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LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS COMENTADA (Lei nº 9099/95) Capítulo I – Disposições Gerais (Artigos 1° e 2°) Art. 1º Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, órgãos da Justiça Ordinária, serão criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para conciliação, processo, julgamento e execução, nas causas de sua competência. Introdução Em regra, os ordenamentos contemporâneos proíbem que as pessoas, na existência de um conflito de interesses, imponham sua vontade arbitrariamente a terceiro, proíbe-se a autotutela. Trata-se de conduta tipificada como crime, o exercício arbitrário das razões, vide artigo 345 do Código Penal, o qual possui a seguinte redação: “Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite”. Nestas situações de litígio, para que possam resolver seu problema, as partes devem recorrer ao Estado, quem, via de regra, detém o monopólio da jurisdição, possuindo poder para impor uma solução às partes. Em outras palavras, é necessário que as partes recorram ao Judiciário para resolverem seus problemas. Todavia a existência de despesas, bem como a demora para a obtenção de uma solução, muitas vezes constituem barreiras intransponíveis para que se possa defender um direito. Em muitos casos desistia-se, renunciava-se a um direito, ou, ainda, recorria-se a soluções alternativas que nem sempre ofereciam justiça ao caso concreto. Tal situação propiciava a existência de uma litigiosidade contida, algo que dificultava a harmonia social.

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LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS CVEIS COMENTADA (Lei n 9099/95)

Captulo I Disposies Gerais (Artigos 1 e 2)

Art. 1 Os Juizados Especiais Cveis e Criminais, rgos da Justia Ordinria, sero criados pela Unio, no Distrito Federal e nos Territrios, e pelos Estados, para conciliao, processo, julgamento e execuo, nas causas de sua competncia.IntroduoEm regra, os ordenamentos contemporneos probem que as pessoas, na existncia de um conflito de interesses, imponham sua vontade arbitrariamente a terceiro, probe-se a autotutela. Trata-se de conduta tipificada como crime, o exerccio arbitrrio das razes, vide artigo 345 do Cdigo Penal, o qual possui a seguinte redao: Fazer justia pelas prprias mos, para satisfazer pretenso, embora legtima, salvo quando a lei o permite. Nestas situaes de litgio, para que possam resolver seu problema, as partes devem recorrer ao Estado, quem, via de regra, detm o monoplio da jurisdio, possuindo poder para impor uma soluo s partes. Em outras palavras, necessrio que as partes recorram ao Judicirio para resolverem seus problemas.Todavia a existncia de despesas, bem como a demora para a obteno de uma soluo, muitas vezes constituem barreiras intransponveis para que se possa defender um direito. Em muitos casos desistia-se, renunciava-se a um direito, ou, ainda, recorria-se a solues alternativas que nem sempre ofereciam justia ao caso concreto. Tal situao propiciava a existncia de uma litigiosidade contida, algo que dificultava a harmonia social.

Observava-se a limitao do procedimento ordinrio como ferramenta apta resoluo de conflitos e, consequentemente, a estabelecer a mencionada harmonia social. Por tal motivo, observa-se que cerca de cinquenta por cento das demandas atualmente so julgadas pelos Juizados Especiais, o que demonstrou a existncia de uma litigiosidade at ento contida em razo das dificuldades inerentes utilizao do aparato judicirio. Dentre estas dificuldades, podemos elencar a demora na prestao judicial, a complexidade do processo, que impe s partes a contratao de advogados, bem como a existncia de despesas.

Neste ponto, interessante comentrio feito por Joo:

Somente procedimentos rpidos e eficazes tm o condo de realizar o verdadeiro escopo do processo. Da imprescindibilidade de um novo processo: gil, seguro e moderno, sem as amarras fetichistas do passado e do presente, apto servir de instrumento realizao da Justia, defesa da cidadania, a viabilizar a convenincia humana e a prpria arte de viverApenas como contraponto, interessante o comentrio tecido por Caetano Lagrasta, que indica a existncia de pontos de estrangulamento dentro deste sistema:

da litigiosidade contida chegou-se rapidamente a uma verdadeira litigiosidade expandida, podendo ser citados como exemplo os projetos de lei que pretendem ampliar a competncia dos Juizados Especiais para as questes de Famlia onde, desmerecido o crdito ao jargo de judicializao do afeto, h que atentar para as dificuldades de um processo desta natureza, onde o recurso aos meios tcnicos ser inafastvel conduzindo, por bvio morosidade ou insegurana; Acresce, ainda, em alguns momentos, a transformao dos Juizados em verdadeiros balces de cobrana.

Por sua vez, o insucesso que rondou e ronda (audincias com prazo superior a um ano, etc) o sistema de Juizados, depara-se, diariamente com a realidade de mediadores e conciliadores despreparados, especialmente aqueles de convnios com Universidades despreocupadas em realizar cursos de capacitao e reciclagem vidas em cumprir metas do MEC e livrarem-se dos estgios.

Art. 2 O processo orientar-se- pelos critrios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que possvel conciliao ou a transao.Princpios orientadores do procedimento nos Juizados Especiais Cveis

O segundo artigo da Lei 9.099/95 utiliza a palavra critrios, elencando na verdade os princpios que regem o rito sumarssimo, que, como se ver, conferem uma dinmica distinta da atribuda ao rito ordinrio. Observa-se, com facilidade, uma tentativa de aproximao entre a Justia e o povo.Oralidade

Ao falar de oralidade, no se pode deixar de mencionar a longa batalha do grande mestre Italiano, Chiovenda, contra as amarras do processo escrito la denuncia dei gravi e dannosi limiti dela strutura stessa del processo scrito. De acordo com o jurista o princpio em apreo no se esgota na possibilidade de manifestao oral em substituio escrita, como mera declamao acadmica, o que redundaria numa suprflua repetio de palavras. Em verdade, a explanao dos argumentos de forma oral torna o julgamento muito mais interessante, produzindo um entendimento diverso em relao ao que se teria com a simples leitura de razes e votos escritos. o poder da palavra oral imprimindo maior convencimento aos sujeitos processuais e tambm ao pblico externo, ainda distante dos nossos tribunais

A oralidade tendncia em franca expanso no processo civil moderno, podendo tal movimento ser justificado pelo fato de que promov uma maior proximidad ntr o magistrado o jurisdicionado, facilitando uma soluo rpida do litgio, sndo uma inovao no cnrio jurdico tradicional, tndo ainda como princpios corrlatos o da imdiatividad, o da irrcorribilidad das dciss intrlocutrias o da idntidad fsica do juiz, tanto na sfra cvl, como criminal.[2]Por possibilitar s partes manifestarem-se de maneira mais livre, sem as amarras da burocracia processual, permitindo o livre debate, o que facilita a conciliao.

Nada obstante, a plena compreenso deste princpio s pode ocorrer se entendida em conjunto com os demais princpios informadores do processo nos Juizados Especiais: a simplicidade, a informalidade, a economia processual e a celeridade, sobre os quais se discorrer em seguida.

importante deixar claro que este princpio no significa a abolio de um processo escrito, mas a abolio de medidas redundantes que criam entraves ao andamento processual, sua compreenso plena s possvel em conjunto com os outros princpios orientadores do procedimento dos Juizados Especiais. A adoo de um procedimento completamente oral traria grandes dificuldades para provar-se podendo os atos ser gravados em vdeo e udio, dispensando o modo arcaico de reduo do termo escrito s declaraes e depoimentos, acelerando curso processual e a produo do elenco probatrio.SimplicidadeOs Juizados Especiais Cveis foram criados para solucionar causas de menor valor, permitindo que pessoas menos favorecidas tambm tenham acesso Justia. A simplicidade e informalidade contribuem para isto, ao acelerar o ritmo do processo.A simplicidade processual torna o procedimento compreensvel ao leigo, o que pode ser observado na possibilidade de se propor a ao sem o auxlio de um advogado nas causas cujo valor no ultrapasse 20 salrios mnimos.Informalidade A informalidade garante ao magistrado maior liberdade na conduo da causa, podendo inclusive dispensar a realizao de medidas que no trariam um resultado til ao processo.

Todavia, como todo princpio, ele no absoluto, devendo coexistir com outros princpios de Direito. Assim, lgico que em nome da informalidade no se pode solapar o direito de defesa, inerente ao princpio do devido processo legal, em sua faceta material, expresso no art. 5, LV, da Constituio Federal. Neste sentido bem lanado o julgado abaixo:

O procedimento dos Juizados Especiais guiado pela brevidade e a concepo do legislador foi mesmo a de fazer prevalecer a instrumentalidade do processo, conferindo ao condutor de cada ato processual (togado ou leigo) a observncia dos critrios informativos do art. 2, da Lei n. 9099/95. Todavia, por mais oral, simples, informal, econmico e clere que se compreenda o rito especial, a sua adoo no pode ser confundida com o arbtrio. Os princpios que regem o processo permanecem vivos nos Juizados Especiais, e da mesma forma "as partes devero submeter-se a uma burocracia, que sem dvida no precisava ser to morosa, mas que deve respeitar os princpios, encontrados em toda democracia, do contraditrio, da ampla defesa e do devido processo legal. No se pode, por causa da pressa, passar por cima de consagradas conquistas universais (?), a tarefa processual tem peculiaridades centradas em princpios muito mais relevantes, como o contraditrio, que esto na contramo de um procedimento to clere como o pretendido por muitos crticos" (RUI PORTANOVA, Princpios do Processo Civil, Livraria do Advogado Editora, 4 edio, p. 173/174).Assim, deferida a prova testemunhal, tida em despacho prprio como necessria a dilao probatria (fls. 36), e tendo a parte r levado as suas testemunhas na audincia de instruo e julgamento (arroladas alis com antecedncia fls. 46), viola os princpios do contraditrio, da ampla defesa e do devido processo legal, a dispensa da produo da prova oral durante o ato, injustificada e no fundamentada, surpreendendo a parte com a recusa pura e simples. Mormente porque a prova oral era mesmo necessria para o aclaramento dos pontos controvertidos, ou seja, quem efetivamente firmou o contrato de locao (verbal) e o estado de conservao do imvel antes e depois da avena.[3]Celeridade

J em 1920 Ruy Barbosa alertava os alunos da Faculdade do Largo de So Francisco:

Mas justia atrasada no justia, seno injustia qualificada e manifesta. Porque a dilao ilegal nas mos do julgador contraria o direito das partes, e, assim, as lesa no patrimnio, honra e liberdade..Um dos objetivos das mudanas legislativas trazidas pela Lei 9.099/95 foi exatamente o de abreviar a tramitao dos processos, garantindo-lhes maior efetividade.

Esta tentativa de tornar mais clere coexiste com um agravamento na demora da prestao jurisdicional. Como explica Fernanda Tartuce, o aumento do nmero dos processos resultado do incremento no direito de informao e o maior conhecimento dos indivduos sobre suas posies de vantagem como reafirmaes dos direitos cvicos a quem fazem jus. A verificao dessa verdadeira emancipao da cidadania tem gerado uma ampla disposio de no mais se resignar ante as injustias, o que acarreta um maior acesso as corte estatais para questionar os atos lesivos; tal situao pode ser vista como uma sndrome da litigiosidade, sendo agravada pela reduo da capacidade de dialogar verificada na sociedade contempornea[4]. Assim, se de um lado observa-se o aumento no nmero de demandas; de outro, no houve um aumento significativo da estrutura judiciria, o que resultou principalmente na morosidade nos Juizados, os quais, ainda assim, oferecem um procedimento mais clere que o ordinrio.

