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capítulo I PetIção InIcIal de ação ordInárIa SUMÀRIO: 1. Considerações gerais – 2. Elementos da ação: 2.1. Partes; 2.2. Causa de pedir; 2.3. Pedido (terceiro elemento da ação) – 3. Requisitos da petição inicial – 4. Modelo de petição inicial: 4.1. Petições iniciais referentes a ações pelo rito ordinário – 5. A questão do endereçamento – 6. Estudo de casos: 6.1. Modelo; 6.2. Outros modelos; 6.3. Outras questões para treino; 6.4. Gabarito das questões de treino. 1. CONSIDERAÇÕES GERAIS Os Editais do Exame da Ordem e de concursos públicos em geral prevê- em a “petição inicial” dentre as peças prático-profissionais a serem cobradas nesses certames. Ao se referir a “petição inicial” parece-nos que esses Editais querem con- siderar aquela petição inicial correspondente à ação ordinária, ou seja, da- quelas ações que não têm um rito específico. Para fins didáticos, vamos considerar nesse trabalho a expressão “pe- tição inicial” como um gênero das quais são “espécies” as ações ordinárias (ações de reparação, de cobrança, anulatória, dentre outras tantas), assim com as ações de desapropriação, ação popular, mandado de segurança, ha- beas data, mandado de injunção, ou seja, aquelas com ritos específicos, pre- vistos em leis próprias. Isto porque todas as “petições iniciais” correspondentes a essas ações têm como base para sua elaboração os art. 282 e 283 do CPC que, como se sabe, estabelece expressamente os requisitos da petição inicial (exata- mente como um gênero), os quais devem ser fielmente seguidos quando da elaboração da sua peça profissional, seja ela qual for. Com efeito, o próprio Código de Processo Civil cuida de estabelecer nes- ses artigos um verdadeiro roteiro prático para elaboração da petição ini- cial, que nos servirá como importante guia de estudo, o qual será utilizado durante a sua prova. 2. eleMentos da ação Antes de vermos os requisitos para a elaboração de uma petição inicial, cumpre lembrarmos dos elementos da ação, no sentido de possibilitar uma visão geral sobre o tema “ação”, sendo que é a petição inicial que inicia toda a movimentação da máquina jurisdicional estatal, ante o princípio da inércia da jurisdição (arts. 2º e 262/CPC). São elementos da ação as partes; a causa de pedir e os pedidos.

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capítulo IPetIção InIcIal de ação ordInárIa

SumÀriO: 1. Considerações gerais – 2. Elementos da ação: 2.1. Partes; 2.2. Causa de pedir; 2.3. Pedido (terceiro elemento da ação) – 3. Requisitos da petição inicial – 4. Modelo de petição inicial: 4.1. Petições iniciais referentes a ações pelo rito ordinário – 5. A questão do endereçamento – 6. Estudo de casos: 6.1. Modelo; 6.2. Outros modelos; 6.3. Outras questões para treino; 6.4. Gabarito das questões de treino.

1. cOnSiDerAçõeS gerAiSOs Editais do Exame da Ordem e de concursos públicos em geral prevê-

em a “petição inicial” dentre as peças prático-profissionais a serem cobradas nesses certames.

Ao se referir a “petição inicial” parece-nos que esses Editais querem con-siderar aquela petição inicial correspondente à ação ordinária, ou seja, da-quelas ações que não têm um rito específico.

Para fins didáticos, vamos considerar nesse trabalho a expressão “pe-tição inicial” como um gênero das quais são “espécies” as ações ordinárias (ações de reparação, de cobrança, anulatória, dentre outras tantas), assim com as ações de desapropriação, ação popular, mandado de segurança, ha-beas data, mandado de injunção, ou seja, aquelas com ritos específicos, pre-vistos em leis próprias.

