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Lição 11 – Gálatas 5 Epístola aos Gálatas – Enxertados
Exegése – V. 1
Gálatas 5:1 Para a liberdade Cristo nos libertou; permanecei, pois, firmes e não vos dobreis novamente a um jugo de escravidão.
Conclusão do argumento anterior – faz também de ponte para o próximo.
“Liberdade” – Tema presente ao longo de toda a epístola.
Igreja Cristã interpreta como referindo-se a estar “livres da Lei” mas tal interpretação não é consentânea:
Com afirmações de Paulo noutras passagens (e.g. Rom.3:31);
Com a mensagem geral de Gálatas.
O que é que Paulo entende por “liberdade”? De que é que Yeshua nos libertou?
Exegése – V. 1
Gálatas 5:1 Para a liberdade Cristo nos libertou; permanecei, pois, firmes e não vos dobreis novamente a um jugo de escravidão.
Yeshua redimiu-nos (i.e. libertou-nos) da servidão do pecado e da condenação da Torá que vem sobre aqueles que levam sobre si as suas iniquidades.
Paulo está uma vez mais a fazer uma clara demarcação entre a realidade das ‘Boas-Novas’ por Yeshua (e a liberdade que elas oferecem) e as ‘boas-novas’ dos Influenciadores.
Os que dependerem do seu estatuto Judaico terão uma grande desilusão no Dia do Juízo.
O grande tema da carta não é a relevância da Torá para a vida dos Justos mas sim qual o meio pelo qual alguém é Justificado (aceite por Deus como membro do Seu Concerto).
Exegése – V. 1
Gálatas 5:1 Para a liberdade Cristo nos libertou; permanecei, pois, firmes e não vos dobreis novamente a um jugo de escravidão.
“Escravidão” é pois o estar ainda debaixo da servidão do pecado e debaixo da condenação das nossas transgressões enquanto que “liberdade” é o ter sido declarado Justo pelo Pai com base no sacrifício redentor do Messias.
“Liberdade em Yeshua” é tornarmo-nos seu servo ou servos da Justiça.
Era esta ‘liberdade’ que os Gálatas estavam a considerar abandonar, liberdade esta que só se alcança em Yeshua.
“Jugo de escravidão” – refere-se certamente à teologia rabínica segundo a qual, tendo o Concerto sido feito com ‘todo o Israel’ só aqueles de linhagem Judaica ou declarados Judeus pelo proselitismo é que podiam ser declarados membros do Concerto. Essa teologia nunca foi acompanhada pela dádiva do Espírito e não mudava o coração. Seria voltar à escravatura.
Exegése – V. 2
Gálatas 5:2 Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará.
“deixardes circuncidar” – submeter ao ritual do proselitismo. Não significa submissão à circuncisão bíblica (corte do prepúcio) conforme ordenado a Abraão mas sim submeter-se à Circuncisão Ritual como forma de admissão no Concerto.
Se eles aceitassem esta forma de entrada no Concerto estariam não só a rejeitar a mensagem que Paulo lhes havia ministrado como estariam a rejeitar o próprio Yeshua.
O sacrifício de Yeshua deixaria de ter qualquer valor para eles.
Exegése – V. 3
Gálatas 5:3 E de novo testifico a todo homem que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei.
“obrigado a guardar toda a lei” – Soa estranho. Não estamos afinal obrigados a obedecer a Deus guardando a Sua Torá?
Deut.32:46 - disse-lhes: Aplicai o vosso coração a todas as palavras que eu hoje vos testifico, as quais haveis de recomendar a vossos filhos, para que tenham cuidado de cumprir todas as palavras desta lei.
Ao tempo de Paulo (e hoje) a Torá Escrita e a Torá Oral eram vistas como um todo unificado. Os decretos dos Rabis e em particular os do Sinédrio estavam a par da Torá Escrita, por vezes até a precedendo.
A Torá Oral incluía as 18 Medidas que faziam separação entre Judeu e Gentio e consideravam estes últimos como ritualmente impuros.
Exegése – V. 3
Gálatas 5:3 E de novo testifico a todo homem que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei.
Como poderia o prosélito agir no corpo do Messias se havia feito um voto em que se comprometia a guardar toda a Torá? Não poderia comer com um Gentio. Não poderia comer com um crente Gentio que ainda não se tivesse submetido à Circuncisão Ritual.
