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Lição 6: Conselhos Gerais I O ministro de Jesus Cristo deve estar atento aos vários segmentos da igreja local. Depois de ter mostrado a necessidade de ser diligente e fiel no ministério, o apóstolo Paulo, em suas orientações a seu filho na fé, Timóteo, mostra a extrema necessidade que o líder tem de lidar com os diversos segmentos da igreja local, a todos atendendo, de todos cuidando. PORTAL ESCOLA DOMINICAL 3º Trimestre de 2015 - CPAD A IGREJA E O SEU TESTEMUNHO as ordenanças de Cristo nas cartas pastorais Comentários da revista da CPAD: Elinaldo Renovato de Lima LIÇÃO Nº 6 CONSELHOS GERAIS O ministro de Jesus Cristo deve estar atento aos vários segmentos da igreja local. INTRODUÇÃO - Na sequência do estudo da Primeira Epístola de Paulo a Timóteo, estudaremos partes dos capítulos cinco e seis daquela carta. - O ministro de Jesus Cristo deve estar atento aos vários segmentos da igreja local. I O CUIDADO COM OS IDOSOS, JOVENS, HOMENS E MULHERES - Depois de ter mostrado a necessidade de ser diligente e fiel no ministério, o apóstolo Paulo, em suas orientações a seu filho na fé, Timóteo, mostra a extrema necessidade que o líder tem de lidar com os diversos segmentos da igreja local, a todos atendendo, de todos cuidando. - Paulo mostra a Timóteo que a igreja local, conquanto seja um grupo social, é um grupo social heterogêneo que, em seu interior, abarca todo o tipo de pessoas e, por isso mesmo, aqueles incumbidos do ministério pastoral devem saber tratar a todos respeitando as suas individualidades, sem qualquer parcialidade.

Lição 6

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  • Lio 6: Conselhos Gerais I

    O ministro de Jesus Cristo deve estar atento aos vrios segmentos da igreja local.

    Depois de ter mostrado a necessidade de ser diligente e fiel no ministrio, o

    apstolo Paulo, em suas orientaes a seu filho na f, Timteo, mostra a extrema

    necessidade que o lder tem de lidar com os diversos segmentos da igreja local, a todos atendendo, de todos cuidando.

    PORTAL ESCOLA DOMINICAL 3 Trimestre de 2015 - CPAD A IGREJA E O SEU TESTEMUNHO as ordenanas de Cristo nas cartas pastorais

    Comentrios da revista da CPAD: Elinaldo Renovato de Lima

    LIO N 6 CONSELHOS GERAIS

    O ministro de Jesus Cristo deve estar atento aos vrios segmentos da

    igreja local.

    INTRODUO

    - Na sequncia do estudo da Primeira Epstola de Paulo a Timteo, estudaremos partes dos captulos cinco e seis daquela carta.

    - O ministro de Jesus Cristo deve estar atento aos vrios segmentos

    da igreja local.

    I O CUIDADO COM OS IDOSOS, JOVENS, HOMENS E MULHERES

    - Depois de ter mostrado a necessidade de ser diligente e fiel no ministrio, o apstolo Paulo, em suas orientaes a seu filho na f,

    Timteo, mostra a extrema necessidade que o lder tem de lidar com os diversos segmentos da igreja local, a todos atendendo, de todos

    cuidando.

    - Paulo mostra a Timteo que a igreja local, conquanto seja um grupo

    social, um grupo social heterogneo que, em seu interior, abarca todo o tipo de pessoas e, por isso mesmo, aqueles incumbidos do

    ministrio pastoral devem saber tratar a todos respeitando as suas individualidades, sem qualquer parcialidade.

  • - A igreja local no passa de uma poro da Igreja, este povo de

    Deus na dispensao da graa, que rene todos os seres humanos, at porque o Evangelho deve ser pregado a toda criatura (Mc.16:15).

    A Igreja formada por todo o tipo de pessoas, sem qualquer

    distino de classe social, raa, escolaridade, sexo e tantos outros elementos que distinguem os homens na sociedade. Paulo bem

    demonstra isto ao dizer: Porque tantos quantos fostes batizados em Cristo j vos revestistes de Cristo. Nisto no h judeu nem grego;

    no h servo nem livre; no h macho nem fmea, porque todos vs sois um em Cristo Jesus (Gl.5:27,28).

