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Leonardo Riche A Influência dos Estilos de Liderança no Desempenho da Pequena Empresa Familiar Um Estudo de Caso Dissertação de Mestrado Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Administração da PUC- Rio como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração. Orientadora: Patrícia Amélia Tomei Rio de Janeiro dezembro de 2009

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Leonardo Riche

A Influência dos Estilos de Liderança no Desempenho da Pequena Empresa Familiar

Um Estudo de Caso

Dissertação de Mestrado

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Administração da PUC-Rio como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração.

Orientadora: Patrícia Amélia Tomei

Rio de Janeiro dezembro de 2009

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Leonardo Riche

A Influência dos Estilos de Liderança no Desempenho da Pequena Empresa Familiar

Um Estudo de Caso

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Administração de Empresas da PUC-Rio. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada.

Prof a. Patrícia Amélia Tomei Orientadora

Departamento de Administração, PUC – RJ

Prof a. Carla Francisca Bottino-Antonaccio Instituto Genises, PUC – RJ

Prof. Mario Couto Soares Pinto UNESA

Prof . Nizar Messari Vice-Decanoto de Pós-Graduaçãodo

CSS – PUC-Rio

Rio de Janeiro, 15 de Dezembro de 2009

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Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da universidade, do autor e da orientadora.

Leonardo Riche

Graduou-se em Economia na Universidade Candido Mendes (UCAM – IPANEMA) em 2002. Atualmente gerencia o departamento financeiro de uma pequena empresa familiar a mais de cinco anos. Pós Graduou-se em Gerenciamento de Projetos pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

Ficha Catalográfica

CDD: 658

Riche, Leonardo A influência dos estilos de liderança no desempenho da pequena empresa familiar : um estudo de caso / Leonardo Riche ; orientadora Patrícia Amélia Tomei. – 2009. 104 f. : il. ; 30 cm Dissertação (Mestrado em Administração)–Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009. Inclui bibliografia 1. Administração – Teses. 2. Liderança. 3. Estilos de liderança. 4. Desempenho. 5. Pequenas empresas familiares. I. Tomei, Patrícia Amélia. II. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de Administração. III. Título.

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Agradecimentos Primeiramente gostaria de agradecer a Deus por me conceder a oportunidade de realizar e concluir o curso de mestrado. Gostaria de agradecer a atenção e, principalmente, a orientação da professora Patrícia Tomei que me encaminhou na conclusão dessa dissertação. Aos meus pais e minha família, gostaria de agradecer em todos os sentidos. Sem eles, dificilmente conseguiria atingir meu objetivo. À Gabriela, que me deu força e me estimulou nos momentos de desânimo e foi fundamental para essa conquista. Aos meus amigos que sempre se preocuparam com meu bem estar e com o andamento do meu mestrado. Aos colegas de turma que ajudaram enriquecer e descontrair as aulas. Aos professores do IAG que me conduziram nas pesquisas e na minha formação.

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Resumo

Riche, Leonardo; Tomei, Patrícia Amélia. A Influência dos Estilos de Liderança no Desempenho da Pequena Empresa Familiar - Um Estudo de Caso. Rio de Janeiro, 2009. 104p. Dissertação de Mestrado. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Este trabalho faz um paralelo entre os estilos de liderança e seu impacto no

desempenho das pequenas empresas familiares. A escolha desse universo

empresarial partiu da premissa, sustentada na revisão da literatura sobre liderança

situacional, de que o papel do líder é mais intenso neste segmento organizacional.

Assim sendo, com base em dois estudos de caso comparativos, foram analisadas

duas empresas de pequeno porte e gestão familiar do ramo de comércio,

escolhidas intencionalmente devido às diferenças no estilo identificado em suas

lideranças: transacional e transformacional. Estes dois casos foram analisados

com base em dados primários (entrevistas com a liderança e questionários com os

funcionários) e secundários (pesquisa documental), onde se buscou relacionar a

influência destes estilos no posicionamento de mercado, nas questões financeiras e

no clima organizacional. Os resultados gerados foram confrontados com o

referencial teórico e a conclusão do trabalho valida a argumentação de que a

liderança transformacional induz a resultados mais eficazes; embora não seja

possível identificar uma relação causal no desempenho financeiro e

mercadológico numa pequena empresa familiar e os estilos de liderança, já que

outras variáveis organizacionais também tem forte influência neste processo.

Palavras-Chave

Liderança; Estilos de Liderança; Desempenho; Pequenas empresas

familiares.

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Abstract

Riche, Leonardo; Tomei, Patrícia Amélia. The influence of Leadership Styles in a family small Company performance – A ca se of Study. Rio de Janeiro, 2009. 104p. MSc. Dissertation - Dissertação de Mestrado. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

This work draws a parallel between the leadership styles and their impact

on the Small Family business Performance. The choice of studying this business

world starting from the premise, supported by the literature review of Situational

Leadership, that the leader play a more intense role in this segment. Therefore,

based on two comparative cases of studies, were analyzed two small family

business of commerce branch, chosen deliberately because of the differences in

their leadership styles identified: transactional and transformational. These two

cases were analyzed based on primary source data (leadership interviews and

questionnaires with employees) and secondary data (company desk research)

where we tried to relate the influence of these styles in the marketing positioning,

financial matters and organizational climate. The results were compared with the

literature and the works conclusion agree that the transformational leadership style

leads to more effective results, although there are no casual relationship to

financial performance and positioning market performance in a small family

company and the leadership styles, as other organizational variables also has a

strong influence in this process.

Keywords

Leadership; Leadership Styles; Performance; Family Small Company.

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Sumário

1. Introdução 12

1.1. Contextualização do Problema 12

1.2 Definição dos term 13

1.3. Objetivo Final 15

1.4. Objetivos Intermediários 15

1.5. Relevância do Estudo 16

1.6. Delimitação do Estudo 16

1.7. Estrutura do Trabalho 17

2. Referencial Teórico 19

2.1. Liderança 19

2.1.1. Definições de Liderança 19

2.1.2. Principais correntes sobre liderança 20

2.1.2.1. Teoria dos Traços de Personalidade 20

2.1.2.2. Teoria dos Estilos de Liderança 21

2.1.2.2.1. White e Lippitt (1939) 21

2.1.2.2.2. Grid Gerencial (Blake e Mouton 1964) 22

2.1.2.3. Teorias situacionais ou contingenciais da liderança 23

2.1.2.3.1. Tannenbaum e Schmidt 24

2.1.2.3.2. Hersey e Blanchard (1969) 25

2.1.2.3.3. Evolução das teorias contingências de liderança 26

2.1.3. Representação gráfica das teorias sobre liderança 28

2.1.4. A Escolha da teoria sobre liderança a ser utilizada na pesquisa 29

2.2. Teorias sobre o desempenho 29

2.2.1. Definições 29

2.2.2. Importância do estudo do desempenho 30

2.2.3. Problemas e limitações em medir o desempenho 31

2.2.4. Classificação dos indicadores de desempenho 33

2.2.4.1. Indicadores Financeiros de Desempenho 35

2.2.4.2. Indicadores não Financeiros de Desempenho 36

2.2.4.3.Indicadores Híbridos de Desempenho

(Financeiro e Não Financeiro) 42

2.2.5. O Indicador de Desempenho escolhido pra Pesquisa 48

2.3. Ciclo de Vida organizacional 48

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3. Metodologia da Pesquisa 50

3.1. Tipo da Pesquisa 50

3.2. Estratégia de investigação 50

3.3. Papel do Pesquisador 51

3.4. Procedimento de coleta e registro dos dados 51

3.5. Universo, amostra e sujeitos 52

3.6. Limitações do método 54

4. Descrição dos Casos 55

4.1. Empresa “A”: Características Gerais 55

4.1.1. Papel do Fundador 55

4.1.2. Missão, visão e valores organizacionais 58

4.1.3. Estrutura Organizacional 59

4.1.4. Estratégia organizacional 60

4.1.5. Política de Recursos Humanos 61

4.1.5.1. Contratação 61

4.1.5.2. Remuneração 62

4.1.5.3. Treinamento 63

4.1.6. Comunicação Organizacional 63

4.1.7. Processo de Trabalho 64

4.1.8. Estágio de vida da Empresa "A" 65

4.2. Empresa “B”: Características Gerais 65

4.2.1. Papel do Fundador 66

4.2.2. Missão, visão e valores organizacionais. 68

4.2.3. Estrutura Organizacional 69

4.2.4. Estratégia Organizacional 71

4.2.5. Política de Recursos Humanos 72

4.2.5.1. Contratação 72

4.2.5.2. Remuneração 72

4.2.5.3. Treinamento 73

4.2.6. Comunicação Organizacional 73

4.2.7. Processo de Trabalho 74

4.2.8. Estágio de vida da Empresa “B” 74

5. Análises dos Resultados 76

5.1. Estilos de Liderança 77

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5.1.1. Líder da empresa “A” 77

5.1.2. Líder da empresa “B” 79

5.2. Desempenho Organizacional 81

5.2.1. Desempenho de Mercado da Empresa “A” 82

5.2.2. Desempenho de Mercado da Empresa “B” 83

5.2.3. Desempenho Financeiro da Empresa “A” 84

5.2.4. Desempenho Financeiro da Empresa “B” 86

5.2.5. Percepção de Clima Organizacional na Empresa “A” 87

5.2.6. Percepção de Clima Organizacional na Empresa “B” 88

5.3. Quadros analíticos 89

6. Conclusões e Recomendações 93

7. Referências Bibliográficas 98

8. Apêndices 102

8.1. Apêndices A - Questionário 102 8.2. Apêndices B - Questionário 104

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Lista de Tabelas Tabela 1: Estilos de Liderança de White e Lippitt 21

Tabela 2: Significado das áreas do Grid Gerencial 23

Tabela 3: Teorias / Autores / Obra 28

Tabela 4: Modelo genérico para caracterização do desempenho organizacional 33

Tabela 5: Visão Parcial das contribuições e expectativas de diversos Stakeholders 33

Tabela 6: Visão tradicional versus inovadora de medidores de desempenho 37

Tabela 7: Dimensões Culturais e Conteúdo 40

Tabela 8: Média das respostas quanto ao estilo de liderança 89

Tabela 9: Média das respostas para o desempenho de mercado 90

Tabela 10: Média das respostas para o desempenho financeiro 90

Tabela 11: Média das respostas para o desempenho de clima organizacional 91

Tabela 12: Médias finais agrupadas 91

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Lista de Figuras

Figura 1: Grid Gerencial 22

Figura 2: Modelo de Liderança Situacional de Tannenbaum e Schmidt 24

Figura 3: Modelo de Liderança Situacional de Hersey e Blanchard 26

Figura 4: Modelo das variáveis que influenciam o desempenho organizacional 39

Figura 5: Kanji’s Business Excellence Measurement System 41

Figura 6: Modelo de desempenho de Venkatraman e Ramanujam 43

Figura 7: Correlação entre mecanismos de pesquisa do desempenho e fonte 44

Figura 8: Modelo de desempenho de Clima Organizacional X Variáveis econômicas 45

Figura 9: Theorical model of Cultural Traits 46

Figura 10: Balanced Scorecard 47

Figura 11: Organograma da empresa “A” 60

Figura 12: Organograma da empresa “B” (Matriz) 70

Figura 13: Organograma da Empresa “B” (Filial) 71

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1 Introdução 1.1 Contextualização do Problema

O papel do líder é muito relevante numa pequena empresa familiar. Isso

se dá devido a vários fatores, dentre outros, deve-se enfatizar a dificuldade de

criação de métodos para a profissionalização dos processos.

Em muitos casos é percebida uma forte centralização do poder nas mãos

do líder. O líder em geral nessas empresas é o sócio fundador ou em outros

casos mais remotos, uma pessoa de confiança dele. Muitas vezes não há

espaço para duas lideranças nesse tipo de estrutura de empresa.

Os liderados são os funcionários da empresa familiar que se tornam

seguidores do líder. Essas pessoas sofrem grande influência das atitudes de

comando do líder e tem seus desempenhos afetados a partir dessa liderança

exercida.

Não só os líderes e liderados, mas também os envolvidos internamente e

externamente na empresa, sofrem influência da liderança do dono. Essas

pessoas também reagirão de forma diferente a cada estilo de liderança afetando

muitas vezes o desempenho da empresa.

A importância da pequena empresa no Brasil é tal que, segundo o

SEBRAE (2006) existam 5,1 milhões de empresas no Brasil dos quais 98% são

micro e pequenas empresas. Do total dessas empresas, 56% estão relacionadas

às atividades de comércio e 30% aos serviços.

Outro dado que evidencia essa importância é a parcela do nível de

ocupação do Brasil. De acordo com o site do SEBRAE (2009) os pequenos

negócios (formais e informais) respondem por mais de dois terços dos postos de

trabalho no setor privado.

Abaixo seguem outros dados que reforçam a importância do tema em

estudo relacionado às micros e pequenas empresas no Brasil de acordo com o

SEBRAE (2009):

• Participação no total das empresas: 98%;

• Empregados com carteira assinada: 53%;

• Emprego no setor privado (formal e informal); 68%;

• Faturamento: 28%;

• Parcela do Produto Interno Bruto (PIB): 20%;

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• Valor das exportações: 2,7%;

Dado que a influência da pequena empresa familiar no Brasil é de tal

importância, como vista acima, há de se julgar que seu desempenho pode ser

um assunto importante em pauta. Soma-se isso a questão da centralização do

poder nas mãos do dono dessa empresa, tem-se que o tipo de liderança

exercida nesse pode ser o ponto crucial para o desempenho da empresa. De

que modo os estilos de liderança influenciam o desempenho da pequena

empresa familiar? Existe algum estilo de liderança que proporcione melhores

resultados que outros?

1.2 Definição dos termos

Segue abaixo uma apresentação breve dos conceitos e termos chave,

que serão abordados e melhor trabalhados no referencial teórico.

Liderança: De acordo com Hersey & Blanchard (1986), liderança pode ser

entendida quando alguém procura influenciar o comportamento de uma pessoa

ou um grupo de pessoas para qualquer finalidade.

Existem duas principais vertentes do estudo de liderança que é a

Comportamental e a Situacional. Como o nome já diz, a liderança

comportamental busca entender o líder de acordo com o seu comportamento.

Entre outras, destacam-se a teoria dos traços de personalidade e a teoria dos

estilos de liderança. O presente estudo direcionará a pesquisa para a questão da

liderança Situacional.

Liderança Situacional: A teoria situacional ou contingencial visa

compreender o tipo de liderança relacionado à situação ou ambiente que o líder

está inserido. Nessa teoria, as duas principais correntes, e alvo de estudo nesse

presente trabalho, são a liderança transacional e a liderança transformacional.

Entende-se como liderança transacional à existência de relações

contratuais implícitas ou explícitas entre os líderes e os liderados. É um processo

de troca onde o preço pago pelo trabalhador terá de ser equivalente ao

desempenho nas tarefas. A liderança exercida está muitas vezes ligada ao poder

que o líder exerce sobre seus liderados. O líder pode gerir sua equipe por gestão

por recompensa contingente, gestão por exceção ativa, gestão por exceção

passiva e lassez-faire. Na liderança transformacional o líder procura transformar

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e motivar a equipe em busca de objetivos em comum que beneficia tanto a

empresa quanto a seus líderes e liderados. As metas são mais de longo prazo

em detrimento às tarefas de curto prazo na liderança transacional. O líder pode

possuir quatro características particulares nesse tipo de liderança:

Influenciadores e Idealizadores, Inspiradores e motivadores, estimuladores e

atenção individualizada (BASS et al, 2003; BASS & AVOLIO, 1993; BASS 1990;

KARK, 2004).

Desempenho: O desempenho, por sua vez, pode ser medido de

diferentes formas e diferentes métricas. No campo da administração, um dos

significados para desempenho organizacional é o processo de quantificar da

eficiência e eficácia das ações. Nas formas de se medir ele pode ser separado

em desempenho financeiro ou desempenho não financeiro. O desempenho

financeiro mede os resultados da empresa que tem a ver com os lucros e as

vendas. Nas análises não financeiras ou qualitativas os resultados podem ser

mercadológicos, de satisfação dos consumidores, satisfação dos funcionários,

entre outros (NEELY et al, 1995; CARNEIRO et al, 2007; NATAL, 2005).

Pequena Empresa no Brasil: No Brasil, existem duas formas de mensurar

o tamanho de uma empresa. De acordo com o Estatuto da Micro e Pequena

Empresa, de 1999, o critério adotado para conceituar micro e pequena empresa

é a receita bruta anual, cujos valores foram atualizados pelo Decreto nº

5.028/2004, de 31 de março de 2004, são os seguintes: - Microempresa: receita

bruta anual igual ou inferior a R$ 433.755,14 (quatrocentos e trinta e três mil,

setecentos e cinquenta e cinco reais e quatorze centavos); - Empresa de

Pequeno Porte: receita bruta anual superior a R$ 433.755,14 e igual ou inferior a

R$ 2.133.222,00 (dois milhões, cento e trinta e três mil, duzentos e vinte e dois

reais) (Portal Tributário, 2009).

Além desse critério, o Sebrae adota o conceito de número de funcionários

nas empresas, principalmente nos estudos e levantamentos sobre a presença da

micro e pequena empresa na economia brasileira, conforme os seguintes

números: - Microempresa: I) na indústria e construção: até 19 funcionários II) no

comércio e serviços, até 09 funcionários. - Pequena empresa: I) na indústria e

construção: de 20 a 99 funcionários: II) no comércio e serviços, de 10 a 49

funcionários. (SEBRAE; 2009)

Como o presente trabalho é de cunho organizacional, não financeiro,

iremos trabalhar com a abordagem do número de funcionários.

Empresa Familiar: Para conceituar empresa familiar, Bornholdt (2005)

afirma que é considerada como tal a organização cuja administração está sob

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comando dos próprios sócios da família ou grupos familiares. Para isso,

considera-se empresa familiar àquela que se enquadra em um ou mais dos

fundamentos a seguir:

1. O controle acionário pertence a uma família e/ ou a seus herdeiros;

2. Os laços familiares determinam a sucessão no poder;

3. Os parentes se encontram em posições estratégicas, como na diretoria

ou no conselho de administração;

4. As crenças e os valores da organização identificam-se com os da família;

5. Os atos dos membros da família repercutem na empresa, não importando

se nela atuam;

6. Ausência de liberdade total ou parcial de vender suas participações/

quotas acumuladas ou herdadas na empresa.

1.3 Objetivo Final

Para tratarmos do problema de pesquisa, este trabalho tem como objetivo

final relacionar diferentes ou similares estilos de liderança e sua influência sobre

a percepção do desempenho da empresa que será medido sobre os aspectos de

participação de mercado, resultados financeiros e de clima organizacional.

1.4 Objetivos Intermediários

Para alcançar o objetivo final de pesquisa é necessário primeiro delimitar

os objetivos intermediários que se encontram a seguir:

• Conceituar liderança e suas teorias pertinentes;

• Delimitar um método mais adequado da teoria de liderança para a

análise do estudo em questão;

• Levantar as teorias de desempenho organizacional, classificar as

métricas de desempenho e delimitar o método de análise mais

conveniente;

• Contextualizar as empresas, suas estruturas, atuação e o papel do líder

em cada um delas;

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• Analisar o desempenho das duas empresas sob as óticas de mercado,

financeira;

• Relacionar o desempenho medido nas três óticas ao estilo de liderança

de cada líder;

1.5 Relevância do Estudo

O estudo presente serve como base de dados de interesse de pequenas

e até médias empresas que são controladas por um pequeno grupo de pessoas

em comum, muita das vezes familiares. O controle dessas empresas é a

liderança de um membro que fundou a empresa ou uma pessoa que foi

respaldada pelo fundador para ser o líder.

Essas pessoas exercem influência positiva ou negativa nos resultados da

empresa e algumas vezes a responsabilidade do sucesso ou do fracasso está

diretamente ligada ao estilo de comando do líder que afetará as pessoas que

trabalham na empresa e os clientes que serão ou não bem atendidos.

O estudo também servirá de interesse para pessoas que pesquisam

sobre liderança e gestão em pequenas empresas familiares servindo como

insumo para aprofundamento da pesquisa sobre o tema.

1.6 Delimitação do Estudo

A proposta é analisar duas pequenas empresas familiares no ramo do

comércio. Do ponto de vista geográfico, as duas empresas estão situadas na

capital do Estado do Rio de Janeiro (Brasil).

A primeira empresa é do ramo de comércio náutico e trabalha com uma

representação internacional de matéria prima estrutural para embarcações de

pequeno porte e outras indústrias. Sua sede fica no bairro de Ipanema, no

município do Rio de Janeiro e seu atendimento é via telefone ou visita ao cliente.

Seus principais clientes são estaleiros de construção de barcos.

A segunda empresa é uma loja de comércio de embalagens situada no

centro do Rio de Janeiro que vende para pessoas físicas ou lojistas que

precisem de embalagem. Sua forma de venda é direta. Os funcionários atendem

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diretamente os clientes que entram na loja para comprar. Poucas vezes há

encomendas por telefone.