A demora jurisdicional no uma preocupao exclusivamente brasileira: a conveno europeia de Direitos do Homem e das Liberdades, subscrita em agosto 1955 (em seu artigo 6), e o Pacto de San Jos da Costa Rica consagram que todos os cidados tm direito a que sua causa seja examinada em prazo razovel. A Constituio italiana traz expressamente esta garantia em seu artigo 111: durata ragionevole del processo. Da mesma forma foram feitas mudanas legislativas em Portugal com o intuito de aumentar a celeridade processual. Outro exemplo pode ser observado nos Estados Unidos, onde, em 1934, surgiu a Poor Mans Court, cuja finalidade julgar causas de reduzido valor econmico, at US$50,00, causas que podem ter um procedimento mais clere.Economia processualO princpio da economia processual, por seu turno, implica na desburocratizao da Justia, evitando-se atos desnecessrios na conduo do processo.Busca daconciliao e transao Como ensina Didier, a autocomposio, gnero do qual so espcies a conciliao e a transao, a forma de soluo de conflito pelo consentimento espontneo de um dos contendores em sacrificar o interesse prprio, no todo ou em parte, em favor do interesse alheio. a soluo altrusta do litgio. Considerada, atualmente, como legtimo meio alternativo de pacificao social. Avana-se no sentido de acabar com o dogma da exclusividade estatal para a soluo dos conflitos de interesses. Pode ocorrer de fora ou dentro do processo jurisdicional.[5] Diversamente da heterocomposio, na qual existe um terceiro que impor sua deciso s partes do conflito, invariavelmente em detrimento dos interesses de um dos lados, os meios de autocomposio permitem que as partes, por meio da discusso, cheguem a um ponto de equilbrio, em que ambas saiam satisfeitas, ou menos insatisfeitas. H uma maior pacificao social, sendo mais provvel que as partes cumpram o que tenham acordado entre si, do que o um terceiro, o juiz, tenha lhes imposto.Seo I Da competncia (artigos 3 e 4)Art. 3 O Juizado Especial Cvel tem competncia para conciliao, processo e julgamento das causas cveis de menor complexidade, assim consideradas:I as causas cujo valor no exceda a quarenta vezes o salrio mnimo;II as enumeradas no art. 275, inciso II, do Cdigo de Processo Civil;III a ao de despejo para uso prprio;IV as aes possessrias sobre bens imveis de valor no excedente ao fixado no inciso I deste artigo. 1 Compete ao Juizado Especial promover a execuo:I dos seus julgados;II dos ttulos executivos extrajudiciais, no valor de at quarenta vezes o salrio mnimo, observado o disposto no 1 do art. 8 desta Lei. 2 Ficam excludas da competncia do Juizado Especial s causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e de interesse da Fazenda Pblica, e tambm as relativas a acidentes de trabalho, a resduos e ao estado e capacidade das pessoas, ainda que de cunho patrimonial. 3 A opo pelo procedimento previsto nesta Lei importar em renncia ao crdito excedente ao limite estabelecido neste artigo, excetuada a hiptese de conciliao.Competncia dos Juizados Especiais Cveis O artigo 3 determina a competncia dos Juizados Especiais Cveis, estabelecendo os critrios que devem ser utilizados para isto. Nada obstante, importante destacar a natureza optativa dos Juizados Especiais Cveis, cabendo ao autor da ao escolher propor a ao perante estes ou perante a Justia comum, adotando-se o procedimento ordinrio neste caso. O Sistema dos Juizados Especiais tem por fonte a prpria CF (art. 98, I) e em consequncia consagra princpios prprios que visam aumentar e no restringir as alternativas de busca da satisfao de direitos, circunstncias suficientes para que sua interpretao se afaste de teses clssicas cuja eficcia, alis, j questionada at mesmo em relao ao procedimento comum.[1]. Esta a posio claramente dominante atualmente, sendo bem minoritria a corrente que defende a competncia absoluta dos Juizados Especiais Cveis.Valor da CausaSendo os Juizados Especiais Cveis destinados a julgar causas de menor complexidade, como se pode concluir da leitura dos artigos 24, inciso X, e 98, da Carta Magna, houve a necessidade de estabelecer critrios para mensurar esta complexidade. Um dos critrios utilizados foi o valor atribudo causa. Estabeleceu-se como de competncia dos Juizados Especiais as demandas cujo valor no exceda quarenta vezes o salrio mnimo, havendo um aumento quando comparado ao Juizados de Pequenas Causas, cuja competncia era limitada a causas cujo valor no excedesse vinte vezes o salrio mnimo.

A mens legis fora estabelecer que todas as causas distribudas aos Juizados Especiais no pudessem ultrapassar o limite fixado, o teto de quarenta salrios mnimos, adotado como critrio para definir a menor complexidade da causa e, consequentemente, a desnecessidade de grandes investigaes probatrias. Nada obstante, uma corrente doutrinria e jurisprudencial ao interpretar o artigo 3, aponta que o valor da causa critrio utilizado para determinar a competncia dos Juizados, mas no o nico, de modo que este valor no se aplica s causas cuja competncia tenha sido estabelecida em virtude da matria.

Esta hiptese ganhou projeo na seara jurisprudencial no julgamento do Recurso em Mandado de Segurana no. 30170 do Superior Tribunal de Justia. Em deciso unanime, entendeu a relatora, a Ministra Nancy Andrighi, que o limite de quarenta salrios mnimos no se aplica quando a competncia fixada com base na matria, ressaltando no julgado:

Ao regulamentar a competncia conferida aos Juizados Especiais pelo art. 8, I, da CF, o legislador ordinrio fez uso de dois critrios distintos -quantitativo e qualitativo para definir o que so causas cveis de menor complexidade. Nos termos do art. 3 da Lei 9.099/95, consideram-se aes de menor complexidade: (i) aquelas cujo valor no ultrapasse 40 salrios mnimos; (ii) as enumeradas no art. 275, II, do CPC; (iii) a ao de despejo para uso prprio; e (iv) as aes possessrias sobre bens imveis de valor no excedente a 40 salrios mnimos.

Como se v, a menor complexidade que confere competncia aos Juizados Especiais , de regra, definida pelo valor econmico da pretenso ou pela matria envolvida. Exige-se, pois, a presena de apenas um desses requisitos e no a sua cumulao. A exceo fica para as aes possessrias sobre bens imveis, em relao s quais houve expressado conjugao dos critrios de valor e matria.Por essa razo, salvo na hiptese do art. 3, IV, estabelecida a competncia do Juizado Especial com base na matria, perfeitamente admissvel que o pedido exceda o limite de 40 salrios mnimos.

Com efeito, a hermenutica da Lei 9.099/95 evidencia que, quando o legislador quis agregar o pressuposto valorativo ao material, assim o fez expressamente, no art. 3, IV.

Evidentemente, se a inteno fosse estender o limite de valor para todas as hipteses materiais previstas no art. 3, essa limitao teria sido includa no prpriocaputdo artigo, como, alis, ocorria sob a gide da Lei 7.244/84, que dispunha sobre o Juizado Especial de Pequenas Causas.[2]Possibilidade de renncia ao crdito que exceder a limitao legalComo visto, a competncia dos Juizados Especiais est limitada s causas cujo valor no ultrapasse quarenta salrios mnimos. Todavia, isto no impede que o autor ajuze uma demanda em que o objeto tenha valor superior ao referido teto. Neste caso dever renunciar ao valor excedente. Este limite, contudo, no se aplica conciliao.

Vale lembrar que a regra da parte final 3 s tem aplicao para as causas em que o valor servir como critrio definidor da competncia. Nas demais, em que cabvel o procedimento dos Juizados Cveis, quando a matria em discusso que estabelece a competncia, no prevalece o limite de alada, podendo haver condenao em valor superior a quarenta salrios mnimos. Nos litgios envolvendo acidente de trnsito, por exemplo, a sentena pode condenar o responsvel a pagar a parte lesada indenizao superior a quarenta salrios mnimos.[3]

Doutrina e jurisprudncia dominante dizem ser necessria a renncia expressa ao valor que exceder os 40 salrios mnimos. Pois, ao contrrio da desistncia, que caracteriza to somente a extino de um processo que pode ser renovado, a renncia importa em abdicao definitiva do prprio direito e, por isso, a partir de seu aperfeioamento irretratvel.[4]

Caso similar ocorre nas hipteses em que o autor decidir ajuizar demanda cujo valor supere 20 salrios mnimos, sem constituir advogado, posto que nestas causas obrigatria a participao de profissional inscrito nos quadros da OAB. Nestas situaes, dever o juiz alertar ao autor das consequncias de suas escolhas.Em ambas as situaes a renncia dever ser homologada pelo juiz para que tenha efeito.

H que se observar, porm, que muitas vezes o pedido inicial reduzido a termo por leigos ( 3 do art. 14 da Lei n. 9.099/95), e por isso, nem sempre o autor toma plena cincia das consequncias da renncia. Assim, alm de admitir que a conciliao seja formalizada com valores superiores a quarenta salrios mnimos, a Lei n. 9.099/95 determina que, ao manter seu primeiro contato com as partes, o juiz deve orient-las quanto s consequncias do 3 da Lei n. 9.099, inclusive quanto renncia do valor superior ao da alada.

A renncia a valor superior ao valor de alada, portanto, somente se aperfeioa aps a fase prevista no art. 21 da Lei n. 9.099, aps as partes serem orientadas pelo juiz a respeito das consequncias de sua opo pelo novo sistema, ocasio em que podero inclusive requerer o apoio da assistncia judiciria.[5]As aes enumeradas noart. 275, inciso II, do Cdigo de Processo CivilO artigo 275 do CPC traz o seguinte rol: a) arrendamento rural e parceria agrcola; b) cobrana ao condmino de quaisquer quantias devidas ao condomnio; c) ressarcimento por danos em prdio urbano ou rstico; d) ressarcimento por danos causados em acidente de veculo de via terrestre; e) cobrana de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veculo, ressalvados os casos de processo de execuo; f) cobrana de honorrios dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislao especial; g) revogao de doao; h) demais casos previstos em lei.

H corrente, entretanto, que entende diversamente, defendendo que o elenco a ser considerada outro. De acordo com esta, a Lei 9.099/95 foi promulgada antes da Lei 9.245/95, que alterou o rol do artigo 275. Deste modo, defendem que ainda deve-se considerar a redao antiga do referido artigo para determinar a competncia dos Juizados Especiais.[6]Esta, contudo, corrente minoritria, prevalecendo na doutrina e jurisprudncia que deve ser considerada a atual redao do mencionado dispositivo do CPC.Ao de despejo para uso prprioO legislador, no inciso III, do artigo 3, define como causa de menor complexidade a de despejo para uso prprio. Sendo a competncia determinada em razo da matria,ratione materiae, o limite de quarenta salrios mnimos no se aplica a estas causas. No necessrio ao autor apresentar prova de que utilizar o imvel, o que seria impossvel, pois depende de fato futuro, presumindo-se como verdadeira a declarao do autor constante na petio inicial. Cabe acrescentar que a ao somente dever versar sobre locaes residenciais, em decorrncia da interpretao sistemtica do dispositivo com a estrutura da Lei n 8.245/91 (Lei de Locaes). A ao de despejo para uso prprio est regulada na Lei de Locaes na Seo I, que trata da locao residencial. Portanto, no seria razovel aplicar a interpretao extensiva ao dispositivo da Lei n 9.099/95, para nela incluir as locaes comerciais.[7]

Aspecto ainda controverso na doutrina e jurisprudncia sobre a possibilidade de ajuizar a ao de despejo para uso de ascendente, descendente, cnjuge ou companheiro, interpretao cujo fundamento encontrar-se-ia no art. 47, inciso III, da Lei n 8.245/91, que possui a seguinte redao:

Art. 47. Quando ajustada verbalmente ou por escrito e com prazo inferior a trinta meses, findo o prazo estabelecido, a locao prorroga-se automaticamente, por prazo indeterminado, somente podendo ser retomado o imvel:III se for pedido para uso prprio, de seu cnjuge ou companheiro, ou para uso residencial de ascendente ou descendente que no disponha, assim como seu cnjuge ou companheiro, de imvel residencial prprio.De acordo com o enunciado 4 do FONAJE, nos Juizados Especiais s se admite a ao de despejo prevista no art. 47, III, da lei 8.245/91.