    - V-se, portanto, que, ao contrrio de outros grupos sociais, que se

    caracterizam por uma certa uniformidade entre seus membros, a igreja local representa toda esta universalidade do Evangelho,

    possuindo, em seu interior, o mais diversificado conjunto de pessoas,

    que esto unidas por um aspecto espiritual, que a salvao em Cristo Jesus, mas que permanecem, em termos seculares, ostentando

    uma diferena, uma diversidade, que deve ser levada em conta por aqueles que foram incumbidos pelo Senhor Jesus para cuidar do

    rebanho do Senhor. - Sabedor desta realidade, o apstolo Paulo fez questo de dar

    orientaes a Timteo de como ele deveria cuidar dos diversos segmentos na igreja de feso, pois, sem dvida, este um dos

    maiores desafios de quem chamado ao ministrio pastoral. Como pastor, o ministro deve ser to imparcial como o Senhor que o

    comissionou, algo que s possvel mediante a ao do Esprito Santo, pois os ministros so formados dentro de uma realidade social

    que nos faz tender a certas predilees e a certas atitudes que nem sempre representam esta imparcialidade exigvel de quem est

    frente do rebanho do Senhor.

    - Na igreja de Jerusalm, a primeira igreja local, vemos como a

    influncia cultural pode criar problemas que no podem existir entre os que cristos dizem ser. Em funo dos valores existentes na

    prpria sociedade judaica, as vivas judias nascidas fora de Israel passaram a ser desprezadas em detrimento das vivas judias

    nascidas em Israel, o que gerou uma murmurao tal na igreja hierosalamita que foi preciso que os apstolos criassem o diaconato

    para evitar que isto viesse a prejudicar a misso da Igreja (At.6:1-5).

    - Outra grande demonstrao a respeito de como a influncia cultural

    pode perturbar as igrejas locais a resistncia que os apstolos tiveram para pregar o Evangelho aos gentios. No fosse a

    perseguio dirigida por Saulo, Filipe no teria ido a Samaria pregar a Palavra de Deus (At.8) e, no fosse a forte viso que o Esprito Santo

    deu a Pedro, este no iria a casa de Cornlio para pregar o Evangelho (At.10). Mesmo assim, a reao da igreja de Jerusalm e a ao dos

    judaizantes, que levaram realizao do conclio de Jerusalm

  • (At.15), mostram como extremamente difcil lidar com este

    componente cultural e como o ministro de Cristo Jesus deve sempre estar atento a este fator que pode inviabilizar a prpria misso da

    Igreja.

    - Paulo, como ningum, conhecia a fora deste elemento cultural e,

    por isso, em suas orientaes a Timteo, procura alertar o jovem pastor de que ele deveria estar atento a todos os segmentos da igreja

    local, a fim de que, sendo imparcial como exige Nosso Senhor e Salvador, pudesse no s cumprir o seu ministrio como tambm

    permitir que a igreja local cumpra a sua tarefa de evangelizar os incrdulos e ensinar os crentes, sendo uma poro da Igreja no meio

    de uma determinada sociedade.

    - O primeiro ponto tratado pelo apstolo Paulo o tratamento que

    deveria ter o jovem Timteo com os ancios, com os mais velhos, levando-se em conta o fato de que Timteo era jovem.

    - Se Paulo, antes, havia dito para Timteo que o requisito para o

    exerccio do ministrio pastoral era a maturidade espiritual e no, a idade, de modo que no deveria levar em considerao quaisquer

    objees que tivesse em feso por causa da sua pouca idade (I

    Tm.4:12), o apstolo manda que Timteo, como pastor, levasse em conta a idade da membresia, no devendo, por isso mesmo,

    repreender asperamente os ancios, mas admoest-los como a pais (I Tm.5:1).

