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Credenciamento MEC, Portaria nº. 2.669 de 28/07/05.
Especialização em EducaçãoEspecial com ênfase em Libras
LIBRAS I
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Conhecendo o Surdo e sua Língua - Legislação
Qual a nomenclatura correta?
Como chamaremos esta pessoa? Como nos referiremos a ela?
Surda? Pessoa surda? Deficiente auditiva? Pessoa com deficiência auditiva?
Pessoa com baixa audição? Portadora de deficiência auditiva?
Pessoa portadora de deficiência auditiva? Portadora de surdez?
Pessoa portadora de surdez?
Em primeiro lugar, vamos parar de dizer ou escrever a palavra “portadora”
(como substantivo e como adjetivo). A condição de ter uma deficiência faz parte da
pessoa e esta pessoa não porta sua deficiência. Ela tem uma deficiência. Tanto o
verbo “portar” como o substantivo ou adjetivo “portadora” não se aplicam a uma
condição inata ou adquirida que está presente na pessoa.
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Uma pessoa só porta algo que ela possa não portar, deliberada ou
casualmente. Por exemplo, uma pessoa pode portar um guarda-chuva se houver
necessidade e deixá-lo em algum lugar por esquecimento ou por assim decidir. Não
se pode fazer isto com uma deficiência, é claro. Outro motivo para descartarmos as
palavras “portar” e “portadora” decorre da universalização do conhecimento pela
internet, processo este que está nos conectando em tempo real com o mundo
inteiro. Assim, por exemplo, ficamos sabendo que em todos os lugares do mundo as
pessoas com deficiência desejam ser chamadas pelo nome equivalente, em cada
idioma, ao termo “pessoa com deficiência”
Ao falar de Deficientes auditivos, é comum ouvir a expressão "Surdo-Mudo".
Porém, o que poucos sabem é que esta é uma ideia equivocada, e que necessita de
esclarecimentos.
A maioria das pessoas acaba concluindo que os surdos são também mudos
pelo fato de não ouvirem. É verídica a ideia de que nós aprendemos a falar ouvindo,
porém a expressão "Mudo" tem relação com outro sentido.
Pessoa Muda é aquela que não faz uso do seu aparelho fonador (conjunto de
órgãos e estruturas que produzem os sons de nossa fala) para fala ou qualquer
outra manifestação vocal. O ponto é que a “Mudez" não está relacionada com a
"surdez". São minoria os surdos que também são mudos.
O fato é que qualquer surdo que tenha seu aparelho fonador em perfeito
estado, pode desenvolver a fala, claro que com certa dificuldade, e é preciso esforço
e acompanhamento de um bom especialista.
Então, a ideia de que todo surdo é mudo deve ser completamente extinta de
nossas mentes. É importante ressaltar que mesmo que o surdo não consiga falar de
forma oral, ele fala com as mãos. A linguagem de sinais é também um tipo de fala,
pois é através dela que se comunicam os deficientes, sendo eles surdos, mudos ou
os dois.
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Surdez ou deficiência auditiva
Resolvido o problema das expressões “portar” e “portadora de”, passemos à
deficiência em si. Todos conhecem o fato de que alguns surdos não gostam de
serem considerados deficientes auditivos e o fato de que algumas pessoas com
deficiência auditiva não gostam de ser consideradas surdas. Também existem
pessoas surdas ou com deficiência auditiva que são indiferentes quanto a serem
consideradas surdas ou deficientes auditivas.
Deficiência Auditiva - Tipos: surdez e variados níveis de baixa audição.
Nunca use o termo SURDO-MUDO! Além de ter conotação pejorativa, não
traduz a realidade de fato. Surdez e mudez são coisas distintas e raramente
encontra-se a ocorrência de ambas em um único indivíduo. A forma mais bem aceita
para designar um surdo é "SURDO". Se estiver fazendo menção a outras áreas,
pode-se utilizar a expressão "PESSOA(S) COM NECESSIDADES ESPECIAIS"
E não se esqueça de evitar rótulos como DA (deficiente auditivo), PPD
(pessoa portadora de deficiência), PNE (portador de necessidades especiais), PCD
(pessoa com deficiência), etc. Fazendo assim você estará contribuindo para que a
cultura surda seja respeitada
Por que não se deve dizer “Linguagem de Sinais”?