Aes possessrias sobre bens imveis de valor no excedente a quarenta salrios mnimos.

A competncia do juizado especial neste item restrita s aes enumeradas no artigo 924 do Cdigo de Processo Civil: a ao de manuteno de posse, de reintegrao de posse e de interdito proibitrio. Estas aes so ajuizadas para proteger, conservar ou recuperar a posse de um bem, assim o fundamento inevitavelmente ser a agresso ou a iminncia de agresso posse do autor.

Ponto questionado pela doutrina o silncio do legislador sobre os bens mveis e semoventes. numa interpretao sistemtica, impregnada por consideraes de ordem teleolgicas relativas prpria rateio do sistema processual e judicirio, apresenta-se como mais conveniente que o processo, nas aes possessrias sobre o bem imvel ou semovente, possa tambm ser movimentado seguindo a forma mais enxuta do procedimento sumarssimo, com aforamento da demanda junto aos Juizados Especiais.

Tal raciocnio decorre da constatao de que a Lei 9.095/95 criou um microssistema dentro do sistema processual tradicional, sendo preciso, pois, compatibiliz-los, formando uma estrutura harmnica e congruente.[8]

A jurisprudncia no pacfica, sendo possvel encontrar decises favorveis e contrrias utilizao dos Juizados Especiais neste caso. Observa-se que a jurisprudncia majortria admite a utilizao do rito sumarssimo. Neste sentido:Ao possessria de bem mvel. Demanda que no se caracteriza como possessria pura. Competncia dos Juizados Especiais

[...]. Deciso que declarou a incompetncia do Juizado Especial para decidir sobre ao possessria de bem mvel. Demanda que no se caracteriza como possessria pura. Valor do bem jurdico que se enquadra na Lei 9.099/95. Reclamao conhecida e provida. (Reclamao 2007.700937-4/Balnerio Cambori j. em 26.11.2007 Rel. Juiz Carlos Roberto da Silva 7 T. Itaja). No mesmo sentido: Ap. Cvel 1.904/2000/Blumenau j. em 23.05.2000 Rel. Juiz Newton Janke.[9]1. Aocautelar preparatria de ao possessria de coisa mvel. Cabimento.A nova redao do art. 275, inc. II, do CPC, dada pela Lei 9.245/95, no subtraiu do Juizado Especial competncia para aes possessrias de bens mveis de valor at quarenta salrios mnimos.

Em obedincia ao procedimento da Lei 9.099/95, as aes possessrias no mbito do Juizado Especial no comportam a concesso de medida liminar (neste sentido: Enunciado 18 do I Encontro das Turmas de Recursos do Estado de Santa Catarina), entretanto admitem as tutelas de urgncias, entre elas as de cunho cautelar (Enunciado 8 do II Encontro das Turmas de Recursos do Estado de Santa Catarina).

2. Ap. Cv. 1.904/00/Blumenau j. em 23.05.2000 Rel. Juiz Newton Janke[10] minoritria a corrente que nega a possibilidade de se ajuizar aes possessrias sobre bens mveis e semoventes, todavia, encontra-se decises neste sentido:1. Ao possessria. Rito especial. Incompetncia dos Juizados Especiais. Remessa Justia Comum

Mandato de segurana. Ato Judicial que reconheceu a competncia do Juizado Especial Cvel para processar e julgar ao possessria. Demanda de maior complexidade. Irrelevncia do valor atribudo causa. Preponderncia do cdigo de ritos em face da Lei 9.099/95. Enunciado 8 do Frum Permanente de Juzes e Coordenadores dos Juizados Especiais Cveis e Criminais do Brasil as aes cveis sujeitas aos procedimentos especiais no so admissveis nos Juizados Especiais. Concesso da segurana. Reforma integral da deciso objurgada. Remessa do feito ao juzo comum.As aes do rito especial, no s pela peculiaridade das hipteses ali abrangidas, como tambm pela indispensabilidade no cumprimento das etapas previstas no curso do respectivo procedimento, devero ser processadas na jurisdio comum (item 3.1, Provimento 04/93, da Egrgia Corregedoria Geral da Justia) (Ap. Cv. 1.551/Palhoa Rel. Juiz Dionsio Jenczak) (Mandato de Segurana 44/05/Balnerio Cambori j. em 21.11.2006 Rel. Jos Agenor de Arago 7 T. Itaja). No mesmo sentido: Mandado de Segurana 48/00/Timb j. em 09.05.2000 Rel. Juiz Rubens Schulz 2 T. Blumenau[11]Competncia para promover a execuo de seus julgados A competncia dos Juizados no se limita s aes de conhecimento, sendo competente tambm para as aes executivas. Compete-lhe a execuo dos seus prprios julgados, bem como a execuo de ttulos extrajudiciais, cujo valor no ultrapasse quarenta salrios mnimos. A questo ser melhor analisado no captulo referente Execuo nos Juizados Especiais.Causas expressamente excludas da competncia dos Juizados Especiais CveisO pargrafo 2 dispe sobre as causas excludas da competncia dos Juizados Especiais: causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal, de interesse da Fazenda Pblica, relativas a acidentes de trabalho, a resduos e ao estado e capacidade das pessoas, ainda que de cunho patrimonial. Note-se que algumas das matrias excludas da competncia dos Juizados Especiais Cveis foram atribudas aos Juizados Especiais da Fazenda Pblica, regulados pela Lei 10.259/2001, ou aos Juizados Especiais Federais, regulados pela Lei 12.153/2009. Pertinente a leitura dos artigos que determinam as respectivas competncias:

Art. 3oCompete ao Juizado Especial Federal Cvel processar, conciliar e julgar causas de competncia da Justia Federal at o valor de sessenta salrios mnimos, bem como executar as suas sentenas. 1oNo se incluem na competncia do Juizado Especial Cvel as causas:I referidas noart. 109, incisos II,IIIeXI, da Constituio Federal, as aes de mandado de segurana, de desapropriao, de diviso e demarcao, populares, execues fiscais e por improbidade administrativa e as demandas sobre direitos ou interesses difusos, coletivos ou individuais homogneos;II sobre bens imveis da Unio, autarquias e fundaes pblicas federais;III para a anulao ou cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciria e o de lanamento fiscal;IV que tenham como objeto a impugnao da pena de demisso imposta a servidores pblicos civis ou de sanes disciplinares aplicadas a militares. 2oQuando a pretenso versar sobre obrigaes vincendas, para fins de competncia do Juizado Especial, a soma de doze parcelas no poder exceder o valor referido no art. 3o, caput. 3oNo foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competncia absoluta

Art. 6oPodem ser partes no Juizado Especial Federal Cvel:I como autores, as pessoas fsicas e as microempresas e empresas de pequeno porte, assim definidas naLei no9.317, de 5 de dezembro de 1996;II como rs, a Unio, autarquias, fundaes e empresas pblicas federais.Art. 5o Podem ser partes no Juizado Especial da Fazenda Pblica:I como autores, as pessoas fsicas e as microempresas e empresas de pequeno porte, assim definidas na Lei Complementar no123, de 14 de dezembro de 2006;II como rus, os Estados, o Distrito Federal, os Territrios e os Municpios, bem como autarquias, fundaes e empresas pblicas a eles vinculadas.Art. 2o de competncia dos Juizados Especiais da Fazenda Pblica processar, conciliar e julgar causas cveis de interesse dos Estados, do Distrito Federal, dos Territrios e dos Municpios, at o valor de 60 (sessenta) salrios mnimos. 1o No se incluem na competncia do Juizado Especial da Fazenda Pblica:I as aes de mandado de segurana, de desapropriao, de diviso e demarcao, populares, por improbidade administrativa, execues fiscais e as demandas sobre direitos ou interesses difusos e coletivos;II as causas sobre bens imveis dos Estados, Distrito Federal, Territrios e Municpios, autarquias e fundaes pblicas a eles vinculadas;III as causas que tenham como objeto a impugnao da pena de demisso imposta a servidores pblicos civis ou sanes disciplinares aplicadas a militares. 2o Quando a pretenso versar sobre obrigaes vincendas, para fins de competncia do Juizado Especial, a soma de 12 (doze) parcelas vincendas e de eventuais parcelas vencidas no poder exceder o valor referido nocaputdeste artigo. 3o(VETADO) 4o No foro onde estiver instalado Juizado Especial da Fazenda Pblica, a sua competncia absoluta.

As causas relacionadas a acidentes de trabalho, antes julgadas pela Justia comum, com as alteraes trazidas pela Emenda Constitucional 45, que realizou a reforma do Judicirio, passaram a ser analisadas pela Justia do Trabalho.

Quanto s demais causas, a justificativa apresentadas seria o grau de complexidade destas, necessitando de uma cognio muito ampla, algo incompatvel com o rito dos Juizados Especiais. Pode se ilustrar a questo com os seguintes exemplos: a) necessidade de certas provas, que no documental e a oral, nas causas alimentares; b) a complexidade do processo falimentar; c) a grande preocupao de resguardo dos interesses da Fazenda Pblica, especialmente em matria fiscal, onde se sobressai a indispensabilidade de agilizao, a salvo de percalos, da cobrana de dvida ativa; d) a imprescindibilidade, em regra, de exame pericial, nas aes acidentrias; e) a necessidade de real amadurecimento das causas, para julgamento consciente, quando versem sobre resduos, ou estado e capacidade faz pessoas.[12] Note-se que a incompetncia nestes casos absoluta, razo pela qual no admissvel a convalidao dos acordos celebrados A jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia no admite sequer acordo celebrado pelas partes em juizado especiais em ao alimentar, declinando a ineficcia para compulso executria:Alimentos. Acordo celebrado perante o Juizado Especial Cvel. Priso civil do devedor. Inadmissibilidade Alimentos. Priso Civil. Acordo celebrado perante o Juizado Especial Cvel. Parcelas pretritas.

Excludas da competncia do Juizado Especial as causas de natureza alimentar, o acordo celebrado pelas partes, ainda que homologado por aquele Juzo, no tem eficcia para a concluso executria da priso civil do devedor, mngua do devido processo legal.

Cuidando-se de dbitos pretritos, inadmissvel a execuo nos moldes previstos no art. 733 do Cdigo de Processo Civil. Precedentes. Ordem concedida para afastar a comisso de priso civil. (Habeas Corpus 9.363/BA (1999/0040076-3) Rel. Min. Barros Monteiro 4 T. j. em 14.09.1999)[13]Alimentos. Acordo homologado perante o Juizado Especial Cvel. Execuo. Priso Civil. Inviabilidade. Alimentos. Priso Civil. Acordo celebrado perante o Juizado Especial Cvel. Parcelas pretritas.