    - Vemos aqui como se devem conjugar elementos culturais e

    espirituais na conduo da igreja local. Timteo, embora fosse uma autoridade como pastor, apesar de sua pouca idade, no deveria

    fazer com que sua posio prevalecesse a ponto de desconsiderar o respeito que devia ter com os mais velhos. Assim, embora no

    pudesse se omitir, enquanto pastor, de repreender e aconselhar os

    mais velhos, deveria faz-lo de modo diferenciado, com respeito, com o mesmo tratamento que desempenharia em relao a seu pai.

    - Como importante termos este equilbrio na igreja local. Sem que

    se abra mo da legtima autoridade que o Senhor concede aos ministros, estes no podem agir da mesma maneira com toda a

    membresia, mas ser sensvel a ponto de, dependendo do segmento com que est lidando, ter um comportamento apropriado e

    adequado.

    - O Senhor Jesus nunca lidou com a massa, mas, sim, sempre tratou a todos individualmente, levando em conta o temperamento e a estrutura de cada um, at porque, sabemos todos, Deus no criou

    dois seres humanos idnticos, sendo que cada pessoa diferente da outra. O ministro, no desempenho do ministrio pastoral, sabendo

  • que est a cuidar do que no seu, mas, sim, do Senhor, deve ter

    esta mesma habilidade, tratando a cada um segundo a sua individualidade, segundo a sua estrutura. Como afirma Hans Brki:

    A exortao precisa ser detalhada, atingir a cada pessoa individualmente, no corao, no mago do ser. (Cartas a Timteo I Timteo Comentrio Esperana. Trad. de Werner Fuchs, p.65).

    - evidente, alis, que tal tratamento exige o conhecimento de cada

    um, motivo por que o pastor deve ser algum que conhece as suas ovelhas, o que, de pronto, afasta a malfadada cultura de gabinete que tanto mal tem gerado nas igrejas locais na atualidade. O pastor precisa conhecer seus liderados, precisa ter contato com eles, a fim

    de que possa desempenhar a contento esta funo de tratamento individualizado que Paulo recomenda a Timteo.

    - Alis, no por acaso que os ministros so chamados de pastores. O pastor algum que tem conhecimento de cada uma de suas

    ovelhas, tanto que elas o identificam pela voz, exatamente como o Senhor Jesus disse ocorrer com relao aos Seus seguidores

    (Jo.10:14,27). Exige-se daquele que o Senhor constituiu como pastores, como apascentadores do Seu rebanho (I Pe.5:2), este

    mesmo nvel de intimidade, de relacionamento com os crentes.

    - Nos dias difceis em que vivemos, no entanto, muitos que se dizem

    pastores so to somente administradores, burocratas, que esto interessados apenas num desempenho empresarial da igreja local,

    pouco se importando com o relacionamento interpessoal, sendo meros gerentes, no, pastores. No isto que ensina Paulo a

    Timteo. Diz o apstolo que Timteo deveria repreender e admoestar os mais velhos como a pais, ou seja, Timteo deveria ter um

    relacionamento com os mais velhos como o relacionamento entre pais e filhos.

    - interessante salientar que a expresso repreender asperamente tambm tem a ideia de ataque, ou seja, jamais o pastor deve atacar, tomar a iniciativa de causar animosidade contra algum, especialmente os mais velhos. Como triste vermos os plpitos

    serem utilizados como locais de ataques a certos membros que no so participantes da mesma viso ou dos mesmos projetos do lder.

    Pelo contrrio, o pastor deve chama-los parte ( este o sentido de admoestar), refletindo, neste comportamento, todo o reconhecimento

    da dignidade da pessoa humana, em particular dos mais velhos. - Com relao aos jovens, Timteo deveria repreend-los como a

    irmos (I Tm.5:1), a indicar que poderia ser mais duro com relao a estes, j que, neste caso, a idade no era um fator de desvantagem em relao ao pastor.

  • - Entretanto, como se repreender um irmo? No com estupidez nem tampouco com desrespeito, mas com amor e desejo de melhora do repreendido. A repreenso s pode ter como objetivo o bem-estar

    do repreendido, jamais a sua humilhao, jamais a sua destruio.

