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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Registro: 2015.0000815766 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação 1006441-59.2014.8.26.0011, da Comarca de São Paulo, em que é apelante MARIA GORETI FEITOZA DA SILVA (JUSTIÇA GRATUITA), é apelado MARIA LUCIA PONTUAL ALBINO. ACORDAM, em 30ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ANDRADE  NETO (Presiden te sem voto), L INO MACHADO E CARLOS RUSSO. São Paulo, 28 de outubro de 2015. Maria Lúcia Pizzotti RELATOR Assinatura Eletrônica

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PODER JUDICIÁRIOTRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2015.0000815766

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº1006441-59.2014.8.26.0011, da Comarca de São Paulo, em que é apelante MARIAGORETI FEITOZA DA SILVA (JUSTIÇA GRATUITA), é apelado MARIA LUCIAPONTUAL ALBINO.

ACORDAM, em 30ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de SãoPaulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", deconformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ANDRADE NETO (Presidente sem voto), LINO MACHADO E CARLOS RUSSO.

São Paulo, 28 de outubro de 2015.

Maria Lúcia PizzottiRELATOR 

Assinatura Eletrônica

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  PODER JUDICIÁRIO 2

Tribunal de Justiça do Estado de São PauloSeção de Direito Privado

APELAÇÃO Nº 1006441-59.2014.8.26.0011Voto 13064 (yf)

APELAÇÃO Nº 1006441-59.2014.8.26.0011

APELANTES: MARIA GORETI FEITOZA DA SILVAAPELADOS: MARIA LUCIA PONTUAL ALBINOCOMARCA: SÃO PAULO (PINHEIROS)JUIZ SENTENCIANTE: Dr(a). CLAUDIA LIMA MENGE(yf)

EMENTAAPELAÇÃO AÇÃO DE DESPEJO LOCAÇÃORESIDENCIAL INADIMPLEMENTO CONFESSO DIREITOÀ MORADIA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

PROCEDÊNCIA DO PEDIDO.- Inadimplemento confessado, a partir da peça de resistência quedeixou de impugnar os fatos, suscitando questões sem densidade jurídica inteligência do artigo 302, do Código de Processo Civil.O direito à moradia (art. 6º, da CF) consiste em norma programática direcionada ao Estado, impositiva a procedência dademanda face ao inadimplemento dos encargos locatícios artigo9º, III, da Lei n. 8.245, de 1991. Inviável impor à proprietária amanutenção graciosa do contrato, em privilégio à dignidade da pessoa humana risco de violação do direito de propriedade e, principalmente, da dignidade da proprietária;- Manutenção da decisão por seus próprios e bem lançados

fundamentos artigo 252 do Regimento Interno do Tribunal deJustiça de São Paulo;RECURSO NÃO PROVIDO.

Vistos.

Cuida-se de recurso de apelação  interposto contra a r. sentença de fls.

56/58, cujo relatório adota-se, que julgou PROCEDENTE  o pedido inicial, decretando odespejo e condenando a ré ao pagamento dos encargos locatícios inadimplidos, além dascustas e honorários, arbitrados em 10% do valor da condenação. Ressalvada a execuçãodas verbas de sucumbência, nos termos da Lei n. 1.060, de 1950.

Vencida, insurge-se a requerida, Maria Goreti Feitoza da Silva.Afirmou a acuidade da sentença à luz da legislação atinente; pugnando, todavia, pelareforma da sentença “em prol do princípio da dignidade da pessoa humana ”. Reafirmouque não ostenta condições para arcar com os encargos do contrato, requerendo,alternativamente, a concessão de prazo suplementar.

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  PODER JUDICIÁRIO 3

Tribunal de Justiça do Estado de São PauloSeção de Direito Privado

APELAÇÃO Nº 1006441-59.2014.8.26.0011Voto 13064 (yf)

APELAÇÃO Nº 1006441-59.2014.8.26.0011

Regularmente processado, vieram contrarrazões e os autos foram remetidosa este E. Tribunal. Nesta Instância, a tentativa de conciliação restou prejudicada.

É o relatório.