Isto porque todas as “petições iniciais” correspondentes a essas ações têm como base para sua elaboração os art. 282 e 283 do CPC que, como se sabe, estabelece expressamente os requisitos da petição inicial (exata-mente como um gênero), os quais devem ser fielmente seguidos quando da elaboração da sua peça profissional, seja ela qual for.

Com efeito, o próprio Código de Processo Civil cuida de estabelecer nes-ses artigos um verdadeiro roteiro prático para elaboração da petição ini-cial, que nos servirá como importante guia de estudo, o qual será utilizado durante a sua prova.

2. eleMentos da açãoAntes de vermos os requisitos para a elaboração de uma petição inicial,

cumpre lembrarmos dos elementos da ação, no sentido de possibilitar uma visão geral sobre o tema “ação”, sendo que é a petição inicial que inicia toda a movimentação da máquina jurisdicional estatal, ante o princípio da inércia da jurisdição (arts. 2º e 262/CPC).

São elementos da ação as partes; a causa de pedir e os pedidos.

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2.1. partes Se divide em autor (aquele que pede) e réu (aquele contra quem se pede).

2.2. causa de pedir Bifurca-se em causa de pedir remota e causa de pedir próxima.O entendimento da causa de pedir é essencial para se apurar a técnica de

elaboração da petição inicial.Pois bem!Para efeitos práticos, considere a causa de pedir remota como sendo

a relação jurídica que liga o autor ao réu, e a causa de pedir próxima como sendo a quebra, ou seja, a ruptura, dessa relação jurídica.

Em todas as petições iniciais se inicia a indicação “dos fatos” narrando justamente a causa de pedir remota, atrelando-a, logo em seguida, à causa de pedir próxima.

Citando um exemplo, se um cliente lhe procura para propor uma ação de despejo face ao não pagamento dos aluguéis por parte de um inquilino, a narrativa dos “FATOS” iniciará justamente informando ao juiz qual o título ou fato que uniu, antes da demanda, o autor ao réu.

Assim, a narrativa seria: “O autor é proprietário do imóvel ‘x’ tendo, nes-ta condição, o locado ao réu, conforme contrato em anexo”.

E a ruptura dessa relação jurídica, ou seja, a causa de pedir próxima é indicada sempre por uma conjunção adversativa, tais como “Ocorre que...”; “Acontece, porém, que...”, “Sucede, entretanto, que...”.

Para a hipótese acima seria o caso de se utilizar: “Ocorre que o réu não vem pagando os aluguéis devidos.”.

Observe que se não houvesse essa ruptura não haveria razão para o au-tor demandar em juízo, faltando-lhe, pela ausência da causa de pedir, uma das condições da ação, consistente no interesse processual.

Imagine como seria ilógica a seguinte hipótese frente ao exemplo acima tratado:

“DOS FATOSO autor é proprietário do imóvel ‘x’ tendo, nesta condição, o locado ao réu, conforme contrato em anexo.Ocorre que o réu vem pagando corretamente os aluguéis devidos.”

Ou seja, seria o caso de se perguntar, já que os aluguéis estão sendo pa-gos prontamente o que pretende o autor com a propositura desta ação?! Qual a causa do Autor ir a Juízo se a relação jurídica não enfrentou qualquer ruptura?! Qual seria a sua “causa de pedir”?!

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Em termos didáticos e direcionando este estudo para a preparação para a prova prática, quando da elaboração da sua peça prático-profissional, a causa de pedir remota consistirá na história narrada no enunciado da ques-tão e a causa de pedir próxima representará, como se disse, em “algo de er-rado”, que implica na quebra dessa relação jurídica, pelo que se fez neces-sário a contratação de um(a) advogado(a) para a defesa dos interesses do autor em juízo.

Tenho certeza que o leitor identificará com muita facilidade esses dois itens em todos os enunciados que lhes sejam apresentados para a elabora-ção das peças prático-profissionais.

