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JOSÉ RICARDO PORTELA OPERACIONALIZANDO E PADRONIZANDO ATENDIMENTO MULTIPROFISSIONAL DOS PORTADORES DE TRANSTORNO MENTAL E DE DST/AIDS EM UMA UNIDADE PRISIONAL. CAMPO GRANDE/MS 2014

JOSÉ RICARDO PORTELA

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Page 1: JOSÉ RICARDO PORTELA

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JOSÉ RICARDO PORTELA

OPERACIONALIZANDO E PADRONIZANDO ATENDIMENTO

MULTIPROFISSIONAL DOS PORTADORES DE TRANSTORNO

MENTAL E DE DST/AIDS EM UMA UNIDADE PRISIONAL.

CAMPO GRANDE/MS

2014

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JOSÉ RICARDO PORTELA

OPERACIONALIZANDO E PADRONIZANDO O ATENDIMENTO

MULTIPROFISSIONAL DOS PORTADORES DE TRANSTORNOS

MENTAIS E DE DST/AIDS EM UMA UNIDADE PRISIONAL.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

Universidade Federal do Mato Grosso do Sul como

requisito para obtenção do título de Especialista em

Gestão em Saúde no Sistema Prisional.

Orientador(a): Prof.(ª) Jumara Espíndola dos

Santos

CAMPO GRANDE/MS

2014

Page 3: JOSÉ RICARDO PORTELA

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, pelo incentivo e pela perspectiva laboriosa e

lições de vida.

À direção, funcionários e profissionais da unidade prisional, pelo apoio e

colaboração para elaboração deste projeto de proposta de Intervenção.

Page 4: JOSÉ RICARDO PORTELA

3

AGRADECIMENTOS

A professora Jumara Espíndola dos Santos, minha tutora, que por meio de sua competência, sabedoria e compreensão tornou possível esse trabalho. No ambiente virtual estimulou a participação e construção coletiva de saberes entre os alunos. Além disso, com habilidade nos guiou não deixando esmorecer os ânimos do grupo até o final desta jornada.

Ao Programa pós-graduação do Curso de especialização em Gestão em Saúde no Sistema Prisional da Universidade Federal do mato Grosso do Sul que, por meio de seus recursos e equipe, propiciou o meu aperfeiçoamento neste estudo.

Ao Diretor Geral da Penitenciária Dr. Geraldo de Andrade Vieira, Sr. Itamar Rafael Batista, pelo apoio e confiança durante a realização deste trabalho.

Page 5: JOSÉ RICARDO PORTELA

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EPÍGRAFE

"Comenta-se que ninguém de fato conhece uma nação até que se veja numa de

suas prisões. Uma nação não deveria ser julgada pela forma que trata seus mais ilustres cidadãos, mas como trata os seus mais simplórios."

Nelson Mandela

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RESUMO

Este trabalho consiste numa proposta de projeto de Intervenção com objetivo primordial de Organizar e padronizar os procedimentos, fluxo das ações, a assistência, prevenção dentro da perspectiva da Atenção Primária a Saúde dos portadores de HIV e Transtornos Mentais na Penitenciária Dr. Geraldo de Andrade Vieira em São Vicente. Na elaboração deste projeto foi utilizado o método ZOPP com intuito de desenvolver o planejamento participativo em saúde. O plano de Ação foi desenhado em seis etapas. Esse trabalho procura envolver a equipe multiprofissional e revendo praticas buscando a sintonia com as diretrizes da Atenção Primaria a Saúde com vistas a promoção da Saúde. No entanto, por ser uma proposta de Intervenção, os seus resultados somente serão avaliados após a

execução do projeto.

Palavras chave: Saúde, Atenção Primaria, Saúde Mental.

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ABSTRACT

This work consists of an intervention project proposal with primary objective to organize and standardize the procedures, flow of actions, assistance, prevention within the primary care perspective to health of persons with HIV and mental disorders in the penitentiary Dr. Geraldo de Andrade Vieira in São Vicente. In the preparation of this project was used the ZOPP method in order to develop the participatory planning in health. The plan of action was drawn in six steps. This work seeks to involve multidisciplinary team and reviewing practices seeking harmony with the Primary health care guidelines with a view to promoting health. However, being a proposal for Intervention the results will only be assessed after the execution of the project.

Keywords: health, Primary Care, Mental health.

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SUMÁRIO

1 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS...................................................................... 08

1.1 Introdução.................................................................................................... 08

1.2 Objetivos: Geral e Específicos .................................................................. 11

2 ANÁLISE ESTRATÉGICA................................................................................ 12

3 IMPLANTAÇÃO, DESCRIÇÃO E AVALIAÇÃO DA INTERVENÇÃO............. 17

4CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 20

REFERÊNCIAS...................................................................................................... 22

ANEXOS............................................................................................................... 24

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1 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

1.1 Introdução

Na penitenciária Dr. Geraldo de Andrade Vieira não há uma padronização dos

procedimentos para atendimento multiprofissional dos portadores de transtorno

mental e DST/HIV em privação de liberdade dentro da perspectiva da Atenção

Primaria a Saúde. Desta forma não se consegue organizar com a equipe um projeto

terapêutico singular para os sujeitos privados de liberdade.

Deste modo podemos destacar alguns aspectos que contribuem para este

problema entre os quais o fato da maior parte da equipe de saúde não ter ciência

das suas atribuições conforme portaria ministerial Nº 2.488, de 21 de Outubro de

2011, e desconhecer as recomendações da área técnica de Saúde do Sistema

Prisional do ministério da Saúde e do Plano Operativo Estadual de São Paulo. Além

disso, o desconhecimento do papel e da importância do trabalho da equipe

multiprofissional compromete o desenvolvimento de procedimentos de Atenção

Primaria a Saúde que visem à integralidade das ações em Saúde.

A tendência Mundial tem sido priorizar Atenção Primaria a Saúde como forma

de reorganização da modelo assistência de Atenção Básica a Saúde. “Apesar da

concepção de níveis de assistência já existir desde a primeira metade do século XX,

foi na Conferência de Alma-Ata, realizada em 1978, que foram enunciados os

princípios e diretrizes que deveriam reger esta nova proposta. No Brasil, a Atenção

Primaria a Saúde (APS) ganhou contornos específicos” (Tanaka,2009, p.478). Ela se

incorporou a reforma sanitária brasileira fazendo o Sistema Único de Saúde adotar a

sua concepção. Esse aspecto fica evidente nas diretrizes estabelecidas para política

de Atenção Básica a Saúde a partir da Portaria do Ministério de Estado da Saúde Nº

2.488, de 21 de Outubro de 2011.

Essa nova política tem um papel fundamental nas ações de combate ao

avanço da epidemia de AIDS e do aumento da incidência de transtornos mentais na

população.

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“Outras pesquisas mostram que, nos últimos vinte anos, em todo o mundo, foi crescente a incidência e a prevalência de HIV/AIDS em pessoas que vivem no ambiente prisional (Massad 1997; Sanches 1999; Oliveira et al. 1999; Varella 1999). O Programa de Prevenção da Aids das Nações Unidas (UNAIDS 2004) considera os presídios “um território ideal para a transmissão do vírus HIV” e tem alertado continuamente as autoridades prisionais para que tomem medidas preventivas, que evitem maiores índices de contaminação pelo vírus” (Martins,2005,p.11).

Em 2007, a pesquisadora Ilham El Maerrawi da Faculdade de Medicina da

USP iniciou o “Estudo dos fatores de risco associados às infecções pelo HIV,

hepatites B e C e sífilis e suas prevalências em população carcerária de São Paulo”

Essa pesquisa foi concluída em 2012 como defesa de tese de doutorado do

Programa de medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP e teve como

população alvo da investigação as pessoas privadas da liberdade na Penitenciaria

Dr. Geraldo de Andrade Vieira. O estudo mostrou que apesar da redução do número

de casos que é uma tendência nacional, a população confinada continua

apresentando altas prevalências para as infecções pelo HIV, HBV, HCV e

Treponema pallidum, assim como, esses números chegam ser três vezes maiores

do que na população geral para prevalência do HIV no presidio.

“A prevalência de doenças sexualmente transmissíveis (DST) foi pesquisada por Saad(1998) em detentos do Rio de Janeiro, tendo sido observada uma prevalência do vírus HIV, de 11 %. Em uma pesquisa realizada em 1995, com presidiários do Complexo Penitenciário de Campinas-SP, das 693 amostras de soro analisadas,100(14,4 %) foram positivas para anticorpos anti-HIV-1 e HIV-2(HWR 1998). Varella(1999) relata que, na casa de detenção de São Paulo(Carandiru) foram encontrados, em 1990, cerca de 17,3 % de detentos portadores do vírus HIV. Os principais fatores de risco identificados formam o uso de cocaína injetável e o e o número de parceiros sexuais. Já em 1994 houve uma diminuição da prevalência (13,7%), atribuída a redução do uso de droga endovenosa e o aumento da utilização do CRACK.(Martins,2005, p.12)”

Taborda(2012) diz que pesquisas epidemiológicas revelaram uma realidade

preocupante quanto às altas taxas de transtornos por uso e abuso de drogas,

Transtornos de ansiedade, de humor, de personalidade antissocial e Psicótico entre

Presidiários.

