandman, Hellblazer, Swamp-Thing. Azzarello, Gaiman, Moore, Miller.

Tem outro selo que você admira?Gosto muito do material da Dark-Horse.

Como é participar dessas convenções internacionais e, de repente, ser cumprimentado por pessoas como Stan Lee e Neal Adams pelo reconhecimento do seu trabalho?Surreal. Tenho 49 anos, mas, quando chego perto de gênios da estatura dos dois, me sinto como um ga-rotinho. Não importa o tempo que passe, vou sempre me sentir mais um fã do que um veterano da área.

Em alguma viagem, aqui no Brasil ou no exterior, você chegou a ir a algum show de alguma banda de que você gosta muito?Gosto mais de shows intimistas, sem muita multidão. Assistir 14 Bis é minha melhor lembrança de um show.

Como você vê a nova geração de quadrinistas/desen-histas locais?Muito talento e muita garra. A internet aproximando todo mundo. O quadrinho brasileiro tá em muito boas mãos.

No primeiro filme do Homem-Aranha (trilogia de Sam Raimi), aparece um desenho seu da person-agem Electra no quarto do Peter Parker. O que você achou?Só pra lhe dar uma ideia, eu tirei um cópia da imagem e mandei pra todo mundo em minha lista de e-mails. Adorei.

EDITORIALParafraseando Millôr Fernandes: “Prefiro a noto-riedade do que a popularidade”. Já David Bowie perguntava: “Fama, qual o seu nome?” O nosso entrevistado dessa edição, Mike Deodato, é mui-to conhecido pelo que faz e pode ir à padaria da esquina sem ser assediado. Todos querem re-conhecimento pelo trabalho bem realizado. O fan-zine Fodido e Xerocado ganhou uma edição bem caprichada com fotos da cena punk desse século. Memórias não Póstumas de um Punk quer o re-conhecimento em vida de um cenário musical-mente importante que se tornou uma história pou-co contada. Conan, finalmente, tem um volume digno da fama do herói em nossas terras. E mais três colaboradores se juntaram a nós nessa edição: Fred (Não Conformismo), Carlos Eduardo e Joelson Nascimento. John Lennon mostrou que sentiu na pele quando externou que “ninguém o ama quando você está por fora e deprimido/To-dos o amam quando você está a sete palmos”. E os quinze minutos de fama viraram segundos..

Fazer versão erótica de filmes de sucesso virou até uma moda. O problema é quando o filme em questão é uma fraude, como A Bruxa de Blair. Já a Devassa de Blair até que tentou colocar algum sentido na história... Quando três estudantes de jornalismo decidem pesquisar uma lenda e viajam até a cidade de Blair, lá elas escutam histórias de um morador chamado Roge Lemos, que, por sinal, é o diretor e que também atuou no filme. Então, ele começa a relatar o encontro que teve com a devassa, interpretada por Mayara Rodrigues, uma das melhores atrizes do cinema pornô nacional. Morena de corpo perfeito, Mayara consegue conduzir a cena com muita sedução. No decorrer do filme, as estudantes, interpreta-das por Ingrid Miranda, Denise Braga e Michelle But, são seduzidas pelos capangas da Devassa de Blair, e as meninas são forçadas, no bom sentido, a fazer barba, cabelo e bigode! Lembrando que Mayara Rodrigues já ganhou o título de maior performance anal. Use camisinha e até a próxima! B.L.

Page 3: Jornalmicrofonia#09

MICROFONIA 3

Zumbilandia

CEFFALIUM – SERVANT OF CYRANNY CD (PB) Pegadas fortes e mui-ta velocidade é o que vamos ouvir nesse CD. Sem sair do contexto do som ex-tremo. Walldo Akino (vocal/baixo), Bruno Motta (guitarra /backing vocals), Claudio Lima (guitarra) e Bruno Laert (bateria) fazem um som que poderia ser ouvido em qualquer parte desse planeta. As músicas são bem executa-das, percebe-se que as guitarras conseguiram delinear um ritmo, e a bateria, outro, sem sair do tempo, enquanto o baixo dá o peso na medida certa. O vo-cal não é exagerado, garantindo um maior entendimento. Tem forte influên-cia de bandas, como Deicede e Krisiun, não tirando o mérito do CD lançado pelo sistema SMD.Destaque para a belíssima capa, que tem uma mulher de-capitada e nua, traduzindo toda a temática do disco. Destaques para todas as músicas, que são uma cacetada só! B.L. www.myspace.com/ceffalium B.L.