Excludas da competncia do Juizado Especial as causas de natureza alimentar, o acordo celebrado pelas partes, ainda que homologado por aquele Juzo, no tem eficcia para a compulso executria da priso civil do devedor, mngua do devido processo legal. (REsp. 769.334/SC(2005/0119462)-j. 07-12-2006 Rel. Min. Jorge Scartezzini-4. T.).[14]Art. 4 competente, para as causas previstas nesta Lei, o Juizado do foro:I do domiclio do ru ou, a critrio do autor, do local onde aquele exera atividades profissionais ou econmicas ou mantenha estabelecimento, filial, agncia, sucursal ou escritrio;II do lugar onde a obrigao deva ser satisfeita;III do domiclio do autor ou do local do ato ou fato, nas aes para reparao de dano de qualquer natureza.Pargrafo nico. Em qualquer hiptese, poder a ao ser proposta no foro previsto no inciso I deste artigo.Competncia territorial dos Juizados Especiais Cveis Nos Juizados Especiais a regra actor sequitur forum rei, o frum competente o do domicilio do ru (Cdigo Civil art. 31). Todavia, o legislador concedeu ao autor alternativas para a propositura da ao, tambm lhe sendo permitido ajuiz-la onde a obrigao deva ser satisfeita, ou ainda em seu prprio domiclio ou local do ato ou fato, nas aes que tiverem como objeto a reparao de dano.. Questo que ainda suscita controvrsia a possibilidade da ao ser proposta no foro de eleio das partes. Diversamente do Cdigo de Processo Civil, que prev esta possibilidade, a Lei dos Juizados Especiais silente sobre o assunto, havendo defensores dos dois lados. Os tribunais tm afastado em aes no Juizado Especial, principalmente as consumeristas frum de eleio previsto em contrato. O momento para arguir a exceo de incompetncia o da audincia de instruo e julgamento, quando da apresentao da contestao, mas nada impede que seja apresentada na audincia de conciliao.O julgado abaixo ilustra bem o afastamento do Frum de eleio:JUIZADO ESPECIAL CIVEL. PROCESSO CIVIL. RELAO DE CONSUMO. FORO DE ELEIO AFASTADO. PREVALECE FORO DE ESCOLHA DO CONSUMIDOR. PRELIMINAR DE INCOMPETNCIA REJEITADA. CONSUMIDOR. FORMATURA DE GRADUAO. ACRSCIMO DE OBRIGAO APS ASSINATURA DO CONTRATO MEDIANTE DECLARAO EXPRESSA DE VONTADE DA FORMANDA. VALIDADE. PAGAMENTO EFETUADO. RESTITUIO INDEVIDA. DANOS MORAIS NO CONFIGURADOS. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. SENTENA REFORMADA.1. No mbito dos Juizados Especiais a competncia territorial fixada, de regra, pelo domiclio da parte r, conforme dispe o art. 4, inciso I e pargrafo nico, da Lei 9.099/95. As excees encontram-se restritas s hipteses de relao de consumo, em que o consumidor poder optar por ajuizar a ao no foro de seu domiclio (hipossuficincia jurdica manifesta), no foro de eleio, ou nos casos de estar pendente o cumprimento de obrigao, no local onde esta deva necessariamente ser satisfeita.2. Escolhendo a recorrida o foro de seu domiclio, competente o Juzoa quopara processar e julgar o feito. Preliminar de incompetncia rejeitada.1 Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal Apelao Cvel do Juizado Especial 20110310308112ACJ[1]

Seo II Do juiz, dos conciliadores e dos juzes leigos ( art. 5 a 7)Art. 5 O Juiz dirigir o processo com liberdade para determinar as provas a serem produzidas, para apreci-las e para dar especial valor s regras de experincia comum ou tcnica.O Juiz nos Juizados Especiais CveisNo microssistema dos Juizados Especiais, o juiz possui grande liberdade na conduo do processo, no estando limitado a realizar a valorao das provas que lhe so apresentadas, podendo tambm auferir a necessidade ou no da realizao de determinada prova. Contudo, sempre importante relembrar a garantia constitucional da ampla defesa, no sendo permitido ao juiz indeferir a produo de prova, sob o mero argumento de que prejudica o andamento do processo, necessria defesa da parte. Se em alguns casos claro o carter protelatrio de determinada prova, a realidade que existem casos em que a linha tnue, no sendo possvel apresentar uma resposta categricaprima facie.

A dispensa da prova desnecessria, com fito de protelar o desate da questo, um dever do juiz, no configurando cerceamento de defesa e assegurando a observncia dos princpios norteadores dos Juizados Especiais, a celeridade e a economia processual. Em virtude da liberdade concedida ao juiz na apreciao do conjunto probatrio, admite-se nos Juizados Especiais que se prove apenas por meio de testemunhas a existncia de relao contratual, mesmo aqueles que tenham valor superior a dez vezes o salrio mnimo, cuja prova, no rito comum, restrita aos contratos cujo valor no exceda o dcuplo do salario mnimo (art. 401), sendo bem ilustrativo o julgado abaixo:APELAO CVEL. AO DE COBRANA. CONTRATO VERBAL DE ALUGUEL. MQUINA RETROESCAVADEIRA. PROVA EXCLUSIVAMENTE TESTEMUNHAL. VIABILIDADE. ARTIGO 401 CPC. NO INCIDNCIA NO MBITO DOS JUIZADOS ESPECIAIS. SENTENA MANTIDA POR SEUS PRPRIOS FUNDAMENTOS.No obstante a regra do art. 401 do CPC, que menciona que a prova exclusivamente testemunhal s se admite nos contratos cujo valor no exceda o dcuplo do maior salrio mnimo vigente no pas, poca em que foram celebrados, tal norma no incide no mbito dos Juizados Especiais, vez que incompatvel com os princpios orientadores da Lei 9.099/95, alm disso, o art. 5 da referida lei, cita que o Juiz dirigir o processo com liberdade para determinar as provas a serem produzidas, para apreci-las e para dar especial valor s regras de experincia comum ou tcnica. Ap. Cv. 2008.600164-8[1]Art. 6 O Juiz adotar em cada caso a deciso que reputar mais justa e equnime, atendendo aos fins sociais da lei e s exigncias do bem comum.Deciso mais justa e equnimeA letra da lei nem sempre oferece a soluo mais justa ao caso concreto. A concepo do juiz como mera boca da lei no mais prevalece nos dias de hoje, havendo inclusive quem defenda que o juiz cria lei ao interpretar a regra e aplica-la ao caso concreto. Figueira Jnior tece interessante comentrio:"Dentro de um contexto axiolgico e teolgico, deciso justa no aquela que simplesmente subsume a norma jurdica ao caso concreto, resolvendo a lide jurdica dentro dos contornos articulados na pea inaugural. A justia do julgamento transcende o plano objetivo do sistema nomoemprico prescritivo para adentrar o campo da pacificao social, medida que os conflitos intersubjetivos significam um sintoma patolgico nas relaes de direito material, pela leso ou ameaa de leso ao direito subjetivado[1]

Art. 7 Os conciliadores e Juzes leigos so auxiliares da Justia, recrutados, os primeiros, preferentemente, entre os bacharis em Direito, e os segundos, entre advogados com mais de cinco anos de experincia.Os conciliadores e Juzes leigosA figura do juiz leigo, uma inovaes da Lei 9.099/95, criada com escopo fundamental de funcionar na instruo processual, substituindo facultativamente o juiz togado nesse mnus, de avanado carter prtico. O exemplo do conciliador desenvolve a produo de atos processuais que, em princpio, seriam executados diretamente pelo juiz togado, reservando-se o potencial deste para o ato final e mais importante do processo, que prolao da sentena. Obviamente, toda a direo da instruo do processo ficar em ltima anlise, aos cuidados (do juiz togado), sempre com o poder de supervisonamento do trabalho desses auxiliares, podero mandar repetir atos processuais ou produzi-los pessoalmente[1]

O juiz leigo deve ser advogado com mais de cinco de anos de experincia. Os conciliadores, por sua vez, devem ser preferencialmente bacharis em Direito, mas no h qualquer imposio, servindo a letra da lei mais como sugesto do que como uma prescrio. Nada obstante, devem ser observadas as leis locais, a Lei de Organizao Judiciaria local, posto que trata-se de assunto de competncia estadual. Tais atividades so verdadeiro mnus publico, no havendo remunerao.

Uma das crticas suscitadas a necessidade de que o juiz leigo tenha exercido a profisso de advogado por pelo menos cinco, exigncia que no feita sequer aos que queiram ingressar na magistratura ou nos quadros do Ministrio Pblico, carreiras que exigem no mnimo trs anos de prtica jurdica. Mas no s isso, tais atividades tm mais apelo com os recm formados, que teriam muito a aprender.Outro problema que alguns tm considerado as atividades de conciliador e juiz leigo incompatveis com a advocacia. No sendo uma atividade remunerada, cria-se uma razo para muitos no tenham interesse em auxiliar a Justia, posto que o fariam em detrimento do prprio sustento.

A jurisprudncia do Conselho Federal da OAB no pacfica, havendo julgados em ambos os sentidos, o que no ajuda a resolver a celeuma:Juiz leigo de Juizado Especial. Funo privativa de advogado com mais de cinco anos de experincia forense. Impedimento. Inteligncia do art. 7, pargrafo nico, da Lei 9.099/95 e do art. 8 do Regulamento Geral EOAB. O exerccio, sem carter permanente, de funes de juiz leigo em Juizado Especial, por serem privativas de advogado, no gera a incompatibilidade prevista no art. 28, IV, do EOAB, mas, apenas, impedimento para exercer a advocacia na rea daqueles juizados. Conciliador de Juizado Especial. Por no se tratar de funo privativa de advogado, mas que deve ser cometida, preferencialmente, a bacharel em direito, implica incompatibilidade e no apenas impedimento. Reviso da deciso proferida na proposio n 4062/95. Recomendao para que a OAB promova gestes junto ao Congresso Nacional para revogao da privatividade de provimento por advogado da funo de juiz leigo, dando-se nova redao ao art. 7, com revogao do seu pargrafo nico, da Lei n 9.099/95. Deciso por maioria. (Proc. 031/95/OEP, Rel. Marcos Bernardes de Mello (AL), Ementa 07/99/COP, julgamento: 17.05.99, por maioria, DJ 09.06.99, p. 90, S1)Ementa 073/2002/PCA. Conciliadores dos Juizados Especiais. Impedimento. Se a Lei Federal n 9.099/95 admite que os Juzes leigos exeram a advocacia com impedimento, o mesmo tratamento deve ser estendido aos conciliadores, para os quais o artigo 16, da Lei Estadual n 6.371/92, tambm exige a condio de advogado. Aplicao do princpio da isonomia. Concesso da inscrio definitiva, com a anotao de impedimento. Votao unnime. (Recurso n 0188/2002/PCA-BA. Relator: Conselheiro Jlio Alcino de Oliveira Neto (PE), julgamento: 14.10.2002, por unanimidade, DJ 13.12.2002, p. 799, S1)Conciliadores do Juizado de Pequenas Causas. Impedimentos. Estabelece o art. 28, II, que os Membros dos Juizados Especiais so incompatibilizados com a advocacia. O Regulamento Geral, contudo, no art. 8 excepcionou deste tipo de incompatibilidade os advogados que participem desses rgos na qualidade de titulares ou suplentes, representando a prpria classe, ampliando a interpretao que o STF conferiu ao preceito, na ADIn n 1.127. A Lei n 7.244/84, art. 7, determinou que os rbitros so escolhidos dentre advogados indicados pela OAB. Quanto aos conciliadores (art. 6), o recrutamento de advogados no especfico, mas preferencial de bacharis em direito, na forma da lei local. Bacharel em direito no necessariamente advogado assim entendido o que regularmente inscrito na OAB e, em princpio, ficaria incompatibilizado com a advocacia. No entanto, se a lei local determinar que os conciliadores sero escolhidos dentre advogados indicados pela OAB, caber a mesma regra aplicvel aos rbitros, ou seja, apenas o de impedimento para atuar profissionalmente nos respectivos Juizados. (Proc. n 31/95/OE, Rel. Paulo Luiz Netto Lbo, j. 31.3.95, v.u., D.J. de 20.4.96, p. 10.338).