Segundo a Organização Mundial de Saúde e Organização Mundial de

médicos de Família (2009) no documento publicado conjuntamente, intitulado “.

Integração da saúde mental nos cuidados de saúde primários: Uma perspectiva

global” concluiu-se que os cuidados primários para saúde mental ainda não foram

implementados na maioria dos países. Geralmente por falta de apoio político, gestão

inadequada, serviços de saúde sobrecarregados e, por vezes, resistência da parte

Page 11: JOSÉ RICARDO PORTELA

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dos responsáveis pela formulação de políticas e pela parte dos profissionais de

saúde, esses aspectos tem dificultado o desenvolvimento de serviços.

No ano passado foi lançado o protocolo de Atenção Básica da Saúde nas

Unidades Prisionais do Estado de São Paulo, no entanto este não contempla ações

Saúde Mental. Apesar da incidência de transtorno mental ser acentuada pelos

efeitos do confinamento associados a estresse, frustração e períodos de abstinência

que contribuem para o quadro existente.

Na situação específica da penitenciaria Dr. Geraldo de Andrade Vieira,

pretende-se realizar uma intervenção na assistência aos soropositivos e portadores

de transtorno mental que necessitam de um Projeto terapêutico Singular. Pois a

ausência de discussão na equipe dos casos compromete estratégias de assistência

e prevenção, somada à demora da circulação das informações prejudica uma

avaliação prévia das condições de saúde e consequentemente uma ação imediata,

antes do agravamento do quadro clínico do paciente. Nesse sentido a resposta

positiva do paciente ao tratamento acaba sendo prejudicada, pois não ocorre a

remissão dos sintomas o que aumenta, assim, consideravelmente o risco da

necessidade de intervenções de maior complexidade como internação hospitalar.

Além disso, na época da proposição deste projeto de intervenção a

penitenciária tinha um total de 16 pacientes soropositivos e com transtorno mental

30 pacientes (27 cumprindo pena e 03 pacientes em medida segurança). Contudo

verificava-se ainda que havia muitas pessoas condenadas por tráficos de

entorpecentes (468 presos), mas que se declaravam usuários de drogas entre estes

alguns apresentaram distúrbios de humor, ansiedade e do sono durante o

cumprimento da pena.

Page 12: JOSÉ RICARDO PORTELA

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1.2 Objetivos:

Geral

Organizar e padronizar os procedimentos, fluxo das ações, a assistência,

prevenção dentro da perspectiva da Atenção Primária a Saúde dos portadores de

HIV e Transtornos Mentais.

Específicos

• Desenvolver um protocolo mínimo para atendimento multiprofissional de

Saúde aos portadores de HIV e Transtornos Mentais.

• Organizar capacitações para aumentar o nível de informação e conhecimento

da equipe sobre as Políticas Públicas de Saúde do Sistema Prisional.

• Estimular a revisão de práticas e do modelo de Atenção à Saúde.

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3 ANÁLISE ESTRATÉGICA

Os principais problemas diagnosticados que constituem o escopo de

investimento desse projeto de intervenção foram a falta de padronização dos

procedimentos para atendimento multiprofissional dos portadores de transtorno

mental e DST/HIV em privação de liberdade dentro da perspectiva da Atenção

Primaria a Saúde; Falta de comunicação regular entre profissionais da equipe

multiprofissional que atendem determinado caso; Falta de atualização do registro de

pacientes portadores DST/HIV e de transtorno mental incluídos (novos casos )e

excluídos(alta médica e transito, transferido para outras unidades, cessação de

periculosidade e termino da pena)e Falta de clareza do papel do profissional dentro

equipe mínima de Atenção Básica de Saúde.

O Projeto de Intervenção tem como desafio mudar essa realidade destacada

no contexto da Penitenciária Dr. Geraldo de Andrade Vieira. Nesta configuração de

problemas toma como norteador para melhoria dos serviços de saúde a organização

e padronização dos procedimentos, fluxo das ações, a assistência, prevenção dentro

da perspectiva da Atenção Primária a Saúde dos portadores de HIV e Transtornos

Mentais.

A escolha da população alvo desse projeto de intervenção deu-se pelo fato de

algumas peculiaridades como possuírem patologias que exigem cuidados contínuos

com abordagem multiprofissional, por serem os pacientes que na realidade da

unidade prisional tem exigido maior número de internações. E sobretudo pelo fato

das taxas de prevalência dessas doenças numa penitenciaria serem maiores do que

na população geral como fica descrito por pesquisadores como Taborda(2012) e

Maerrawi (2012) nos trechos seguintes:

“Pesquisas com a população presidiária expressam a alta prevalência de transtornos mentais quando comparada a população geral, senso os principais transtornos relacionados aso comportamento criminoso os seguintes: transtornos relacionados ao uso de substâncias psicoativas, transtornos do humor, transtornos psicóticos e transtorno de personalidade antissocial” (Taborda,2012, p.491.).

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“Este estudo mostrou que, apesar da redução, a população confinada continua apresentando altas prevalências para as infecções pelo HIV, HBV, HCV e Treponema pallidum, assim como, estas ainda maiores do que a população geral. Os fatores de risco identificados neste estudo apontam que o consumo de drogas por via injetável, assim como o consumo pela via não injetável, representa riscos significativos para a população confinada, incidindo fortemente nas altas prevalências das infecções estudadas” (Maerrawi,2012, p.130).

Os dados usados nesta amostra para o projeto de intervenção foram obtidos

através do relatório mensal da Unidade Prisional que é enviado para o Sistema

Integrado de Informações Penitenciária (INFOPEN) e pela pesquisa em prontuários,

refere-se a Abril de 2013.

Naquela época no levantamento feito na Penitenciária Dr. Geraldo de

Andrade Vieira tínhamos aproximadamente 30 portadores de transtorno mental em

conflito com lei e 16 pacientes soropositivos. Entre os portadores de transtorno

mental somente três eram considerados inimputáveis e cumpriam medida de

segurança.

Constatou-se que a maioria destes pacientes se encontravam na faixa etária

de 30 a 39 anos considerando tanto os portadores de HIV e como de transtorno

mental. Além disso, o diagnóstico mais frequente entre os portadores de transtorno

mental era esquizofrenia, seguido de depressão e ansiedade.

O espaço em que será desenvolvido esse projeto de intervenção é a

penitenciária I de São Vicente Dr. Geraldo de Andrade Vieira, localizada na Área

Continental do município, na margem da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, Km 66.

Na data do levantamento contava com aproximadamente 1.310 (mil e

trezentos) pessoas privadas da liberdade, do sexo masculino, sendo que a faixa

etária é de 18(dezoito) a + 60(sessenta) anos.

A equipe de profissionais era composta por uma enfermeira, duas auxiliares

de enfermagem, três dentistas, sendo que um responde pela Diretoria do Núcleo de

Saúde, dois médicos, quatro psicólogos, duas assistentes sociais, sendo uma a

Diretora do Centro de Reintegração e Atendimento à Saúde. Além de um auxiliar de

enfermagem, uma assistente social e uma psicóloga, em caráter de empréstimo, da

Penitenciaria II de São Vicente.

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O planejamento estratégico escolhido para o desenvolvimento desse projeto

já foi utilizado em outras experiências como podemos verificar no trecho abaixo:

“Uma experiência pioneira na utilização do planejamento estratégico na análise curricular em saúde foi realizado pela Comissão Interinstitucional Nacional de Avaliação do Ensino Médico (CINAEM). Conforme o projeto encaminhado às escolas médicas (CINAEM, 2000), “a utilização do planejamento estratégico como metodologia de elaboração de um instrumento de avaliação do modelo pedagógico das escolas médicas fundamenta-se na necessidade de desencadear um processo que não se limite à simples constatação dos problemas, mas que seja também um estímulo à sua superação, indicando as distintas possibilidades resolutivas. Por outro lado, seu uso torna possível concatenar a necessária dimensão globalizante - capaz de propiciar uma análise comparada entre as escolas - com o respeito às peculiaridades locais, evitando a modelagem exacerbada e captando melhor a realidade singular de cada escola (Batista,2014, p.18).”

Este planejamento estratégico desenvolveu em seis etapas conforme descrito

por Batista (2014) que são as seguintes:

• Analise da Situação onde se identifica a problemática da realidade

destacada e delimita o campo através de informações quantitativas e qualitativas.

• A investigação de problemas momento de maior detalhamento

compreensivo e objetivo do a desafio a enfrentar.

• A identificação da visão objetiva ter clareza objetivo a se alcançar e

permite conhecer a sequência de fatos, da situação atual à esta situação objetivo.