Linguagem é tudo o que envolve significação, que pode ser humano (pintura,
música, cinema), animal (abelhas, golfinhos, macacos) ou artificial (linguagens de
programação, código Morse). Por exemplo: na linguagem dos macacos existe uma
série de expressões faciais e sons para demonstrar uma quantidade limitada de
emoções (raiva, satisfação, alerta com algum inimigo).
Em poucas palavras, língua é um conjunto de significações do humano que
usa códigos finitos para representar um sem número de significados. Por exemplo:
no alfabeto latino de 23 letras, que usamos na língua portuguesa, podemos
representar um número praticamente infinito de palavras.
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Concepções de Língua / Linguagem
Língua como instrumento de comunicação: A linguagem é vista como um
código.
Língua como forma histórico-cultural: A linguagem é vista como uma atividade
em um contexto. O sujeito é o autor da sua comunicação.
Até pouco tempo só se dava status linguístico às línguas orais, isto é, as
línguas que são produzidas com o aparelho fonador-articulatório e compreendidas
através da audição. Após a década de 60, começou nos EUA um estudo sobre as
línguas de sinais, mais especificamente a ASL (American Sign Language – Língua
de Sinais Americana) por William Stokoe, que concluiu que as línguas sinalizadas
apresentavam os mesmos elementos que as línguas orais. Portanto, a Língua de
Sinais tem a mesma denominação das línguas orais. A mesma nomenclatura deve
valer para ambas. Não se pensa em dizer “linguagem portuguesa”, “linguagem
alemã”, “linguagem hebraica”.
A sigla LIBRAS significa Língua Brasileira de Sinais. É a língua materna do
surdo usada e difundida nas comunidades surdas. Possui estrutura gramatical
própria que não está vinculada a língua oral, no nosso caso a língua portuguesa. Na
composição da LIBRAS um fator importante é expressão corporal e facial. Ao
contrário do que muitas pessoas acreditam, a LIBRAS não é uma língua universal,
cada país assim como possui sua própria língua também possui sua própria língua
de sinais.
Normal 0-15 - Ouvinte
Perda Leve 16 a 40 - Deficiente Auditivo
Escuta os sons, desde que estejam um pouco mais alto.
Dificilmente será usuário de aparelho de amplificação sonora.
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Moderada 41 a 70 Deficiente auditivo
É necessário uma voz de certa intensidade para que seja convencionalmente
percebida.
É frequente, o atraso de linguagem e as alterações articulatórias, havendo, em
alguns casos, maiores problemas linguísticos.
Maior dificuldade de discriminação auditiva em ambientes ruidosos.
Podendo afetar e atrasar o desenvolvimento da fala e da linguagem, mas não a
impede que fale. Porém, se houver intervenções e o “aparelho auditivo” a criança irá
desenvolver quase que normalmente.
Severa 71 a 90 – Surdo
Na perda severa a criança já não escuta sons importante do dia a dia como:
telefone, a campainha, a televisão. Só escuta sons fortes como: latido de cachorro,
avião, caminhão, serra elétrica. Não é capaz de escutar a voz humana sem o
aparelho auditivo.
Profunda 91… - Surdo
Só escuta os sons graves que transmitem vibração como:
Helicóptero, raio e trovão. Se não houve intervenções, a fala e a linguagem
dificilmente irão se desenvolver. E se houver serão de forma lenta e com
dificuldades. Será necessário a aquisição da língua de sinais.
Anacúsia 100 - Surdo
É a falta total de audição, deve ser trabalhado e estimulado o mais precocemente
possível, tendo como conduta pedagógica o mesmo da surdez profunda.