Façamos, ainda, mais um treino, a título de exemplificação:

Æ OAB RIO GRANDE DO NORTE/2000.2

PEÇA PROFISSIONAL

Em decorrência de enchentes que assolaram o Nordeste do país, o Esta-do do Rio Grande do Norte adquiriu, sem prévio procedimento licitató-rio, grande quantidade de alimentos da empresa CELEIRO LTDA. a fim de distribuir aos desabrigados, mediante contrato firmado entre a empresa e o Secretário Estadual de Defesa Civil. Advindo o prazo estipulado para o pagamento, 23.02.00, no valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), o poder público recusou-se a fazê-lo, argumentando para tanto que o contrato firmado não tem valor legal por haver sido celebrado por auto-ridade incompetente e sem a observância do requisito previsto em lei, concernente a procedimento licitatório. Procurado pela empresa, ajuíze a medida que entender cabível em seu prol.

De acordo com esse enunciado, teremos, portanto:

Causa de pedir remota: Em decorrência de enchentes que assolaram o Nordeste do país, o Estado do Rio Grande do Norte adquiriu, sem pré-vio procedimento licitatório, grande quantidade de alimentos da em-presa CELEIRO LTDA. a fim de distribuir aos desabrigados, mediante con-trato firmado entre a empresa e o Secretário Estadual de Defesa Civil.

Causa de pedir próxima: Ocorre que, Advindo o prazo estipulado para o pagamento, 23.02.00, no valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), o poder público recusou-se a fazê-lo, argumentando para tan-to que o contrato firmado não tem valor legal por haver sido celebra-do por autoridade incompetente e sem a observância do requisito previsto em lei, concernente a procedimento licitatório.

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2.3. pedido (terceiro elemento da ação)

Aquilo que se busca como resultado do provimento jurisdicional. Obvia-mente que há uma estreita ligação entre a causa de pedir; a fundamentação jurídica e o pedido, sendo este o resultado pretendido pelo autor para a sa-tisfação dos seus interesses.

O “pedido” se divide em pedido imediato e pedido mediato, sendo aquele, de cunho processual, correspondente à resposta judicial (prestação jurisdicional) e este, representando o “bem da vida”, ou seja, aquilo que sa-tisfaz, plenamente, os interesses do autor.

Ainda numa visão pragmática do nosso estudo para elaboração da pe-tição inicial vamos considerar o pedido imediato como sendo o pedido para que o juiz dê “provimento ao pedido” e o pedido mediato será sempre iniciado através da preposição “para”, onde o Examinando deverá indicar, com a maior precisão possível, o que pretende o autor no caso abordado na questão.

E a pretensão do autor constará do próprio enunciado da questão.

Na realidade, por mais que se tente camuflar, é praticamente inevitável para quem elabora o enunciado da peça prático-profissional esconder o pe-dido (o bem da vida que você indicará para satisfazer a pretensão do seu cliente).

Aliás, é justamente esse pedido que especifica a peça profissional mais adequada para cada questão, razão pela qual o leitor deve dedicar especial atenção a esse item que, mais do que um simples ponto na avaliação da sua prova, pode valer a escolha da peça elaborada no Exame de Ordem ou no concurso público.

Ao longo desse trabalho, quando estudarmos as demais petições iniciais submetidas a ritos específicos (a exemplo do mandado de segurança, ação popular, habeas data etc.), veremos as principais dicas para extrair do enun-ciado da questão a peça profissional mais adequada a cada situação que lhe seja apresentada.

Portanto, para a elaboração do pedido definitivo, temos o seguinte “pra-to”:

“PEDIDOS

Em face do exposto, requer a Vossa Excelência a procedência dos pedidos, para...”, sendo que, nesse momento, você especifica o que o autor pretende, naturalmente de acordo como o enunciado da própria questão.

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3. reQuIsItos da PetIção InIcIal

Vistos esses relevantes aspectos relacionados aos elementos da ação (base para a elaboração de qualquer petição inicial – seja submetida ao rito ordinário, seja a ritos especiais), vamos abordar os dispositivos do Código de Processo Civil, notadamente os arts. 282 e 283, que, dentre outros, esta-belecem os requisitos da petição inicial, os quais, como já dito, funcionam como verdadeiro roteiro para a elaboração de qualquer petição inicial, in-clusive daquelas ações submetidas a ritos específicos.