GIRLIEHELL – GET HARD CD (GO) Quem disse que mulher não sabe fazer rock? Banda criada em Goiânia, há cinco anos, tem como integrantes quatro moçoilas que honram as guitarras que tocam: Bullas Attekita (vocal/guitarra solo), Júlia Stoppa (segunda guitarra), Fernanda Simmonds (baixo) e Carol Pasquali ( bateria). O CD foi gravado no Rocklab e tem onze faixas pauleiras, com guitarras muito bem afinadas e distorcidas. Bullas Attekita é uma vocalista de cordas vocais potentes. As garotas realmente mandam bala e colocam qualquer bandinha de garotas que acham que tocam rock no chine-lo. A primeira faixa, Girlies Nigth, tem uma pegada “farofa”, que lembra o rock anos 80. Mas dou destaque à faixa de nome Struggle: já no início da música, você sente que o negócio é de responsa, com a participação de Pedro Cipriano, vocalista da banda Mugo. Outro destaque é a capa e contracapa do CD, que podem ser trocadas, tipo, a contracapa pode ser colocada como capa... Muito bacana. Chupa Bárbara!www.myspace.com/girliehelll L.K.

NONSENSE - DE VENTO EM FLOR EP (RJ) Até onde esse vento irá nos levar? Por todas as brechas de janelas e portas até chegar ao morro dos malandros, dos ventos uivantes. E onde está o sentido disso? Não tem, como também não tem senso e nem nunca terá, mesmo na boca do Chico, do Arrigo, do Bruno. Do Rio ao mar num saveiro até um cais. Um trio que inventa a flor. Vento de abril. O poder da flor vem de longe, muito longe que o vento sobre o mar atravessou e transformou. O mesmo vento que soprou as palavras dylanescas e que, também, traz frases para lembrar coisas que ficaram muito tempo por dizer/Na canção do vento/Não se cansam de voar. O mesmo que apaga as velas, balança as corti-

El Mariachi

Amantes de filme de zumbis sempre têm umas cismas com as possibilidades apresentadas nos ro-teiros, tanto que já assisti a gente sendo infectada por vacas, por ovelhas e... pasmem: por árvores. Gosto mais da questão sobrenatural, em que não dá para explicar porra nenhuma, e o único pensa-mento do cidadão é correr feito doido. A ideia do vírus de laboratório também é legal, como foi feito no filme Extermínio (Danny Boyle, 2002), com continuação em Extermínio II (Juan Carlos Fes-nadillo, 2007). A ressalva é que, nesses filmes, os zumbis correm como um maratonista da São Sil-vestre (batizei-os de zumbis 2.0). Para alguns, fica mais impactante e, para outros (aqui me incluo), saem um pouco da originalidade. Penso da seguinte forma: se os próprios estão mortos, então, acredito que suas articulações e músculos estão se dete-riorando, mas, enfim, não há regra, como já disse Aleister Crowley: “faz o que tu queres, pois é tudo da lei”. Disseco aqui três filmes feitos além dos muros hollywoodianos: um francês, um canadense e outro italiano. E aqui vai uma dica legal: assista nessa ordem porque há uma ligação entre eles, uma vez que o primeiro mostra o dia em que começa o apocalipse, o segundo mostra como é sobreviver no apocalipse e o terceiro, a busca da cura. Let’s go!

Autumn (Steven Rumbelow, CAN-2009) O outono se vai, e, ao caírem as suas últi-mas folhas, acontece algo estranho: pessoas morrem sem motivo algum, poucos so-brevivem. De repente, os mortos se levantam e ficam num estado catatônico. Quem é esperto se manda dos grandes centros, que é o caso dos personagens Michael (Dex-ter Fletcher) e Carl (Dickon Tolson). Os andarilhos já não estão catatônicos, andam em grupo e têm fome. Se um dia acontecer um apocalipse zumbi, vai ser assim. As coisas começam mal e seguem ladeira abaixo. Esse filme me deixou neurótico, le-vantei os muros aqui de casa só pra garantir. Com David Carradine, falecido em 2009.

