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Laura Romeu Behrends ediFüCRS MOVIMENTO AMBIENTALISTA COMO- FONTE MATERIAL DO DIREITO AMBIENTAL

Laura Romeu Behrends - Movimento Ambientalista Como Fonte Material Do Direito Ambiental - Ano 2011

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  • Laura Romeu Behrends

    ediFCRS

    MOVIMENTO AMBIENTALISTA COMO- FONTE MATERIAL DO

    DIREITO AMBIENTAL

  • o movimenio nmBiEninusin co m o fo nte mnTERim d o d ir e it o am biental

  • Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul

    ChancelerDom Dadeus Grings ReitorJoaquim Clotet Vice-ReitorEvilzio Teixeira

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    EDIPUCRSJernim o Carlos Santos Braga - Diretor Jorge Cam pos da Costa - Editor-Chefe

  • LAURA ROMEU BEHRENDS

    o movimenio ambientalista como ronie mnTERim d o d ire ito ambiental

    ediPUCRS

    Porto Alegre, 2011

  • EDIPUCRS, 2011

    CAPA Daniel Motta Behrends

    REVISO DE TEXTO do Autor

    EDITORAO ELETRNICA Rodrigo Valls

    edipucEDIPUCRS - Editora Universitria da PUCRSAv. Ipiranga, 6681 - Prdio 33 Caixa Postal 1429 - CEP 90619-900 Porto Alegre - RS - Brasil Fone/fax: (51) 3320 3711e-mail: [email protected] - www.pucrs.br/edipucrs.

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    B421m Behrends, Laura RomeuO movimento ambientalista como fonte material do

    direito ambiental [recurso eletrnico] / Laura Romeu Behrends. - Dados eletrnicos. - Porto Alegre :EDIPUCRS, 2011.

    87 p.

    Publicao EletrnicaModo de Acesso: ISBN 978-85-397-0117-9 (on-line)

    1. Direito Ambiental. 2. Movimentos Sociais.3. Proteo Ambiental. I. Ttulo.

    CDD 341.347

    Ficha Catalogrfica elaborada pelo Setor de Tratamento da Informao da BC-PUCRS.

    TO D O S O S D IR E ITO S R E SE R VA D O S. P ro ib ida a rep ro du o to ta l ou pa rc ia l, po r qu a lq ue r m e io ou p rocesso , e sp ec ia lm e n te po r s is tem as gr ficos, m icro flm icos, fo tog r fico s , rep rogr ficos, fo no g r fico s , v ide og r ficos . V eda da a m em oriza o e/ou a recu pe ra o to ta l ou parcia l, bem com o a inc lu so de

    q u a lq ue r p a rte desta ob ra em qu a lq ue r s is tem a de p ro cessa m e n to de dados. E ssas p ro ib ie s ap licam -se tam bm s ca ra c te rs tica s g r ficas da ob ra e sua

    ed ito rao . A v io la o do s d ire itos a u to ra is punve l com o c rim e (art. 184 e pa rg ra fos, do C d igo Pena l), com pe na de priso e m ulta , con jun tam e n te com

    busca e ap ree ns o e ind en iza es d ive rsa s (arts. 101 a 110 da Lei 9 .610, de 19 .02.1998, Lei dos D ire itos Au to ra is).

  • Dedico esta obra aos meus pais, tios e avs que tanto apoiaram e incentivaram o meu crescimento profissional.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus toda iluminao. Agradeo o meu tio Jos Alfredo, pelo conselho de cursar Direito, o ambientalista Augusto Carneiro, por ter me emprestado a maioria dos livros para a realizao deste trabalho, o amigo Rogrio Mongelos, por todos os conselhos, e o Professor Doutor Orci Bretanha Teixeira, pela sua orientao.

  • SUMRIO

    Prefcio...................................................................................................9

    1. APRESENTAO........................................................................ 10

    Cano do exlio............................................................................... 13

    2. HISTRIA DO MOVIMENTO AMBIENTALISTA.......................142.1 Perodo colonial brasileiro...........................................................142.2 A evoluo de um pensamento..................................................152.3 1970, o ano das modificaes de atitudes............................... 172.4 Estocolmo, primeiro marco internacional..................................182.5 Agapan...........................................................................................212.6 1980, a dcada da conscientizao ecolgica.........................222.7 Rio 92, segundo marco internacional........................................282.8 COP 3 e o Protocolo de Kyoto..................................................292.9 Sculo XX, o perodo da inrcia................................................30

    2.9.1 Rio + 10, terceiro marco internacional......................31

    O dia da Terra, o Grito da Terra...................................................34

    3. O MOVIMENTO SOCIAL.............................................................353.1 A reflexo do homem diante do desconhecido........................353.2 O incio do movimento social brasileiro - 1970:.........................373.3 O mundo unido, 1970; Estocolmo, primeiro marco internacional..403.4 Ano de 1980, a campanha ambientalista no para.................453.5 Constituio Federal brasileira de 1988.................................. 493.6 Reflexo e interesse: Rio 92, segundo marco internacional...513.7 Sculo XXI, perodo neutro........................................................ 54

  • Juramento de Henrique Luiz Roessler....................................... 58

    4. LEIS, O MANIFESTO SE CONSUMA........................................ 594.1 Brasil, perodo colonial............................................................... 594.2 Anos de 1970: o caos virou lei....................................................614.3 As diretrizes ps-Estocolmo........................................................634.4 Dcada de 1980: novos rumos, novas perspectivas..................674.5 Dcada de 1990: prudncia X progresso................................. 714.6 O futuro do meio ambiente aps a Rio 92................................724.7 Sculo XXI: o ontem a consequncia do hoje......................75

    5. CONCLUSO.................................................................................79

    REFERNCIAS................................................................................. 81

  • PREFCIO

    Devido s grandes modificaes climticas em nosso planeta, ficamos preocupados em como lidar com elas, o que est ocasionando tantas catstrofes e grandes alarmes, partidos em vrias sociedades. necessrio sabermos quando e onde tudo comeou, na histria do Direito Ambiental, para conseguirmos entender os grandes prejuzos - e quando comearam a gerar grandes repercusses - e atravs disso, revert- los, podendo lidar da melhor maneira possvel com a presente situao.

    O movimento ambientalista inspira o sentimento de um povo revoltado com empresas que a cada dia abrem as portas e poluem cada vez mais o meio ambiente, sem culpa, sem remorsos, muitas vezes sem ter conscincia das consequncias de seu ato, pautado em um desejo de soberania.

  • 1. APRESENTAO

    O meio ambiente pede socorro. O homem observa a natureza e no se reconhece nela, a ponto de destru-la sem culpa. Precisamos da natureza para sobreviver, dela tiramos nosso sustento, tanto na alimentao quanto no social. A natureza a fornecedora primria dos recursos essenciais para o desenvolvimento de qualquer projeto. Atravs dela, conseguimos o dinheiro para continuarmos crescendo; desmatamos para desenvolver o potencial da sociedade.

    Quando olhamos para o passado e vemos grandes erros da humanidade, ficamos horrorizados, mas logo justificamos, dizendo que a sociedade no era desenvolvida, ainda no possua um conhecimento, um amadurecimento para tudo que colocava em prtica, por isso os erros, as ignorncias. Mas e hoje, quando os erros ainda persistem, e, s vezes, at mais graves? Ser que a sociedade ainda no aprendeu com o erro do passado?

    Com as consequncias atuais, percebemos, o crescimento, a ganncia, sempre por mais e mais, persistem; todos se solidarizam quando toneladas de peixes morrem nos rios, mas ningum faz nada quando mais uma indstria abre as portas e comea com mais uma poluio atmosfrica. Parece que precisamos de nmeros, de situaes catastrficas, para conseguirmos refletir sobre esse absurdo e tentar mudar uma realidade provocada por ns, que se tornou uma prtica cultural e que hoje fundamental para nossa rotina. No enxergamos outra soluo, outro exerccio que no seja desmatar, construir, progredir e, finalmente, obter o retorno: milhes de reais. Apenas paramos para pensar em outra proposta quando a natureza reage de forma negativa ao nosso ato, caso contrrio prosseguimos sempre em linha reta sem olhar para outros horizontes.

    Desta maneira, onde o mundo vai parar? uma pergunta diria de qualquer homem, um pouco sensvel, em relao a tudo o que est acontecendo. Por sorte, no so poucos os que se revoltam e lutam por justia, por dias melhores. nestes passos que o movimento ambientalista se desenvolveu, criou razes e, hoje, tanto jovens como adultos, protestam para que a natureza seja protegida e suas, raridades preservadas. Um exemplo disto o Greenpeace, e tantas outras ONGs, com propostas incrveis para a preservao da natureza.

  • O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental

    Todo esse evoluir est sendo possvel porque a sociedade est presente constantemente na busca da harmonia, da evoluo de todo um contexto social. Conforme Toennies, "sociedade o grupo derivado de um acordo de vontades, de membros que buscam, mediante o vnculo associativo, um interesse comum impossvel de obter-se pelos esforos isolados dos indivduos. Para que todo o objetivo seja alcanado necessria uma estrutura fundada em propsitos positivos. A interpretao organicista da sociedade pode ser explicada por duas teorias, a teoria orgnica e a teoria mecnica; atravs delas, obtm-se respostas e solues para problemas passados, possibilitando-nos lidar positivamente com fatos futuros, sem a criao de barreiras para a evoluo.

    Atravs da sociedade criamos os movimentos sociais, que representam a luta constante de um povo em busca de melhorias para toda a humanidade, porque a sociedade forma e ordem, ou seja, a base para que a comunidade consiga atingir os objetivos propostos.

    Tudo que importante para a sociedade vira lei, por isso, desde 1916, com o Cdigo Civil Brasileiro, j apresentava sinais de preocupao com o meio ambiente, dispondo no seu antigo Artigo 5841 sobre "a proibio de construes capazes de poluir ou inutilizar para o uso ordinrio a gua de poo ou fonte alheia. Nesta poca ainda no se falava em ambientalistas, mas sim em ecologistas; eram pessoas preocupadas com os maus-tratos dados aos animais. Os primeiros ecologistas so dos EUA. No havia um defensor global, mas sim grupos, cada um com tipos de defesas diferentes. Os que protegiam a vegetao, os que protegiam os animais, os que protegiam a gua.

    Como a matria no se desenvolveu de maneira global, o Cdigo Civil de 1916 a apresentava de forma no aprofundada nem especfica, porque o tema ainda no alcanava as propores que hoje se tem. Por ser vista como infinita, a natureza era usada de qualquer forma; no se tinha cuidados especficos para a utilizao dos recursos, rvores eram cortadas sem ser repostas, animais eram mortos por hobby de caadores, as poluies de fbricas no eram medidas, no havia controle. Para que uma fiscalizao se o bem interminvel? No existia essa necessidade.

    O movimento ecolgico aquele responsvel pela melhoria da qualidade de vida da gerao presente, e pela garantia desta para as geraes futuras. "Foi atravs deste pensamento prtico que na dcada1 Constituio Federal, Cdigo Civil e Cdigo de Processo Civil. 8a. Edio. Porto Alegre: Verbo Jurdico, 2007.