• O desenho do projeto onde se reúne dados com explicitação das

ações, sub - ações, atividades, procedimentos e recursos necessários.

• A construção da viabilidade onde deve se considerar todo o projeto as

necessidades, dificuldades, elementos favoráveis e desfavoráveis.

• O momento tático operacional que instrumentaliza as estratégias

identificadas no momento de construção da viabilidade e operacionaliza os

programas, projetos e operações apontadas no momento de desenho do projeto.

Essas etapas fundamentaram o plano de ação para execução do projeto de

Intervenção.

O projeto de intervenção foi pensado para ser desenvolvido em seis fases

após a elaboração do plano de ação.

Na primeira fase, apresentação da proposta do projeto aos profissionais de

Saúde, Diretores de área, Diretor do Núcleo de Atenção à Saúde, Diretor do Centro

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de reintegração e Atendimento à Saúde e Diretor Geral. Nessa etapa espera receber

o aceite da Diretoria da unidade prisional para posterior execução do projeto.

Na segunda fase o projeto será submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa da

Secretaria de Administração Penitenciária.

Na terceira fase o início da execução do plano de ação elaborado para o

projeto de Intervenção nesta fase embora, estivesse previamente definido na

proposta de Projeto de Intervenção os responsáveis pela operação do plano. Seria

possível ainda fazer uma redefinição de responsáveis ou agregar colaboradores

nessa tarefa entre os atores envolvidos no processo. Essa fase iniciara a partir do

retorno com a aprovação do comitê de ética e pesquisa da Secretaria de

Administração Penitenciária e tendo prazo máximo para o início de um mês.

A quarta fase consistira em três momentos distintos, mais complementares

que seriam o desenvolvimento do planejamento das ações saúde, as reuniões

regulares da equipe de saúde e capacitações da equipe de saúde. Ressaltando que

o conceito aqui adotado de equipe de saúde considera todos atores envolvidos

(Técnicos, Agentes de Segurança Penitenciária, representantes das pessoas

privadas de liberdade) no processo de Atenção Primaria a Saúde.

• O planejamento das ações saúde tem como diretrizes os objetivos deste

plano. Esse planejamento envolveria toda a equipe, teria como tarefa definir as

ações de saúde (práticas, procedimentos) para a obtenção dos resultados

esperados. Essa atividade deverá iniciar no prazo máximo de três meses após o

início da execução do plano e estima-se uma duração de dois meses para sua

conclusão.

• As reuniões regulares da equipe de saúde, para este fim será estabelecido

um calendário de reuniões quinzenais com a equipe, prazo máximo de 5 meses para

o início após a terceira etapa e para conclusão em 11 meses. Os elementos

levantados durante a reuniões podem ajudar subsidiar ações do plano que conforme

a necessidade sofrerá pequenos ajustes durante a execução e esses encontros

permitiriam ainda a melhora na comunicação da equipe.

Page 17: JOSÉ RICARDO PORTELA

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• As capacitações da equipe serão organizadas num prazo máximo de 3 meses

para o início após a terceira etapa e sua conclusão em 3 meses. O tema dessas

capacitações deverá atender aos objetivos desse plano. Embora não esteja na

governabilidade desse projeto há possibilidade dessa atividade ser um disparador

para um futuro plano de Educação Permanente em Saúde.

Quinta fase é da gestão do Plano nessa fase será feito o monitoramento

mensal das ações, verificado andamento, necessidades de ajuste e redefinições de

ações ou prazos. Os responsáveis pelas operações deverão se reunir mensalmente

e elaborar um relatório resumido que será compartilhado nas reuniões ordinárias da

equipe de saúde. Esse relatório deverá conter as sugestões para os ajustes

necessários. Essa fase começa após um mês do início da primeira ação e vai durar

até o final das execuções das ações.

Sexta fase é Avaliação o processo avaliativo ocorrera a partir da análise de

cada operação (ação) verificando qual o produto obtido dessa ação e se o mesmo

corresponde ao esperado e se através desse produto durante o processo atingiu-se

o resultado esperados. Durante o planejamento das ações de saúde foram criados

indicadores que auxiliarão no processo de avaliação. A averiguação dos resultados

esperados será feita através da análise dos indicadores constituídos para esta

finalidade.

Segundo Batista (2014) a avaliação subsidia o processo em sua totalidade e

fundamenta novas decisões, direcionando os destinos planejados e mantendo os no

caminho caso estejam -se desviando. Nessa perspectiva os objetivos traduzem a

mudança e o desenvolvimento de comportamentos motores, cognitivos, afetivos e

sociais.

Page 18: JOSÉ RICARDO PORTELA

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4 IMPLANTAÇÃO, DESCRIÇÃO E AVALIAÇÃO DA INTERVENÇÃO

Em São Paulo durante o desenvolvimento do projeto de Intervenção fomos

informados que todo trabalho deveria ser antes da execução submetido ao Comitê

de Ética em Pesquisa – CEP/SAP criado pela resolução SAP nº 083/2010 da

Secretaria de Administração Penitenciária. Essa designação por causa dos tramites

burocráticos comprometia todo o cronograma das ações para a execução dos

projetos. Os tutores e coordenação do curso foram informados e posteriormente

fomos orientados que deveríamos apresentar uma proposta de Intervenção ao final

do curso.

Segundo informação da Coordenação do Curso: “Houve consenso em

plenária da reunião 26ª reunião de trabalho da equipe tutorial, colegiado gestor e

orientadores de aprendizagem do Curso de Especialização em Gestão em Saúde no

Sistema Prisional na data: 12 de julho de 2013 na Escola de Saúde Pública Dr Jorge

David Nasser, que o Projeto de Intervenção no Estado de São Paulo sofreria

alterações em casos de restrição de acesso às fontes de informações secundárias.

No entanto continuamos a desenvolver do ponto de vista teórico e

metodológica guardando as devidas limitações a proposta de projeto de Intervenção.

Na elaboração desta proposta de projeto de intervenção utilizou-se como referência

metodológica o método ZOPP, que foi criado por uma Agencia técnica Alemã “GTZ”,

constitui-se em um planejamento orientado por objetivos e de caráter participativo. A

sua sigla significa:

Z - ZIEL – Objetivos;

O - ORIENTIERTE – Orientados;

P - PROJEKT – Projetos;

P - PLANUNG – Planejamento.

Page 19: JOSÉ RICARDO PORTELA

18

O método ZOPP busca a qualidade fundamentada num processo de

planejamento participativo. É considerado um sistema de trabalho com grupos no

qual seus membros reúnem-se com objetivos comuns para realização de uma

tarefa. No método ZOPP a comunicação é essencial e o trabalho é orientado

conforme as necessidades dos parceiros e dos grupos alvos. A aplicação deste

método deve ser desenvolvida passo a passo e envolver todos os afetados pelo

projeto e ter uma forma de documentação bastante inteligível.

“O planejamento estratégico, como um exemplo de planejamento participativo

busca, em última instância, o comprometimento dos vários atores sociais com um

determinado projeto institucional” (Batista,2014, p.15).

O planejamento estratégico por ter um enfoque participativo mostrou-se bem

adequado as necessidades nossa realidade, possibilitando romper com uma lógica

verticalizada de construir projetos em gabinete sem consideração e participação

direta dos atores interessados.

Este projeto foi escrito conforme as referências conceituais na perspectiva de

Atenção Primaria a Saúde, embora esse termo possa ser entendido por diversos

autores como sinônimo de Atenção Básica. A perspectiva adotada aqui foi de um

novo modelo de assistência à saúde que rompesse como modelo tradicional

flexneriano, focado na patologia e centrado em determinantes exclusivamente

biológicos passando, assim, para um modelo que aborda a saúde numa perspectiva

integral.

Trata-se portanto de uma reordenação da assistência num novo modelo de

organização dos serviços de saúde, que além disso permite o desenvolvimento de

novas “tecnologias” da saúde (Merhy,2000). Não privilegiando preponderantemente

as tecnologias duras, como no modelo de assistência biomédico, mas abrindo

espaço para intersubjetividade inerente a promoção do cuidado a saúde

humanizados.

Page 20: JOSÉ RICARDO PORTELA

19

“Atenção Primaria a Saúde é, portanto, uma forma de organização dos serviços de saúde que responde a um modelo assistencial, por meio da qual se busca integrar todos os aspectos desses serviços, e que tem seu foco nas necessidades de saúde da população. Em sua forma mais desenvolvida, a atenção primária é o primeiro contato com o sistema de saúde, é a porta de entrada do sistema, e, ao mesmo tempo, é o local responsável pela organização do cuidado à saúde dos indivíduos, suas famílias e da população ao longo do tempo (longitudinalidade do cuidado) e busca proporcionar equilíbrio entre as duas metas de um sistema nacional de saúde: melhorar a saúde da população e proporcionar equidade na distribuição de recursos (STARFIELD, 2004; BRASIL, 2007)”,(Machado,2013.p.53).