As duas empresas são do ramo de comércio, geridas por um pequeno

grupo de pessoas que são de confiança da família e são de pequeno porte.

As pessoas entrevistadas foram os líderes das duas empresas

primeiramente. Os funcionários foram posteriormente abordados com

questionários. A ordem de preferência para a entrevista é dos funcionários que

recebem ordens diretas ou indiretas do líder da empresa.

O estudo analisou as lideranças sob o ponto de vista situacional. Existem

outras teorias de liderança como a teoria dos traços de personalidade e teoria

dos estilos de liderança. No entanto, devido à melhor adequação ao caso, foi

apenas analisada a teoria de liderança situacional, mais especificamente a

liderança transacional e transformacional.

Devido à enorme gama e dificuldades de se medir o desempenho, este

trabalho deu prioridade a três tipos de desempenho: o desempenho de mercado,

o desempenho financeiro e o desempenho relativo ao clima organizacional ou

satisfação dos funcionários. Outros métodos de desempenho também poderiam

ser abordados, como a satisfação dos acionistas, parâmetros da concorrência,

estratégias de marketing, Balanced Score Card e outros. As medidas de

desempenho foram escolhidas devido à relevância do tema e a conveniência,

visto que as pequenas empresas, em sua maioria, possuem dificuldades para

medir o desempenho organizacional. A proposta de combinar métodos

quantitativos e qualitativos acompanha as tendências de mensuração de

desempenho organizacional.

O método utilizado para a pesquisa será o estudo de caso de duas

empresas que estará investigando o perfil de liderança dos líderes e as medidas

de desempenho conforme vistas acima.

O período de análise é o ano de 2009.

1.7 Estrutura do Trabalho

O presente trabalho está estruturado e dividido em sete capítulos.

O primeiro capítulo é a introdução. Nesta seção é explicitada a

contextualização do problema, a definição dos termos, os objetivos finais e

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intermediários da pesquisa, a relevância do estudo, a delimitação do estudo e a

estrutura do trabalho.

O segundo capítulo pretende levantar as teorias de liderança com suas

abordagens e principais autores. A segunda parte desse capítulo analisará o

desempenho e suas relacionadas formas de mensuração.

O terceiro capítulo é a metodologia do trabalho, onde será apresentados

o tipo de pesquisa, a estratégia de investigação, o papel do pesquisador, o

procedimento de coleta e registro dos dados e as limitações do método de

pesquisa.

No quarto capítulo serão descritos os dois casos. As duas empresas

serão analisadas de acordo com suas estruturas, formas de atuação,

procedimentos, objetivos organizacionais e papel do fundador.

O quinto capítulo é a análise dos resultados das entrevistas com os

líderes e das pesquisas com os liderados. Esse capítulo pretende expor os tipos

de liderança de cada líder e o desempenho de mercado, financeiro e de clima

organizacional. Os resultados serão expostos e consolidados nesse capítulo.

O sexto capítulo compreende nas conclusões do confronto do referencial

teórico e dos resultados. Posteriormente às conclusões, serão abordadas as

recomendações e agenda de pesquisa.

Para finalizar, no último capítulo serão apresentadas as referências

bibliográficas.

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2 Referencial Teórico

Este capítulo pretende fundamentar os principais tópicos que serão

abordados no trabalho para melhor compreensão e definição dos temas.

O primeiro a ser analisado é a questão da liderança. Serão analisadas

algumas passagens sobre a evolução das teorias de liderança no intuito de

referenciar as características dos dois líderes das empresas do estudo em

questão.

O segundo momento desse capítulo pretende amarrar a discussão do

desempenho para definir o que vai ser chamado de desempenho organizacional.

Após serem vistas algumas teorias e indicadores de desempenho, será

escolhida a teoria que melhor se aplique no modelo do presente estudo de caso.

As teorias sobre desempenho serão divididas em Desempenho Financeiro,

Desempenho não Financeiro e Desempenho Híbrido.

O referencial teórico servirá como “pano de fundo” para corroborar ou

divergir com os resultados da pesquisa.

2.1 Liderança

2.1.1 Definições de Liderança

Segundo Hersey & Blanchard (1986; pág. 4):

“A liderança ocorre sempre que alguém procura influenciar o comportamento de um indivíduo ou de um grupo, qualquer que seja a finalidade. Pode ser exercida visando objetivos pessoais ou objetivos de terceiros, que podem ser coerentes ou não com os objetivos organizacionais”.

Já Blake & Mounton (1995) consideram a natureza da liderança como fator

significativo para o sucesso e o insucesso da empresa.

Em uma compilação de literatura, Bergamini (1982) em citação a Fieldler

aponta uma série de definições para a liderança:

“Liderança é o exercício da autoridade e da tomada de decisões.”

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“Liderança é dar início a atos que resultam em um padrão consistente de interpretação global voltada à solução de problemas que são mútuos.”

“O Líder é uma pessoa que mais de perto atende às normas e aos valores do grupo; essa conformidade dá a ela a mais alta posição, que atrai as pessoas e implica o direito de assumir o controle do grupo.”

“Liderança é uma habilidade de persuadir ou dirigir as pessoas sem o uso do prestígio ou da força de uma autoridade formal, ou de circunstâncias externas .”

“O líder é a pessoa que consegue as mudanças mais efetivas no desempenho do grupo.”

“O líder é aquele que inicia e facilita a interação entre os membros do grupo.” “A liderança é o processo de influenciar as atividades do grupo através da

colocação e da chegada a objetivos.” “O líder é aquela pessoa identificada e aceita como tal pelos seus seguidores.”

2.1.2 Principais correntes sobre liderança

Ao longo dos anos foram pesquisadas diversas teorias sobre o fenômeno

chamado liderança. Algumas dessas teorias serão analisadas nessa seção para

servir como base teórica da analise e interpretação dos resultados gerados pela

pesquisa.

A primeira corrente a ser estudada é a teoria dos traços de

personalidade. Essa corrente defende que o líder possui características

específicas inatas ou essas características são fomentadas dentro do indivíduo

ao longo de sua vida. Logo em seguida será abordada a teoria dos estilos de

liderança afirmando que a liderança é exercida de acordo com o estilo de gestão

da pessoa. Para finalizar a última corrente a ser vista é a liderança contingencial

ou situacional. Sendo um dos mais recentes estudos sobre esse fenômeno, a

liderança situacional tem como base a liderança do indivíduo de acordo com seu

estilo versus o contexto (situação) em que a liderança é exercida.

2.1.2.1 Teoria dos Traços de Personalidade

As primeiras pesquisas sobre liderança, a Teoria dos Traços de

Personalidade (Stogdill, 1948), teve sua origem nos anos 20 e distinguia o líder

dos liderados por meio de características de personalidade, podendo estas ser

físicas ou habilidades cognitivas.

De acordo com Hersey & Blanchard (1986), os traços mais comuns entre

os líderes era a força física, a amabilidade e a inteligência. As pessoas que não

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possuíssem essas características não poderiam ser treinadas para ser líder, ou

seja, essas características deveriam ser inatas.

Estudos posteriores revelaram que a teoria dos traços de personalidade

não conseguia explicar o fenômeno da liderança como característica inata. De

acordo com Jennings (1970), esses anos de estudo não conseguiram apresentar

nenhum traço ou conjunto de qualidades que distinguisse líderes e não líderes.

2.1.2.2 Teoria dos Estilos de Liderança

2.1.2.2.1 White e Lippitt (1939)

Depois da Teoria dos traços de personalidade, a teoria seguinte que

estudou o fenômeno da liderança foi a Teoria dos Estilos de Liderança

apresentada por White e Lippitt em 1939 (WHITE; LIPPITT, 1960).

Os estilos de liderança de acordo com White e Lippitt (1960) eram

divididos em três: Autoritário, democrático e Liberal (laissez-faire).

A tabela 1 apresenta um resumo de como eram os três diferentes estilos

de liderança:

Tabela 1: Estilos de Liderança de White e Lippitt

Autocrática Democrática Liberal (laissez-faire) Apenas o líder estabelece as diretrizes, sem qualquer participação do grupo.

As diretrizes são debatidas e decididas pelo grupo, estimulado e assistido pelo líder.

Há liberdade completa para as decisões grupais ou individuais, com a participação mínima do líder.

O líder determina as providências e as técnicas para a execução das tarefas, cada uma por sua vez, à medida que se tornam necessárias e de modo imprevisível para o grupo.

O próprio grupo esboça as providências e as técnicas para atingir o alvo, solicitando aconselhamento técnico ao líder quando necessário, passando este a sugerir duas ou mais alternativas para o grupo escolher. As tarefas ganham novas perspectivas com os debates.

A participação do líder no debate é limitada, apresentando apenas materiais variados ao grupo, esclarecendo que poderia fornecer informações desde que as fossem solicitadas.

O líder determina qual a tarefa que cada um deve executar e qual o seu companheiro de trabalho.

A divisão de tarefas fica a critério do próprio grupo e cada membro tem liberdade de escolher os seus

Tanto a divisão das tarefas como a escolha dos companheiros ficam a cargo do grupo. Absoluta falta de

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companheiros de trabalho. participação do líder. O líder é dominador e "pessoal" nos elogios e nas criticas ao trabalho de cada membro.

O líder procura ser um membro normal do grupo, em espírito, sem encarregar-se muito das tarefas. O líder é objetivo e limita-se aos fatos nas suas criticas e elogios.

O líder não faz nenhuma tentativa de avaliar ou de regular o curso dos acontecimentos. O líder somente faz comentários irregulares sobre as atividades dos membros quando questionado.

Fonte: White e Lippitt (1960)

2.1.2.2.2 Grid Gerencial (Blake e Mouton 1964)

O grid gerencial proposto por Blake e Mouton (1995) é um quadro que

consiste em identificar o momento ou o que faz com que as pessoas estejam

encaixadas dentro do grid de acordo com seus graus de interesse pelas pessoas

ou pela realização das tarefas. Os interesses podem também ser por ambos ou

por nenhum dos dois de acordo com as escalas demonstradas na figura a

seguir:

Figura 1: Grid Gerencial

Fonte: Blake e Mouton (1995)

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Para explicar a proposta dos autores, segue abaixo a tabela 2:

Tabela 2: Significado das áreas do Grid Gerencial

Estilos Significado dos Estilos 1.9 Gerência de Clube Campestre

A atenção cuidadosa às necessidades das pessoas visando um relacionamento satisfatório conduz a um ambiente organizacional e a um ritmo de trabalho cordiais e descontraídos.

9.9 Gerência de Equipe A realização do trabalho por parte de pessoas ativamente envolvidas; a interdependência através de um interesse comum nos propósitos da organização conduz a relações de confiança e respeito.

5.5 Gerência do Homem Organizacional O desempenho adequado da organização se torna possível equilibrando a necessidade de realizar o trabalho e a manutenção em um nível satisfatório da disposição de ânimo das pessoas.

1.1 Gerência Empobrecida O uso do menor esforço possível na realização do trabalho é o bastante para manter a participação organizacional.

9.1 Autoridade / Obediênc ia A eficiência das atividades resulta nas medidas relacionadas com as condições de trabalho no sentido de que os elementos humanos interfiram o mínimo possível.

Fonte: Blake e Mouton (1995)

2.1.2.3 Teorias situacionais ou contingenciais da liderança

A liderança Situacional, como o nome já diz, é voltada para situações

diferentes, ou seja, ela se molda a diferentes cenários. Ela é uma evolução da

teoria de estilos, pois nesse caso o estilo tem que e ajustar à situação.

O principal problema que essa teoria busca resolver é descobrir qual

estilo se ajusta a qual situação. Para isso é preciso resolver como avaliar a

situação.

A Liderança Situacional tem como proposta e princípio, o

desenvolvimento de um referencial conceitual que procura destacar as variáveis

situacionais chaves. Esse enfoque utiliza dados básicos como percepções e

observações feitas pelos administradores no seu próprio ambiente de

administração.

A Liderança Situacional é uma forma de conseguir melhores resultados e

maior motivação dos empregados no ambiente de trabalho. A Teoria da

Liderança Situacional como uma ferramenta gerencial ao ser adotada de forma

apropriada pode influenciar na eficácia organizacional.

A seguir, algumas teorias sobre liderança situacional serão apresentadas.

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2.1.2.3.1 Tannenbaum e Schmidt

Tannenbaum e Schmidt (1986) apresentam em seu modelo uma escala

de sete pontos, que varia num contínuo entre os conceitos de autoridade

(autoritarismo) e liberdade (democracia).

A seguir a figura 2 ilustra a teoria dos dois autores:

Figura 2: Modelo de Liderança Situacional de Tannenbaum e Schmidt

Fonte: Tannenbaum e Schmidt (1986)

Interpretando esse quadro conclui-se que quando as tarefas são

rotineiras e repetitivas, a liderança é centralizada na figura do líder e o ponto

situa-se próximo à extrema esquerda do quadro.

Quando ocorre o contrário, ou seja, quando as tarefas são complexas e

exige maior participação dos subordinados, o ponto pode estar mais situado na

direita do gráfico.

Algumas vezes esse contínuo se estende além do comportamento do

líder democrático até incluir um estilo laissez-faire, que permite aos

subordinados fazerem o que quiserem. Não estar incluído no contínuo pode

significar ausência de liderança.

Neste modelo a estratégia do líder é baseada em três forças: primeiro,

nas forças do líder (seus valores, sua competência); segundo, nas forças do

grupo subordinado (suas necessidades de independência ou dependência,

responsabilidade, conhecimento e experiência) e, por último, nas forças da

situação (o tipo de organização, natureza da tarefa e tempo).

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2.1.2.3.2 Hersey e Blanchard (1969)

Em 1969, Hersey e Blanchard criaram um modelo de liderança

situacional que permite analisar a necessidade de cada situação e adotar o mais

apropriado estilo de liderança.

O modelo é baseado de acordo com a inter-relação entre três variáveis:

Comportamento das Tarefas, Comportamento do Relacionamento e nível de

Maturidade ou Desenvolvimento dos liderados.

Para entender a pesquisa é necessário antes explicarmos os conceitos

de maturidade e dar escalas aos níveis.

Maturidade para Hersey e Blanchard (1986), é:

“(...) capacidade e a disposição das pessoas de assumir a responsabilidade de dirigir seu próprio comportamento”.

A Maturidade é classificada numa escala de um a quatro, sendo a

primeira escala o menor grau de maturidade e a quarta escala o maior (M1, M2,

M3, M4).

Segundo o autor, M1 é a incapacidade de realização das tarefas pelas

pessoas aliadas à falta de vontade para assumir responsabilidades. A M2 é uma

insuficiência nessa capacidade, enquanto na M3 as pessoas demonstram

capacidades de realização das tarefas, mas com motivações instáveis. No último

grau de maturidade, o M4, as pessoas demonstram grande capacidade de

realizar as tarefas e alta motivação para assumir responsabilidades.

Visto os quatro graus de maturidade, a próxima etapa é desenhar os

diferentes estilos de liderança propostos por Hersey e Blanchard (1986).

E1: Determinador – Altamente orientado para as tarefas e baixo

relacionamento. Os subordinados são informados sobre as tarefas pelo líder que

define os papéis.

E2: Persuasão / Vendedor – Alta orientação para as tarefas e alta

orientação para as pessoas. Nesse caso, além de direção, o líder dá apoio aos

subordinados para que eles executem as tarefas conforme ele as definiu e

estruturou.

E3: Compartilhador – Baixa ênfase nas tarefas e alta orientação para as

pessoas. O processo de decisão é dividido entre líderes e liderados e o líder

funciona como comunicador e facilitador.

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E4: Delegado – Baixa ênfase nas tarefas e baixo relacionamento com as

pessoas. O líder quase não assiste aos subordinados. Na maioria das vezes

esse estilo de liderança funciona quando os colaboradores tem alto grau de

maturidade para desempenhar as tarefas.

Segue abaixo o quadro que resume a teoria de liderança Situacional de

Hersey e Blanchard:

Figura 3: Modelo de Liderança Situacional de Hersey e Blanchard

Fonte: Hersey e Blanchard (1986).

2.1.2.3.3 Evolução das teorias contingências de liderança

Como extensão das teorias contingenciais de liderança alguns autores

pesquisaram sobre o fenômeno da liderança transacional e da liderança

transformacional ou também conhecida como carismática transformacional (Bass

et al; 2003). O primeiro a pesquisar sobre o assunto foi Burns (1978) num estudo

de várias biografias de políticos. Burns afirma que um líder transacional lidera

em busca de metas e o faz através do autoritarismo, enquanto um líder de estilo

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transformacional busca inspirar e transformar seus colaboradores para obterem

resultados extraordinários.

Em seguida, Bass aprimorou o estudo de Burns sobre liderança

transacional e transformacional. Segundo Bass & Avolio (1993), a liderança

transacional é caracterizada principalmente pela existência de relações

contratuais implícitas e explícitas entre líderes e liderados. A motivação para o

trabalho depende do preço pago aos trabalhadores, ou seja, uma relação de

troca (transação) entre salário e desempenho nas tarefas. Nesse estilo de

liderança é comum existir na empresa códigos de conduta e remuneração por

cumprimento de metas. O comprometimento da equipe com as metas da

empresa é de curto prazo. A empresa se torna um mercado de recompensas

individuais e disputas internas por benefícios no desempenho das tarefas e

cumprimento das metas. A cooperação depende das negociações em prol da

recompensa individual de cada indivíduo.

Por outro lado, Bass & Avolio (1993) afirmam que há uma maior

integração e senso de família em empresas onde o líder tem características

transformacionais . Os comprometimentos são de longo prazo. O líder atua

para transformar e motivar a equipe na busca de interesses mútuos que acabam

beneficiando a empresa de modo geral. O foco no desempenho das tarefas não

deixa de existir, porém ele ocorre ao mesmo tempo em que há uma adequação a

estratégia global da empresa de longo prazo.

O estilo de liderança transacional está intimamente ligado ao poder que o

líder exerce sobre os subordinados. As principais características da liderança

transacional são, entre outras: competitividade, autoridade hierárquica, alto

controle do líder, resolução analítica de problemas, determinação de objetivos e

processos racionais de troca (Kark; 2004).

Para Bass (1990), o líder transacional pode gerenciar a partir de quatro

diferentes características:

• Recompensa Contingente: Relações de troca de cumprimento nas

tarefas por recompensas ou benefícios;

• Gestão por exceção (ativa): O líder fica atento às tarefas

desempenhadas dos subordinados e toma atitudes corretivas

quando alguém descumpre as normas;

• Gestão por exceção (passiva): O líder só atua quando não há o

cumprimento das regras;

• Lassez-Faire: O líder evita tomar decisões e se exime de

responsabilidades.

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De forma diferente, o líder transformacional visa o desenvolvimento de

seus seguidores com técnicas de empowerment (delegação voluntária de poder).

De acordo com Kark (2004), as características dos líderes transformacionais

são: cooperação, colaboração, baixo controle e solução de problemas baseadas

na intuição e racionalidade.

Segundo Bass et al (2003) o líder transformacional possui quatro

características particulares (4 I’s):

• Influenciadores e Idealizadores: Os líderes são admirados,

respeitados e confiáveis. Os líderes dividem as responsabilidades e

os riscos com os seus seguidores e consideram as necessidades

da equipe como suas próprias necessidades;

• Inspiradores e Motivadores: Os líderes estimulam a equipe. São

otimistas e proporcionam desafios em busca de um futuro melhor

para cada membro da equipe;

• Estimulação Intelectual: Os líderes encorajam os seguidores a

serem criativos e inovadores. Trabalham em conjunto para fazer

com que os seguidores percebam uma situação do passado como

oportunidade presente de melhoria;

• Consideração Individualizada: Os líderes dão atenção a cada

membro da equipe para ajudá-los a cumprir seus objetivos, fazendo

um papel de mentor ou treinador. Os seguidores são desenvolvidos

pelos líderes para atingir seus melhores níveis de eficiência

operacional e as diferenças são reconhecidas pela equipe, não

criticadas.

2.1.3 Representação gráfica das teorias sobre liderança

Tabela 3: Teorias / Autores / Obra

Teoria de Liderança Autores / Ano Obra

Teoria dos Traços Stogdill / 1948 Personal factors associates with leadership

Teoria dos Estilos White e Lippitt / 1939 Autocracy and democracy: a

experimental inquiry Blake e Mouton / 1964 O Grid Gerencial III

Teoria Situacional

Tannenbaum e Schmidt / 1958 Como escolher um padrão de liderança

Hersey e Blanchard / 1969 Psicologia para administradores

Bass / 1978 Liderança Transacional e Liderança Transformacional

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2.1.4 A Escolha da teoria sobre liderança a ser utilizad a na pesquisa

Para fins de pesquisa a teoria contingencial de liderança será utilizada

por ser uma teoria recente sobre o tema liderança. O foco será dado nas

diferenças entre as lideranças transacionais e transformacionais por explicar

melhor o fenômeno dos estilos de liderança de acordo com as situações

presenciadas nas empresas.

2.2 Teorias sobre o desempenho

2.2.1 Definições

Segundo a língua portuguesa umas das definições do termo

desempenho, de origem inglesa, corresponde à execução de um trabalho,

atividade, empreendimento, etc., que exige competência e/ou eficiência

(Ferreira, 1999).

