77
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE M ME ES ST TR RA AD DO O E EM M M ME ED DI I C CI I N NA A T TR RO OP PI I C CA AL L R RO OS SA AN NG GE EL L A A R RO OS SE EN ND DO O D DA A S SI I L LV V A A R RE EC CI I F FE E 2 20 00 07 7 ÚLCERA CORNEANA EM SERVIÇO OFTALMOLÓGICO D DE E R RE EF FE ER RÊ ÊN NC CI I A A

ÚLCERA CORNEANA EM SERVIÇO OFTALMOLÓGICO DE … · Epitélio : é a mais externa de todas as camadas da córnea. É o epitélio que está em contato com o meio externo. Funciona

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

0

UUNNIIVVEERRSSIIDDAADDEE FFEEDDEERRAALL DDEE PPEERRNNAAMMBBUUCCOO CCEENNTTRROO DDEE CCIIÊÊNNCCIIAASS DDAA SSAAÚÚDDEE

MMEESSTTRRAADDOO EEMM MMEEDDIICCIINNAA TTRROOPPIICCAALL

RROOSSAANNGGEELLAA RROOSSEENNDDOO DDAA SSIILLVVAA

RREECCIIFFEE 22000077

ÚÚLLCCEERRAA CCOORRNNEEAANNAA EEMM SSEERRVVIIÇÇOO OOFFTTAALLMMOOLLÓÓGGIICCOO DDEE RREEFFEERRÊÊNNCCIIAA

1

ROSANGELA ROSENDO DA SILVA

ÚLCERA CORNEANA EM SERVIÇO OFTALMOLÓGICO DE REFERÊNCIA

ORIENTADORA:

Profa. Célia Maria Machado Barbosa de Castro

CO-ORIENTADORA:

Profa. Liana Maria Vieira Ventura

Recife 2007

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical do Centro de Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Medicina Tropical.

2

Silva, Rosangela Rosendo da

Úlcera corneana em serviço oftalmológico de referência / Rosangela Rosendo da Silva. – Recife: O Autor, 2007.

x, 76 folhas : il., gráf., tab.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal

de Pernambuco. CCS. Medicina Tropical, 2007.

Inclui bibliografia e anexo.

1. Úlcera corneana – Perfil microbiológico . 2. Úlcera corneana – Fatores predisponentes. I. Título.

617.713-002 CDU (2.ed.) UFPE 617.719 CDD (20.ed.) CCS2007-69

3

4

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

REITOR

Prof. Amaro Henrique Pessoa Lins

PRÓ-REITOR PARA ASSUNTOS DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

Prof. Anísio Brasileiro de Freitas Dourado

DIRETOR DO CENTRO DE CIÊNCIAS D SAÚDE

Prof. José Tadeu Pinheiro

DIRETOR SUPERINTENDENTE DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS

Profa. Heloísa Mendonça

COORDENADORA DO PROGRAMA DE PÓS-GRDUAÇÃO EM MEDICINA

TROPICAL

Profa. Heloísa Ramos Lacerda de Melo

VICE-COORDENADORA DO PROGRAMA DE PÓS-GRDUAÇÃO EM

MEDICINA TROPICAL

Profa. Maria Rosangela Cunha Duarte Coelho

CORPO DOCENTE

Profa. Célia Maria Machado Barbosa de Castro

Profa. Elizabeth Malagueño de Santana

Profa. Heloísa Ramos Lacerda de Melo

Profa. Gerusa Dreyer Vieira

Prof. Joaquim Alves Norões

Profa. Maria Amélia Vieira Maciel

Profa. Maria de Fátima Pessoa Militão de Albuquerque

Profa. Maria Rosangela Cunha Duarte Coelho

Prof. Ricardo Arraes de Alencar Ximenes

Profa. Silvia Maria de Lemos Hinrichsen

Profa. Vera Magalhães da Silveira

5

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Antonio e LourdesAos meus pais, Antonio e LourdesAos meus pais, Antonio e LourdesAos meus pais, Antonio e Lourdes

com muito amor, carinho, admiraçãocom muito amor, carinho, admiraçãocom muito amor, carinho, admiraçãocom muito amor, carinho, admiração

e gratidão.e gratidão.e gratidão.e gratidão.

Ao meu esposo, José Augusto,Ao meu esposo, José Augusto,Ao meu esposo, José Augusto,Ao meu esposo, José Augusto,

por me dar forças para atingir meuspor me dar forças para atingir meuspor me dar forças para atingir meuspor me dar forças para atingir meus

objetivos, e acima de tudo por me amar e estarobjetivos, e acima de tudo por me amar e estarobjetivos, e acima de tudo por me amar e estarobjetivos, e acima de tudo por me amar e estar

ao meu lado em todos os mao meu lado em todos os mao meu lado em todos os mao meu lado em todos os momentos. omentos. omentos. omentos.

Ao meu filho Marcus Vinícius, Ao meu filho Marcus Vinícius, Ao meu filho Marcus Vinícius, Ao meu filho Marcus Vinícius,

o anjo da minha vida, que Deus mandou o anjo da minha vida, que Deus mandou o anjo da minha vida, que Deus mandou o anjo da minha vida, que Deus mandou

pra mim no meio desta jornada, sendo o motivopra mim no meio desta jornada, sendo o motivopra mim no meio desta jornada, sendo o motivopra mim no meio desta jornada, sendo o motivo

de todo o meu esforço e dedicação. de todo o meu esforço e dedicação. de todo o meu esforço e dedicação. de todo o meu esforço e dedicação.

6

AGRADECIMENTOS

Chega ao fim uma etapa muito importante da minha vida, e para chegar até aqui contei

com o apoio de muitas pessoas que acreditaram em mim, me deram forças para concluir este

projeto e me ensinaram não só informações importantes para realizar este trabalho, mas

também novas formas de encarar o mundo e superar obstáculos que irei enfrentar no futuro.

Para todas essas pessoas, muito obrigado!

Agradeço a DEUS, pela oportunidade de hoje estar aqui...

Agradeço imensamente minha orientadora Profa. Dra. CÉLIA MARIA MACHADO

BARBOSA DE CASTRO pelo exemplo de sabedoria e amor a pesquisa, que nos anos de

convivência, muito me ensinou, contribuindo para meu crescimento científico e intelectual.

À minha Co-orientadora Dra. LIANA MARIA VIEIRA VENTURA por apoiar este

estudo.

À MINHA QUERIDA FAMÍLIA, por todo carinho, amizade, confiança,

compreensão e paciência que a mim foram dedicados durante a realização deste trabalho e em

todos os momentos de minha vida.

Aos PACIENTES, que gentilmente concordaram em participar do estudo. Todo o

meu respeito e solidariedade.

À Dra. ANA KARINA TÉLES SILVEIRA pela colaboração na coleta de dados para

este estudo.

À UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO por ter me proporcionado

atingir esta meta

À FUNDAÇÃO ALTINO VENTURA por possibilitar a realização deste trabalho.

Aos meus AMIGOS e COLEGAS, por terem sempre de alguma forma contribuído

para a minha formação profissional.

Enfim, a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a realização deste

trabalho e não estou citando individualmente, agradeço a todos de coração...

7

EPÍGRAFE

“Talvez não tenhamos conseguido

fazer o melhor, mas lutamos para que

o melhor fosse feito. Não somos o que

deveríamos ser, não somos o que

iremos ser. Mas, graças a Deus, não

somos o que éramos”.

(Martin Luther King)

8

RESUMO

As úlceras corneanas são importante causa de morbidade ocular e cegueira prevenível. Vários estudos têm reportado a incidência de patógenos bacterianos e fúngicos isolados de úlceras corneanas. O objetivo deste estudo foi descrever o perfil microbiológico e os fatores predisponentes de úlcera corneana em pacientes atendidos na Fundação Altino Ventura, Recife-PE, no período de novembro de 2005 a novembro de 2006. Foram estudados 40 casos de úlcera corneana, sendo analisados em cada paciente: etiologia da infecção, padrão de resistência a antibióticos, características sociodemográficas e fatores predisponentes ao desenvolvimento da úlcera corneana. Vinte e cinco pacientes (62,5%) foram do sexo masculino e 15 (37,5%) do sexo feminino; a idade variou entre 10 e 79 anos (média 45,0 ± 16,7). As profissões mais encontradas foram: agricultor/trabalhador rural 11 (27,5%) e donas de casa 9 (22,5%). As culturas foram positivas em 28 (70,0%) pacientes. Foi isolado um agente etiológico em 22 culturas (78,6%) e em 6 (21,4%) houve crescimento misto (bactéria + fungo). Das culturas onde houve isolamento de um único agente, 18 (81,8%) foram de etiologia bacteriana e 4 (18,2%) de etiologia fúngica. Entre as bactérias isoladas 19 (79,2%) foram Gram positivas e 5 (20,8%) Gram negativas. A bactéria mais freqüentemente isolada foi o Staphylococcus coagulase-negativa 8 (33,5%). Staphylococcus aureus e Bacilus sp. foram isolados em 4 culturas (12,5% respectivamente). Entre as Gram negativas, a mais freqüente foi Pseudomonas aeruginosa em duas culturas (8,3%). Fungos foram isolados em 10 (35,7%) amostras, sendo o Aspergillus sp. o mais freqüente (30,0%). As bactérias em geral mostraram-se resistentes a oxacilina (50,0%), cefalotina (33,3%) e tobramicina (33,3%). Os principais fatores predisponentes identificados neste estudo foram: trauma ocular (25,6%), doença sistêmica (14.0%), doença ocular (11,6%) e cirurgia ocular realizada no mesmo olho (11,6%). Neste trabalho, houve um predomínio de úlceras de córnea de origem bacteriana em relação à de etiologia fúngica. Staphylococcus coagulase-negativa ocorreu na maioria das úlceras bacterianas e Aspergillus sp. foi o agente responsável pela maior parte da infecções fúngicas. Estes achados têm importantes implicações para o tratamento e prevenção de úlceras corneanas. Descritores: Úlcera de córnea; Ceratite/etiologia; Microbiologia; Fatores predisponentes.

9

ABSTRACT

Corneal ulceration is an important cause of ocular morbidity and preventable blindness. Several studies have reported the incidence of bacterial and fungal pathogens isolated from ulcerated corneas. The purpose of this study was to analyze the microbiology of corneal ulcers and the factors associated in patients cared for at Altino Ventura Foundation Emergency Service, Recife – PE, from November 2005 to November 2006. Forty patients were identified to have been diagnosed with corneal ulcers. Sociodemographic data and information pertaining to the risk factors were recorded, all patients were examined and corneal cultures was performed. Twenty patients (62.5%) were males and 15 (37.5%) females. The age ranged from 10 to 79 years (mean age 45.0 ± 16.7). The most common occupations were agricultural workers, 11 (27.5%) and domestic work, 9 (22.5%). Cultures were positive in 28 (70.0%) of all cases. Of these, 18 (64.3%) had only bacterial growth, 4 (14.3%) had only fungal growth and 6 (21.4%) had both bacterial and fungal growth. Nineteen isolates were Gram-positive bacteria and 5 (20.8%) Gram-negative bacteria. Coagulase negative Staphylococcus was the most common organism, composing 33.5% of all isolates, folowed by Staphylococcus aureus (12.5%) and Bacilus sp. (12.5%). Pseudomonas sp. was the most common Gram-negative organisms isolated (8.3%). Fungi were isolated in 10 cases (35.7%). Aspergillus sp. was the most prevalent fungal pathogens reported (30.0%). Regarding bacterial susceptibility to antibiotics we found 50% of strains resistant to oxacilina, 33.3% to cefalotina, and 33.3% to tobramicina. The principal predisposing factors identified in this study were trauma (25.6%), severe systemic disease (14.0%), ocular disease (11.6%) and previous ocular surgery in the same eye (11.6%). Bacterial ulcers are more common than fungal ulcers. Coagulase negative Staphylococcus accounting for the majority of bacterial ulcers and Aspergillus sp. responsible for most of the fungal infections. These ′regional′ findings have important implications for the treatment and prevention of corneal ulceration. Key words: Corneal ulcer; Keratitis/etiology; Microbiology; Predisposing factors.