    - Temos observado dois extremos que, infelizmente, tm prevalecido

    em muitas igrejas locais em detrimento do modelo bblico aqui explicitado pelo apstolo Paulo. De um lado, aqueles que acham que

    repreenso e admoestao humilhao, sinnimo de excluso, de declarao de morte espiritual, algo que, entretanto, no corresponde

    realidade, j que a disciplina tem como finalidade a restaurao espiritual, o arrependimento daquele que caiu em pecado para que

    possa alcanar a sua salvao. Toda exortao que busca atingir o corao errar o alvo se no partir de um grande respeito, de uma

    profunda considerao perante o carter nico da condio do outro

    como criatura. Antes violentar, esmagar o outro, constrangendo-o ou escravizando-o em vez de libert-lo. Todo ser humano digno do

    amor, e somente a partir dessa dignidade e por causa desse amor que ele pode ser corretamente exortado. (BRKI, Hans. op.cit., p.65).

    - De outro lado, temos aqueles que simplesmente entendem que papel do Esprito Santo a repreenso. Nada falam, nada advertem,

    esperando que a pessoa, por si s, se arrependa. Permitem todo o tipo de atitude na igreja local, compactuam com o pecado e com os

    maus costumes, assumindo um papel de pessoa simptica e compreensiva, o que, entretanto, no , em absoluto, o que ensina a Bblia Sagrada. Como ensina Joo Calvino: preciso notar que o apstolo no tencionava dizer que Timteo poupasse os idosos e fosse indulgente para com eles, de tal sorte que pudessem pecar

    impunemente sem receber qualquer gnero de correo (Pastorais. Trad. de Vlter Graciano Martins, p.125).

    - Como afirma o comentarista bblico Matthew Henry: Os ministros so repreendedores por ofcio. Isso faz parte, embora seja a parte menos prazerosa, do seu ofcio. Eles devem pregar, repreender e

    corrigir (II Tm 4.2). (Comentrio Novo Testamento Atos a Apocalipse obra completa. Trad. de Degmar Ribas Jnior, p.697). Paulo diz que Timteo deveria repreender tanto idosos quanto jovens,

    levando em conta a idade de cada qual, mas deveria ele prprio efetuar a repreenso. para isto, entre outras coisas, que o Senhor

    d pastores s igrejas, de modo que no tarefa do Esprito Santo a repreenso. Isto tarefa do pastor. Caber, sim, ao Esprito Santo o

    convencimento do pecado (Jo.16:8). No foi, alis, por outro motivo que o escritor aos hebreus foi enftico ao dizer que ao pastor que

    incumbe prestar contas das almas que lhe foram confiadas (Hb.13:17).

  • - Da mesma forma, Timteo deveria tratar as mulheres idosas como

    mes (I Tm.5:2). Vemos aqui como no h qualquer discriminao de sexo na doutrina crist, ao contrrio daqueles que, equivocadamente,

    entendem ser a Bblia Sagrada um livro machista ou um livro patriarcal. Num mundo onde as mulheres eram completamente desprezadas, o apstolo manda Timteo tratar os idosos como pais e as idosas como mes, a revelar a imparcialidade que deve existir na igreja local entre homens e mulheres.

    - Este tratamento respeitoso para com os mais idosos tem rareado

    em muitas igrejas locais. No so poucos os casos em que jovens pastores, que assumem posies de liderana, tm, como primeira

    providncia, aposentar irmos mais velhos, desconsiderando os anos de servio que tm na obra do Senhor, desprezando-os a tal

    ponto que muitos deles acabam sendo obrigados a mudar de igreja

    local, ministrio e, por vezes, at de denominao, ante o tratamento recebido, sendo isto, pasmem os irmos, visto como sinal de modernidade, como progresso, como avano.

    - Paulo manda a Timteo que procedesse de outro modo. Muito provavelmente, muitos dos idosos que deveriam ser repreendidos

    fossem parte daqueles que estavam a ensinar outra doutrina (I Tm.1:3), mas, nem por isso, Timteo deveria ser desrespeitoso com

    eles. Pelo contrrio, ainda que devendo exercer o seu grave dever de manter a igreja local saudvel do ponto-de-vista doutrinrio, nem por

    isso poderia tratar com desrespeito os mais idosos ou as mais idosas.