Submeter-se ao proselitismo causaria ainda mais divisões no Corpo do Messias.
A repreensão de Paulo a Pedro foi precisamente sobre este tema.
Negar o comer com um Gentio ou declinar o convite de um Gentio para ir a sua casa (recordemo-nos de qual teria sido a reacção de Pedro ante o convite de Cornélio se não tivesse visto uma visão) era o mesmo que afirmar que o Gentio não pertencia à família de Deus, i.e. que não era membro do Concerto.
Quem está dentro e quem está fora? Para Paulo quem estava no Messias estava dentro e pertencia a Israel. Negar a esse os seus plenos direitos era negar Yeshua.
Exegése – V. 4
Gálatas 5:4 Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça decaístes.
Paulo repete o que havia dito no v.2: “Cristo de nada vos aproveitará” se vos submeterdes à mensagem dos Influenciadores.
“os que vos justificais pela lei” – ninguém, nem mesmo os Influenciadores ensinavam a Justificação pela obediência à Torá. A teologia do tempo de Paulo sustentava, com base em versículos como Is.60:21, que Israel era Justa aos olhos de Deus porque Ele a havia eleito, não por mérito.
Com base nisto eles diziam que o Gentio tinha apenas uma opção para ser salvo – tornar-se Judeu.
Ser “justificado pela lei” era portanto procurar a Justificação aos olhos de Deus através da submissão ao ritual Farisaico do Proselitismo – algo que era considerado Torá.
Exegése – V. 4
Gálatas 5:4 Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça decaístes.
“da graça decaístes” – significa abandonar a verdade de que a Justificação vem por intermédio da Sua graça e nada tem a ver com estatuto étnico.
Por outro lado, o privilégio que os Gálatas tinham tido de escutar as ‘Boas-Novas’ de Yeshua por intermédio da visita de Paulo pode ser considerado ‘Graça de de Deus’. Eles estariam desprezando essa graça que Deus havia demonstrado para com eles.
Exegése – V. 5
Gálatas 5:5 Nós, entretanto, pelo Espírito aguardamos a esperança da justiça que provém da fé.
Em contraste com a mensagem dos Influenciadores, a mensagem de Paulo proclamava uma Justificação pela fé, que por sua vez é obra do Espírito.
Sem o Espírito a transformar o coração não há aceitação como justo perante o Pai.
“Justiça” – é a nossa condição de aceitabilidade perante Deus.
“aguardamos a esperança da justiça” – aguardamos com antecipação aquilo que sabemos ser verdade, que quando estivermos perante o Pai seremos aceites com base na nossa fé em Yeshua.
Rom.5:1 - Portanto, havendo sido justificados pela fé, temos paz com Deus, por meio do nosso Senhor Jesus Cristo
Rom.8:1 - Portanto, agora não há nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus.
Exegése – V. 6
Gálatas 5:6 Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão nem a incircuncisão vale coisa alguma; mas sim a fé que opera pelo amor.
Enquanto que para os Influenciadores o mais importante era “estar em Israel”, para Paulo era “estar em Cristo”. Estando em Cristo estamos também em Israel.
“nem a circuncisão nem a incircuncisão vale coisa alguma” – temos de entender isto como: “ter estatuto Judaico ou não ter estatuto Judaico não é relevante”.
A nossa entrada no Concerto (Justificação) não depende da nossa linhagem ou estatuto étnico.
1Cor.7:18-20 - Foi chamado alguém, estando circuncidado? permaneça assim. Foi alguém chamado na incircuncisão? não se circuncide. 19 A circuncisão nada é, e também a incircuncisão nada é, mas sim a observância dos mandamentos de Deus. 20 Cada um fique no estado em que foi chamado.
Exegése – V. 6
Gálatas 5:6 Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão nem a incircuncisão vale coisa alguma; mas sim a fé que opera pelo amor.
Uma vez mais, Paulo não se refere ao acto físico da circuncisão mas à circuncisão enquanto elemento central da Conversão Ritual ou Proselitismo.
O que ele diz é que um Judeu crente em Yeshua deve reter a sua identidade Judaica assim como um Gentio crente deve igualmente reter a sua identidade. O Corpo de Cristo só estará completo quando Judeus e Gentios forem um em Cristo.
“a observância dos mandamentos de Deus” – a Torá deve tornar-se o padrão de vida para todos os que estão em Yeshua – Judeus e Gentios.