10

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1 – Identificação pela cultura dos microrganismos isolados de úlcera corneana

em pacientes atendidos na Fundação Altino Ventura Recife-PE...................................... 40

Gráfico 2 – Distribuição dos microrganismos isolados de úlcera corneana em

pacientes atendidos na Fundação Altino Ventura Recife-PE............................................ 40

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Distribuição dos pacientes com diagnóstico de úlcera corneana, segundo

sexo e faixa etária............................................................................................................... 38

Tabela 2 – Distribuição dos pacientes com diagnóstico de úlcera corneana, segundo

ocupação referida............................................................................................................... 39

Tabela 3 – Distribuição dos pacientes com diagnóstico de úlcera corneana, segundo o

tempo transcorrido do inicio dos sintomas até o atendimento oftalmológico.................... 39

Tabela 4 – Distribuição das bactérias isoladas de úlceras corneanas em pacientes

atendidos na emergência da Fundação Altino Ventura Recife-PE..................................... 41

Tabela 5 – Relação entre os antibiogramas realizados e a sensibilidade dos organismos

em porcentagem................................................................................................................. 42

Tabela 6 - Distribuição dos fungos isolados de úlceras corneanas em pacientes

atendidos na emergência da Fundação Altino Ventura Recife-PE..................................... 43

Tabela 7 – Distribuição dos fatores predisponentes à úlcera corneana em relação ao

número de pacientes atendidos na emergência da Fundação Altino Ventura Recife-PE... 44

11

SSUUMMÁÁRRIIOO

RESUMO........................................................................................................................... VIII

ABSTRACT....................................................................................................................... IX

LISTA DE ILUSTRAÇÕES............................................................................................. X

LISTA DE TABELAS....................................................................................................... X

INTRODUÇÃO................................................................................................................. 12

REVISÃO DA LITERATURA........................................................................................ 16

OBJETIVOS...................................................................................................................... 26

Geral.................................................................................................................................... 27

Específicos.......................................................................................................................... 27

CASUÍSTICA E MÉTODOS........................................................................................... 28

População e local do estudo................................................................................................ 29

Desenho do estudo.............................................................................................................. 29

Amostra............................................................................................................................... 30

Definição das variáveis....................................................................................................... 30

Padronização das técnicas................................................................................................... 32

Análise estatística................................................................................................................ 35

Considerações éticas............................................................................................................ 36

RESULTADOS.................................................................................................................. 37

DISCUSSÃO...................................................................................................................... 45

CONCLUSÕES................................................................................................................. 52

REFERÊNCIAS................................................................................................................ 54

APÊNDICES...................................................................................................................... 70

ANEXO.............................................................................................................................. 75

12

IInnttrroodduuççããoo

13

A córnea humana é uma estrutura em forma de cúpula, transparente, localizada na

parte anterior do globo ocular, protege a íris e o cristalino, além de permitir a penetração dos

raios luminosos que chegam à retina (RODRIGUES; DANTAS, 2001).

É uma estrutura avascular, porém ricamente enervada, com elevada sensibilidade tátil

e dolorosa. É formada por cinco camadas: o epitélio, a membrana de Bowmam, o estroma, a

membrana de Descemet e o endotélio:

Epitélio: é a mais externa de todas as camadas da córnea. É o epitélio que está em

contato com o meio externo. Funciona como uma proteção mecânica, da mesma forma como

a pele protege as demais regiões de nosso organismo. É do tipo pavimentoso estratificado

não-queratinizado.

Membrana de Bowman: camada acelular do estroma. É muito fina e resistente a

traumas.

Estroma: a mais espessa de todas as camadas. É a córnea propriamente dita, pois

corresponde a 90% de toda a espessura corneana. Sua composição consiste em tecido fibroso,

disposto em lamelas regulares, com hidratação muito baixa e sem nenhum vaso sangüíneo.

Tais características respondem por sua transparência acentuada.

Membrana de Descemet: membrana elástica, acelular e extremamente resistente.

Endotélio: é a última das cinco camadas e faz fronteira com o humor aquoso, que

preenche a câmara anterior. Consiste em uma camada única de células hexagonais. Tem papel

fundamental na nutrição e manutenção da transparência da córnea, mas não tem capacidade

regenerativa (KANSKI, 2004).

Por ser uma estrutura que protege a íris e o cristalino, casos de ulceração são

importantes causas de morbidade ocular e cegueira prevenível. Sendo menos freqüentes

apenas que a catarata, como causa de cegueira em países em desenvolvimento.

14

Por definição, úlcera corneana é uma solução de continuidade do epitélio corneano

com envolvimento variável do estroma subjacente (SMOLIN; THOFT, 1994). Geralmente

ocorre devido a uma infecção bacteriana, fúngica ou viral. Algumas vezes, é conseqüência de

um traumatismo. As bactérias (freqüentemente estafilococos, pseudomonas ou pneumococo)

podem infectar e ulcerar a córnea após o olho ser lesado, após a penetração de corpo estranho

no olho ou após uma irritação do olho por uma lente de contato. Outras bactérias (gonococos)

e vírus (herpes vírus) também podem causar úlceras de córnea. Os fungos podem causar

úlceras de desenvolvimento lento. Quando as pálpebras não se fecham adequadamente para

proteger e umedecer a córnea, pode ocorrer a formação de úlceras em decorrência do

ressecamento e da irritação, mesmo na ausência de infecção (VAUGHAN; ASBURY;

RIORDAN-EVA, 1998).

A região externa do olho é colonizada por diversos microrganismos semelhantes aos

que habitam a região periorbital, margens palpebrais e trato respiratório alto. Ainda que

alguns desses microrganismos sejam patogênicos, os processos infecciosos são raros devido a

mecanismos de defesa próprios do olho humano. O epitélio corneano íntegro, o filme lacrimal

com imunoglobulinas e as enzimas como lisozima, beta-lisina e lactoferrina, radicais livres na

camada de mucina do filme lacrimal e a ação de limpeza das pálpebras durante o ato de piscar

são alguns desses mecanismos protetores (ALVES; KARA JOSÉ, 1996).

Na grande maioria dos casos, a infecção ocorre devido à perda de algum dos fatores

de proteção anteriormente citados, entretanto em todos os casos, após a infecção segue-se um

processo inflamatório agudo e progressivo que evolui com necrose local e perda de tecido,

formando um defeito na córnea. Esse defeito tem importância clínica, pois, ainda que a

infecção seja banida, na reconstrução do estroma lesado forma-se um tecido cicatricial

esbranquiçado, levando à opacificação permanente da região (ALVES; KARA JOSÉ, 1996).

15

A úlcera bacteriana é rara na ausência de fatores predisponentes (MUSCH; SUGAR;

MEYER, 1983; BENSON; LANIER, 1998), até recentemente, a maior parte dos casos estava

associada ao trauma ocular ou doenças oculares. Entretanto, o amplo uso de lentes de contato

tem aumentado a incidência de úlcera associada ao seu uso (DART, 1988; SCHAEFER et al.,

2001). Fatores geográficos e climáticos também podem influenciar a etiologia da úlcera

corneana (BAKER et al., 1996; BENNETT et al., 1998; VAJPAYEE et al., 2000;

ALEXANDRAKIS; ALFONSO; MILLER, 2000; SCHAEFER; et al., 2001).

Os fungos são agentes oportunistas que raramente infectam córneas sadias de

indivíduos imunocompetentes. Doenças locais ou sistêmicas podem tornar tecido corneano

suscetível a infecções por estes microrganismos (THOMAS, 1994). Trauma, especialmente

aqueles com materiais orgânicos, uso tópico de corticosteróides e antibióticos (SATO et al.,

1989; CHA et al., 1990), uso de lentes de contato, procedimentos cirúrgicos, contaminação de

soluções oculares, limpeza inapropriada de lentes de contato (STERN et al., 1985), infecções

bem como qualquer doença associada com imunodeficiência são consideradas fatores de risco

para infecções micóticas oculares (FOSTER, 1994).

As úlceras podem estar acompanhadas de sintomas como dor, fotofobia e baixa de

acuidade visual. Sinais de edema palpebral, hiperemia conjuntival, quemose, injeção ciliar,

lacrimejamento e secreção purulenta podem ser observados. O epitélio corneano pode estar

ulcerado, com infiltração estromal ou necrose tecidual. A córnea pode apresentar, com

freqüência, edema ao redor do infiltrado. Também podem existir células na câmara anterior,

placas inflamatórias endoteliais e hipópio (GRAYSON, 2000; KANSKI, 2000).

Dado o exposto, admite-se que a precoce detecção do agente etiológico, a pesquisa

de sua sensibilidade aos diferentes antimicrobianos e a determinação do tratamento

apropriado pode influenciar sobremaneira a evolução e o prognóstico, proporcionando

conforto ao paciente e prevenindo complicações que comprometam a visão.

16

RReevviissããoo ddaa LLiitteerraattuurraa

17

A superfície ocular é normalmente colonizada por microbiota bacteriana. Esta

microbiota associada a fatores humorais próprios da superfície ocular contribui com a

modulação de sua defesa, inibindo o aparecimento de microrganismos patogênicos.

(VENTURA et al., 1997). Com a mudança das condições normais da superfície ocular, os

microrganismos com seus fatores de virulência ficam mais resistentes às defesas naturais e

aumentam sua capacidade infecciosa (VIEIRA et al., 1999).

Alterações da microbiota são observadas em várias situações, principalmente devido à

diminuição da imunidade local e sistêmica do hospedeiro ou pela presença de microrganismos

virulentos (HÖFLING-LIMA; BELFORT, 1996; ALVES; ANDRADE, 2000).

A úlcera corneana é um grave problema ocular pelo seu potencial de destruição da

estrutura transparente da córnea, com prognóstico quase sempre reservado, principalmente se

o diagnóstico etiológico e o tratamento não forem precoces (JONES, 1981). Acontece que,

mesmo quando curada, tende a deixar uma zona de opacificação suficientemente importante

que dificulta a visão (BOUCHARD; MEYER; MCDONNELL, 1997).

EPIDEMIOLOGIA

A úlcera corneana é a segunda causa de cegueira uniocular, sendo menos freqüente

apenas que a catarata em alguns paises em desenvolvimento (LECK et al., 2002; WONG et

al., 2003; LASPINA et al., 2004).

Estudos realizados no Nepal registraram a catarata como sendo a principal causa de

perda visual, com registros superiores a 80% de todas as cegueiras evitáveis. A lesão corneana

apareceu em segundo lugar, sendo responsável por 7,9% de todos os casos (BRILLIANT et

al., 1985). Na Tanzânia (RAPOZA et al., 1991) e Bangladesh (KHAN et al., 1985), a lesão

corneana foi responsável por 39 e 55% de todos os casos de cegueira unilateral,

respectivamente.

18

O modelo epidemiológico e os agentes causadores de úlcera corneana variam

significativamente de país para país e entre regiões de um mesmo país (SMOLIN; THOFT,

1987). Esta variação pode ser secundária a fatores como o clima. Por exemplo, há aumento na

prevalência de úlceras causadas por Pseudomonas sp. e fungos em climas quentes e elevada

prevalência de espécies de Staphylococcus em climas frios (ORMEROD et al., 1986).

Estimativas confiáveis da incidência anual de úlcera corneana são difíceis de obter em

muitos países. Dados disponíveis indicaram que em 1993 nos Estados Unidos da América

ocorreram 11 casos de úlcera corneana por 100.000 habitantes (ERIC et al., 1993), na Índia,

este numero foi 10 vezes maior, sendo 113 casos por 100.000 habitantes por ano

(GONZALES et al., 1996), em outros paises, como no Nepal, este valor chegou a 799 casos

por 100.000 pessoas por ano. (UPADHYAY et al., 2001).

ETIOLOGIA

Vários pesquisadores têm reportado a prevalência de patógenos bacterianos e fúngicos

isolados de úlceras corneanas (KATZ; WADUD; AYAZUDDIN, 1983; UPADHYAY et al.,

1991).

Os microrganismos envolvidos em um processo infeccioso ocular podem variar de

acordo com a região geográfica e com fatores predisponentes, sendo o quadro clínico peculiar,

devendo ser diferenciado de outras condições inflamatórias da córnea (HÖFLING-LIMA;

BELFORT, 1996; LIESEGANG, 1997; ALVES; ANDRADE, 2000).

As bactérias são freqüentemente os microrganismos mais isolados em úlceras de

córnea, destacando-se as Gram positivas. Os fungos aparecem em segundo lugar na ordem de

freqüência (DERICK; KELLEY; GERSMAN, 1989; BELFORT; KARA JOSÉ, 1996;

BOURCIER et al., 2003; WONG et al., 2003; LASPINA et al., 2004).