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    de 20,2 foi criado por um rgo federal, o Servio Florestal, para que houvesse a conservao da natureza. Esse foi um marco histrico porque, a partir dele, foram originados outros movimentos, proporcionando a criao de novas instituies, possibilitando a conscientizao de novas pessoas rumo preservao ecolgica. A Sociedade de Amigos das rvores um exemplo disto. Criada em 1930 por Alberto Sampaio, essa sociedade convocou a primeira conferncia brasileira de proteo natureza.

    Ao passo do desenvolvimento, vrias instituies governamentais e no governamentais foram criadas em prol do meio ambiente. Mas o que unificou todo o movimento foi o Roessler.3 Conforme Augusto Carneiro, ambientalista gacho, ele o fundador da ecologia poltica no Brasil. Uma de suas frases de grande impacto foi "a histria universal comprova que os povos que se desfizeram de seus recursos naturais, cujo maior a floresta, empobreceram, se tornaram escravos e desapareceram do mundo.4 Ele nos quis dizer, com essas sbias palavras, que, quando o homem desmata, justificando o ato por causa do progresso, ele est se matando, porque se for destrudo o essencial, o complemento fica de fora.

    O caminhar que fizemos no passado o mesmo do presente, no regredimos em nada, pelo contrrio, cada vez mais andamos aceleradamente para frente; a tecnologia nos fascina, o desenvolvimento nos persegue. Esse pensar no errado, porque o ser humano curioso, mas devemos utilizar toda a nossa racionalidade prudentemente, e isso comea a se tornar presente quando a natureza se manifesta mostrando ao homem seu caminhar torto.

    2 MARCONDES, Sandra Amaral. Brasil, amor primeira vista. So Paulo: Peirpolis, 2005.3 CENTENO, Ayrton Roessler: O primeiro ecopoltico. Porto Alegre: J, 2006.4 Entrevista Augusto Carneiro.

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  • O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental

    Cano do exlio

    Minha terra tem palmeiras,Onde canta o sabi;As aves que aqui gorjeiam,No gorjeiam como l.

    Nosso cu tem mais estrelas, Nossas vrzeas tm mais flores, Nossos bosques tm mais vida, Nossa vida mais amores.

    Em cismar, sozinho, noite,Mais prazer encontro eu l; Minha terra tem palmeiras,Onde canta o sabi.

    Minha terra tem palmeiras,Que tais no encontro eu c;Em cismar - sozinho, noite - Mais prazer encontro eu l; Minha terra tem palmeiras,Onde Canta o sabi.

    No permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para l;Sem que desfrute os primores Que no encontro por c;Sem quinda aviste as palmeiras, Onde canta o sabi.5

    5 DIAS, Gonalves. Coleo Nossos Clssicos. Poesia. 9. Rio de Janeiro: Agiar, 1979 p.11

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  • 2. HISTRIA DO MOVIMENTO AMBIENTALISTA:

    2.1 - Perodo colonial brasileiro:

    A formao cultural do Brasil consequncia da colonizao portuguesa; a percepo que se tinha era de uma natureza infinita; perante essa ideia, iniciou-se o processo de explorao territorial. Sem ter preocupao com os outros habitantes da regio, tais como passarinhos, araras, coelhos... a natureza foi degradada e transformada. Essa base negativa influenciou as futuras geraes brasileiras, porque continuam desmatando e desrespeitando todo um ecossistema, com o intuito de proporcionar a todos melhores condies de vida, gerando empregos e lucros para o governo.

    A maior parte da agresso contra a Natureza, em todo o mundo, tem origem na explorao irracional da terra, que comea com a apropriao injusta e a do Brasil a mais injusta de todas.6

    O deslumbramento de conhecer uma nova terra e explorar suas riquezas encantou demais os velhos aventureiros, a ponto de anularem os moradores das terras e se intitularem donos,7 para terem a possibilidade de explorar sem medo do revs. A ignorncia era tanta que tinham a plena convico de que a natureza renascia: a cada rvore cortada, outra surgia naturalmente. Os colonizadores no conheciam a terra, nem tiveram a chance de conhec-la.

    6 CARNEIRO, Augusto. A Histria do Ambientalismo. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003, p.100.7 Em 22 de abril de 1500 chegavam ao Brasil 13 caravelas portuguesas lideradas por Pedro lvares Cabral. primeira vista, eles acreditavam tratar-se de um grande monte e chamaram-no de Monte Pascoal. No dia 26 de abril, foi celebrada a primeira missa no Brasil. Aps deixarem o local em direo ndia, Cabral, com a incerteza de que a terra descoberta era um continente ou uma grande ilha, alterou o nome para Ilha de Vera Cruz. Aps explorao realizada por outras expedies portuguesas, foi descoberto que se tratava realmente de um continente, e novamente o nome foi alterado. A nova terra passou a ser chamada de Terra de Santa Cruz. Somente depois da descoberta do pau-brasil, ocorrida no ano de 1511, nosso pas passou a ser chamado pelo nome que conhecemos hoje: Brasil. SUA PESQUISA disponvel em: Acesso em: 20 Ago. 2009.

  • O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental

    2.2 - A evoluo de um pensamento:

    No sculo XVII, a preocupao com a natureza j se estabelecia, porque atravs dela era possvel observar as mudanas de todo um meio fsico. O desmatamento descontrolado era uma das transformaes mais visveis, pois capaz de mudar todo um ciclo de vida de uma determinada regio; pssaros migram por no ter mais seus ninhos, consequentemente, toda uma cadeia alimentar a partir das aves se modifica por no encontrar mais, naquela regio, o que dependia para sobreviver. Neste perodo, no existia uma estimativa das consequncias dos atos praticados, por isso estudiosos, notando as modificaes, se dedicam ao tema ambiental. No Brasil, Frei Vicente Salvador um destes, com o seguinte pensamento:

    Pois o pau-brasil no era uma rvore qualquer, mas sim o primeiro elemento da natureza brasileira, possvel de ser explorado em larga escala, para benefcio do mercantilismo europeu.8

    O melhor que o homem pode fazer, para seu benefcio, preservar o que seu, evoluir, se desenvolver, para que seus atos no se tornem catstrofes futuras. A natureza possui caractersticas prprias; se no fosse o homem com rapidez modific-la, ela prpria se transformaria por causa dos efeitos naturais criados por ela mesma. O ser humano agiu rpido, com derrubadas de rvores, com queimadas, aterramento de banhados, fez surgir num breve espao de tempo uma natureza sem vida. Onde havia pssaros, agora s restavam campos imensos. Devido grande derrubada de rvores eles rumaram em busca de um habitat parecido com o anterior em que viviam.

    Em 1939, no auge da navegao fluvial no Rio Grande do Sul, um desconhecido funcionrio da Capitania dos Portos, setor do Rio dos Sinos, So Leopoldo, Henrique Luis Roessler, comeou a se interessar pela defesa da Natureza, de forma pioneira no Brasil, intervindo na caa, pesca, desmatamento, poluio e fazendo Educao Ambiental atravs de boletins.9

    8 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor primeira vista. So Paulo: Peirpolis, 2005, p. 22.9 CARNEIRO, Augusto. A Histria do Ambientalismo. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003, p.15.

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    A terra modificada possibilitou que a agricultura se apossasse do espao, virando grandes campos de plantaes; para que a semente vingasse eram utilizadas substncias qumicas, pois eram muito eficazes no combate a pragas de insetos, devido ao alto ndice de desequilbrio ambiental. Animais antes importantes para a biodiversidade10 comearam a se tornar uma ameaa, e atitudes como criaes de venenos, principalmente o DDT,11 foram utilizadas no combate de enfermidades.

    Tornou-se uma atitude perigosa a utilizao de venenos nas plantas, mas ao mesmo tempo decisiva para o homem; caso no combatesse as pragas, morreria por causa delas. O surto de mosquitos causador da malria foi uma epidemia mundial e at hoje existente na frica.

    Se antes era motivo de preocupao, virou realidade. A vida se modificou com preventivos de pragas na natureza, acabando com certas espcies de vida animal. O homem tambm sente esses malficos efeitos que ele mesmo comps. Almejando lucros, destruiu a natureza e alterou seu mundo.12

    Durante o sculo XX, o mundo viveu uma fase de crescimento, em que o desmatamento e a despreocupao com o meio ambiente representavam o desenvolvimento para o progresso. "Isso porque, a poluio era vista como um mal necessrio .13 Com o grande avano do descaso com a biodiversidade, e os seus efeitos comeando a atingir o homem, foi neste momento, na dcada de 1970, que o mundo comeou a se preocupar com danos causados pela poluio.

    10 a diversidade da natureza viva. Este uso coincidiu com o aumento da preocupao com a extino, observado nas ltimas dcadas do Sculo XX. Pode ser definida como a variedade e a variabilidade existente entre os organismos vivos e as complexidades ecolgicas nas quais elas ocorrem. Ela pode ser entendida como uma associao de vrios componentes hierrquicos: ecossistema, comunidade, espcies, populaes e genes em uma rea definida. BIODIVERSIDADE. in WIKIPDIA. 2009. Disponvel em: Acesso em 23 Ago. 2009.11 o primeiro pesticida moderno largamente usado aps a Segunda Guerra Mundial para o combate dos mosquitos causadores da malria e do tifo. Trata-se de inseticida barato e altamente eficiente a curto prazo, porm a longo prazo, de acordo com a biloga norte-americana Rachel Carson, que denunciou em seu livro Primavera Silenciosa que DDT causava doenas como o cncer e interferia na vida animal causando por exemplo o aumento de mortalidade dos pssaros. DDT. in WIKIPDIA. 2009. Disponvel em: Acesso em 23 Ago. 2009.12 CARSON, Rachel. Primavera Silenciosa. So Paulo: Melhoramentos, 1969.13 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor primeira vista. So Paulo: Peirpolis, 2005, p.131.

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  • O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental

    2.3 - 1970, o ano das modificaes de atitudes:

    Na dcada de 70, no existia o termo "Direito Ambiental, pois ele significa, "o conjunto de normas e princpios tendentes preservao domeio ambiente ecologicamente equilibrado, essencial sadia qualidadede vida.14 Segundo Augusto Carneiro, o que existiam eram ecologistas.15

    O movimento conservacionista surgiu de uma ideia nova: a Ecologia, e, em sua forma e filosofia atuais, muito recente. O que novo, a crise ambiental e, quando esta comeou a se tornar explcita e generalizada, aparecem os idealistas que compreenderam que a luta seria global e que teriam que entrar em ao.16

    Os estudos, nesta poca, eram realizados separados por diferentes esferas da natureza. A defesa mais em voga se realizava em prol dos animais, porque estes eram muito maltratados; um dos maiores defensores dos animais foi o norte-americano Henry David Thoreau. A imprudncia e o descaso fizeram com que, nessa poca, existissem muitos caadores que praticavam atrocidades com animais indefesos, s por mero prazer. "Os animais eram tratados com a maior estupidez, com a maior monstruosidade.17

    No Brasil, Henrique Luis Roessler um dos primeiros ambientalistas, ele defende os animais, as plantas e faz a primeira campanha para a diminuio da poluio. Por ser to presente e preocupado com as atitudes das pessoas, se tornou um alvo fcil diante dos outros, tanto que uma destas um dia lhe enviou um pacote pelo correio, em que constava um pedao de polenta com 11 cabeas de passarinhos e um bilhete annimo, dizendo: "Seu burro, convena-se de que a luta s terminar quando morrer o ltimo passarinho.18

    14 SILVA, De Plcido. Vocabulrio Jurdico. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p.463.15 Ecologia designa a cincia que estuda as relaes dos seres vivos com o meio ambiente. SILVA, De Plcido. Vocabulrio jurd ico. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p.505.16 CARNEIRO, Augusto. A Histria do Ambientalismo. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003, p.17.17 Entrevista realizada com Augusto Carneiro no dia 21 de Janeiro de 2009.18 CENTENO, Ayrtin. Roessler: O primeiro ecopoltico. Porto Alegre: J, 2006, p.67.