Características ou Níveis entre o grau da surdez
Identificação e sinais indicadores
Os sinais que podem ser percebidos precocemente pelos pais das crianças
que possuem deficiência auditiva são:
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• Não se assustar com portas que batem ou outros ruídos fortes;
• Não acordar com música alta ou barulho repentino;
• Não atenderem quando são chamadas;
• Serem distraídas, desatentas, desligadas, apáticas, não se concentrarem;
• Não falar, após os dois anos de idade;
• Parecer ter atraso no desenvolvimento neurológico ou motor.
Surdo: É a pessoa que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o
mundo por meio de experiências visuais.
A surdez pode ser dividida em dois grandes grupos:
Congênita, quando o indivíduo já nasceu surdo.
Nesse caso a surdez é pré-linguístico, ou seja, ocorreu antes da aquisição da
linguagem.
Adquirida, quando o indivíduo perde a audição no decorrer da sua vida. Nesse caso
a surdez poderá ser pré ou pós-linguístico, dependendo da sua ocorrência ter se
dado antes ou depois da aquisição da linguagem.
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Causas da Surdez
PRÉ-NATAIS
Fatores genéticos
Toxoplasmose: é uma doença infecciosa, Toxoplasma encontrado nas fezes dos
gatos.
Rubéola
Citomegalovírus: Infecção do sistema nervoso central, digestivo: família da herpes
Exposição da mãe a drogas
PERI-NATAIS
PREMATURIDADE
ANÓXICA (FALTA DE OXIGENAÇÃO)
TRAUMA DE PARTO
PÓS-NATAIS
OTITES
MENINGITE E ENCEFALITE, HERPES...
INFECÇÕES VIRAIS (CAXUMBA, SARAMPO)
EXPOSIÇÕES A RUÍDOS INTERNOS
TRAUMA CRÂNIO ENCEFÁLICOS
MEDICAMENTOS OTOTÓXICOS
TUMORES
AVANÇO DA IDADE
ACIDENTES
Prevenções
Prevenção Primária
Campanhas de vacinação contra a Rubéola, sarampo, meningite, caxumba, etc.;
Exames pré-nupciais; Pré-natais;
Prevenção Secundária
Na área de saúde, por meio do diagnóstico, da protetização precoce da
criança e do atendimento fonoaudiólogo;
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Na área da Educação, por meio de atendimento na Educação Infantil, principalmente
através do Programa de Estimulação Precoce.
Prevenção Terciária
Refere-se às ações que limita as consequências dos problemas da surdez e
melhoram o nível de desempenho da pessoa.
Assumir a diferença: Ser estrangeiro em seu próprio país
Implicações do processo de alfabetização para alunos Surdos
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Palestras e orientações às mães
Metodologias Educacionais adotadas ao longo da História com alunos Surdos
Há três metodologias específicas no ensino de surdos:
Oralismo, Comunicação Total e Bilinguismo.
• Oralismo: tem como objetivo a integração da criança surda com os ouvintes,
propondo o desenvolvimento da língua oral. Este método valoriza a utilização de
próteses na reeducação auditiva, inclusive na dos surdos profundos, para estimular
os resíduos auditivos através da amplificação dos sons. A aprendizagem da fala é
ponto central e para desenvolvê-la algumas técnicas específicas são utilizadas, são
elas:
• Treinamento auditivo: estimulação auditiva para reconhecimento e
discriminação de ruídos, sons ambientais e sons da fala.
• Desenvolvimento da fala: exercícios para a mobilidade e tonicidade dos
órgãos envolvidos na fonação (lábios, mandíbula, língua) e exercícios de respiração
e relaxamento.
• Leitura labial: treino para a identificação da palavra falada por outra pessoa
por meio dos movimentos dos lábios (leitura labial) aliados à expressão facial.
Alguns obstáculos da leitura labial: deficiência visual, distância, posição de quem
fala, má articulação, fonemas homorgânicos, entre outros.
• Comunicação Total: defende a ideia de que o surdo pode e deve utilizar
todas as formas de comunicação (gestos naturais, português sinalizado, Língua
Brasileira de Sinais – LIBRAS, alfabeto datilológico, fala, leitura labial, leitura e
escrita) para desenvolver-se linguisticamente. Possui flexibilidade no uso de
comunicação oral e gestual.
