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'* (fe* v LENDAS DO SERTÃO. . -i-i -'vis;-M /^> O PAO DE OURO. FIM. VI. uando Gaspar acordou, as trevas, que reinavam na caverna, não eram tão espessas , um fraco crèpus- culo, que parecia entrar por uma abertura no alto da abobada, permittia avistar-se mais claramente e á alguma distancia, como em uma noite não muito es- cura, mas sem estrellas nem luar. Era o dia, que surgira, não para aquelle inferno de perpétuas trevas, mas para o mundo exterior. Todavia a alma de Gaspar expandio-se algum tanto com aquelle escasso clarão, que sempre lhe permittia lobregar algu- ma cousa entorno de si: rezou a Nossa Senhora dos Afflictos, e esperou. Os Tatus brancos afugentados pela luz do sol, que não podiam suppor- tar, começaram a recolher-se de tropel a seu covil. Depois de terem roido esfaimadamente os restos dos ossos dodefuncto esquartejado essa noite, e de terem devorado mais algumas alimarias e fructos trazidos do campo,esten- deram-se no chão pelos cantos da caverna empilhados uns sobre os outros e começaram a roncar como porcos em ceva. Com o surgir do sol come- cava para elles a noite; tinham ceado; era bom, que agora dormissem. T. X. - Abril de 1872.4 8$ tm\O it* ,, fe »;• Ç* *$>> \ m í^' fl* *__l_l^Smt".- rn**'' . !' i ' ¦»/ ' "...•/ .'» ..''"¦ ¦:., . •¦•¦¦¦ ¦..-.» ¦.¦*";»•¦' ;. -:X''¦¦!'¦ ¦¦¦ . . •'¦¦¦ ¦ '• ..vv.... - ' "¦¦ v '¦¦¦'¦,". gáfCS ».'-'f' ..*'¦ '•• ""'' '.».¦¦ ;-* .*\-- "¦?.:-¦-.¦¦vi '-•¦.-¦ ¦ ••¦-- *.."

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LENDAS DO SERTÃO.

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O PAO DE OURO.FIM.

VI.

uando Gaspar acordou, as trevas, que reinavam nacaverna, já não eram tão espessas , um fraco crèpus-culo, que parecia entrar por uma abertura no alto daabobada, permittia avistar-se mais claramente e áalguma distancia, como em uma noite não muito es-cura, mas sem estrellas nem luar. Era o dia, quesurgira, não para aquelle inferno de perpétuas trevas,

mas para o mundo exterior. Todavia a alma de Gaspar expandio-se algumtanto com aquelle escasso clarão, que sempre lhe permittia lobregar algu-ma cousa entorno de si: rezou a Nossa Senhora dos Afflictos, e esperou.

Os Tatus brancos afugentados pela luz do sol, que não podiam suppor-tar, começaram a recolher-se de tropel a seu covil. Depois de terem roidoesfaimadamente os restos dos ossos dodefuncto esquartejado essa noite, e deterem devorado mais algumas alimarias e fructos trazidos do campo,esten-deram-se no chão pelos cantos da caverna empilhados uns sobre os outrose começaram a roncar como porcos em ceva. Com o surgir do sol come-cava para elles a noite; tinham ceado; era bom, que agora dormissem.

T. X. - Abril de 1872. 4

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.'í'S-77.,1 .

98 JORNAL DAS FAMÍLIAS.Só dois vultos ficaram em pé de vigia a Gaspar, e para se não deixaremfurtar do somno, roiam ossos, brincavam e tagarelavam. Meia hora de-pois appareçeu a selvática amante de Gaspar; a um aceno d'ella os doisvigias se retiraram e sumiram-se nas trevas da espelunca.

Os amores de Kora a heroina, da gentil Paraguassú, de Atalá e dameiga Celuta, e de todas essas formosas filhas das florestas nada tem decomparável com a paixão , que o joven Paulista mesmo no meio da maisespessa escuridão e sem se fallarem, soube inspirar á aquella misteriosaprinceza das trevas. Somente não se podia dizer se era bella ou não; po-rém em compensação, podia-se dizer com litteral exactidão, e não por hy-perbole como é manha de todos os poetas e romancistas, que ella era alvacomo jaspe, como neve, ou como casca de ovo.

Romêo ao avistar Julieta no topo da escada furtiva do palácio dosMontecchi não sentio tão violente abalo, seu coração não palpitou comtanta anciã, como o de Gaspar ao ver encaminhar-se para elle no meiodas sombras da caverna, anhelante e com os braços abertos aquelle anjodas trevas alvo como ossada sem sepultura. Oh! que sim; mas o sen-timento de um, era de prazer e de amor; e o do outro, era de asco e dehorror.Todavia Gaspar resolvido a aproveitar-se do amor da selvagem para pro-curar um meio de escapar d'aquelle sepulchro infecto, em que estava con-demnado a viver, tratou de apresentar-lhe a melhor cara possivel, e entre-

gou-se com toda a complacência a seus estranhos carinhos, e os retribuiocom aamabilidade, que poude. A liberdade e a luz do céo, de que seachava privado, valiam bem aquelle penoso sacrifício.'ri

7T*a TF0U:Se COntentissima > ^ixu-lhe fructos, dansou em

n »ld f Sr"U"MS "e Pr™r e Küm™- D"ra"te « ¦* We-cm ainda duas ou tres vezes. Quando veio a noite, sahio- com seus com-panteras, mas ficaram de vigia ,„ prisioneiro 7 ou oilo ^ COm

.anhl ! PaSS°U ^^ n'aqUelle eStranh0 e tristissim° ™*° de vida, ,

K Te °°nland0 com **** os dias °as h°«- du™.m ^mpo

esmerou-se em ,„« „ m«is agPa(lavel M á

o "seta

IT, T VTa sm amante * m» da 8°* • -«»»

nhia pintou lt 1' " ^ ^ temp° PrÍvado de sua con^Íe m„l 1

«"»"»«» «Privas o seu extremos» amor , e domelhoi modo que poude, deo-lhe a entender, que nunca por moti o ne-

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C:

JORNAL DAS FAMÍLIAS. 99

nhum a abandonaria, e que o seu maior gosto seria viver e morrer juntod'ella. A india a principio pareceu hesitar, e ficou pensativa por algunsinstantes; mas porfim deo-lhe a entender, que sua supplica ¦ seria atten-dida, e que na seguinte noite lhe seria permittido sahir com ella.

De feito assim aconteceu; na seguinte noite Gaspar experimentou oindizivel prazer de ver a luz limpida de um céo estrellado, e de respirar alongos tragos o ambiente puro e perfumado d'aquellas deliciosas solidões,depois de ter jazido por mais de oito dias na escuridão profunda de umaespelunca infecta e asquerosa. Aquella noite limpida e estrellada, postoque sem luar, pareceu-lhe um dia esplendido, e quasi que seus olhosestranharam aquella luz serena, tão aífeitos estavam já com as trevas. Emface d'aquelle espectaculo, seus pulmões se encheram de ar vivificant^seu coração se dilatou, e alentou-se de novas esperanças.

Entretanto Gaspar era vigiado de perto por sua amante , que o nãodeixava um só momento, e por um grupo, que de certo por ordem d'èllaos acompanhava sempre em certa distancia. Tambem Gaspar era matreiro,e não seria tão desasado, que arriscasse logo uma fuga sem probabilidadealguma de suecesso. Elle bem sabia que aquella gente tinha á noite umaespantosa penetração de vista , e o faro e a velocidade dos melhores cãesde caça. Portanto foi elle o primeiro, que pressuroso convidou sua compa-nheira a recolher-se á caverna, logo que presentio a approximação do dia.

Assim volveram-se mais alguns dias a Gaspar, o qual para entreter-se eencurtar o tempo, passava-o a observar os estranhos costumes d'aquella

gente , que quasi se não distinguia dos brutos, e os trabalhos, em queempregavam suas noites. Apenas sahiam das furnas, derramavam-se em

grupos pela campanha. Uns internavam-se pelos matos farejando a caça,

que perseguiam com incrivel celeridade atravez das mais emmaranhadasbrenhas, dando uivos e ganidos como uma verdadeira matilha de cães.Outros com a agilidade do quati andavam trepando pelas arvores paracolher fruetos, ou para sorprehender os pássaros e roubar-lhes os ninhos.

