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APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIIVIL. FRATURA DO COTOVELO DO AUTOR. PROVA PERICIAL. CONDUTA DO MÉDICO ADEQUADA. ERRO MÉDICO NÃO COMPROVADO. A responsabilidade do médico, profissional liberal é apurada mediante a verificação da culpa, nas modalidades de negligência, imperícia e imprudência, na esteira do art. 14, § 4º, do CDC, cabendo ao autor comprovar os requisitos da responsabilidade civil, que são o ato ilícito culposo, o dano e o nexo causal entre o ato e o dano causado. No caso dos autos, o perito concluiu como sendo corretos todos os procedimentos realizados pelo demandado, bem como de que o autor não apresenta sequela que o incapacite. Demonstrado que o demandado agiu com zelo no tratamento médico realizado no autor, já que observou os procedimentos médicos previstos pela literatura médica para o tratamento da grave lesão sofrida pelo autor. APELO DESPROVIDO. (TJRS; AC 70030795082; Ijuí; Quinta Câmara Cível; Rel. Des. Romeu Marques Ribeiro Filho; Julg. 24/11/2010; DJERS 02/12/2010) RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO NÃO COMPROVADO. CIRURGIA DE TENOPLASTIA NO 5º DEDO DA MÃO DIREITA. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA CARACTERIZADA. 1. Preliminar rejeitada. Recurso tempestivo. 2. A responsabilidade do estabelecimento médico-hospitalar, mesmo sendo objetiva, depende da comprovação de que houve efetivamente uma falha na prestação de seus serviços. E isso ocorre pela prova da atuação culposa do médico ou de algum outro preposto do hospital. 3. Os demandados lograram êxito em demonstrar a culpa exclusiva da vítima, nos termos do art. 333, inciso II, CPC, combinado com o disposto no art. 6º, inciso VIII, CDC. A perícia técnica revelou que o prognóstico ruim da cirurgia de tenoplastia a que se submeteu a apelante foi resultado da demora em procurar tratamento, bem assim porque não houve aderência da paciente ao tratamento pós- operatório indicado. PRELIMINAR REJEITADA. RECURSO DESPROVIDO. (TJRS; AC 70039613286; Porto Alegre; Nona Câmara Cível; Relª Desª Íris Helena Medeiros Nogueira; Julg. 24/11/2010; DJERS 01/12/2010) RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO. PERFURAÇÃO SEPTAL. OBRIGAÇÃO DE MEIO. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA. NÃO

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APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIIVIL. FRATURA DO COTOVELO DO AUTOR. PROVA PERICIAL. CONDUTA DO MÉDICO ADEQUADA. ERRO MÉDICO NÃO COMPROVADO. A responsabilidade do médico, profissional liberal é apurada mediante a verificação da culpa, nas modalidades de negligência, imperícia e imprudência, na esteira do art. 14, § 4º, do CDC, cabendo ao autor comprovar os requisitos da responsabilidade civil, que são o ato ilícito culposo, o dano e o nexo causal entre o ato e o dano causado. No caso dos autos, o perito concluiu como sendo corretos todos os procedimentos realizados pelo demandado, bem como de que o autor não apresenta sequela que o incapacite. Demonstrado que o demandado agiu com zelo no tratamento médico realizado no autor, já que observou os procedimentos médicos previstos pela literatura médica para o tratamento da grave lesão sofrida pelo autor. APELO DESPROVIDO. (TJRS; AC 70030795082; Ijuí; Quinta Câmara Cível; Rel. Des. Romeu Marques Ribeiro Filho; Julg. 24/11/2010; DJERS 02/12/2010) RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO NÃO COMPROVADO. CIRURGIA DE TENOPLASTIA NO 5º DEDO DA MÃO DIREITA. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA CARACTERIZADA. 1. Preliminar rejeitada. Recurso tempestivo. 2. A responsabilidade do estabelecimento médico-hospitalar, mesmo sendo objetiva, depende da comprovação de que houve efetivamente uma falha na prestação de seus serviços. E isso ocorre pela prova da atuação culposa do médico ou de algum outro preposto do hospital. 3. Os demandados lograram êxito em demonstrar a culpa exclusiva da vítima, nos termos do art. 333, inciso II, CPC, combinado com o disposto no art. 6º, inciso VIII, CDC. A perícia técnica revelou que o prognóstico ruim da cirurgia de tenoplastia a que se submeteu a apelante foi resultado da demora em procurar tratamento, bem assim porque não houve aderência da paciente ao tratamento pós-operatório indicado. PRELIMINAR REJEITADA. RECURSO DESPROVIDO. (TJRS; AC 70039613286; Porto Alegre; Nona Câmara Cível; Relª Desª Íris Helena Medeiros Nogueira; Julg. 24/11/2010; DJERS 01/12/2010)

RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO. PERFURAÇÃO SEPTAL. OBRIGAÇÃO DE MEIO. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA. NÃO CONFIGURADO O DEVER DE INDENIZAR. A responsabilidade do estabelecimento médico-hospitalar, mesmo sendo objetiva, depende da comprovação de que houve efetivamente uma falha na prestação de seus serviços. E isso ocorre pela prova da atuação culposa do médico ou de algum outro preposto do hospital. Na hipótese dos autos, a prova pericial não corroborou as alegações da parte autora, no sentido de que houve negligência do cirurgião. Portanto, os pressupostos da obrigação indenizatória não se configuraram, devendo ser confirmada a sentença de improcedência do pedido indenizatório. RECURSO DESPROVIDO. UNÂNIME. (TJRS; AC 70039573431; Porto Alegre; Nona Câmara Cível; Relª Desª Íris Helena Medeiros Nogueira; Julg. 24/11/2010; DJERS 01/12/2010)

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. PROFISSIONAL DA MEDICINA. DANOS MATERIAIS E MORAIS. CORTE. RUPTURA DO TENDÃO DO DEDO. PERDA DOS MOVIMENTOS. ERRO MÉDICO CONFIGURADO. Na espécie, restou evidenciado que o médico agiu de forma apressada, sem observar os cuidados necessários que o ferimento exigia, haja vista que manipulou a região lesionada sem ao menos solicitar exames complementares, acarretando a contração dos

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dedos da mão da paciente. Prestação de serviço defeituosa caracterizada, pois o médico não adotou as cautelas necessárias, no sentido de proceder a uma avaliação mais detalhada e pormenorizada da extensão da lesão apresentada pela paciente. O médico não deu a solução técnica mais adequada à situação, pois manipulou a lesão e o tendão sem requisitar exames mais detalhados a fim de avaliar a real extensão da lesão. As lesões funcionais foram causadas pelo inadequado procedimento e acompanhamento pós-operatórios prestado à paciente. DANOS MATERIAIS. Pensionamento mensal e vitalício devido a paciente, no valor correspondendo ao percentual da restrição funcional, resultante da má prestação do atendimento médico, incluído o 13º salário e terço de férias. DANOS MORAIS. O abalo moral decorrente da dor, angústia e sofrimento vivenciado pelo paciente, desde o procedimento médico até a recuperação da lesão. São in re ipsa. Verba indenizatória a título de danos morais arbitrada de acordo com os nortes instituídos pela doutrina, sopesando, em especial, o porte econômico do empregador, a extensão do dano (invalidez permanente) e os parâmetros adotados por este Colegiado. DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO APELO, POR MAIORIA. (TJRS; AC 70036448462; Venâncio Aires; Nona Câmara Cível; Rel. Des. Tasso Caubi Soares Delabary; Julg. 24/11/2010; DJERS 01/12/2010)