Gálatas 4:6 – “a fé que opera pelo amor” = “a observância dos mandamentos de Deus” – 1Cor.7:19
biblicamente, a expressão do amor é pela guarda dos mandamentos.
Exegése – V. 7-9
Gálatas 5:7-9 Corríeis bem; quem vos impediu de obedecer à verdade? 8 Esta persuasão não vem daquele que vos chama. 9 Um pouco de fermento leveda a massa toda.
Metáfora da corrida.
Após a sua visita inicial tudo parecia estar bem. Tinham iniciado uma corrida e estavam a manter o ritmo. Mas agora, algum tempo depois, o seu desempenho era mau. Tão mau que arriscavam não acabar a corrida.
A corrida é a corrida da verdade e a verdade que Paulo tem em mente é obviamente as ‘Boas-novas’ da entrada no Concerto por Yeshua que ele próprio lhes anunciou.
Eles estavam a ser persuadidos pela ‘boa-nova’ de outro mas esse outro não era certamente Deus que os havia chamado de início.
Exegése – V. 7-9
Gálatas 5:7-9 Corríeis bem; quem vos impediu de obedecer à verdade? 8 Esta persuasão não vem daquele que vos chama. 9 Um pouco de fermento leveda a massa toda.
“Um pouco de fermento leveda a massa toda” – o erro, por muito insignificante que possa parecer de início tem a capacidade de crescer cada vez mais e desalojar a verdade se não for detectado e corrigido atempadamente.
Exegése – V. 10
Gálatas 5:10 Confio de vós, no Senhor, que de outro modo não haveis de pensar; mas aquele que vos perturba, seja quem for, sofrerá a condenação.
Paulo expressa confiança de que os Gálatas haviam de facto sido redimidos por Yeshua ele manteria o trabalho que havia feito neles e que, como resultado, eles rejeitariam os falsos ensinamentos.
Está claro que os Gálatas ainda não haviam tomado uma decisão.
Aqui o Influenciador parece ser um único individuo. Gál.1:7 diz o contrário.
Provavelmente ele aqui refere-se a um líder que havia ganho discípulos.
É provável que este líder estivesse ligado ao grupo vindo de Jerusalém.
Exegése – V. 11 Gálatas 5:11 Eu, porém, irmãos, se é que prego ainda a circuncisão, por que ainda sou perseguido? Nesse caso o escândalo da cruz estaria aniquilado.
A que se refere Paulo? Parece que alguns (incluindo os Influenciadores) estariam a dizer que Paulo estava de acordo com eles.
Pelo uso da palavra “ainda” Paulo admite já ter pregado essa doutrina no passado.
A sua lógica é: se ele ainda pregasse essa doutrina não haveria explicação para o facto de ele ser perseguido.
A perspectiva de Paulo é a de que ensinar a circuncisão – e estar ao abrigo da perseguição – seria anular a morte do Messias.
Exegése – V. 12 Gálatas 5:12 Oxalá se mutilassem aqueles que vos andam inquietando.
Pura ironia! Paulo expressa o desejo de que eles se tornassem eunucos.
Os eunucos não tinham lugar no sistema de adoração de Israel – Deut.23:1; Lev.21:20;22:24.
Nesta óptica ele parece estar a dizer que deseja que eles desaparecessem de cena.
Outra possibilidade é que fosse uma alusão ao culto de Cibele onde os homens se auto-castravam. Este culto era da zona da Galácia e seria familiar aos Gálatas. Ao participar deste culto os Influenciadores seriam igualmente excluídos do Concerto e desapareceriam de cena.
Se tudo o que eles querem fazer é cortar, então eles próprios devem ser cortados (eliminados).
Exegése – V. 13-15 Gálatas 5:13-15 Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Mas não useis da liberdade para dar ocasião à carne, antes pelo amor servi-vos uns aos outros. 14 Pois toda a lei se cumpre numa só palavra, a saber: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. 15 Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais uns aos outros.
Paulo concluiu o seu argumento contra os Influenciadores. Agora passa à exortação dos seguidores de Yeshua.