No campo da administração, Carneiro et al (2007) afirmam haver muitas

definições para desempenho e pouco consenso entre a melhor definição ou

quais critérios deveriam ser adotados devido a diferentes abordagens. O autor

sugere que desempenho deveria ser definido em torno de quatro abordagens

principais: Sobrevivência, Medidas contábeis, perspectivas de múltiplos

stakeholders e medidas de valor presente.

A partir dessa linha, Carneiro et al (2007) concordam que a definição de

desempenho organizacional deveria ser orientada pelos objetivos específicos da

empresa para suas unidades de negócios sendo desenhada a partir de um

conjunto de itens que deveriam ser medidos.

Para Neely et al (1995) desempenho organizacional é o processo de

quantificar a eficiência e eficácia das ações.

Em uma definição mais sofisticada, Fernandes (2006) busca relacionar o

desempenho como o resultado do trabalho e a estratégia que foi definida

anteriormente. O autor em sua obra, Competências e desempenho

organizacional procura alinhar estratégias, competências organizacionais e

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humanas, recursos e desempenho organizacional e um sistema de mensuração

do desempenho, que sintoniza as ações em todas essas áreas.

Fischmann e Zilber (2000) afirmam que no âmbito organizacional uma

possível definição de desempenho seria a capacidade de a empresa atingir seus

objetivos estratégicos baseado nas implementações das estratégias no seu

planejamento.

Mac Arthur (1996) conceitua indicador de desempenho como sendo a

quantificação de como estão sendo realizadas as atividades, com o propósito de

compará-las às metas especificadas.

Para Callado et al (2008), uma correta definição sobre um indicador de

desempenho consiste no primeiro passo para o entendimento de seu significado

institucional, bem como a visualização da amplitude de sua aplicação.

O objetivo neste presente estudo não é listar todas as definições ou

possíveis definições sobre desempenho nem eleger uma melhor definição para o

termo. A conceituação serve apenas para dar continuidade aos estudos sobre

como a liderança afeta no desempenho dos casos em questão.

2.2.2 Importância do estudo do desempenho

Se você não pode medir, você não pode gerenciar.

Peter Drucker

Autores como Venkatraman e Ramanujam (1986) defendem a teoria de

que o sucesso no desempenho organizacional é o centro do gerenciamento

estratégico em uma empresa. A importância do desempenho nos negócios está

presente nas três dimensões: teórica, empírica e gerencial.

Podemos extrair várias vantagens da utilização dos sistemas de medição

de desempenho. Um deles é o suporte ao planejamento estratégico quando os

sistemas de medição de desempenho monitoram o cumprimento da estratégia.

Outro papel importante é na execução da estratégia, pois a definição das

métricas pode ser capaz de comunicar de forma mais clara a estratégia da

empresa, possibilitando assim o melhor entendimento quanto aos objetivos a

serem alcançados. O controle e a medição do desempenho produzem insumos

benéficos à tomada de decisões da empresa, ou seja, permite a projeção e

interpretação de cenários futuros (Natal, 2005).

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Dito isto, pode-se inferir que os sistemas de controle e medição de

desempenho organizacional podem aumentar a competitividade da empresa.

Neely (1999) destacou sete razões principais para se adotar medidas de

desempenho nas empresas:

• Mudança nas naturezas do trabalho;

• Aumento da competição;

• Iniciativas isoladas de melhorias;

• Certificados internacionais e nacionais de qualidade;

• Mudança das regras organizacionais;

• Mudança nas demandas externas;

• Poder da tecnologia da informação.

2.2.3 Problemas e limitações em medir o desempenho

Apesar da definição de desempenho ser convergente para muitos

autores, sua forma de mensuração e métricas é visto como um tema divergente

e amplamente pesquisado no campo da administração (FEY; DENISON, 2003).

Neely et al (1995) afirmaram que os estudos sobre o tema desempenho

são diversos na literatura. Os autores individualmente tendem a focar em

diferentes aspectos ao elaborar um conjunto de medidas de desempenho.

Outro problema na literatura é o tratamento do desempenho. Muitos

autores, como Macedo-Soares (2000), abordaram em seus trabalhos o

desempenho como uma variável dependente. A autora desenvolveu um modelo

integrativo de estratégia empresarial que estudou as variáveis que influenciam

os fatores de sucesso na empresa. Dentre as variáveis, Macedo-Soares

destacou como variáveis principais e independentes: pessoas, fatores internos

organizacionais e tecnologias. No entanto, como dito anteriormente, o

desempenho foi estudado como dependente dessas variáveis principais.

Esse tipo de análise adotada por muitos autores dificulta a análise e

medição do desempenho empresarial.

Além de Macedo-Soares (2000), outros autores como March e Sutton

(1997) também afirmaram que o desempenho é dado como variável dependente

na empresa. No entanto, esses autores citam a necessidade de dar foco primário

ao desempenho como uma variável a ser estudada, compreendida e moldada.

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March e Sutton (1997) identificaram três principais problemas no estudo

do desempenho organizacional: O primeiro diz respeito à influência positiva do

desempenho passado no desempenho presente. Os autores afirmam que as

pessoas são mais criativas, persistentes, solicitas e mais aptas a tomarem

decisões quando experimentam resultados anteriores satisfatórios, ou seja, o

desempenho seria influenciado por uma motivação anterior; Ao mesmo tempo,

eles relatam que o desempenho pode também ser influenciado por um resultado

anterior negativo com a busca pessoal de melhorias (tendência de contra-poder

do desempenho); Por último, os autores relatam que os efeitos de curto prazo de

alguns mecanismos parecem ser divergentes dos efeitos de longo prazo.

Dess e Robinson Jr (1984) defendem a teoria de que a dificuldade de

medir o desempenho em pequenas empresas é devido à noção de sucesso /

fracasso que tais empresas enxergam a ótica do desempenho da empresa. Para

os autores essa noção oferece uma medida limitada de desempenho. Existe

também uma dificuldade de se obter medidas formais de desempenho nessas

empresas. Em primeiro lugar os autores citam uma dificuldade no acesso às

informações que não são públicas. Em segundo lugar, mesmo que as

informações são disponíveis existe uma grande chance de essas informações

estarem erradas devido às diferenças de processos contábeis.

Neely et al (1995) concluíram que um dos principais fatores para não se

utilizar métricas de desempenho nas pequenas e médias empresas é o custo.

Em uma das entrevistas, os autores relatam que o desempenho é medido pelo

sentimento dos administradores, mesmo quando os números não conferem e

que medidas de desempenho é luxo, o mais comum é relatar o sucesso ou o

fracasso.

Visto a importância e as limitações do estudo do desempenho, na

próxima seção será feita uma classificação entre os indicadores desempenho

quanto a sua natureza. O objetivo dessa análise é descrever a diferença entre os

tipos de indicadores de desempenho bem como abordar os autores que

elaboraram as métricas de desempenho em suas pesquisas com as categorias

destacadas abaixo.

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2.2.4 Classificação dos indicadores de desempenho

O tema em questão pode ser classificado de diversas maneiras por

diversos autores. Numa tentativa de englobar todas as questões relativas ao

desempenho, Carneiro et al (2007) classificaram as dimensões do desempenho

de acordo com suas naturezas conceituais e metodológicas. Em respeito às

dimensões conceituais o autor separou o desempenho de acordo em: as óticas

dos Stakeholders, classes de medida, perspectivas de referência e orientação

temporal. Para as questões metodológicas os subgrupos são: nível de análise,

objetividade dos dados e fonte dos dados. A tabela a seguir enumera todas as

variáveis do modelo:

Tabela 4: Modelo genérico para caracterização do desempenho organizacional

Fonte: Carneiro et al (2007)

Carneiro et al (2007) ainda sugerem que cada stakeholder tem uma

expectativa diferente e por isso o desempenho deve ser medido em diversas

dimensões. A tabela abaixo mostra essa análise combinada entre os diferentes

stakeholders e suas demandas de desempenho organizacional:

Tabela 5: Visão Parcial das contribuições e expectativas de diversos

Stakeholders

Fonte: Carneiro et al (2007)

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O objetivo proposto pelos autores seria a empresa alcançar no curto e

no longo prazo um certo equilíbrio nos níveis de desempenho, de acordo com as

diversas óticas envolvidas.

Segundo Natal (2005), diversos autores separam os indicadores de

desempenho em dois tipos: financeiros e não-financeiros. Seguindo essa

mesma linha, Paleias (1997; apud Teló, 2001) identifica que as métricas ou

parâmetros de desempenho podem ser classificados como físicos, financeiros ou

ambos.

Para Macedo & Silva (2004), os métodos de classificação que

consideram aspectos financeiros e não financeiros tendem a assumir uma

importância especial, visto que o desempenho acaba por ser afetado por

variáveis de ambas as naturezas. As métricas financeiras avaliam, de forma

geral, o resultado econômico e financeiro da empresa. Essa forma é clara e

objetiva quando apenas estamos avaliando números. A segunda métrica, a

física, é uma forma subjetiva de avaliar os resultados atingidos. Essa forma

subjetiva é a métrica que não envolve números. Por esse motivo, ela será

chamada de medidor não financeiro. Alguns exemplos de métricas não

financeiras são: participação de mercado, volume de produção, clima

organizacional, satisfação dos consumidores, cultura empresarial, satisfação da

alta diretoria, entre outras.

Para Morissete (1977), indicador financeiro é uma medida quantitativa,

expressa em valor monetário, resultante das ações tomadas pelas empresas.

Como exemplos de indicadores financeiros têm-se o lucro e o retorno sobre os

investimentos. Já o indicador não-financeiro é uma medida quantitativa que não

será expressa em valor monetário, ou seja, o indicador não-financeiro é

apresentado em uma métrica diferente de uma unidade monetária. Como

exemplos de indicadores não-financeiros têm-se participação no mercado e

evolução do volume de produção.

Existe também a incorporação das duas métricas para avaliar o

desempenho da empresa. Essa forma será chamada de modelo híbrido de

avaliação de desempenho que compreende num modelo financeiro e não

financeiro ao mesmo tempo.

Essas três divisões serão utilizadas para analisar os autores na próxima

seção.

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2.2.4.1 Indicadores Financeiros de Desempenho

As medidas financeiras de desempenho também podem ser chamadas

de indicadores contábeis de desempenho da empresa. Elas produzem

indicadores referentes ao passado das empresas. Podem ser divididos em

valores absolutos ou relativos. Os valores absolutos são os pontuais e os

relativos são aqueles que são comparados com outros períodos.

Alguns índices absolutos são: faturamento, lucro, volume de vendas e

número de funcionários (RIBEIRO, 2004).

Com relação aos índices relativos de desempenho temos a análise

vertical e horizontal. Segundo Ludícibus & Marion (2007), a análise horizontal é

uma análise de variação de uma conta ou grupo de contas no balanço em dois

ou mais anos com um valor base de 100 para o ano que queremos começar a

análise. A análise vertical é uma comparação no mesmo ano extraindo-se

variações percentuais entre itens pertencentes a uma mesa demonstração

financeira.

Continuando com os itens relativos de desempenho temos os índices de

análise de demonstrações financeiras da contabilidade empresarial. Segundo

Brigham et al (2001), os índices de demonstrações financeiras são divididos em

três grupos:

• Índice de Liquidez : Esses índices tem como objetivo medir a

capacidade de solvência da empresa, ou seja, o quanto ela pode,

com seus recursos próprios (ativos) cumprir com as obrigações.

Esse índice faz relação às contas do passivo da empresa com as

contas do passivo. Os dois principais índices dentro desse grupo

são: Índice de liquidez corrente e índice de liquidez seco. A

diferença de um item para o outro é que o primeiro mede o grau de

solvência da empresa com os recursos circulantes da empresa e o

outro também, porém com exceção dos estoques.

• Índice de administração de ativos ou índice de ativ idade : As

principais medidas desse item são os giros dos estoques que

medem a quantidade de mercadorias que foram vendidas sobre a

quantidade de mercadorias em estoque, o prazo médio de

recebimento dos clientes, o prazo médio de pagamento aos

fornecedores e o índice de giro dos ativos da empresa.

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• Índice de Endividamento: Mede o quanto a empresa se endividou

em relação a seus ativos. Dentre os sub índices desse grupo estão

o índice de endividamento, o grau de cobertura dos juros e o grau

de cobertura das despesas financeiras fixas.

• Índice de Lucratividade: Esses indicadores mostram os efeitos

combinados da liquidez, do gerenciamento de ativos e da dívida

sobre o resultado operacional da empresa. A principal medida

financeira e mais utilizada pelos administradores é o retorno sobre o

patrimônio líquido (ROE), pois mede o quanto a empresa remunera

o investimento dos acionistas. Outros índices também fazendo parte

do índice de lucratividade como a margem de lucro sobre as

vendas, a capacidade de geração de lucros, a margem de lucro

operacional e o retorno sobre os ativos totais. Dessa última métrica

pode-se calcular em quanto tempo a empresa pode pagar seu

investimento inicial de constituição.

• Índice de valor de mercado: Esse índice relaciona o valor das

ações da empresa ao seu lucro e ao valor de livro das ações. Os

índices são: índice preço/lucros e índice valor de mercado/valor de

livro.

2.2.4.2 Indicadores não Financeiros de Desempenho

Uma série de fatores intangíveis no mundo competitivo atual torna

inviável a mensuração do desempenho empresarial exclusivamente pelo

método financeiro (RANGONE, 1997).

Para Natal (2005) a utilização de indicadores capazes de expressar

outras realidades fora da visão financeira e contábil tradicionais mostrou-se

necessária ao longo do tempo, tendo sido discutida por diversos autores.

Segundo Kaplan & Norton (2005), os medidores financeiros de

desempenho foram eficazes para medir o desempenho das empresas na era

industrial, porém num mundo atual dinâmico e competitivo esses medidores

estão obsoletos, pois estes são indicadores de ocorrência, ou seja, que explicam

o passado. Eles traduzem parte de fatos passados que aconteceram nas

empresas, porém não orientam para a tomada de decisões futuras. Para

adicionar, os autores defendem que nenhum indicador isolado irá abranger todas

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as áreas da empresa ao mesmo tempo, nem prover uma representação do

desempenho da empresa como um todo.

Banker et al (2000) definem que as métricas não-financeiras são

melhores indicadores de medidas de desempenho no longo prazo que as

medidas financeiras. Eles explicam que as medidas não-financeiras auxiliam os

gestores a focarem suas ações em perspectivas futuras.

Num estudo realizado por Low e Siesfeld (1998) sobre a visão holística

do desempenho os autores relataram que a maioria das decisões é influenciada

pelas informações relativas ao desempenho não financeiro das empresas.

Segundo os autores, analistas que deram ênfase nas variáveis não financeiras

foram os que produziram melhores previsões sobre rendimentos na aplicação de

recursos no mercado de capitais americano.

Miranda et al (2001; apud CALLADO et al, 2008) afirmam que a

complexidade na tomada de decisões é devido ao grande número de variáveis

que lidamos no dia-a-dia. Por isso, índices financeiros apenas não são

suficientes para medir o desempenho da empresa como era feito no passado.

A competitividade global trouxe novas doutrinas de indicadores de

desempenho como o Just-in-time, TQM e Flexible Factors. Para Chen e Cheng

(2007), isso fez com que as empresas prestassem mais atenção em indicadores

de desempenho nas áreas de qualidade, flexibilidade e responsabilidades.

Kanji e Sá (2007) vão além ao afirmar que existem indicadores

complexos com dados não financeiros, porém poucos focam a qualidade nos

serviços prestados, a satisfação dos consumidores e objetivos alcançados. Em

adição, poucos indicadores focam na perspectiva do consumidor. Os próprios

autores defendem que as medidas de desempenho são realizadas,

principalmente, em organizações eficientes. As organizações pouco eficientes

desejam esconder seus erros.

A tabela 6 mostra as diferenças entre a visão clássica dos indicadores de

desempenho e a visão inovadora:

Tabela 6: Visão tradicional versus inovadora de medidores de desempenho

Sistemas de Métricas Tradicionais Sistemas de Métricas Inovadoras

Foco Unidimensional (Indicadores Financeiros) Foco Multidimensional (Combinam uma

variedade de Indicadores)

Baseado no custo/oportunidade Baseado no Valor

Orientação de Curto Prazo Orientação de Longo Prazo

Medidores de desempenho isolados Medidores interdependentes

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Ênfase no desempenho individual Ênfase no desempenho do time

Predominância de medidas funcionais Medidas Transversais (processos)

Foco no controle Foco no aprendizado

Visão determinística da empresa e do contexto Aceita incertezas e necessidades de

permanente revisão nos indicadores

Fonte: Adaptação de Kanji e Sá (2007)

Neely (1999) numa compilação de autores faz uma lista de desvantagens

ao utilizar apenas medidas financeiras para medir o desempenho de uma

empresa:

• As medidas encorajam o curto prazo;

• Falta de dimensão estratégica e falha ao tratar a qualidade,

responsividade e flexibilidade;

• Encoraja a otimização local;

• Desestimulam a continuidade das melhorias;

• Falham ao não considerar informações sobre clientes e

concorrentes.

No entanto, a utilização de medidores não-financeiros pode levar alguns

empresários a cair em certas armadilhas. Segundo Lanz (2004) um desempenho

satisfatório na ótica dos consumidores pode significar que a organização oferece

boa qualidade nos produtos e serviços com preço satisfatório para os clientes.

Esse preço satisfatório para os clientes pode não ser satisfatório para os

interessados nos lucros da empresa, fazendo com que, pela ótica da empresa, o

desempenho não seja satisfatório. O mesmo pode ocorrer com os funcionários

que podem não estão satisfeitos com os salários, porém no ponto de vista da

organização estes recebem um bom salário por suas funções.

Por isso é necessário a utilização correta dos medidores de desempenho

e ponderar o desempenho de acordo com cada parte envolvida segundo a

metodologia de Carneiro et al (2007). O indicador global de desempenho é

composto por várias partes envolvidas e stakeholders diversos. A correta

mensuração depende de cada visão a respeito do assunto e do correto

balanceamento entre essas áreas. Logo a seguir veremos alguns autores que

contribuíram em suas abordagens para desenvolver um método eficaz de

mensuração do desempenho global de uma empresa.

Autores consagrados como Jacobson (1992), incluíram os ativos

invisíveis (indicadores não financeiros) como principais fontes criadoras de

vantagem competitiva sustentável. Em seu estudo da Escola Austríaca de

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Estratégia, Jacobson menciona tecnologias, banco de informações sobre

consumidores, marca, reputação organizacional, cultura da empresa e habilidade

gerencial como ativos invisíveis de difícil imitação.

Marcoulides e Heck (1993) também estudaram a relação entre cultura e

desempenho organizacional. A proposta é de um modelo que mede 26 variáveis

num contexto de cinco dimensões como expostas na figura 4:

Figura 4: Modelo das variáveis que influenciam o desempenho organizacional

Fonte: Marcoulides e Heck (1993)

O desempenho por sua vez é medido através das variáveis: • Volumes

• Penetração de mercado

• Lucratividade

• Retorno

Gordon (1985; apud LANZ, 2004) em seu estudo empírico identificou 11

dimensões culturais que influenciavam no desempenho da empresa. A tabela 7

explicita as dimensões culturais versus o conteúdo:

Estrutura e propósito da organização

Valores organizacionais

Organizaçãode tarefa

Clima organizacional

Atitudes e objetivos do trabalhador

Performance

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Tabela 7: Dimensões Culturais e Conteúdo

Dimensões Culturais Conteúdo

1. Clareza de Direção Objetivos claros e planos compatíveis

2. Alcance Organizacional Metas ousadas e inovadoras

3. Integração Operar de maneira coordenada; interdependência horizontal

4. Contato Administração Superior Interdependência vertical

5. Encorajar Iniciativa Pessoal Liberdade de agir, inovar e assumir riscos

6. Resolução de Conflitos Encorajar discussão de conflitos e críticas abertamente

7. Clareza de Desempenho Tornar claras as expectativas do desempenho da companhia

8. Ênfase no Desempenho Expectativas de altos níveis de desempenho e responsabilidade pessoal dos empregados em atingi-los

9. Orientação para Ação Periodicidade das decisões tomadas, senso de urgência para agir

10. Compensação Percepção dos empregados sobre como estão sendo pagos, competitivamente e com justiça

11. Desenvolvimento de Recursos Humanos Oportunidade para crescer e desenvolver-se na companhia.

Fonte: GORDON, G. G. The relationship of corporate culture to industry Se ctor and

Corporate Performance . 1985. In: Dissertação Luciano Lanz (2004)

Callado et al (2008) numa pesquisa das indústrias agropecuárias

identificaram os seguintes indicadores não financeiros para medir o desempenho

das empresas:

- participação no mercado;

- evolução do número de clientes;

- tempo de atendimento ao cliente;

- rotatividade de empregados;

- número de reclamações;

- tempo para a solução de reclamações;

- qualidade do produto;

- evolução do número de funcionários;

- fidelidade dos clientes;

- perfil do consumidor;

- volume de vendas;

- capacidade de produção;

- inovação;

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- valor da marca;

- investimento em treinamento;

- investimento em propaganda;

- investimento em modernização;

- investimento em ação social.