19

Cerca de 90% dos casos de úlcera bacteriana são causados por microrganismos

incluídos em um desses quatro grupos:

♦ Micrococcaceae (Staphylococcus, Micrococcus)

♦ Streptococcus sp.

♦ Pseudomonas sp.

♦ Membros da família enterobacteriaceae (Citrobacter, Klebsiella, Enterobacter,

Serratia, Proteus)

As bactérias mais frequentemente envolvidas em um processo infeccioso corneano são

o Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus coagulase-negativa e Staphylococcus aureus

(UPADHYAY et al., 1991; SRINIVASAN et al., 1997).

As bactérias Gram-negativas, principalmente Pseudomonas aeruginosa, e Klebsiella

pneumoniae também são relatadas como agentes causadores de infecção corneana

(BOURCIER et al., 2003).

Existe uma grande diversidade de bactérias Gram-positivas que podem levar a úlcera

corneana. A maioria delas faz parte da microbiota ocular (ALEXANDRAKIS; ALFONSO;

MILLER, 2000).

Staphylococcus coagulase-negativa e Corynebacterium sp. são os principais

componentes da microbiota conjuntival e possuem baixa patogenicidade, razão pela qual

geralmente infectam úlceras corneanas produzidas por enfermidades oculares crônicas, ou

relacionadas à injúrias oculares (BOURNE,2001; SCHAEFER et al., 2001).

Streptococcus pneumoniae pode colonizar assintomaticamente mucosas, incluindo a

conjuntiva, em uma pequena proporção de indivíduos, porém é um reconhecido patógeno para

o ser humano. A respeito das infecções oculares é o principal agente etiológico das

conjuntivites bacterianas e ocupa um importante lugar entre os agentes das úlceras corneanas

20

associadas às diversas enfermidades ou cirurgias oculares (SCHAEFER et al., 2001;

VARAPRASATHAN et al., 2004).

Streptococcus viridans faz parte da microbiota conjuntival em uma pequena proporção

de pessoas e é pouco patogênico, não é um agente freqüente de úlceras corneanas (SHARMA

et al., 2000).

Staphylococcus aureus possui duas características antes mencionadas, são

componentes importantes da microbiota ocular e, ao mesmo tempo, possuem múltiplos

fatores de patogenicidade, sendo agentes freqüentes de úlceras corneanas (WILHELMUS,

1996; BOURCIER et al., 2003).

Pseudomonas aeruginosa e Serratia marcescens são os principais bacilos Gram-

negativos isolados em úlceras infecciosas, principalmente em usuários de lentes de contato

(BOURCIER et al., 2003). Estas bactérias podem aderir-se às células da córnea, capacidade

favorecida pelas condições de estresse que ocasiona o uso de lentes (LIESEGANG, 1997;

LADAGE et al., 2001). Ademais, podem sobreviver em ambientes inóspitos e com poucos

nutrientes, como as soluções utilizadas para preservar as lentes de contato (BOURCIER et al.,

2003). Ocasionalmente, estes ou outros bacilos Gram-negativos podem ser isolados em

pacientes com úlceras pós-traumáticas ou relacionadas a enfermidades oculares (BENNETT

et al., 1998).

Os fungos são agentes que podem provocar diversas doenças no organismo humano. A

gravidade da infecção fúngica varia desde as formas cutâneas leves até quadros fatais que

levam à septicemia (ALECRIM; TEIXEIRA, 1958).

A primeira publicação sobre infecção micótica ocular foi atribuída a Graefe (1854),

com relato de micose do canal lacrimal (ROCHA, 1952). A úlcera micótica foi reconhecida

pela primeira vez em 1879 (LEBER, 1879) e tem emergido como sendo um dos maiores

problemas em Oftalmologia.

21

No Brasil, a incidência de infecções oculares micóticas variou de 3,8 a 10%,

dependendo do local (WAKISAKA et al., 1990; CHAIB et al., 1997). Um grande número de

fungos tem sido implicado como causa de úlcera corneana. Entretanto, a freqüência e a

diversidade dos fungos envolvidos diferem com relação a condições climáticas geográficas e

socioeconômicas (VIEIRA et al., 1992; MORALES; SOUSA; FURLAN, 1993).

Vários fatores influenciam o início do processo infeccioso micótico, seu prognóstico e

evolução. As micoses oculares, incluindo as úlceras corneanas, manifestam-se em situações

de caráter oportunista e multifatorial (KUROKAWA; SUGIZAKI; PERAÇOLI, 1998).

Ocorrem na presença de fatores que propiciam a modificação da microbiota conjuntival

(medicações tópicas ou condições climáticas favoráveis), que levam a destruição das defesas

locais (trauma, cirurgias ou doenças oculares prévias) ou a diminuição da resistência do

hospedeiro (doenças sistêmicas ou drogas imunossupressoras) (WONG et al., 1997;

HAMDAM; GUIMARÃES; ORÉFICE, 2000).

Entre os fungos isolados em úlcera corneana no Brasil, estão Fusarium sp.,

Aspergillus sp., Candida sp., Cephalosporium sp. e Penicillium sp. (BELFORT; KARA-

JOSÉ, 1996).

Fusarium sp. - Fungo filamentoso, agente etiológico mais encontrado em regiões

tropicais e subtropicais. As espécies mais importantes são Fusarium oxysporum e Fusarium

solani, onde o último é o agente etiológico predominante de úlcera micótica na Nigéria,

Espanha e Sul da Flórida, assim como na Colômbia, Índia, Brasil, Singapura, Polônia e

Argentina.

Aspergillus sp. - Fungo filamentoso, onde a espécie Aspergillus fumigatus é a mais

encontrada. Sua infecção é de severidade moderada, não progride tão rapidamente e tem uma

terapia mais amena do que a utilizada em úlceras por Fusarium sp. Assim como as leveduras,

são mais isolados durante as estações quentes, úmidas e chuvosas.

22

Candida sp. - Levedura mais comumente isolada nas úlceras corneanas. No entanto,

não é considerado como agente etiológico principal na maioria dos países tropicais. Com o

surgimento da AIDS, observou-se um crescimento na incidência deste patógeno, nos quais, o

aparecimento da úlcera corneana é por vezes espontâneo e não guarda relação com o clima do

local. Dessa forma, é mais freqüentemente encontrada em pacientes imunodeprimidos ou

debilitados e em associação com patologia corneana crônica pré-existente. Sendo mais

observado em locais onde a úlcera traumática é incomum (WAKISAKA et al., 1990; VIEIRA

et al., 1992; MORALES; SOUSA; FURLAN, 1993; CHAIB et al., 1997).

O estudo da ocorrência de úlceras micóticas é de grande importância, não só devido

aos problemas relacionados ao diagnóstico mais também pela severidade das manifestações

clínicas apesar do tratamento antifúngico instituído (ABAD; FOSTER, 1996). Se tratada de

forma inadequada pode levar à marcada diminuição visual e, em casos severos, à cegueira

total ou mesmo à perda do globo ocular (WONG et al., 1997).

Assim, o conhecimento da etiologia e dos fatores associados à doença micótica ocular

pode ajudar na prevenção, no diagnóstico presuntivo e na conduta inicial nos casos de

infecção ocular.

FATORES PREDISPONENTES

A incidência de úlcera corneana causada pelo uso de lentes de contato é cerca de 30 a

60 por 10.000 olhos por ano (D’AVERSA; STERN; DRIEBE, 1995; WILSON, 1996;

LIESEGANG, 1997; HOLDEN et al., 2005).

Em 2001, Schaefer et al. encontraram que 36% de todos os casos de úlcera de córnea

estavam associados ao uso de lentes de contato.

As bactérias que mais frequentemente produzem úlcera corneana associada ao uso de

lentes são Pseudomonas aeruginosa e Serratia marcescens. Também podem estar envolvidos,

23

porém com menor freqüência, outros bacilos Gram-negativos, bactérias Gram-positivas,

principalmente Staphylococcus aureus e Staphylococcus coagulase-negativa, como também

leveduras do gênero Candida (PARMENT, 1997; CHENG et al., 1999; SCHAEFER et al.,

2001; NICOLA et al., 2003). Os fungos filamentosos raramente produzem úlcera corneana

em usuários de lentes de contato (WONG et al., 1997; MARTINS et al., 2002).

A utilização de lentes de contato gera microzonas de hipóxia no epitélio corneano,

podendo produzir também microtraumatismos por atrito. Este fato desencadeia uma série de

eventos que favorecem a adesão e internalização de Pseudomonas aeruginosa nas células do

epitélio corneano, permitindo o início do processo infeccioso (BOURNE, 2001; LADAGE,

2004; ZAIDI et al., 2004).

Outro fator que favorece a formação da úlcera corneana é o traumatismo corneano

(WONG et al., 1997). A injuria na córnea pode ser severa, leve ou inclusive uma lesão

imperceptível (MANZOURI; VAFIDIS; WYSE, 2001).

Srinivasan et al. (1997), em estudo realizado na Índia encontraram história de recente

injúria corneana como o mais comum fator predisponente para úlcera de córnea (65,4%). Os

agentes responsáveis pelo trauma foram principalmente de origem vegetal, produtos animais,

objetos de metal entre outros.

Dessa forma envolve mais frequentemente trabalhadores rurais que se lesionam com

elementos vegetais (GARG et al., 2000; VEMUGANTI et al., 2002). Também são afetados

trabalhadores metalúrgicos, de construção ou similares, os quais se ferem com fragmentos

metálicos, de madeiras, de outros materiais ou por abrasão física ou química (KLOTZ et al.,

2000).

O objeto injuriante pode ser ele mesmo portador e inoculador do agente infeccioso,

podendo ser bactérias e/ou fungos ambientais de diversos gêneros. A lesão pode infectar-se

posteriormente com microrganismos, fundamentalmente da microbiota ocular do paciente. A

24

maioria dos estudos reconhece os fungos filamentosos como sendo os principais agentes

causadores de úlcera corneana pós-traumáticas, provavelmente devido a sua distribuição

(KHANAL et al., 2005).

Outras causas predisponentes são as cirurgias oculares envolvendo a córnea. Nestes

casos, os microrganismos penetram através do local da incisão, sendo usualmente bactérias

patogênicas tais como Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae, Pseudomonas

aeruginosa, etc. Também podem estar envolvidos Staphylococcus coagulasa-negativa,

micobactérias ambientais e fungos (WILHELMUS, 1996; BOURCIER et al., 2003).

Diversas enfermidades gerais e oculares predispõem ao desenvolvimento de úlcera

corneana (BOURCIER et al., 2003). Algumas delas diminuem as defesas humorais e/ou

celulares, como a diabetes, colagenopatias e outros estados de imunossupressão adquiridos.

Outras vezes, a enfermidade altera de forma significativa o epitélio corneano, como ocorre no

pênfigo, em enfermidades autoimunes, disfunções tireoideanas severas, síndrome de Sjögren,

etc., favorecendo a infecção por diversos microrganismos, incluindo fungos e aqueles

habitualmente considerados não patogênicos, como Staphylococcus coagulase-negativa,

corinebacterias, etc. (WILHELMUS, 1996). Outras condições oculares que podem predispor a

formação de úlceras são as blefarites crônicas, síndrome de olho seco e diversas patologias da

pálpebra ou do epitélio corneano (BOURCIER et al., 2003).

A maioria das doenças infecciosas pode ser diagnosticada e tratada considerando-se

apenas as características clínicas. A investigação laboratorial pode minimizar a morbidade

secundária a um diagnóstico etiológico tardio, proporcionar conforto ao paciente e prevenir

complicações que comprometam a visão; desta forma está indicada na maioria dos pacientes,

com suspeita clínica de úlcera infecciosa (HÖFLING-LIMA; BELFORT, 1996;

LIESEGANG, 1997; ALVES; ANDRADE, 2000).

25

O padrão epidemiológico e os agentes causadores de úlcera corneana variam de forma

significante entre países e entre regiões de um mesmo país. Por isso é importante determinar a

etiologia “regional” (LECK et al., 2002). Assim como a sensibilidade destes agentes ao

arsenal terapêutico disponível em nosso meio, pois vão orientar o tratamento e prevenção das

infecções corneanas.