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    2.4 - Estocolmo, primeiro marco internacional:

    O ano de 1970 marcado pelo agravamento dos problemas ambientais, pois o perodo das grandes transformaes no mundo. Realiza-se em 1972, a Conferncia de Estocolmo, com o objetivo de criar novas polticas de gerenciamento ambiental. "Por fora das denncias e debates sobre o assunto, a ONU promoveu em 1972, em Estocolmo, uma reunio mundial.19

    A conferncia gerou uma declarao de princpios concernentes a questes ambientais, estabeleceu um plano de ao mundial, pelo qual convoca todos os pases, os organismos das Naes Unidas e todas as organizaes internacionais a cooperarem para a busca de solues para uma srie de problemas ambientais.20

    Nesta conferncia, o Brasil se mostrou muito confiante em relao as suas ideologias, mostrando-se intransigente perante os outros Estados participantes deste encontro. O pas estava to certo de suas atitudes que no se importava com as consequncias da sua irresponsabilidade; na Conferncia, a delegao brasileira se pronunciou assim:

    O Brasil prefere ter um ar menos puro, um solo menos puro, guas menos puras, mas uma indstria que d condies econmicas ao povo e ao governo para se desenvolver.21 A nica preocupao que a poltica brasileira tinha, era de, no ficar aqum dos pases desenvolvidos. Um caso exemplar foi a mortandade de peixes na Ponta do Hermenegildo. A Borregaard nos anos 70, um smbolo do descaso com o ambiente.22

    19 CARNEIRO, Augusto. A Histria do Ambientalismo. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003, p.18.20 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor primeira vista. So Paulo: Peirpolis, 2005, p.189.21 CARNEIRO, Augusto. A Histria do Ambientalismo. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003, p. 65.22 BONES, Elmar. Pioneiros da Ecologia: breve histria do movimento ambientalista do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: J, 2007, p. 35.

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  • O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental

    A conferncia deu origem ao Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente,23 que estimulou a ONU24 a promover regras internacionais para a proteo do mesmo. O programa criado pela conferncia de Estocolmo tem o objetivo de coordenar as aes internacionais de proteo ao meio ambiente. Este programa tem um significado muito grande para todo o mundo, porque ele fez com que diversos pases poluentes criassem conscincia e adotassem mtodos de preservao ao ecossistema, no deixando que, com isso, suas produes diminussem, muito menos seus lucros.

    O planejamento racional constitui importante tema na Declarao de Estocolmo, pois por meio de aes planejadas que se podem verificar os impactos ambientais decorrentes e estabelecer as necessrias medidas para evitar a ocorrncia de danos.25

    Um exemplo desta grande conquista justamente o Brasil; mesmo contrariado com as propostas recebidas em Estocolmo, mais tarde se conscientiza da importncia de sua terra e adota mtodos antipoluentes. "Sirkis afirma que o incio do movimento ecopoltico no Brasil foi marcado pelo episdio da rvore em que, a 25 de janeiro de 1975, o estudante Carlos Dayrell nela subiu, impedindo sua derrubada.26 O mais recente sistema adotado foi no Nordeste, obtendo seu primeiro Centro27 de Regenerao de CFC, onde ocorrer a purificao de gs que danifica a camada de oznio e agrava o efeito estufa. Estocolmo foi o marco das mudanas em todo o mundo, estimulando a criao de novos sistemas ecolgicos e atitudes preventivas.

    Independente da posio adotada pelo Brasil na conferncia, o fato que, logo aps essa reunio, o presi

    23 O PNUMA, estabelecido em 1972, a agncia do Sistema ONU responsvel por catalisar a ao internacional e nacional para a proteo do meio ambiente no contexto do desenvolvimento sustentvel. Seu mandato prover liderana e encorajar parcerias no cuidado ao ambiente, inspirando, informando e capacitando naes e povos a aumentar sua qualidade de vida sem comprometer a das futuras geraes. ONU-BRASIL. Disponvel em: Acesso em: 27 Ago.2009.24 A Organizao das Naes Unidas (ONU) foi fundada oficialmente a 24 de Outubro de 1945 em So Francisco, Califrnia, por 51 pases, logo aps o fim da Segunda Guerra Mundial. ONU-BRASIL. Disponvel em: Acesso em: 27 Ago.2009.25 GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito Ambiental. So Paulo: Atlas, 2009, p.34.26 CARNEIRO, Augusto. A Histria do Ambientalismo. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003, p. 92.27 PNUD. Disponvel em: Acesso em: 27 Ago. 2009.

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  • Laura Romeu Behrends

    dente da Repblica Emlio Garrastazu Mdici assinou o Decreto n 73.030, em 30 de outubro de 1973, que institui a Secretaria Especial do Meio Ambiente e o uso racional dos recursos naturais no Brasil.28

    Esse decreto fez com que milhares de brasileiros mudassem suas atitudes, beneficiando, assim, o meio ambiente. Sua importncia reside no fato de que, a partir dele, foram criadas dezoito estaes ecolgicas, que totalizaram 3,2 milhes de hectares protegidos. Hoje, a Secretaria Especial conhecida como Ministrio do Meio Ambiente; foi criada no governo de Itamar Franco, em 19 de outubro de 1992, e

    Tem como misso promover a adoo de princpios e estratgias para o conhecimento, a proteo e a recuperao do meio ambiente, o uso sustentvel dos recursos naturais, a valorizao dos servios ambientais e a insero do desenvolvimento sustentvel na formulao e na implementao de polticas pblicas.29

    Quando muitos no tinham mais esperanas, j determinando o dia do fim, os seres humanos foram prudentes em seus atos e lideraram a marcha para o progresso. "Eles previram isso porque as agresses eram crescentes, mas de repente nasceu o movimento ecolgico que pede aos governos que criem leis restritivas e as leis evitaram isso.30 Notado o grande desespero, o homem se une e vence. Atravs de pequenos atos a sociedade superou obstculos, criou leis e fundou instituies.

    Os nossos movimentos, em quase todas as manifestaes, so essencialmente polticos. Havendo contnua atividade ecolgica, principalmente reivindicatria, ela sempre poltica e geralmente positiva.31

    Um dos objetivos da manifestao ambientalista a recuperao de espaos degradados; so com atitudes que os resultados positivos

    28 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor primeira vista. So Paulo: Peirpolis, 2005, p.190.29 AMBIENTE Disponvel em: Acesso em: 29 Ago. 2009.30 Entrevista realizada com Augusto Carneiro no dia 21 de Janeiro de 2009.31 CARNEIRO, Augusto. A Histria do Ambientalismo. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003, p.31.

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  • O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental

    so conquistados. Sempre que h conscientizao, os impactos negativos so reduzidos; por isso os efeitos aparecem em grande escala.

    O Instituto Florestal foi criado em 26 de janeiro de 1970 pelo Decreto n 52.370. Tem entre seus objetivos a proteo, a pesquisa, a recuperao e o manejo da biodiversidade e do patrimnio natural e cultural a ela associados.32

    Este instituto sediado em So Paulo foi pioneiro no pas, pois criou mecanismos avanados para a preservao do meio ambiente, sendo seus estudos e tecnologias repassados para a esfera federal. Instituto que possui at hoje atividades ligadas pesquisa e meios de desenvolvimento para melhor adequao de nossos avanos cientficos, sem prejudicar o meio fsico.

    No dia 29 de abril de 2009, foi aprovado o Plano33 de Manejo de Estao Ecolgica de Assis.

    2.5 - Agapan:

    No Rio Grande do Sul, no dia 27 de abril de 1971, em Porto Alegre, foi criada a Associao Gacha de Proteo ao Ambiente Natural (Agapan), sendo seu principal fundador Jos Lutzenberger, para a "conscientizao ecolgica e a luta, por meio de todos os meios legais possveis, pela preservao do patrimnio natural.34 Ter lgica em seus atos, respeitar o prximo e ser apaixonado pelos encantos da sua terra so atitudes bsicas de um povo consciente e idealizador de um futuro melhor.

    Assim, no curso de todas as culturas humanas, mais cedo ou mais tarde, surgem as tendncias de proteo ativa da Natureza; um povo que se descuidasse

    32 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor primeira vista. So Paulo: Peirpolis, 2005, p. 191.33 uma atualizao do Plano original elaborado em 1995, ao qual foram agregadas informaes detalhadas sobre os solos e a fauna, para os quais as informaes originais eram deficientes. Para esses levantamentos, o Instituto Florestal contou com recursos de compensao ambiental da ATE - Transmissora de Energia S/A. IFLORESTAL Disponvel em: Acesso em: 30 Ago. 200934 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor primeira vista. So Paulo: Peirpolis, 2005, p. 193.

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    desse elemento, teria falta de um requisito essencial da verdadeira cultura humana total, e indigno da terra, como que a prdiga mo do Criador o presenteou.35

    Henrique Luis Roessler, h 42 anos, advertia que o problema do desmatamento descontrolado era a contnua mudana de ministros, escolhidos por causa de alianas partidrias e no por terem competncia para o exerccio de suas atividades. O povo liderado por um ambientalista ferrenho, Jos Lutzenberger, fez a diferena para os gachos, mostrando-lhes os problemas ambientais, obtendo, assim, a conscientizao de muitos para a sua proteo da natureza. A Agapan tornou a luta mais efetiva e de forma justa fez com que o futuro de toda uma nao no ficasse apenas na palavra, e sim que acontecesse de fato. "A histria Universal comprova que os povos que se desfizeram de seus recursos naturais, cujo maior a floresta, empobreceram, se tornaram escravos e desapareceram do mundo.36

    A responsabilidade proporcionou o surgimento de novas geraes. Fica claro que, quando o povo unido, fatos supostamente impossveis tornam-se possveis, e foi justamente isso que aconteceu na sociedade brasileira. No mesmo passar, demonstrando sua angstia a cada rvore cortada, e quanto a cada animal indefeso sendo caado, sem ningum que os protegesse, o homem fez com que direitos antes ignorados fossem observados pela sociedade.

    2.6 - 1980, a dcada da conscientizao ecolgica:

    A conscientizao ecolgica marcou os anos 80. Nesse perodo foi necessria a implantao de uma instituio de planejamento ambiental. Por existirem tantas modificaes no mundo, no era suficiente apenas ter um controle do que cada pas fazia, foi necessria a criao de um planejamento para que os impactos negativos fossem minimizados. "Ler, ler e ler a soluo inicial, s assim poderemos combater os polticos indiferentes ou inimigos declarados.37

    35 CARNEIRO, Augusto. A Histria do Ambientalismo. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003, p.79.36 CENTENO, Ayrton. Roessler, o primeiro ecopoltico. Porto Alegre: J, 2006.37 CARNEIRO, Augusto. A Histria do Ambientalismo. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003, p. 57.