Outros percorrendo os campos davam caça ás perdizes e codornizes, quecolhiam de sorpresa em seus escondrijos, ou esfuracavam o chão com asunhas já para arrancar 03 tatus de seus buracos, já para roubarem o melás abelhas do chão. Outros esgravatando as fendas dos rochedos andavama cata de lagartos, cobras, sapos, lagartichas e outros reptis e insectos,

que tudo lhes servia de alimento. Assim passavam as noites a caçar o* alimento só para aquelle dia, pois toda caça, que apanhavam quasi sem-

pre a escorchavam e devoravam no mesmo instante e no mesmo lugar a

maneira dos lobos e panthéras.

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100 JORNAL DAS FAMÍLIAS.Durante esse tempo Gaspar em suas sortidas nocturnas procurou por-ar-se portal modo que desvanecesse toda e qualquer desconfiança, que« adia podesse nutrir ainda a seu respeito. Assim já ella ousava aifasíar-se a sos com elle para longe dos outros grupos, e deixava-se ir sem sustopara aonde Gaspar a queria conduzir sem serem espionados por ninguémN essas occasiões, se Gaspar o quizesse, poderia tel-a agarrado e suffocadocom as mãos, e escapar para sempre á sua triste escravidão. Mas re-pugnava a sua consciência e doia ao seu coração nobre e generoso matarUo cruelmente aquelle, que, fosse p„rque (osse, linha8 sido ?

Suardad. sua e__s.en.ia, e embora sem o ,_er._ e sem o saber, lhe p o-porc,ona,a «»e«„s de escapar d'a,uebo horrível e abonunavel c oü e

Sa d la SeUS' 6 lUd°estoa Perdid0 i »»-» Heriam

«*. aoanMZ ,UC aqUe"eS '"^ »"-* *~"*- Whe no

seguiança e sem fazer grande mal á sua libertadora * nara levai n •_ nff *so esperou. jo ^ Esle ^ ^ », pa,a leval-o a _ff.„o

suatr:^; :::::t.;nraa;:o,s taias b™°s ***« *seus covis A indi, l '

avmnhavaill-se Pouco e pouco paravau, pe ori. d um ZIa T

"*? aff'Slados dos °"™- -cha-™ .Lo e ,^:™ s:.tf; ít. "trvarsado- Subii°mato. A Índia salta ap.z olle pela b onií fl^m^ í*>Veloz como o gamo ella corr alra,™^

d "' GasPar ' "-«"ta.a custo a pode seguir de lon-e ¦ Z emmaranhadas; Gasparde ção como todos de

" ' <f ° charaa e «pera. Tendo faro-Ua, a oue se oit

*," ^ ie "°™ • bichinho nao persegue V^^ZZ^liI ^ *" * "^alongando e se entranhando nPln M f°ram Pouco e Pouc°noite nem se lembrava oi ^

* P°bre e descuidosa *** da- pa»_ _<_ C: ;„ alTr raji dos seus-v°wram «*»"os «nãos „ antoató

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' ""''^ Parlido- A ia& <™~««-**» tabem a «o^t Z* "* "*rt *° MWcansaço. Gaspar fa que Ua «fe

°u ^T'* °»rimid°s d°a principio reluctou, e apontou ^

**" SCUS J0elhos' E"a

r -_ de guc, *tXK^? dGand°a en,ender °recei0'olle nio d„™iria, , que __PJ^2 f

d6^^ eapressou-lhe, que ,regaria nos hombros para o seio dH, J 3panhaSSe' elle a car"

o d'ahi a instantes adom"euTlnT '""""'oTk">5*<«- a Índia,ormeceu profundamente sobre os joelhos de Gaspar

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JORNAL DAS FAMÍLIAS. loi

Mais uma hora, e o dia ra luzir. Uma hora só de somno para a pobreindiana, e o sol da vida e da liberdade ia surgir para Gaspar! Imagine-secom que sofreguidão e impaciência elle contava os minutos e os instantes*com que anciedade voltava de continuo os olhos para o oriente, com quetremor de coração applicava o ouvido á escuta de alguma voz, de algumrumor, que indicasse a presença dos tatus brancos. Mas o que ninguémpode imaginar é a viva alegria, com que saudou os primeiros clarões d'essaaurora, que vinha arrancal-o de um túmulo e restituil-o á luz, á vida eá liberdade! O prazer indizivel, que experimentou, quando olhando emroda de si se vio a sós com a india no meio daquella immensa solidão.Estava salvo!

Quem os visse ali, — aquelle par solitário em meio daquelles risonhose fecundos ermos, ella suavemente adormecida nos joelhos d'elle, elle em-bevecido no espectaculo da natureza, que emtorno se lhe despertava entreesplendidas galas e rumores harmoniosos, — quem os visse ali, julgariaver aos fulgores da» primeira aurora outro Adão e outra Eva no seio deum novo Paraíso.

Somente em dois pontos se acharia differença; um ó que a Eva doGênesis não seria por certo tão alva como esta; outro é, que o novo Adão •trazia sempre uns calções esfarrapados e os restos de uma capa.

Talvez se pense, que Gaspar poderia escapar deixando a india adorme-cida, sem- que lhe fosse mister esperar pelo alvorecer do dia. Engano;Gaspar era assaz precavido para comprehender, que ella poderia accordar cbem depressa, gritar pelos seus, e tudo estaria perdido para sempre. Nãoassim de dia, porque a luz do sol aquelles desgraçados nada enxergavam,e mal podiam dar um passo sem tropeçar e cahir.

Quando o sol dardejou seus primeiros raios, Gaspar depositou cuidado-samente sobre a relva a cabeça da india adormecida; contemplou pelaprimeira vez á luz do dia aquelle corpo, que não era mal feito, porém dealvura tão excessiva, que fazia repugnância; os cabellos eram finos, cor-redios e de um louro quasi branco; o rosto era irregular, mas não intei-ramente destituído de graça; porém as unhas curvas e compridas, e osdentes aguçados, que se viam por entre os lábios entre abertos, davam-lheum ar feroz e repulsivo. Gaspar depois de ter lançado um ultimo olhar decommiseração sobre aquella infeliz selvagem, poz-se a fugir a bom andar

para longe d'aquelles sítios fataes.Mal tinha dado uma centena de passos, Gaspar ouvio gritos atraz de si;

assustado voltou o rosto. A misera talvez pelo contacto da relva fria nacabeça, tinha acordado, e em pé voltando-se para todos os lados com os

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' JORNAL DAS FAMÍLIAS.braços estendidos dava gritos lastimosos, e estorcia-se um uma indizivelafflicção. Dava alguns passos vacillantes com as mãos estendidas comoquem apalpa nas trevas, e logo cabia e se estrebuchava no chão arran-cando os cabello. em desespero. Gaspar teve pena d'ella, e quem deixariade tel-a! Um sentimento de dó e também de gratidão por aquella infelizcreatura, que fora o instrumento de sua salvação, deteve por alguns mo-mentos as plantas do Paulista n'aquelle solo fatal; teve dó da mísera e detodas de sua raça, fadada a tão abjecta e monstruosa condição.

Salvo das garras dos tatus brancos e d'aquelle ignóbil e miserrimocaptiveiro, que tinha Gaspar diante de si?... O deserto profundo incom-mensurável, mil novos trabalhos e obstáculos a superar, mil novas fadi-gas e azares a affrontar! Mas antes isso, do que ser condemnado a vivernas trevas entre aquelles monstros, ultimo rebutalho da natureza hu-mana! Antes morrer vendo o céo, a luz, a natureza, do que viver sepul-tado na perpetua escuridão d'aquellas horríveis espeluncas.Nao e nosso propósito, e nem poderíamos referir todos os riscos fadi-gas privações e trabalhos, por que teve de passar o nosso heroe através-saudo sosmho e sem outro recurso mais que a sua audácia, astucia eoT::^:\y:mre inhospiios seri5es m *»•¦« ^-O ceito e que o intrépido aventureiro chegou são e salvo a S. Paulo dePira .maga, „ade contou a sous patrícios pasmos o boqui.aborto _.

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asse«ura™s' 1"" ¦*> « i«vo»f.o uôssa, p„is ouvi-

-tis: x;:r do-ser ™ **-aquelk, ronrotos regioe ém d« 1 H ü

"" i,wm.'a^ P™*, EiPtól.m rn.j;r:it;: z: :* d:_rminas de ouro e diamante rv. •*. ' utbL0Dllram riquíssimas«-*¦ ^:™**:::srr: rr; +*.enunca, nunca mais foi encontrado * °Ur°' eSSe

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descobertos e violados os Zt ^ P°rem'qUe ?MBmo assim e'am«¦-». - «i r;td°~rde — -

B. Guimarães.' •* >S-_^^-_--^^^*y^

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QUEM NÃO QUER SER LOBO...