26

OObbjjeettiivvooss

27

OBJETIVO GERAL:

Identificar o perfil microbiológico e os fatores predisponentes em pacientes com

diagnóstico de úlcera corneana atendidos na emergência da Fundação Altino Ventura.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

♦ Caracterizar o grupo de pacientes segundo aspectos sociodemográficos;

♦ Estabelecer a freqüência dos microrganismos isolados;

♦ Determinar a susceptibilidade “in vitro” das bactérias isoladas frente aos

antimicrobianos;

♦ Descrever os principais fatores predisponentes relatados pelos pacientes.

28

CCaassuuííssttiiccaa ee MMééttooddooss

29

PPOOPPUULLAAÇÇÃÃOO EE LLOOCCAALL DDOO EESSTTUUDDOO

A população do estudo foi constituída por pacientes, de ambos os sexos, atendidos na

emergência da Fundação Altino Ventura, localizada em Recife – Pernambuco, com

diagnóstico de úlcera corneana, durante o período de novembro de 2005 a novembro de 2006.

CCRRIITTÉÉRRIIOO DDEE IINNCCLLUUSSÃÃOO:

Serão incluídos todos os casos de úlcera corneana atendidos na emergência da

Fundação Altino Ventura, Recife-PE, durante o período de outubro de 2005 a outubro de

2006.

CCRRIITTÉÉRRIIOOSS DDEE EEXXCCLLUUSSÃÃOO:

Foram excluídos do estudo pacientes suspeitos ou confirmados de úlcera corneana de

etiologia viral e pacientes que relataram estar utilizando antibióticos nas últimas 48 horas.

DDEESSEENNHHOO DDOO EESSTTUUDDOO

O desenho de estudo adotado para a realização deste trabalho foi descritivo, do tipo

Serie de Casos. Este constitui-se da observação de poucos indivíduos com uma mesma

doença ou evento e, a partir da descrição dos respectivos casos pode-se traçar um perfil das

suas principais características.

Este tipo de estudo também permite identificar características descritivas dos

indivíduos estudados o que pode possibilitar a formulação de hipóteses que poderão ser

confirmadas e analisadas em estudos analíticos posteriores. (FLETCHER et al., 1996;

EBRAHIM; SULLIVAN, 1996).

30

Duas desvantagens além da falta do grupo controle são: amostras altamente

selecionadas e número pequeno de indivíduos. Este fato leva a dificultar a interpretação dos

resultados, especialmente no que diz respeito à generalização das conclusões.

Apesar das limitações inerentes a esse desenho de estudo, considera-se o modelo mais

apropriado para os objetivos propostos, uma vez que permite estudar um grupo pequeno de

pacientes.

AAMMOOSSTTRRAA

A amostra foi do tipo por conveniência segundo a demanda da emergência da

Fundação Altino Ventura. Os indivíduos que se apresentaram para consulta e que

preencheram os critérios de inclusão do estudo foram engajados à pesquisa.

DDEEFFIINNIIÇÇÃÃOO DDAASS VVAARRIIÁÁVVEEIISS

VVAARRIIÁÁVVEELL DDEEPPEENNDDEENNTTEE

Úlcera corneana infecciosa – definida como uma perda do epitélio corneano

associados a sinais inflamatórios locais, com ou sem hipópio (SRINIVASAN et al., 1997).

VVAARRIIÁÁVVEEIISS IINNDDEEPPEENNDDEENNTTEESS

Cultura positiva – será considerada cultura positiva se houver crescimento de uma

colônia do mesmo microrganismo em pontos diferentes da estria de um dos meios utilizados

ou em meios distintos.

31

Idade – definida como anos completos no momento da entrevista e exames. Agrupada

por faixas, categorizada em:

♦ Até 20;

♦ 21 a 40;

♦ 41 a 60;

♦ > 60;

♦ Não informada.

Sexo – categorizado em:

♦ Masculino;

♦ Feminino.

Fatores predisponentes – História de trauma ocular, uso de lentes de contato, alergia

ocular, cirurgia ocular prévia, doença sistêmica e/ou doença ocular.

Tempo de sintomas – definido como tempo decorrido desde o início dos sintomas até

o momento do atendimento oftalmológico. Apresentado em dia, categorizado em:

♦ 1 a 3;

♦ 4 a 7;

♦ 8 a 14;

♦ 15 a 29;

♦ 30 a 59;

♦ > 60;

♦ Desconhecido ou não informado.

32

Ocupação – definida como o cargo, função, profissão ou ofício habitualmente

exercido.

PPAADDRROONNIIZZAAÇÇÃÃOO DDAASS TTÉÉCCNNIICCAASS

CCOOLLEETTAA DDOOSS DDAADDOOSS CCLLÍÍNNIICCOOSS

Os pacientes com diagnóstico de úlcera corneana, que procuraram a emergência da

Fundação Altino Ventura, para tratamento, no período do estudo, e preencheram os critérios

de inclusão, foram convidados a participar do estudo, após a explicação dos objetivos, seus

riscos e benefícios e enfatizando-se seus direitos em participar ou não. Para os que

concordaram foi solicitada assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(APÊNDICE A).

Os pacientes foram submetidos a um protocolo constituído de história e exame

oftalmológico completos, com ênfase na identificação de fatores predisponentes sistêmicos e

oculares.

No momento da coleta, ao final da consulta médica, foram preenchidas fichas por

meio de entrevista ao paciente ou responsável. A coleta de dados foi realizada pela

pesquisadora a partir de um protocolo elaborado exclusivamente para esta pesquisa

(APÊNDICE B).

CCOOLLEETTAA DDAA AAMMOOSSTTRRAA

A coleta do material foi realizada pelo oftalmologista envolvido na pesquisa com

auxílio da espátula de Kimura, sob anestesia tópica com cloridrato de proparacaína a 0,5%. O

colírio de proparacaína 0,5% é o mais indicado por ser o menos bactericida. Após instilação

33

do colírio anestésico foi realizada raspagem da borda e centro das úlceras sob observação

direta através de lâmpada de fenda.

Para a colheita das amostras um swab esterilizado, contendo 0,2 mL de solução de

NaCl a 0,9%, foi friccionado levemente contra a lesão, sendo depositado em tubo estéril

contendo caldo BHI.

PPRROOCCEESSSSAAMMEENNTTOO DDAASS AAMMOOSSTTRRAASS

Os procedimentos relativos à recuperação dos microrganismos presentes na úlcera

corneana foram realizados no setor de Microbiologia do Laboratório de Imunopatologia Keizo

Asami da Universidade Federal de Pernambuco.

IIDDEENNTTIIFFIICCAAÇÇÃÃOO MMIICCRROOBBIIOOLLÓÓGGIICCAA

Meios de Cultura

Os meios de cultura desidratados, relacionados a seguir, das marcas comerciais DIFCO

(Becton Dickinson; Sparks, USA), MERCK (Darmstadt, Germany), BBL (Becton Dickinson;

Cockeysville; USA), OXOID (Hampshire, England) foram preparados de acordo com as

especificações dos fabricantes: Ágar Müeller Hinton, Ágar Base Sangue (TSA Blood Agar

Base) acrescido de sangue de carneiro 5%, Caldo BHI (Brain and Heart Infusion) e Ágar-

Levine .

Identificação bacteriana

As amostras coletadas inicialmente foram cultivadas em caldo BHI, com incubação

em aerobiose a 37o C por um período de 4 dias.

34

As amostras cultivadas em caldo BHI, posteriormente foram semeadas em Ágar-

sangue de carneiro (5%), e Ágar-Levine, com incubação em aerobiose a 37o centígrados. A

cultura foi examinada diariamente e considerada negativa quando não houve crescimento

bacteriano após 48 horas. A identificação das colônias foi realizada seguindo as

recomendações de KONEMAN et al. (2001).

Em caso de obtenção de cultura positiva a susceptibilidade “in vitro” dos

microrganismos isolados foi estudada.

TTeesstteess ddee ssuusscceeppttiibbiilliiddaaddee ““iinn vviittrroo”” aaooss aannttiimmiiccrroobbiiaannooss

Após a classificação dos microrganismos, estes foram submetidos ao teste de

sensibilidade bacteriana. A metodologia empregada seguiu o método de difusão em placa

descrito por BAUER & KIRBY (1966).

O inóculo foi preparado transferindo-se 3 a 5 colônias para solução salina, resultando

em uma suspensão com turvação 0,5 da escala de McFarland. Um swab foi saturado no caldo

e semeado por toda a superfície do meio Ágar Müeller Hinton em placa de Petri de 14 cm de

diâmetro. Os discos foram distribuídos uniformemente sobre a superfície do meio de cultura.

As placas foram incubadas a 37º C por 24h.

Os testes foram realizados frente a diferentes antibióticos (Laborclin), a saber:

cefalotina (30 µg), cefotaxima (30µg), ciprofloxacina (5µg), cloranfenicol (30µg),

gatifloxacina (5µg), gentamicina (10µg), neomicina (30µg), ofloxacina (5 µg), oxacilina

(1µg), tobramicina (10µg) e vancomicina (30µg).

A interpretação dos antibiogramas realizada pela medida do diâmetro do halo de

inibição do crescimento do microrganismo. As concentrações bem como o critério de

interpretação foram os recomendados pelo Clinical and Laboratory Standards Institute

(CLSI, 2005).

35

Identificação fúngica

Para identificação dos fungos as amostras cultivadas em caldo BHI, posteriormente

foram semeadas em Ágar Sabouraud-dextrose, As placas contendo os meios foram incubadas à

temperatura ambiente em aerobiose. Os semeios foram acompanhados por um período

mínimo de 15 dias (SIDRIM, 2004). À medida que surgiam as colônias, era realizada a

identificação.

A identificação dos fungos baseia-se nas características da colônia (cor da superfície e reverso,

textura, topografia), mas também nas estruturas microscópicas produzida no microcultivo e, em alguns

casos, realização de provas bioquímicas e fisiológicas adicionais (ARAÚJO et al., 2003).

Os fungos filamentosos foram identificados pelas características coloniais e pela

aparência microscópica em uma preparação lactofenol azul-algodão.

Para identificação dos fungos não filamentosos foram adotadas as características

macroscópicas, microscópicas e fisiológicas das leveduras, segundo os critérios padronizados

por Lodder (1970), Kreger-van Rij (1984) e Barnett et al. (1990).

AANNÁÁLLIISSEE EESSTTAATTÍÍSSTTIICCAA

Os dados foram analisados de maneira descritiva. Com o objetivo de categorizar a

amostra estudada, foram apresentadas as freqüências relativas (%) e absolutas (N) das classes

de cada variável qualitativa (variáveis categóricas). Para as variáveis quantitativas (contínuas)

foram utilizadas média e mediana, desvio padrão, valor mínimo e máximo para indicar a

variabilidade dos dados.

36

CCOONNSSIIDDEERRAAÇÇÕÕEESS ÉÉTTIICCAASS

Este estudo teve seu protocolo submetido à Comissão de Ética em Pesquisa da

Fundação Altino Ventura, tendo sido aprovado sob protocolo no 043/05 (Anexo A)

Todos os pacientes incluídos neste estudo receberam, no início, informações

detalhadas sobre a natureza da investigação e, após os esclarecimentos, assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido.

37

RReessuullttaaddooss

38

CCAARRAACCTTEERRIIZZAAÇÇÃÃOO GGEERRAALL DDAA AAMMOOSSTTRRAA

Um total de quarenta pacientes com diagnóstico de úlcera corneana foram

acompanhados na emergência da Fundação Altino Ventura durante um período de 12 meses.

Vinte e cinco pacientes (62,5%) eram do sexo masculino e quinze (37,5%) do sexo feminino.

A idade média encontrada foi de 45,0 anos, com desvio padrão igual a 16,7 anos. O

valor mínimo de idade foi de 10 anos e o máximo foi de 79 anos. Foi observado maior

número de pacientes na faixa etária de 41 a 60 anos (Tabela 1).

Tabela 1 – Distribuição dos pacientes com diagnóstico de úlcera corneana, segundo sexo e faixa etária.

CCAARRAACCTTEERRÍÍSSTTIICCAASS NNÚÚMMEERROO PPEERRCCEENNTTUUAALL

SEXO

Masculino

Feminino

FAIXA ETÁRIA (ANOS)

Até 20

21 – 40

41 – 60

> 60

Não informada

TOTAL

25

15

4

12

17

6

1

40

62,5

37,5

10,0

30,0

42,5

15,0

2,5

100,0

Dos quarenta pacientes, onze (27,5%) eram agricultores. A segunda ocupação mais

relatada foi do lar (Tabela 2).