“A Atenção Primária à Saúde (APS) vem alcançando grande espaço de discussão no cenário mundial como importante estratégia para diminuirás iniquidades dos serviços de saúde. Representa o primeiro nível de contato dos indivíduos, da família e da comunidade com o sistema nacional de saúde, constituindo o primeiro elemento de um continuado processo de assistência à saúde, com serviços que têm em vista os principais problemas e necessidades de saúde da comunidade, proporcionando ações de promoção, prevenção e reabilitação da saúde” (Ministério da Saúde(BR),2010, p.8).

Neste sentido a construção dessa proposta de projeto de Intervenção vem de

encontro a novas diretrizes para as políticas públicas de Saúde ao incorporar um

novo modelo de assistência considerando as novas tecnologias do trabalho em

saúde.

A Elaboração deste trabalho orientado pelo modelo de Atenção Primária a

Saúde, através de métodos e ferramentas disponibilizados durante o curso, incluiu

um ciclo que englobou o diagnóstico da situação, planejamento e tendo como

resultado uma proposta de intervenção para melhoria da qualidade do serviço de

saúde.

Apesar de termos procurado fundamentar esse projeto dentro da realidade

contextualizada baseado numa análise situacional(anexo 1) e num plano de ação

factível(anexo 2). É somente a partir da execução dessa nova metodologia de

trabalho em saúde é que poderemos avaliar o impacto da implantação desse projeto

de intervenção e sobretudo o seu reflexo na população atendida.

Por isso, elaboração da proposta de projeto de Intervenção, após avaliação

da banca examinadora da UFMS será apresentada ao Comitê de Ética e Pesquisa

da Secretaria de Administração Penitenciária - SAP, para a implantação e

desenvolvimento da ação planejada na Penitenciária Dr. Geraldo de Andrade Vieira.

Page 21: JOSÉ RICARDO PORTELA

20

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O curso de especialização em gestão de saúde no Sistema Prisional foi um

marco divisório em termos de aprendizagem com substancial revisão de paradigmas

e de aspectos conceituais e práticos no campo da saúde.

De certo modo o processo de construção do conhecimento durante o curso

nos fez refletir e entender que os paradigmas não são imutáveis. Kuhn(1997)

também fala em mudanças, que ocorrem a partir de momentos de “crise” ou

“revolução”, onde novos conhecimentos são valorizados e vistos como modelos

válidos a serem seguidos. Assim, é estabelecida uma “nova ciência normal”, mas

que não significa necessariamente que o modelo anterior deixou de ser utilizado ou

perdeu sua validade. No campo da saúde podemos observar uma trajetória histórica

de mudança e constituição de novos paradigmas.

É desta forma que percebemos o impacto de mudanças nas práticas e

pesquisas em saúde. A partir da segunda metade do século XX e de movimentos

como as Conferências Nacionais de Saúde e a Reforma Psiquiátrica, vemos um

deslocamento do poder anteriormente concentrado em detentores do saber, da

saúde concentrada em questões epidemiológicas e atenção hospitalocêntrica para o

controle social, trabalho em equipe multiprofissional (com vistas à

interdisciplinaridade) e a instituição da Estratégia de Saúde da Família, centrada na

Atenção Básica.

Na produção dialógica entre saberes durante curso a Atenção Primaria a

Saúde surgiu não somente como um novo paradigma em saúde, mas como uma

potencial estratégia para materialização de uma proposta de projeto de Intervenção.

“Produzir, sistematizar e difundir conhecimentos relacionados ao

desenvolvimento de metodologias e processos de avaliação e melhoria de qualidade

no âmbito da Atenção primária a Saúde é sem dúvida uma necessidade inadiável e

um grande desafio” (Ministério da Saúde(BR),2010, p.12).

Page 22: JOSÉ RICARDO PORTELA

21

Essas novas informações e saberes tão necessários a construção do

planejamento em saúde. Ressaltam a necessidade de considerarmos minimamente

a transversalidade da educação em saúde, os processos de aprendizagem, a

importância desses elementos para desenvolvimento de novas práticas que

produzam transformações e mudanças na realidade a quais estão inseridas

Estas mudanças são importantes, especialmente no que concerne ao

cuidado, pois representam movimentos em direção a uma maior compreensão do

indivíduo nos diversos aspectos constituintes de sua saúde. Essa nova perspectiva

destaca- se como experiências historicamente inovadoras no Brasil, pois envolve

usuários como protagonistas, sujeitos da saúde, na construção de novas estratégias

atinentes a uma nova pratica de promoção de saúde.

Page 23: JOSÉ RICARDO PORTELA

22

REFERÊNCIAS:

Batista NA. Planejamento na Prática Docente em Saúde In: Batista NA, Batista,

SHS. A Docência em Saúde: temas e experiências. 2ª ed. São Paulo(SP): SENAC,

2014.

Estado de São Paulo(BR), Secretaria de Estado de Saúde, Comissão Intergestores

Bipartite do Estado de São Paulo, em reunião realizada no dia 23 de agosto de

2012, aprova as Diretrizes para a Atenção à Saúde da População Privada de

Liberdade- Deliberação CIB - 62, de 6-9-2012, publicada no DOE de 07/09/12 –

Seção 1 – p.34.

Kuhn TS. A estrutura das revoluções científicas. 5. ed. São Paulo(SP): Editora

Perspectiva S.A, 1997.

Machado JFFP. Organizador. Políticas Públicas: a estratégia de saúde da Família.

unidade 3.Campo Grande(MS): FIOCRUZ MS,2013, p.53.

Machado JFFP. Organizador. Gestão da Atenção à Saúde no Sistema Prisional:

planejamento em saúde, unidade 4 - Campo Grande(MS): FIOCRUZ MS,2013, p.68.

Maerrawi IE. Estudo dos fatores de risco associados às infecções pelo HIV, hepatite

B e C e sífilis e suas prevalências em população carcerária de São Paulo [tese

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Page 24: JOSÉ RICARDO PORTELA

23

Ministério da Saúde(Brasil). Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011- Aprova a

Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas

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http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232009000200016.

Page 25: JOSÉ RICARDO PORTELA

24

ANEXOS

1. Análise Situacional

A Penitenciária “Dr. Geraldo de Andrade Vieira” – PI de São Vicente, está localizada

na Área Continental do município, na margem da Rodovia Padre Manoel da

Nóbrega, Km 66, formando o complexo juntamente com o CDP de São Vicente,

Penitenciária II de São Vicente e Fundação Casa, vizinhos dos bairros Humaitá,

Jardim Rio Branco, Parque das Bandeiras e Samarita.

A população

O número de pessoas privadas de liberdade na PI de SV, no momento, é de

aproximadamente 1310 (mil e trezentos), do sexo masculino, sendo que a faixa

etária é de 18(dezoito) a + 60(sessenta) anos. Os dados abaixo têm como referência

o mês de Abril de 2013 e foram obtidos através do relatório mensal que a unidade

prisional encaminha ao INFOPEN.

Gráfico 1: Distribuição conforme regime:

Regime fechado:1238

Semi-Aberto:40

Presos Provisórios:10

Medida de Segurança-Internação:03

Page 26: JOSÉ RICARDO PORTELA

25

Gráfico 2:Presos da Justiça Federal

Provisório:13 /Regime Fechado:06

Gráfico 3: Faixa etária.

18 a 24 anos - 520 35 a 45 anos - 91

25 a 29 anos - 432 46 a 60 anos - 4

30 a 34 anos - 260 mais de 60 - 3

Page 27: JOSÉ RICARDO PORTELA

26

Gráfico 4:Distribução por delitos

Homicídio Simples (Art..121 caput):70

Homicídio Qualificado (Art.121.parágrafo 2º);100

Roubo Simples(Art.157):05

Roubo Qualificado (Art.157, parágrafo 2º):560

Latrocínio (art.157, parágrafo 3º):90

Extorsão Mediante a Sequestro (Art.159):15

Estelionato(Art.171):1

Estupro(Art.213):01

Tráfico de Entorpecentes (Art.12 da Lei 6368/76 e Art.33 da Lei 11343/06):438

presos

Trafico Internacional de Entorpecentes (Art.18 da Lei 6368/76 e Art.33 da c/c Art.40,

I da Lei 11343/06): 30 presos.