Esta passagem é frequentemente usada para que sustentar que os Gálatas tinham sido “libertos” da Lei. Mas Paulo recorre à Torá para explicar em que consiste esta liberdade (Lev.19:18). A Liberdade só existe na nossa submissão ao Espírito (que escreve a Torá nos nossos corações). É o paradigma do Êxodo: Israel estava livre da servidão do Egipto para que pudesse servir a YHWH (Êx.8:1)
Exegése – V. 13-15 Gálatas 5:13-15 Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Mas não useis da liberdade para dar ocasião à carne, antes pelo amor servi-vos uns aos outros. 14 Pois toda a lei se cumpre numa só palavra, a saber: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. 15 Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais uns aos outros.
“fostes chamados à liberdade” – Iniciativa Divina – é Deus que chama o pecador, que busca os que estão perdidos.
“não useis da liberdade para dar ocasião à carne” – ‘carne’ – a nossa natureza pecaminosa que nos faz depender de nós próprios e não de Deus. Os Gentios não tinham de passar pelo proselitismo para entrar na família de Deus, mas isso não significava que eram livres para definir a sua própria halachah, i.e. para fazer o que parecesse bem aos seus olhos. Ainda faziam parte de uma comunidade.
Exegése – V. 13-15 Gálatas 5:13-15 Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Mas não useis da liberdade para dar ocasião à carne, antes pelo amor servi-vos uns aos outros. 14 Pois toda a lei se cumpre numa só palavra, a saber: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. 15 Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais uns aos outros.
“pelo amor servi-vos uns aos outros” – Esta liberdade que nos foi ganha pelo Messias implica serviço colectivo (e também a Deus – as duas metades dos 10 Mandamentos), mas Paulo enfatiza o serviço ao próximo devido à dissensões na comunidade. Esta liberdade permite-nos modelar as nossas vidas à imagem do Messias.
Judeus e não-Judeus deveriam servir-se uns aos outros na comunidade.
“toda a lei se cumpre numa só palavra” - Paulo não reduz a Torá a um só mandamento. É comum os Rabis sumarizarem a Torá. Yeshua também o fez em Mat.22:36-40.
Exegése – V. 13-15 Gálatas 5:13-15 Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Mas não useis da liberdade para dar ocasião à carne, antes pelo amor servi-vos uns aos outros. 14 Pois toda a lei se cumpre numa só palavra, a saber: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. 15 Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais uns aos outros.
A Torá, devidamente obedecida, resultaria numa atitude de humildade e não de soberba para com o nosso semelhante.
Os Influenciadores queriam cumprir a Torá exigindo observância estrita das 18 Medidas que faziam separação entre Judeu e Gentio. A abordagem de Paulo é que deve ser o amor a governar, não os ditames dos Rabis.
Só podemos amar o nosso próximo se também amarmos a Deus de todo o coração. A motivação para amar o nosso próximo vem primariamente da nossa vontade em querer agradar a Deus. Obedecer à Torá à amor ao próximo.
Exegése – V. 13-15 Gálatas 5:13-15 Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Mas não useis da liberdade para dar ocasião à carne, antes pelo amor servi-vos uns aos outros. 14 Pois toda a lei se cumpre numa só palavra, a saber: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. 15 Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais uns aos outros.
“vos mordeis e devorais... não vos consumais” – Paulo salienta o contraste entre servirem-se uns aos outros e consumirem-se uns aos outros... como animais, mas isto é indicativo do que se estaria a passar nas comunidades da Galácia.
Paulo admite apenas uma via para as comunidades da Galácia: a unidade. Atendendo à linguagem empregue contra os Influenciadores e olhando para os nossos dias esperaríamos que ele lhes dissesse para saírem e fundarem a sua própria comunidade – mas não.
Ele escrevia a uma comunidade Judaica e só havia duas opções: o Judaísmo ou o paganismo. A Sinagoga era o único sítio viável.
Exegése – V. 16-17 Gálatas 5:16-17 Digo, porém: Andai pelo Espírito, e não haveis de cumprir a cobiça da carne. 17 Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis.
Paulo inicia uma explicação acerca da vida vivida pelo poder do Espírito (v.16-24).
Ele não começa por dizer como é que eles podem receber o Espírito – ele assume que eles já o têm. A sua perspectiva é que o Espírito assiste todos os crentes a viverem uma vida santificada.
“Andai” – Halachah (heb. Caminhar) – deve ser regido pelo Espírito. Cada um não deve fazer o que parece bem aos seus olhos mas o Espírito deve guiar a todos de acordo com o padrão único de Deus – a Sua Torá.
Os Influenciadores dependiam dos Rabis para determinar a sua halachah.