39

Tabela 2 – Distribuição dos pacientes com diagnóstico de úlcera corneana, segundo ocupação referida.

OOCCUUPPAAÇÇÃÃOO NNÚÚMMEERROO PPEERRCCEENNTTUUAALL

Agricultor

Do lar

Estudante

Aposentado

Serralheiro

Mecânico

Gari

Auxiliar de serviços gerais

Outros*

Não informado

TOTAL

11

9

3

3

2

2

2

2

5

1

40

27,5

22,5

7,5

7,5

5,0

5,0

5,0

5,0

12,5

2,5

100,0

* Vigilante (n=1); Auxiliar de pedreiro (n=1); Zelador (n=1); Motorista (n=1) e Desempregado (n=1).

O período entre o início dos sinais e sintomas e o atendimento na emergência da

Fundação Altino Ventura variou de 1 a 90 dias (média de 16,3 dias), excetuando-se quatro

pacientes que não souberam informar quando as queixas se iniciaram. A maioria dos

pacientes (45,0%) procurou o serviço na primeira semana do início dos sintomas. (Tabela 3).

Tabela 3 – Distribuição dos pacientes com diagnóstico de úlcera corneana, segundo o tempo transcorrido do inicio dos sintomas até o atendimento oftalmológico.

DDIIAASS NNÚÚMMEERROO PPEERRCCEENNTTUUAALL

1 – 3

4 – 7

8 – 14

15 – 29

30 – 59

> 60

Não informado

TOTAL

10

8

7

3

5

3

4

40

25,0

20,0

17,5

7,5

12,5

7,5

10,0

100,0

40

CCAARRAACCTTEERRÍÍSSTTIICCAASS MMIICCRROOBBIIOOLLÓÓGGIICCAASS

As culturas foram positivas em vinte e oito (70,0%) pacientes, todos unilaterais

(Gráfico 1).

30%; (12)

70%; (28)

Cultura positiva

Cultura negativa

Gráfico 1 – Identificação pela cultura dos microrganismos isolados de úlcera corneana em pacientes atendidos na Fundação Altino Ventura Recife-PE.

Foi isolado apenas um agente etiológico em 22 culturas (78,6%) e em 6 culturas

(21,4%) houve crescimento misto (bactéria + fungo). Das culturas onde houve isolamento de

um único agente, 18 (81,8%) foram de etiologia bacteriana e 4 (18,2%) de etiologia fúngica

(Gráfico 2).

64,3%; (18)

21,4%; (6)

14,3%; (4)

Bacteria

Fungo

Bacteria +Fungo

Gráfico 2 – Distribuição dos microrganismos isolados de úlcera corneana em pacientes atendidos na Fundação Altino Ventura Recife-PE.

41

De um total de vinte e quatro bactérias isoladas, dezenove (79,2%) foram Gram

positivas e cinco (20,8%) Gram negativas (Tabela 4).

Entre as Gram positivas, Staphylococcus coagulase-negativa foi a mais

frequentemente isolada, ocorrendo em oito culturas (33,3%). Os outros microrganismos

encontrados foram: Staphylococcus aureus em quatro casos (16,7%), Bacillus sp. em quatro

casos (16,7%) e Staphylococcus saprophyticus em três casos (12,5 %).

Pseudomonas aeruginosa foi a bactéria Gram negativa mais frequentemente isoladas,

ocorrendo em dois casos respectivamente (8,3%). Klebsiella pneumoniae, Klebsiella oxytoca

e Enterobacter aerogenes foram isoladas em apenas um paciente (4,2 %), respectivamente.

Tabela 4 – Distribuição das bactérias isoladas de úlceras corneanas em pacientes atendidos na emergência da Fundação Altino Ventura Recife-PE.

BBAACCTTÉÉRRIIAASS NNÚÚMMEERROO PPEERRCCEENNTTUUAALL

GRAM POSITIVA

Staphylococcus coagulase-negativa

Staphylococcus aureus

Bacillus sp.

Staphylococcus saprophyticus

GRAM NEGATIVA

Pseudomonas aeruginosa

Klebsiella pneumoniae

Klebsiella oxytoca

Enterobacter aerogenes

TOTAL

8

4

4

3

2

1

1

1

24

33,3

16,7

16,7

12,5

8,3

4,2

4,2

4,2

100,0

42

Testes de susceptibilidade “in vitro” dos microrganismos isolados frente a diferentes

antimicrobianos

A Tabela 5 mostra a relação obtida entre os antibiogramas realizados e a sensibilidade

dos microrganismos aos diferentes antibióticos testados.

Das quatorze cepas de bactérias Gram positivas, 100% apresentaram sensibilidade a

cefalotina, neomicina e vancomicina; 92,9% a cefotaxina, cloranfenicol e gentamicina; 85,7%

a gatifloxacina e ofloxacina; 78,6% a ciprofloxacina, e 64,3% a oxacilina e tobramicina.

Com relação às cinco cepas de bactérias Gram negativas testadas 100% apresentaram

sensibilidade aos antibióticos: cefotaxina, ciprofloxacina, gatifloxacina e ofloxacina; 80% a

neomicina, cloranfenicol e gentamicina; 60% a tobramicina; 40% a vancomicina; 20% a

cefalotina e 0% a oxacilina.

Tabela 5 – Relação entre os antibiogramas realizados e a sensibilidade dos organismos em porcentagem.

DDIISSCCOO DDEE AANNTTIIBBIIÓÓTTIICCOO BBAACCTTÉÉRRIIAASS

No Atb CCFFLL CCTTXX CCIIPP CCLLOO GGTTFF GGEENN NNEEOO OOFFXX OOXXAA TTOOBB VVAANN

S.coagulase-negativa

S. aureus

S.saprophyticus

P. aeruginosa

K. pneumoniae

K. oxytoca

E. aerogenes

8

3

3

2

1

1

1

100

100

100

0

100

0

0

87,5

100

100

100

100

100

100

75

100

66,7

100

100

100

100

87,5

100

100

50

100

100

100

75

100

100

100

100

100

100

87,5

100

100

100

100

0

100

100

100

100

100

100

0

100

75

100

100

100

100

100

100

62,5

100

33,3

0

0

0

0

50

66,7

100

100

0

0

100

100

100

100

0

100

0

100

No Atb = Número de antibiogramas realizados

CFL = cefalotina; CTX = cefotaxina; CIP = ciprofloxacina; CLO = cloranfenicol; GTF = gatifloxacina; GEN = gentamicina;

NEO = neomicina; OFX= ofloxacina; OXA = oxacilina; TOB = tobramicina; VAN = vancomicina

43

Fungos foram isolados em dez (35,7%) amostras (Tabela 6). Dentre os fungos

identificados, o gênero Aspergillus foi o mais encontrado, perfazendo um total de 30,0% dos

casos (n = 3).

Tabela6 - Distribuição dos fungos isolados de úlceras corneanas em pacientes atendidos na emergência da Fundação Altino Ventura Recife-PE.

FFUUNNGGOOSS NNÚÚMMEERROO PPEERRCCEENNTTUUAALL

Aspergillus sp.

Penicillium sp.

Clodosporium sp.

Syncephalostrum sp.

Mucor sp.

Absidia sp.

TOTAL

3

2

2

1

1

1

10

30,0

20,0

20,0

10,0

10,0

10,0

100,0

FFAATTOORREESS PPRREESSIISSPPOONNEENNTTEESS

Com relação aos dados pregressos da patologia em questão, vinte e seis pacientes

(65,0%) referiram fatores predisponentes ao desenvolvimento de úlcera corneana. Estes

fatores estão descritos na tabela 7.

Entre os fatores encontrados, história de trauma ocular foi relatado em onze pacientes

(25,6%). Quando se avalia o tipo de trauma, observa-se que o mais freqüente foi por material

vegetal, detectado em sete dos onze casos.

Seis pacientes (14,0%) relataram doença sistêmica; cinco (11,6%) haviam realizado

cirurgia ocular prévia; cinco (11,6%) relatavam doença ocular; um (2,3%) utilizava lente de

contato concomitante ao inicio dos sintomas e um (2,3%) possuía alergia ocular.

44

Tabela 7 – Distribuição dos fatores predisponentes à úlcera corneana em relação ao número de pacientes atendidos na emergência da Fundação Altino Ventura Recife-PE.

FFAATTOORR PPRREEDDIISSPPOONNEENNTTEE NNÚÚMMEERROO** PPEERRCCEENNTTUUAALL

Trauma corneano

Doença sistêmica

Doença ocular

Cirurgia ocular prévia

Alergia ocular

Lentes de contato

Fatores predisponentes não referidos

TOTAL

11

6

5

5

1

1

14

43

25,6

14,0

11,6

11,6

2,3

2,3

32,6

100,0

* total é maior que 40, devido a presença de mais de um fator predisponente em alguns pacientes.

45

DDiissccuussssããoo

46

A terapêutica antimicrobiana nos casos de úlceras corneanas deveria ser patógeno-

específico, mas observa-se uma tendência de não identificação laboratorial rotineira de

microrganismos nos serviços de oftalmologia (VARAPRASATHAN et al., 2004). Com a

disseminação do emprego de tratamento empírico para esse tipo de doença, torna-se de suma

importância o conhecimento do perfil microbiológico das úlceras de córnea de determinada

região, para que possam ser traçadas diretrizes terapêuticas adequadas (SRINIVASAN et al.,

1997; LECK et al., 2002; BOURCIER et al., 2003; LASPINA et al., 2004).

A Emergência Oftalmológica da Fundação Altino Ventura é um serviço recém-

implantado, que atende pacientes de baixa renda, através do SUS – Sistema Único de Saúde e

atua como local de referência para casos de urgência oftalmológica, incluindo as úlceras de

córnea. Assim sendo, a identificação dos microrganismos mais prevalentes torna-se um guia

para a terapêutica antimicrobiana nessa Instituição.

No presente estudo, foi observado um maior número de pacientes do sexo masculino

(62,5%) acometidos por úlceras corneanas. Este fato pode ser atribuído à maior exposição do

homem aos fatores predisponentes, como o traumatismo corneano (LIESEGANG;

FORSTER, 1980; VIEIRA, 1997).

A existência de uma distribuição não uniforme dos pacientes quanto a faixa etária foi

observada em nosso estudo. A idade média encontrada foi de 45 anos. Este resultado

corrobora aos observados por Wakisawa et al. (1990).

Um dos principais fatores desta doença consiste no baixo nível sócio-econômico-

cultural dos pacientes, especialmente, aqueles oriundos de zonas rurais, trabalhadores das

lavouras (YASUHISA; HOMMURA; MATSUMOTO, 1987). Na nossa casuística foi

verificado que 27,5% dos pacientes eram agricultores. Estes, além de estarem predispostos a

este tipo de infecção por maiores chances de traumatismo ocular durante as atividades

47

profissionais, muitos demoram a procurar serviços de saúde especializados, fato que agrava o

prognóstico da úlcera corneana.

Este perfil de profissão encontrado é bem menor que o relatado em estudo similar

realizado no Nepal (49,6%), na Índia (57,6) e no Paraguai (45,0%) e maior que os 16,1% dos

pacientes encontrados em Gana (UPADHYAY et al., 1991; GONZALES et al., 1996;

LASPINA et al., 2004).

Os pacientes também foram questionados sobre a duração dos sintomas. O período

entre o início dos sinais e sintomas e a entrada no serviço de emergência da Fundação Altino

Ventura foi em média de 16,3 dias, justificado pelas dificuldades no diagnóstico e nos

tratamentos empíricos instituídos anteriormente, como também o encaminhamento ao serviço

especializado já em estágio avançado de comprometimento ocular (WONG et al., 2003).

As culturas foram positivas em 28 pacientes (70,0%). Esta taxa de positividade foi

semelhante à maioria dos estudos realizados mundialmente, como demonstrado em um estudo

realizado durante um período de 13 anos no Paraguai (80,0%) (LASPINA et al., 2004) e em

uma revisão recente de 300 casos realizada na França (68,0%) (BOURCIER et al., 2003).