Porm, o Superior Tribunal de Justia entende que no h incompatvel total com o exerccio da advocacia, existe apenas uma restrio:

No se conforma a Ordem dos Advogados do Brasil-Seccional do Rio Grande do Sul com odecisumda Corte de Origem que autorizou a inscrio da impetrante, bacharel em direito, no mencionado rgo de classe, nada obstante exera a funo de conciliadora do Juizado Especial Cvel. O bacharel em direito que atua como conciliador e no ocupa cargo efetivo ou em comisso no Judicirio, no se subsume s hipteses de incompatibilidade previstas no art. 28 do Estatuto dos Advogados e da OAB (Lei n8.906/94). A vedao, como no poderia deixar de ser, existe to-somente para patrocnio de aes propostas no prprio juizado especial. Esse impedimento, de carter relativo, prevalece para diversos cargos em que autorizado o exerccio da advocacia, a exemplo dos procuradores do Distrito Federal, para os quais defeso atuar nas causas em que for r a pessoa jurdica que os remunera. Hodiernamente, a questo no enseja maiores digresses, visto que a controvrsia j restou superada at mesmo no mbito do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (Resp 380.176/RS; Recurso Especial 2001/0155442-0, Relator Ministro Franciuli Neto).[2]Seo III - Das Partes (art. 8 a 11)Art. 8 No podero ser partes, no processo institudo por esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurdicas de direito pblico, as empresas pblicas da Unio, a massa falida e o insolvente civil. 1o Somente sero admitidas a propor ao perante o Juizado Especial:I as pessoas fsicas capazes, excludos os cessionrios de direito de pessoas jurdicas;II as microempresas, assim definidas pelaLei no9.841, de 5 de outubro de 1999;III As pessoas jurdicas qualificadas como Organizao da Sociedade Civil de Interesse Pblico,IV as sociedades de crdito ao microempreendedor, as sociedades de crdito ao microempreendedor, nos termos doart. 1oda Lei no10.194, de 14 de fevereiro de 2001. 2 O maior de dezoito anos poder ser autor, independentemente de assistncia, inclusive para fins de conciliao.As partes nos Juizados Especiais A Lei 9.099 determina quem pode ajuizar aes perante os Juizados Especiais Cveis, nada obstante, possui um rol taxativo de vedaes:

As vedaes:

O incapaz

Os artigos terceiro e quarto do Cdigo Civil dispem sobre os incapazes, respectivamente os absolutamente e os relativamente incapazes para os atos da vida civil. So absolutamente incapazes: i) os menores de dezesseis anos; ii) os que, por enfermidade ou deficincia mental, no tiverem o necessrio discernimento para a prtica desses atos; iii) os que, mesmo por causa transitria, no puderem exprimir sua vontade. So relativamente incapazes: i) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; ii) os brios habituais, os viciados em txicos, e os que, por deficincia mental, tenham o discernimento reduzido; iii) os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; iv) os prdigos.

Conforme dispe o CPC, em seu artigo 8, os incapazes dependem da representao ou assistncia de seus pais, tutores ou curadores para que possam estar em juzo. A exigncia destes requisitos traz maior complexidade ao processo, algo incongruente com a celeridade e simplicidade almejadas neste procedimento. Alm disso, quando houver interesses de incapazes, o Ministrio Pblico possui competncia para intervir, o que traria ainda mais complexidade.Opreso

Da mesma forma incompatvel com objetivo clere, informal, simples e econmico dos Juizados Especiais a figura do preso como parte. A dificuldade de seu comparecimento em juzo, considerando a necessidade de escolta policial e o aumento da segurana no ambiente do Frum, bem como a necessidade de nomeao de curador especial na forma do artigo 9 do CPC, trariam certa dificuldade ao andamento processual.As pessoas jurdicas de direito pblico.As empresas pblicas da Unio.Como bem indica Reinaldo Filho: Da simples instituio dos Juizados Especiais como rgo da Justia ordinria (art.1.) j decorre a impossibilidade nsita de conhecerem causas de competncia de uma das Justias especializadas (militar, eleitoral, federal e trabalhista). Mas a colocao, neste dispositivo (art. 8, caput), de regra pela qual ficam excludas do processo, como parte, as pessoas jurdicas de direito pblico e as empresas pblicas da Unio afasta fatalmente da competncia desses rgos as causas admitidas na Justia Federal.[1]Amassa falida e o insolvente civilO juzo da falncia universal e indivisvel, sendo competente para conhecer todas as aes e negcios referentes massa falida. Isto levou o legislador a excluir a massa falida da competncia dos Juizados Especiais. Alm disso, h incongruncia com os princpios do microssistema, posto que a burocracia falimentar depende da arrecadao de bens e posterior habilitao nos autos da falncia para pagar aos credores, algo incompatvel com a procedimento de Execuo nos Juizados Especiais, em que to logo transite a sentena em julgado e o credor se manifeste, realizada a penhora.Da mesma forma a questo do insolvente civil nos termos do artigo 762 do CPC: Ao juzo da insolvncia concorrero todos os credores do devedor comum Andando bem o legislador neste item, em razo da similar complexidade processual.As pessoas que podem propor ao perante os Juizados Especiais CveisA lei bem sobre quem possui legitimidade para ajuizar demandas nos Juizados Especiais: somente as pessoas fsicas, excluindo-se as cessionrias de pessoas jurdicas. Tal restrio foi imposta como meio de evitar que as pessoas jurdicas burlassem o mandamento legal, sobrecarregando os Juizados em prejuzo do cidado comum.Nada obstante, foram feitas alteraes na redao original da Lei passando a admitir-se que microempresas e empresas de pequeno porte tambm pudessem postular perante os Juizados Especiais Cveis.As microempresas e as empresas de pequeno porteO acesso s microempresas e as empresa de pequeno porte ao Juizado Especial no polo passivo das aes foi estabelecido pelo artigo 74 da Lei Complementar 123/2006:Art. 74 Aplica-se s microempresas e s empresas de pequeno porte de que trata esta Lei Complementar o disposto no p.1 do art. 8. Da Lei 9.099, de 26 de setembro 1995, e no inciso I do caput do art. 6. Da Lei 10.529, de 12 de julho de 2001, passa ser admitidas vom proponentes de ao perante o Juizado Especial, excludo os cessionrios de direito de pessoas jurdicas.Note-se que o enunciado 48 aprovado no Frum Nacional dos Juizados Especiais j dispunha que: O disposto no pargrafo 1 do art. 9 da lei 9.099/1995 aplicvel s microempresas e s empresas de pequeno porte

Microempresa a pessoa jurdica que obtenha um faturamento anual bruto, igual ou inferior a R$ 360.000,00. Empresa de pequeno porte, por sua vez, e aquela que fatura em cada calendrio receita anual bruta superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00. Esses conceitos encontram-se na Lei complementar n 123/06. Dessa maneira, se a Microempresa conseguir faturar mais de R$360.000,00, ela passa automaticamente para a classificao de Empresa de Pequeno Porte. Do mesmo modo, se a Empresa de Pequeno Porte no tiver faturamento anual superior a R$ 360.000,00, ela passa a condio de Microempresa automaticamente.

Para que as microempresas ou as empresas de pequeno porte possam ajuizar suas demandas no Juizado elas devero comprovar sua condio no momento da distribuio da ao, conforme dispe o enunciado 135 do FONAJE: O acesso da microempresa ou empresa de pequeno porte no sistema dos juizados especiais depende da comprovao de sua qualificao tributria atualizada e documento fiscal referente ao negcio jurdico objeto da demanda.As OSCIPs (Organizaes da Sociedade Civil)Nos termos da Lei 9.790/1999:Podem qualificar-se como Organizaes da Sociedade Civil de Interesse Pblico as pessoas jurdicas de direito privado, sem fins lucrativos, desde que os respectivos objetivos sociais e normas estatutrias atendam aos requisitos institudos por esta Lei. 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se sem fins lucrativos a pessoa jurdica de direito privado que no distribui, entre os seus scios ou associados, conselheiros, diretores, empregados ou doadores, eventuais excedentes operacionais, brutos ou lquidos, dividendos, bonificaes, participaes ou parcelas do seu patrimnio, auferidos mediante o exerccio de suas atividades, e que os aplica integralmente na consecuo do respectivo objeto social.Assim, somente podem intitular-se OSCIP, as empresas sem fins lucrativos que obtiverem, aps procedimento administrativo perante o Ministrio da Justia, o deferimento do registro, devendo exibir essa qualificao no momento da distribuio da ao perante os Juizados Especiais, sob pena de indeferimento da inicial.As sociedades de crdito ao microempreendedorAs sociedades de crdito ao microempreendedor, criadas pela Lei 10.194, de 14 de fevereiro de 2001, so entidades que tm por objeto social exclusivo a concesso de financiamentos e a prestao de garantias a pessoas fsicas, bem como a pessoas jurdicas classificadas como microempresas, com vistas a viabilizar empreendimentos de natureza profissional, comercial ou industrial de pequeno porte Devem ser constitudas sob a forma de companhia fechada ou de sociedade por quotas de responsabilidade limitada, adotando obrigatoriamente em sua denominao social a expresso[2].Estas sociedades tambm devero provar quando do ajuizamento de demanda perante os Juizados Especiais a sua condio.Maior de 18 anos A Lei dos Juizados Especiais foi promulgada antes do atual Cdigo Civil. Naquele momento, a maioridade era atingida somente aos 21 anos, sendo relativamente incapaz o maior de 18 e menor de 21 anos, necessitando, portanto, de assistncia para estar em juzo. Assim, observa-se que a inteno do legislador era criar uma exceo regra ento vigente.