Page 28: JOSÉ RICARDO PORTELA

27

Gráfico 5: Número de presos por cor de pele/etnia

Branca:340

Negra:380

Parda:590

Gráfico 6:Estado Civil

Solteiro:485 Divorciados:15

Casados:70 Viúvo:10

Separados Judicialmente:10 União estável:720

Page 29: JOSÉ RICARDO PORTELA

28

Ambiente físico

A lotação prevista para Penitenciária I de São Vicente são 308 vagas e do Anexo de

Detenção Provisória são de 496 vagas perfazendo um total de 804 vagas na

unidade prisional. A Unidade é dividida em dois blocos: Anexo de Detenção

Provisória, onde os sentenciados são alojados em quatro raios e o outro bloco a

Penitenciária I com dois Pavilhões. Cada um dos blocos possui sala de atendimento

de emergência, que são utilizados como Enfermaria, consultório médico e

odontológico. As celas de enfermaria para isolamento de pacientes ficam no Anexo

de Detenção Provisória. Na penitenciaria I contamos com duas salas provisórias

para atendimento psicossocial. No anexo de Detenção Provisória não há salas

especificas para atendimento psicológico e do Serviço Social. Na época de

elaboração dessa proposta de Intervenção existia uma obra em andamento no

Anexo composta por três salas sendo duas para atendimento individual (Psicologia e

Serviço Social) e uma para atendimento em Grupo que foi concluída em 2014.

Possui um bloco no Pavilhão Superior (PI da São Vicente) da Unidade, obedecendo

as normas previstas em Lei para estabelecimento de saúde, com recursos da

Coordenadoria de Saúde, totalmente adaptado com leitos, celas de isolamento,

consultórios (médico, odontológico), sala para Raio X, curativos. Na época de

elaboração dessa proposta de Intervenção estava sendo iniciado o atendimento

neste espaço, mas de forma gradativa, enquanto, não tivesse uma composição da

equipe mínima necessária para o seu pleno funcionamento.

A estrutura física da unidade Prisional neste momento não pode ser considerada

totalmente adequada apesar dos esforços da administração e das obras em

andamento. Pois existe um número superior de presos ao previsto para nossas

instalações e essa superlotação faz com que o espaço de carceragem fique

inadequado. O espaço físico em relação a área administrativa é adequado.

No Bloco do Anexo na data de elaboração desta proposição de Intervenção não

possuía espaço físico adequado exclusivo para o atendimento psicológico e serviço

social. Pois as obras das salas de atendimento somente foram concluídas em 2014,

porém continua sem espaço ainda para atividades educativas (falta bibliotecas e

salas de aula).

Page 30: JOSÉ RICARDO PORTELA

29

Os presos do Anexo na época da elaboração desta proposta de intervenção eram

encaminhados ao Bloco destinado a presos em regime fechado da Penitenciaria I de

São Vicente para realização de atendimentos, isso, dificultava o acesso dos usuários

aos atendimentos psicossociais. Existia na época três salas (composta por

divisórias) no bloco da PI, mas apenas duas reuniam condições mínimas de

funcionamento (iluminação, ventilação e mobiliário). Essas salas as vezes são

solicitadas para atendimentos dos advogados da Fundação "Prof. Dr. Manoel Pedro

Pimentel"- FUNAP. Por isso o número de salas na época era insuficiente para

realização dos atendimentos necessários o que contribuía para uma demanda

reprimida pela falta de espaço físico.

O Fornecimento de Água é realizado pela Empresa SABESP, recebemos água

potável, mas não contamos com filtros adicionais; de forma que os presos recebem

a água para beber e fazer a higiene, diretamente do encanamento. O sistema de

Esgotamento da Unidade Prisional está ligado à rede de esgoto do Município.

A coleta de lixo ocorre diariamente é realizada pela Terracom empresa contratada

pela prefeitura municipal, acompanhando o mesmo atendimento do bairro no qual a

Unidade Prisional se localiza. O lixo comum é armazenado em caçambas fora da

unidade. O lixo de natureza hospitalar é armazenado em recipientes específicos e

recolhido duas vezes por semana pela Empresa Codesavi (Companhia de

Desenvolvimento de São Vicente). Não consta a informação de visita realizada pela

Vigilância Sanitária e não há pendências a serem resolvidas em relação às

exigências legais de funcionamento.

Ambiente sociocultural

Na Unidade prisional os presos convivem, obrigatoriamente, em um espaço físico de

aproximadamente 20m² (essa medida varia um pouco no Bloco da PI de SV),

projetado para 8 presos (no bloco de PI tem celas com projeto para 6 presos) por 16

horas diárias – salvo somente o período das 8 horas de banho de sol, o qual

acontece no pátio. Com frequência, a cela é ocupada por população além de sua

capacidade original.

Page 31: JOSÉ RICARDO PORTELA

30

O Centro de Trabalho e Educação, através de suas equipes, é responsável pelo

planejamento de atividades de lazer e cultura, tipo Campeonato de futebol, teatro e

comemoração de datas festivas. As principais datas festivas são o dia das mães, o

dia da criança e Natal. Além disso, algumas celas possuem televisores e rádios para

o entretenimento.

Cerca de 98,8% dos presos são alfabetizados, em sua maior parte oriundos da

população de baixa renda, sendo que mais de 50 % possuem ensino fundamental

incompleto e boa parte das suas famílias são beneficiárias do Programa Bolsa

Família.

Grafico 7: Quantidade de presos por grau de instrução.

Analfabeto:15

Alfabetizado:1295

Page 32: JOSÉ RICARDO PORTELA

31

Gráfico 8: Distribuição de presos por Grau de instrução.

Ensino Fundamental Incompleto:752

Ensino Fundamental completo: 212.

Ensino Médio Incompleto:287.

Ensino Médio Completo: 40

Ensino Superior Incompleto: 01

Ensino Superior Completo: 03

Da população atendida na Penitenciária I de São Vicente, 178 trabalham em setores

de manutenção, cozinha, faxina, etc., e 92 estudam. Recebem visitas de familiares.

A maioria de baixa escolaridade e baixo nível socioeconômico. Entretanto os presos

do Anexo Detenção Provisória não têm acesso a nenhuma forma de atividade

laborativa ou educativa. Não existe espaço físico para essas atividades no anexo por

este ser destinado a presos provisórios. Todavia existem muitos condenados no

anexo que ficam, assim, impedidos de ter acesso a possibilidade de remuneração ou

remissão de pena pelo trabalho e Educação.

Page 33: JOSÉ RICARDO PORTELA

32

Perfil das doenças

No período correspondente a esse levantamento não correu nenhum óbito e

também nunca houve casos de mortes dentro da Unidade Prisional por motivo de

doença. Quanto às doenças existentes nesta Unidade, percebe-se que não difere

das apresentadas como as mais comuns no Sistema Prisional: Tuberculose,

DST/AIDS, Hepatites, Diabetes, Hipertensão, Hanseníase. Em relação aos

transtornos mentais podemos indicar com maior frequência diagnósticos de

esquizofrenia, depressão e transtornos de ansiedade.

Em se tratando de doenças mais frequentes, a tabela abaixo especifica algumas das

causas mais comuns:

Tabela 1:

Doença População atingida por faixa etária População

atingida

total 18a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 Acima de

60

HIV 01 14 01 - - 16

Hepatite C - 4 - - - 04

Hanseníase 01 01 _ _ - 02

Tuberculose 10 6 - - - 16

Esquizofrenia 03 11 03 01 - 18

Depressão 01 07 01 01 - 10

Ansiedade 1 1 - - - 02

Page 34: JOSÉ RICARDO PORTELA

33

No entanto, temos recebido para tratamento de saúde, cadeirantes, pessoas com

uso de bolsa de colostomia, com problemas de saúde mental, casos cirúrgicos de

Trauma-Ortopedia.

As consultas ambulatoriais, mais solicitadas são relativas à Hipertensão, dermatites,

dores de dente, de cabeça, de ouvido, doenças respiratórias, hérnia, problemas de

próstata e distúrbios relacionados à ansiedade.

Na Unidade ocorre o controle de tuberculose com busca ativa de casos

semanalmente, no momento da inclusão e em campanhas semestrais, exames para

diagnóstico e notificação de casos novos.

Controle de Hipertensão e Diabetes: Acompanhamento médico, terapêutica

medicamentosa, exames para diagnóstico da Hipertensão e Diabetes.

Dermatologia Sanitária: Busca ativa de casos. Diagnóstico das dermatites.

Saúde Mental: Desenvolvemos atendimentos multidisciplinares visando minimizar os

efeitos do encarceramento. A medicação psiquiátrica é supervisionada e é realizado

acompanhamento psicológico destes pacientes portadores de transtorno mental

regularmente.

DST e HIV: Programas de prevenção, Vigilância e assistência referente as Doenças

Sexualmente Transmissíveis e HIV. Os pacientes portadores do vírus HIV, DST e

Hepatites virais são acompanhados com exames e consultas médicas com

infectologistas no serviço de Atendimento especializado no município e recebem

atendimento psicológico e orientação sorológica na Unidade Prisional.

São realizadas campanhas informativas, de teste rápido e orientação sobre

hepatites B, C, HIV e DST como programa de prevenção.