Estudos realizados na Nova Zelândia e na Califórnia também apresentaram resultados

semelhantes (71,0% e 84,0%, respectivamente) (WONG et al., 2003; VARAPRASATHAN et

al., 2004). No entanto, em outros países, observa-se taxa mais baixa, provavelmente devido ao

uso prévio indiscriminado de antibióticos (LECK et al., 2002).

Aproximadamente 30,0% das culturas apresentaram-se com resultado negativo. Este

dado é similar aos achados da literatura (CLINCH et al., 1994; VAJPAYEE et al., 1999), que

demonstraram 24,1% e 30% de culturas negativas, porém maior do que o descrito em um

outro estudo (CRUZ et al., 1993) que demonstrou 13,7% de culturas negativas. Os achados de

culturas negativas podem ser atribuídos ao uso de medicações tópicas iniciadas

empiricamente e à etiologia viral das úlceras corneanas (LASPINA et al., 2004).

48

Como acontece com processos infecciosos de outros órgãos, devem existir variações

na incidência de determinados microrganismos causadores de úlceras de córnea dependendo

da região geográfica estudada (LIMA et al., 1988).

Além das características regionais, existe uma evidente transformação na freqüência

dos agentes infecciosos como também a sensibilidade aos agentes antimicrobianos decorrente

da seleção dos microrganismos resistentes em detrimento dos mais sensíveis (LIMA et al.,

1988).

Em concordância com a literatura atual, foram encontradas, como mais freqüentes

bactérias Gram positivas (UNDERDAHL et al., 2000; BOURCIER et al., 2003; LASPINA et

al., 2004; HÖFLING-LIMA et al., 2005), principalmente espécies de Staphylococcus

coagulase-negativa (WONG et al., 2003), o que não ocorre em outras regiões como na Índia e

em Gana, onde espécies de fungos se mostraram mais prevalentes (LECK et al., 2002).

Em 24 úlceras (86,0%), foi observado crescimento bacteriano na cultura, sendo que

em 18 (65%) houve identificação de apenas um microrganismo e, em 6 (21,4%) foram

isoladas bactérias e fungos. Em 10 casos (35,7%) houve isolamento de fungos, sendo em 4

casos (14,3%) isolado apenas um único agente.

Assim, observamos que as úlceras corneanas na população estudada foram

predominantemente de etiologia bacteriana, coincidentes com achados na literatura (LIMA et

al., 1988; WAKISAKA et al., 1990; SAMPAIO et al., 1994; RODMAN et al., 1997; PARO

et al., 1998), sendo Staphylococcus coagulase-negativa o agente etiológico mais comumente

isolado no presente estudo (33,3% dos casos), vindo a seguir Staphylococcus aureus (16,7%),

Bacillus sp. (16,7%) e Staphylococcus saprophyticus (12,5 %).

Estudos relatam a Pseudomonas aeruginosa como agente etiológico bacteriano mais

freqüente (CRUZ et al., 1993). Em nosso estudo esteve presente em apenas 8,3% dos casos.

49

O desenvolvimento de resistência bacteriana a drogas antimicrobianas não é um

fenômeno novo e tem sido documentada desde a introdução dos antibióticos. Resistência a

múltiplas drogas emergiu no final dos anos 50 e se tornou um problema significante na

medicina clínica durante os anos 60 (TENOVER; HUGHES, 1996).

Na determinação da sensibilidade dos microrganismos aos antimicrobianos foi

observado que em geral estes eram sensíveis.

Das amostras de Staphylococcus coagulase-negativa 100% mostraram elevada

sensibilidade a maioria dos antibióticos testados. O mesmo não ocorreu em estudo prévio

realizado por Lima et al. (1988), que encontrou uma taxa de sensibilidade a cefalotina de

66,7%.

Staphylococcus aureus de maneira geral apresentaram elevada sensibilidade aos

antimicrobianos testados, mostrando 100% sensíveis às drogas mais usadas no tratamento

(cefalotina e gentamicina). Estes resultados são concordantes com os encontrados em outro

trabalho (WAKISAKA et al., 1990).

As séries sobre micoses oculares descritas no Brasil, apresentam diferenças

metodológicas e grande variação das dimensões das amostras. Verificamos ainda que no

Brasil, devido às suas dimensões continentais, torna-se importante a análise das freqüências

de infecções micóticas influenciadas por variações climáticas, geográficas, e

conseqüentemente procedência da população. Apesar de ainda ser discutida a participação da

microbiota da conjuntiva ocular na etiologia de um processo infeccioso, sabe-se que a mesma

sofre variações segundo a procedência do paciente (rural ou urbana), profissão e clima no

local de estudo (COSTA; GALVÃO; LAGE, 1975).

Nesta pesquisa, os casos de úlcera micótica corresponderam a 35,7 % das amostras. Os

fungos filamentosos foram responsáveis por 100% dos casos, concordando com a literatura

que relata uma maior freqüência destes agentes como causadores de úlceras em países de

50

clima quente (ROSA; MILLER; ALFONSO, 1994; VIEIRA, 1997). Aspergillus sp. e

Fusarium sp. são os fungos mais frequentemente isolados nos casos de úlcera micótica nos

trópicos. No presente estudo Aspergillus sp. foi o agente micótico predominante (30,0% dos

casos), seguido pelo Penicillium sp. e Clodosporium sp. (20,0% dos casos, respectivamente).

Estes dados concordam com séries descritas em outros países, como Índia, Nepal e

Bangladesh, que apresentam freqüência de 7,9 a 64% para o Aspergillus (UPADHYAY et al.,

1991; DUNLOP et al., 1994: GONZALES et al., 1996).

Este modelo de microrganismos fúngicos, dominado pelo Aspergillus sp., discorda de

levantamentos realizados no sul da Flórida (LIESEGANG; FORSTER, 1980) e em Gana

(HAGAN et al., 1995). Nestes estudos o fungo mais frequentemente isolado foi Fusarium sp.

ocorrendo em 35% e 61% respectivamente.

Acredita-se de modo geral que as úlceras corneanas podem ser causadas

primariamente por traumatismos, alterações bioquímicas, desequilíbrio imunológico e outros,

instalando-se secundariamente o agente patogênico (LIMA et al., 1988). Em cerca de 65,0%

dos casos aqui estudados, algum fator predisponente ao início da úlcera de córnea esteve

presente.

Aproximadamente 27,5% dos pacientes em nosso estudo tiveram história de trauma

corneano e mais da metade destes casos (63,6%) envolviam material vegetal. Este resultado é

similar a outros estudos da literatura (CRUZ et al., 1993; CLINCH et al., 1994; VAJPAYEE

et al., 1999; GRAYSON, 2000).

THYLEFORS (1992) observaram que em países em desenvolvimento, o trauma

corneano durante atividade agrícola, frequentemente leva a instalação rápida de úlcera

corneana e frequentemente a perda da visão.

Ao contrário dos países desenvolvidos, onde o uso de lentes de contato torna-se um

importante fator de risco ao desenvolvimento de úlceras de córnea (CRUZ et al., 1993). No

51

presente estudo, apenas um paciente referiu ser usuário de lente de contato, reflexo das

condições sócio-econômicas da população estudada. No entanto, observou-se a presença de

dois casos de úlcera por Pseudomonas sp. bactéria mais freqüentemente associada a úlceras

em usuários de lente de contato (BOURCIER et al., 2003).

Este estudo teve como ênfase conhecer a epidemiologia de úlceras corneanas em nosso

meio. Embora um diagnóstico etiológico específico tenha uma importância superior, neste

estudo, a tentativa de também identificar os fatores sociodemográficos que possam vir a

predispor o individuo ao desenvolvimento de úlcera corneana foram de grande valor.

Acreditamos que levantamentos deste tipo são de grande relevância, pois, não só contribui

para a construção de um modelo da doença, a identificação especifica dos patógenos

responsáveis pela infecção mais também contribui para se planejar um tratamento mais

adequado e obter um prognóstico mais favorável das úlceras corneanas.

52

CCoonncclluussããoo

53

Nas condições propostas para este estudo, concluiu-se que:

♦ Na população estudada, a maioria foi do sexo masculino, com idade média de 45 anos,

a ocupação mais referida foi a de agricultor;

♦ O tempo médio entre o início dos sintomas e o atendimento oftalmológico foi de 16,3

dias;

♦ As culturas positivas foram as mais freqüentes com predomínio de infecção de

etiologia bacteriana sobre a fúngica;

♦ Entre as úlceras corneanas de etiologia bacteriana, as bactérias Gram positivas foram

mais freqüentes, sendo Staphylococcus coagulase-negativa isolada em grande parte

dos casos;

♦ As bactérias em geral mostraram-se resistentes a oxacilina, cefalotina e tobramicina;

♦ Aspergillus sp. foi responsável pela maioria das infecções fúngicas;

♦ Trauma corneano foi o mais importante fator predisponente ao desenvolvimento da

infecção.

54

RReeffeerrêênncciiaass

55

ABAD, J.C.; FOSTER, C.S. Fungal keratitis. International Ophthalmology Clinics. v. 36,

p.1-15, 1996.

ALECRIM, E.; TEIXEIRA, H. Fungos anemófilos da Cidade do Recife – Pernambuco Brasil.

Anais da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco. v. 18, p. 269-

274, 1958.

ALEXANDRAKIS, G.; ALFONSO, E.C.; MILLER, D. Shifting trends in bacterial keratitis

in South Florida and emerging resistance to fluoroquinolones. Ophtalmology. v. 107, p.

1497-1502, 2000.

ALVES, M.R.; KARA JOSÉ, N. Resposta corneana às infecções. In:__________. Córnea

Clínica-cirúrgica. São Paulo: Roca, 1996, p.163-171.

ALVES, M.R.; DE ANDRADE, B.B.A. Úlcera de córnea bacteriana. Arquivos Brasileiros

de Oftalmologia. v. 63, n. 6, p. 495-501, 2000.

ARAÚJO, A.J.G. et al. Onicomicoses por fungos emergentes: análise clínica, diagnóstico

laboratorial e revisão. Anais brasileiros de dermatologia, v. 78, n. 4, p. 445-455, 2003.

BAKER, R.S.; FLOWERS Jr, C.W.; CASEY, R. Efficacy of ofloxacin vs cefazolin and

tobramycin in the therapy for bacterial keratitis. Archives of Ophthalmology. v. 114, p. 632-

633, 1996.

56

BARNETT, J. A.; PAINE, R. W.; YARROW, D. Yeasts: characteristics and identification.

University Press, Cambridge, 1002p. 1990.

BAUER, A.W.; KIRBY, W.M..; SHERRIS, J.C.; T URK, M. Antibiotic susceptibility testing

by a standardized single disc method. American Journal of Clinical Pathology. v. 45, p.

493-496, 1966.

BELFORT, R.; KARA-JOSÉ, N. Manifestações Clínicas. In:__________. Córnea Clínica-

cirúrgica. São Paulo: Roca, 1996, p.163-171.

BENNETT, H.G.B.; HAY, J.; KIRKNESS, C.M.; SEAL, D.V.; DEVONSHIRE, P.

Antimicrobial management of presumed microbial keratitis: guidelines for treatment of

central and peripheral ulcers. British Journal of Ophthalmology. v. 82, p. 137–145, 1998.

BENSON, W.H.; LANIER, J.D. Current diagnosis and treatment of corneal ulcers. Current

Opinion in Ophthalmology. v. 9, p. 45-49, 1998.

BOUCHARD, C.S.; MEYER, M.A.; McDONNELL, J.F.; Bilateral peripheral ulcerative

keratitis associated with pyoderma gangrenosum. Cornea. v. 7, p. 480-482, 1997.

BOURCIER, T.; THOMAS, F.; BORDERIE, V.; CHAUMEIL, C.; LAROCHE, L. Bacterial

keratitis: predisposing factors, clinical and microbiological review of 300 cases. British

Journal of Ophthalmology. v. 87, n. 7, p. 834-838, 2003.

57

BOURNE, W.H. The effect of long-term contact lens wear on the cells of the cornea. The

CLAO Journal. v. 27, p. 225-230, 2001.

BRILLIANT, L. B.; POKHREL, R. P.; GRASSET, N. C.; LEPKOWKSI, J.; KOLSTAD, A.;

HAWKS, W.; PARARAJASEGARAM, R.; BRILLIANT, G. E.; GILBERT, S.; SHRESTHA,

S. R.; KUO, J. Epidemiology of blindness in Nepal. Bulletin of the World Health

Organization. v. 63, p. 375, 1985.