Chen e Cheng (2007) também utilizam indicadores não financeiros em

sua pesquisa do desempenho nas áreas de produção das empresas. Para Chen

e Cheng, o desempenho desses setores nas empresas é composto por: Índice

de reclamações, eficiência nas entregas, efetividade no equipamento e custo da

qualidade. Cada grupo de indicador é composto por outros sub indicadores que

ponderados por uma fórmula compõem o indicador global.

Kanji e Sá (2007) pesquisaram uma ferramenta para avaliação do

desempenho no setor público. A pesquisa defende que o desempenho deveria

ser medido sob duas vertentes: Liderança e Valores da Organização. A liderança

seria subdividida nas seguintes áreas: Prazer dos consumidores, gestão por

fatos, gestão orientada para pessoas, processo de melhoria contínua. Já os

valores organizacionais deveriam ser calculados de acordo com as seguintes

métricas: Excelência nos processos, aprendizado da organização e satisfação

dos stakeholders. A figura 5 mostra na íntegra o modelo de Kanji e Sá (2007):

Figura 5: Kanji’s Business Excellence Measurement System

Fonte: Kanji e Sá (2007)

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2.2.4.3 Indicadores Híbridos de Desempenho (Financeiro e Nã o Financeiro)

Caselani (2005) deixa clara a importância de se utilizar indicadores de

desempenho financeiros e não financeiros ao afirmar que os direcionadores não

financeiros estão associados à eficiência operacional da empresa e servem para

complementar a análise das informações financeiras. No entanto o autor ressalta

o problema da difícil mensuração desses direcionadores.

Para Natal (2005), o maior foco nas métricas não financeiras não significa

o esquecimento das métricas financeiras. Isso significa que a representação do

resultado final da empresa não depende apenas de indicadores financeiros, sim

de indicadores combinados (financeiros e não financeiros).

Um dos primeiros a analisar o desempenho sob a forma de financeira não

financeira foram Dess e Robinson Jr (1984). Os autores pesquisaram um modelo

com métricas objetivas e subjetivas para medidas de desempenho. O modelo é

sustentado em três principais pilares. Os dois primeiros estão relacionados a

métricas financeiras, e são: crescimento nas vendas e retorno total sobre ativos

após as taxas. Para fechar a metodologia de desempenho, a terceira métrica de

desempenho são perguntas subjetivas feitas para donos e funcionários a

respeito da percepção dos fatores de sucesso da empresa ou do desempenho

percebido por eles.

Venkatraman e Ramanujam (1986) defendem que o desempenho da

empresa pode ser medido sob três prismas: Desempenho financeiro,

Desempenho operacional e financeiro e Eficiência organizacional. A figura 6

ilustra o esquema proposto por Venkatraman e Ramanujam:

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Figura 6: Modelo de desempenho de Venkatraman e Ramanujam.

Fonte: Venkatraman e Ramanujam (1986).

Quanto ao desempenho financeiro, os autores atribuem a esse as

chamadas metas econômicas. O desempenho operacional ou organizacional

pode ser dado por várias maneiras. Alguns exemplos propostos pelos autores

são: Participação de mercado, introdução de novos produtos, qualidade,

eficiência das ferramentas de marketing, valor adicionado ao produto e outras

métricas de eficiências tecnológicas. A eficiência organizacional, que

compreende o círculo maior, é a soma das duas áreas para os autores mais o

desempenho geral da empresa. Além de dividir o desempenho em operacional e

financeiro, Venkatraman e Ramanujam (1986) correlacionam os dois parâmetros

com os mecanismos de pesquisa do desempenho definidos como fontes

primárias e fontes secundárias. A figura 7 explica como é feita essa correlação:

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Figura 7: Correlação entre mecanismos de pesquisa do desempenho e fonte.

Fonte: Venkatraman e Ramanujam (1986).

Num estudo com 60 empresas, Hansen e Wernerfelt (1989) incluíram as

variáveis organizacionais de clima, além de financeiras para o desempenho geral

de cada firma. Como principal variável financeira foi analisado o retorno sobre os

investimentos dos últimos cinco anos das empresas. Foi também ponderado a

participação de mercado dessas empresas, seu tamanho e o índice de

lucratividade da empresa comparada à indústria. Para os fatores organizacionais

(ou de clima organizacional) os autores destacaram as características da

comunicação interna, ênfase dada aos recursos humanos, pratica de tomada de

decisões, organização do trabalho, desenho das tarefas e ênfase no sistema de

metas. A figura 8 mostra o modelo de medida de desempenho de clima

organizacional dos autores. As variáveis de clima foram correlacionadas com as

variáveis econômicas por meio de regressões.

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Figura 8: Modelo de desempenho de Clima Organizacional X Variáveis econômicas.

Fonte: Hansen e Wernerfelt (1989).

Outros autores que utilizaram as ferramentas de desempenho híbrido em

suas pesquisas foram Gordon e DiTomaso (1992). Os autores estudaram 11

empresas de seguro dos EUA e definiram como desempenho financeiro os

Ativos e as Taxas de crescimento projetadas em cinco anos. Já na parte não

financeira a metodologia utilizada foi a dos oito fatores para descrever o

desempenho, são eles: Clareza da estratégia, sistema de tomada de decisões,

integração, inovação, responsabilidades, orientação para ação, justiça no

sistema de recompensas e desenvolvimento e promoção interna.

Denison e Mishra (1995) realizaram uma pesquisa com 34 empresas

mesclando o indicador financeiro de Retorno sobre Investimento com

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indicadores não financeiros de desempenho numa matriz 2X2. Os indicadores

são: Adaptação, missão, envolvimento e consistência. Abaixo segue a matriz de

Denison e Mishra:

Figura 9: Theorical model of Cultural Traits.

Fonte: Denison e Mishra (1995).

Fey e Denison (2003) utilizaram o modelo acima para avaliar o

desempenho de várias industriais na Rússia entrevistando 179 executivos. Além

desse quadro, os autores afirmam que é importante mensurar mais seis

variáveis. São elas: Participação de mercado, Crescimento nas vendas,

Lucratividade, Satisfação dos funcionários, Qualidade dos produtos e serviços e

desenvolvimento de novos produtos.

Um medidor importante e bastante difundido de desempenho é o

Balanced Score Card. Esse modelo é utilizado com frequência nas empresas por

combinar métricas financeiras com não financeiras de desempenho. O método

para estimar o desempenho organizacional é mensurado por quatro principais

parâmetros. O primeiro serve para explicar como os consumidores vêem a

empresa. O segundo diz respeito às competências internas da empresa como

habilidades gerenciais, recursos humanos e desempenho operacional. A terceira

métrica é a parte que fala sobre inovação e processos de aprendizagem

contínua. Por fim, o modelo fecha o ciclo analisando uma perspectiva de como

empresa lida com seus stakeholders (Kaplan & Norton, 2005).

A seguir, o quadro proposto pelo modelo:

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Figura 10: Balanced Scorecard.

Fonte: Kaplan & Norton (2005).

Em outra forma de elaboração de um modelo desempenho

organizacional, Caselani (2005) combina variáveis financeiras e não financeiras

através de uma regressão linear múltipla. A pesquisa com 55 empresas listadas

na bolsa de valores de São Paulo teve como suas variáveis não financeiras:

Qualidades dos produtos ou serviços, satisfação dos consumidores, eficiência

dos processos, inovação, responsabilidade social, gestão, ambiente competitivo,

recursos humanos e remuneração. Por sua vez, as variáveis financeiras foram:

Receita líquida, ativo total, margem operacional, alavancagem operacional, giro

do ativo total, endividamento, logaritmo natural do ativo total, variação das

vendas e o logaritmo natural do preço da ação dividido. Os resultados da

pesquisa comprovaram a eficiência do uso de fatores não financeiros para o

calculo do desempenho.

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2.2.5 O Indicador de Desempenho escolhido pra Pesquisa

O presente estudo pretende correlacionar o fenômeno da liderança na

pequena empresa familiar com seu desempenho analisado. Para isso, não é

suficiente apenas analisar apenas o desempenho financeiro da empresa por se

tratar de uma situação em que o líder estará influenciando praticamente todos os

funcionários da empresa para chegar ao desempenho que ele espera.

Portanto, o modelo escolhido de medidor de desempenho foi o do Fey e

Denison (2003), onde ele utiliza as métricas financeiras de participação de

mercado, crescimento nas vendas e lucratividade combinadas com as métricas

não financeiras de desempenho de satisfação dos funcionários, qualidade dos

produtos e serviços e desenvolvimento de novos produtos.

A análise abordada não será exatamente a mesma que a utilizada por

Fey e Denison (2003). Foi feita uma adaptação do modelo dos autores com uma

divisão do desempenho da empresa em três campos diferentes.

Depois de verificado o estilo de liderança de cada líder das duas

empresas será investigado o desempenho em três gamas: Mercado consumidor,

resultados financeiros e satisfação dos funcionários ou clima organizacional.

2.3 Ciclo de Vida organizacional

O objetivo de referenciar o ciclo de vida organizacional é apenas para

enquadrar as empresas analisadas em seu estágio de vida. Essa análise será

importante para posteriormente pesquisarmos o perfil do líder e suas implicações

no desempenho da empresa.

Segundo Tomei et al (2008), o processo evolutivo da empresa é

composto por diversos estágios nos quais há práticas gerenciais distintas e

valores compartilhados. Para tal pesquisa Tomei et al (2008) utilizaram os

modelos de ciclo de vida que relacionam ciclo de vida à cultura organização.

Em um dos estudos de Tomei et al (2008), o ciclo de vida de uma

organização é dado em cinco fases distintas, a saber:

• Pioneira: Essa fase inicial da empresa consiste na chamada crise

de liderança, onde o dono ou fundador da empresa vê a

necessidade de adotar práticas formais para seu processo que é

informal no processo decisório e nas comunicações. A ênfase na

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criatividade, a busca do produto diferenciado e o atendimento de

uma necessidade do cliente são características dessa fase.

• Expansão: O crescimento da empresa induz a necessidade de uma

estrutura organizacional mais formal. O processo de tomada de

decisão de forma autônoma do líder não é mais eficiente com o

crescimento do trabalho. Portanto, instala-se uma crise de

autonomia caso a empresa não defina com precisão os níveis

hierárquicos da empresa, a departamentalização, os sistemas de

informação e comunicação. Em suma, a delegação de poder será

uma das saídas para a crise da autonomia.

• Regulamentação: Essa fase é marcada por uma ruptura entre a

empresa profissional e a empresa amadora. O crescimento e a

departamentalização impõe ao líder que sua empresa seja mais

formal e profissional em seus processos. A falta de

profissionalização poderá acarretar em uma crise de controle na

organização.

• Burocratização: O excesso de controle e profissionalização pelo

crescimento da empresa inibe a criatividade e a inovação

organizacional. Nessa fase deve-se tomar muito cuidado para que a

empresa não se torne uma empresa pouco flexível e veloz ao reagir

a uma demanda do consumidor. Esse estágio é o que o autor

chama de crise de burocracia.

• Colaboração: As relações interpessoais e os mecanismos de

cooperação irão ajudar a empresa a resgatar o espírito

empreendedor da fase inicial.

A importância de estudar o ciclo de vida das organizações está ligada aos

valores da empresa que podem ou não mudar de acordo com cada gestão e

liderança. A consequência do crescimento da empresa é a profissionalização e a

formalização dos processos de trabalho, isso se chama burocracia. A burocracia

pode tornar a empresa menos flexível às mudanças do mercado e

consequentemente menos competitiva. Cabe ao líder da empresa ou a seus

sócios transformar uma empresa burocrática em inovadora e criativa. Por fim, a

influência positiva ou negativa da liderança em uma pequena empresa pode ser

afetada de acordo com cada fase da vida de uma organização.

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50

3 Metodologia da Pesquisa

3.1 Tipo da Pesquisa

O Tipo de pesquisa utilizada foi a pesquisa qualitativa. Segundo Wolcott

(2001 apud CRESWELL, 2007) a pesquisa qualitativa é interpretativa, ou seja, o

pesquisador analisa os dados de um cenário para identificar temas e categorias

e tirar suas conclusões sobre seu significado.

Segundo Greenhalgh e Taylor (1997), a pesquisa qualitativa é:

“É o estudo de temas no seu cenário natural, buscando interpretá-los em termos do seu significado assumido pelos indivíduos; para isso, usa uma abordagem holística, que preserva a complexidade do comportamento humano.”

A pesquisa qualitativa procura ouvir o que as pessoas têm a nos dizer

sobre o assunto relacionado, explorando suas idéias e preocupações sobre o

entendimento do tema. Em resumo, sua principal contribuição é entender sobre

o fenômeno que é observado.

De acordo com a metodologia de Vergara (2000), a atual pesquisa será

classificada como descritiva e explicativa. Descritiva, pois pretende apresentar

os principais movimentos acadêmicos. Explicativa a partir da coleta de dados

junto às empresas selecionadas.

Quanto aos meios, segundo a metodologia de Vergara (2000), foi

realizada uma pesquisa de campo nas duas empresas em questão, pesquisa

documental por analisar documentos internos das empresas, bibliográfica por

pesquisar os temas nas literaturas clássicas e modernas e estudo de caso.

3.2 Estratégia de investigação

A estratégia a ser adotada é a estratégia de estudos de casos. De acordo

com Stake (1995 apud CRESWELL, 2007) no estudo de casos o pesquisador

explora em profundidade uma atividade, processo ou uma ou mais pessoas. O

pesquisador utiliza-se de diversos procedimentos para a coleta dos dados como

entrevistas, formulários, questionários, etc.

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O estudo de caso parece ser o método mais correto a ser aprofundado

quando estamos analisando duas empresas de mesmo porte e gestões

similares.

3.3 Papel do Pesquisador

A contribuição para o estudo se dá devido ao fato de por toda a minha

carreira ter trabalhado em pequenas empresas familiares. No período de 1995 a

1998 trabalhei num pequeno comércio de papelaria situado no centro da capital

do Rio de Janeiro. Depois disso trabalhei, até o presente momento de 2009, em

uma empresa de 35 funcionários que tem sede em Ipanema, bairro nobre da

capital do Rio de Janeiro. Essas empresas possuem gestão familiar e como

trabalhei diretamente auxiliando a presidência nessas empresas, surgiu o

interesse da pesquisa.

3.4 Procedimento de coleta e registro dos dados

Os dados obtidos foram a partir de coleta de fontes primárias e

secundárias. Para Malhotra (2004), dados primários são aqueles coletados para

fins diferentes do problema em pauta e dados secundários são os originados do

pesquisador para solucionar o problema da pesquisa.

Como fonte de dados secundários, foi levantada uma pesquisa

bibliográfica sobre o assunto pertinente à liderança. O próximo passo foi

relacionar a pesquisa de desempenho em três medidas: Financeiro, Não

Financeiro e Híbrido.

Os principais documentos para compor o referencial teórico foram artigos

relacionados ao tema, teses, dissertações, livros, jornais e revistas

especializadas.

Posteriormente foi feita uma pesquisa documental com as duas empresas

analisadas. Procurou-se analisar nos documentos internos das empresas

algumas práticas gerenciais ou manuais de conduta das empresas. Também

foram relacionados alguns documentos que puderam ser extraídos o

organograma das empresas e alguns aspectos culturais delas.

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A fonte dos dados primários foi a entrevista direta com os dois líderes de

cada empresa e a circulação de questionários para os funcionários que

sofressem supervisão direta ou comando dos dois líderes. Os questionários

foram acompanhados de perto pelo entrevistador e as informações foram

sigilosas para que os respondentes ficassem a vontade para responder sem ser

pressionado.

Antes de realizar as entrevistas e os questionários com as pessoas

envolvidas no estudo de caso foi necessário estruturar as questões relativas ao

assunto para fundamentar a pesquisa.

3.5 Universo, amostra e sujeitos

Para efeito de simplificação as duas empresas serão abordadas como

empresa “A” e empresa “B”. Será feita uma breve analise de cada uma das duas

organizações no tópico a seguir.

As duas empresas estão situadas na capital do Estado do Rio de Janeiro

e o ano de pesquisa é o ano de 2009.

Foram escolhidas duas empresas de pequeno porte de estrutura familiar,

onde a presença do líder parece influenciar de certa forma o desempenho da

empresa.

A pesquisa teve a intenção de entrevistar todos os funcionários da

empresa “A” e “B” que possuem influência direta dos líderes da empresas “A” e

“B”. São esses 18 funcionários da empresa “A” e 20 funcionários da empresa

“B”. No entanto, devido à disponibilidade de tempo do entrevistador e do

entrevistado, apenas 16 funcionários da empresa “A” conseguiram preencher o

questionário e 12 pessoas da empresa “B” somando um total de 28 pessoas que

responderam o questionário para a pesquisa em questão.

O questionário foi dividido em duas partes. A primeira parte procura

entender o comportamento do líder das duas empresas e classificar o estilo de

liderança em transacional e transformacional. Foram feitas 15 afirmativas para

serem respondidas em escala Likert de cinco pontos. As quatro primeiras serão

revertidas do maior para o menor, pois elas são específicas do estilo de

liderança transacional enquanto as outras 11 questões são oriundas do estilo de

liderança transformacional. A pontuação total dessas 15 questões será agregada

com as outras respostas dos entrevistados e será tirada uma média aritmética do

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total dos respondentes. A pontuação mínima será de 15 e a máxima de 75. Se o

valor ultrapassar a metade da pontuação (45 pontos) o líder será classificado

como transformacional e se a pontuação total for igual ou inferior a 45 pontos o

líder será considerado como transacional.

A segunda parte do questionário foi dividida em três partes, a saber:

1. Mercado consumidor: Nessa primeira etapa serão analisadas

variáveis como a participação do mercado, a percepção da

satisfação dos clientes, a qualidade dos produtos e serviços e o

poder de inovação da empresa;

2. Resultados Financeiros: Nessa etapa serão analisadas variáveis

como fluxo de caixa da empresa, crescimento nas vendas,

crescimento do ativo, crescimento de salários e número de

funcionários.

3. Satisfação dos funcionários ou clima organizacional: Na última fase

da medição do desempenho a proposta é analisar a satisfação dos

funcionários quanto às tarefas exercidas, os níveis de salários, os

valores pessoais com os valores da empresa e se a relação chefe-

subordinado é boa ou não.

Assim como na primeira parte do questionário, foi utilizada a escala likert

de cinco pontos e um total de 15 questões.

No entanto, cada uma das três partes do desempenho será abordada com

cinco questões.

A próxima fase do trabalho é apresentar, de forma sucinta, as duas

empresas bem como suas atribuições, visões e missões.

Depois de descrever a empresa e realizar os questionários, os dados foram

coletados e processados de forma analítica para gerar os resultados. Essa

próxima etapa teve o intuito de cruzar as informações dos estilos de liderança

com o desempenho de cada empresa em separado. Foi analisado o

desempenho versus o estilo de liderança nas três gamas de pesquisa: Mercado

e consumidor, resultados financeiros e clima organizacional.

Os pontos em comum entre as duas empresas e o cruzamento das

informações sobre estilos de liderança e desempenho foram abordados nas

conclusões, que analisará primariamente a validade das hipóteses dissertadas

no primeiro capitulo desse trabalho. Nas próprias conclusões serão feitas as

discussões e propostas de agenda de pesquisa que possa enriquecer o tema em

questão.

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3.6 Limitações do método

A metodologia em questão possui algumas limitações como a fonte das

informações. Apesar da convergência das informações dos entrevistados, o

método de entrevistas e questionário possui limitações como a influência de

opiniões pessoais do entrevistado e possível dúvida quanto à veracidade das

informações prestadas. No entanto, a maioria das informações foi confirmada de

acordo com as literaturas e documentos internos das empresas pesquisadas e

com as afirmativas do dono da empresa.

Segundo Gil (1991) a percepção é subjetiva e pode resultar em dados

distorcidos, pois existe há uma diferença entre o que as pessoas fazem e o que

elas dizem.

Por se tratar de pequenas empresas, muitas informações podem não ser

formalizadas como a estratégia organizacional, os valores da empresa, a visão,

missão, entre outras.

Algumas informações como balanço patrimonial, índices financeiros e

índices de desempenho da empresa podem ser encontrados apenas em

relatórios gerenciais. Muitas das vezes tais informações não estão acessíveis ou

não espelham a realidade dessas empresas.

O estudo de caso representa uma pequena amostra da realidade. Portanto

as análises serão gerais e podem não representar a realidade da população

verificada. Segundo Yin (2001), esse processo é classificado de generalização

analítica.

Por ser membro da família dessas duas empresas existe um viés a favor

ou contra o sócio e fundador dessas empresas. Apesar de ser um trabalho

acadêmico haverá sempre a possibilidade do autor fazer um relato viesado sobre

a sua organização atual.