I.

A CARTEIRA. PERDIDA.

a ultima noite de carnaval do anno de 1863, houve

em um dos hotéis d'esta boa cidade do Rio de Ja-

neiro uma lauta ceia que durou até o raiar do dia. Os

convivas sahiram a pouco e pouco, e foram uns a pó,outros de carro, caminho do respectivo domicilio.

O ultimo que sahio do hotel era um rapaz ma-

gro, alto, franzino na apparencia, mas dotado de

grande vigor de pulso como alguns durante a noite e o baile tiveram oc-

casião de experimentar. Sahio üm tanto tropego, já pelo cançaso, já pelo

vinho, e aos olhos não espantados das quitandeiras que passavam para o

mercado, dos varredores das ruas e dos entregadores de jornaes, foi to-

mando a'direcção da casa, que era no fim da rua da Ajuda.

Justamente no ponto em que se crusam as ruas da Ajuda, Ourives,

S José e Parto, o nosso tardio conviva deo com o pé n'um objecto;

abaixou-se para ver o que era; era uma carteira. Olhou em volta de si;

as ruas estavam desertas; nas lojas abertas ninguém havia que o podesse

ver. Metteu a carteira no bolso e seguio para casa.

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I-'.-

104 J0RNAL DAS FAMÍLIAS.O moleque já o esperava acordado depois de ter dormido em santa p.zno.te ,„te,ra. O moço subio as escadas lentamente, despio-se

" «E* » entregar ás Meias do som0o examinou a carteira e o con,e.d„A carteira era de couro de Rússia e fechada por uma fita de borrachaAm.-a sofresamen,, e ineentarion os objeclos que continha :Dois recibos de cabellereiro.

Um de alfaiate.Duas contas sem recibo.Uma flor secca.

' Dois cartões da barca Ferry.Uma letra por encher.Três advertências amargas de credores.Cinco notas de dois mil reis.Uma carta de namoro.

Engano.As contas estavam rasgadas justamente no lmmp onde d,™ .nomo . as canas dos credoras e de namoro __, Z£_£"*

' **~ Leve o diabo o dono d'isto! exclamo,, n ,_n b00rescnPto-tantos castellos no ar... Devia _%_%_£* J».™

fa »¦*«*senão destas. José alinhado. O destino não me faz

Veio o moleque.-¦ Accorda-me amanhã ás li horas; preciso sahir.Dada esta ordem mettpn c* n •_,« *.

mesmo sa me está le" de oi oT T*' ' ° 'eil0r P0* f«' -

• ™P„z o o qne sahio d. oaHeira.' CaP"ü'° ^S™'* Saberf 1"» ¦«

II.

Z. Y.

Coelho era o nome do mancebo que festeiára Wi .na ultima noite, q„e sahirá por ultimo TT i hnhm^ ° carnaval

na rua de S. José e ficara logrado n-w ' ^ eDCOntrára a carteiraTinha ,i„_ e seis ,_nos £*ia ul

eSPCTanÇaS'mer, vestir, e gozar a vida, desde Z T&g° ^ Ihe dava Para c°-razoáveis que a posição lhe impunha qU'ZeSSe Ír alem dos limit<*

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M v;'W-

JOKNAL DAS FAMÍLIAS. 105N'esse ponto é que pegava o carro.Coelho tinha mais ambições que dinheiro, e não ha peior situação quea de um homem cujo espirito está acima das algibeiras. Ter a algibeira

acima do espirito, dizem os poetas que não é cousa de todo desejável:estou que faliam theoricamente.

Em todas as loterias comprava um meio bilhete que lhe sahia invaria-velmente branco. Um dia conseguio tirar quarenta mil reis, fasto que coin-cidio com a queda do ministério Caxias e a morte de um parente che-gado. Gastou os vinte mil reis recebidos no aluguel do carro, na comprade luvas para ir ao enterro, e deo o resto a um pobre.

Casamento rico era uma das suas ambições, mas em vão alongava osolhos pela cidade; não apparecia noiva que lhe ficasse á mão.

Coelho desistio do intento.Ultimamente parecia resignado á sorte. Começou a viver solitário, e

d'esse programma só o carnaval o arrancou por tres dias. Foi muito feste-jado pelos amigos e respectivas damas e fez cousas do arco da velha. Masáquella excepção acabou com o ultimo dia : na quarta feira de Cinzas rea-tou o fio á regra.

O achado da carteira pareceu-lhe providencial, e desde o lugar onde selhe deparara o mysterioso objecto, até o fim da rua da Ajuda foi fazendomil castellos no ar.

Já sabemos como se lhe dissiparam todos. Ao dia seguinte estava tãopobre como na véspera.

Só uma grande e excepcional dedicação aos negócios públicos poderiafazer que um rapaz fosse á repartição depois de uma terça feira de carna-vai. Coelho levantou-se da cama, a hora em que o criado foi cumprir aordem de o accordar.

Almoçou pouco e tratou de vestir-se para sahir. Antes d'isso olhou derelance a carteira que estava sobre a secretaria.

-—José! disse elle.Senhor.

Has de levar um annuncio ao Jornal do Commercio.E olhando para a carteira :

Se tu soubesses, miserável objecto, as illusões que me deste hontem!E com as illusões os terríveis desenganos que soffri.../Por que nãotrouxeste em teu bojo uns vinte contos pelos menos? — Era pouco, masera alguma cousa...

Dizendo isto foi machinalmente abrindo a carteira. Inventariou denovo os papeis que havia dentro; abrio de novo todos escaninhos; nada!T.X. a*

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106 JORNAL DAS FAMÍLIAS.

Ia já deital-a a um canto com um gesto de desespero, quando entre duasnotas de dois mil reis descobrio um papelinho dobrado.

— Que é isto! disse elle.- O papel era fino, azulado e perfumado. Cheirava a amores. Coelho des-dobrar.do-o rapidamente com a anciedade própria de quem fareja myste-rios. A letra era bem talhada e segura; poucas linhas eram e diziamassim:

18 de Fevereiro,« MeuG.....

« Meu tio vai amanhã para a Tijuca, a minha tia ha de ter visitas. Vemamanhã ao jardim; estarei na janella do fundo, e contar-te-hei o que sepassou.—TuaL... )>

• 7 ¦'• -..

i

Eu faltaria á verdade e ás regras mais elementares do romance se nãodissesse que o rapaz leu e releu esta carta muitas vezes. Não faltaria tantoas regras do romance , mas faltaria com certeza á verdade , se não con-tasse que á sexta ou sétima leitura o nosso heróe deu dois pulos no gabi-nete, pregou os olhos no tecto e chegou a carta aos lábios.

A causa d'esta alegria na apparencia inverosimil, sabel-a ha o leitordesde que eu lhe disser que o papel da carta era marcado, e que a marcaconstava de duas iniciaes z. y. , que estas duas iniciaes eram as de Zo-zimo Ypsilanti, e que este nome arrevesado era de um grego que n'aquelletempo negociava n'esta praça.

— É d'elle, não ha duvida, dizia o rapaz comsigo : creio que em ne-nhuma outra liugua ha quem se chame z. v. Não; z, y. tem um perfumehellemco. Trata-se da sobrinha Ypsilanti; é preciso tirar d'aqui as vanta-gens possíveis. Exploremos o assumpto.' '

Toda esta scena se passara em frente do moleque, que desde que vio osenhor dar pulos na sala concluio logicamente que estaria nas fronteirasda demencu, Consequentemente, deo dois passos para a porta com aidea de fugir apenas visse da parte de Coelho algum gesto menos^acificoe ir logo dar parte ao inspector do quarteirão, medido aliás inteiramentemuül porque o inspector só estava em casa das Ave-Marias em diante.Jose, disse Coelho, não é preciso ir levar o annuncio ao Jornal doCommercio. Viste-me dar dois pulos ha peuco ?Vi, sim, senhor.Foi de alegria, José , recebi uma carta de meu irmão que está nâ

Page 11: LENDAS DO SERTÃO.memoria.bn.br/pdf/339776/per339776_1872_00004.pdfprinceza das trevas. Somente não se podia dizer se era bella ou não; po-rém em compensação, podia-se dizer com

JORNAL DAS FAMÍLIAS. 107Bahia. Fizemos as pazes, e é por isso que estou alegre. Recommendo-te .porém, não digas isto a ninguém; toma estes seis mil reis.