CHA, S.B.; FISCHMAN, O.; BARROS, P.S.M.; MIKOVES, R. Microbiota fúngica

conjuntival de pacientes com síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS). Arquivos

Brasileiros de Oftalmologia. v. 3, p. 80-90, 1990.

CHAIB, A.R.; FREITAS, D.; SCARPI, M.J.; GUIDUGLI, T. Pesquisa laboratorial em

endoftalmite. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia. v. 60, p. 250-257, 1997.

CHENG, K.H.; LEUNG, S.L.; HOEKMAN, H.W.; BEERHUIS, W.H.; MULDER. P.G.;

GEERARDS, A.J. Incidence of contact-lens associated microbial keratitis and its related

morbidity. Lancet. v. 354, p.181-185, 1999.

CLINCH, T.E. ; PALMON, F.E. ; ROBINSON, M.J. ; COHEN, E.J. ; BARRON, B.A.;

LAIBSON, P.R. Microbial keratitis in children. American Journal of Ophthalmology. v.

117, n. 1, p. 65-71, 1994.

58

Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI). Performance Standards for

Antimicrobial Disk Susceptibility Tests; Approved Standard – nineth Edition, M2-A8.

Clinical and Laboratory Standards Institute, Pennsylvania, 2005.

COSTA, M.L.; GALVÃO, P.G.; LAGE J. Flora micótica da conjuntiva de indivíduos

normais. Revista Brasileira de Oftalmologia. v. 34, n. 2, p. 199-206, 1975.

CRUZ, O.A.; SABIR, S.M.; CAPO, H.; ALFONSO. E. Microbial keratitis in childhood.

Ophthalmology. v. 100, n. 2, p. 192-196, 1993;

D’AVERSA, G.; STERN, G.A.; DRIEBE, W.T. Diagnosis and successful medical treatment

of Acanthamoeba keratitis. Archives of Ophthalmology. v. 113, p. 1120-1123, 1995.

DART, J.K. Predisposing factors in microbial keratitis: the significance of contact lens wear.

British Journal of Ophthalmology. v. 72, p. 926-930, 1988.

DERICK, R.J.; KELLEY, C.G.; GERSMAN, M. Contact lens related corneal ulcers at the

Ohio State University Hospitals 1983-1987. The CLAO Journal. v. 15, n. 4, p. 268-270,

1989.

DUNLOP, A.A.; WRIGHT, E.D.; HOWLADER, S.A. Suppurative corneal ulceration in

Bangladesh: a study of 142 cases examining the microbiological diagnosis, clinical and

epidemiological features of bacterial and fungal keratitis. Australian and New Zeland

Journal of Ophthalmology. v. 22, p. 105–110, 1994.

59

EBRAHIM, G.I.; SULLIVAN, K.R. Tipo de estudo. In:_____. Métodos de Pesquisa em

Saúde Materno Infantil. Recife: Bagaço, 1996, p. 89-103.

ERIC JC, NEVITT MP, HODGE DO, Incidence of ulcerative keratitis in a defined population

from 1950–1988. Archives of Ophthalmology. v. 111, p. 1665–1671, 1993.

FLETCHER, R.; FLETCHER, S.W.; WAGNER, E.H. Estudando casos. Epidemiologia

Clínica: Elementos Essenciais. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996, p. 217-223.

FOSTER, C. Fungal keratitis. In: _________. Principles and practice of ophthalmology:

clinical practice. Philadelphia: W B Saunders, 1994, p. 171-179.

GARG, P.; GOPINATHAN. U.; CHOUDHARY, K.; RAO, G.N. Keratomycosis: clinical and

microbiologic experience with dematiaceous fungi. Ophthalmology. v. 107, p. 574-580,

2000.

GONZALES, C.A.; SRINIVASAN, M.; WHITCHER, J.P.; SMOLIN, G. Incidence of

corneal ulceration in Madurai District, South India. Ophthalmic Epidemiology. v. 3, p. 159–

166, 1996.

GRAYSON, M. Abordaje diagnóstico a las enfermedade de la córnea. In:__________.

Enfermedades de la córnea. 4. ed. Madrid: Harcout Brace; 2000, p. 192.

60

HAGAN, M.; WRIGHT, E.; NEWMAN, M.; DOLIN, P.; JOHNSON, G. Causes of

suppurative keratitis in Ghana. British Journal of Ophthalmology. v. 79, p. 1024-1028,

1995.

HAMDAM, J.; GUIMARÃES, I.S.; ORÉFICE, F. Uveítes fúngicas. In:__________. Uveíte

clínica e cirúrgica. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2000, p. 569- 593.

HÖFLING-LIMA, A.L.; BELFORT JR, R. Ceratites bacterianas. In:__________. Córnea

Clínica-cirúrgica. São Paulo: Roca, 1996, p. 181-188.

HÖFLING-LIMA, A.L.; FORSETO, A.; DUPRAT, J.P.; ANDRADE, A.; SOUZA, L.B.;

GODOY, P. Estudo laboratorial das micoses oculares e fatores associados às ceratites.

Arquivos Brasileiros de Oftalmologia. v. 68, n. 1, p. 21-27, 2005.

HOLDEN, B.A.; SANKARIDURG, P.R.; SWEENEY, D.F.; STRETTON, S.;

NADUVILATH, T.J.; RAO, G.N. Microbial keratitis in prospective studies of extended wear

with disposable hydrogel contact lens. Cornea. v. 24, p. 156-161, 2005.

JONES, D. B. Decision-making in the management of microbial keratitis. Ophthalmology. v.

88, p. 814-820, 1981.

KANSKI, J.J. Oftalmologia clínica: uma abordagem sistemática. 3. ed. Rio de Janeiro: Rio

Med Livros; 2000. 83p.

KANSKI, J.J. Oftalmologia clínica. Rio de Janeiro: Elsevier, p.96, 2004.

61

KATZ, N. N. K.; WADUD, S. A.; and AYAZUDDIN, M. Corneal ulcer disease in

Bangladesh. Annals of ophthalmology. v. 15, p. 834, 1983.

KHAN, M. U.; HAQUE, M.R.; KHAN, M.R. Prevalence and causes of blindness in rural

Bangladesh. Indian Journal of Medical Research. v. 82, p. 257–62, 1985.

KHANAL, B.; DEB, M.; PANDA, A.; SETHI, H.S. Laboratory diagnosis in ulcerative

keratitis. Ophthalmic Research. v. 37, p. 123-127, 2005.

KLOTZ, S.A.; PENN, C.C.; NEGVESKY, G.J.; BUTRUS, S.I. Fungal and parasitic

infections of the eye. Clinical Microbiology Reviews. v. 13, p. 662-685, 2000.

KONEMAN, E.W.; ALLEN, S.D.; JANDA, W.M. Diagnóstico microbiológico: texto e

atlas colorido. 5. ed. Rio de Janeiro: MEDSi, 1456p. 2001.

KREGER-VAN RIJ., N.J.W. The yeast: a taxonomic study. Elsevier Sci. Publication,

Amsterdan, 1984.

KUROKAWA, C.S.; SUGIZAKI, M.F.; PERAÇOLI, M.T.S. Virulence factors in fungi of

systemic mycosis. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo. v. 40, n. 3, p.

125-135, 1998.

62

LADAGE, P.M.; YAMAMOTO, K.; REN, D.H.; LI, L.; JESTER, J.V.; PETROLL, W.H.

Effects of rigid and soft contact lens daily wear on corneal epithelium, tear lactate

dehydrogenase, and bacterial binding to exfoliated epithelial cells. Ophthalmology. v. 108,

p.1279-1288, 2001.

LADAGE, M. What does overnight lens wear do to the corneal epithelium? Is corneal

refractive therapy different? Eye Contact Lens. v. 30, p. 194-197, 2004.

LASPINA, F.; SAMUDIO, M.; CIBILIS, D.; TA, C. N.; FARINA, N.; SANABRIA, R.;

KLAUSS, V.; MINO DE KASPAR, H. Epidemiological characteristics of microbiological

results on patients with infectious corneal ulcers: a 13-year survey in Paraguay. Graefe’s

Archive for Clinical and Experimental Ophthalmology. v. 242, n. 3, p. 204-209, 2004.

LEBER, T.H. Keratomycosis aspergillina als ursache von hypopyonkeratites. Archive for

Clinical and Experimental Ophthalmology. v. 25, p. 285-301, 1879.

LECK, A. K.; THOMAS, P. A.; HAGAN, M.; KALIAMURTHY, J.; ACKUAKU, E.; JOHN,

M.; NEWMAN, M. J.; CODJOE, F. S.; OPINTAN, J. A.; KALAVATHY, C. M.;

ESSUMAN, V.; JESUDASAN, C. A. N.; JONSON, G. J. Aetiology of suppurative corneal

ulcers in Ghana and south India, and epidemiology of fungal keratitis. British Journal of

Ophthalmology. v. 86, p. 1211-1215, 2002.

LIESEGANG, T.J.; FORSTER, R.F. Spectrum of microbial keratitis in South Florida.

American Journal of Ophthalmology. v. 90, n. 1, p. 38-47, 1980.

63

LIESEGANG, T.J. Contact lens-related microbial keratitis: Part I: Epidemiology. Cornea. v.

16, p. 125-131, 1997.

LIESEGANG, T.J. bacterial keratitis. In:__________. The cornea. Boston: Butterworth-

Heinemann; 1997. p. 159-218.

LIMA, A.L.H.; NISHI. M.; LOTTEMBERG, C.L.; GUIDUGLI, T. Úlcera de córnea em

serviço de referência. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia. v. 51, p.118-120, 1988.

LODDER, J. The yeast: a taxonomic study. North Holland Publishing Company, Oxford

1385 p., 1970.

MANZOURI, B.; VAFIDIS, G.C,; WYSE, R.K. Pharmacotherapy of fungal eye infections.

Expert Opin Pharmacother. v. 2, p. 1849-1857, 2001.

MARTINS, E.N.; FARAH, M.E.; ALVARENGA, L.S.; YU, M.C.; HOFLIN-LIMA, A.L.

Infectious keratitis: correlation between corneal and contact lens cultures. The CLAO

Journal. v. 28, p. 146-148, 2002.

MORALES, P.C.; SOUSA, S.J.F.; FURLAN, E.M.R. Estudo epidemiológico de úlceras de

córnea na região de Ribeirão Preto [resumo]. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia. v. 56,

p. 43, 1993.

MUSCH, D.C.; SUGAR, A.; MEYER, R.F. Demographic and predisposing factors in corneal

ulceration. Archives of Ophthalmology. v. 101, p. 1545-1548, 1983.

64

NICOLA, F.; MALTAGLIATTI, M.; BRUNZINI, R.; BRUNZINI, M. Queratitis infecciosa:

Microorganismos involucrados y factores predisponentes asociados. Reunión Científica

Microbiología Clínica. Resumen 070, p. 38, Buenos Aires, Argentina, 2003.

ORMEROD, L. D.; MURPHREE, A. L.; GOMEZ, D. S. Microbial keratitis in children.

Ophthalmology. v. 94, p. 449–455, 1986.

PARMENT, P.A. The role of Serratia marcescens in soft contact lens associated ocular

infections. A review. Acta Ophthalmologica Scandinavica. v. 75, p. 67-71, 1997.

PARO, G.; ZANARDO, S.; CHICANI, C.F.; GOMES, J.A.P.; LIMA FILHO, A.A.S.;

CUNHA, M.C. Correlação entre bacterioscopia e cultura nas úlceras de córnea e as

implicações do uso de antibiótico prévio. Revista Brasileira de Oftalmologia. v. 57, p. 823-

827, 1998.

RAPOZA, P. A.; WEST, S. K.; KATALA, S. J.; TAYLOR, H. R. Prevalence and causes of

vision loss in central Tanzania. International Ophthalmology. v. 15, p. 123–9, 1991.

ROCHA, M. Micoses em oftalmologia. Arquivos do Instituto Penido Burnier. v. 9, n. 1, p.

28-69, 1952.

RODMAN, R.C.; SPISAK, S.; SUGAR, A.; MEYER, R.F.; SOONG, H.K.; MUSCH, D.C.