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4 Descrição dos Casos

Este capítulo apresenta uma descrição das duas empresas e o contexto

em que elas estão inseridas. Nesta apresentação será feito um resumo da

história das duas empresas, as características de cada organização e o perfil do

dono da empresa.

4.1. Empresa “A”: Características Gerais

Escritório Central (Matriz): Bairro de Ipanema, Zona Sul do Município do

Rio de Janeiro, Estado do RJ, Brasil.

Almoxarifado e Produção: Bairro de Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de

Janeiro, situado à 30KM da Matriz.

Armazém Geral terceirizado (Estoque 2): Bairro de São Cristóvão, Zona

Norte do Rio de Janeiro, situado à 15KM da Matriz e perto das zonas portuárias

(5KM).

Número de Funcionários: 27

Porte: Pequena Empresa, segundo classificação do Sebrae (1999).

Ramo: Comercio Atacadista de materiais compostos de alta tecnologia.

Principais Produtos: Espuma de PVC, Fibra de Vidro e Resinas.

Serviços: Demonstração de Técnicas de Construção, Acompanhamento

da construção junto com o cliente, projeto preliminar e serviços diversos de

engenharia.

Atuação: Mercado de Barcos de Lazer, Aviação Experimental e

Automotiva.

Ciclo de vida da família: 1ª geração.

Idade do fundador: 56 anos

4.1.1 Papel do Fundador

O único sócio e fundador da empresa “A” veio de uma família humilde.

Seu pai era comerciante de loja em comércio popular e sua mãe cuidava da

casa e dos outros cinco irmãos dele. Nunca lhes faltou nada na vida, no entanto

ele gozava de uma vida modesta e sem mordomias. Com o crescimento dos

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filhos seria inviável que todos trabalhassem com o pai e com isso, cada um foi

tomando rumos diferentes na vida.

Eis então que o atual sócio da empresa “A” decide cursar engenharia

naval na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Aluno exemplar, ele

sempre foi um dos melhores alunos e mais dedicados do curso. Depois de se

formar, ele experimentou trabalhar como laminador e gerente de produção de

fabricantes de barcos de lazer. Sempre estudioso e esforçado, ele desejava

aprender mais dos materiais e das aplicações na construção de barcos de lazer.

Foi aí que surgiu a oportunidade de cursar o mestrado em matérias compostos.

Esse tipo de material especificamente era pouco utilizado no Brasil na

época. Foi então que o atual sócio teve a oportunidade de conhecer um

representante de uma empresa norte-americana fornecedora de Espuma de

PVC que desejava introduzir esse item no mercado náutico brasileiro que tinha

um enorme potencial. Depois de muita conversa entre os dois foi acordada a

parceria.

Desde essa data, o sócio da empresa “A” começou a se dedicar na

elaboração de projetos de embarcações de lazer que pudessem levar os

materiais da empresa que ele trabalharia em parceria até os dias de hoje.

Em 1986, a empresa é informalmente fundada em seu quarto na casa de

seus pais, onde fazia os projetos e se comunicava com seus clientes potenciais

e fornecedores. A empresa não precisou de nenhum capital quando foi iniciada,

mesmo porque não havia condições de se investir naquele projeto.

Com as primeiras vendas, o sócio da empresa “A” teve que pedir

emprestado o sobrado de seu irmão para armazenar as mercadorias enquanto

elas não eram entregues para os clientes. Essas vendas eram financiadas pela

empresa norte americana até o cliente pagá-la. Com isso, não havia

necessidade de investimento de capital.

O crescimento incipiente da empresa levou a necessidade da contratação

de dois funcionários. Um era ajudante e carregador de caixas que

posteriormente virou funcionário de confiança, e outro era telefonista da

empresa.

Em 1992, a empresa foi montada em uma sala de 30 metros quadrados

num bairro nobre da zona sul do Rio de Janeiro. Na sala trabalhavam somente

as três pessoas. Posteriormente, foi contratado um armazém terceirizado para

estocar as mercadorias.

Nos primeiros anos, a empresa funcionava na informalidade. Depois de

alcançar um faturamento razoável, o líder formalizou a empresa e

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posteriormente contratou um engenheiro para elaborar os projetos das

embarcações de lazer. Aos poucos, a dificuldade de começar um negócio sem

capital foi deixada de lado.

Em 1995 a empresa já contava com bons contratos com grandes

fabricantes de barcos de lazer no Brasil. O escritório já tinha seis funcionários,

na qual eram todos chefiados pelo atual sócio da empresa. Nessa época, o sócio

e fundador da empresa “A” fez alguns cursos de curta duração na área de

administração e gerência em Harvard Business School.

Quatro anos mais tarde o quadro era de 12 funcionários e o portfólio de

clientes era de mais de 50, só no setor náutico.

Nessa mesma época, um de seus maiores clientes ofereceu para a

empresa um terreno no bairro da zona oeste do Rio de Janeiro com o intuito de

sanar suas dívidas. Nesse terreno foi construído um galpão para fabricação e

beneficiamento de matérias primas. Com a demanda crescente de seus

materiais e necessidades maiores de beneficiamento, o galpão transformou-se

em local de estoque e fábrica de matéria prima.

Já em 2004, a fábrica da Zona Oeste empregava mais de oito

funcionários, todos sob supervisão da mesma pessoa que tomava conta do

escritório central (o sócio). A dificuldade de gerenciamento e a necessidade de

aumentar o quadro de funcionários para atender a demanda crescente geraram

uma necessidade maior de delegação de poder da empresa e afastamento do

líder de algumas funções administrativas que estavam tomando seu tempo

desnecessariamente.

Por ter muitos estudos e conhecimento do mercado de construção

náutica, o dono tornou-se referência nacional de mercado. O trabalho dele era

pesquisar e desenvolver soluções e aplicabilidades para os materiais compostos,

que são os principais produtos de sua empresa. Convencer o cliente de que é

mais vantajoso construir com material composto é a sua tarefa.

Esta é sua primeira e única empresa própria. Como ajudou a construir a

empresa desde o início, o dono era ao mesmo tempo vendedor e engenheiro.

Com a expertise de vendas e conhecimento dos produtos ele foi conquistando o

mercado.

No início da empresa eram poucas pessoas trabalhando e existia pouca

necessidade de gerenciamento de pessoas e recursos. Mas, com o crescimento

da empresa foi surgindo a necessidade de organização e postos de trabalho.

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Com a divisão das tarefas, a parte administrativa foi ficando de lado e o

dono deu mais ênfase no que ele sabia de melhor fazer: vender produtos

técnicos.

O perfil do dono é agressivo, chegando muitas vezes a se exaltar com as

pessoas devido a demoras de serviço ou ineficiência. Sua filosofia de trabalho é

que as pessoas devem ficar constantemente envolvidas com o trabalho e para

isso elas devem se preocupar bastante com suas tarefas. No entanto, parece

que para ele, preocupar-se é estressar-se durante o horário de trabalho. Isso faz

com que o dia-a-dia da empresa “A” seja na maioria das vezes sob pressão

constante do dono. Algumas vezes, a autoridade com que o dono comanda as

pessoas faz com que elas se sintam intimidadas.

A empresa “A” em seu auge teve 35 funcionários antes da crise de

setembro de 2008. (Antes da crise de setembro de 2008, a empresa “A” teve o

seu auge com 35 funcionários) Alguns problemas gerenciais foram surgindo, e

houve a necessidade de delegação de tarefas e comando da equipe que era

segmentada de acordo com o organograma (figura 4.1), no entanto a ordem era

imposta de cima para baixo, ou seja, as pessoas possuíam pouca autonomia

decisória, a última palavra quase sempre é a palavra do dono.

4.1.2 Missão, visão e valores organizacionais

Na cabeça do dono, a empresa sempre teve como meta primordial ser

líder nas vendas de materiais compostos e promover o melhor serviço de

engenharia para que os clientes ficassem satisfeitos e não deixassem de

comprar os materiais da empresa.

Os serviços de engenharia são o forte da empresa. A inovação em

produtos, serviços e processos de construção para o cliente são fatores chaves

para que a empresa continue líder de mercado na opinião do líder da empresa.

Num treinamento com os principais membros da equipe, sem a presença

do líder, foram discutidos vários aspectos relacionados à empresa e um deles foi

a definição por meio de consenso da missão da empresa. Retirada de um

documento interno da empresa, a missão para os funcionários foi a seguinte:

“Atender a demanda do mercado de Composite através da Distribuição de

Compostos com preço competitivo e serviços de alta tecnologia”.

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Já a visão da empresa é vista com menos clareza entre os funcionários e

o líder da empresa.

Para o líder a visão da empresa para daqui a cinco anos é ser a empresa

mais respeitada no mercado de materiais compostos e possivelmente adquirida

por uma grande empresa.

Os funcionários definiram a missão da empresa de forma um pouco

diferente. Segue abaixo:

“Ser uma empresa detentora do melhor conhecimento técnico, ampliando a

rentabilidade das nossas operações, proporcionando uma melhor qualidade de vida para

os nossos colaboradores”.

Os valores da empresa foram definidos pelos funcionários como:

Honestidade, Comprometimento, Relacionamento Interpessoal,

Desenvolvimento Profissional, Meio-Ambiente. A ordem dos valores é proposital.

Para eles, o principal valor que a empresa tem é a honestidade.

Para o dono, o comprometimento com a empresa deve vir em primeiro

lugar, seguido do desenvolvimento profissional, da honestidade e das relações

interpessoais.

O meio ambiente e as relações com a sociedade e trabalhadores são

valores que o dono está preocupado também, no entanto, percebe-se que sua

preocupação com esses fatores se dá em escala menor do que no desempenho

de sua empresa.

4.1.3 Estrutura Organizacional

O crescimento da empresa possibilitou a formação de vários

departamentos que antes não existiam. No começo funcionava a área de

engenharia e serviços em conjunto com vendas e atendimento a clientes. Anos

depois, a empresa contava também com um departamento financeiro que

pagava todas as contas, conferia os recebimentos diariamente e ainda tomava

conta dos procedimentos de importação quando as mercadorias chegavam ao

porto do Rio de Janeiro.

Do departamento de engenharia surgiu a área de desenho, que fazia as

apresentações dos projetos para os clientes. Juntamente com a área de

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desenho veio o departamento de marketing que cuidava do site da empresa e de

sua imagem.

A área comercial era composta por um vendedor até 2004. Depois, com o

crescimento da demanda, ouve necessidade de aumentar o quadro para três

funcionários. No entanto, foi só em 2007 que o dono da empresa conseguiu se

desvencilhar da responsabilidade de chefia desse departamento.

Por fim, os dois últimos departamentos criados foram o de logística e

transporte de mercadorias e o departamento de produção, em 2007. Esses dois

departamentos tinham relativas autonomias decisórias e muitas vezes as

decisões eram condicionadas às decisões do dono da empresa. Para ilustrar a

divisão funcional da empresa, segue abaixo o organograma da empresa “A”:

Figura 11: Organograma da empresa “A”

Fonte: Documentos internos da empresa.

4.1.4 Estratégia organizacional

A empresa “A” não tem um planejamento estratégico formal. Isso cria

uma série de dificuldades no dia-a-dia do trabalho. Apesar de saber com clareza

a estratégia da empresa, o líder não consegue transmitir ou muitas vezes não

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tem interesse em transmitir isso para seus funcionários. Sem horizontes, as

pessoas ficam às vezes questionando o trabalho que tem a fazer. Uma frase

típica dentro da empresa é: “Eu acho que é por aí, mas vai entender... A gente

nunca sabe o que ele espera da gente!”.

Em linhas gerais, o planejamento da empresa é baseado em função da

meta mensal de venda. O cumprimento da meta é primordial para o dono. Se a

meta não for cumprida, existe a possibilidade de a empresa não ser lucrativa no

período.

Quando há algum evento ou demonstração para um cliente, o

planejamento é feito sempre às pressas e sob o comando do líder, ou seja, até

os últimos dias ou até mesmo nas ultimas horas as pessoas não sabem ou

sabem pouco sobre o que fazer durante o evento ou demonstração.

4.1.5 Política de Recursos Humanos

4.1.5.1. Contratação

No início da empresa e até a pouco tempo, as contratações eram feitas

exclusivamente pelo dono. Com a divisão formal do trabalho, cada grupo foi

responsável pelas contratações. Apesar disso, a necessidade de contratação é

decidida pelo dono da empresa, ou seja, os chefes de departamento ou

funcionários podem até escolher quem vai trabalhar na empresa, porém não

podem decidir se vão ou não precisar de mais funcionários para tal função,

podem apenas influenciar nessa decisão.

A maior parte dos funcionários foi contratada por indicação de outras

pessoas que já trabalhavam na empresa ou de outras pessoas do convívio social

do dono da empresa. Raramente é avaliado o currículo e as entrevistas são

muitas vezes de curta duração. A quantidade de pessoas a serem entrevistadas

é muito pequena, geralmente só há uma pessoa entrevistada e esta fica com a

vaga. O importante é só preencher os pré-requisitos esperados pelo dono da

empresa.

A maior parte dos funcionários é admitida pelo dono e não há uma

conversa inicial para expor as regras da empresa e os direitos e deveres do

funcionário. Só é acordado o salário e posteriormente designado às funções,

muitas vezes sem treinamento. As pessoas aprendem “na marra”.

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A demissão na empresa é um fato raro. O funcionário para ser demitido

tem que pedir as contas ou ser desleal à empresa, que na verdade são os

princípios do dono. Esse fato gera uma tendência à acomodação das pessoas

quando não estão satisfeitas com o trabalho.

Algumas pessoas são contratadas por vínculo afetivo com o dono. Ele faz

de tudo para agradar essas pessoas e dificilmente consegue se desvencilhar

delas quando não estão mais ajudando a empresa como deveriam ajudar.

4.1.5.2 Remuneração

A remuneração média é acima da média do mercado. No entanto, há

algumas insatisfações devido à distorções de salários dentro da empresa com os

funcionários antigos e as contratações recentes. O ambiente familiar da empresa

induz ao funcionário achar que a confiança que é depositada pelo dono deveria

ser fator decisivo para seu salário, ou seja, muitos ainda acreditam no velho

ditado de que “antiguidade é posto”.

Grande parte dos funcionários dessa empresa não possui o nível superior

completo. Se levarmos em consideração a instrução versus o salário, as

pessoas ganham relativamente bem.

No entanto, a média alta dos salários faz com que as pessoas deixem de

lado o grau de instrução e passem a pensar que os salários da empresa são

dependentes exclusivamente das funções desempenhadas e da confiança

depositada pelo dono da empresa. Um grande problema é que não há métricas

de avaliação de desempenho formais dentro da empresa. Isso faz com que os

funcionários não saibam se eles evoluíram ou não ao longo do tempo. Esse fato

e o fato de a remuneração ser relativamente alta na visão do dono fazem com

que os salários fiquem estagnados muitas vezes por mais de três anos sem um

aumento.

O departamento de vendas e alguns funcionários chaves da empresa

recebem comissão sobre o montante recebido durante o mês. O cálculo dessa

comissão é primordialmente em função da meta de vendas. Se a meta é

cumprida, os funcionários recebem bônus flutuantes por faixa de faturamento,

caso contrário, há uma penalidade. O percentual de comissão é dividido por

clientes de acordo com uma definição subjetiva do dono da empresa, ou seja, o

cliente pode ser nível um, dois, três ou quatro e o percentual de comissão será

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diferente para esses quatro níveis. O montante final da comissão é dividido entre

as pessoas que ganham comissão e essa divisão é sigilosa, apenas três

pessoas tem essa informação.

4.1.5.3 Treinamento

Não existe um treinamento formal dentro da empresa quando um

funcionário é admitido. O funcionário aprende por necessidade própria ou

quando há alguns funcionários dispostos a treiná-lo.

O dono da empresa, apesar de motivar o crescimento profissional dos

funcionários, não oferece ajuda de custo para quem deseja fazer um curso

externo. O dono só paga o treinamento quando há real necessidade da empresa

de que o funcionário aprenda uma tarefa específica.

Antes da crise de 2008 existia um treinamento de Vendas que incentivava

os funcionários a aprender mais sobre os processos e produtos da empresa e

também servia para ensinar aspectos gerenciais da empresa como vendas e

gerenciamento de contas.

Semanalmente os principais funcionários da empresa se reúnem para

aprender mais um pouco sobre o dia-a-dia de cada funcionário da empresa.

Essa é uma oportunidade extra das pessoas entenderem o que se passa no dia-

a-dia da empresa.

4.1.6 Comunicação Organizacional

Na empresa “A”, as pessoas que trabalham no escritório central estão

próximas fisicamente. Isso induz a uma comunicação mais informal. Esse tipo de

comunicação é fonte de vários conflitos dentro da empresa à medida que

quando ocorre algum problema a culpa é das pessoas que não foram explícitas

na hora de se comunicar com os outros.

Devido a esses conflitos, algumas pessoas exigem a formalização da

comunicação por correio eletrônico. Essa forma de comunicação provou ser

eficiente em alguns casos, no entanto algumas vezes há falhas no envio da

informação e os problemas continuam a ocorrer.

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O rádio e o telefone são outras fontes usuais de comunicação que muitas

vezes são piores que a comunicação verbal.

4.1.7 Processo de Trabalho

Outra grande fonte de conflito interno é a falta de um programa de

gerenciamento na empresa. Hoje, os processos são todos em planilhas de

trabalho abertas à quase todos os funcionários.

A desconexão dessas planilhas é um grande complicador do processo de

trabalho. Um processo de venda, por exemplo, começa pelo vendedor e acaba

com a pessoa que controla a coleta junto com a transportadora. Nesse meio

tempo o vendedor anota o pedido para o cliente, verifica em outra planilha a

disponibilidade do material em estoque. Após as verificações, o vendedor faz o

pedido em outra planilha e passa para o cliente por fax ou correio eletrônico.

Esse pedido, depois de aprovado pelo cliente, vai para o departamento de

logística que dá baixa no material do inventário. Desse departamento, vai uma

folha impressa para o departamento que emite as notas fiscais (em outra sala) e

pede a coleta da mercadoria. A pessoa que emite a nota fiscal faz um outro

arquivo com os dados do cliente e da compra para a emissão de nota fiscal. Pela

nota fiscal, a mesma pessoa pede a coleta do material e manda o processo todo

de volta para o departamento de logística que vai entregar o processo para a

separação do material junto com as pessoas que dirigem os carros da empresa

e separam as mercadorias para a coleta.

O grande problema, para alguns funcionários, está na falta de um sistema

gerencial que integre todos os processos da empresa que atualmente gera

diversas falhas e erros humanos.

Os erros são severamente cobrados pelo dono, que muitas vezes fica

exaltado. No entanto, o dono da empresa é o primeiro a discordar da

implantação de um sistema gerencial. Ele acredita que, primeiro as pessoas tem

que errar menos para depois ser implantado um programa de gerenciamento.

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4.1.8 Estágio de vida da Empresa “A”

De acordo com a teoria do ciclo de vida da empresas de Tomei et al

(2008) pode-se afirmar que a empresa “A” está quase na fase regulamentação.

A empresa teve crescimentos extraordinários nos anos de 2005 até 2008, onde

viveu seu melhor momento em termos de faturamento.

A crise de controle e falta de profissionalismo são características

presentes nessa empresa. Constantemente há funcionários que reclamam de

falta de um sistema robusto de informações e processos formais escritos.

Apesar da falta de formalismo ser constante, a empresa “A” ainda vive

uma falta de delegação de poder por parte do líder. Os departamentos bem

definidos formalmente ainda sofrem com a falta de delegação de poder e pouca

autonomia decisória.

Esse fato relata que a empresa “A” apesar de estar mais para a fase da

Regulamentação ainda vive um pouco da fase da Expansão por não ter ainda

conseguido delegar muitas funções operacionais para cada departamento

individualmente.

4.2 Empresa “B”: Características Gerais

Matriz: Centro da cidade do Rio de Janeiro, Estado do RJ, Brasil. Situado

na Sociedade dos amigos e Adjacências da Rua da Alfândega (Comércio

popular do SAARA)

Filial: Situado no mesmo local da Matriz, porém a 200 metros.

Armazém 1: Nos fundos da Matriz.

Armazém 2: Em cima da Filial. Abastece as duas lojas, por ser quase três

vezes maior que o primeiro armazém.

Número de Funcionários: 32

Porte: Pequena Empresa, segundo classificação do Sebrae (1999).

Ramo: Comercio Atacadista de embalagens.

Principais Produtos: Embalagens de Papel, Embalagens de Plástico,

Embalagens de plástico reforçado e etc.

Serviços: Personalização de embalagens como sacolas plásticas e

bolsas de papel.

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Atuação: Público em geral e comerciantes que usem muita embalagem

como apresentação do seu produto.

Ciclo de vida da família: 1ª geração.

Idade do fundador: 52 anos

4.2.1 Papel do Fundador

Filho mais novo de quatro irmãos (três homens e uma mulher), o dono da

empresa “B” tem uma história de vida um pouco diferente do dono da empresa

“A”. Ele morava no centro da cidade do Rio de Janeiro, em cima da loja onde

seus pais trabalhavam. Já ajudava os pais desde os oito anos de idade fazendo

entregas e conferindo mercadorias.