Page 35: JOSÉ RICARDO PORTELA

34

Informações sobre os Serviços de saúde

Para o atendimento desta população possuímos em nosso quadro funcional, uma

enfermeira, duas auxiliares de enfermagem, três dentistas, sendo que um responde

pela Diretoria do Núcleo de Saúde, dois médicos, quatro psicólogos, duas

assistentes sociais, sendo uma a Diretora do Centro de Reintegração e Atendimento

à Saúde. Além de um auxiliar de enfermagem, uma assistente social e uma

psicóloga, em caráter de empréstimo, da Penitenciaria II de São Vicente, pois a

Unidade está desativada para reforma. As queixas que não podem ser sanadas pela

equipe da Unidade ou as que carecem de recursos em falta no Presídio são

encaminhadas para rede municipal, com o atendimento de especialistas e a

realização de exames.

Para os atendimentos de emergência, o serviço da rede municipal mais próximo é o

Pronto Socorro do Bairro Humaitá, que fica a 2 Km e em casos de internação temos

o Centro de Referência em Emergência e Internação(CREI). Encaminhamos

também para tratamento em especialidades nos AMEs Santos e Praia Grande.

Em parceria com o município desenvolvemos Campanhas de Vacinação,

Acompanhamento ambulatorial de Tuberculose e Hanseníase, Coleta de exames e

Tratamento de pacientes com HIV.

Em relação ao atendimento dos pacientes psiquiátricos, não conseguimos ter um

apoio efetivo na rede de Atenção Psicossocial que é pouco organizada e também

não atende as necessidades dos demais usuários destes serviços no município de

São Vicente que possui hoje uma população de 332.445 habitantes (IBGE/2013).

Principais serviços de saúde para atendimento na região:

SAE ( serviço de atendimento especializado)- DST/HIV

Ambulatório de TB-SV -TB/Hanseníase

PS de Humaitá -Eletro/RX

CATO São Vicente -Trauma/Ortopedia e retorno

PS Humaitá /CREI de São Vicente -Emergências

AME(Santos e Praia grande)-Especialidades

Page 36: JOSÉ RICARDO PORTELA

35

Centro Hospitalar do Sistema Penitenciário- Casos complexos da saúde e

Psiquiatria atendimentos são solicitados para Coordenadora de Saúde.

Atualmente as principais dificuldades são estruturais, falta de material e

principalmente recursos humanos, pois a Unidade atualmente conta com apenas

uma equipe mínima de Saúde.

Serviços sociais

O conselho da Comunidade conforme o art.82 da Lei de Execução Penal (Lei nº

7.210, de 11 de Julho de 1984) deveria visitar pelo menos uma vez por mês o

estabelecimento penal. No entanto suas visitas são esporádicas a unidade prisional,

porém algumas organizações religiosas realizam visitas frequentes. A “Pastoral

Carcerária” da igreja católica, as Igrejas evangélicas “Universal do reino de Deus” e

“Deus e Amor” realizam cultos semanais aos sábados.

Geralmente os membros do Conselho da Comunidade, organizações religiosas,

Universidades da região estabelecem relações pontuais com o Setor de Saúde

tentando atender e solucionar a queixas individuais do usuário preso, no que se

refere a problemas de saúde. Pois não existe uma articulação para a garantia efetiva

de serviços, mas a procura de resolução ou busca de informações sobre alguns

casos.

Políticas de Saúde

O Estado São Paulo possui um Plano Operativo Estadual - POE para pactuação das

ações de saúde ao indivíduo privado de liberdade. Dessa forma, repassa uma verba

anualmente ao município para auxiliar nos custeios dos serviços de média e alta

complexidade ofertados aos Presos.

De acordo com a Deliberação CIB-SUS/ 62 de 6-9-2012 , “Composição da equipe

mínima de atendimento – os quantitativos para definição da equipe mínima foram

baseados nos parâmetros definidos para atenção básica na Portaria 1.101/2002, do

Ministério da Saúde.Unidades Prisionais e Centro de Detenção Provisória (CDP)

com população entre 500 e 1.200 presos: a equipe mínima de saúde deverá ser

composta por, pelo menos, 1 (um) médico e 1 (um) dentista com jornada de 20

Page 37: JOSÉ RICARDO PORTELA

36

horas semanais e 1 (um)enfermeira, 2 (dois) auxiliares de enfermagem com jornada

de 30 horas semanais.

O valor mensal para o custeio das despesas com a equipe mínima aqui descrita será

de R$ 30.600,00 (trinta mil e seiscentos reais), acrescido a esse valor adicional de

periculosidade (R$ 179,00) para cada membro da equipe nos termos da legislação

vigente, ou seja, R$31.500,00;Unidades Prisionais e Centros de Detenção Provisória

com população entre 1.201 e 2.400 presos serão providas com duas equipes

mínimas(R$63.000,00/mês);Unidades com mais de 2.400 presos com três equipes

mínimas (R$94.500,00/mês);A assistência à saúde do preso em unidades com

menos que 500 presos, deverá ser examinada caso a caso”.

No ano passado foi publicada uma matéria no Jornal local, que relata as condições e

falhas dos serviços de saúde oferecidos à população da Baixada Santista. O

relatório divulgado pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São

Paulo), mostra a fragilidade destes serviços: “os resultados locais não fogem da

realidade estadual e do País. Eles apontam que esse cenário é reflexo da falta de

políticas públicas de saúde eficientes e o subfinanciamento do SUS”.

A Unidade Prisional está inserida neste contexto e os problemas da região, no que

diz respeito aos serviços de saúde, refletem diretamente na população carcerária. O

problema do município de “encaminhamento para outros serviços devido à falta de

vagas na Baixada Santista” dificulta a continuidade dos tratamentos.

Consideramos como parâmetro o Plano Nacional de Saúde no Sistema

Penitenciário. Conforme estabelecido pela Portaria Interministerial nº 1777, do

Ministério da Justiça e do Ministério da Saúde, é um “plano desenvolvido dentro de

uma lógica de atenção à saúde fundamentada nos princípios do SUS, a ser

operacionalizada por estados e municípios.

Sabemos ainda que, “as ações e os serviços de atenção básica em saúde deverão

estar organizadas nas Unidades Prisionais e realizadas por equipes

interdisciplinares de saúde”.

Page 38: JOSÉ RICARDO PORTELA

37

Pouco se tem de informação a respeito da evolução das políticas públicas de saúde

voltadas para a população carcerária. Segundo informação da coordenadoria de

Saúde SAP possuímos um COAP e o POE é atualizado anualmente. Sabe-se que o

Contrato Organizativo da ação pública (COAP) “representa uma inovação na gestão

pública brasileira e tem a função de definir entre os entes federativos as suas

responsabilidades no SUS, permitindo, a partir de uma região de saúde, uma

organização dotada de unicidade conceitual, com diretrizes, metas e indicadores,

todos claramente explicitados e que devem ser cumpridos dentro de prazos

estabelecidos”.

Acreditamos que estas discussões possam trazer possibilidade de elevar o nível de

qualidade dos serviços de saúde prestados à toda população.

Aliás, é necessário que se iniciem as discussões também no sistema prisional,

partindo do princípio de que a população carcerária é afetada pela ausência de

políticas públicas eficazes e que a essa população também está garantido os

direitos fundamentais.

A ampliação das discussões para o âmbito da área prisional é necessária e urgente,

pois a partir da ruptura de métodos e concepções é que se poderá garantir a

implantação de programas e ações eficazes.

2. Plano de Ação para o Projeto Proposto de Intervenção.

Definição dos Problemas:

1. Falta de padronização dos procedimentos para atendimento multiprofissional

dos portadores de transtorno mental e DST/HIV em privação de liberdade dentro da

perspectiva da Atenção Primária a Saúde.

2. Falta de comunicação regular entre profissionais da equipe multiprofissional

que atendem determinado caso.

Page 39: JOSÉ RICARDO PORTELA

38

3. Falta de atualização do registro de pacientes portadores DST/HIV e de

transtorno mental incluídos (novos casos) e excluídos (alta médica e transito,

transferido para outras unidades, cessação de periculosidade e termino da pena).

4. Falta de clareza do papel profissional dentro equipe mínima de Atenção

Básica de Saúde.

Page 40: JOSÉ RICARDO PORTELA

39

Tabela 2-Definição de Problemas

Principais

Problemas

Importância Urgência Capacidade de

Enfrentamento

Seleção

Falta de

padronização dos

procedimentos para

atendimento

multiprofissional

dos portadores de

DST/HIV e

transtorno mental

em privação de

liberdade.

Alta 7 Dentro 1

Falta de

comunicação

regular entre

profissionais da

equipe

multiprofissional

que atendem

determinado caso.

Alta 5 Dentro 3

Falta de atualização

do registro de

pacientes

portadores DST/HIV

e de transtorno

mental incluídos

(novos casos )e

excluídos(alta

médica e

transito,transferido

para outras

unidades,cessação

de periculosidade e

termino da pena).

Médio 5 Dentro 4

Falta de clareza do

papel do

profissional dentro

equipe mínima de

Atenção Básica de

Saúde.