Eaters – Rise of Dead (Luca Boni/Marco Ristori, ITA-2011) Um cientista e dois militares vivendo num mundo cheio de nazistas e mortos-vivos e o pior...o vírus ma-tou todas as mulheres, é o fim do mundo mesmo! Os militares capturam os zumbis, e o cientista faz experimentos com os ditos cujos para descobrir uma cura para o vírus. A deterioração é caprichada, o cinema italiano tem uma tradição em maquia-gem, e não é diferente nessa película. O enredo é que é meio frouxo e tem algo que incomoda... Zumbi falando! Ok, só são quatro palavras, mas aí já é foda. Assista e tenha bons sonhos. Garanto que o mestre Romero deve estar tendo algum. A.S.

Legião do Mal (Yannick Dahan/Benjamin Rocher, FRA- 2010) Norte da França, policiais vão vingar colega assassinado por traficantes nigerianos. Até aí, parece um filme do Steven Seagal, só que o caldo entorna e quem tava morto começa a andar. Surge, então, uma estranha e tênue aliança entre policiais e traficantes pra escapar da horda de zumbis. Com uma das melhores co-reografias de luta entre humano e zumbi, onde a policial do filme, interpretada por Claude Per-ron, é o capeta e bate muito. Outra cena legal é a do policial vivido por Jean Pierre Martins (na vida real, ele é cantor de uma banda de rock chamada Silmarils) brigando sozinho com 300 mil zumbis. O troço é sinistro! A ideia dessa cena poderia até ter partido do próprio Jean Pierre, uma vez que ele sabe muito bem como é estar em cima do palco com centenas de fãs aos seus pés!

nas e bate portas. Todas as palavras são levadas de vento em popa. E as-sim segue para renovar o ar na corte do rei, onde se fala com vento, mas, infelizmente, o vento não pode ouvir. O.C. www.bandanonsense.com

TRAGEDY - DARKER DAYS AHEAD (CD) Em “Darker Days Ahead” o Tragedy abre mão da velocidade que era constante nos trabalhos ante-riores. O álbum anterior, “Nerve Damage”, já nos mostrava essa faceta mais “arrastada” da banda, mas aqui a velocidade se resume apenas a al-gumas partes de um único som, The Grim Infinite. A verdade é que, se esse fosse o 1º trabalho da banda, nem poderia se encaixar em material advindo de alguma cena Punk. Mas é preciso checar a história e o peso do nome Tragedy quando o assunto é Crust e Hardcore. Por conta dis-so tudo, imediatamente, lembrei do Amebix quando escutei este álbum pela primeira vez. Quem saca Amebix e já ouviu esse “Darker...” sabe exatamente o que estou falando. É bem verdade que poucos álbuns con-seguiram aliar com tamanha perfeição o título, desenho da capa, letras, gravação e andamento das músicas. Tudo é extremamente sombrio e ater-rorizante. O clima é de total desesperança! A introdução da já citada The Grim Infinite é muito sinistra. Outros destaques são a música título, Power Fades e No Cemeteries Here. Se você curte som Punk, Hardcore, Crust, etc. e não conhece o Tragedy, digo pra você conhe-cer primeiro os outros álbuns e singles pra depois ouvir esse aqui.F-NC

ROTTEN FLIES - AMARGO CD (PB) Guardadas as devidas propor-ções, a história, sem perdão, se repete, em outra cidade, a muitos quilô-metros de distância de uma ilha inglesa. Amargo, primeiro trabalho ofi-cial do quarteto, gravado em 2002, lançado virtualmente em 2009 e só agora, depois de dez anos, ganha a sua versão em CD. O primeiro, que se tornou o segundo, é, também, o primeiro a ser lançado pelo selo Jor-nal Microfonia. O que há de mais relevante nesse trabalho, além de ser um resumo do que foi lançado nas três demos tapes anteriormente, é o fato de reunir algumas músicas preferidas nos shows pelo público, a exemplo de Mini Psicopata (a morte jorra pelos botões), Amigo do Cão (quem confia se fode) e a já clássica Revolta Programada (sua panaca cara de mau). Além de conter músicas nunca incluídas em um setlist da banda, como Mega Otário, Minha Rebelião e Cidadão. Recomen-da-se ouvir no volume máximo! www.myspace.com/rottenflies O.C.