E deo-lhe as trez notas que achara na carteira.— Sim, senhor, obrigado.José sahio do gabinete mais tranquillo ; contente com a explicação e |dinheiro. -ü §*

m.

Coelho não sahio de casa antes das cinco horas. Gastou todo o tempoa investigar um meio de tirar vantagem da mysteriosa carta, e tão de-pressa organisava um programma, como o achava impraticável. Se os reu-nisse todos em cinco actos e sete quadros, teria produzido um excellentemelodrama.

Aqui perguntará naturalmente o leitor se valia a pena gastar tantotempo com uma carta que apparentemente não dizia nada. Perdôo a igno-rancia do leitor esta pergunta infundada, e passo a resumir as razõesque justificam no meu heróe as longas horas de meditação a que se en-tregou.

Lúcia Soares era uma moça de vinte e dois annos, sobrinha da mulherde Zozimo Ypsilanti, e universal herdeira de ambos. Ypsilanti passavapor ter uma grande fortuna desfarçada; apparentemente tinha muitopouco, e havia quem lhe não desse quinze contos por tudo; mas a maio-ria do povo dizia que Ypsilanti era senhor de uns duzentos contos bempuchados. Os hábitos de avarento do grego davam alguma verosimilhançaa este boato; vestia mal e grosseiramente; gastava pouco, regateavamuito, e não dava a ninguém. Se fosse pobre, ao menos se a opinião ojulgasse tal, aquillo seria reílectida economia; mas com a fama de ricode que telle gozava, a economia era pura avareza.

Orayse. a riqueza fazia de Lúcia uma das tres Graças, a natureza tinhaa feito uma das tres fúrias. Uma testa curtinha, uns olhos vesgos, peque-nos e apagadoSj um lábio superior obliquo, umas faces grossas, taes eramos dotes negativos que recebera do berço. A intelligencia era como osolhos, vesga, pequena e apagada. A educação, porém, fora algum tantoesmerada. Lúcia tocava piano, sabia muitas cousas de costura, desenhavabem, e fallava correntemente a lingua franceza*

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O £^crtijfgm

Page 12: LENDAS DO SERTÃO.memoria.bn.br/pdf/339776/per339776_1872_00004.pdfprinceza das trevas. Somente não se podia dizer se era bella ou não; po-rém em compensação, podia-se dizer com

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108 JOUNAL DAS FAMÍLIAS.

Deram-lhe taes prendas os paes, que d'esse modo quizeram emendara natureza, e deixar-lhe alguma herança real. Era orphã desde a idadedos 17 annos, e vivia com os tios, que a amavam e procuravam fazel-afeliz.

Coelho já a conhecia de algum tempo; estivera com ella n'uma reuniãoem que lhe disseram que Lúcia seria senhora algum dia do melhor deduzentos contos de reis. Iufelizmente estava o nosso mancebo á bica deoutra herança de algarismo egual, com a differença que a dona em questãoera excepcionalmente bonita.

Coelho sabia perfeitamente que a riqueza deve rimar com belleza, cainda não comprehendia n'aquelle tempo o verso solto. Agora, porém ,que se achava desenganado de achar o casamento, já se contentava comuma toante e a sobrinha do grego era justamente o que lhe convinha.

De que maneira porém, conseguiria elle, com o auxilio de uma carta,entrar na posse dos bens de Ypsilanti ?

A sua primeira idéa foi menos ambiciosa. Sabendo que o lio de Luciuera um velho irritavel e severíssimo, lembrou-se de ir ameaçar o namo-rado de Lúcia , e restituir-lhe a carta mediante uma recompensa. Estemeio porém pareceu-lhe indigno e foi posto de lado.

Às cinco horas nada tinha resolvido; sahio para jantar no hotel; e teve afelicidade de não encontrar conhecido. Em quanto comia, pensava no caso.Ao meio do jantar trouxe-lhe o criado um jornal para ler.

Recusou.Quer alguma illustracão.Não quero nada.

Dizendo isto, arredou os jornaes com a mão. N'esse momento, porém,leu o titulo de um capitulo de folhetim qúe um dos jornaes estava publi-cando. rO titulo era : - De noite todos os gatos são pardos.Ah!Este grito soltado por Coelho chamou a attençâo dos freguezes e doscriados da casa. üm d'estes correu assustado para elle e perguntou sese engasgara com algum osso. Coelho observou-lhe que estando a comerhervas era humanamente impossivel engasgar-se com um osso , e pedio-lhe polidamente que o deixasse acabar de jantarA razão do grito é clara : o provérbio fôra um raio de luz.

i^nlT)M0S:* gatOSSã°Pardos> repetia elle eomsigo; irei aojardun de Lúcia em lugar do namorado... e o resto á sorteTendo adoptado um plano despoz-se a jantar com mais tranquillidade.

Page 13: LENDAS DO SERTÃO.memoria.bn.br/pdf/339776/per339776_1872_00004.pdfprinceza das trevas. Somente não se podia dizer se era bella ou não; po-rém em compensação, podia-se dizer com

JORNAL DAS FAMÍLIAS. 109

Comeu e bebeu á larga, pedio charutos e café, recostou-se na cadeira, eesperou que a digestão se fizesse em boa paz.

IV.

NO JARDIM.

k$ Aves-Marias estava Coelho em casa prompto e preparado para ir áentrevista. Não sabia bem o que lhe aconteceria n'essa noite, mas tinhauma tal ou qual confiança no resultado da aventura.

Quasi a pôr o pé na rua surgiram-lhe no espirito duas duvidas.Primeira :Seria tarde ou cedo a hora da entrevista ?Segunda :Não iria elle encontrar-se com o outro, visto que a carta já estava

aberta, o que era signal de que elle a houvesse lido?Durante urn quarto de hora esteve o nosso Coelho indeciso. A empreza

chegou a parecer-lhe extravagante.O que estou fazendo é absurdo , dizia elle sentando-se no sophá;

não se faz isto na vida real, em 1863, na cidade do Rio de Janeiro. Estousimplesmente doido. Isto contado não se acredita.

Mas com estas idéas lhe foram apparecendo outras. Uma voz secreta• lhe dizia que tentasse a empreza, porque o desenlace seria completo.

Coelho ainda procurou chamar a razão em seu auxilio mas era tarde : odestino tinha-se apoderado d'elle.

O jardim tinha uma porta para a rua. Eram oito horas da noite; e,

posto a rua não fosse muito freqüentada, era ainda cedo para poder im-

punemente penetrar no j.ardim.Coelho encostou-se ao muro, e, estando a porta aberta, enfiou o olhar

para dentro. Descobrio duas janellas, uma fechada e outra aberta; nointerior havia luz.

Entretanto nem no jardim nem casa havia o menor vestígio de gente.Naturalmente está ella na sala, pensava Coelho ; o diabo ó eu não

saber a hora; pode vir alguém e descobrir-me... E se me fecham a porta?O outro talvez tenha alguma chave...

N'este ponto ouvio passos na calçada. Um vulto se approximava cos-

teando o muro.É elle, pensou Coelho.

Page 14: LENDAS DO SERTÃO.memoria.bn.br/pdf/339776/per339776_1872_00004.pdfprinceza das trevas. Somente não se podia dizer se era bella ou não; po-rém em compensação, podia-se dizer com

110 JORNAL DAS FAMÍLIAS.Sua primeira idéa foi recuar, ou passar para o lado opposto; mas re-flectio que esta mesma prevenção podia descobrir o seu intento.O vulto veio andando, andando, andando, até que enfrentou com elle.Parou.Coelho estremeceu.

Estou perdido! disse elle comsigo.O vulto metteu a mão no bolso sem tirar os olhos de Coelho; saccòÜum objecto que elle não vio, mas que suppoz ser um ferro; tirou o cha-

peo e disse polidamente :Faz-me favor do fogo ?