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    Nessa dcada surge o termo reciclagem: "reciclar economizar energia, poupar recursos naturais e trazer de volta ao ciclo produtivo o que jogado fora.38

    O crescimento descontrolado causou o desequilbrio ecolgico; a prepotncia e a ganncia das pessoas fizeram com que ignorassem os aspectos desfavorveis.

    Os primeiros sinais dados apareceram nos anos de 1980, com o aquecimento global, a chuva cida, a desertificao e o buraco na camada de oznio. Em meio a tantos problemas, o Brasil enfrentava manifestaes de seu povo, para conquistar a democratizao no pas. Esta conquista fez com que a Lei da Poltica Nacional do Meio Ambiente entrasse em vigor, em 1981, no governo de Fernando Collor de Mello.

    O perodo de 1980 o pice das manifestaes populacionais, devido ao grande tempo de censura vivido pelos brasileiros na fase da ditadura, dos anos de 1960 e 1970. "Ns no negamos a misria do povo, com a qual o governo convive to bem, como tambm convive apaticamente com a destruio da Natureza e com a poluio.39 O movimento ambientalista torna-se no mais uma manifestao desesperada, atuada por uma populao em prantos, vendo seu fruto partido; agora, significa a colheita dos louros plantados em dcadas passadas. So grupos unidos desenvolvendo trabalhos de conscientizao atravs de aes comunitrias, para a incluso de uma gerao com a outra.

    A legislao ambiental a consequncia dos movimentos humanos, em prol da natureza. Antes da Constituio Federal, uma das leis que regiam a proteo ambiental era a Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispe sobre a Poltica e o Sistema Nacional do Meio Ambiente. Para a complementao da lei eram utilizados o Cdigo Florestal e o Cdigo das guas, entre outros. A Lei maior de 1981 teve grande significado no incio da dcada de 80; props as primeiras aes civis pblicas. Nessa poca, no existia nenhuma lei que disciplinasse essa ao, por isso, "s mais tarde em 1985, com a Lei 7.347, que as aes pblicas passaram a ser utilizadas com eficcia.40

    Nosso movimento ecolgico no contra a indstria, mas devemos pensar na funo social das indstrias e

    38 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor primeira vista. So Paulo: Peirpolis, 2005, p. 201.39 CARNEIRO, Augusto. A Histria do Ambientalismo. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003, p. 59.40 SIRVINSKAS, Lus Paulo. Manual de direito ambiental. So Paulo: Saraiva, 2009, p.15.

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    ver que poluio e progresso no so a mesma coisa. Poluio no sinnimo de progresso; chegou a hora de se criarem novos conceitos de desenvolvimento. A poluio no devia ser sinnimo de progresso, pois sabemos que a poluio controlvel, e, quando voc no controla a poluio, voc est transferindo essa poluio para a comunidade global.41

    Dia 5 de outubro de 1988, no governo de Jos Sarney, foi promulgada a Constituio Brasileira, trazendo no seu corpo textual um captulo inteiro dedicado s questes ambientais. No pargrafo 1 do artigo 225 enumera os deveres do Poder Pblico, sendo o inciso VI o mais interessado na continuao da preservao da natureza: "Promover a educao ambiental em todos os nveis de ensino e a conscientizao pblica para a preservao do meio ambiente.42

    A Constituio Federal o resultado da conquista do povo. Quando h um manifesto existe a esperana de que ele seja ouvido e, principalmente de que o problema seja solucionado. O descaso com a natureza representou uma atrocidade to grande que a justia foi feita. A maior felicidade de um manifestante foi dada na promulgao da Constituio Federal, e isso significa que a luta no foi em vo, os desejos de reparao foram ouvidos, respeitados. "A vida humana depende dos demais seres vivos para se manter neste planeta. Somos apenas um elo da cadeia biolgica.43 A natureza vista como uma s; o respeito por ela se estabiliza; no podemos separar uma coisa da outra, porque somos fruto de sua prpria criao. Preservao consiste no respeito de cada um diante daquilo que indiretamente lhe pertence. No somos dono do universo, foi-nos permitida a sua utilizao com prudncia, e no para causarmos a sua destruio.

    A vida um privilgio de todos, no podemos ser egostas a ponto de no enxergarmos o que est do nosso lado. "Na Amaznia vivem e se reproduzem mais de um tero das espcies existentes no planeta.44 a maior floresta tropical do mundo. O desrespeito que at hoje se tem, devido ao mesmo pensamento da colonizao, a terra

    41 FELDMANN, Fbio, advogado das vtimas de Cubato. Audincia Pblica da CMMAD, So Paulo, 1985.42 Poltica Nacional de Educao Ambiental - Lei n 9.795/99.43 Edward Wilson. MARCONDES, Sandra. Brasil, amor primeira vista. So Paulo: Peirpolis, 2005.44 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor primeira vista. So Paulo: Peirpolis, 2005, p. 209.

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    imensa, nunca se acabar. Precisamos viver dignamente para evoluir, assim, podendo evoluir para viver.

    Ser, ento, que a Amaznia representa o equilbrio da biodiversidade na Terra? Essa pergunta comeou a ser questionada na dcada de 1980, quando as primeiras modificaes climticas foram sentidas; por causa do desmatamento, o nvel de carbono aumentou na camada de oznio, propiciando um ar impuro, resultando em diversas doenas respiratrias. O Brasil, quando descoberto, era como os portugueses diziam, um den, ao passo que em Portugal j se tinha uma cidade evoluda, j modificada pelo homem. O Brasil ento se torna a esperana de vida para o planeta. Apesar da degradao sofrida, ainda representa a base da existncia.

    Na Amaznia vivem e se reproduzem mais de um tero das espcies existentes no planeta. Ela contm um quinto da disponibilidade mundial de gua doce e um patrimnio mineral no mensurado. A Amaznia possui o maior rio do mundo, tanto em extenso quanto em volume de gua, o Amazonas.45

    A Mata Atlntica outro alvo fcil, "ocupando 5% de territorialidade original, exerce influncia positiva para mais de 80% da populao brasileira.46

    Nas cidades, reas rurais, comunidades caiaras e indgenas, ela regula o fluxo dos mananciais hdricos, assegura a fertilidade do solo, controla o clima e protege escarpas e encostas das serras, alm de preservar um patrimnio histrico e cultural imenso.47

    Sendo de suma importncia para o Brasil, no dia 3 de dezembro de 2003, o projeto de lei, criado por Fabio Feldmann foi aprovado, tornando-se a Lei 11.428 de 22 de dezembro de 2006. "Ela dispe sobre a utilizao e proteo da vegetao nativa do Bioma Mata Atlntica, e d outras providncias.48 A providncia demorou a chegar, mas no momento exato foi instituda, evitando que a ltima mata fosse riscada do mapa.

    45 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor primeira vista. So Paulo: Peirpolis, 2005, p. 209.46 Idem, p. 210.47 Idem, p. 210.48 Lei 11.428, de 22 de dezembro de 2006.

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    A caminhada para a preservao da natureza estava to evidente na sociedade que no podamos ficar s com a Constituio Federal, precisvamos de rgos do governo motivados, progredindo na mesma direo do povo. Por isso, dia 22 de fevereiro de 1989, a Lei 7.735 deu incio aos trabalhos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA49), representando a fuso de quatro secretarias j existentes: a Secretaria do Meio Ambiente (SEMA50), a Superintendncia da Borracha (SUBHEVEA51), a Superintendncia da Pesca (SUBEPE52) e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF53). Os objetivos da criao e de sua permanncia so:

    1 - reduzir os efeitos prejudiciais e prevenir acidentes decorrentes da utilizao de agentes e produtos agro- txicos, seus componentes e afins, bem como seus resduos; 2 - promover a adoo de medidas de controle de produo, utilizao, comercializao, movimentao e destinao de substncias qumicas e resduos potencialmente perigosos; 3 - executar o controle e a fiscalizao ambiental nos mbitos regional e nacional; 4 - intervir nos processos de desenvolvimento geradores de significativo impacto ambiental, nos mbitos

    49 IBAMA uma autarquia federal vinculada ao Ministrio do Meio Ambiente (MMA). o rgo executivo responsvel pela execuo da Poltica Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e desenvolve diversas atividades para a preservao e conservao do patrimnio natural, exercendo o controle e a fiscalizao sobre o uso dos recursos naturais (gua, flora, fauna, solo, etc.) Tambm cabe a ele realizar estudos ambientais e conceder licenas ambientais para empreendimentos de impacto nacional. IBAMA. In: WIKIPDIA. 2009. Disponvel em: Acesso em 30 Ago. 2009.50 A Secretaria Estadual do Meio Ambiente, criada em 1999, o rgo central do Sistema Estadual de Proteo Ambiental, responsvel pela poltica ambiental do RS. SECRETARIA ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE. Disponvel em: Acesso em: 30 Ago. 2009.51 Decreto n 77.386 - de 5 de abril de 1976. "Art. 1 A Superintendncia da Borracha - SUDHEVEA, autarquia criada pela Lei n 5.227, de 18 de janeiro de 1967, vinculada ao Ministrio da Indstria e do Comrcio, com sede e foro no Distrito Federal, tem como finalidade executar a Poltica Econmica da Borracha, em todo territrio nacional .52 Decreto n 73.632, de 13 de fevereiro de 1974. "Art. 1 - Proibir a pesca de arrasto pelos sistemas de porta e de parelhas por embarcaes maiores que 10 TAB (dez toneladas de arqueao bruta), nas reas costeiras do Estado de So Paulo, a menos de 1,5 (uma e meia) milhas da costa.53 O Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal era uma autarquia do governo brasileiro vinculada ao Ministrio da Agricultura, encarregado dos assuntos pertinentes e relativos a florestas e afins. Foi extinto por meio da Lei n 7.732, de 14 de fevereiro de 1989, e transferiram-se seu patrimnio, os recursos oramentrios, extraoramentrios e financeiros, a competncia, as atribuies, o pessoal, inclusive inativos e pensionistas, os cargos, funes e empregos para o Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis, de acordo com a Lei n 7.735, de 22 de fevereiro de 1989. INSTITUTO BRASILEIRO DO DESENVOLVIMENTO. In: WIKIPDIA. 2009. Disponvel em: 01 Set. 2009. Acesso em: 01 Set. 2009.

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    regional e nacional; 5 - monitorar as transformaes do meio ambiente e dos recursos naturais; 6 - executar aes de gesto, proteo e controle da qualidade dos recursos hdricos; 7 - manter a integridade das reas de preservao permanentes e das reservas legais; 8 - ordenar o uso dos recursos pesqueiros em guas sob domnio da Unio; 9 - ordenar o uso dos recursos florestais nacionais; 10 - monitorar o status da conservao dos ecossistemas, das espcies e do patrimnio gentico natural, visando ampliao da representao ecolgica; 11 - executar aes de proteo e demanejo de espcies da fauna e da flora brasileiras; 12- promover a pesquisa, a difuso e o desenvolvimento tcnico-cientfico voltados para a gesto ambiental; 13- promover o acesso e o uso sustentado dos recursos naturais; 14 - e desenvolver estudos analticos, pros- pectivos e situacionais verificando tendncias e cenrios, com vistas ao planejamento ambiental.54

    Os anos 80 se formaram pela rebeldia de grupos da sociedadee pela prudncia do governo. O sistema era novo, mas as atitudes eramvelhas. O povo estava acostumado a s dizer sim, sem saber o porqu, agora fortalece o seu no para os que vos dirigem. Pessoas de astcias e vontades, atuantes empolgadas, felizes com a liberdade; povo sem noo do espao, mas livre para estud-lo.