Page 4: Jornalmicrofonia#09

MICROFONIA4

Amor à Queima Roupa Fahrenheit 451Editora: Cospe Fogo Gravações e Augus-

ta EdiçõesPáginas:68

Formato: (17 x 26 cm)Colorido/P&B Preço: R$ 15,00 a

20,00

Década de 90. Cenário: Garage. O show era para angariar fundos para a casa. No evento quatro ban-das: Sex Noise, Piu Piu & Sua Banda, Soutien Xiita e Gangrena Gasosa. Um cara de cabelo azul sobe no palco e começa um espancamento sonoro ini-gualável: Larry Antha, vocalista à frente de sua banda, Sex Noise. 2012: atualmente trabalhando como produtor cultural, Larry lançou a autobio-grafia “Memórias Não Póstumas de um Punk”, que fala de sua vida pessoal dentro e fora do Sex Noise, mostrando como era ter uma banda nos anos 90. C.E.

Você se baseou em algum outro livro ou escri-tor para começar a escrever o ‘Memórias...’?Difícil dizer, leio muita coisa, mas a primeira referên-cia que me vem é o livro “Barulho”, do André Barcin-ski, que mapeava o cenário independente americano.

Ficou alguma história de fora do ‘Memórias...’?Sempre fica. Mas acho que consegui ser bastante orgânico e falar basicamente de quase tudo. Tudo transcorre de uma forma linear, como se eu sentasse num bar e começasse a contar minha vida. Teve um papo com um jornalista que editava um fanzine nun-ca lançado que fluiu um pouco assim. Depois daquele papo me toquei que tinha muitas histórias pra contar.

Como foi o contato com a editora Multifoco? Foi meio louco. Eu estava colaborando para o site ‘Samba Punk’, doAdilson Pereira, com uns vídeos, contando um pouco das histórias do meu livro. A gente se reunia na casa dele, apertava um, apertava o play, e eu saía falando. O Adilson era amigo das antigas. Tinha feito matérias com o Sex Noise e sabia que tinha um livro na gaveta, e se in-teressou em colocar no seu site. Junto a isso, ele passou a trampar de produtor no Circo Voador. Foi onde conheci o pessoal da Multifoco, que se interessou pelo livro e lançou.

Por coincidência, Leonardo Panço e Pedro de Luna lançaram, respectivamente, ‘Esporro’ e ‘Niterói Rock Underground’, que falam também da cena independen-te dos 90. Você acha que os livros se complementam? Perfei tamente. Vivemos a mesma época. O que os diferencia são nossas perspect ivas .

Como você vê o cenário de bandas independen-tes com acesso a redes sociais, blogs, myspace, etc?Surgem bandas novas a todo instante. Fica, às vezes, difícil de acompanhar. Discos lançados no ano passado já são velhos. As carreiras das bandas são relativamente curtas. E por aqui não é diferente. Existe uma pressa e uma necessidade de fazer as coisas acontecerem, que acaba interferindo na qualidade do som das bandas. Enfim, o momento é melhor para ser ter uma boa ideia e mon-tar uma banda. O problema é que ninguém quer montar banda. Todo mundo quer ser artista. Todas as bandas têm milhões de visitas. Eu ficaria constrangido com tanta gente vasculhando minha vida, meus ensaios, sem ao me-nos eu ter um disco lançado, saca? As bandas já nascem megafamosas na Internet, e isso, às vezes, me dá no saco.