Alta 7 Dentro 2

Page 41: JOSÉ RICARDO PORTELA

40

Descrição dos Problemas Selecionados

No sistema prisional a incidência de transtorno mental é acentuada pelos efeitos do

confinamento associados a estresse, frustração e períodos de abstinência que

contribuem para o quadro existente. Na situação especifica da penitenciaria Dr.

Geraldo de Andrade Vieira, apesar de termos apenas 03 pacientes em medida

segurança, o número de presos que desenvolvem agravos a saúde mental é bem

superior, pois na data de elaboração tínhamos um total de 30 pessoas portadoras de

transtorno mental em conflito com a lei. Além disso, os condenados por tráficos de

entorpecentes (468 presos), muitos destes são usuários e quando ficam privados do

acesso a droga desenvolvem crises de abstinência. Pesquisadores

como(Taborda,2012), apontam para altas taxas de transtorno por abuso de

substância, Transtornos de ansiedade, do humor, de personalidade e Psicoses e

outros como (Maerrawi,2012), (Martins,2005) apontam para alta prevalência do HIV

entre a população carcerária se comparada a população geral.

1. Descritores do Problema “Falta de padronização dos procedimentos para

atendimento multiprofissional dos portadores de transtorno mental e DST/HIV em

privação de liberdade dentro da perspectiva da Atenção Primária a Saúde.”

Page 42: JOSÉ RICARDO PORTELA

41

Tabela 3:Descritores

Descritores Fonte

Registro de novos casos(saúde mental)

geralmente durante crise.

Equipe de Enfermagem, Agentes de

Segurança Penitenciária e presos.

Entrevistas de inclusão (Enfermagem e

Psicossocial) não cruzam dados e as

anotações são feitas em Prontuários

Distintos(Criminológico e Saúde).

Registro de Enfermeiros, psicólogos e

Assistentes Sociais

Incidência de transtornos mentais na prisão e

de DST/HIV

Epidemiológica

Entrevista de Inclusão Psicossocial

insuficiente para atender as especificidades

de problemas relacionados à Saúde mental

Psicólogos e Assistentes Sociais

Não se tem organizado com a equipe um

projeto terapêutico Individualizado

Equipe de Saúde

Não existe momento para discussão de casos

com a equipe multiprofissional

Equipe de Saúde

Informações sobre ocorrências durante o

tratamento medicamentoso (alteração,

suspensão com ou sem prescrição médica)

não são compartilhados imediatamente com

os profissionais responsáveis pela assistência

(terapêutica não medicamentosa).

Registro da Enfermagem

Inclusão de novos casos pela enfermagem

não é imediatamente compartilhado com os

demais profissionais da equipe.

Registro da Enfermagem

Page 43: JOSÉ RICARDO PORTELA

42

Explicação dos Problemas selecionados

A equipe de saúde não tem ciência das suas atribuições conforme portaria

ministerial 2488, e desconhecem as recomendações da área técnica de Saúde do

Sistema Prisional do ministério da Saúde e do Plano Operativo Estadual de São

Paulo. Esse aspecto dificulta o entendimento das atribuições de cada profissional e

a importância do trabalho da equipe para o desenvolvimento de procedimentos que

visem à integralidade das ações em Saúde. Além disso, como não ocorrem reuniões

com toda a equipe acaba ficando prejudicado o trabalho interdisciplinar e

multiprofissional. Desta forma não se consegue organizar com equipe um projeto

terapêutico individualizado para os sujeitos privados de liberdade. Nas inclusões

(psicossocial) são utilizadas entrevistas semi dirigidas, embora haja questões sobre

o uso de drogas e utilizações anteriores de medicação controlada estas são

insuficientes, não consistindo em um instrumento eficiente (inventários específicos)

para detecção de usuário de drogas ou verificação de presença de distúrbios

psiquiátricos. Nesse sentido via de regra a equipe de saúde só vai tomar

conhecimento dos pacientes em sofrimento mental quando o quadro crítico, já está

instalado (abstinência, surto psicótico, Depressão) principalmente através dos outros

presos que ocupam a mesma cela do atendido ou dos Agentes de Segurança

Penitenciária quando estes percebem alguma conduta que perturbe a ordem

vigente. Esse problema não ocorre em relação aos novos casos de portadores de

HIV, pois é feito a testagem, quando há suspeita e durante campanhas de

prevenção a DST/AIDS, o pré teste é feito pela enfermeira e o Pós teste (Enfermeira

ou médico), entretanto em relação aos novos casos identificados e vindos de outras

unidades prisionais a enfermagem não informa frequentemente os

profissionais(psicólogo) responsáveis pelo acompanhamento dos soropositivos.

Além dessas ocorrências relativas a não adesão ao tratamento medicamentoso anti

retroviral e medicação psicotrópica não são informadas imediatamente os

profissionais não médicos responsáveis pelo atendimento.

Page 44: JOSÉ RICARDO PORTELA

43

Entre o grupo de profissionais de saúde existe uma divisão da equipe reproduzindo

uma antiga organização administrativa (Núcleo de Reabilitação e Núcleo de Saúde),

sendo que desde essa época existem dois prontuários o criminológico (onde devem

ser anotados os registros de Psicólogos e Assistentes Sociais) e prontuário de

Saúde (onde ser registradas anotações de Enfermeiros, médicos, Dentistas e

técnico de Enfermagem). Esse perfil da cultura institucional perdura mesmo após a

reestruturação das unidades prisionais com a criação dos Centros de Reintegração

e Atendimento à Saúde onde ficam lotados todos os profissionais de saúde.

Page 45: JOSÉ RICARDO PORTELA

44

Fluxograma 1: Nós Críticos

Causas Consequências

Falta de

padronização dos

procedimentos

para atendimento

multiprofissional

dos portadores de

transtorno mental

e DST/HIV em

privação de

liberdade dentro

da perspectiva da

Atenção Primaria

a Saúde.

Falta de projeto

terapêutico

individualizado(proce

sso de trabalho da

Equipe)

Desconhecimento Políticas

Publicas de Saúde do

Sistema Prisional(nível de

informação)

Modelo Assistencial

(clinico)

Cultura institucional

divide a equipe (pericia

e assistência)

divide

Prejuízo na

Intervenção

psicossocial

Dificulta à adesão

a terapêutica

medicamentosa

Aumento na ocorrência

de procedimentos de

maior complexidade

como Internações

hospitalares.

Descontinuidade

no tratamento

psicológico e

aconselhamento sorológico

Page 46: JOSÉ RICARDO PORTELA

45

Tabela 4:Desenho de operações

Nó Critico Operação/Projeto Resultados

Esperados

Produtos

Esperados

Recursos necessários

Cultura institucional

divide a equipe

(perícia e assistência)

Desenvolver a

Integração da

equipe nas ações

de Saúde.

Equipe mais

esclarecida sobre

as atribuições e

importância de

cada membro

para as ações em

Atenção Básica

da Saúde.

Planejamento das

Ações de Saúde

envolvendo todos

os membros da

Equipe.

Reuniões regulares

com todos os

membros para

monitorar as

ações.

Cognitivos: elaboração de Planejamento

participativo. Organizacionais:

organização da agenda e fluxos de

atividades/Políticos: articulação entre os

setores de saúde e segurança e adesão

dos profissionais, apoio do Gestor da

Unidade Prisional e mobilização dos

atores.

Desconhecimento

Políticas Públicas de

Saúde do Sistema

Prisional (nível de

informação)

Aumentar o nível

de informação e

conhecimento da

equipe sobre as

Políticas Públicas

de saúde do

Sistema Prisional

Equipe mais

informada

sobre as

políticas

Pública de

Saúde.

Capacitação dos

profissionais da

equipe de Saúde

da unidade

Prisional.

Cognitivos: conhecimento sobre o tema e

sobre estratégias de comunicação e

pedagógicas/Organizacionais:organização

da agenda e convidar

palestrantes/Políticos:articulação e entre

os setores de saúde e segurança e

mobilização dos atores.

Modelo Assistencial

(clinico)

Rever práticas e

paradigmas

conceituais do

modelo de saúde

Equipe mais

consciente de

sua pratica e

papel dentro

da política

Pública de

Saúde.

Facilitação do

desenvolvimento

do trabalho

interdisciplinar e

multiprofissional

na equipe

Cognitivos: conhecimento sobre o tema e

sobre estratégias de comunicação e

pedagógicas/Organizacionais: organização

da agenda e convidar

palestrantes/Políticos: articulação entre

os setores de saúde e segurança e

adesão dos profissionais, apoio dos

diretores da área de saúde e Segurança e

do Diretor geral da Unidade Prisional e

mobilização dos atores.

Falta de projeto

terapêutico

individualizado

(processo de

trabalho da Equipe)

Organizar e

padronizar os

procedimentos,

fluxo das ações, a

assistência,

prevenção dentro

da perspectiva da

Atenção Integral a

Saúde dos

portadores de HIV

e Transtornos

Mentais

Criou-se um

protocolo

mínimo para

atendimento

multiprofissional

e a equipe

estabeleceu

rotina de

procedimentos

multiprofissionais

para

atendimento.