Coelhou respirou.Deo-lhe o charuto em que o homem accendeu o seu e proseguio via-

gem, sem voltar os olhos para traz.Sempre sou um medrozo! disse Coelho comsigo. Creio que se o ho-mem me lança a mão, eu morreria de medo. Mas também o caso é arris-

pado;se c.meu rival se assenta, estou perdido; pelo menos, entro emuma luta desagravei.freste caminho das suas reflexões, Coelho, passou do medo ao terrorIWlbe: ver jí diante de si o desconhecido namorado, munido de umcacete, ou d. um punha., e elle morto ou espancado, n sala d poul.nterrogado pela autoridade, examinado pelos medico ; . „ dí_SSos=:„pressoemtodasasfoltei e ocasocomadocoaSr„:

Quiz fugir.,. Mas de repente sentio.um rumor no jardim.Era a moça que chegava com estrepito sem A^ía» , .namorado, easo elle estivesse uaa ImCi^ ^

" S'gMl"Coelho, não poude resistir

e e*::;tr.á rua; dngrom ° * ¦¦-•¦—*. ******Lúcia vio apparecer á porta o vulto e fe? „m • ,Coelho, approaimou-se cautelosamente d j™,,? T

*", ° k"^¦*ada eaistenoia de algmn cio atravessouC^pi „

™ ** A— Oh! meu Deos 1 disse elle. P

E estacou.Mas a moça estava presente e não havia recuarContinuou a andar na direcção da janella.Es tu, Carlos ? perguntou a moça.Sou eu, disse Coelho com voz fraca.

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JORNAL DAS FAMÍLIAS. IH

Não pude vir mais cedo, disse Lúcia porque minha tia quiz porforça que eu ficasse na salla. Agora pude sahir sem que ella reparasse. Anossa conversa não pode ser longa. Ninguém te vio ?

Ninguém , murmurou Carlos que não queria ser descoberto pelavoz.

Sabes o que tem acontecido?Não. <

Meu tio anda desconfiado do nosso amor.' —AhV -Ouvi-o no domingo estar conversando com minha tia e dizendo

que havia de saber quem era o brejeiro que andava a namorar-me, e quelhe havia de quebrar as costellas.

Ouvio-seum suspiro : pensou que era alguém de casa; mas reparouque era ella mesma.

Não te parece que estamos mal? 'perguntou a moça.Sim, disse Coelho.Mas que tens hoje? disse ella. Estás tão callado? Não me respondes

senão com palavras soltas. Soffres alguma cousa?Oh!

r***

É aquella dor de peito que te continua a dar ||É. ' ¦" â

K*Cl—tm

m**" "1€7*

Pobre Carlos! °N'este momento ouvio-se um rumor. Era um pisar mansinho na arêa \ m $ #

do jardim. \>c í\Que será? pensou Coelho. . 1^1 «Guardei uma flor para ti, disse a moça. Queres ^ *J %Quero, grunhio Coelho. O *£Lá vae.

E Lúcia debruçando-se na janella atirou a flor, que Coelho apanhou e

levou aos lábios.Céos! que é isto ? murmurou a moça.

Era á voz de um cão que se ouvira, e a voz de alguém que animava o

cão.Ha alguém? ,Ha, disse Coelho mais morto que vivo.Hade ser o preto.

E olhou na direcção do latido.Coelho não queria saber se era ou não o preto; a sua idéa definitiva

era dirigir-se á porta e pòr-se ao fresco.

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112 JORNAL DAS FAMÍLIA».N'esse sentido começou a recuar; mais o latido do cão approximava-se

e dentro de pouco tempo um vulto de homem e um vulto de cão se apre-sentaram em frente de Coelho.O cão parou e pareceu consultar o homem. Este fez urn signal e che-

gou-se a Coelho.Coelho encommendou a alma a Deos.Um grito se ouvio na janella. Era Lúcia, que desappareceu immediata-mente.

Quem é o senhor? disse o vulto.Eu... balbuciou Coelho.Sim... diga.Eu...Eu... quem?

E como Coelho não respondesse, o vulto pegou-lhe no braço e pror„-rou arrastal-o para dentro. Coelho resistio. 'Vou dizer tudo, gritou elle.

«- Venha cá dentro; estaremos mais a gosto.Era impossivel resistir; Coelho acompanhou o vulto.

¦ ig-ffc".

V.

O VULTO.

Ao rez do chão e por baixo das jauellas, havia uma sala , com umnmesa e poucas cadeiras, alluminada por um bico de gazAhi entraram o vulto, Coelho e o cão &

Jtitóra um ca,ii°com °s oihos w c°* á <*** *Coelho e o vulto encaráram-se antes de se sentarem.Ah! exclamou o vulto.

¦ — Ah! exclamou Coelho.Poise o senhor?Eu...

Temos o eu outra vez Híqca a ,,,,1*,. ~Ypsilanti. ° VUlt°que era nem mais «em menos

ca^lr s;«t t "?r °a cmto r * *>acabava de fazer. e

°bler aSSlm ° Perdão ào que

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JORNAL DAS FAMÍLIAS. m1 — Sente-se, disse Ypsilanti. .

Coelho obedeceu. Ypsilanti sentou-se em frente d'elle do outro lado.O senhor sabe, disse o velho tio de Lúcia , que acaba de fazer umacousa muito feia.

Sei, sim senhor.Uma cousa horrivei, que eu não lhe perdoarei jamais ?

Coelho estendeu a mão.Se me quizer ouvir, disse elle.Ouvil-o? Mas que me dirá o senhor para justificar o que acaba de

fazer? É d'esse modo que pretende haver alguma cousa que possuo?Estáem minhas mãos, e eu posso fazer do senhor o que quizer. Que diria osenhor se eu o denunciasse á policia como ratoneiro ?

Senhor.E ratoneiro é o senhor, porque tirar um par de gallinhas de um

quintal e um par de contos da algibeira de um homem honesto, é a mes-ma cousa; só differe o meio. O senhor quiz tirar-me um par de contos...

Emfim, disse Coelho ancioso por explicar tudo, e chamar o furor dovelho para o verdadeiro ratoneiro, como elle disse, emfim, eu espero con-vencel-o de que não sou tão culpado como pareço.Ha de serdifficil. •

Não é.Estou ouvindo.

Ypsilanti tirou um charuto do bolso, accendeu e começou a fumartranquillamente, em quanto Coelho começava a narração do achado dacarteira e do pensamento que tivera; não lhe occultou que a circumstan-cia de não ter dinheiro, que a ambição de possuir alguma cousa o levaráaquelle erro.

Tal é, senhor Ypsilanti, o motivo que aqui me trouxe. Foi um errode que eu me envergonho, mas o senhor pode ver na franqueza com queeu confesso tudo, o arrependimento que já tenho do que fiz. Agora só meresta pedir o seu perdão... ou expôr-me ao que o senhor quizer fazer.

Ypsilanti soltou uma gargalhada.Coelho enfiou.

De que se ri? disse elle.De que me hei de rir? Da sua imaginação fecunda. Em tão

"pouco

tempo creou o senhor um romance, que eu poderia aceitar se já nãotivesse estes cabellos brancos.

Pois crê...Não creio em nada do que o senhor me disse...

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H4 JORNAL DAS FAMÍLIAS.

Coelho encolheu os hombros.Então nao sei o que lhe hei de dizer...

A verdade.Já a disse.Não; a outra.Não ha senão esta.

*Quero ouvir a outra verdade, que é a única verdadeira. E não é me-

lhor ser franco? Por que me não confessa que ama minha sobrinha, queesta lhe corresponde, e que o senhor nutre a esperança de casar comella ?

Ypsilanti disse estas palavras com um modo tão brando que Coelhocomeçou a ver as cousas por outra face. Esperava encontrar um tigre, eachou-se diante de um cordeiro.

Cordeiro não o era elle tanto , porque logo depois das palavras acimatranscriptas, rompeu n* estas :

Vamos! falle, meu atrevido ! meu seductor de donzellas!Eu já lhe disse a verdade.Não disse. A verdade é que o senhor namora a pequena ha alguns

mezes, que tem vindo algumas vezes ao jardim, segundo me consta, quelhe escreve e é correspondido.Coelho fez um gesto para fallar.Ypsilanti continuou :

E pensa que eu não sei a razão porque me não tem fallado? E por-que receia que eu lh'a recuse. Sabe que eu tenho fama de severo , e quesó admitto casamento em condições vantajosas... Esta é a verdade.'

Ypsilanti estava outra vez com o modo brando, e Coelho de novo seanimou a tirar proveito da situação.