As normas em vigor, porm, atribuem capacidade plena aos maiores de 18, o que torna a redao deste pargrafo redundante, pois eles j no mais dependem da assistncia de terceiros para estarem em juzo.Art. 9 Nas causas de valor at vinte salrios mnimos, as partes comparecero pessoalmente, podendo ser assistidas por advogado; nas de valor superior, a assistncia obrigatria. 1 Sendo facultativa a assistncia, se uma das partes comparecer assistida por advogado, ou se o ru for pessoa jurdica ou firma individual, ter a outra parte, se quiser, assistncia judiciria prestada por rgo institudo junto ao Juizado Especial, na forma da lei local. 2 O Juiz alertar as partes da convenincia do patrocnio por advogado, quando a causa o recomendar. 3 O mandato ao advogado poder ser verbal, salvo quanto aos poderes especiais. 4o O ru, sendo pessoa jurdica ou titular de firma individual, poder ser representado por preposto credenciado, munido de carta de preposio com poderes para transigir, sem haver necessidade de vnculo empregatcio.O advogado e os Juizados Especiais CveisPossibilidade de dispensa do advogado nas causas cujo valor no ultrapasse vinte salrios mnimosNo ponto pacifico na doutrina a possibilidade das partes estarem em juzo sem a assistncia de um advogado, faculdade concedida pela Lei 9.099/95 nas causas de valor inferior a 20 salrios mnimos ajuizadas perante os Juizados Especiais Cveis. Argumentava-se a inconstitucionalidade face ao teor do estabelecido pelo artigo 133 da Constituio: o advogado indispensvel administrao da justia. Este argumento perdeu seu fundamento em razo de deciso do Supremo Tribunal Federal proferida na Adin 1.539-7[1]:AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ACESSO JUSTIA. JUIZADO ESPECIAL. PRESENA DO ADVOGADO. IMPRESCINDIBILIDADE RELATIVA. PRECEDENTES. LEI9099/95. OBSERVNCIA DOS PRECEITOS CONSTITUCIONAIS. RAZOABILIDADE DA NORMA. AUSNCIA DE ADVOGADO. FACULDADE DA PARTE. CAUSA DE PEQUENO VALOR. DISPENSA DO ADVOGADO. POSSIBILIDADE.1. Juizado Especial. Lei9099/95, artigo9. Faculdade conferida parte para demandar ou defender-se pessoalmente em juzo, sem assistncia de advogado. Ofensa Constituio Federal. Inexistncia. No absoluta a assistncia do profissional da advocacia em juzo, podendo a lei prever situaes em que prescindvel a indicao de advogado, dados os princpios da oralidade e da informalidade adotados pela norma para tornar mais clere e princpios da oralidade e da informalidade adotados pela norma para tornar mais clere e menos oneroso o acesso justia. Precedentes.2. Lei9099/95. Fixao da competncia dos juzos especiais civis tendo como parmetro o valor dado causa. Razoabilidade da lei, que possibilita o acesso do cidado ao judicirio de forma simples, rpida e efetiva, sem maiores despesas e entraves burocrticos. Ao julgada improcedente.Questo similar j havia sido analisada no julgamento da Adin 1.127-8[2], que questionava a constitucionalidade do artigo primeiro, inciso I, da Lei 8.906/94, que previa como atividade privativa de advogado a postulao aqualquer rgo do Poder Judicirio e aos juizados especiais. Apesar de julgado inconstitucional o dispositivo em comento, cabe destacar o voto vencido do Ministro Marco Aurlio, quem teceu veemente critica dispensabilidade do advogado:Fico a imaginar, por exemplo, o subscritor da inicial desta ao direta de inconstitucionalidade Dr.Sergio Bermudes prestando assistncia a uma grande empresa e, do lado contrrio a defender-se um autor de ao concernente a uma causa de pequeno valor, sem a representao processual por advogado, acionando, portanto, a capacidade postulatria direta. O massacre tcnico seria fatal. um engodo pensar-se que o afastamento do advogado por si s implica na celeridade almejada dos procedimentos judiciais. Se a Justia morosa, h outras pessoas tambm responsveis por essa morasidade. Nunca tive, com a participao dos advogados, um entrave ao bom andamento dos processos nos quais atuei

Assim, ponto pacfico na jurisprudncia a possibilidade das partes estarem em juzo sem o auxlio de advogado nos Juizados Especiais, nada obstante a doutrina contrria.Possibilidade de mandado verbalNo rito ordinrio, necessrio mandato escrito para que o advogado atue em nome da parte. Em consonncia com os princpios que orientam o funcionamento dos Juizados Especiais, admite-se que o mandato seja feito verbalmente pela parte, salvo quanto aos poderes especiais previstos no artigo 38 do Cdigo de Processo Civil receber citao inicial, confessar, reconhecer a procedncia do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ao, receber, dar quitao e firmar compromisso aos quais ainda necessrio documento escrito.

O mandato verbal autoriza at mesmo a interposio de recurso contra as decises do juiz, conforme orientao do FONAJE expressa no enunciado 77: O advogado cujo nome constar de termo de audincia estar habilitado para todos os atos do processo, inclusive para recurso.

Nada obstante, a jurisprudncia tem colocado algumas restries a isto. H deciso do STF considerando inexistente o recurso extraordinrio interposto por advogado sem procurao nos autos[3], devendo, portanto, ser juntado o instrumento de procurao ainda que haja mandado verbal. Neste mesma linha, h deciso de Turma Recursal que aponta a necessidade de que o recurso tenha sido registrado no termo de audincia para que o causdico possa interpor recursos:Mandato verbal. Fase recursal. Requisito de admissibilidade. Obrigatoriedade de constar o nome do procurador no termo de audincia.Embargos de declarao em recurso cvel inominado. Seguimento negado monocraticamente pelo relator por ausncia de pressuposto recursal. Recebimento como agravo interno (CPC, art. 557, pargrafo 1). Aplicao do princpio da fungibilidade recursal.Constitui requisito de admissibilidade recursal a existncia de procurao ou substabelecimento em favor do advogado subscritor da pea recursal, sob pena de ser tido como inexistente o recurso inominado. O mandato verbal a que alude o pargrafo 3 do art. 9 da Lei 9.099/95, somente tem aplicabilidade em sede recursal se constar expressamente no termo de audincia, inocorrente na hiptese. Nesse norte, o magistrio de Joel Dias Figueira Jnior, Versando a espcie sobre mandato verbal, esse registro haver de ser feito no termo de assentada da audincia de maneira resumida, segundo orientao do art. 13, pargrafo 3 da Lei 9.099/95. de bom alvitre o apontamento da outorga do mandato verbal, sem qualquer meno aos poderes conferidos ao mandatrio, implcitos, no caso para o foro em geral. [...] Contudo, a norma insculpida no pargrafo 3 do art. 9 da Lei 9.099/1995 no encontrar aplicabilidade em sede recursal ou para interposio de qualquer meio de impugnao (v.g. mandado de segurana; reclamao) se o mandato verbal no tiver sido consignado em termo de audincia (Juizados Especiais Cveis e Criminais. 5. ed. So Paulo; RT, 2007. P. 186) Deciso que negou seguimento ao recurso mantida. Recomendvel que o magistrado de primeiro grau de jurisdio ao receber a pea recursal, verifique a existncia de procurao ou instrumento de substabelecimento do subscritor do recurso, determinando, na ausncia, a regularizao em prazo razovel, pena de negar seguimento ao recurso, por falta de requisito de admissibilidade. (Embargos de Declarao em Recurso Inominado 2008.500330-4/Joinville j. em 25.08.2008 Rel. Juiz Carlos Adilson Silva 5 T. Joinville)[4]

Preposto

A promulgao da Lei 12.137/2009, que trouxe alteraes Lei 9.099/95, findou calorosas polmicas quanto representatividade das empresas, pois tornou expresso no ser necessrio que o preposto mantivesse relao de emprego com a empresa representada.

As pessoas fsicas so impossibilidades de serem representada por preposto, devendo comparecer pessoalmente s audincias. Neste sentido o enunciado 20 do FONAJE: O comparecimento pessoal da parte s audincias obrigatrio. A pessoa jurdica poder ser representada por preposto..

Art. 10. No se admitir, no processo, qualquer forma de interveno de terceiro nem de assistncia. Admitir-se- o litisconsrcio.Inadmissibilidade de interveno de terceiros e assistncia A interveno de terceiros consiste na autorizao legal para que terceiros estranhos a uma demanda, pessoas que no sejam parte na lide, que no integrem a demanda nem como autores, nem como rus, possam participar do processo, posto que a deciso proferida poder ter reflexos em seus interesses. No so admitidos neste tipo especial de jurisdio porque tendem a ampliar, ao menos em tese, o espectro da lide, acarretando maior complexidade para a causa, alm do natural acrscimo de participantes no processo, tornando-o eventualmente mais lento[1]As hipteses previstas no CPC so a oposio, a nomeao autoria e a denunciao lide. Dentre estas, a nica que merece maiores divagaes a denunciao lide, prevista no artigo 70 do CPC.A essncia do instituto da denunciao , pois precisamente esta: trazer, de antemo, ao processo, em que se desenvolve a lide principal, aquele obrigado a indenizar o ru, em caso de insucesso deste em face do demandante principal. Evita-se o caminho mais longo e injustificvel da propositura de uma nova ao, com redobrado trabalho instrumental e material, j que ambas as relaes podem ser resolvidas em uma nica sentena dentro do mesmo processado. Acontece que justamente por propiciar a formao de uma lide derivada que se cuidou de evitar a denunciao, no procedimento dos Juizados Especiais. A interveno do denunciado, segundo as normas do Cdigo Processo Civil, perfaz-se por meio de sua citao, abrindo-se-lhe prazo para contestao e ensejando-lhe a possibilidade de produzir provas e, enfim, tudo requerer, devendo ser intimado de todos os atos, j que assume, de certo modo, a posio de litisconsorte passivo (art. 75, I do CPC), Diante dessas circunstncias, pode ocorrer demasiada demora no andamento do feito, com manifesto prejuzo parte autora, da por que prefervel vedar o ingresso do terceiro, sobrando ao ru, evidentemente, o resguardo do seu direito por via posterior ao direta[2]De acordo com Chimenti, a restrio afasta do procedimento sumarssimo da Lei n. 9.099/95 a obrigatoriedade prevista no art. 70 do CPC. Ao contrrio do que prev a parte final do art. 280 do CPC (redao da Lei n. 10.444/2002), que admite a interveno fundada em contrato de seguro no procedimento sumrio, a Lei especial n. 9.099/95 continua vedando qualquer espcie de interveno. H que se observar, porm, as restries impostas pelos 1, 2 e 3 do art. 787 do Cdigo Civil de 2002, que, dentre outras regras, impem ao segurado dar cincia da lide ao segurador.A jurisprudncia majoritria neste mesmo sentido, todavia, encontram-se julgados que, sob o argumento da economia processual, admitem a participao da seguradora. Eis o julgado do Tribunal de Santa Catarina:

Reparao de danos. Denunciao lei da seguradora. Concordncia da parte autora. Ausncia de prejuzo. Admissibilidade. Juizado Especial. Interveno de terceiros. Seguradora.A proibio do art. 10, da Lei 9.099/95, de admisso de denunciao lide a favor do autor, posto inspirada no princpio de celeridade que deve presidir a prestao jurisdicional nos Juizados Especiais. Concordando expressamente o autor, e no tendo a interveno colocado em risco aquele princpio, prevalece o entendimento de que os atos processuais sero vlidos sempre que preencherem as finalidades para as quais forem realizados, atendidos os critrios indicados no art. 2 desta Lei. (Ap. Cv. 862, de Lages Rel. Juiz Paulo Roberto Camargo Costa) [...]. (Ap. Cv; 2009.601168-0/Lages j. em 14.12.2009 Rel. Juiz Leandro Passig Mendes)[3]Litisconsrcio

O litisconsrcio, que consiste na pluralidade de partes em qualquer dos polos da relao processual, admitido na rbita dos Juizados Especiais, tanto no polo passivo quanto no ativo. Todavia, devido prpria natureza do Juizado, havendo nmero excessivo de postulantes, podendo causar morosidade no andamento processual, o juiz poder remeter as partes s vias ordinrias ou desconstituir o litisconsrcio.Caso opte-se pelo litisconsrcio ativo, a jurisprudncia tem compreendido que, para fins de competncia dos Juizados, o pedido de cada litisconsorte considerado individualmente, em outras palavras, cada um dos integrantes do polo ativo pode pleitear bem da vida cujo valor no ultrapasse os quarenta salrios mnimos. Em seu voto o relator Ministro Luiz Fux, no Recurso Especial 807.319-PR proferiu:

luz do mencionado dispositivo, o valor da causa em havendo litisconsrcio deve ser o da demanda de cada um dos recorrentes para fins de fixao da competncia do Juizado Especial, restando desinfluente que a soma de todos ultrapasse o valor de sessenta salrios mnimos.Entendimento diverso atentaria contra o princpio da economia processual e outros que informam os Juizados Especiais, como a celeridade e informalidade, posto que cada autor tivesse de propor uma ao autnoma, soluo que implicaria em multiplicidade dos feitos a serem apreciados e julgados.