Formou-se em administração de empresas, mas não freqüentava as aulas

e sempre tinha uma desculpa para faltar às aulas, e colegas que faziam as

provas para ele. Quase não aprendeu na faculdade e até hoje não foi buscar seu

diploma de conclusão de curso. Tudo o que ele aprendeu profissionalmente foi

no dia-a-dia das empresas em que trabalhou. Seus conhecimentos do mundo

empresarial se deram nas leituras. Apesar de pouca instrução universitária ele

sempre gostou de ler sobre temas de seu interesse. Os preferidos são história e

mundo dos negócios.

Seu primeiro emprego foi com seu Tio em uma drogaria. Com 12 anos ele

estudava, cumpria o horário na drogaria do Tio e ganhava seu próprio salário.

Com 13 anos ele já tomava conta de um almoxarifado onde despachava as

entregas dos clientes e dirigia veículos de carga para seu pai.

A empresa foi crescendo e quando ele tinha 14 anos seu pai já era dono de

36 estabelecimentos comerciais, o que na época era uma enormidade. A

atividade principal da empresa de seu pai era a distribuição.

Desde que seu pai se separou da sociedade com os irmãos, o dono da

empresa “B” já começou a tomar conta dos negócios da família com 14 anos.

Com 18 anos, seu irmão mais velho tomava conta das principais atividades. Foi

então que seu pai decidiu parar de trabalhar e deixar o patrimônio de 15 lojas

com seus filhos.

Em 1991, por descuido administrativo, ele e seus irmãos foram à falência

após acreditar no ramo de supermercados.

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Depois de alguns meses, abriu uma loja de descartáveis com seus dois

irmãos num imóvel do centro da cidade do Rio de Janeiro cedido como favor de

um primo deles. Com a dívida moral na família, o sócio da empresa “B” e mais

seus dois irmãos conseguiram manter o negócio de descartáveis por mais quatro

anos com a compra de mais três lojas na mesma região. Em 1993, separou-se

da sociedade com seus irmãos.

Em meados de 1998, a loja, que agora era do ramo de papelaria, já não

estava mais rendendo muitos lucros. A oportunidade de se dedicar a um projeto

de reestruturação das lojas e do comércio da região, chamado Projeto Saara,

uniu o útil ao agradável. Nessa mesma data a loja foi vendida e a atenção

exclusiva foi dedicada ao Projeto Saara.

Quatro anos sem ter muito sucesso, o Projeto Saara foi se complicando e

então ele abriu novamente uma loja em 2002 no ramo de embalagens de papel

ao lado de uma loja de embalagens plásticas que, por coincidência, era de sua

irmã.

Em 2003, ambos foram despejados pela Prefeitura, pois o imóvel estava

em situação irregular. Após alguns dias sem horizontes, os dois decidiram firmar

uma sociedade de embalagens em geral, que persiste até os dias de hoje.

A idéia de abrir um comércio de embalagens surgiu diante de uma alta

demanda enquanto o sócio desta empresa era dono da empresa de

descartáveis. Segundo ele, quem vive no comércio tem sempre na sua vida

inteira muitas idéias. E, através do atendimento, ele começou a sentir uma

necessidade do cliente. Os clientes perguntavam muito se ele fornecia

embalagens de papel. Sua pesquisa de mercado foi no dia-a-dia de sua vivência

empresarial. Ele percebia uma carência nos lojistas de uma loja específica de

embalagens. Os lojistas sempre compravam as embalagens em diversas lojas

diferentes. Eles compravam em lojas de presentes, em papelarias, em lojas de

plásticos, mas não em uma loja só.

A idéia de unir as duas lojas em uma só aumentou muito o fluxo de clientes

das duas lojas. O sucesso possibilitou em 2006 a abertura da loja de

Copacabana, bairro nobre da zona sul do Rio de Janeiro, e do fim da sociedade

entre os dois irmãos. O dono da empresa “B” ficou com a loja do centro e sua

irmã ficou com a loja de Copacabana.

Em 2008, foi comprada uma nova loja perto da Matriz para expandir a linha

de produtos da empresa e suprir um pouco da demanda que não estava sendo

bem atendida. Com mais uma loja, seu filho mais velho e posteriormente sua

mulher foram trabalhar com ele.

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Segundo o dono, o papel de um comerciante é dirigir a empresa com

sabedoria e passar a experiência para os filhos que vão tomar conta do

patrimônio futuramente. Ele tem consciência de que a empresa é uma

organização transitória, construída pelo fundador e passada por gerações da

família.

Com um perfil calmo, o dono sempre foi paciente em resolver os problemas

e muito justo na hora de contratar e demitir as pessoas. Ele lidera as pessoas na

base da confiança e da motivação. O líder passa confiança para a equipe que se

sentem motivadas e seguras a desempenhar um bom papel em suas funções.

Ele não costuma a dar broncas em seus funcionários e se orgulha de nunca ter

feito isso em público. Ele não gosta de falar em tom alto e nem gosta que seus

funcionários façam isso. É sempre utilizado o recurso da conversa para

solucionar os erros e as situações do dia-a-dia. Em situações de estresse o dono

sempre foi uma pessoa tranqüila e bem equilibrada.

Como principal sócio e fundador da empresa, o dono se incumbe de

promover a maioria das reuniões de alinhamento da equipe. Outra função do

fundador é acompanhar as vendas da empresa. No entanto, por não ser tão

técnica quanto à empresa “A”, a venda de embalagens não é tão complicada,

fazendo com que o sócio dessa empresa não se envolva muito na venda direta

como o sócio da empresa “A”. Toda parte administrativa e financeira é cuidada

pelo dono da empresa.

O filho é responsável pela parte de compras, marketing e investimentos da

empresa, e sua mulher cuida da administração da filial que corresponde a menos

que um terço das vendas totais da empresa.

4.2.2 Missão, visão e valores organizacionais

Segundo o dono, o objetivo da empresa atual é ter uma grande

participação no mercado de embalagens do município do Rio de Janeiro. O

próprio dono tem um sentimento de que sua participação de mercado já é

grande.

Para os funcionários, a missão deles é dedicar-se ao máximo para a

empresa crescer com profissionalismo e trabalho. A visão da empresa não é

compartilhada pelos funcionários.

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Para o dono, a visão da empresa é ter a marca consolidada no mercado de

embalagens em âmbito estadual e ter uma carteira de clientes que por si só

sustente a empresa. Seu sonho é fazer franquias de sua marca.

Os valores percebidos pelo dono da empresa são: atendimento

profissional, pontualidade, credibilidade com os clientes e fornecedores,

profissionalismo e compromisso com o cliente. Os funcionários percebem os

valores como profissionalismo, honestidade, atendimento ao consumidor e

respeito com os fornecedores e clientes.

4.2.3 Estrutura Organizacional

A empresa “B” teve um crescimento de vendas lento ao longo dos anos.

Por ser comércio de rua e não precisar de muita parte técnica no negócio, a

estrutura da empresa “B” é mais simples do que a empresa “A”.

No começo a empresa tinha como estrutura: os dois irmãos e os

funcionários que se dividiam em estoquistas, embaladores, caixas e vendedores.

Com o crescimento da empresa, no meio dessas duas linhas existiu a

necessidade de um gerente para controlar a equipe e na linha dos gerentes

surgiu o setor de personalização, que cuida de toda a parte de desenho e alguns

detalhes administrativos das embalagens personalizadas.

Com a entrada do filho e da mulher, a sociedade passou a ser dividida

em três membros da família e o crescimento também possibilitou a inclusão de

um subgerente apenas na loja da Matriz.

O fundador da empresa passou a ser responsável do administrativo-

financeiro e com as vendas, já o filho passou a tomar conta das compras, do

marketing e dos investimentos da empresa. Sua mulher é a responsável pelos

aspectos gerenciais da filial.

Na matriz há: um gerente da loja, um gerente do depósito, um subgerente

(que é o gerente reserva) e um responsável pelo setor de personalização (que

tem status de gerente de segmento). A linha operacional é composta por

estoquistas, vendedores, caixas, porteiro e responsável por faturamento.

Na outra loja a responsabilidade é da mulher do dono. Existe uma

gerente que auxilia a supervisão da equipe e funciona como um reserva da

mulher do dono. A linha operacional nessa loja é composta pelos mesmos

cargos que os da loja da Matriz.

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Para efeitos de ilustração segue abaixo o organograma da matriz da

empresa “B” e logo em seguida o organograma da Filial:

Figura 12: Organograma da empresa “B” (Matriz).

Fonte: Documentos internos da empresa “B”.

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Figura 13: Organograma da Empresa “B” (Filial).

Fonte: Documentos internos da empresa “B”.

4.2.4 Estratégia organizacional

Assim como na empresa “A”, não há planejamento organizacional

formalizado na empresa “B”. O dono acredita que o principal objetivo do dia-a-dia

organizacional é formar um caixa de reserva ou dinheiro disponível em mãos

para primeiro sanar suas dívidas de organizações anteriores e posteriormente

poder investir mais na empresa. Investir na empresa para o dono significa

principalmente expandir os horizontes abrindo o leque de produtos, aumentar o

número de lojas, comprar um carro para fazer entregas, pensar em melhorias

dentro da loja para atender melhor e mais rápido o cliente.

A estratégia de processos da empresa “B” é espelhar-se nas grandes

empresas de comércio atacadista da região para copiar as estratégias de

atendimento ao consumidor e logística que foram bem sucedidas. Por ser amigo

desses comerciantes, o dono não tem dificuldades de conseguir tais

informações, desde que as empresas não sejam concorrentes.

A estratégia de produtos é inovadora. O dono está sempre buscando

novas soluções para os clientes, juntamente com os fornecedores. Sempre que

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pode, o dono fica no balcão durante o expediente e escuta as demandas dos

clientes para poder desenvolver novos produtos com seus fornecedores e

parceiros estratégicos.

4.2.5 Política de Recursos Humanos

4.2.5.1 Contratação

Assim como na empresa “A”, a contratação de pessoas é feita por

indicação de outros funcionários ou conhecidos dos donos da empresa. A única

habilidade requisitada é que a pessoa tenha experiência no comércio.

Quem toma conta do processo seletivo é o filho do dono. Segundo o filho,

há uma preocupação quanto à qualificação e a experiência no comércio. Não é

exigido um grau elevado de escolaridade. No entanto é fundamental que o

candidato tenha boa apresentação e boa didática para trabalhar como vendedor.

O primeiro estágio é conhecer os candidatos. Depois disso os candidatos

voltam numa segunda etapa para saber as qualificações de cada um.

Qualificado, o candidato faz um teste de 30 dias para que a empresa possa

testar suas habilidades e seu caráter. Durante todo esse tempo, o dono da

empresa expõe ao novo funcionário quais são os direitos e os deveres dele para

que não haja dúvidas quanto ao seu expediente. É feita uma triagem com o

funcionário para que ele conheça todos os setores da empresa.

Depois de 30 dias, a pessoa vai para a função onde ela é designada

inicialmente para saber se ela está apta a começar na nova função. Há casos

em que o funcionário se adapta melhor em outro setor ou que ele começa em

setores preliminares como estoque e almoxarifado para depois ser promovido a

vendedor.

4.2.5.2 Remuneração

Segundo o dono, salário é igual aluguel: “É pouco pra quem recebe e é

muito para quem paga”. Existe um piso salarial do comerciário. Este piso é a

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base dos salários da empresa “B”. No entanto, o sócio procura sempre se

destacar do mercado e pagar um pouco mais para que seus funcionários

trabalhem mais satisfeitos. Há também bonificação de vendas sobre certos

produtos como personalização de sacolas plásticas e de papel, onde a margem

de lucro é maior.

Os gerentes e os subgerentes ganham um pouco mais do que os da linha

operacional por terem mais tempo de casa, por mérito, por função e por

experiência.

4.2.5.3 Treinamento

Quando o funcionário é admitido existe uma triagem para que a pessoa

aprenda como funcionam todos os processos da empresa. A empresa não paga

cursos externos quando não é de interesse próprio, no entanto, o funcionário é

treinado pelos donos da empresa para saber como se portar na frente de um

cliente.

Os donos estão constantemente conversando com a equipe para passar

um pouco da cultura da empresa, que presa muito pela excelência no

atendimento ao consumidor. Os funcionários mais antigos também são

instruídos para ensinar os mais recentes em suas tarefas. O aprendizado dos

processos da empresa “B” não é uma tarefa difícil, porém este fato não é motivo

para que os donos da empresa “B” se eximam de responsabilidade sobre o

pouco de treinamento que um funcionário novo precisa para trabalhar na

empresa.

4.2.6 Comunicação Organizacional

Para o dono da empresa, 90% da comunicação é verbal. Raramente há

uma advertência por escrito ou uma circular para os funcionários. A

comunicação da empresa é muito informal e segundo o próprio dono essa

comunicação gera pouco ruído devido ao tamanho da equipe e da confiança que

ele transmite para seus funcionários.

Para alinhar a equipe, o dono promove reuniões bimestrais ou reuniões

extraordinárias para a equipe expor suas dúvidas ou melhorias nos processos do

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dia-a-dia. As reuniões são participativas e os funcionários estão sempre

opinando para que ocorram melhorias em termos de agilidade em atendimento e

crescimento da empresa. As opiniões são anotadas pelo próprio dono que

acompanha semanalmente as melhorias implantadas. Quando não há progresso

nas mudanças é feita uma nova reunião.

Quando há ruído de comunicação, o dono procura resolver no final do dia

os problemas e quando um funcionário insiste em falhar ele é demitido, segundo

o próprio dono.

4.2.7 Processo de Trabalho

O processo de trabalho é informatizado por meio de um sistema de

controle gerencial. O dono não escuta muitas queixas quanto à utilização do

sistema. Em geral, as pessoas operam bem o sistema devido a sua simplicidade.

Os vendedores se incumbem da função de vender os produtos e

encaminhar os clientes ao caixa. Só os caixas e os gerentes que tem acesso ao

sistema informatizado. Isso reduz o número de pessoas que precisam operar o

sistema e facilita o andamento da operação.

O sistema é todo digitalizado em código de barras. O cliente pega a

mercadoria com o auxílio de um vendedor, quando for necessário, e vai fazer o

check-out no caixa onde lá mesmo pega a mercadoria. Quando há muita

quantidade comprada, o cliente se dirige a uma espécie de pré-venda onde é

atendido por um gerente ou subgerente. Essa pessoa pede a mercadoria ao

almoxarifado e emite a nota em outro local para que o cliente vá direto ao caixa

só com a nota da pré-venda. Depois disso o cliente volta para a pré-venda e

retira sua mercadoria com a gerência.

4.2.8 Estágio de vida da Empresa “B”

Diferentemente da empresa “A”, a empresa “B” ainda vive o momento de

Expansão, segundo o estudo de Tomei et al (2008). Segundo o dono, a empresa

ainda tem muito a crescer e os departamentos estão sendo criados à medida de

seu crescimento.

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Com a entrada do filho e da mulher, a empresa “B” vive um momento na

qual a delegação de poder é fundamental para que a empresa cresça, pois a

concentração das tarefas operacionais e decisórias nas mãos de um só líder

pode inibir o crescimento desta.

A empresa não está na fase pioneira, pois seu produto diferenciado já

conquistou uma clientela fiel e tampouco está numa fase de regulamentação,

pois o dono, sua esposa e seu filho conseguem administrar o negócio do

tamanho que é.

O próximo capítulo pretende analisar os resultados das entrevistas com o

dono da empresa e os questionários respondidos pelos funcionários.

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5 Análises dos Resultados

O objetivo do presente capítulo é consolidar de forma geral os resultados

obtidos a partir das entrevistas com o líder e das respostas dos questionários

respondidos pelos funcionários de alto e baixo nível hierárquico da empresa “A”

e da empresa “B”.

O primeiro tópico a ser abordado é o estilo de liderança dos dois líderes

das empresas em análise. As respostas da primeira parte do questionário serão

confrontadas com o que cada líder disse em suas entrevistas referente a cada

estilo de liderança.

Essa primeira parte do questionário tem como objetivo classificar a

liderança de acordo com as teorias situacionais de liderança de Bass (1990).

Será classificada em transacional a média dos resultados que não ultrapasse 45

pontos e será classificada em transformacional a média das respostas que

ultrapasse os 45 pontos.

O questionário foi elaborado a partir dos pilares de liderança situacional

de Bass (1990) e a partir dos questionários de Pillai et al (1999).

A segunda parte do questionário é a avaliação do desempenho da

empresa pela percepção dos funcionários. A metodologia foi adaptada do estudo

de Fey & Denison (2003) onde os autores utilizaram como métrica de

desempenho a participação de mercado, crescimento nas vendas, lucratividade,

satisfação dos funcionários, qualidade dos produtos e serviços e

desenvolvimento de novos produtos.

Primeiramente será exposto o que os entrevistados concluíram sobre o

desempenho de mercado da empresa, que são afirmativas genéricas sobre

participação de mercado e percepção de satisfação do consumidor quanto a

produtos e serviços.

Especificamente será analisada a participação de mercado da empresa, a

satisfação dos consumidores, a qualidade dos serviços da empresa, a qualidade

dos produtos da empresa e se os funcionários acham que a empresa é muito ou

pouco inovadora.

O próximo tópico a ser analisado é a percepção do desempenho

financeiro da empresa pelos entrevistados.

Os tópicos específicos que foram abordados são: crescimento dos ativos

da empresa, a saúde financeira da empresa e o crescimento nas vendas.

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Por fim, será abordado o tema sobre a satisfação dos funcionários em

cada uma das empresas, ou clima organizacional. Foram analisadas as

questões feitas sobre a percepção dos funcionários referentes à satisfação deles

mesmo para com os líderes e a empresa como um todo.

5.1 Estilos de Liderança

Nesse item serão expostos os resultados do perfil de liderança dos

líderes das duas empresas. Essa parte compreende as primeiras 15 afirmativas

do questionário, sendo as quatro primeiras referentes à liderança transacional e

as 11 últimas referentes à liderança transformacional.

5.1.1 Líder da empresa “A”

O líder da empresa “A” quando questionado sobre seu estilo de liderança

mostrou-se uma pessoa ativa e muito dinâmica no ambiente de trabalho. Sua

liderança é de perto da equipe. Sempre quando pode ele está nos seis

departamentos da empresa para verificar o que está acontecendo com o

trabalho e tirar algumas dúvidas da equipe quando solicitado.

Para ele, o cumprimento das tarefas é essencial para sua gestão. Ele

espera que as pessoas aceitem suas tarefas e as façam dentro do prazo. Seu

estilo agressivo pode intimidar as pessoas, no entanto esse é seu modo enérgico

de fazer com que as pessoas entendam a importância do trabalho a ser

executado.

Para validar as respostas do líder e o estudo em si, os funcionários foram

entrevistados para avaliar o estilo de liderança do sócio da empresa “A” de

acordo com a resposta dos questionários.

As primeiras quatro frases do questionário são afirmativas referentes à

liderança transacional. Quando foi perguntado se as pessoas recebiam salário

de acordo com o cumprimento das tarefas, 50% responderam que sim e 13%

que não, sendo que os outros não concordaram nem discordaram. Segundo

Bass (1990), a troca entre o cumprimento das tarefas e a recompensa é a

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chamada recompensa contingente, que é uma das quatro características do líder

transacional.

Os funcionários rechaçaram a visão do líder que ele fica sempre atento

aos processos do dia-a-dia e 63% concordaram que ele, além de ficar atento no

dia-a-dia dos processos, toma ações corretivas quando algo não sai como

planejado ou há descumprimento nas normas. Dos que responderam os

questionários, apenas 13% não concordaram com essa afirmativa e o restante

não concordou nem discordou.

Quando foi questionado se o líder só atuava com o descumprimento das

regras, a metade das pessoas confirmou, e 38% discordaram da afirmativa.

Para terminar a parte da liderança transacional, os funcionários foram

questionados se o líder se exime de responsabilidades e evita tomar decisões no

dia-a-dia. Para essa afirmativa, boa parte dos funcionários não discordou nem

concordou, mais especificamente 44% dos entrevistados. O mesmo percentual

foram os que concordaram que o dono evita tomar decisões e se exime de

responsabilidades no dia-a-dia, 44%. O restante não concordou com a

afirmativa.

Na média, o líder teve a característica de perfil transacional . A gestão

por recompensa contingente e a gestão por exceção ativa foram duas

características fortes encontradas no perfil desse líder. Segundo Bass (1990),

essas são duas das quatro características do líder transacional. No entanto, os

traços de lassez-faire e gestão por exceção passiva foram características pouco

presentes segundo as entrevistas com os funcionários.

Começando a parte da liderança transformacional, 63% dos entrevistados

responderam que não concordam que as atitudes do líder fazem com que os

funcionários o respeitem. Apenas 6% concordaram com a afirmativa e o restante

não concordou nem discordou.

Quando foram questionados se eles sentiam orgulho de trabalhar para

seu líder, 50% das pessoas concordaram e apenas 19% discordaram. Essa

afirmação pode ter influenciado as pessoas a responder sobre o orgulho de

trabalhar com uma pessoa pelo que a pessoa é, por seu status, não pelas

atitudes da pessoa no dia-a-dia.