Qual foi o livro que você leu e menos gostou?Nossa, que pergunta difícil. Lembro que não consegui ler ‘O Guarani’, de José de Alencar, no colégio. Li a metade e larguei. No dia da prova, pedi a uma colega pra me contar o final da história. Ela tirou 5,5 de nota, e eu, 8,5. Sei que a colega ficou muito puta, e eu, em débito eterno com José de Alencar. É, acho que já está na hora de ler esse livro.

Lançado no final de 2011, de cara, é um dos mate-riais mais bacanas do ano, principalmente refer-ente ao nosso herói cimério que nunca teve nada igual aqui no país. Capa dura revestida de cou-ro, com hot-stamp em letras douradas, o que faz valer cada centavo, mas realmente só pra quem gosta e/ou está disposto a pagar pelo volumão.O material compila toda a saga Conan: O Lib-ertador, quando se torna o novo rei do império da Aquilônia, etapa iniciada com a batalha contra a tribo dos pictos, muito comentada entre os fãs. Estas histórias saíram primeiramente entremeio a muitas outras na extinta “A Espada Selvagem de Conan” (205 eds. de jun/1984 a dez/2001, Editora Abril), só que de forma aleatória e fora da ordem cronológica, ou seja, não seguiu o original americano publicado, na época, pela Marvel. A Mythos Editora assumiu a publica-ção, agora com o título de Conan – O Bárbaro (fev/2002 a jun/2010 com 76 edições) e cance-lada posteriormente devido às baixas vendas. Continuou as HQs de onde a Abril parou e nova-mente republicou esta saga na sequência correta.Quem escreve é o Roy Thomas, e a arte é divi-dida com vários artistas, com destaque pra John Buscema (1927-2002), Gil Kane (1926-2000) e Tony De Zuniga, nascido em 1932 e morto em 11 de maio deste ano. O Buscema, além de trab-alhar com o De Zuniga em muitas HQs, também fez dupla com outros dois filipinos: Alfredo Al-calla (1925-2000) e Ernie Chan (1940-2012), referência de boas histórias. Quem não conhece pode perguntar a quem leu. A ilustração da capa fica por conta do Earl Norem – pra mim, uma das mais bonitas do artista produzidas para a ESC.Não sei se a editora pretende continuar este material, mas fica a torcida pra que lancem novos volumes deste. Caso contrário, fica aqui registrada uma sugestão: que tal relançar o material da ESC em volumosos blocos de 500 páginas em formato americano, como vem sendo feito pela Dark Horse com The Savage Sword of Conan? Será venda garantida para os muitos que leram estas nos anos 80 e 90.J.F.

Editora: Mil Palavras/Multifoco Número de

páginas: 384 Ano: 2011Preço : R$

50,00

Faça você mesmo é a melhor lição deixada pelo punk. Atitude ainda é gatilho para bandas, zines e selos. Não foi diferente para Mateus Mondini, que, além de fotógrafo, é dono do selo Nada Nada Dis-cos e da loja de vinis The Records, e Daigo Oliva. Com uma câmera fotográfica na mão e um foco na cabeça, os caras foram atrás do que é o punk do século XXI, registrando o melhor da banda ou talvez o pior (dependendo do seu ponto de vista), nas fotos da cena nacional com Ratos de Porão, Morte Asceta, Eu Serei a Hiena, Mukeka de Rato, Busscops e gringa como G.B.H., Discharge, Gang of Four (inglesas), US Bombs e Clorox Girls (amer-icanas). A lente da dupla sempre capta a fúria e a inquietação de um momento ímpar. Uma sacada legal foi fazer o livro no papel couché, conferindo brilho e qualidade ao trabalho, com apenas 200 có-pias editadas. Antes de tudo, não há como negar a ousadia do trabalho, pois fotozine é algo raro no Brasil. Livro inspirador que serve de referência aos fotógrafos de plantão. O negócio é arregaçar as mangas, parar de comer bisteca e mãos à obra. A.S.

Editora: MythosPáginas: 500

Formato:25x33 cmColorido/Preto e

branco/Capa duraPreço de capa:

R$ 129,90

Enquanto isso fora da redação

Quem são os Comedores de Lixo? Descubra em breve!

Selo Jornal Microfonia