The utility of culturing corneal ulcers in a tertiary referral center versus a general

ophthalmology clinic. Ophthalmology. v. 104, p. 1897-1901, 1997.

65

RODRIGUES, M.L.V.; DANTAS, A.M. Oftalmologia clínica. Rio de Janeiro: Cultura

Médica, p. 237-251, 2001.

ROSA, R.H.; MILLER, D.; ALFONSO, E.C. The changing spectrum of fungal keratitis in

South Florida. Ophthalmology. v. 101, n. 6, p.1005-1013, 1994.

SAMPAIO, C.M.; ALVES, M.R.; KARA JOSÉ, N.; SCIAMARELLA, C.F. Avaliação

clínica do tratamento tópico das úlceras de córnea bacterianas com ciprofloxacina à 0,3%.

Arquivos Brasileiros de Oftalmologia. v. 57, p. 329-332, 1994.

SATO, E.H.; BURNIER JR, M.; BELFORT-MATTOS, R.; NASCENTES, M.N.;

RIGUEIRO, M.P. Transplante de córnea “a quente” em úlcera micótica. Arquivos

Brasileiros de Oftalmologia. v. 52, p. 56-60, 1989.

SCHAEFER, F.; BRUTTIN, O.; ZOGRAFOS, L. Bacterial keratitis: a prospective clinical

and microbiological study. British Journal of Ophthalmology. v. 85, p. 842-847, 2001.

SHARMA, N.; VAJPAYEE, R.B.; PUSHKER, N.; VAJPAYEE, M. Infectious crystalline

keratopathy. The CLAO Journal. v. 26, p. 40-43, 2000.

SIDRIM, J. J. C.; ROCHA, M. F. G. Micologia médica à luz de autores contemporâneos,

Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004, 388p.

SMOLIN, G.; THOFT, R. A. The cornea. 2. ed. Massachusetts: Mosby, 1987, p. 204-214.

66

SMOLIN, G.; THOFT, R.A. The Cornea: Scientific Foundations and Clinical Pratices. 3.

ed. Little Brown, 1994.

SRINIVASAN, M.; GONZALES, C. A.; GEORGE, C.; CEVALLOS, V.; MASCARENHAS,

J. M.; ASOKAN, B.; WILKINS, J.; SMOLIN, G.; WHITCHER, J. P. Epidemiology and

aetiological diagnosis of corneal ulceration in Madurai, south Índia. British Journal of

Ophthalmology. v. 81, p. 965-971, 1997.

STERN, W.H.; TAMURA, E.; JACOBS, R.A.; PONS, V.G.; STONE, R.D.; O’DAY, D.M.

Epidemic postsurgical Candida parapsilosis endophthalmitis clinical findings and

management of 15 consecutive cases. Ophthalmology. v. 92, p. 1701-1709, 1985.

TENOVER, F.C.; HUGHES, J.M. The challenges of emerging infectious diseases.

Develpoment ans spread of multiply-resistant bacterial patogenes. Journal of American

Medical association. v. 275, p. 300-304, 1996.

THOMAS, P. Mycotic keratitis - an underestimated mycosis. Journal of Medical and

Veterinary Mycology. v. 32, p. 235-256, 1994.

THYLEFORS, B. Epidemiological patterns of ocular trauma. Australian and New Zeland

Journal of Ophthalmology. v. 20, p. 95-98, 1992.

UNDERDAHL, J.P.; FLORAKIS, G.J.; BRAUNSTEIN, R.E.; JOHNSON, D.A.; CHEUNG,

P.; BRIGGS, J. Propionibacterium acnes as a cause of visually significatn corneal ulcers.

Cornea. v. 19, n. 4, p. 451-454, 2000.

67

UPADHYAY, M.P.; KARMACHARYA, P.C.; KOIRALA, S.; TULADHAR, N.R.; BRYAN,

L.E.; SMOLIN, G. Epidemiologic characteristics, predisposing factors, and aetiologic

diagnosis of corneal ulceration in Nepal. American Journal of Ophthalmology. v. 111, p.

92-99, 1991.

UPADHYAY, M.P.; KARMACHARYA, P.C.; KOIRALA, S.; SHAH, D.N.; SHAKYA, S.;

SHRESTHA, J.K. The Bhaktapur eye study: ocular trauma and antibiotic prophylaxis for

prevention of corneal ulceration in Nepal. British Journal of Ophthalmology. v. 85, p. 388-

392, 2001.

VAJPAYEE, R.B.; RAY. M.; PANDA, A.; SHARMA, N.; TAYLOR, H.R.; MURTHY, G.V.

Risk factors for pediatric presumed microbial keratitis: a case-control study. Cornea. v. 18, n.

5, p. 565-569, 1999.

VAJPAYEE, R.B.; DADA, T.; SAXENA, R. Study of the first contact management profile of

cases of infectious keratitis: a hospital-based study. Cornea. v. 19, p. 52-56, 2000.

VARAPRASATHAN ,G.; MILLER, K.; LIETMAN, T.; WHITCHER, J.P.; CEVALLOS, V.;

OKUMOTO, M. Trends in the etiology of infectious corneal ulcers at the F.I. Proctor

Foundation. Cornea. v. 23, n. 4, p. 360-364, 2004.

VAUGHAN, D.G.; ASBURY, T.; RIORDAN-EVA, P. Oftalmologia geral. São Paulo:

Atheneu, p. 78-142, 160-163, 356-561, 419-422, 1998.

68

VEMUGANTI, G.K.; GARG, P.; GOPINATHAN, U.; NADUVILATH, T.J.; JOHN, R.K.;

BUDDI, R. Evaluation of agent and host factors in progression of mycotic keratitis: A

histologic and microbiologic study of 167 corneal buttons. Ophthalmology. v. 109, p. 1538-

1546, 2002.

VENTURA, L.; SOUSA, S. J. F.; CHIARADIA, C.; GAZZIRO, M. Sistema automático para

diagnóstico de úlcera de córnea. Medicina, Ribeirão Preto, 1997, v. 30, p. 379-82.

VIEIRA, L.A.; CARNEIRO, M.D.F.; GUIDUGLI, T.; SCARPi, M. Incidência de úlceras

corneanas fúngicas no laboratório de doenças externas oculares da Escola Paulista de

Medicina [resumo]. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia. v. 55, p. 180, 1992.

VIEIRA, L.A. Ceratite micótica. In:__________. Córnea Clínica-cirúrgica. São Paulo:

Roca; 1997. p. 189-203.

VIEIRA, L.A.; LIMA, A.L.H.; CUNHA, M.; MASCARO, V. Conceitos básicos e clínicos de

doenças externas e córnea. In:__________. Doenças externas oculares e córnea. Rio de

Janeiro: Cultura Médica; 1999. p. 6-9.

WAKISAKA, E.; FERREIRA, M.A.; ROCHA, F.J.; FREITAS, L.L.; GUIDUGLI, T.; LIMA,

A.L.H. Cultura de material provindo de úlceras de córnea em laboratório de referência.

Arquivos Brasileiros de Oftalmologia. v. 53, p. 196-200, 1990.

WILHELMUS, K.R. Bacterial keratitis. En: Pepose JS, Holland GN, Wilhelmus KR (Eds),

Ocular infection & immunity, Mosby-Year Book Inc., EE.UU. p. 970-1031, 1996.

69

WILSON, L.A; Biomaterials and ocular infection. En: Pepose JS, Holland GN, Wilhelmus

KR (Eds), Ocular infection & immunity, Mosby-Year Book Inc., EE.UU. p. 215-231, 1996.

WONG, T.; FONG, K.; NG, T.; TAN, D.T. Risk factors and clinical outcomes between

fungal and bacterial keratitis: a comparative study. The CLAO Journal. v. 23, n. 4, p. 275-

281, 1997.

WONG, T.; ORMONDE, S.; GAMBLE, G.; MCGHEE, C. N. Severe infective keratitis

leading to hospital admission in New Zealand. British Journal of Ophthalmology. v. 87, n.

9, p. 1103-1108, 2003.

YASUHISA, I.; HOMMURA, S.; MATSUMOTO, Y. Direct examination vs culture of

biopsy specimens for the diagnosis of keratomycosis. American Journal of Ophthalmology.

v. 103, p. 636-640, 1987.

ZAIDI, T.; MOWREY-MCKEE, M.; PIER, G.B. Hypoxia increases corneal cell expression

of CFTR leading to increased Pseudomonas aeruginosa binding, internalization, and initiation

of inflammation. Investigative Ophthalmology & Visual Science. v. 45, p. 4066-4074,

2004.

70

AAppêênnddiicceess

71

AAPPÊÊNNDDIICCEE AA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

O objetivo deste estudo é identificar o perfil microbiológico, a

sensibilidade a antimicrobianos mais utilizados no tratamento, os principais

fatores de risco e os dados demográficos associados a úlceras de córnea de

pacientes atendidos na emergência Oftalmológica da Fundação Altino Ventura,

Recife-PE.

Caso o(a) Sr(a). venha aceitar a participar desta pesquisa, será garantido o direito de

desistir a qualquer momento, bastando, para isso, informar a sua decisão de desistência, da

maneira mais conveniente. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o

pesquisador ou com a Instituição. A participação na pesquisa não incorrerá em riscos ou

prejuízos de qualquer natureza.

Sua participação nesta pesquisa consistirá em submeter-se a um exame ocular, a coleta

de material ocular será realizada após anestesia local e o preenchimento de um questionário.

Os benefícios relacionados com a sua participação serão os de detectar microrganismos

responsáveis pelas úlceras de córnea bem como determinar os principais fatores associados a

esta doença. Quanto aos riscos, estes poderão estar relacionados à coleta do material extraído

do olho. Para minimizar este risco, o material será coletado de maneira extremamente

cuidadosa e por profissional habilitado.

Você terá a garantia de que, em qualquer etapa do estudo, terá acesso ao pesquisador

responsável, para esclarecimento de eventuais dúvidas. Os principais investigadores serão

Ana Karina Téles Silveira e Rosangela Rosendo da Silva, que poderão ser encontrados no

endereço da Rua da Soledade, nº. 70, Boa Vista e pelo telefone 81-34214399. As informações

obtidas serão analisadas sem divulgação ou identificação dos participantes. Não há despesas

pessoais para o participante em qualquer fase o estudo. Também não há compensação

financeira relacionada a sua participação. Acredito ter sido suficientemente informado a

respeito das informações que li ou que foram lidas para mim, descrevendo o estudo. Ficaram

claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus

desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes.

72

Concordo voluntariamente em participar desta pesquisa e poderei retirar o meu consentimento

a qualquer momento, antes ou durante a mesma, sem penalidades ou prejuízo.

Nome (sujeito da pesquisa)............................................................................................

Assinatura ......................................................................................................................

Data da assinatura.........................................................................................................

Nome (testemunha)........................................................................................................

Assinatura.......................................................................................................................

Data da assinatura.........................................................................................................

Nome (pesquisador).......................................................................................................

Assinatura.......................................................................................................................

Data da assinatura.........................................................................................................

73

AAPPÊÊNNDDIICCEE BB

PROTOCOLO DE PESQUISA

1. IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE

No do prontuário: Data:

Nome:

Idade: Sexo: M � F �

Ocupação:

Endereço:

2. FATORES PREDISPONENTES

2.1 História de trauma ocular: Sim � Não �

Material: __________________________________________________________________________

2.2 Uso de lentes de contato: Sim � Não �

2.3 História de alergia ocular: Sim � Não �

2.4 Cirurgia ocular prévia: Sim � Não � Qual? _________________________

2.5 História de doença ocular: Sim � Não � Qual? _________________________

2.6 História de doença sistêmica Sim � Não � Qual? _________________________

2.7 Tempo decorrido entre o inicio dos sintomas e o atendimento oftalmológico: _________________

74

3. DADOS MICROBIOLÓGICOS

3.1 Bacterioscopia:

__________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

3.2 Cultura:

( ) Bactéria ( ) Fungo ( ) Bactéria + Fungo

1º microrganismo: __________________________________________________________________

2º microrganismo: __________________________________________________________________

3.3 Antibiograma:

Cefalotina _______

Cefotaoxina _______

Ciprofloxacina _______

Cloranfenicol _______

Gatifloxacina _______

Gentamicina _______

Neomicina _______

Ofloxacina _______

Oxacilina _______

Tobramicina _______

Vancomicina ______

1

AAnneexxoo

2

ANEXO A

76