    Com novas regras se tiveram muitas modificaes, a principal exigncia era a agilidade e o comprometimento do Estado, perante o seu meio fsico. "As reivindicaes eram feitas para o combate da caa, da preservao de florestas, da fauna e uma campanha contra a poda de rvores.55

    Podendo se manifestar, a sociedade no se conforma com a lentido e o descaso de polticos. necessrio que o cidado atue de outras formas, no mais s pedindo ateno a poderosos. Em 1992, criou-se a Rede de Organizao No-Governamental da Mata Atlntica (RMA). As ONGs foram fundadas pouco a pouco, e essa atitude finda os anos 80 e d incio aos anos 90. "A fase que se abre nos anos 90 de intenso envolvimento entre organizaes no governamentais ambientalistas, scioambientais e o setor empresarial .56

    54 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor primeira vista. So Paulo: Peirpolis, 2005, p. 234 e 235.55 CARNEIRO, Augusto. A Histria do Ambientalismo. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003, p. 83.56 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor primeira vista. So Paulo: Peirpolis, 2005, p. 242.

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    2.7 - Rio 92, segundo marco internacional:

    Foi realizada, em 1992, no Rio de Janeiro, a Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Sua realizao foi de extrema importncia porque "se constatou que no final do sculo a questo ambiental ultrapassava os limites das aes isoladas e localizadas para tornar-se uma preocupao de toda a humanidade.57 O problema grande, e h tempo o manifesto est sendo feito em prol do meio ambiente, e ainda sofremos com o descaso de muitas pessoas, tanto que os impactos ambientais so sentidos a todo instante. O inverno se tornou um grande outono e no vero h muitas chuvas e catstrofes em zonas de encostas.

    A conferncia Rio 92 une diversos pases, para mais uma vez relembrar os ensinamentos e os comprometimentos feitos em Estocolmo: "busca-se, a partir da, estabelecer uma parceria global mediante a criao de novos nveis de cooperao entre os Estados, os setores-chave da sociedade e os indivduos.58 Regras existem, planejamento se faz, motivao transborda, mas o respeito se desdenha. Dcadas entram e saem, e os problemas ficam; as solues se tornam cada vez mais difceis, porque, quanto mais se evolui financeiramente, mais ficamos pobres de esprito. E quem sofre? Ns mesmos.

    A declarao do Rio sobre o Meio Ambiente59 representa o quanto precisamos de ajuda, para conseguirmos pr em prtica nossos idea- lismos e propostas de salvao do meio fsico. Eis que:

    Ns somos a Terra, os povos, as plantas e animais, as chuvas e oceanos, o respiro das florestas, o fluir dos mares. Honramos a terra como abrigo de todos os seres vivos. Acalentamos a beleza e a diversidade da vida na Terra. Saudamos a capacidade de renovao como fundamento de toda a vida na Terra. Reconhecemos o espao dos povos Indgenas na Terra, seus territrios, costumes e sua singular relao com a Terra. Ficamos estarrecidos perante o sofrimento humano, a pobreza e

    57 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor primeira vista. So Paulo: Peirpolis, 2005, p. 242.58 GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito Ambiental. So Paulo: Atlas, 2009, p. 43.59 Meio Ambiente o lugar onde habitam os seres vivos, formando um conjunto harmonioso de condies essenciais para a existncia da vida como um todo. (SIRVINSKAS, Lus Paulo. Manual de Direito Ambiental. So Paulo: Saraiva, 2009, p.39).

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    os desatinos que os desequilbrios do poder causam Terra. Sentimo-nos partcipes na responsabilidade de proteger e reabilitar a Terra e em assegurar um uso equi- tativo e sbio dos recursos, almejando um equilbrio ecolgico e novos valores sociais, econmicos e espirituais. Nessa ampla diversidade, ns configuramos uma unidade. Nosso lar comum est sempre mais ameaado60.

    Com o prembulo da Carta da Terra61 citado anteriormente, verifica- se que o ser humano e o meio ambiente so vistos como unos, no h distino de um para o outro. Somos parte do mesmo conjunto, precisamos de toda a biodiversidade para sobreviver; pensando nela que o homem tem que agir, porque so de pequenos atos que transformamos realidades. A partir de atitudes individuais o sistema se modifica, para melhor ou para pior, dependendo da nossa conscincia em buscar o equilbrio; nossas atitudes tm que ser movidas por esperanas, no deixando uma barreira desmotivar anos de estudos e planejamentos cientficos.

    2.8 - COP 3 e o protocolo de Kyoto:

    Durante a COP 3, realizada em Kyoto, no Japo se aprovou o Protocolo de Kyoto62 ''seu objetivo consiste na conservao da diversidade biolgica, no uso sustentvel de seus componentes e na repartio justa e equitativa dos benefcios derivados dos recursos genticos.63 Significa que tanto pases desenvolvidos quando pases subdesenvolvidos tm a obrigao de mudar regras, pondo fim aos gases poluentes, evitando que o efeito estufa progrida e que novas catstrofes ambientais aconteam. conscientizando que alcanaremos metas plausveis.

    60 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor primeira vista. So Paulo: Peirpolis, 2005, p. 247.61 A Carta da Terra uma declarao de princpios fundamentais para a construo de uma sociedade global no sculo XXI, que seja justa, sustentvel e pacfica. REVIVERDE. Disponvel em: . Acesso em: 01 Set. 2009.62 O Protocolo de Kyoto um instrumento internacional, ratificado dia 15 de maro de 1998, que visa reduzir as emisses de gases poluentes. Estes so responsveis pelo efeito estufa e o aquecimento global. O Protocolo de Kyoto entrou oficialmente em vigor dia 16 de fevereiro de 2005, aps ter sido discutido e negociado em 1997, na cidade de Kyoto, no Japo. SUA PESQUISA. Disponvel em: . Acesso em: 02 Set. 2009.63 GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito Ambiental. So Paulo: Atlas, 2009, p. 42.

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    As reas naturais, que poderiam representar a maioria da superfcie da Terra, so agora apenas mostras das paisagens que tm valor ecolgico e cientfico, pois so museus e em consequncia so laoratrios ao ar livre nossa disposio, tendo valor educativo e recreativo, e, finalmente, so a nossa herana da Natureza que muitos s pensam em derrubar.64

    A natureza a nossa maior herana. Proporciona os maiores espetculos, nos fazendo felizes a cada instante. Suas cores, seus movimentos, seus encantos so simples, mas de uma importncia sem fim; um pequeno pingo de gua faz toda a diferena para a planta recm-germinada; o pequeno passo de uma criana o incio de um recomeo de histria. Podemos, sim, reverter o nosso presente e com atitudes, primeiramente parecendo no ter valor, que faro toda a diferena no amanh.

    2.9 - Sculo XXI, o perodo da inrcia:

    O sculo XXI se estabelece com o comprometimento de pr em prtica regras estabelecidas em conferncias passadas. Estocolmo e Rio 92 so as bases iniciais deste novo sculo. Diferentemente de dcadas anteriores, agora o Brasil no se preocupa em criar novas regras ou se misturar em rebeldias; se mostra mais cauteloso em suas metas. Antes o que importava era a criao de ONGs, conferncias, institutos... Hoje utilizamos essas bases e damos vida a novos projetos; o importante conscientizar crianas, passar informaes a novas geraes, com o objetivo de que elas, sim, revolucionem o mundo.

    As novas empresas j esto estabelecendo funcionamentos ecolgicos em seus projetos, e antigas instalaes comearam a aderir a campanhas ambientalistas, como: preservar a gua, reciclar papel, lixo, diminuir o desperdcio de energia, entre outras. "A gente sai rua, conversa sobre Natureza, pureza das guas, sobrevivncia dos animais e no encontra um que seja contrrio a essas realidades.65

    64 CARNEIRO, Augusto. A Histria do Ambientalismo. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003, p. 107.65 Idem, p. 108.

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    2.9.1 - Rio + 10, terceiro marco internacional:

    No ano de 2002 foi realizada a Cpula Mundial do Desenvolvimento Sustentvel ou Rio + 10, para que os acordos firmados no Rio 92 fossem avaliados. As atitudes dos pases envolvidos na conferncia so de extrema relevncia na caminhada scioambiental. J temos toda a base, a estrutura foi sedimentada, o acordo foi feito, portanto, a Rio + 10 serve apenas como impulso de pormos a teoria na prtica.

    No foi isso que ocorreu. Na verdade, muito pouco foi visto sobre metas determinadas e prazos para cumprimento. O acordo que se chegou com relao energia gerada com base em fontes renovveis ficou apenas com o apelo para que se amplie seu uso, sem metas e prazos.66

    Os resultados pretendidos no so colhidos como o planejado, porque se exige grande disponibilidade de dinheiro, e tudo que envolve muito capital, sem lucros significativos para o governo, no vale a pena, pois o que importa o grande giro de capital em cofres pblicos. Infelizmente chegamos ao sculo XXI com esse pensamento matuto. verdade, energia renovvel, atitudes ecolgicas so caras, mas alongo prazo se tornam muito econmicas; mas por que esperar tantose desmatando eu ganho muito dinheiro no ato de meu comando?

    A impacincia e o imediatismo so os graves defeitos da humanidade; a correria em que vivemos nos faz agir sem pensar no futuro, s percebemos a importncia daquilo que temos, quando as perdemos. "Um nmero cada vez maior de plantas e animais est sendo ameaado ou at mesmo extinto, e a causa principal a perda de seu ambiente ou habitat .67

    O progresso descompassado nos faz crer que se, s hoje poluirmos, amanh, respeitarmos as regras o nosso deslize vai ser sanado. Trata-se de in accouting for envirommental assets. um pas pode pr abaixo suas florestas, erodir seu solo, levar sua fauna silvestre extino. Mas os ndices de sua performance econmica no sero

    66 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor primeira vista. So Paulo: Peirpolis, 2005, p. 299.67 Idem, p. 301.

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    afetados se esses bens desaparecerem.68 O empobrecimento ser tomado por progresso. Podemos at equilibrar um resultado, mas dificilmente revert-lo. Pensando nisso, em 22 de agosto de 2002, Fernando Henrique Cardoso criou o maior parque de floresta tropical do mundo, cujos objetivos so:

    Assegurar a preservao69 dos recursos naturais e da diversidade biolgica, bem como proporcionar a realizao de pesquisas cientficas e o desenvolvimento de atividades de educao, recreao e turismo da respectiva rea.70

    Seguindo o exemplo do antigo presidente da repblica, Luiz Incio Lula da Silva, no dia 14 de outubro de 2003, criou a primeira floresta nacional, cujos objetivos so:

    Promover o manejo de uso mltiplo dos recursos naturais, manter e proteger os recursos hdricos e da biodiversidade, recuperar reas degradadas, promover a educao ambiental e apoiar o desenvolvimento de mtodos de explorao sustentvel do Cerrado.71

    Os dois projetos tm apenas um ano de diferena e as propostas so as mesmas. A ideia de sustentabilidade o foco a ser seguido, a esperana do sculo XXI. O direito sustentvel se resume na ideia de que "o direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam atendidas equitativamente as necessidades de desenvolvimento e de meio ambiente.72 Preservar, desenvolver, proteger e promover educao se tornam medidas ecolgicas bsicas de ambos os governos.