Ora, com quanto eu deseje para minha sobrinha um noivo riconão faço disso questão principal. Pode ser pobre e honesto. Se está n'essascondições porque me não falia? Era melhor; não daria que fallarLuzio nos olhos de Coelho a posse de algumas dezenas de contos dereis. Era argumento melhor que todos os raciocínios. A disposição de Yn-silanti o animou a dar mais um passo.Pois senhor Ypsilanti, disse Coelho; tudo confesso; é verdade, euamo sua sobrinha e peço-lh'a em casamento. A oceasião não é talvez pro-pna, mas... l

Própria é, disse Ypsilanti; mas confesse, que procedeu muito indi-gnamente até hoje, e que se eu não fosse uma boa alma o senhor deviaestar morto a esta hora.

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JORNAL DAS FAMÍLIAS. 115Dizendo isto, bateu o velho com a mão na mesa; o cão grunhio do seu

lugar; e Coelho cuidou seriamente que ainda não estava salvo.Mas tudo passou depressa.O velho ergueu-se e disse :

Pois, senhor, venha amanhã pedil-a offlcialmente. E promette desde'já que a ha de fazer feliz.

Juro! disse Coelho. E peço-lhe que acredite, senhor Ypsilanti; quenão foi a idéa da sua riqueza que me fez amar sua sobrinha, mas...Ypsilanti sorrio... -.

Rem sei, bem sei, disse elle.Depois acompanhou-o até a porta do jardim.

Até amanhã.Ató amanhã.

VI.

NO JARDIM.

Fechou-se a porta do jardim. Coelho parou na rua attonito. Duranteum quarto de hora não poude dar um passo.

Tudo lhe parecia um sonho.De duas uma:Ou tinha de ser mettido n'uma terrível embrulhada de que era incerto

que sahisse bem.Ou então a sua felicidade era certa.Mas como suppôr a segunda hypothese ?Enganar o tio era possível; mas a sobrinha? Quando esta o visse reco-

nheceria perfeitamente o engano e teria franqueza para dizer ao velho queo seu namorado nâo era elle mas outro. O velho perdoaria aos dois, e des-carregaria sobre elle todo o furor.

Isto lhe parecia evidente.Coelho caminhou lentamente para casa meditando no que acabava de

occorrer. Cada vez se lhe entranhava no espirito a convicção de que asituação era para elle terrível; e ao mesmo tempo perguntava a si mesmocomo pudera crer que fosse possível corrigir alguma cousa nas condiçõesem que lhe appareceu a carta.

— Eu estava doido sem duvida, dizia comsigo Coelho; suppôr que po-deria dalli sahir alguma cousa boa era realmente ter perdido o juizo.

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116 JORNAL DAS FAMÍLIAS.

Quando chegou á casa estava resolvido a abrir mão da sobrinha deYpsilanti.

Mas será isso possivel? perguntava Coelho a si mesmo ; depois doque se passou, conhecendo-me elle, ainda que pouco, é impossível deixara empresa. Em rigor, eu devo-lhe uma satisfação. Não ha remédio. Eraque situação me fui collocar!

Depois a idéa dos contos de reis de novo lhe appareceu com todo o seucortejo de gozos e phantasias.

Rico, dizia elle; rico ! Oh! isto é um sonho! Eu posso estar ricod'aqui a um mez. Foi a minha estrella que me levou lá; está dito; fechoos olhos e acceito tudo.

Assim disposto, tomou chá e deitou-se.Não dormio.Fez logo mil planos; casava-se n'um dia, e no primeiro paquete em-

barcava para a Europa. Na Europa gozaria a vida a larga, e poderia satis-fazer a sua anciã de fazer figura.

Pelas quatro horas conseguio fechar os olhos.Más os sonhos continuaram os cálculos; e o nosso Coelho accordou

tarde, bem disposto, risonho e quasi rico; pelos menos rico de imaginação.O moleque começou a experimentar a feliz mudança operada no animo

do senhor. Não recebeu o ponta pó matinal de costume, e teve o gosto deassobiar uma ária sem medo de interrupção.

Coelho mandou comprar um par de luvas brancas, e encommendar umcarro, preparou-se, perfumou-se, e ensaiou-se para a arriscada empreza.Em quanto não sahia de casa tudo parecia ir facilmente , mas apenas semetteu no carro, e este começou a rodar pelas ruas da cidade na direcçãoda casa do grego, tudo se foi alterando no espirito do rapaz.

Mas eu estou vivendo em pleno romance de hontem para cá, dizia omisero; isto é uma loucura. A rapariga vae conhecer-me, advinhára tudo,ou antes não advinhará nada, mas comprehenderá ao menos que não soueu o namorado, e tudo se desfaz e eu estou em peior posição do que hon-tem. O velho, apezar da confissão que lhe fiz, não me ha de perdoar a au-dacia, desde que souber que eu effectivãmente a pratiquei. Tudo isto érematada loucura.

E o carro ia andando. ••-,.Então voltava a mente de Coelho a idéa do dinheiro, e esta doce imagem

o seduzia e lançava uma espécie de véo sobre os perigos que elle antevia.Imaginava um bello prédio, carros, bailes, jóias, passeios, todos os so-nhos de um homem que não têm e quer possuir.

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JORNAL DAS FAMÍLIAS. 117

Mas, como o carro andava sempre, e o momento decisivo se ia approxi-mando, Coelho tornava aos seus terrores, e de novo hesitava se devia ir ácasa do velho ou voltar para traz. •

• No meio d'essas alternativas lembrou-lhe um meio que conciliava asesperanças com os receios.

Então; pensava elle; o velho recebe-me; faço o meu pedido. Man-dam vir apequena, e apenas «esta apparecer, antes que saiba do assumptofaço lhe um gesto para que se não opponha, como quem lhe explicará ocaso depois. Ella imaginará que eu estou de accordo com o namorado, eaguardará a explicação. Quando vier a oceasião, procurarei expor a ver-dade. Sim, este é o verdadeiro meio.

Com este pensamento foi até a casa de Ypsilanti. O velho já o esperavaanciosamente; recebeu-o cortezmente, ainda que nao sem um ar severo,que aliás lhe era peculiar.

Feitos os comprimentos e presente a tia de Lúcia, expoz Coelho o ob-jecto da sua visita, proferindo um pequeno discurso análogo ao acto, queo velho grego ouvio com um significativo movimento de cabeça.

Pela minha parte , disse este, consinto no pedido que faz; mas émister que minha sobrinha consinta também. Vou mandar chamal-a.

D. Manoela, esposa de Ypsilanti, dignou-se approvar a resposta doma-rido e mandou chamar Lúcia. Não tardou que a sobrinha apparecesse áporta, convenientemente vestida, e corn os olhos baixos.

Coelho estremeceu.Não contara com este gesto de modéstia, tão natural na moça que é

pedida para casar, e não sabia como fazer o gesto que devia salvar asituação.

Lúcia approximou-se lentamente do grupo.Meu tio, murmurou ella.Senta-te, Lúcia, disse D. Manoela.

Lúcia sentou-se, sempre com os olhos pregados no chão.Coelho estava em suores frios. Debalde olhava para ella; a moça não

levantava os olhos. Começou a tossir para ver se ella levantava os olhos.Ypsilanti vendo a insistência da tosse, mandou fechar a janella que ficara

por traz de Coelho.Tudo estava perdido^' — Lúcia, disse o velho tio, este senhor vem pedir-te era casamento.

Açceitas o seu pedido ?Houve um silencio.

Vae olhar para mim, disse Coelho, tudo está acabado.

4

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118 JORNAL DAS FAMÍLIAS.

. —Então? disse D. Manoela..Acceito.Muito do meu gosto.Tudo está arranjado, disse Ypsilanti; resta marcar o dia do casa-

mento.Outro silencio.Lúcia não levantara os olhos do chão. Coelho estava em brazas. Espe-

rava o momento em que ella ia levantar os olhos e soltar um grito de sor-presa. /

Como ella insistia em nada olhar para elle, achou elle que o mais pru-dente era esquivar-se quanto antes e por meio de uma carta explicar-lhetudo.

(Continuar-se-ha.) * j. j.

/

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MOSAICO.