• Bilinguismo: essa abordagem assume a Língua Brasileira de Sinais –
LIBRAS – como a primeira língua do surdo, devendo ser aprendida o mais cedo
possível para depois ter contato com a segunda língua - o idioma (língua) oficial do
país – no caso do Brasil, a Língua Portuguesa. Essa corrente defende o uso das
duas Línguas no processo educacional da pessoa surda.
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Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS
É o idioma utilizado pelos surdos. Língua de modalidade gestual-visual
(porque utiliza a visão para captar a mensagem e movimentos das mãos e
expressões corporal e facial para se comunicar) que possui estrutura e gramática
própria, tendo a mesma denominação e status da língua oral-auditiva (sistema
fonológico representado pelos fonemas de uma língua, concretizados pela
articulação dos sons da fala).
A Língua de Sinais não é uma língua universal
Sua função é facilitar a comunicação entre o estudante surdo, o professor e
os outros estudantes da turma, interpretando a mensagem recebida em Língua
Portuguesa oral e/ou escrita e convertendo-a em LIBRAS e vice-versa. A presença,
em sala de aula, do intérprete de LIBRAS / Português tem aspectos favoráveis e
desfavoráveis que precisam ser observados:
Aspectos favoráveis:
O aluno surdo aprende de modo mais fácil o conteúdo de cada disciplina e
sente-se mais seguro, tendo mais chances de compreender e ser compreendido.
O processo de ensino-aprendizagem, se tratando de uma sala de aula
inclusiva, fica menos exaustivo e mais produtivo para o professor e para todos os
alunos.
O professor fica com mais tempo para atender aos demais alunos.
Aspectos desfavoráveis
O intérprete pode não conseguir passar o conteúdo da mesma forma que o
professor.
O intérprete necessita ter formação escolar adequada para conseguir
acompanhar o ritmo e o nível do conteúdo da aula.
O aluno foca a sua atenção no intérprete e não no professor regente; o ideal
seria que o professor soubesse LIBRAS.
O professor não interage diretamente com o aluno, sendo necessário que o
professor regente e o intérprete planejem suas funções e limites.
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A descoberta da surdez e o início da reabilitação:
1) Fases pelas quais passa a família:
• O choque;
• A reação;
• A adaptação;
• A orientação.
2) Sentimentos causados pelo impacto da descoberta da surdez:
• Ansiedade;
• Raiva e/ou negação;
• Culpa;
• Depressão;
• Preconceito;
• Rejeição / superproteção.
3) Orientações educacionais:
• Apoio de um psicólogo e de um serviço de assistência social (para a família);
• A família deve ser motivada a ver o futuro com uma ótica de esperança e
convicção;
• Desempenho da função de pais educadores.
4) Integração:
• Baseia-se no princípio de “normalização”, que significa “oferecer aos portadores
de necessidades especiais modos e condições de vida diária o mais semelhante
possível às formas e condições de vida do resto da sociedade” (Política Nacional de
Educação Especial / MEC, 1994);
• As crianças surdas têm direito a participar da vida familiar, de uma escola
comum e da comunidade, mesmo que em cada um desses momentos mereçam
uma atenção diferenciada às suas necessidades especiais;
• Depende, dentre outros fatores, de uma comunidade que esteja preparada para
conviver e aceitar aqueles que são diferentes.
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Esse processo ocorre nos seguintes contextos relacionais:
Na família: os pais e demais membros da família incluem sua criança, surda ou não,
nas atividades cotidianas do lar desde o seu nascimento.
Na escola: os colegas devem ser orientados quanto à importância da Língua de
Sinais
A integração social do surdo é o resultado de todo o processo que teve início
com a estimulação precoce. O processo de integração social é contínuo e torna-se
mensurável à medida que o surdo conscientiza-se de seu papel de cidadão com
pleno direito à escolha de vida pública e privada.
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