APELAÇÕES CÍVEIS. RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. CIRURGIA PARA RETIRADA DE CISTO NO OVÁRIO. PERFURAÇÃO DO INTESTINO. INFECÇÃO. ÓBITO. DANOS MATERIAIS E MORAIS COMPROVADOS. 1. No caso em exame, comprovada a relação de consumo no negócio jurídico entabulado entre as partes, viável a inversão probatória quando demonstrada a verossimilhança das alegações ou a hipossuficiência da parte. Inteligência do art. 6º do CDC. 2. Aplica-se a responsabilidade objetiva ao estabelecimento hospitalar, na forma do art. 14, caput, do CDC, o que faz presumir a culpa do nosocômio e prescindir da produção de provas a esse respeito, em razão de decorrer aquela do risco da atividade desempenhada. 3. O Hospital demandado apenas desonera-se do dever de indenizar caso comprove a ausência de nexo causal, ou seja, prove a culpa exclusiva da vítima, fato exclusivo de terceiro, caso fortuito, ou força maior. 4. Não obstante, para imputar a responsabilidade ao hospital, nos termos da legislação consumeirista, tratando-se de demanda que discute a atuação técnica dos médicos que atenderam a falecida, cumpre verificar a ocorrência de culpa pelos profissionais, aos quais se aplica a responsabilidade civil subjetiva, de acordo com o que preceitua o art. 14, § 4º, CDC, de sorte a se aferir o nexo causal. Precedentes do STJ. 5. A obrigação assumida pelo médico é de meio e não de resultado. O objeto da obrigação não é a cura do paciente, e sim o emprego do tratamento adequado de acordo com o estágio atual da ciência, de forma cuidadosa e consciente, o que não se verificou no caso dos autos. 6. Na análise quanto à existência de falha no serviço prestado, bem como da culpabilidade do profissional, o Magistrado, que não tem conhecimentos técnico-científicos atinente à área médica, deve se valer principalmente das informações prestadas na prova técnica produzida. 7. Assiste razão aos autores ao imputar à médica-ré a responsabilidade pelo evento danoso, na medida em que esta realizou cirurgia por procedimento contra-indicado, que culminou com o falecimento da paciente. Da indenização por danos morais 8. Reconhecida a responsabilidade da parte ré pelo evento danoso, exsurge o dever de ressarcir os danos daí decorrentes, como o prejuízo imaterial ocasionado, decorrente da dor e sofrimento da parte autora, em razão da perda de seu ente querido. 9. No que tange à prova do dano moral, por se tratar de lesão imaterial, desnecessária a demonstração do prejuízo, na

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medida em que possui natureza compensatória, minimizando de forma indireta as conseqüências da conduta do demandado, decorrendo aquele do próprio fato. Conduta ilícita das demandadas que faz presumir os prejuízos alegados pela parte autora, é o denominado dano moral puro. 10. O valor da indenização a título de dano moral deve levar em conta questões fáticas, como as condições econômicas do ofendido e do ofensor, a extensão do prejuízo, além quantificação da culpa daquele, a fim de que não importe em ganho desmesurado. Quantum mantido. Da indenização pelos danos materiais 11. É cabível o pagamento de pensão a autora Alayde correspondente a 1/3 dos rendimentos comprovados da vítima, pois demonstrada a contribuição desta à mantença de sua mãe. 12. (TJRS; AC 70035984467; Porto Alegre; Quinta Câmara Cível; Rel. Des. Jorge Luiz Lopes do Canto; Julg. 30/06/2010; DJERS 10/12/2010)

RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO. Perícia que demonstrou que o tratamento médico se deu de forma correta. Obrigação de meio e não de resultado. Não caracterização de qualquer obrigação do Estado em indenizar. Recurso provido. (TJSP; APL 990.10.252546-5; Ac. 4807128; Santo André; Décima Primeira Câmara de Direito Público; Relª Desª Maria Laura Tavares; Julg. 08/11/2010; DJESP 09/12/2010)