*

ANECDOTAS. ,ixf h

Um lord inglez passando n'uma estrada próxima de suas terras, encon-trou um individuo que dialogava só, e que se mostrava por vezes agitadocomo se alguém ou alguma cousa o contrariasse. O lord chegou-se a elle eperguntou-lhe: ^x^

Amigo, com quem fallaes? . ;xf'Estou jogando, disse elle.Jogando! e com quem / <

Com Deus, tornou-lhe o homen^, que o. inglez tomou por doido.Tendes um adversário que poucas vezes vos ha de deixar ganhar.Tanto n'isto como no mais, Deus proqede com a maior justiça; por

isso ás vezes ganho eu, outras vezes ganha elle.Quem está ganhando agora? perguntou o inglez*

-¦'*N^este momento é elle.E como haveis de pagar ?Sempre que elle ganha envia-me algüem que recebe o dinheiro para

distribuir pelos pobres, e a escolha recahio sobre vós.Quanto perdestes, e a que jogo jogastes ?Joguei uma partida de xadrez, e perdi cem mil reis que aqui tendes.

O inglez recebeu o dinheiro , e em vez de o distribuir pelos pobres ¦

guardou-o para si. Algum tempo depois, esperando alcançar outra somma

x" ¦ J', ¦

¦¦'fijtfi'fi-fi-fi' !•¦''

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120 JORNAL DAS FAMÍLIAS.

eguaJ, foi ter ao mesmo lugar; effectivamente ali encontrou o suppostodoido que fallava com grande animação.

Continuaes a jogar com Deus ? perguntou-lhe o inglez.Sim senhor.E quem perde d'esta vez ?

»EDeus.E como vos ha de elle pagar ?Sempre que-perde envia-me alguém que me entrega a somma, ou

me assigna uma declaração de divida que me paga depois; c d'esta vezainda recahio a escolha sobre vós.

E quanto ganhastes ?Um conto de reis, respondeu o salteador, que exercia esta industria

da qual sempre tirava excellentes resultados, pois sempre que dizia terperdido, estava armado até aos dentes, o que tirava, aos que vinham attra-hidos pelo ganho, toda a vontade de resistência.

O inglez assignou a obrigação e pagou-a no dia seguinte. Nunca maislhe veio á idéa de divertir-se com o louco.

Alguns visinhos que souberam d'este episódio, proposeram-lhe umapartida de jogo para ver o que elle diria.

Nada, respondeu elle com o seu flegma britannico.-—Uma só partida, tornáram-lhe os amigos, e se perder damos-lhe adesforra .v,

É isso mesmo que eu receio; por isso não jogo nem mesmo comDeus, que na primeira vez deu-me mel pelos beiços, para me espetar nadesforra.K

V• \ ..

escreveuUma extremosa mãe, achando-se desenganada pelos médicos, ™,cua seu filho, noticiando-lhe a sua morte com anticipação para que ao rece*ber a noticia verdadeira, não sentisse grande abalo.

PAUL1NA PH1LADELPWA.

Gí: r"v\m. ' a:)m ímmzsím.

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B.'SLICTHEC4WG!CíWLeF|;8j:o

BI0.DE J4\Eijro

POESIA.

JURAMENTO.

Não sentes ao longe nos echos frementesA voz dos torrentes que correm pYo mar ?E esses anhelos de doce ternuraNão filtram ventura ao peito que amar?

O sopro da brisa cadente e serenoPrelúdios d'um' threno não pede ao cantor"?Os cantos suaves das aves silvestresNas matas agrestes não pedem amor ?

Da harpa os descantes de tanta harmoniaNão manam poesia e inspiram paixão ?As vestes da noiva, a grinalda de flores,Emblemas d'amtfr não é o que são ?

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nTÉ*5 r*ST*: 9 -3?»

Depois sobre a terra o amor é uma crençaNão sei que deserença te envolve a razão!P'ra que duvidares d'aífecto tão puroQue já prematuro anhelava paixão !?

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122 JORNAL DAS FAMÍLIAS.

Por ti minha vida, qual garça mimosa,Desliza saudosa; — sem rumo seguir : —Em mar bonançoso — que linda a viagem —Respira-se a aragem — o gozo e sentir! —

Descança, meu anjo, e n'essa alma tão pura,Concentra uma jura que esta alma traduz :— A ti meus amores, meus sonhos, e a vida,A alma que é fida, as sombras e a luz! —

F. DE MACEDO.1869. — Junho,

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MODAS.

DESCRIPÇÃO DOS FIGURINOS DE MODAS.

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N° 1.

iVmem) vestuário. - Casaca de veludo preto com compridas mangasbordadas com galões e de duas fileiras de renda preta.Vestido com túnica de faille azul, arregaçada sobre os lados, formandoduas pontas e guarnecida d'um veludo e de duas fileiras de renda pretaSaia comprida com dois folhos, o primeiro preto, tendo por cima quatroviezes orlados eom renda.Chapelinho de veludo azul ornado com uma rosa thê e guarnecido comuma pluma, fitas áe faille azul.

Segundo vestuário. — Vestido de faille côr de malva, decotado, guarnecidona parte superior de duas ruches orladas de rendas.^ Saia curta de filo com fofos tendo por cima pequenos ruches e guarnecidad'uma larga renda, pouff irmanado.Saia arrastando com alto folho arregaçado de distancia em distancia em

espiralo : o folho é forrado de taffetá branco tendo na parle superior peque-nas ruches de macheados e rendas.Penteado, — laço de veludo e plumas brancas, — cocar.

N° 2.

Primeiro vestuário. — Toilette de noiva : vestido princeza de faille abotoadona frente e guarnecido de tres viezes fingindo uma saia dobrada formandoavental e subindo por cima do corpinho; franja alta debaixo do primeiroviez; o vestido arrastando é arregaçado em pouff atraz, mangas largas guar-necidas irmanadas com a saia; grinalda de flores de laranja, véo de filo.

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124 JORNAL DA FAMÍLIAS.Segundo vestuário. — Casaquinha de veludo preto guarnecida com peque-nos viezes de setim pespontados e com dentes recortados e orlados comsetim. Túnica de faille azul arregaçada e guarnecida com um viez e umafranja. .Saia com largo folho ornado de dois viezes guarnecidos com franjas, cha-

péo de veludo preto ornado d'uma rosa grande com botões e de fitas defaille.

TRABALHOS.

EXPLICAÇÃO D'ÜMA DAS ESTAMPAS DE BORDADOS E TRABALHOS.

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RECTO.

N» 1. -Colkrinho á marujo. Tira-se contra prova do desenho sobre cassaou panno de hnho fino e toda a obra se faz em ponto de festão. Quandoesla^acabado, recorta-se o panno debaixo das barrinhas.. ?l2' T^é°Para Poltron<* ou almofada de canapé. O nosso modelo era dctafetá, cór•havane, o ponto festão e as barrinhas de cordãozinho de seda côrdSnfra'

Era "™.vt° de P0ltr0na elegantíssimo. Temos visto o mesmodesenho de panno de hnho e era tambem muito bonito. Pode-se fazer comseda 71^ -fFa fT9* P°rém é preciso forraI"a com faz^da de

tZLu*L"?2£mm°de criança'saias'c,c-M- s«ouro tZeZlPT P?rh:cham°s> caP« de livro, etc. Faz-se de fios des,e!í;:„tt'c_s.,raDcc,ms sobre ¦*ou rach»ira'»*»¦-<\Z5'~,Pe^em raénagère. A parte debaixo que recebe a ponta não é bor-dada. Pode ser executada seja de seda ou de cachemira em ponto de chi

ZL«pSt* "^'""-"""*' ° deSC"h0 é *. Slm"l*s *» **jZto^í^ PartG inferi0r de ««'a, casaquinha

paü°.v. t;is íz?*„t .:• ,-iw iai r c°™ -»**»¦grande. g P festa0 que orla ° desenno é muito

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JORNAL DAS FAMÍLIAS. 125

Z!?' ™ EJltrmeio •' cordãozinho e plvmetis.

que é iuuw eatwT "^ ' ****** É ~~~«* c°<» *-*• "«aa

To,, V • , °' ° interior de trancelim de ouro.