Estabelece o CPC:TÍTULO VIII

DO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO

CAPÍTULO I

DA PETIÇÃO INICIAL

SEÇÃO I

dos reQuIsItos da PetIção InIcIal

Art. 282. A petição inicial indicará:

I – o juiz ou tribunal, a que é dirigida; [ou seja, o endereçamento da peça]

II – os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu; [isto é: a qualificação das partes]

III – o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; [quando da elaboração das peças vamos dividir esse requisito em dois tópicos: “DOs FatOs” e “DO DireitO”]

IV – o pedido, com as suas especificações; [observar o nosso “prato” quanto a esse item].

V – o valor da causa [que será indicada com “três pontos” (...) ou de acor-do com o enunciado da questão];

VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; [requerimento de produção de provas];

VII – o requerimento para a citação do réu. [deveremos observar a dica que nos dá o art. 285 do cPc para a formulação desse requerimento].

Art. 283. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação. [indicação da juntada de documentos em anexo].

Art. 285. Estando em termos a petição inicial, o juiz a despachará, ordenan-do a citação do réu, para responder; do mandado constará que, não sendo contestada a ação, se presumirão aceitos pelo réu, como verdadeiros, os fatos articulados pelo autor. [ou seja, aplicação dos efeitos da revelia]

Há que observar, ainda, o disposto nos arts. 37 (1ª parte); 39, I e 20 do CPC, que igualmente devem ser indicadas na petição inicial, literis:

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Art. 37. Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar em juízo. Poderá, todavia, em nome da parte, intentar ação, a fim de evitar decadência ou prescrição, bem como intervir, no processo, para praticar atos reputados urgentes. Nestes casos, o advogado se obrigará, in-dependentemente de caução, a exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável até outros 15 (quinze), por despacho do juiz. [mencionar a presença, em anexo, do instrumento de mandato]Art. 39. Compete ao advogado, ou à parte quando postular em causa pró-pria:I – declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço em que recebe-rá intimação; [menção ao endereço do advogado]Art. 20. A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorários advocatícios. Essa verba honorária será de-vida, também, nos casos em que o advogado funcionar em causa própria. [condenação do vencido nos ônus da sucumbência]

pronto! Apenas com a observância desses dispositivos1 está completo o guia para a elaboração da sua petição inicial!

Vamos estudar abaixo um “prato” (modelo) elaborado apenas seguin-do-se os requisitos indicados pelo cpc nos dispositivos supra.

Veja o leitor que não deve se preocupar com qualquer memorização de “pratos”, bastando a leitura do seu CPC (que lhe acompanhará no dia da avaliação) para a elaboração da sua petição inicial de uma ação ordinária (de reparação, de cobrança, para anulação, para a reintegração em cargo público etc.).

O que tiver que ser preenchido no “prato” será de acordo com o enuncia-do da questão (que trará os “fatos”, ou seja, a causa de pedir remota e a causa de pedir próxima) assim como a fundamentação, que deverá ser extraída do seu material de consulta (leis e súmulas constantes do seu material de con-sulta: Vade Mecum e coletâneas de Legislação Administrativa).

4. Modelo de PetIção InIcIal

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ... (art. 282, I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida)

(10 linhas)

Nome, prenome, estado civil, profissão, domicílio e residência... (Art. 282. II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu), por seu advogado, instrumento de mandato em anexo (Art. 37. 1ª parte), com escritório na... (Art. 39. I - Compete ao advogado:

1. Que o leitor poderá destacar no seu próprio C.P.C.;

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declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço em que receberá intimação), vem perante V. Exa., propor AÇÃO ORDINÁRIA contra Nome, prenome, estado civil, profissão, domicílio e residência... (Art. 282. II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu), pelos fatos e fundamentos jurídicos abaixo (Art. 282. III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido):

DOS FATOS (Art. 282. III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido)

Conta a história narrada no enunciado da questão, ou seja, a causa de pedir remota.