Na parte das necessidades pessoais, em média 50% dos entrevistados

responderam que o dono não se importa muito com isso. Em contrapartida, 12%

deles acreditam que sim.

Quando questionados a respeito da visão do futuro que o líder tem para

seus colaborados, um quarto das pessoas não discordou nem concordou que o

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dono projeta um futuro interessante para seus colaboradores. Do restante, a

metade não concorda com a afirmativa e um quarto concordou.

Os funcionários em sua grande maioria não acreditam que o líder da

empresa “A” promova o trabalho em equipe. Para ser preciso, 81% dos

entrevistados responderam que o dono não promove a cooperação entre os

grupos de trabalho e pouco mais que 6% acreditam que sim.

A metade dos entrevistados não soube afirmar se o dono vê um problema

do passado como uma oportunidade do presente. Essa foi a resposta onde se

encontrou mais indecisão entre os entrevistados. Do total, 25% não concordou e

25% concordou.

O dono não mantém a calma em situações de crise. Isso foi o que 81%

dos entrevistados afirmaram e apenas 6% não concordou com essa afirmativa.

Quanto à atenção individualizada, 63% não acreditam que o dono dê

atenção individualizada para ajudar cada membro da equipe a cumprir seus

objetivos fazendo um papel de mentor ou treinados. Apenas 19% concordaram

que o líder possui essa habilidade.

Do total dos entrevistados, 44% não concordaram nem discordaram que

o líder motiva a equipe em busca de uma meta. Apenas 19% concordaram com

a afirmativa e 38% não concordaram.

Na parte da liderança transformacional, o líder teve 27 pontos numa

escala de 11 a 55 possíveis, ou seja, 41% do total da pontuação. Isso prova que

o líder tem pouca característica transformacional.

O líder da empresa “A” nessa primeira fase do questionário foi

considerado como líder transacional por estar antes do intervalo de 45 pontos

num total de 75 pontos. A pontuação total deste líder foi de 38,25.

5.1.2 Líder da empresa “B”

O líder da empresa “B” em sua entrevista afirmou que procura motivar a

equipe na base da confiança, ou seja, ele transmite poder à equipe quando as

pessoas acreditam que podem confiar no líder para o auxílio no desempenho de

suas tarefas e cumprimento de seus objetivos.

Além disso, ele se mostra muito calmo nas conversas com os

funcionários. Ele está sempre procurando corrigir os erros no final do dia e

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quando chama a atenção faz isso em lugar reservado com a pessoa isolada, não

a desmoralizando na frente do grupo de trabalho.

Para complementar e validar tudo o que o líder afirmou a respeito de sua

liderança, foram entrevistados os funcionários da empresa “B”. Quando

questionado sobre o perfil de liderança do líder da empresa “B”, a maioria das

pessoas não concordou nem discordou que este possuía um perfil de liderança

transacional ficando com a média de pontuação de 2,91 entre os 12

questionários de um total de cinco pontos.

Segundo os próprios funcionários, a média de respostas para a questão

da recompensa por tarefa, uma das principais características do Líder

transacional segundo Bass (1990), foi de 3,58 num total de cinco, ou seja, a

maioria das pessoas respondeu que elas são recompensadas de acordo com o

comprimento das tarefas.

O líder fica atento aos processos do dia-a-dia e toma ações corretivas

quando há descumprimento das normas. Isso foi o que os respondentes

afirmaram em maior escala, fato que contribui para que o líder não tenha

características transformacionais, e sim transacionais.

No entanto, quando os funcionários foram questionados se o líder só

atuava quando havia um descumprimento nas normas e se ele se eximia de

responsabilidades, as respostas foram negativas.

As características do líder da empresa “B”, segundo Bass (1990) são um

pouco de gestão por exceção ativa, onde o líder fica atento às tarefas

desempenhadas dos subordinados e toma atitudes corretivas de quem

descumpre as normas. Apesar disso, é interessante notar que o resultado do

estilo de liderança transformacional é mais expressivo que o da primeira parte do

questionário.

Quando foi questionado se os funcionários respeitam o líder pelas suas

atitudes, dois terços dos entrevistados concordaram ou concordaram

completamente e o restante não concordou nem discordou. Não houve

respostas discordantes para essa afirmativa. O mesmo foi observado quando foi

perguntado se os funcionários sentiam orgulho de trabalhar para o seu líder e a

resposta foi de cerca de 92% positiva.

Na parte da avaliação do líder em relação a seus seguidores as

respostas foram 83% positivas, quando perguntado se o líder tinha respeito

pelos seus seguidores e encarava de forma séria as necessidades deles. No

entanto, quando foi questionado se porventura o líder passaria por cima de seus

objetivos em função do bem dos seus funcionários a resposta foi negativa de um

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terço e o restante não concordou nem discordou. Neste caso, parece haver na

percepção dos funcionários um leve sentimento de egoísmo do líder para com os

funcionários.

O líder projeta uma imagem interessante para o futuro dos colaboradores.

Isso é o que 75% dos entrevistados concordaram. Apenas 17% não

concordaram com essa afirmativa, o que mostra que o líder faz boas projeções

para o futuro dos funcionários e os deixa entusiasmados.

O trabalho de equipe foi um dos pontos onde os funcionários em quase

sua maioria absoluta concordaram haver. Cerca de 92% responderam

positivamente que o líder promove a cooperação entre os grupos de trabalho.

Do total dos respondentes, 83% afirmaram que o líder age com calma em

situações de crise e os mesmo 83% responderam que ele percebe um problema

do passado como uma oportunidade do futuro.

Quanto ao treinamento e monitoramento da equipe, a maioria respondeu

que o líder dá atenção individualizada para ajudar a cada membro a cumprir

seus objetivos. Isso figura o reconhecimento da equipe que o líder tem em ser

treinador ou mentor de sua equipe. Apenas 17% responderam de forma

negativa.

Por fim, quando foi questionado sobre a motivação do líder para atingir

um objetivo em comum, 92% responderam positivamente. Isso demonstra uma

percepção dos funcionários de que o líder consegue motivar sua equipe em

busca de um objetivo para o bem da organização e consequentemente para o

bem de todos os funcionários.

Nessa parte do questionário as respostas em geral foram positivas para

as características do líder transformacional. De um total de 55 pontos a

respostas somaram 44 pontos, ou seja, 80%.

Na parte de liderança o líder da empresa “B” foi classificado como líder

transformacional por estar depois do intervalo de 45 pontos num total de 75

pontos. A pontuação total do líder foi de 55,92.

5.2 Desempenho Organizacional

Na segunda parte do questionário os entrevistados foram questionados a

respeito do desempenho da empresa.

Segundo Carneiro et al (2007), o desempenho pode ser analisado em

duas dimensões: de acordo com sua natureza conceitual e metodológica. Na

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dimensão conceitual os autores afirmam que uma das formas de analisar o

desempenho é pela ótica dos Stakeholders, mais especificamente pelos

empregados, gestores e gerentes. É sob esse prisma que o presente trabalho

pretende expor seus resultados. Com uma investigação sobre o desempenho a

partir das análises dos líderes e a partir das respostas dos questionários dos

empregados da empresa, os liderados.

Como já foi dito anteriormente, a parte do desempenho foi dividida sob

três óticas: ótica de mercado e consumidor, ótica financeira e ótica do

empregado.

O trabalho pretende deixar clara a separação do desempenho financeiro

e do desempenho não financeiro. Macedo & Silva (2004) destacam a

importância de medir o desempenho da empresa não só como financeiros, mas

também através de variáveis não financeiras, ou físicas. Para os autores essa é

uma forma subjetiva de avaliar o desempenho da empresa.

A primeira parte a ser analisada é a parte de mercado e consumo. Nela

serão analisadas a participação de mercado da empresa, a satisfação dos

consumidores, a qualidade dos produtos e serviços da empresa e a inovação da

empresa.

5.2.1 Desempenho de Mercado da Empresa “A”

Quanto à posição de mercado da empresa “A” não há dúvidas de que

essa empresa está bem posicionada de acordo com a opinião de seus

funcionários. Isso porque 94% dos questionados concordam que a empresa é

líder de mercado e possui pelo menos 25% de participação de mercado. O mais

impressionante é que 63% concordam plenamente com essa afirmativa e

apenas 6% não concordaram.

Os serviços prestados pela empresa “A” estão acima da média do

mercado para 75% dos entrevistados. O restante não concordou nem discordou

com a afirmativa.

Quanto ao atendimento e a confiança do consumidor, 81% concordaram

que os clientes estão satisfeitos com o atendimento e prefere até pagar um

pouco mais caro pelos produtos da empresa “A”. Apenas 13% dos entrevistados

não concordaram com essa afirmativa.

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O número não é tão satisfatório quando entra em questão a qualidade

dos produtos, prazos de entrega e prazos de pagamentos, apesar de ser

positivo. Isso porque apenas 56% concordam que os produtos são de boa

qualidade e há poucas queixas quanto aos prazos de pagamento e entregas. No

entanto, não houve respostas negativas.

A empresa “A” inova mais do que a maior parte das empresas de seu

mercado, segundo 81% dos entrevistados. Do total dos entrevistados, a metade

concordou completamente com a afirmativa e nenhuma pessoa respondeu que

não está de acordo com a afirmativa.

A empresa “A” teve aproximadamente 78% de respostas positivas quanto

ao seu desempenho no mercado consumidor e apenas 4% de respostas

negativas. De um total de 25 pontos em média empresa “A” somou 20,38 pontos,

ou seja, 67% do total.

É plausível concordar que o desempenho da empresa “A” no mercado

consumidor e nas questões referentes é extraordinário na opinião dos

funcionários.

5.2.2 Desempenho de Mercado da Empresa “B”

Em relação à participação de mercado, 75% dos entrevistados

responderam concordar que a empresa possui pelo menos 25% de participação

de mercado no mercado onde atua. É visível a confiança que os funcionários

depositam na empresa “B”, acreditando que ela é líder de mercado.

Quanto à qualidade dos serviços prestados pela empresa, dois terços

concordaram que a empresa presta um serviço de qualidade acima da média do

mercado. O restante dos respondentes não concordou nem discordou da

afirmativa.

A qualidade dos serviços prestados pela empresa “B” é reflexo da boa

relação entre o líder da empresa “B” e seus liderados.

Quando se fala de satisfação dos consumidores o resultado é mais

positivo ainda. Mais de 91% concordaram que os clientes estão satisfeitos com o

atendimento da empresa e preferem pagar até um pouco mais pelos seus

produtos.

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A qualidade dos produtos é bem vista por 83% dos respondentes.

Segundo eles, os produtos são de boa qualidade e existem poucas queixas em

relação a prazos de pagamento e entrega.

Apesar dos quesitos de mercado acima serem favoráveis à empresa, os

funcionários não souberam responder se a empresa inova mais do que a maior

parte das empresas do seu setor. Isso pode por em dúvida a afirmativa de que a

empresa é líder de mercado em seu setor. Apenas um terço dos entrevistados

afirmou que a empresa inova mais do que as outras empresas em seu setor e o

restante dos entrevistados responderam que não discordam nem concordam.

Na média das questões, a empresa “B” teve 67% de respostas

afirmativas quando os funcionários foram perguntados sobre questões do

desempenho do mercado. De um total de 25 pontos na média de todas as

questões a empresa “B” conseguiu ter um pouco mais de 19 pontos, ou 63%.

Portanto, pode-se considerar que a luz da opinião da maioria dos funcionários a

empresa tem um desempenho satisfatório em seu mercado de atuação.

5.2.3 Desempenho Financeiro da Empresa “A”

Antes de expor as respostas dos funcionários, cabe aqui destacar alguns

pontos examinados segundo a entrevista ao líder. Foram realizadas apenas as

cinco questões da parte de desempenho financeiro com cada líder das duas

empresas.

Para o líder da empresa “A”, as contas da empresas são pagas em dia e

a empresa possui boa saúde financeira. Nessa afirmativa o líder está em total

acordo.

O líder apenas concorda que as vendas cresceram nos últimos três anos.

Segundo o próprio, se não fosse a crise mundial de consumo de setembro de

2008, a empresa continuaria em trajetória crescente até os dias de hoje,

acompanhando o crescimento da demanda por seus produtos.

O líder da empresa concorda plenamente com essa afirmativa e ainda

afirma que apesar da crise, os estoques continuam crescendo para prevenir a

empresa de uma possível falta mundial dos produtos numa melhora da

economia.

O dono não concorda nem discorda dessa afirmação, pois acredita que

os salários de sua empresa já estão em níveis satisfatórios para seus

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subordinados. A política salarial de sua empresa é praticamente inexistente, pois

os aumentos de salário dos funcionários se dão através de competência e

tarefas, não através do tempo.

Quando é questionado sobre o maior nível de delegação de poder em

sua empresa, o líder concorda plenamente. Segundo o próprio, há cinco anos, a

sua empresa não era departamentalizada e muitos funcionários exerciam

funções de outros setores. Hoje, há claramente uma divisão de tarefas e, apesar

das pessoas acumularem outras funções, as tarefas são bem divididas entre os

departamentos.

Os funcionários da empresa “A” ,de um modo geral, vêem como

satisfatório o desempenho financeiro dessa empresa. Na primeira afirmativa,

todos concordaram que a empresa possui uma boa saúde financeira e que as

contas são pagas em dia, sendo que 75% desses concordam completamente.

O crescimento das vendas foi respondido de forma positiva para 69% dos

questionados. Somente 6% não concordaram que as vendas cresceram nos

últimos três anos e um quarto não soube responder. A crise do final de 2008

pode ter influenciado a resposta dos entrevistados que não concordaram na

totalidade e algumas pessoas preferiram não opinar de forma positiva nem

negativa.

Quanto ao crescimento dos ativos e dos estoques 63% dos respondentes

concordaram com a afirmativa. Não houve respostas positivas e o restante dos

37% não soubera responder devido ao mesmo motivo da resposta anterior.

Apesar das pessoas perceberem o resultado financeiro da empresa “A”

como satisfatório, apenas 25% delas concordaram que os salários cresceram

mais que a média do mercado. Metade das pessoas não concordou com essa

afirmação e mais 25% das pessoas não concordaram nem discordaram.

A maioria dos funcionários respondeu haver uma maior delegação de

poder e um crescimento no número dos funcionários. Apenas 13% não

concordam com isso e 38% não concordaram nem discordaram.

Para validar que o desempenho financeiro da empresa “A” é satisfatório

foi aferido que 68% das pessoas concordaram com as questões referentes ao

desempenho financeiro da empresa. Se não levarmos em consideração a

questão dos salários, esse número cresce 75% e apenas 5% de respostas

negativas.

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5.2.4 Desempenho Financeiro da Empresa “B”

As mesmas cinco afirmativas foram feitas para o líder da empresa “B” e o

resultado não foi muito diferente do que foi analisado pelo líder da empresa “A”.

O líder da empresa concorda que as contas são pagas em dia e existe

boa saúde financeira em sua empresa. Segundo o dono, são poucas as vezes

que há recursos de terceiros presentes na empresa, mas quando existem são

pagos dentro de suas datas de vencimento.

As vendas cresceram nos últimos três anos. Essa é uma afirmativa que o

dono concorda em sua totalidade. Diferentemente da empresa “A”, a empresa

“B” não teve muito impacto com a crise de consumo mundial em setembro de

2008. O dono afirma que as vendas estão a cada ano em ritmo crescente e só

cresceu menos na Copa do mundo de 2006, pois o movimento do comércio de

rua é menor devido à escassez de pessoas nas ruas da região.

O dono da empresa “B” concorda plenamente que os ativos cresceram.

Desde o início da empresa os ativos estão em crescimento. No ano passado a

mais nova aquisição foi um ponto de loja extra a menos de 500 metros da matriz.

Além disso, houve um grande crescimento na capacidade de armazenamento

com o segundo andar do ponto extra adquirido recentemente.

Os salários estão em crescimento lento segundo o dono da empresa. O

dono apenas concorda que há um leve crescimento dos salários em relação à

média do mercado. O objetivo do dono é formar uma equipe de trabalho mais

qualificada, portanto ele na medida do possível reajusta os salários acima da

média do mercado para que seus funcionários não migrem pro concorrente.

Na última afirmativa, o dono apenas concorda que houve um crescimento

do poder de delegação com a criação de novos cargos ao longo dos anos como

chefe de estoque, chefe do setor de embalagens e subgerentes da loja principal.

Quando foram feitas as mesmas questões para os funcionários, o

resultado não foi muito diferente do que o analisado pelo líder da empresa “B”.

Dos entrevistados, 75% responderam que acreditam que a empresa

possui boa saúde financeira e que as contas são pagas em dia.

Quando foi perguntado a respeito do crescimento das vendas, os

funcionários corroboraram a afirmativa do líder e 83% concordaram totalmente

que as vendas cresceram nos últimos três anos da empresa. Apenas 8% não

responderam de forma afirmativa.

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Da mesma forma, os 83% responderam que a empresa teve um

crescimento dos ativos ao longo dos últimos anos. No entanto, as pessoas não

afirmaram com tanta veemência e a grande maioria desses 83% apenas

concordou com a afirmativa.

Em relação aos salários pagos pela empresa, as respostas foram

satisfatórias, mas não tanto quanto aos outras respostas dessa seção. Dois

terços dos entrevistados concordaram que o crescimento dos salários deu-se

acima da média do mercado, enquanto um terço não concordou nem discordou

com a afirmativa.

Os funcionários também concordaram com o que líder afirmou a respeito

da delegação de poder e criação de novos postos de trabalho. Do total dos

entrevistados, 83% concordaram haver maior delegação de poder e mais

funcionários na empresa ao longo dos anos.

Para fechar a seção, tanto os funcionários quanto o líder possuem uma

visão de desempenho financeiro bastante satisfatório para a empresa “B”. De

todas as respostas, 80% delas foram afirmativas e o restante não discordou nem

concordou com as afirmativas em questão.

5.2.5 Percepção de Clima Organizacional na Empresa “A”

Para finalizar a seção do desempenho foi questionado o que os

funcionários percebem sobre o clima e o ambiente do trabalho da empresa.

Assim como nas outras duas etapas, foram feitas cinco afirmativas em escala

Likert de cinco pontos para as pessoas validarem ou não as questões.

O objetivo dessa etapa foi tentar medir a satisfação dos funcionários na

empresa para com seu líder e a própria empresa que eles trabalham.

Na primeira afirmativa foi questionado se os respondentes falam para

seus amigos, os quais não são preferencialmente do mercado onde a empresa

atua, se ele trabalha em uma boa organização. De todos que responderam,

apenas 25% concordaram com essa frase e 44% discordaram.

Quanto à relação chefe-subordinado as pessoas tiveram respostas

distintas. Enquanto 44% dos funcionários afirmaram possuir boa relação com o

seu chefe outros 44% responderam não ter.

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Nenhum dos funcionários acredita que os valores dessa empresa são

convergente com seus valores pessoas. No entanto, 56% discordaram sendo

que os outros 44% não concordaram nem discordaram com essa afirmação.

As pessoas não estão comprometidas diariamente com o trabalho. Isso

foi o que 63% dos funcionários responderam. Apenas 6% deles concordaram

que os funcionários estão comprometidos diariamente com o trabalho. Isso

denota a falta de motivação da equipe.

A maioria dos funcionários acredita estar sendo injustiçado quanto a seus

salários. Essa afirmação foi respondida por 69% das pessoas. Apenas 13%

acreditam estar ganhando de forma justa com seu nível de instrução, experiência

profissional e trabalho desempenhado.

Nessa seção, apenas 18% dos funcionários responderam as questões de

forma positiva e 55% de forma negativa. Isso deixa claro que a liderança

transacional do sócio da empresa “A” não está sendo satisfatória para a grande

maioria dos funcionários.

5.2.6 Percepção de Clima Organizacional na Empresa “B”

Os funcionários responderam as cinco questões relativas ao clima

organizacional ou satisfação no ambiente de trabalho da empresa “B”.

Quando lhes foi perguntado se eles trabalham numa empresa boa, todos

responderam que sim. Dessa totalidade, apenas um terço respondeu que

concorda totalmente. Isso demonstra que os funcionários estão satisfeitos em

trabalhar na empresa “B” e tem orgulho de dizer isso.

Quanto à relação do funcionário com o chefe, 92% responderem que

possuem boa relação com seu chefe. O restante dos entrevistados não

concordou nem discordou da afirmativa.

Os valores da empresa “B” são bastante parecidos com os valores

explicitados pelos funcionários. Dos entrevistados, dois terços concordaram

totalmente que a empresa possui os mesmos valores que eles. O restante dos

entrevistados apenas concordou. Nesta afirmativa não houve pessoas que

responderam de forma negativa.

Apesar de satisfatório o desempenho do ambiente de trabalho, os

funcionários não foram convincentes ao responder sobre o comprometimento

das pessoas no trabalho do dia-a-dia. Por mais que sintam orgulho de dizer que

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trabalham na empresa “B”, a pesquisa revelou que apenas 50% dos

entrevistados afirmam que as pessoas estão comprometidas com o trabalho. A

maioria do restante não concordou nem discordou com a afirmativa e apenas

17% não concordaram que as pessoas estão comprometidas com o trabalho.