Maria Goreti Feitoza da Silva, ora recorrente, não controverteu os fatosdeduzidos na petição inicial (art. 302, do Código de Processo Civil), tampouco questionou ostermos da sentença (art. 514, inciso II, do CPC). Opostamente, na peça de resistênciaconfessou  o inadimplemento e a acuidade da sentença, apontando que passa por

dificuldades financeiras necessária a manutenção da locação com fundamento nodireito à moradia e na dignidade da pessoa humana.

Nos termos do artigo 23, inciso I, da Lei n. 8.245, de 1991, constituiobrigação  do locatário “pagar pontualmente o aluguel e os encargos da locação” e odescumprimento deste dever enseja a extinção do contrato, conforme estabelecido no artigo9º, inciso III, da Lei de Locações. No caso destes autos, confessado o inadimplemento,impõe-se a procedência da demanda.

Aqui, imperioso destacar que a procedência do pedido de despejo nãosignifica infringência ao direito constitucional  à moradia ou à dignidade da pessoahumana. Nas palavras do Des. Hamid Bdine, “da falta de pagamento dos alugueis eencargos decorre o direito de retomada do imóvel pelo locador, que não pode ter seu direitode propriedade suplantado por uma interpretação distorcida das diretivas constitucionaismencionadas pelo apelante com a clara finalidade de legitimar a sua moradia gratuita emdetrimento da apelada” (TJSP, Ap. n. 0041450-65.2009.8.26.0564 j. 23 de abril de 2014).

Não é lícito supor a restrição ao direito de propriedade da recorrida (locadora-

proprietária), em razão da tutela programática da moradia destinada ao Estado. Não setrata de polarização de dignidade versus propriedade; ilidível a função social e econômica da propriedade em favor da autora, a dignidade do locador também deve ser consideradaespecialmente demonstrada a utilização dos frutos civis como complementação da renda.

Por fim, não merece prosperar o pedido de dilação do prazo  para adesocupação voluntária, porquanto expressamente indicado na lei (art. 63, §1º, alínea 'b',da Lei n. 8.245, de 1991). Ademais, considerando que não há notícia de execuçãoprovisória  em Primeiro Grau, a ré já teve quase um ano de prazo suplementar após asentneça. Destarte, a decisão da R. Primeira Instância deve ser prestigiada, por seus

próprios e bem lançados fundamentos. Para tanto, valho-me do artigo 252 do Regimento

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Tribunal de Justiça do Estado de São PauloSeção de Direito Privado

APELAÇÃO Nº 1006441-59.2014.8.26.0011Voto 13064 (yf)

APELAÇÃO Nº 1006441-59.2014.8.26.0011

Interno deste Egrégio Tribunal de Justiça.

Referido dispositivo estabelece que “Nos recursos em geral, o relator poderálimitar-se a ratificar os fundamentos da decisão recorrida, quando, suficientemente motivada,houver de mantê-la”.

O COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA tem prestigiado esteentendimento quando predominantemente reconhece "a viabilidade de o órgão julgadoradotar ou ratificar o juízo de valor firmado na sentença, inclusive transcrevendo-a no

acórdão, sem que tal medida encerre omissão ou ausência de fundamentação no decisum"(REsp n° 662.272-RS, 2ª Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, j. de 4.9.2007; REsp n°641.963-ES, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, j. de 21.11.2005; REsp n° 592.092-AL, 2ªTurma, Rel. Min. Eliana Calmon, j. 17.12.2004 e REsp n° 265.534- DF, 4ª Turma, Rel. Min.Fernando Gonçalves, j de 1.12.2003).

Por fim, acuso que a matéria não  se confunde com a oposição injustificadaao processamento do feito (art. 17, do Código de Processo Civil). A recorrida poderia ter seimitido na posse do bem, uma vez que o recurso foi regularmente recebido apenas no efeitodevolutivo, e a matéria de defesa encontra respaldo na legislação. Logo, descabida a sançãobuscada, com fulcro no artigo 18, do CPC.

Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.

MARIA LÚCIA PIZZOTTIRelatora