    O caminho a ser seguido foi dado, agora s nos resta esperar, porque "a semeadura livre. A colheita obrigatria.73 Tantos anos de rebeldia, anos de lutas serviram na conscientizao de geraes, seus mritos refletem68 CARNEIRO, Augusto. A Histria do Ambientalismo. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003, p. 125.69 Proteger de algum dano futuro; Defender; Resguardar. PRESERVAO. In: WIKIPDIA. 2009. Disponvel em: Acesso em: 02 Set. 2009.70 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor primeira vista. So Paulo: Peirpolis, 2005, p. 306.71 Idem, p. 316.72 GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito Ambiental. So Paulo: Atlas, 2009, p. 44.73 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor primeira vista. So Paulo: Peirpolis, 2005, p. 324.

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  • O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental

    at hoje. Batalhamos por conquistas e obtivemos vitrias; mais dia ou menos dia, o xito pleno ser alcanado e o desespero cessar.

    Ofereo estas mal traadas rinhas,Estas mal traadas vinhas aos ex-caadores Que tiveram compaixo de suas vtimas.

    E por amar tanto o mato e os bichos Conheceram o mato e os bichos E porque existe uma maneira de Amar sem matar.

    Como fazem os fotgrafos A quem dedico estas mal traadas,Caprichadas linhas

    Estas cem traadas minhas,J que dez traadas tinhas.Te espero no cho macio da floresta

    Com amor, com carinho Com floresta e passarinho.74

    (Antnio Carlos Jobim).

    74 Poema de Antnio Carlos Jobim.

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  • Laura Romeu Behrends

    O dia da Terra, o Grito da Terra

    Na terra ferida,Na terra que ns amputamos Na terra que ns envenenamos Esquecendo que dela vem a nossa vida

    Sou Gaia75, a Me da Terra O nico planeta vivo a volta do sol O lar planetrio da humanidade

    Ar, gua e terra, atmosfera Os oceanos, rios e lagos As florestas, os campos e os banhados, todos so organismos de um s corpo Por seu intermdio, eu Gaia,Respiro, me alimento e me renovo

    No permitas eu sejam consumidas minhas florestas, conspurcadas minhas guas,penetradas minhas entranhas para depsitos de venenos, rasgado meu manto protetor de oznio

    Lembra-teA minha vida tua vida E a vida dos filhos de teus filhos Hoje, amanh e para todo sempre.76

    75 Em 1987 criou-se a Fundao Gaia, que, entre as vrias atividades para a promoo do desenvolvimento sustentvel, trata da difuso da agricultura regenerativa, educao ambiental e reciclagem de lixo urbano.MARCONDES, Sandra. Brasil, amor primeira vista. So Paulo: Peirpolis, 2005, p.194. A Fundao Gaia nasceu da vontade de possibilitar uma ampliao da atuao na luta ambiental de seu fundador e presidente, Jos Lutzenberger.FGAIA. Disponvel em: Acesso em: 03 Set. 2009.76 BONES, Elmar. Pioneiros da ecologia. Porto Alegre: J, 2007, p.192.

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  • 3. O MOVIMENTO SOCIAL:

    3.1 - A reflexo do homem diante do desconhecido:

    O movimento de preservao do meio ambiente foi uma deciso louvvel, de sociedades desenvolvidas, que viviam num risco incalculvel devido industrializao realizada de maneira errnea. Sem saber os danos que poderiam causar poluindo e desmatando, os Estados Unidos e pases da Europa, que se encontram no rol de Estados desenvolvidos, continuaram num ritmo acelerado rumo ao caos total. A conscientizao permitiu que atitudes mais prudentes evitassem novos fatos cruis como desmatamentos ilegais, violncia contra os animais, havendo, assim, a conservao do meio em que vivemos. A campanha global e os resultados positivos aparecem a todo o momento; atravs de leis e regulamentos todos puderam participar e idealizar dias melhores.

    A proteo do ambiente no faz parte da cultura nem do instinto humano. Ao contrrio, conquistar a natureza sempre foi o grande desafio do homem, espcie que possui uma incrvel adaptabilidade aos diversos locais do planeta e uma grande capacidade de utilizar os recursos naturais em seu benefcio. Essas caractersticas fizeram com que, ao longo do tempo, a natureza fosse dominada pelo homem que, no entanto, no se preocupou com os danos que esse desenvolvimento causava.77

    O interesse em proteger e prevenir as atitudes das pessoas, para o salvamento da natureza,78 era pensando na sua prpria sobrevivncia. A explorao dos recursos naturais79 existia porque o meio

    77 GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito Ambiental. So Paulo: Atlas, 2009, p.20.78 A expresso natureza aplica-se a tudo aquilo que tem como caracterstica fundamental o fato de ser natural, ou seja, envolve todo o meio ambiente existente que no teve interveno antrpica. NATUREZA. In: WIKIPDIA. 2009. Disponvel em: Acesso em: 05 Set. 2009.79 Recursos naturais so elementos da natureza com utilidade para o homem, com o objetivo de desenvolver a civilizao e garantir a sobrevivncia e o bem-estar da sociedade. Podem ser renovveis, como a energia do sol e do vento. J a gua, o solo e as rvores que esto sendo con

  • Laura Romeu Behrends

    ambiente era visto como algo separado do ser humano, percebida a relao nossa com o ecossistema,80 a mudana se inicia. Notamos o nosso envolvimento com as outras vidas planetrias, quando nossos ataques de descaso por elas so sentidos por ns. "Arriscamos e muito nossos esforos e no conseguimos moldar a natureza, nossa satisfao e convivncia;81 um dos primeiros sinais foi a mudana de temperatura, pois no temos mais a percepo clara de uma estao ou outra. O homem, portanto, sente a necessidade de estudar a Terra, pois saber lidar com ela o melhor jeito de proteg-la.

    A atual tomada de conscincia da necessidade de prevenir-se contra a degradao do meio ambiente forou os pases a reconhecer que, no universo do planeta Terra, existe somente um nico meio ambiente e a nica maneira de ter-se uma regulamentao racional em relao a ele seria unificar os vrios meios ambientes - local, nacional, regional ou internacional - num nico sistema normativo, determinado pelo direito internacional.82

    Antes de haver esse cuidado, a terra foi muito explorada, pois no existia conscientizao a respeito do assunto. O que vigorava era o desenvolvimento, a determinao em prol da explorao e toda degradao significava progresso, no importando as consequncias, o presente era o que interessava. Todo tipo de recurso foi utilizado, no importava a qualidade, mas sim a quantidade; alm do uso de inseticidas, que degrada o meio ambiente.

    As substncias qumicas so os fatores sinistros das radiaes e transformao da prpria natureza do mundo e a vida que nela palpita, elas saem dos laboratrios aos borbotes, entrando no uso geral, fora

    siderados limitados, so chamados de potencialmente renovveis. E ainda no renovveis como petrleo e minrios em geral. RECURSO NATURAL. In: WIKIPDIA. 2009. Disponvel em: Acesso em: 06 Set. 2009.80 Ecossistema designa o conjunto formado por todas as comunidades que vivem e interagem em determinada regio e pelos fatores abiticos que atuam sobre essas comunidades. ECOSSISTEMA. In: WIKIPDIA. 2009. Disponvel em: Acesso em: 06 Set. 2009.81 CARSON, Rachel. Primavera Silenciosa. So Paulo: Melhoramentos, 1969.82 SOARES, Guido Fernando Silva. A proteo internacional do meio ambiente. Barueri, SP. Manole, 2003, p.39.

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  • O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental

    dos limites da experincia biolgica; Abusam do uso do DDT e do carbono, causadores de doenas, transformando-se em agentes de morte.83

    A degradao ambiental se desenvolveu, porque o desenvolvimento econmico, na maioria das vezes, foi colocado em primeiro lugar; o que importa o presente, a realizao de um projeto, as consequn- cias, que se apresentam no futuro, interessam apenas s novas geraes. Devido a essa ideologia, o meio ambiente no foi respeitado e sofreu enormes prejuzos que na maioria das vezes, infelizmente, no so recuperveis; a fauna e o solo um dia modificados dificilmente sero recuperados por causa do grande complexo que o bioma84 natural.

    3.2 - O incio do movimento social brasileiro - 1970:

    O movimento social ambientalista reage, no podemos mais viver ignorando o que nos acontece na volta; o descaso com o meio ambiente se torna repugnante. "A fase de denunciar j passou, agora preciso agir.85 A falta de cuidados e o desinteresse causam insatisfao. necessrio que algo seja feito, para que atos impensados sejam punidos. Se continuarmos agindo sem prudncia, pagaremos o preo do descaso com nossas prprias vidas. A iniciativa, para que a modificao seja feita, vem de um novo pensamento, relacionado Ecologia.86 "O ecologismo se estrutura a partir do cidado, que reivindica sua participao nas decises polticas que afetam o seu destino e o destino da humanidade.87

    83 CARSON, Rachel. Primavera Silenciosa. So Paulo: Melhoramentos, 1969.84 Chama-se bioma a um conjunto de ecossistemas. Mais alm, biomas so um conjunto de diferentes ecossistemas. O bioma so as comunidades biolgicas, ou seja, as populaes de organismos da fauna e da flora interagindo entre si e interagindo tambm com o ambiente fsico chamado bitopo.BIOMA. In: WIKIPDIA. 2009. Disponvel em: Acesso em:07 Set. 2009.85 BONES, Elmar. Pioneiros da ecologia. Porto Alegre: J, 2007, p.65.86 A Ecologia o estudo das interaes dos seres vivos entre si e com o meio ambiente. Foi o cientista alemo Ernst Haeckel, em 1869, quem primeiro usou este termo para designar o estudo das relaes entre os seres vivos e o ambiente em que vivem, alm da distribuio e abundncia dos seres vivos no planeta Terra.ECOLOGIA. In: WIKIPDIA. 2009. Disponvel em: Acesso em: 7 Set. 2009.87 BONES, Elmar. Pioneiros da ecologia. Porto Alegre: J, 2007, p.177. Denominao utilizada

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    O movimento conservacionista surgiu de uma ideia nova: a Ecologia. Tudo o que houve anteriormente no caracterizava um movimento ecologista ou movimento conservacionista, aqui ou em qualquer parte do mundo.88

    Um dos primeiros revolucionrios foi Henrique Luis Roessler, na dcada de 70, no Rio Grande do Sul. Seu envolvimento com a histria ambiental foi de grande valia, porque era um homem determinado e preocupado com a causa ambiental; seu envolvimento foi enorme, seu interesse, e, principalmente, seu amor pela natureza foram as principais caractersticas que encantaram os adeptos ideia ambientalista, fazendo com que, seu nome fosse reconhecido internacionalmente e ficasse na histria.