DIREITO CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ERRO MÉDICO. PRELIMINAR: VIOLAÇÃO AO ART. 82, I, CPC. MANIFESTAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO EM SEGUNDA INSTÂNCIA. NULIDADE SUPRIDA. MÉRITO: RELAÇÃO ENTRE MÉDICO-PACIENTE. PACTO DE MEIO, SEM GARANTIA DE RESULTADOS ESPERADOS. ASSERTIVA DE ERRO MÉDICO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO CABAL DA CULPA DO MÉDICO. NÃO COMPROVAÇÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ATO OMISSIVO. TEORIA SUBJETIVA. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA A QUO. RECURSO DESPROVIDO. 1. A manifestação do membro do Ministério Público em segunda instância supre a eventual falta na primeira instância. No mais, é a não intimação do Parquet que enseja nulidade do processo e não a ausência de sua manifestação quando lhe foi aberta vista dos autos. 2. A relação entre médico e paciente consubstancia contrato de meio, em que não se garante o resultado. Dessa forma, não se alcançando o efeito esperado, não se há falar de responsabilidade médica. 3. Para responsabilidade civil dos profissionais médicos, se faz necessária a demonstração cabal comprovando que estes agiram de forma negligente, imprudente ou com imperícia, o que não foi atendido no caso vertente. 4. Em se tratando de ato omissivo, embora não haja consenso na doutrina, prevalece na jurisprudência a teoria subjetiva do ato omissivo, de modo a ser possível indenização quando houver culpa do presuposto. 5. Sentença mantida. Recurso desprovido. (TJRR; AC 010.07.167370-0; Relª Desª Tânia Vasconcelos Dias; DJERR 07/12/2010) RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO. PRELIMINAR: CERCEAMENTO DE DEFESA. PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO. NÃO ACOLHIMENTO. MÉRITO: RELAÇÃO ENTRE MÉDICO-PACIENTE. PACTO DE MEIO, SEM GARANTIA DE RESULTADOS ESPERADOS. ASSERTIVA DE ERRO MÉDICO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO CABAL DA CULPA DO MÉDICO NA CONDUÇÃO DOS PROCEDIMENTOS. NÃO COMPROVAÇÃO. REFORMA DA SENTENÇA A QUO. RECURSOS PROVIDOS. FIXAÇÃO DOS ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA. REGRA DA JUSTIÇA GRATUITA. SUSPENSÃO SEGUNDO O PRAZO LEGAL. 1. Nosso sistema processual civil adota o princípio do livre convencimento motivado, não havendo ilegalidade nem cerceamento de defesa na

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hipótese em que o juiz, verificando suficientemente instruído o processo, entender desnecessária a dilação probatória e deixar de ordenar a produção de prova pericial. 2. A relação entre médico e paciente consubstancia contrato de meio, em que não se garante o resultado. Dessa forma, não se alcançando o efeito esperado, não se há falar de responsabilidade médica. 3. Para responsabilidade civil dos profissionais médicos, se faz necessária a demonstração cabal comprovando que estes agiram de forma negligente, imprudente ou com imperícia, o que não foi atendido no caso vertente. 4. Sentença reformada. Recursos providos. 5. Condenação da parte apelada ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, que por se tratar de beneficiária da justiça gratuita impõe-se a suspensão nos termos do art. 12 da Lei nº 1.060/50. (TJRR; AC 0010.02.054673-4; Relª Desª Tânia Vasconcelos Dias; DJERR 26/11/2010)

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE MÉDICA E HOSPITALAR. ERRO MÉDICO. CONJUNTO PROBATÓRIO INCONSISTENTE. ÔNUS DA PROVA. São elementos essenciais da responsabilidade civil subjetiva, nos termos do artigo 186 do Código Civil: ação ou omissão, culpa ou dolo do agente, relação de causalidade e o dano experimentado pela vítima. A ausência de quaisquer destes elementos afasta o dever de indenizar, mormente quando a prova produzida no curso da instrução rechaçou o nexo de causalidade entre a morte da paciente e o tratamento a ela dispensado pelo médico demandado. A responsabilidade dos hospitais, na forma da Lei nº 8. 078/90, passou a ser objetiva, pois na qualidade de prestadores de serviços, devem responder independentemente de culpa pelo serviço defeituoso prestado ou posto à disposição do consumidor. Essa responsabilidade é afastada sempre que comprovada a inexistência de defeito ou a culpa exclusiva do consumidor, ou de terceiro, consoante artigo 14, § 3º, do CODECON. Se o tratamento dispensado à paciente, nas dependências do nosocômio réu foi adequado ao quadro clínico apresentado, fornecendo-lhe as instalações e o suporte pertinentes ao caso, não há de se falar em defeito do serviço prestado. O infortúnio não pode ser atribuído ao profissional. O erro ensejador da reparação civil é aquele que pode ser evitado através de cautela e atenção do médico, ou em obediência às normas recomendadas, sendo este civilmente responsabilizado se existir a comprovada prática culposa. O mau resultado em tratamento médico, de regra, não pode ser atribuído ao médico, ou ao hospital, sem que reste inequívoca a culpa comissiva ou omissiva dos mesmos. (TJMG; APCV 6282866-94.2005.8.13.0024; Belo Horizonte; Nona Câmara Cível; Rel. Desig. Des. Osmando Almeida; Julg. 03/11/2010; DJEMG 06/12/2010)

