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KPC – O QUE É?
KPC- Klebsiella pneumoniae, faz parte de um grupo de enterobactérias produtora da
enzima carbapenemase (associou-se o nome da enzima ao microrganismo de onde foi
isolada pela primeira vez e onde há maior prevalência), que inativam os
carbapenêmicos (Ertapenem, Imipenem, Doripenem e Meropenem) e outros Beta-
lactâmicos. Surgiu por conta das mutações genéticas, em que a bactéria desenvolveu
resistência aos antibióticos, como mecanismo de sobrevivência. Isso acontece porque
toda bactéria possui uma estrutura genética transferível, chamada plasmídeo, capaz
de se transferir de uma bactéria para outra. Depois de receber esse código genético, a
bactéria que inicialmente era inofensiva, passa a resistir medicações por mais
potentes que sejam. A enzima não é restrita unicamente a uma espécie bacteriana,
podendo ser sintetizada também por outras como a Salmonella entérica, Enterobacter
sp., Enterobacter cloacea e Pseudomonas spp. São bactérias oportunistas atacando
pacientes com quadro de saúde debilitado, gravemente feridos, internados em UTIs e
submetidos a processos invasivos. O uso indiscriminado de antibióticos como
cefalosporinas de 3º geração, fluroquinolonas, além do aumento da incidência de
doenças crônicas, também são fatores de grande relevância. A mortalidade pela KPC
é de 30% a 40% maior em comparação à mortalidade por Klebsiella pneumoniae não
modificada, segundo o diretor da ANVISA.
O fato mais preocupante com relação a enzima KPC é sua capacidade de hidrolisar
todas as cefalosporinas de primeira, segunda e terceira geração e o aztreonam. Além
disso, é comum entre as bactérias que expressam genes para a produção de KPC, a
presença também de genes de resistência a outros antibióticos, principalmente aos da
classe dos macrolídeos e aminoglicosídeos, totalizando resistência a 95% dos
antibióticos existentes no mercado farmacêutico.
Transmissão e Sintomas
Não existem sintomas característicos da infecção pela KPC. Ela se manifesta desde
sintomas leves de uma infecção urinária até graves pneumonias que podem levar ao
óbito. A propagação da bactéria se dá pelo contato intra-hospitalar. Não existe outro
meio de disseminação da bactéria que não seja através da transmissão cruzada pelo
manuseio de pacientes, equipamentos utilizados pela equipe multidisciplinar e objetos
contaminados. Os pacientes de setores fechados (CTI, UTI, etc.), clínica cirúrgica,
transplantados, imunossuprimidos e submetidos á antibioticoterapia por longos
períodos, são os mais propensos a serem infectados. A identificação de bactérias com
KPC se dá através de exames de urina, fezes e antibiogramas solicitados pelo médico
para saber se a bactéria é sensível ou resistente a determinados antibióticos.
Independente se há colonização ou infecção, o paciente deverá ser mantido em
precaução de contato até a alta hospitalar e as visitas devem ser restringidas.
Identificação
A identificação é realizada pelo laboratório que classifica a bactéria após pesquisa
positiva do gene para KPC. Após identificação microbiótica de K. pneumoniae ou
E. coli, a bactéria passa para avaliação da sensibilidade in vitro a Ertapenem,
Meropenem e Imipenem. Caso seja resistente a alguns destes antimicrobianos, em
alguns laboratórios, realiza-se o teste de Hodge modificado ou E-test. Pode haver
resultados discordantes, o ideal seria avaliar o MIC para carbapenêmicos (MIC para
Ertapenem, MIC para Imipenem e mic para Meropenem).
Medidas de controle devem ser implementadas, tais como:
Higienização das mãos para todos os profissionais de saúde, visitantes e
acompanhantes com álcool á 70%;
Enfatizar medidas gerais da prevenção de IRAS no manuseio de dispositivos
invasivos;
Enfatizar as medidas gerais de higienização do ambiente;
Aplicar, durante o transporte intra-institucional e inter-institucional , as medidas
de precauções padrão para os profissionais que entram em contato direto com
o paciente;
Comunicar, no caso de transferência intra-institucional e inter-institucional, se o
paciente é infectado ou colonizado por microrganismos multirresistentes;
Precaução de contato para todos os pacientes com cultura positiva para
enterobactérias resistentes a carbapenem;
Uso racional de antimicrobianos.
A ANVISA instituiu normas para conter a infecção de pacientes hospitalares pela ERC
e é de extrema importância que as mesmas sejam observadas. A primeira é que as
instituições de saúde (públicas e privadas) coloquem a disposição de pacientes,
profissionais de saúde, e visitantes desses locais, bem como todos os profissionais
que estão inseridos no contexto hospitalar, solução alcóolica a 70% em gel para
higienização das mãos; outra medida consiste na obrigatoriedade de retenção de
receitas de antibióticos pelas farmácias.
Tratamento
As opções de tratamento para infecções por KPC não estão definidas e estão
baseadas na suscetibilidade das bactérias aos antimicrobianos. Os principais
antibióticos usados são polimixina B, tigeciclina e amicacina. O problema principal em
nosso meio é a resistência a amicacina e a falta de difusão nos tecidos da tigeciclina
pelo qual a única possibilidade terapêutica real é a polimixina B, a qual tem efeitos
nefrotóxicos e neurotóxicos importantes e pouca difusão no tecido pulmonar.
Diante da poucas alternativas de tratamento sugerimos contactar a CCIH para
discussão da melhor conduta a ser tomada.
Recomendações finais
As infecções hospitalares são frequentes e importantes complicações em pacientes
hospitalizados, aumentando em média de 05 a 10 dias o período de internação e os
custos hospitalares. Neste sentido, seguir as normas da CCIH é fundamental para
diminuirmos a transmissão de germes multirresistentes no HUPE.
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Elaborado pelos residentes de enfermagem:
Enf. André Luiz dos Santos Ferreira
Enf. Edna Santos Fernandes
Enf. Carollyne Gomes de França Valle
Enf. Roberto Corrêa Maffia Farias