Nesse diapaso, notrio no haver qualquer violao ao art. 46, III, do CPC, o qual dispe que duas ou mais pessoas podem litigar no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando houver, entre as causas, conexo pelo objeto ou pela causa de pedir.Ressalta-se o uso do vocbulo "causas" no plural. Da concluir que, para cada uma das duas Ressalta-se o uso do vocbulo "causas" no plural. Da concluir que, para cada uma das duas ou mais pessoas que litigam no processo, correspondem uma causa ou mais pessoas que litigam no processo, corresponde uma causa.[4]Art. 11. O Ministrio Pblico intervir nos casos previstos em lei.Interveno do Ministrio Pblico muito reduzida participao do Ministrio Publico nos Juizados especiais. Conforme dispe o art.82 do CPC Ministrio Pblico dever intervir: i) nas causas de incapazes; ii) Nas causas concernentes ao estado da pessoa, ptrio poder, tutela, curatela, interdio, casamento, declarao de ausncia e disposio de ltima vontade; iii) Em todas as demais causa em que h interesse pblico, evidenciado pela natureza da lide o qualidade da parte.

Como visto acima, os incapazes no podem participar de processos nos Juizados Especiais e as causas relacionadas no inciso II do artigo 83 do CPC no so de sua competncia. Assim, verifica-se que h a interveno do Ministrio Pblico em quatro hipteses:a) quando h revel citado com hora certa e no local onde se desenvolve o processo o Ministrio Pblico seja o responsvel pela curadoria especial (art. 9, II, do CPC); b) na hiptese de o demandado ser concordatrio ou estar sob regime de liquidao extrajudicial; c) na hiptese de mandado de segurana impetrado junto ao Colgio Recursal contra ato de juiz do Sistema Especial; e d) na hiptese de arresto e citao editalcia em execuo fundada em ttulo extrajudicial[1]Seo V Do pedido (art. 14 a 17)Art. 14. O processo instaurar-se- com a apresentao do pedido, escrito ou oral, Secretaria do Juizado. 1 Do pedido constaro, de forma simples e em linguagem acessvel:I o nome, a qualificao e o endereo das partes;II os fatos e os fundamentos, de forma sucinta;III o objeto e seu valor.Dentro do esprito norteador dos Juizados, onde deve imperar a simplicidade, no se aplica o mesmo rigor exigido pelo CPC na petio inicial, basta que o pedido possa ser compreendido com clareza. Cabe lembrar que nas causa de menos de vinte salrios mnimos no necessrio que a parte seja representada por um advogado, no sendo razovel exigir tecnicismo na elaborao da pea vestibular.Dito isto, pertinente ponderao feita por Fonseca e Silva sobre a importncia do juiz neste contexto, que passa a ter um papel mais ativo na interpretao do que lhe postulado:Essa atuao integrativa do magistrado fica ainda mais evidente quando focado o procedimento adotado nos Juizados Especiais Cveis. Tendo em vista os princpios que o informam, notadamente os da simplicidade e oralidade, invivel postura rigorosa no exame da representao inicial que, na maioria das vezes, sequer vem elaborada por advogado. Pensamento contrrio certamente levaria ao reconhecimento da inpcia da grande maioria das peties iniciais, deduzidas, inclusive por servidores do prprio Poder Judicirio. Cabe ao juiz, portanto, atuao no sentido de integrar e corrigir irregularidades, abrindo caminho para, ao final, conceder tutela que confira justa soluo lide.Infere-se, como consequncia do cenrio supra descrito, a flexibilizao do principio da congruncia, isto , da exata correlao entre o pedido e a providncia outorgada. Em suma, o autor fixa os limites da lide e da causa de pedir na petio inicial, cabendo ao juiz decidir de acordo com esse limite, censurando-se assim, os denominados desvios de julgamento. certo que a adstrio da sentena ao pedido deduzido em juzo decorre do principio dispositivo, conferindo segurana jurdica e contribuindo para a preservao da imparcialidade. No entanto, priorizados os ideais de justia e efetividade do processo, tal limitao atuao do juiz deve ser atenuada, desde que respeitadas as garantas processuais das partes. Essa deve ser a inteligncia a ser dada ao artigo 460 do Cdigo de Processo Civil que probe ao juiz proferir sentena, a favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como condenar o ru em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.[1]Nada obstante, h elementos que obrigatoriamente devero estar presentes na inicial: o nome do autor e do ru, fornecendo a qualificao necessria para individualiza-los; os endereos das partes, para que se possa citar a parte contrria e posteriormente efetuar as intimaes, caso necessrio; os fatos que fundamentam a demanda, que podem ser narrados de maneira concisa; e o pedido, que deve ser bem delineado. No necessria a utilizao de linguagem tcnica, nem mesmo a apresentao de fundamento jurdico. Outros elementos, que, apesar de no mencionados pela Lei, devero estar presentes na inicial so: a) assinatura da parte ou do advogado; b) pedido de assistncia judiciria; c) e, se aplicvel, o requerimento de preferncia se a parte for maior de sessenta anos nos termos do artigo 71 da Lei 10.741 de 2003.Art. 15. Os pedidos mencionados no art. 3 desta Lei podero ser alternativos ou cumulados; nesta ltima hiptese, desde que conexos e a soma no ultrapasse o limite fixado naquele dispositivo.

Quanto ao pedido, admite-se que o autor faa pedidos cumulados, pea mais de uma coisa em uma nica demanda, desde que estes pedidos tenham como fundamento um fato comum e a parte contrria seja a mesma. Neste caso, a soma dos valores dos pedidos cumulados no deve ultrapassar o valor de alada, os quarenta salrios mnimos.

O autor tambm poder fazer pedidos sucessivos, hiptese em que feito mais de um pedido, mas somente um deles ser atendido e satisfar a pretenso do autor. Ilustrando, o autor pede para que lhe seja devolvido determinado bem ou para que lhe seja pago valor equivalente. Caso seja possvel ao juiz determinar a devoluo assim o far. Mas, supondo que o bem tenha perecido, no sendo possvel a devoluo, o juiz determinar que o ru pague ao autor o valor do bem. O autor obter apenas uma das pretenses postuladas na inicial, nunca as duas.

O pedido tambm poder ser genrico, em outras palavras, permitido postular ao juzo algo bem delineado, mas que no se consegue precisar ao certo sua extenso. Conhece-se o an debeatur, aquilo que se deve, mas no o quantum debeatur, o quanto se deve. Como visto, um dos critrios utilizados pelo legislador para definir a competncia dos Juizados Especiais exatamente o valor da causa, limitada a quarenta salrios mnimos. Isto poderia trazer alguns problemas ao rito sumarssimo, posto que se admitiria o ajuizamento de aes fora da alada dos Juizados.

Este problema foi solucionado pelo legislador ao impor a realizao de audincia de conciliao. Nesta oportunidade incumbe ao juiz avisar as partes sobre as vantagens da conciliao, bem como os riscos e custos inerentes ao prosseguimento da ao.

Tambm neste momento que ocorre o primeiro contato com as partes, conhecendo os traos da demanda, sendo-lhe possvel precisar o objeto, se ou no competente. Caso o pedido ultrapasse os quarenta salrios mnimos, o juiz dever informar o autor da renncia ao que exceder referido valor. Caso o autor no aceite isto, a ao ser extinta, cabendo parte distribuir nova ao no rito ordinrio.

Art. 16. Registrado o pedido, independentemente de distribuio e autuao, a Secretaria do Juizado designar a sesso de conciliao, a realizar-se no prazo de quinze dias.Note-se que to logo a secretaria registre o pedido, independentemente da distribuio ou autuao da ao, marcada a data para a audincia de conciliao, em outras palavras, no feita qualquer anlise dos fatos narrados na inicial. Ainda que esta seja inepta, haver audincia de conciliao.

A Secretaria no pode rejeitar o pedido, j que tal conduta caracterizaria ato decisrio de exclusiva competncia do juiz togado. Verificando que o pedido pode conter imprecises capazes de prejudicar o bom andamento do processo, aps receb-lo a Secretaria o encaminhar ao juiz togado, que poder indeferi-lo de plano ou determinar sua emenda.[1]Art. 17. Comparecendo inicialmente ambas as partes, instaurar-se-, desde logo, a sesso de conciliao, dispensados o registro prvio de pedido e a citao.Pargrafo nico. Havendo pedidos contrapostos, poder ser dispensada a contestao formal e ambos sero apreciados na mesma sentena.A hiptese prevista no art. 17 da Lei 9.099/95 no encontra paralelo na legislao brasileira, pois prev a situao em que ambas as partes recorrem ao Judicirio simultaneamente. exatamente por este motivo que a audincia de conciliao pode ser realizada de pronto, pois ambas as partes esto presentes.

O pargrafo nico deste dispositivo prev a situao em que ambas as partes atuam como autor e ru, simultaneamente, razo pela qual admite-se que o juiz dispense a tentativa de conciliao e profira a sentena de pronto, posto que as informaes trazidas pelas partes, a princpio, bastariam para ter conhecimento suficiente para faz-lo. Todavia, no o entendimento que predomina na doutrina ou jurisprudncia:Embora o dispositivo indique a designao de sesso de conciliao, possvel que j na primeira audincia seja realizada a instruo e julgamento, desde que as partes estejam cientes de tal circunstncia com antecedncia de pelo menos dez dias (cf. Art. 277 e 278 do CPC), nos Juizados Estaduais.[1]Caso a parte contrria no tenha conhecimento da audincia dentro destes dez dias, sendo a negativa a tentativa de conciliao, dever ser concedido ao ru prazo para que apresente sua contestao, sob pena de cerceamento de defesa, aplicando-se por analogia o artigo 277, caput, do CPC. Neste sentido:RECURSO INOMINADO CITAO EPISTOLAR REALIZADA NO DIA IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO DA SESSO DE CONCILIAO NULIDADE RELATIVA COMPARECIMENTO ESPONTNEO DO ACIONADO REFERIDA SOLENIDADE, FICANDO DESDE LOGO AUTORIZADO A APRESENTAR CONTESTAO NO PRAZO QUE LHE SOBEJAR, O QUE VEIO A ACONTECEROPORTUNO TEMPORE- DETERMINAO JUDICIAL DE DESENTRANHAMENTO DA CONTESTAO SOB A JUSTIFICATIVA DE QUE SERIA INTEMPESTIVA -ERROR IN PROCEDENDO- CERCEAMENTO DE DEFESA CARACTERIZADO PROCESSO ANULADO DESDE A SENTENA, INCLUSIVEPara assegurar o pleno exerccio da ampla defesa exultada pela Carta de Outubro (art. 5, LV), razovel que entre a citao no processo de conhecimento e a realizao da sesso de conciliao que o momento preclusivo para a apresentao de resposta medeie prazo de 10 dias, por analogia ao prazo informado no artigo 277,caput, do Cdigo de Processo Civil.

Se o ru comparece sesso de conciliao e corretamente lhe conferido prazo complementar para apresentao de resposta, dela deve conhecer o magistrado, desde que, por bvio, seja apresentada no referido prazo.