Exegése – V. 16-17 Gálatas 5:16-17 Digo, porém: Andai pelo Espírito, e não haveis de cumprir a cobiça da carne. 17 Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis.
Implicações deste ponto de vista:
1. A Torá Escrita ao invés da Oral passa a ser a autoridade primária na determinação da nossa halachah;
2. Zonas cinzentas são determinadas pelo Espírito à quando mais do que uma opção se apresenta, o amor ao próximo determina o caminho a seguir;
3. A halachah poderá ser determinada por uma minoria ao invés de uma maioria.
Exegése – V. 16-17 Gálatas 5:16-17 Digo, porém: Andai pelo Espírito, e não haveis de cumprir a cobiça da carne. 17 Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis.
‘Andar pelo Espírito’ não é uma subjectiva experiência pessoal sem qualquer ligação às Escrituras. Não significa que somos livres para fazer o que nos ‘dá na telha’.
‘Andar pelo Espírito’ é tomar as decisões da minha vida de acordo com a Torá do meu Deus que o Seu Espírito me escreve no coração.
Isto permite-me vencer os desejos carnais.
É a presença do Espírito que gera este conflito. Sem o Espírito o ser humano habitualmente rege-se pelas vontades carnais. O Espírito desperta em nós o desejo de ‘ser santos como Ele é santo’.
Exegése – V. 18 Gálatas 5:18 Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.
“estar debaixo da lei” - é usado por Paulo com dois sentidos:
Na realidade os dois sentidos vêm a dar num só pois quem dependesse do proselitismo (estatuto étnico / carne) para entrar no Concerto, permanecia debaixo da condenação da Torá.
É a resolução do conflito anterior pois quem é guiado pelo Espírito segue a Torá, não a transgride e, como tal, não fica sujeito à condenação dos transgressores – não fica debaixo da Lei.
Debaixo da Condenação da Torá Dependente da Torá (Prosélitismo) para entrar no Concerto
Rom.6:14-15; Gál.4:4-5; 5:18 1Cor.9:20 (4x); Gál.3:23; 4:21
Exegése – V. 18 Gálatas 5:18 Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.
Este vers. tem sido usado para dizer: “se sois guiados pelo Espírito, não necessitam de obedecer à Torá”.
Em Rom.8 onde ele faz uma exposição mais completa da obra do Espírito, ele contrasta viver pela carne com viver pelo Espírito (tal como aqui):
Rom.8:6-7 - “Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem em verdade o pode ser.”
Mas em Romanos a inimizade para com Deus é descrita como a nossa não sujeição à Torá de Deus.
Para Paulo, a sujeição à Torá (Rom.) não é o mesmo que estar “debaixo da Torá” (Gál.) – pelo contrário, é o inverso.
Exegése – V. 19-21 Gálatas 5:19-21 Ora, as obras da carne são manifestas, as quais são: a prostituição, a impureza, a lascívia, 20 a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos, 21 as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus.
Longa mas não exaustiva lista de pecados que caracterizam aqueles cuja vida é governada pela carne.
Irá contrastá-los no v.22 com os ‘frutos dos Espírito’.
Neste contexto, “obras da carne” são um paralelo às “obras da Lei” (2:16; 3:2,5,10). Os que dependiam do Proselitismo não podiam vencer as naturais inclinações da carne à Ele atribui aos Influenciadores as mesmas coisas que eles alegam desprezar.
Exegése – V. 19-21 Gálatas 5:19-21 Ora, as obras da carne são manifestas, as quais são: a prostituição, a impureza, a lascívia, 20 a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos, 21 as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus.
Na posição central desta lista estão aqueles pecados que cada vez mais caracterizavam as comunidades da Galácia.
A mensagem dos Influenciadores já tinha dado origem a dissensões e a facções. O resultado era a divisão, não a unidade.
Para Paulo, os que herdam o Reino são aqueles cujas vidas são santas, i.e. regidas pela presença do Espírito.
Exegése – V. 22-23 Gálatas 5:22-23 Mas o fruto do Espírito é: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade. 23 a mansidão, o domínio próprio; contra estas coisas não há lei.
Em contraste com a lista das obras da carne, Paulo agora dá uma lista (não exaustiva) que caracteriza os frutos do Espírito.
Esta lista denota tipos de relacionamento entre o homem e Deus e entre o homem e o seu semelhante – amor a Deus e amor ao próximo.