Indica, por meio de expressão como “Ocorre que”, a causa de pedir próxima, ou seja, a quebra da relação jurídica

DO DIREITO (Art. 282. III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido)

Aqui deverá ser indicada a fundamentação, valendo-se da lei, dos princípios e das súmulas.

DOS PEDIDOS

Em face do exposto, requer a V. Exa.:

a) A citação do Réu para contestar a ação, sob pena de serem pre-sumidos como verdadeiros os fatos articulados pelo autor (Art. 282. VII - o requerimento para a citação do réu e Art. 285. Estando em termos a petição inicial, o juiz a despachará, ordenando a citação do réu, para res-ponder; do mandado constará que, não sendo contestada a ação, se presu-mirão aceitos pelo réu, como verdadeiros, os fatos articulados pelo autor);

b) Sejam julgados procedentes os pedidos, para (Art. 282. IV - o pedido, com as suas especificações);

c) A condenação do Réu nos ônus da sucumbência (art. 20);

d) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos, especificamente prova documental (Art. 282. VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados);

e) A juntada dos documentos em anexo (Art. 283. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação);

Dá à causa o valor de... (Art. 282. V - o valor da causa)

P. deferimento.

Local..., data...

Advogado...

OAB...

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4.1. petições iniciais referentes a ações pelo rito ordinário

Visto o modelo (“prato”) acima, com base no qual vamos elaborar TODAS as nossas petições iniciais, vamos tratar mais detalhadamente sobre as pe-ças mais comuns de serem cobradas pelo rito ordinário.

Geralmente as ações ordinárias cobradas no exame e em concursos se-rão ou ações ordinárias de reparação (ou indenização), ou ações ordinárias de cobrança. Também é possível uma ação ordinária para a reintegração de um servidor no cargo público. O examinado não precisa se preocupar com o “nome” que atribuirá à ação, bastando que demonstre se tratar de “ação ordinária”, uma vez que o que importará será o pedido (de indenização, cobrança ou reintegração em cargo público, por exemplo).

Apenas para demonstrar como a indicação do “nome” da ação ordinária não tem relevância para efeito de correção da peça, no Exame da Ordem de Minas Gerais realizado em Agosto de 2006 a peça indicava ser uma petição inicial de mandado de segurança, contudo, não sendo mais cabível o uso des-ta medida por força de já ter extrapolado o prazo decadencial de 120 dias instituído do art. 23 da Lei do MS (12.016/09).

O interesse do “cliente” indicado na questão era de ser nomeado no car-go, cabendo, portanto, já que ultrapassado o prazo decadencial do MS, a propositura de uma “ação ordinária”, simplesmente, sem qualquer nome específico, bastando que o candidato, na parte do pedido definitivo, pos-tulasse sua nomeação para o cargo público de que tratava o enunciado da questão.

Mais recentemente, no exame de 2008.2/CESPE a mesma situação se re-petiu, ou seja, não cabia a elaboração de um mandado de segurança por já ter expirado o prazo decadencial, sendo cabível uma ação ordinária, sem que se tivesse que dar qualquer nome (reintegração, anulação de ato etc.).

Não obstante, como se disse, são hipóteses mais comuns as petições ini-ciais de ações ordinárias de reparação (ou indenização) e de cobrança.

Sendo ação de reparação, a base legal para a elaboração da peça são os arts. 37, §6º da Constituição Federal, 43 do Código Civil, e, eventualmente, os arts. 186 e 927 do Código Civil.

No caso de uma ação de cobrança, certamente teremos base jurídica nas disposições da Lei 8.666/93, que tratam sobre os contratos administra-tivos, não se descartando, em algumas situações, os arts. 402/404 e 884, do Código Civil.