Execução das

Ações de Saúde

envolvendo todos

os membros da

Equipe.

Reuniões regulares

com todos os

membros para

discussão de casos

e ajustes de

conduta.

Cognitivos: conhecimento sobre o tema e

sobre metodologia e documentos de

referência da Coordenadoria de Saúde da

SAP e do Ministério da

Saúde/Organizacionais: organização da

agendas e adequação dos fluxos de

trabalho/Políticos: articulação entre os

setores de saúde e segurança e adesão

dos profissionais, apoio dos diretores da

área de saúde e Segurança e do Diretor

geral da Unidade Prisional e mobilização

dos atores.

Page 47: JOSÉ RICARDO PORTELA

46

Tabela 5:Identificação dos recursos Críticos

Operação /Projeto Recursos Críticos

Desenvolver a Integração da equipe nas ações de

Saúde.

Políticos: articulação entre os setores de saúde e

segurança e adesão dos profissionais, apoio do Gestor

da Unidade Prisional e mobilização dos atores.

Aumentar o nível de informação e conhecimento da

equipe sobre as Políticas Públicas de saúde do Sistema

Prisional

Organizacionais: convidar palestrantes Políticos:

articulação e entre os setores de saúde e segurança e

mobilização dos atores.

Financeiros: Transporte(palestrante)

Rever práticas e paradigmas conceituais do modelo de

saúde

Organizacionais: convidar palestrantes/Políticos:

articulação entre os setores de saúde e segurança e

adesão dos profissionais, apoio dos diretores da área

de saúde e Segurança e do Diretor geral da Unidade

Prisional e mobilização dos atores. Financeiro:

transporte (palestrante).

Organizar e padronizar os procedimentos, fluxo das

ações, a assistência, prevenção dentro da perspectiva

da Atenção Integral a Saúde dos portadores de HIV e

Transtornos Mentais

Cognitivos: conhecimento sobre o tema e sobre

metodologia e documentos de referência da

Coordenadoria de Saúde da SAP e do Ministério da

Saúde/ Políticos: articulação entre os setores de saúde

e segurança e adesão dos profissionais, apoio dos

diretores da área de saúde e Segurança e do Diretor

geral da Unidade Prisional e mobilização dos atores.

Page 48: JOSÉ RICARDO PORTELA

47

Tabela 5:Analise da Viabilidade do Plano.

Operação/Projeto Recursos Críticos Controle de Recursos críticos Operações

Estratégicas Ator que Controla Motivação

Desenvolver a

Integração da equipe

nas ações de Saúde.

Políticos: articulação entre os

setores de saúde e segurança e

adesão dos profissionais, apoio

do Gestor da Unidade Prisional e

mobilização dos atores.

1-Diretor Geral

2-Diretor do

CRAS*

3-Diretor do

NAS.**

4-Profissionais de

Saúde.

1-Favorável

2-Favorável

3-Indiferente

4-Indiferente

Apresentar o

projeto e

recomendações

dos órgão oficiais

da saúde e da

execução penal.

Aumentar o nível de

informação e

conhecimento da

equipe sobre as

Políticas Públicas de

saúde do Sistema

Prisional

Organizacionais: convidar

palestrantes Políticos:articulação

e entre os setores de saúde e

segurança e mobilização dos

atores. Financeiro:transporte

(palestrante)

1-Diretor Geral

2-Diretor CSD***.

3-Diretor NAS

4-Diretor CRAS

1-Favorável

2-Indiferente

3-Indiferente

4- Favorável

Apresentar o

projeto e

recomendações

dos órgão oficiais

da saúde e da

execução penal.

Rever práticas e

paradigmas

conceituais do modelo

de saúde

Organizacionais: convidar

palestrantes/Políticos:

articulação entre os setores de

saúde e segurança e adesão dos

profissionais, apoio dos

diretores da área de saúde e

Segurança e do Diretor geral

da Unidade Prisional e

mobilização dos atores. Financeiro:transporte

(palestrante)

1-Diretor Geral

2-Diretor CSD***.

3-Diretor NAS

4-Diretor CRAS

1-Favorável

2-Indiferente

3-Indiferente

4- Favorável

Apresentar o

projeto e

recomendações

dos órgão oficiais

da saúde e da

execução penal.

Organizar e padronizar

os procedimentos,

fluxo das ações, a

assistência, prevenção

dentro da perspectiva

da Atenção Integral a

Saúde dos portadores

de HIV e Transtornos

Mentais

Cognitivos: conhecimento sobre

o tema e sobre metodologia e

documentos de referência da

Coordenadoria de Saúde da SAP

e do Ministério da Saúde/

Políticos: articulação entre os

setores de saúde e segurança e

adesão dos profissionais, apoio

dos diretores da área de saúde e

Segurança e do Diretor geral da

Unidade Prisional e mobilização

dos atores.

1-Diretor Geral

2-Diretor do

CRAS*

3-Diretor do

NAS.**

4-Profissionais de

Saúde.

1-Favorável

2-Favorável

3-Indiferente

4-Indiferente

Apresentar o

projeto e

recomendações

dos órgão oficiais

da saúde e da

execução penal.

*Centro de Reintegração e Atendimento à Saúde, ** Núcleo de Atendimento à Saúde, *** Centro de

Segurança e Disciplina.

Page 49: JOSÉ RICARDO PORTELA

48

Tabela 6: Definições de Responsáveis Pelas Operações do Plano

Operações Resultados Produtos Operações

Estratégicas

Responsável Prazo

Desenvolver a

Integração da

equipe nas

ações de Saúde.

Equipe mais

esclarecida sobre

as atribuições e

importância de

cada membro

para as ações em

Atenção Básica da

Saúde.

a)Planejamento

das Ações de

Saúde envolvendo

todos os membros

da Equipe.

b)Reuniões

regulares com

todos os membros

para monitorar as

ações.

Apresentar o

projeto e

recomendações

dos órgão oficiais

da saúde e da

execução penal.

José Ricardo

(há verificar

possíveis

parceiros)

a)3 meses para o

inicio da atividade

e termino 2

meses.

b)Inicio em 5

meses e

finalização 11

meses.

Aumentar o

nível de

informação e

conhecimento

da equipe sobre

as Políticas

Públicas de

saúde do

Sistema

Prisional

Equipe mais

informada sobre

as políticas

Pública de

Saúde.

Capacitação dos

profissionais da

equipe de Saúde

da unidade

Prisional.

Apresentar o

projeto e

recomendações

dos órgão oficiais

da saúde e da

execução penal.

José Ricardo

(há verificar

possíveis

parceiros)

3 meses para

o inicio da

atividade e

termino 3

meses.

Rever práticas e

paradigmas

conceituais do

modelo de

saúde

Equipe mais

consciente de

sua pratica e

papel dentro da

política Pública

de Saúde.

Facilitação do

desenvolvimento

do trabalho

interdisciplinar e

multiprofissional

na equipe

Apresentar o

projeto e

recomendações

dos órgão oficiais

da saúde e da

execução penal.

José Ricardo

(há verificar

possíveis

parceiros)

3 meses para

o inicio da

atividade e

termino em 2

meses.

Organizar e

padronizar os

procedimentos,

fluxo das ações,

a assistência,

prevenção

dentro da

perspectiva da

Atenção Integral

a Saúde dos

portadores de

HIV e

Transtornos

Mentais

Criou-se um

protocolo mínimo

para atendimento

multiprofissional

e a equipe

estabeleceu rotina

de procedimentos

multiprofissionais

para atendimento.

a)Execução das

Ações de Saúde

envolvendo todos

os membros da

Equipe.b)Reuniões

regulares com

todos os membros

para discussão de

casos e ajustes de

conduta.

Apresentar o

projeto e

recomendações

dos órgão oficiais

da saúde e da

execução penal.

José Ricardo

(há verificar

possíveis

parceiros)

a)3meses para o

inicio da atividade

e termino 5

meses.

b)Início daqui

5meses e

finalização 11

meses.

Page 50: JOSÉ RICARDO PORTELA

49

Tabela 7: Gestão do Plano

Produtos Responsável Prazo Situação Atual Justificativa Novo prazo

Planejamento

das Ações de

Saúde

envolvendo

todos os

membros da

Equipe

José Ricardo

3 Meses

Reuniões

regulares com

todos os

membros para

monitorar as

ações.

José Ricardo

5 Meses

Capacitação

dos

profissionais

da equipe de

Saúde da

unidade

Prisional.

José Ricardo

3 Meses

Facilitação do

desenvolvimento

do trabalho

interdisciplinar

e

multiprofissional

na equipe

José Ricardo

3 Meses

Execução das

Ações de Saúde

envolvendo

todos os

membros da

Equipe.

José Ricardo

3 Meses

Reuniões

regulares com

todos os

membros para

discussão de

casos e ajustes

de conduta.

José Ricardo

5 Meses