Por fim, os funcionários foram questionados sobre a remuneração e

sobre sua percepção de justiça nos salários. Mais de 91% dos entrevistados se

mostraram satisfeitos com seus salários baseados no seu nível de instrução,

experiência profissional e trabalho desempenhado.

Na soma agregada das questões de clima organizacional, 86% das

pessoas responderam de forma positiva às questões relativa a satisfação no

ambiente de trabalho. Na média dos entrevistados a soma dos pontos foi de

exatamente 21 em 25 pontos possíveis, ou seja, 84% do total de satisfação no

ambiente de trabalho foi atingido no resultado das entrevistas com os

funcionários.

Com esse resultado pode-se inferir que os funcionários estão bastante

satisfeitos com o ambiente de trabalho, apesar de algumas poucas pessoas

acreditarem que os funcionários não estão comprometidos com o trabalho.

5.3 Quadros analíticos

Para efeito de ilustração, a tabela 8 mostrará a média das respostas

numa escala de um a cinco, onde um foi quando a pessoa discordou

completamente e cinco quando ela concordou completamente.

Tabela 8: Média das respostas quanto ao estilo de liderança

Afirmativas sobre os estilos de liderança Empresa A Empresa B

Você é recompensado de acordo com o cumprimento de suas tarefas* 3,63 3,66

O seu chefe fica atento todo dia com os processos do dia-a-dia e toma

ações corretivas quando alguma coisa não sai como ele imaginou ou

quando há descumprimento das normas*

3,82 4,25

Seu líder só atua quando há descumprimento das regras* 2,82 2,25

Seu líder evita tomar decisões e se exime de responsabilidades* 2,56 2,58

As atitudes do seu líder fazem com que seus seguidores o respeitem 2,25 4,17

Você sente orgulho de trabalhar para seu líder 3,31 4,33

Seu líder encara de forma séria as necessidades pessoais dos

colaboradores 2,50 4,08

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Ele mostra respeito pelos sentimentos individuais dos seguidores 2,38 4,00

Passa por cima de seus interesses para o bem dos colaboradores 2,19 2,83

Projeta uma imagem interessante do futuro para seus seguidores 2,56 4,00

Promove a cooperação entre os grupos de trabalho 2,00 4,25

Percebe um problema do passado como uma oportunidade de melhoria

no presente. 2,94 4,25

Mantém a calma durante situações de crise 1,88 4,25

Dá atenção individualizada para ajudar cada membro a cumprir seus

objetivos, fazendo um papel de mentor ou treinador 2,38 3,75

Motiva o grupo para trabalhar junto em busca do mesmo objetivo 2,69 4,33

As perguntas com asterisco foram relativas à liderança transacional. A

pontuação delas foi revertida para ser verificado se o líder possui perfil

transacional ou transformacional.

A seguir, a tabela 9 mostra resumidamente a média do que os

funcionários das duas empresas responderam sobre o desempenho de mercado

de suas empresas. A mesma escala foi respeitada nessa parte do questionário.

Tabela 9: Média das respostas para o desempenho de mercado

Afirmativas sobre desempenho de Mercado Empresa A Empresa B

Sua empresa é líder no seu mercado. Ela possui pelo menos 25% de

participação de mercado na região que ela atua 4,50 3,67

Os serviços oferecidos por sua empresa estão acima da média do mercado 4,06 4,08

Seus clientes estão satisfeitos com o atendimento da sua empresa e preferem

pagar até um pouco mais pelos seus produtos 3,88 4,25

Os produtos são de boa qualidade e as queixas são poucas com relação a

prazos de entrega e pagamento 3,63 3,83

Sua empresa inova mais do que a maior parte das empresas do seu mercado 4,31 3,42

O quadro acima reflete que as duas empresas estão bem posicionadas

em seus mercados e os consumidores estão bem servidos, segundo a opinião

da maioria dos funcionários.

Para o desempenho financeiro, o quadro 10 irá resumir a média do que

os entrevistados responderam sobre suas empresas.

Tabela 10: Média das respostas para o desempenho financeiro

Afirmativas sobre desempenho Financeiro Empresa A Empresa B

Sua empresa tem uma boa saúde financeira. As contas são pagas em dia 4,75 4,00

Nos últimos três anos você percebeu um crescimento nas vendas 3,81 4,75

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Os ativos, inclusive estoque, de sua empresa cresceram no mesmo período 3,81 4,25

Os salários da sua empresa aumentaram em relação à média do mercado 2,75 3,75

Existe uma maior delegação de poder e um aumento dos funcionários nos

últimos três anos 3,50 4,25

Com exceção dos aumentos de salários da empresa “A”, todas as outras

respostas foram positivas no resultado financeiro das duas empresas. Na

percepção dos funcionários, todas as duas empresas estão com seus

indicadores de desempenho financeiro saudáveis.

Para concluir a análise do desempenho, segue o último quadro, o

desempenho de clima organizacional.

Tabela 11: Média das respostas para o desempenho de clima organizacional

Afirmativas sobre desempenho de Clima Organizaciona l Empresa A Empresa B

Você fala para seus amigos que trabalha numa boa organização 2,75 4,25

Você tem uma boa relação com seu chefe 2,88 4,33

Os valores dessa empresa são parecidos com seus valores pessoais 2,19 4,50

As pessoas estão comprometidas diariamente com o trabalho 2,19 3,25

Você considera sua remuneração justa pelo seu nível de instrução, experiência

profissional e trabalho desempenhado 2,13 4,42

No último tópico do desempenho, as duas empresas tiveram julgamentos

divergentes. Enquanto os funcionários da empresa “A” estão pouco satisfeitos

com o ambiente e o clima organizacional, os funcionários da empresa “B” estão

bastante satisfeitos. A resposta da empresa “B” foi pouco satisfatória apenas

quando eles foram questionados sobre o comprometimento do trabalho.

Por fim, o quadro 12 mostrará o resumo de todas as médias finais dos

tópicos agrupados a seguir:

Tabela 12: Médias finais agrupadas

Grupos Empresa A Empresa B

Liderança Transacional 3,21 3,19

Liderança Transformacional 2,46 4,02

Estilo de Liderança 2,55 3,73

Desempenho de Mercado e Consumidor 4,08 3,85

Desempenho Financeiro 3,73 4,25

Desempenho de Clima Organizacional 2,43 4,15

Desempenho Total 3,41 4,07

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Na parte da liderança, todos os dois líderes possuem algumas

características transacionais. No entanto, quando é medida a liderança

transformacional, apenas o líder da empresa “B” possui esse estilo de forma

mais convincente para a pesquisa. O líder da empresa “A” tem pouca

característica transformacional, como visto acima. Na média, as respostas foram

mais negativas do que positivas.

No geral, o líder da empresa “A” ficou abaixo de três pontos, o que é

considerado líder transacional e o líder da empresa “B” ficou acima dos três

pontos, sendo considerado líder transformacional.

No desempenho geral, todas as duas empresas tiveram níveis

satisfatórios, sendo que a empresa “B” teve um melhor desempenho.

Em cada módulo, a empresa “A” se destacou apenas nos desempenho

de mercado e financeiro, ficando com um desempenho de clima organizacional

não satisfatório. Por outro lado, a empresa “B” teve um índice bem satisfatório

para todos os índices de desempenho fechando com a média de mais de quatro

pontos.

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6 Conclusões e Recomendações

Este capítulo pretende relacionar as informações do referencial teórico

com os resultados da pesquisa realizada com as duas pequenas empresas

familiares no ramo do comércio.

As perguntas principais que essa pesquisa procurou responder foram:

“De que modo os estilos de liderança influenciam o desempenho da pequena

empresa familiar? Existe algum estilo de liderança que proporcione melhores

resultados que outros?”

Em primeiro instante, o objetivo global deste estudo foi alcançado.

Constatou-se que a liderança transformacional da empresa “B” em média

apresentou melhores resultados do que na empresa “A”, pelo fato da liderança

transformacional estar associada a melhores resultados de acordo com o

exposto no referencial teórico.

Antes de concluir sobre os resultados das duas empresas é necessário

indagar que as duas empresas se encontram em estágios diferentes de vida de

acordo com a metodologia de Tomei et al (2008). Segundo a teoria do autor, a

empresa “A” parece estar na fase de regulamentação, onde há crise de controle

e falta de profissionalismo nos processos observados pela empresa. A empresa

“B” por sua vez se encontra na fase de expansão, pois os departamentos ainda

não estão completamente formalizados e o líder ainda concentra várias decisões

operacionais e estratégicas.

Dito isto, pode-se afirmar que a empresa “A”, por estar em um estágio de

vida à frente da empresa “B”, pode ter se beneficiado de melhores desempenhos

financeiros e de mercado.

Apesar de estar claro nas análises dos resultados, é importante a análise

e o confronto dos dados individuais nos desempenhos observados com as

teorias pertinentes de liderança conforme será exposto abaixo.

O líder da empresa “A” parece estar mais relacionado ao estilo de

liderança autocrático, enquanto o estilo de liderança da empresa “B” está mais

relacionada à liderança democrática, de acordo com a teoria de White e Lippitt

(1960). As diretrizes são debatidas e discutidas com o grupo na empresa “B”,

estimulado e assistido pelo líder, enquanto que na empresa “A”, o grupo discute

as diretrizes. No entanto, na empresa “A”, há uma tendência à centralização do

poder e na maior parte das vezes o grupo não tem o poder de estabelecer as

diretrizes.

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Se compararmos as duas gerências ao Grid Gerencial de Blake e Mouton

(1995), o líder da empresa “A” se aproxima da gerência de autoridade /

obediência onde o interesse pela produtividade é maior do que o interesse nas

pessoas. No caso da empresa “B”, o perfil do homem organizacional e da

estimulação do trabalho em equipe revela que o líder dessa empresa está entre

as áreas de homem organizacional, onde há um equilíbrio entre interesse pelas

pessoas e interesse pela produtividade, e gestão de equipe, onde a ênfase é no

trabalho em equipe que transforma as relações de confiança e respeito dos

liderados em alta produtividade.

Conforme foi examinado na pesquisa, o líder da empresa “A” apenas

apresenta suas idéias a equipe e as questiona com pouca interferência no

processo decisório. Essa afirmativa corresponde à terceira escala numa escala

de sete pontos do modelo de liderança situacional de Tannenbaum e Schmidt

(1986). No caso do líder da empresa “B” a liderança estaria mais próxima das

escalas cinco e seis, onde o líder apresenta o problema, recebe sugestões e

toma a decisão em conjunta com a equipe na forma de um consenso, ou seja, a

liderança estaria mais próxima a uma liderança democrática do que autoritária

para esses autores.

Quanto ao nível de maturidade da equipe relacionado à liderança, a

equipe da empresa “A” possui baixa maturidade, pois as pessoas não são

treinadas pelo líder e a capacidade de assumir responsabilidades é baixa. Para a

teoria de Hersey e Blanchard (1986), o líder, altamente orientado para as tarefas

e com baixa orientação pelas pessoas, estaria enquadrado nos esquemas de

liderança E1 ou E2. Enquanto isso, a empresa “B” possui um grau de maturidade

dos liderados um pouco maior, fazendo com que esta empresa esteja mais

próxima do estilo de liderança E3, onde o líder compartilha o processo de

decisão com os liderados. A equipe, apesar de bem treinada, é composta por

membros de baixo grau de escolaridade e instrução, isso faz com que o líder não

fique distante do dia-a-dia das tarefas. A maturidade dessa equipe está mais

perto do nível três, pois os liderados possuem capacidades de realização das

tarefas mas possuem motivações instáveis.

Para validar os questionários dos funcionários sobre liderança, foram

realizadas as mesmas questões com os líderes das duas empresas. O estilo de

liderança do líder “A” foi comprovado com características transacionais pelo

próprio líder e pelos funcionários na análise dos questionários. Já na empresa

“B” foi constatado que o líder possui características transformacionais de

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acordo com a entrevista com o próprio líder e com os resultados consolidados

dos questionários.

Apesar da liderança transacional na empresa “A”, os resultados de

mercado e consumidor foram ligeiramente melhores do que na empresa “B”.

Umas das razões para esse melhor desempenho pode ser o estágio de vida da

empresa “A” e o fato da empresa estar a mais tempo no mercado.

Outro motivo pode ser o fato do líder “A” estar atento a todos os

processos da empresa. Numa pequena empresa, o líder até consegue estar

presente nas demandas operacionais do dia-a-dia, no entanto, o crescimento da

empresa pode dificultar esse processo. Além disso, a empresa ainda não teve

outro dono, a partir do momento em que seu principal líder tenha que se

aposentar, a empresa poderá passar por dificuldades de sucessão devido ao

acúmulo de tarefas nas mãos do líder.

Na empresa “B”, onde a liderança é transformacional, a não necessidade

de supervisão diária da equipe pode facilitar um provável processo de sucessão,

pois a equipe sendo treinada pode adquirir habilidades para ser auto gerenciada.

Os resultados financeiros das duas empresas também foram muito

satisfatórios. Nesse quesito, a empresa “B” teve uma vantagem pequena em

relação à empresa “A”. Parece que o resultado financeiro não sofre influência ou

não tem muita relação com o estilo de liderança, pois foi observado que tanto o

líder transformacional quanto o líder transacional conseguem conduzir suas

empresas à resultados financeiros satisfatórios.

Por último, o desempenho de clima organizacional pode validar a

hipótese de trabalho que a liderança transformacional induz a melhores

resultados. Quando analisamos a liderança transacional da empresa “A”

aferimos que o desempenho de clima organizacional dessa empresa é pouco

satisfatório para os funcionários, ou seja, a maioria das respostas quanto ao

clima e ambiente organizacional foi negativa.

A empresa “B” por sua vez teve um desempenho de clima organizacional

muito satisfatório. Esse fato pode ser correlacionado ao estilo de liderança

transformacional de seu líder.

Dito isto, podemos fazer um paralelo entre liderança transacional e fraco

desempenho de clima organizacional, ao mesmo tempo em que, nesse caso

também podemos correlacionar a liderança transformacional a satisfatórios

desempenhos de clima organizacional.

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Por meio da pesquisa, foi possível constatar que há uma deficiência no

treinamento profissional da empresa “A”, isto pode ser uma das razões da baixa

satisfação dos funcionários desta empresa. Por outro lado, na empresa “B” o

treinamento e o acompanhamento nas tarefas dos funcionários novos e antigos

pode também ser um dos fatores motivacionais para essa empresa.

O estímulo e a ênfase no trabalho em equipe da empresa “B” pode ter

sido outro fator que elevou a satisfação no trabalho. As pessoas que trabalham

para esta empresa se sentem dispostas e encorajadas a trabalhar com outros

membros da equipe.

A falta de planejamento formal nas duas empresas não foi responsável

para seus desempenhos financeiros e de mercado. No entanto, não se pode

afirmar que ambas as empresas poderiam progredir mais e tornar-se grandes ou

médias empresas se dispusessem de tais planejamentos.

Pode-se dizer que a falta de um sistema de gestão integrado na empresa

“A” pode ser motivo de descontentamento e falhas humanas que provoca o baixo

desempenho de clima organizacional nessa empresa. O processo de

comunicação organizacional na empresa “B” é mais integrado, o que pode ser

um motivo a menos para o estresse durante o trabalho. No entanto, não

podemos concluir que a falta desse sistema integrado de informações gerencias

foi um entrave ao crescimento financeiro e de mercado para a empresa “A”,

como também não podemos concluir que esse tipo de sistema poderia alavancar

seu crescimento.

Como considerações finais, podem-se relacionar algumas sugestões de

melhorias para as empresas:

• Empresa “A”:

o Implantação de um sistema de gestão integrado para

melhorar a comunicação interna e solucionar ou diminuir as

falhas humanas causadoras de estresses no trabalho;

o Processo formal de treinamento e acompanhamento do

funcionário novo e antigo;

o Formalização de uma estratégia empresarial de metas e

objetivos de curto e médio prazo;

o Criação de métricas de desempenhos por departamentos e

individualizadas entre os departamentos;

o Promoção do trabalho em equipe e da interdependência

departamental;

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o Medidas para estimular a motivação do trabalhador como

promoção de eventos, encontros informais para resolver

problemas de trabalho, palestras com especialistas nas

áreas de RH e gestão, etc;

o Maior delegação de poder por parte do dono para os

departamentos;

o Técnicas de empowerment para os funcionários que

possuem maiores responsabilidades;

o Estabelecimento de metas para crescimento empresarial.

• Empresa “B”:

o Criação de métricas de desempenho coletivo e individual

para remuneração e bonificação dos funcionários;

o Formalização de uma estratégia empresarial de metas e

objetivos de curto e médio prazo;

o Investimento em qualificação do funcionário ou contratação

de funcionários mais qualificados para diminuir a

dependência da empresa com seu líder;

o Criação de metas de desempenho empresarial e de

crescimento de médio e longo prazo.

Como recomendação para pesquisas futuras pode-se sugerir temas

relacionados com o tema principal de pesquisa para comprovar o referencial

teórico exposto.

Também se pode fazer necessário analisar um número maior de

empresas, pois a amostra de duas empresas pode não representar a realidade

questionada no estudo presente.

O aprofundamento da pesquisa com o aumento do número da amostra

pode vir acompanhado com uma análise quantitativa sobre a correlação entre o

estilo de liderança com o desempenho empresarial nas pequenas empresas

familiares.

Assim como o número de empresas maior, a maior quantidade de

variáveis de desempenho ou mesmo outras abordagens de desempenho pode

ser uma fonte pesquisa interessante para o assunto em pauta.

Aplicar o estudo de estilo de liderança com desempenho nas médias

empresas é outra abordagem que pode validar a hipótese de que apenas nas

pequenas empresas a liderança transacional pode levá-las a obter desempenhos

financeiros e de mercado satisfatórios.

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8 Apêndices 8.1 Apêndice A - Questionário

Responda cada pergunta de acordo com a escala numérica abaixo:

1 – Discordo plenamente

2 – Apenas Discordo

3 – Não Concordo nem discordo

4 – Apenas Concordo

5 – Concordo plenamente

1) Você é recompensado de acordo com o cumprimento de suas tarefas. _____

2) O seu chefe fica atento todo dia com os processos do dia-a-dia e toma ações

corretivas quando alguma coisa não sai como ele imaginou ou quando há

descumprimento das normas. _____

3) Seu líder só atua quando há descumprimento das regras. ______

4) Seu líder evita tomar decisões e se exime de responsabilidades. _____

5) As atitudes do seu líder fazem com que seus seguidores o respeitem. _____

6) Você sente orgulho de trabalhar para seu líder. _____

7) Seu líder encara de forma séria as necessidades pessoais dos

colaboradores. _____

8) Ele mostra respeito pelos sentimentos individuais dos seguidores. _____

9) Passa por cima de seus interesses para o bem dos colaboradores. _____

10) Projeta uma imagem interessante do futuro para seus seguidores. _____

11) Promove a cooperação entre os grupos de trabalho. _____

12) Percebe um problema do passado como uma oportunidade de melhoria no

presente. _____

13) Mantém a calma durante situações de crise. _____

14) Dá atenção individualizada para ajudar cada membro a cumprir seus

objetivos, fazendo um papel de mentor ou treinador. _____

15) Motiva o grupo para trabalhar junto em busca do mesmo objetivo. _____

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8.2 Apêndice B - Questionário

Percepção de desempenho empresarial dos funcionários da empresa.

1 – Discordo plenamente

2 – Apenas Discordo

3 – Não Concordo nem discordo

4 – Apenas Concordo

5 – Concordo plenamente

1) Mercado e Consumidor

a) Sua empresa é líder no seu mercado. Ela possui pelo menos 25% de

participação de mercado na região que ela atua. _____

b) Os serviços oferecidos por sua empresa estão acima da média do mercado.

_____

c) Seus clientes estão satisfeitos com o atendimento da sua empresa e

preferem pagar até um pouco mais pelos seus produtos. _____

d) Os produtos são de boa qualidade e as queixas são poucas com relação a

prazos de entrega e pagamento. _____

e) Sua empresa inova mais do que a maior parte das empresas do seu

mercado. _____

2) Resultados Financeiros

a) Sua empresa tem uma boa saúde financeira. As contas são pagas em dia.

_____

b) Nos últimos três anos você percebeu um crescimento nas vendas. _____

c) Os ativos, inclusive estoque, de sua empresa cresceram no mesmo período.

_____

d) Os salários da sua empresa aumentaram em relação à média do mercado.

_____

e) Existe uma maior delegação de poder e um aumento dos funcionários nos

últimos três anos. _____

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3) Satisfação dos Funcionários

a) Você fala para seus amigos que trabalha numa boa organização. _____

b) Você tem uma boa relação com seu chefe. _____

c) Os valores dessa empresa são parecidos com seus valores pessoais. _____

d) As pessoas estão comprometidas diariamente com o trabalho. _____

e) Você considera sua remuneração justa pelo seu nível de instrução,

experiência profissional e trabalho desempenhado. _____

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