Antes culpado pelo insucesso de suas interferências sob qualquer condição, o profissional da medicina — sob a égide dos ensinamentos de Platão e Aristóteles - passou a ser responsabilizado não mais pelo resultado em si, mas por sua conduta profissional, por sua atitude de acordo com cada caso concreto.

E é a própria atividade do devedor que se questiona e avalia, posto que é o objeto do contrato. E é esse tipo de obrigação que aparece em todos os contratos de prestação de serviços entre profissionais liberais como advogados, publicitários, médicos, etc. Procedimento médico adequado e condições hospitalares segundo critérios internacionalmente reconhecidos -Ausência de conduta culposa, do médico ou do hospital. Não caracterizado erro médico, ou falha na prestação do serviço

MEDICAMENTO. ABORTO. NEXO DE CAUSALIDADE. AUSÊNCIA. CULPA NÃO CONFIGURADA. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. A responsabilidade dos profissionais liberais é subjetiva, razão pela qual deve ser apurada mediante a verificação de culpa (art. 14, § 4º da Lei nº 8. 078/90).

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No que concerne às obrigações de meio, estas se caracterizam pela obrigação em que o devedor se obriga a usar com prudência e diligência todos os meios necessários e recursos disponíveis para atingir um resultado, contudo, irrelevante a verificação do mesmo. O objeto de tais obrigações é a própria atividade do devedor, ou seja quais foram os meios utilizados para os objetivos almejados, de forma que a inexecução da obrigação se caracteriza pela omissão do devedor em tomar certas precauções sem, entretanto, ter por escopo um resultado final. em regra, a obrigação do médico é de meio, visto que o médico ao tratar de um paciente a este não está imposta a cura do enfermo, mas os meios e formas utilizadas para que se chegue a um resultado satisfatório. Não se questiona o resultado, mas se o profissional agiu de forma diligente e prudente. O médico só poderá ser responsabilizado se deixou de empregar os meios e métodos necessários, próprios e corretos, incorrendo em culpa, seja por negligência, por imprudência ou imperícia, lesando o paciente, é de fundamental importância ressaltar que deverá ser provado que o dano realmente resultou de um ato médico, para que dessa forma se extraia o nexo causai. Consoante afirmado, constitui-se em regra a obrigação do médico ser de meio. A regra comporta exceções: há casos em que o médico responderá por uma obrigação de resultado. É o que ocorre nas cirurgias plásticas, onde as partes convencionaram, previamente ao início do tratamento e da intervenção cirúrgica, a obtenção de um resultado pretendido. Dessa forma, verifica-se que, pelos próprios termos do acordo há uma obrigação de resultado. Nesses casos não há que se falar em comprovação de culpa, recairá o dever de indenizar, com base na obrigação de resultado assumida e não cumprida.

Nesse sentido se manifesta a jurisprudência, como no acórdão cuja ementa vem citada a seguir:

Responsabilidade Civil - Médico - Dano Estético resultante de cirurgia plástica - reconhecimento da responsabilidade contratual em razão de inadimplemento, por assumir o cirurgião obrigação de resultado - admissibilidade.

O dano estético resultante de cirurgia plástica deve ser indenizado pelo médico em razão de inadimplemento contratual, já que assume ele obrigação de resultado (Ap. 102.063-1 -l.a-C.-j. 25.10.1998 - rei. Des. Roque Komatsu. RT, 638:89).