Paulo realça que a obra do Espírito na vida do crente desenvolve atitudes e acções que imitam a vida de Yeshua.
Enquanto as ‘obras da carne’ (proselitismo) poderiam resultar também em novas atitudes (halachah), os ‘frutos do Espírito’ resultam numa regeneração de carácter que equivale à mensagem dos Profetas que exortavam os Israelitas a circuncidar os seus corações.
Exegése – V. 22-23 Gálatas 5:22-23 Mas o fruto do Espírito é: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade. 23 a mansidão, o domínio próprio; contra estas coisas não há lei.
.
Os Influenciadores ensinavam conformidade às regras e rituais humanos; Paulo ensinava conformidade ao Espírito que capacitava o crente a obedecer à Torá de Deus.
Exegése – V. 22-23 Gálatas 5:22-23 ...contra estas coisas não há lei.
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“contra estas coisas não há lei” – afirmação curiosa que tem intrigado os comentadores. O David Stern traduz: “Não existe nada na Torá contra essas coisas”.
Uma vez que o tema são frutos – possível referência a ditames rabínicos segundo os quais certos actos de caridade (como o deixar os cantos dos campos para os pobres) que se referiam aos frutos da terra não tinham limites nem medida na Torá. – (m.Peah 1:1)
Estes limites também eram entendidos como “padrões legais” (m.Shabbat 7:4) à logo, “contra isto não há Torá.”
Os rabis estendiam este axioma aos frutos da nossa vida – boas obras e estudo da Torá.
O significado então seria: “Não existe qualquer prescrição legal que limite ou permita medir os frutos do Espírito”, i.e. o amor é, por definição, incomensurável – não há fórmula que defina o amor a Deus e ao próximo.
Exegése – V. 24 Gálatas 5:24 E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.
Paulo reafirma a sua premissa inicial do v.16 – “Andai pelo Espírito, e não haveis de cumprir a cobiça da carne”:
os que são de Cristo Jesus <=> andam pelo Espírito.
Porque o crente ‘morreu’ com Yeshua, isso significa que o seu velho ‘eu’ foi crucificado e, em seu lugar, surge ou renasce um novo ‘eu’ que busca agradar ao seu Senhor.
Assim, os crentes na Galácia não necessitavam de submeter-se a um ritual humano para santificar as suas vidas perante o Todo-Poderoso. Isto já eles tinham alcançado através de Yeshua, tendo morrido com Ele e agora ressuscitado para andar em ‘novidade de vida’.
Exegése – V. 25 Gálatas 5:25 Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito.
Esta passagem inicia um novo parágrafo. Vários comentadores acreditam que ele inicia uma nova secção no texto e que a colocação do capítulo 6 dois versículos à frente é infeliz.
Viver a halachah (caminhar) correcta deve ser algo de contínuo na alma redimida.
“andemos” – não é a palavra usual para andar ou caminhar mas sugere conformidade com um padrão.
Para Paulo este padrão não são os ditames rabínicos mas a Palavra de Deus aplicada ao coração pelo Espírito.
Paráfrase: “Se foi o Espírito que nos deu vida, deixemos que seja o Espírito a conduzir-nos nas decisões diárias de halachah”
Exegése – V. 25 Gálatas 5:25 Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito.
Sermos guiados pelo Espírito não é uma experiência subjectiva que nos permite fazer o que parece bem aos nossos olhos.
Tem de estar em conformidade com os “frutos do Espírito”;
...e também com a Palavra de Deus.
Eis aqui a diferença entre a “letra da Lei” e o “Espírito da Lei”:
Letra – é a Torá sem o Espírito, i.e. a Torá não escrita nos corações;
Espírito – é a Torá escrita nos corações pela acção do Espírito.
O seu ponto primário é: aqueles que foram vivificados pelo Espírito devem andar (halachah – tomar decisões) pelo Espírito.
Exegése – V. 26 Gálatas 5:26 Não nos tornemos vangloriosos, provocando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros.
Nas comunidades da Galácia haveria alguns que se estariam a apresentar como autoridades.
Sugere que havia argumentos não com o propósito de chegar à verdade mas com o único propósito de vencer o irmão. Isto resulta inevitavelmente em divisão e é fruto do orgulho (vangloria).
“invejando-nos uns aos outros” – sugere que haveria uma competição por posições de autoridade e influência dentro da comunidade.