*%«*, .junta, asTaSSreTraXrerciS: "^ "^ '*bobre os fios de arame dez vezes dois pontos em uma malhafmalha nòulai-.ao depois fazer ainda trinta pontos de umsópontocadáiKTbteTSSS

encnera com os fios de Ia ou seda com que se trabalha e continuar ,p h, h„mesmo modo. Depois de ter quantidade sufficiente de bort será níecisoamarra! as com dobre carreira de chaWtte a uma tira decrochetTe duas ou'^'SíorTh^eí; "* ** Ík m"Íto bm "» "

dfÇf*^se coloca ao avesso da fazenda que se quer bordar, alinhava-se o desenhosttiSr *"seja reproduaido do ,ado direii°e trabaiha-se «**explieSa"

^^ * *"**• É fdt° d& mesma maneira *m a tira acima

oaÜIÍI' ~Deíen\° Para Verter de berço. É composta de quadradinhos decôr alternada cor de rosa e branco ou azul e branco. No branco por exemploborda-se aquelle pequeno desenho com seda preta tirando con trapro vado

™Li 5 rC cassacomo. Já explicámos para o barrete. Borda-se emponto lançado, ou melhor ainda em ponlo chamette do lado avesso: é o maisbonito eo que leva menos tempo para executar. Este cobertor semeadocom ovelhas agrada muito ás criancinhas.

Do n° 18 para 24. — Nomes e iniciaes ornados.

EXPLICAÇÃO DA ESTAMPA DE MOLDES.I \

(verso da precedente.)

Moldes d*um traje bordado para menina de 6 para 12 annos, e d'uma almilhabordada para criancinha.N° 1. — Frente, decotada em quadrado.N° 2. — Costas com corrediça e casaquinha com abas. A linha com pon-tinhos indica aonde 6 precizo fazer a corrediça. iN° 3. — Parle da frente que é cosida entre o G e o J do n» 1.N° 4. — Manga que se corta em dois pedaços.

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126 JORNAL DAS FAMÍLIAS.N° 5. — Panno de frente da saia pequena, os outros pannos cortam-se di-reitos.0 nosso modelo era bordado em ponto chainétte d'um matiz maisescuro que o vestido; a grega rodeia toda a saia. A pequena frente em formade coração n° 3 se borda egualmente. As mangas, corpinho c casaqui-nha com abas são ornados com um pequeno folho da mesma fazenda. Estetraje diz muito bem. Pode-se preferindo , bordar com trancelim. Para ter.o dçsenho, é preciso tirar contra prova sobre cassa como explicámos jáN° 6. — Desenho do traje de menina.N° 7. — Almilha bordada com trancelins. Corta-se d'um só pedaço.N° 8. — Manga da almilha que se corta egualmente d'um só pedaço e seborda como o mais.,N.°9. — Desenho, da almilha.N° 10. ~ Alphabeto*çava toalhas, guardanapas, fronhas, etc, cordãozinhoe plumetis.

EXPLICAÇÃO DA OUTRA ESTAMPA DE BORDADOS E TRABALHOS.

RECTO.

«¦N° *• "- Caldeirinha de madeira esculpida (tamanho regular). O fundo éde seda de Argel encarnada em ponto acolchoado com rhombos de fios deouro. O resto e de madeira esculpida d'um effeito lindíssimo : a figura doChristo e muito bella também. °

nrmrin Z ST V,T T^ UM P°te °m ^°m> de JUnC0 da índ*a P^to1 non í ,P .f 2ama?h0 regular)- ° bordado é ao Passé S^re um fundoé mK bonRo S

^ Argd VGrde Clar0' E$te ramalhete de violetas

eua2' iniÍT???ü •' * mÍfm eSCulpida (tamanh0 reS"lar)- Este pequenonon o Shní ^

m° C°ll0Ca'Se SObre Um fund0 de seda inca™ada emSS™£SL!S pe,"enos c,rculos íue ° enca*i"""n s5°tol>™ *>dãozinh^f SíT*

de CmV°>. CÔr *"»*• ° bordado é ao purf de cor-e a neauena ffii°

meSm° ™^ a ceccadura do ra^ete é de napolitanaquisito

Cm P°nt° de ArgeL É um lind0 objecto.de gosto ex-

*«« '^rz^So^- Faz-se em **> *** *° -é d^^wltpEata|b°íÍta Ventar°la perde muit0 no Poente desenho;peS dTZrX"«hfmm- eííit0- ° fund0 é a* setim côr de amor^^ wSSS 2 í ^re °selun í*lind0 filópret0 quesei've de mda Ér é dSnlitãPíi00"1 C^ãf«ho de ««da branca. A cercadurarnesi n^Kd^,; r S°Dt° Cada malha d° fil0' e continuando dae preTando^mesmtll

" ^

malha d° filÓ''COmo se fosse la'Wa>que se verá coí 7, i T ^ qUe ° forra- E coPiando «te desenhoLdado bS lí IT0 G de Und0 effeit0- A<Jueüe graciosoindSs tCm refleX0S Prateados d'»ma elegância e gosto

Oom o mesmo trabalho e bordado poder-se-hia facilmente divertisse em

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\

JORNAL DAS FAMÍLIAS. 127fazer quantidade de outros desenhos pequenos para lambrequim, almo-iada de alfinetes, etc, e outros objectos cuja execução seria muito bo-nita.

N° 7. — Desenhos para capas de livros. Tira-se contraprova do desenho so-bre cassa que então serve de forro para o veludo ou a cachemira que se querbordar. Executa-se o trabalho todo em ponto chaimtle do lado avesso isso ésobre a cassa. Este desenho reproduz-se assim com delicadeza e em ponti-nhos sobre o lado direito da fazenda e diz muito bem. 0 nosso modelo erade cachemira kavane bordada com seda de dois matizes mais claros. O dese-nho sobre o outro lado do livro será irmão.Nos 8, 9,10.— Penteados para meninas e mocinhas.N° 11.— Quarta parte d!uma papeleira (buvard). É feito com applicação deseda havane claro sobre cachemira da mesma côr porem mais escura. Borda-se todo o desenho com um pontinho festão ou ponto chainette, e. recorta-se

a seda nas partes escuras do desenho. 0 outro lado da papeleira se faz damesma maneira. Para obter o desenho, seria preciso só tirar contraprovad^elle sobre cassa que serviria de forro e trabalhar-se hia em ponto de fes-tão do lado do avesso sobre a cassa como explicámos já para o n° 7.

Nos 12, 13, 14. — Trajes para meninas.N° 15. — Collarinho quadrado. A renda é em ponto de Bruxelles, o fundo

em filo com pregas, o laço irmanado com o vestuário.N° 16. — Tapete de eandieiro em ponto de Veneza. Tira-se contraprova do

desenho sobre cassa; trabalha-se tudo em ponto de festão e forra-se comum transparente de setim. Ajuntando-lhe uma beira dentada esse desenhopoderia servir para véo de poltrona porque é lindíssimo.

N° 17. —• Tira para véozinho. O nosso modelo era de filo branco.liso, bor-dado com seda preta.

N° 18. — Tira para tapete em ponto russoi— A folhagem é em ponto chai-nette. Irmanam-se as cores com as matizes da guarnição e cortinas da sala.

N° 19. — Ramalhete para almofada de alfinetes ou fundo de touca. Sendo paraalmofada de alfinetes trabalha-se ao passe com seda de côr irmanada com asflores. Sendo para touca, executa-se o desenho inteiro ao plumetis.

N° 20. — Collarinho atado com nó. 0 fundo do collarinho é de cassa; o en-tremeio e a guarnição de linda renda.

Do n° 21 até 26. — Nomes e iniciaes ornados.

EXPLICAÇÃO DA ESTAMPA DE MOLDES.

(verso da precedente.)*

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Molde do traje do figurino da primeira estampa de modas e da casaquinha düsegundo figurino.

N° i. — Frente do corpinho decotado.N° 2. — Costas da casaquinha com abas.

' N° 3. — Pequeno lado.N° 4. — Manga muito curta e arredondada no meio;N° 5. —Metade da túnica com avental.

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128 JORNAL DAS FAMÍLIAS.: ....'_* ...N° 6. — Frente da casaquinha do segundo figurino da estampa de modas.

Este molde é dobrado sobre o hombro por falta de lugar; para servir-sed'elle é preciso desdobrar o papel na linha de pontos. A frente cahe direito.

N° 7. — Costas. Este molde é dobrado a pouco perto á metade. É precisopois desdobrar o papel como já explicámos para a frente. Da lettra M á let-tra K, a fazenda é levemente franzida, como egualmente sobre o lado dalettra N a lettra 0.

N° 8. — Manga que se corta em dois pedaços.N° 9. — Folho da manga, Perto da lettra F, ha uma prega que fazer.

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Pariz. - Typographia de Ad. Lainé, rua dos Santos-Padres, 19.

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