Consisteerror in procedendoordenar-se o desentranhamento de contestao tempestivamente apresentada no curso do processo.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso Inominado n2010.500934-1, de So Bento do Sul, em que recorrente BANCO PANAMERICANO S/A (r) e recorrido MARCOS ANTONIO CARDOSO (autor):ACORDAM, em Quinta Turma de Recursos Cooperadora II, por unanimidade, conhecer do recurso e dar-lhe provimento.[2]

Seo VI - Das Citaes e Intimaes (Artigos 18 e 19)Art. 18. A citao far-se-:I por correspondncia, com aviso de recebimento em mo prpria;II tratando-se de pessoa jurdica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepo, que ser obrigatoriamente identificado;III sendo necessrio, por oficial de justia, independentemente de mandado ou carta precatria. 1 A citao conter cpia do pedido inicial, dia e hora para comparecimento do citando e advertncia de que, no comparecendo este, considerar-se-o verdadeiras as alegaes iniciais, e ser proferido julgamento, de plano. 2 No se far citao por edital. 3 O comparecimento espontneo suprir a falta ou nulidade da citao.A citao e suas peculiaridades nos Juizados Especiais CveisO artigo dezoito da Lei em comento permite a utilizao de quase todas as modalidades de citao previstas no CPC, salvo a por edital, pois em razo de seus custos e sua demora, usualmente resultando em uma citao ficta, no compatvel com os princpios inerentes aos Juizados Especiais. Todavia, a lei estabelece algumas peculiaridades citao no rito sumarssimo. A breve leitura do artigo, permite concluir que o legislador preteriu a citao por meio de carta, em detrimento da citao por oficial de justia. Neste sentido:A citao atravs de Oficial de Justia no mais regra, mas sim exceo (CPC 221), de modo que essa, mormente no Juizado Especial, s se far quando se fizer necessrio, ou seja, quando h possibilidade de citar-se o ru pelo correio. Ainda que seja facultativa a citao atravs do Oficial de Justia, nada impede, mormente nas pequenas cidades, que o juiz determine que tal auxiliar da justia cumpra com sua atividade, procedendo s citaes, sem qualquer anomalia[1]Note-se que a preferncia pela citao por meio de carta postal encontra um grande problema nos dias atuais. comum que as pessoas morem em edifcios, onde o recebimento da correspondncia feita por terceiros, que nem sempre conhecem a pessoa que citada, mas, nada obstante, assinam o aviso de recebimento, criando a impresso de que a pessoa tem plena cincia de que est sendo chamada para comparecer em juzo. No raras vezes, a pessoa no mais reside no lugar, o que lhe traz grandes prejuzos. Pode ocorrer ainda de que a pessoa no receba a carta, ainda que efetivamente resida no local.Em razo disto, parte da jurisprudncia tem imposto restries citao por carta, vide o julgado do STJ abaixo:Apelao Cvel do Juizado Especial n 20090910054383JUIZADOS ESPECIAIS CVEIS. CITAO POSTAL RECEBIDA POR TERCEIRA PESSOA NO DOMICLIO DO RU. ENUNCIADO N 5 DO FONAJE. AUSNCIA DO RU NO INTERVALO ENTRE A CITAO E A AUDINCIA EM QUE DECRETA A REVELIA. PRESUNO DE VALIDADE DA CITAO AFASTADA. SENTENA CASSADA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.1. Pesume-se efetivada a citao pelo recebimento do mandado por terceira pessoa no domiclio do r (Enunciado 05, do FONAJE). Todavia, afasta-se a presuno se prova suficiente d conta de que o citando esteve fora do domiclio no intervalo entre a citao e a data da audincia a que no compareceu.2. No caso em exame as provas dos autos do conta de que o ru, caminhoneiro de profisso, esteve fora do domiclio por durante um intervalo (23/03/2010 a 01/04/2010) dentro do perodo que medeia a citao (03/03/2010) e a data da audincia (30/03/2010), no havendo evidncias de que esteve no domiclio em outra ocasio aps a citao e nem de que dela tenha tomado conhecimento por qualquer outro meio.3. Em tais circunstncias, afasto a presuno de validade da citao e anulo a sentena e o processo, desde a citao, para que seja dada oportunidade de defesa ao requerido.4. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. SENTENA CASSADA.5. Sem custas e honorrios, nos termos do artigo 55 da Lei dos Juizados Especiais (Lei n 9.099/95).[2]O enunciado 5 do FONAJE estabelece que: A correspondncia ou contraf recebida no endereo da parte eficaz para efeito da citao, desde que identificado o seu recebedor. Como se pode observar no julgado acima, esta posio uma situao problemtica, pois impossibilita a defesa em alguns casos. No se trata de interpretar a lei ao p da letra, o que inviabilizaria a citao por meio de carta, posto que nos dias atuais, nem sempre possvel que a pessoa receba sua correspondncia pessoalmente, mas apenas de mitigar a presuno de que o ru foi citado, como o fez o Superior Tribunal de Justia.

A lei dispensa algumas formalidades exigidas no rito ordinrio, assim, caso seja necessrio realizar a citao por meio de oficial de Justia, no ser necessrio expedir mandado ou carta precatria para citar o ru, bem como o recebimento pelo encarregado da recepo, no caso das pessoas jurdicas, basta para cit-la, no sendo necessrio que pessoa com poderes de gerncia assine o aviso de recebimento. Trata-se de lei especial, revogando, portanto, as disposies da Lei geral, no caso, o Cdigo de Processo Civil, neste sentido:CITAO. PESSOA JURDICA. JUIZADOS ESPECIAIS CVEIS. Existindo norma especfica regulamentando a citao de pessoa jurdica nos feitos de competncia dos JECs, no se aplicam as normas do CPC. Nulidade inexistente por efetivada a citao nos moldes preconizados pela legislao aplicvel espcie. Recurso improvido. (Recurso Cvel N 71000572644, Terceira Turma Recursal Cvel, Turmas Recursais)[3]

Prezando pela informalidade, no causa espanto a previso de que o comparecimento espontneo da parte supra a necessidade de citao (art. 214 do CPC), algo que tambm previsto no CPC.Vedao citao por editalSendo um rito que preza pela celeridade, bem como pela busca da conciliao entre as partes, a citao por meio de edital no se compatibiliza com o rito dos Juizados Especiais. Caso seja necessria a adoo desta medida, os autos devem ser enviados ao distribuidor, para que seja a ao distribuda a uma das varas comuns. Chimenti defende a possibilidade de se utilizar a citao por edital em alguns casos, bem como indica alternativas nos casos em que o autor no consiga encontrar endereo para citar o ru:A Lei n. 9.099/95 expressamente veda a citao por edital no processo de conhecimento, regra que segundo entendemos no se aplica ao processo de execuo.Havendo um endereo inicial que preencha o requisito exigido pelo inciso I do 1 do art. 14 da Lei n. 9.099, nada impede que a requerimento das partes sejam expedidos os ofcios de praxe para a localizao do requerido. Observe-se, porm que os dados somente devem ser requisitados pelo juzo quando esgotados os esforos diretos que se encontravam ao alcance do interessado.[4]Art. 19. As intimaes sero feitas na forma prevista para citao, ou por qualquer outro meio idneo de comunicao. 1 Dos atos praticados na audincia, considerar-se-o desde logo cientes as partes. 2 As partes comunicaro ao juzo as mudanas de endereo ocorridas no curso do processo, reputando-se eficazes as intimaes enviadas ao local anteriormente indicado, na ausncia da comunicao.IntimaoAs intimaes, raras nos Juizados especiais, posto que em regra quase todos os atos so praticados dentro das audincias de conciliao e de instruo e julgamento, sendo as partes intimadas imediatamente, podem ser efetuadas da mesma maneira que o citao. Tal dispositivo encontra justificativa no fato de que muitas pessoas dispensam a assistncia de advogado, que usualmente intimado por meio do respectivo Dirio Oficial, meio que no acessvel a todos. Imperando a informalidade, cabe destacar que as intimaes podem ser feitas tambm por outros meios, como, por exemplo, a ligao telefnica, o correio eletrnico etc.

Note-se que no necessria a carta precatria, utilizada para a prtica de atos fora do mbito de competncia do juzo. Neste sentido, observa-se o enunciado 33 do FONAJE: dispensvel a expedio de Carta Precatria nos Juizados Especiais, cumprindo-se nas demais comarcas, mediante via postal, por ofcio do Juiz, fax, telefone ou qualquer outro meio idneo de comunicao.

Cumpre lembrar que as partes tm o dever de informar quaisquer mudanas de endereo, sob pena de serem consideradas vlidas as intimaes feitas nos locais informados, ainda que a parte nestes.

Seo VII - Da Revelia (Artigo 20)Art. 20. No comparecendo o demandado sesso de conciliao ou audincia de instruo e julgamento, reputar-se-o verdadeiros os fatos alegados no pedido inicial, salvo se ocontrrio resultar da convico do Juiz.A revelia nos JuizadosA primeira audincia realizada no rito sumarssimo a audincia de conciliao. Caso o ru no comparea, ser considerado revel, presumindo-se como verdadeiras as alegaes do autor. Caso o autor no comparea, ocorrer a extino do processo, condenando-se o autor ao pagamento das custas processuais. Tambm haver revelia caso o autor no comparea audincia de instruo e julgamento, percebe-se, assim, que h uma grande diferena quando comparado com o rito ordinrio, art. 319 do CPC, em que a revelia se d apenas caso o ru deixe de contestar a inicial.

Tendo como escopo a soluo dos conflitos preferencialmente por meio da conciliao ou transao, h maior interesse no comparecimento das partes s audincias, possibilitando que discutam sobre o litgio e assim possam conciliar-se, do que na mera apresentao de defesa. No rito ordinrio, que adota uma sistemtica diversa, a revelia s ocorre caso o ru deixe de apresentar contestao, a audincia de conciliao no obrigatria e ainda que deixe de comparecer audincia de instruo e julgamento, no lhe sero aplicados os efeitos da revelia.

A doutrina neste mesmo sentido, ver a lio de Chimenti:No basta a apresentao de reposta em audincia para que sejam afastados os efeitos da Revelia. necessrio o comparecimento pessoal e mais apresentao da resposta, escrita ou oral, j que a falta desta ltima acarreta a imposio de pena de confisso (art. 343, p. 2, do CPC).O art. 20 da lei especial dita que a Revelia decorrente da ausncia do demandando a qualquer das audincias, enquanto o art. 319 do CPC estabelece da no apresentao de reposta ao pedido inicial.()No basta o comparecimento de advogado com poderes especiais de confessar e transigir. Enquanto o art. 37 do CPC dita que as partes serorepresentadasem juzo por advogado, o art. 9 da lei especial estabelece que as partes seroassistidaspor advogado.[1] Do mesmo modo, nas demandas em que for necessria a assistncia de advogado, caso o ru comparea audincia conciliatria sem advogado constitudo, haver revelia. Por outro lado, h julgados que admitem o comparecimento do preposto desacompanhado de advogado, mas com contestao escrita:RECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL. AO DE INDENIZAO POR DANOS MORAIS. CERCEAMENTO DE DEFESA. JULGAMENTO ANTECIPADO. INOCORRNCIA."No incide o Juiz no pecado de afronta Constituio Federal, nem ao Cdigo de Processo Civil, por cerceio de defesa da parte, ao antecipar o julgamento da lide sem ouvir testemunhas, se os litigantes deixaram sua vista farta documentao com que inspirar sua convico" (ACV n. 2001.002527-8, Rel. Des. Luiz Carlos Freyesleben). Ademais, extrai-se dos autos, que a recorrente no manifestou interesse na produo de prova oral em sua incial ou sequer, posteriormente, quando intimada apresentao da rplica. Deste modo, compreendendo estarem presentes todos os elementos necessrios ao julgamento, adequadamente a Magistrada prolatou a sentena.NULIDADE DA SENTENA. AUSNCIA DE MANIFESTAO DO MINISTRIO PBLICO. DESNECESSIDADE.Em que pese existir uma relao de consumo entre as partes, atraindo, por consequncia, a aplicao do Cdigo de Defesa do Consumidor, observa-se que no h interesse difuso, coletivo ou individuais homogneos em discusso a fim de justificar a interveno ministerial, conforme artigos 81, pargrafo nico, 82 e 92 do aludido texto legal.CARTA DE PREPOSIO SEM FIRMA RECONHECIDA. IRRELEVNCIA. CONTESTAO ASSINADA POR PREPOSTO.