    Sem que se pudesse imaginar, o homem especial fazia acontecer uma guinada para o extremo oposto do previsto, que surpreendia quem no estivesse acostumado com seu jeito autntico e absolutamente incomum.89

    Roessler foi um ambientalista incomum capaz de aproximar o homem da natureza sem destru-la, porque mostrou a ele que a vida ecolgica a forma mais correta de se conhecer sua prpria vida. Na mesma poca, Jos Antnio Lutzenberger, ao lado de outros adeptos, funda a Agapan, associao esta, que redobra a luta ecolgica. "Foi fundada a Agapan em 27 de abril de 1971.90 Sem a censura da ditadura, os ambientalistas podiam se manifestar em prol da natureza. Lutzenberger e Carneiro so alguns dos que fundaram a Associao Gacha de Proteo ao Ambiente Natural.

    A primeira manifestao vitoriosa da Agapan foi o caso da rvore, em Porto Alegre, em frente Faculdade de Direito da UFRGS. Um estudante chamado Carlos Alberto Dayrell subiu em uma rvore para que ela no fosse cortada. A prefeitura tinha o intuito de derrubar todas as rvores da Joo Pessoa para a construo de uma via elevada, com o propsito de amenizar o trfego de carros que

    pela FEPAM.88 Entrevista realizada com Augusto Carneiro no dia 21 Janeiro de 2009.89 ROESSLER, Maria Luiza. O homem do rio. Porto Alegre: AGE, 1999, p.72.90 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor primeira vista. So Paulo: Peirpolis, 2005, p.193.

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  • O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental

    conforme o horrio fica catico. "A manifestao foi vitoriosa, uma vez que a prefeitura mudou os planos para a construo do viaduto, e a rvore no foi derrubada .91

    No curso de todas as culturas humanas, mais cedo ou mais tarde, surgem as tendncias de proteo ativa da natureza. Um povo que se descuidasse desse elemento, teria falta de um requisito essencial da verdadeira cultura humana total e seria indigno da terra, com que a prdiga mo do Criador o presenteou.92

    Outra manifestao social proporcionada pela Agapan foi a respeito das ilhas de Porto Alegre. Em 1974 foi feita uma campanha para que as ilhas do Guaba no fossem urbanizadas. Foi realizada com o objetivo de preservar diversas espcies que vivem no lugar. Passarinhos e gaivotas eram alguns dos animais ameaados caso o projeto fosse colocado em prtica. Devido ao xito da instituio e pela ousadia de Hilda Zimmermann, no houve urbanizao.

    Fizemos a primeira campanha para conservao das ilhas. Foi muito importante porque, conjuntamente com os vereadores e deputados, constatou-se que Porto Alegre no tinha direito de urbanizar as ilhas.93

    O movimento representa a insatisfao das pessoas perante sua realidade; a Agapan foi de extrema importncia para a populao brasileira e, principalmente, para o povo gacho, j que uma associao estabelecida no Rio Grande do Sul. Ela demonstrou que se queremos modificar uma realidade pondo em prtica nossas vontades que conseguiremos os nossos propsitos. Quem vive na inrcia no sai da rotina. O envolvimento de adeptos ao ambientalismo diante de uma causa o que faz a diferena, e atravs de iniciativas que devemos, sempre, fazer o que mais correto; devemos preservar a natureza e salvar espcies.

    No Rio Grande do Sul, a Associao Gacha de Proteo ao Ambiente Natural manifesta suas conquistas e, no mesmo perodo,

    91 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor primeira vista. So Paulo: Peirpolis, 2005, p.193.92 BONES, Elmar. Pioneiros da ecologia. Porto Alegre: J, 2007, p. 33.93 Idem, p.163.

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    o mundo tambm est em alerta. necessria a realizao de uma conferncia, e assim foi feito, em 1972: Estocolmo foi a sede para a discusso e planejamento sobre o meio ambiente.

    3.3 - O mundo unido, 1970; Estocolmo, primeiro marco internacional:

    A natureza sofre com a degradao, pois o desrespeito e o desenvolvimento descontrolados geram impacto ambiental94 a ponto de sentirmos suas consequncias. "A complexidade que os problemas ambientais assumiram fazem que seus contornos e limites escapem a ob- jetivaes mais apressadas.95 preciso sentir os efeitos nocivos; s assim que tomamos o partido para solucionar um problema; a preservao ambiental s foi colocada em prtica quando deslizamentos de terra ficaram rotineiros, quando os efeitos da poluio comearam a matar as pessoas, ou deix-las com doenas respiratrias, como a asma.

    Foi a partir da indicao do Conselho Econmico Social das Naes Unidas, em julho de 1968, que surgiu a ideia de organizar-se um encontro de pases para criar formas de controlar a poluio do ar e da chuva cida, dois dos problemas ambientais que mais inquietavam a populao dos pases centrais.96

    A Conferncia de Estocolmo se realizada em 05 a 16 de junho de 197297 tem como objetivo discutir os problemas ambientais no planeta; o descaso com o meio fsico era to grande, que foi necessrio a realizao de uma conferncia internacional, para que o mundo

    94 Impacto Ambiental todo efeito no meio ambiente causado pelas alteraes e/ou atividades do ser humano. Conforme o tipo de interveno, modificaes produzidas e eventos posteriores, pode-se avaliar qualitativa e quantitativamente o impacto, classificando-o de carter "positivo ou "negativo, ecolgico, social e/ou econmico.IMPACTO AMBIENTAL. In: WIKIPDIA. 2009. Disponvel em: Acesso em: 08 Set. 2009.95 SILVA - SNCHES, Solange S. Cidadania ambiental: novos direitos no Brasil. So Paulo: Hu- manitas, 2000, p.25.96 RIBEIRO, Wagner Costa. A ordem ambiental internacional. So Paulo: Contexto, 2000, p.73.97 SOARES, Guido Fernando Silva. A proteo internacional do meio ambiente. Barueri, SP: Manole, 2003, p.44.

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  • O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental

    ficasse consciente dos problemas, e, com isso, evitasse que novos incidentes ocorressem. Devido ao grande alarde, Estocolmo obtm xito, conseguindo reunir diversos pases, ficando conhecida como o primeiro marco internacional ambientalista.

    La conferencia destacaba que uno de los principales aportes que la ciencia y la tecnologa podan hacer para el desarrollo econmico y social de los pueblos consista en descubrir, evitar y combatir los riesgos que amenazan al medio ambiente y buscar la solucin a SUS problemas.98

    Um dos propsitos da chamada em Estocolmo era esclarecer a todos a situao crtica pela qual o mundo estava passando, assim como apresentar as possveis solues para que todos pudessem se engajar e obter melhores condies para se viver, "Pois o ncleo da ateno no se restringia a um recurso ambiental, ou a uma espcie em perigo, mas abordava o meio ambiente como um todo.99

    O meio ambiente enfatizado com significativa preocupao, porque, se uma mudana enrgica no ocorresse, o planeta entraria em um grande processo de extino, envolvendo vrias espcies, ocasionando um desequilbrio ambiental gravssimo. Devido ao que foi dito neste evento, mudanas de atitudes de diversos pases, que antes agiam de forma equivocada, foram observadas e o meio ambiente passou a ser tratado com mais responsabilidade. Entretanto ao contrrio do que muitos poderiam pensar, nem todos estavam felizes com as modificaes.

    Nesta Conferncia j se previa um impasse entre pases desenvolvidos e pases subdesenvolvidos; o desacordo entre os pases industrializados com os no industrializados era ntido. Os estados j expandidos no queriam a evoluo dos estados que ainda no eram, tudo por uma questo de receio. Nesta poca, as pesquisas de impactos ambientais ainda eram muito recentes, se tinha dvidas, em no mais haver desmatamentos para construo de indstrias ou se isso ainda era possvel ou, ainda, sobre at onde esses atos seriam prejudiciais.

    98 ECHECHURI, Hctor. Diez anos despues de Estocolmo. Desarrollo, Medio Ambiente y supervivencia. Madri, Espanha, 1983, p.15.99 GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito Ambiental. So Paulo: Atlas, 2009, p.31.

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    J nas reunies preparatrias Conferncia de Estocolmo, ficaria evidente a oposio entre pases desenvolvidos e pases em desenvolvimento, na retrica da poca.

    O impasse entre continuar desenvolvendo ou a estagnao realmente se sucedeu em Estocolmo, mas aps este fato, as consequncias positivas da conferncia foram vistas internacionalmente. Conforme Guido Fernando Silva Soares, o "reflexo dela traou o ordenamento interno de diversos Estados. Numa viso global, vrios tratados e convenes foram adotados.100 J para Maria Luiza Machado Granziera, a Conferncia teve importncia mundial, mas os impactos ambientais continuam, dando exemplos de diversos acidentes ocorridos no mundo, como no caso a seguir, por exemplo: "10/06/1976. Seveso, Itlia. Acidente industrial provocado por empresa sua. Tanques de armazenagem romperam, liberando TCDD101 na atmosfera e atingindo parte no norte da Itlia.102

    Estocolmo foi o primeiro resultado do movimento social internacional. O resultado da conferncia ficou expressamente declarado em 26 princpios, que resumem a preocupao e o envolvimento global103 diante do tema. Os assuntos referidos so:

    O meio ambiente como direito humano, desenvolvimento sustentvel, proteo da biodiversidade, luta contra a poluio, combate pobreza, planejamento, desenvolvimento tecnolgico, limitao soberania territorial dos Estados, cooperao e adequao das solues especificidade dos problemas.104

    100 SOARES, Guido Fernando Silva. A proteo internacional do meio ambiente. Barueri, SP: Manole, 2003, p. 47.101 A 2,3,7,8-tetraclorodibenzo-p-dioxina, tambm conhecida como TCDD ou (popularmente) como dioxina de Seveso, considerada um poluente organoclorado altamente txico. A TCDD apenas produzida para pesquisas laboratoriais, contudo pode ser gerada na produo de pesticidas, no branqueamento do papel, clorao, fundio do cobre, etc. Alm disso, pode ainda ser gerada em incndios, incineraes, fumaa do tabaco ou vulces. TCDD. In: WIKIPDIA. 2009. Disponvel em: Acesso em: 08 Set. 2009.102 GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito Ambiental. So Paulo: Atlas, 2009, p.38.103 Um exemplo de envolvimento global a Alpro. A indstria est muito ciente da sua responsabilidade social pelo planeta e pelos que nele habitam. Esta preocupao genuna fortemente incutida pela nossa poltica de empresa. Fazemos tudo quanto podemos, para apoiar ativamente projetos em prol do bem das pessoas e da natureza. ALPRO SOJA. Disponvel em: Acesso em: 09 Set. 2009.104 GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito Ambiental: Atlas, 2009, p. 32.

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  • O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental

    Com o auxlio da ONU,105 a realizao da conferncia em Estocolmo resultou em consequncias positivas: "Medidas preventivas passaro a constituir a preocupao central dos Estados, aps a realizao da Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente Humano.106 A partir dela, o Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) foi institudo, visando coordenar as aes nacionais e internacionais do desenvolvimento sustentvel107 e a proteo da fauna e da flora, ou seja, de todo um ecossistema ameaado. "A criao do PNUMA no foi fcil. Os pases perifricos eram contra, pois acreditavam que ele seria um instrumento utilizado para frear o desenvolvimento;108 mas em longo prazo, nada disso ocorreu, pois o programa permite que o progresso continue, a nica delimitao que isso seja feito de uma maneira prudente.

    Com o objetivo de conter os problemas ambientais dos Estados, a ONU teve grande importncia na campanha da conscientizao ambiental; a sua ideologia que, se todos tiverem unidos em prol de uma causa, no importando qual seja, iremos obter a vitria: "Praticar a tolerncia e viver em paz, uns com os outros, e unir as nossas foras para manter a paz e a segurana internacionais .109 Conter as desarmonias significa progredir, e se isso for feito o desenvolvimento ser realizado com responsabilidade. "A misso da ONU parte do pressuposto de que diversos problemas mundiais podem ser mais facilmente combatidos por meio de uma cooperao internacional.110

    A Organizao das Naes Unidas uma instituio internacional formada por 192 Estados soberanos,

    105 A Organizao das Naes Unidas (ONU) nasceu oficialmente em 24 de outubro de 1945, data da promulgao da Carta das Naes Unidas, que uma espcie de Constituio da entidade, assinada na poca por 51 pases, entre eles o Brasil. Criada logo aps a 2a Guerra Mundial, o foco da atuao da ONU a manuteno da paz e do desenvolvimento em todos os pases do mundo. ONU BRASIL. Disponvel em: Acesso em: 09 Set. 2009.106 SOARES, Guido Fernando Silva. A proteo internacional do meio ambiente. Barueri, SP: Manole, 2003, p. 37.107 Desenvolvimento sustentvel um conceito sistmico que se traduz num modelo de desenvolvimento global que incorpora os aspectos de desenvolvimento ambiental no modelo de desenvolvimento scioeconmico. DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL. In: WIKIPDIA. 2009. Disponvel em: Acesso em: 10 Set. 2009.108 RIBEIRO, Wagner Costa. A ordem ambiental internacional. So Paulo: Contexto, 2001, p.82.109 RANGEL, Vicente Marotta. Direito e relaes internacionais. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p.27.110 ONU BRASIL. Disponvel em: Acesso em: 11 Set. 2009.

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    fundada aps a 2a Guerra Mundial para manter a paz e a segurana no mundo, fomentar relaes cordiais entre as naes, promover progresso social, melhores padres de vida e direitos humanos.111

    A cooperao e o interesse populacional, por uma natureza mais limpa, eram alguns dos objetivos dos manifestantes na dcada de 70; esse perodo significa mudanas de ideias e, principalmente, de atitudes. O caminho conservacionista longo e a devastao grande; no podamos apenas esperar que os governos tomassem a iniciativa com projetos de preservao, por isso o fim dos anos 70 marcado pelo surgimento de ONGs112 e essa nova ideia marca o incio dos anos 80.

    A organizao no governamental mais conhecida internacionalmente o Greenpeace. Fundando no incio da dcada de 70, "adota uma poltica de ao direta no violenta para chamar a ateno da opinio pblica e dos meios de comunicao.113 O Greenpeace114 se formou, porque um grupo de americanos se revoltou em prol de uma causanobre, a preservao do meio ambiente, porque nesta poca, os EUA faziam muitos testes nucleares. Insatisfeitos com as atitudes americanas, manifestaram sua indignao fundando esta ONG, para que seus propsitos tivessem uma repercusso mais expressiva.

    A histria conta que em 15 de setembro de 1971 esse grupo levantou ncora no porto da cidade de Vancouver, Canad. Seu surgimento se deu quando um grupo de ativistas resolveu se opor aos testes nucleares dos Estados Unidos.115

    111 ONU BRASIL. Disponvel em: Acesso em: 11 Set. 2009.112 As Organizaes no governamentais so associaes do terceiro setor, da sociedade civil, que se declaram com finalidades pblicas e sem fins lucrativos, que desenvolvem aes em diferentes reas e que, geralmente, mobilizam a opinio pblica e o apoio da populao para modificar determinados aspectos da sociedade. ORGANIZAES NO GOVERNAMENTAIS. In: WIKIPDIA. 2009. Disponvel em: Acesso em: 12 Set. 2009.113 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor primeira vista. So Paulo: Peirpolis, 2005, p.195.114 A organizao, criada em 1971 no Canad por imigrantes americanos, financiada com dinheiro de pessoas fsicas apenas, no aceitando recursos de governos ou empresas. Tem atualmente cerca de trs milhes de colaboradores em todo o mundo - quarenta mil no Brasil - que doam quantias mensais que variam de acordo com o pas. GREENPEACE. In: WIKIPDIA. 2009. Disponvel em: Acesso em: 13 Set. 2009.115 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor primeira vista. So Paulo: Peirpolis, 2005, p.195.

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  • O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental

    O movimento social um s, independente da poca, povo ou regio o propsito o mesmo. Se o que queremos a preservao e a proteo, com um dos objetivos, de obtermos melhores condies de vida, assim que vamos agir, utilizaremos todos os meios possveis para que os resultados se realizem da melhor maneira, beneficiando a todos e ajudando a natureza a se reconstituir.

    3.4 - Ano de 1980, a campanha ambientalista no para:

    Se o ano de 1970 representa as mudanas de atitudes da populao em relao ao seu meio fsico, a dcada de 80 o smbolo da conscientizao ecolgica, da luta pela democratizao. Isso porque muitas pessoas envolvidas com a campanha ambientalista pensaram em suas atitudes antes de agir. Nessa linha, em 1980, o Institudo Brasileiro de Desenvolvimento Florestal - IBDF criou o projeto Tamar,116 que "tem o objetivo de salvar e proteger as tartarugas marinhas do Brasil.117 At esse projeto no havia nenhum trabalho de preservao dos animais do mar. A iniciativa propiciou regramentos legislativos em prol do ambiente ameaado.

    Nesse patamar a Poltica Nacional do Meio Ambiente foi instituda. Em 31 de agosto de 1981, a Lei n 6.938, "reflete a preocupao da sociedade brasileira em assegurar o desenvolvimento do pas, garantindo a preservao dos recursos naturais.118 Esta lei proporcionou novas diretrizes para o direito brasileiro, responsabilizando os causadores da destruio natural, e permitiu a cobrana de indenizao por dano ambiental. No seu art. 2 dispe:

    A Poltica do Meio Ambiente tem por objetivo a preservao, melhoria e recuperao da qualidade ambiental

    116 O trabalho do projeto foi iniciado na Bahia, Esprito Santo e Sergipe, estendendo-se em seguida para o resto do Brasil, por meio de um levantamento efetuado pelo perodo de dois anos por toda a costa brasileira, o que permitiu um retrato da situao das tartarugas marinhas (MARCONDES, Sandra. Brasil, amor primeira vista. So Paulo: Peirpolis, 2005, p.224). Mais tarde, o trabalho de preservao das tartarugas atingiu uma diretriz internacional promulgada pelo Decreto n 3.842, de 13 de junho de 2001, referente conveno interamericana para a proteo e a conservao das tartarugas marinhas (SCHMIDT, Caroline Assunta; FREITAS, Mariana Almeida Passos de. Tratados internacionais de direito ambiental: textos essenciais ratificados pelo Brasil. Curitiba: Juru, 2004, p.91).117 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor primeira vista. So Paulo: Peirpolis, 2005, p.224.118 GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito Ambiental. So Paulo: Atlas, 2009, p.67.

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    propcia vida, visando interesses da segurana nacional e proteo da dignidade humana.119

    Antes desta lei, o que vigorava era o Decreto-Lei n 1.413, de 1975, "que dispe sobre o controle da poluio do meio ambiente provocada por atividades industriais;120 a Lei n 6.803, de 1980, "que dispe sobre as diretrizes bsicas para o zoneamento industrial nas reas crticas de poluio;121 e a Lei n 6.902, de 1981,"que dispe sobre a criao de Estaes Ecolgicas e reas de Proteo Ambiental.122 A propositura dessa nova lei teve como um de seus objetivos, o que tratado no art. 4, inc. III da mesma: "estabelecimento de critrios e padres de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais.123

    A Poltica Nacional do Meio Ambiente possui uma organizao sistemtica, responsabilizando tanto a Unio, quanto os Estados e os municpios, na proteo e no melhoramento da qualidade de vida. "O objetivo a qualidade ambiental propcia vida das presentes e futuras geraes.124 Para que seus propsitos dessem resultados foi criado o Sistema Nacional do Meio Ambiente, SISNAMA.

    A atuao do SISNAMA se dar mediante articulao coordenada dos rgos e entidades que o constituem observado o acesso da opinio pblica s informaes relativas s agresses ao meio ambiente e s aes de proteo ambiental, na forma estabelecida pelo CONAMA.125

    Juntamente ao SISNAMA, que tem por finalidade "estabelecer uma rede de agncias governamentais, visando assegurar mecanismos capazes de implementar a Poltica Nacional do Meio Ambiente,126 o CO- NAMA outro sistema constitudo por representantes do governo de

    119 Poltica Nacional do Meio Ambiente. Art.2 da Lei n6.938/81.120 GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito Ambiental. So Paulo: Atlas, 2009, p.67.121 Idem, p.67.122 Idem, p.67.123 Poltica Nacional do Meio Ambiente. Art.4, inc.III da Lei n6.938/81.124 SIRVINSKAS, Lus Paulo. Manual de direito ambiental. So Paulo: Saraiva, 2009, p.134.125 CONAMA. Disponvel em: Acesso em: 14Set. 2009.126 SIRVINSKAS, Lus Paulo. Manual de direito ambiental. So Paulo: Saraiva, 2009, p.182.

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  • O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental

    todos os Estados; o rgo consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente que est taxativo no art. 7 da mesma lei, o qual dispe:

    criado o Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, cuja composio, organizao, competncia e funcionamento sero estabelecidos, em regulamento pelo Poder Executivo.127

    A proposta destas instituies era de criar bases legislativas, para que o ambiente possusse foras normativas. A Lei n 6.938/81 serviu de incentivo para a prtica ambientalista. Se antes existiam pessoas que no respeitavam o meio ambiente agora ficam obrigadas, pois a lei regulamenta uma sociedade e o que ela estabelece deve ser feito. A legalidade nos sistemas polticos exprime basicamente a observncia das leis, o procedimento da autoridade em consonncia estrita com o direito estabelecido.128 A Poltica Nacional do Meio Ambiente inovou o sistema ambiental e proporcionou a dignidade entre a natureza e o homem; quem desrespeitar as normas ser punido e responsabilizado pelos seus atos ilcitos.

    Impulsionados a essas ideologias, o termo desenvolvimento sustentvel elaborado tendo por objetivo um fim ecolgico, para que o desequilbrio no ocorra, "O que significa pensar sobre os efeitos do processo de crescimento econmico no padro de vida da sociedade.129 O conceito foi dado em 1987, no Relatrio Brundtland, sendo "aquele que atende s necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as geraes futuras atenderem s suas prprias necessidades.130

    No que se refere ideia de desenvolvim