    - No se est aqui a defender que no se possa substituir irmos e

    irms que, pela sua idade, j no tm condies de levar adiante um determinado trabalho na igreja local, pois no se pode gerar uma

    paralisia na obra do Senhor, mas isto deve ser feito com respeito e considerao. bem verdade que a idade avanada impede um vigor

    que, por vezes, necessrio no trabalho, mas isto no significa que se deva desprezar a experincia daqueles que, por tantos anos,

    labutaram na seara do Mestre. A substituio jamais deve representar o menosprezo ou o desprezo, mas, sim, uma mudana de

    funo, fazendo daquele que no tem mais foras fsicas para estar

    frente de certas atividades um conselheiro, um ensinador.

    - Prosseguindo suas orientaes, o apstolo manda que Timteo tratasse as irms com toda a pureza. Tem-se aqui um outro

    segmento com que o obreiro deve ter muito cuidado: as mulheres.

    - A prpria meno das mulheres pelo apstolo Paulo mostra como a

    igreja local crist era bem diferente do restante da sociedade. Tanto entre os judeus quanto entre os gentios, a mulher era

    completamente desconsiderada, no tinha qualquer valor ou dignidade, ainda que, entre os judeus, por fora da lei de Moiss, sua

  • condio fosse um pouco melhor que a existente entre as demais

    naes.

    - Aqui, Paulo enfatiza que, na igreja local, a mulher tinha, sim, um

    lugar; eram, sim, consideradas, ainda que, pela prpria diferena que existe entre homem e mulher, no lhes estivesse reservado o

    ministrio pastoral. Ao dizer que Timteo deveria tratar as mulheres como irms, em toda a pureza, mais uma vez se ressalta que o

    ministrio pastoral privativo dos homens.

    - Por isso mesmo, este relacionamento entre ministros e mulheres

    deve ser guiado pela pureza. Recentemente, em uma reunio convencional, muito se discutiu a respeito do comportamento que

    deve haver entre o ministro e as mulheres, numa discusso infindvel que acabou resultando na prpria retirada de um dispositivo a

    respeito que se pretendia estabelecer no cdigo de tica. Conhecido o dito segundo o qual os trs grandes perigos de um ministrio so

    os trs F (Fama, Fortuna e Fmea), o que uma grande realidade. O relacionamento com as mulheres tem sido um dos grandes fatores

    de fracassos no ministrio.

    - Paulo, porm, bem definiu qual deve ser o relacionamento entre o

    ministro e as mulheres: deve o ministro tratar a mulher como irm em toda a pureza. Como afirma William Hendriksen: Quando algum tenta ajudar sua irm a vencer certas falhas em seu carter, a impureza est totalmente ausente (pelo menos no sentido mais

    popular). Timteo deve tratar da mesma maneira as jovens solteiras que porventura estejam sob sua orientao espiritual, ou seja, como

    se fossem suas irms, porque realmente o sono Senhor! (Comentrios I Timteo, II Timteo e Tito. Trad. de Vlter Graciano

    Martins, p. 208).

    - A respeito, assim diz Joo Calvino: A frase com toda a pureza se refere s mulheres jovens pois, em sua idade, deve-se temer toda e qualquer insinuao suspeita. Todavia, Paulo no probe a Timteo de

    agir maliciosa ou desrespeitosamente em relao em relao s mulheres jovens, visto que tal proibio seria de todo suprflua; mas

    ele apenas lhe diz que se revestisse de prudncia para no dar s pessoas ocasio de critic-lo. Com essa finalidade, o apstolo exige

    aquela casta seriedade em todo o seu trato e conversao com outrem, e pudesse, assim, conversar com os jovens de forma muito

    espontnea sem alguma necessidade de observao desfavorvel (op.cit., p.126).

    - Esta prudncia tem faltado a muitos em nossos dias, seja no tratamento com os jovens, seja no tratamento com as mulheres.

    Temos notado uma falta de equilbrio que reproduz a falta de intimidade de alguns obreiros com o Senhor, pois a sabedoria dom

  • que vem do alto e que exige uma vida de proximidade com Deus, o

    que falta a muitos hodiernamente.

    - O ministro no pode ser completamente alheio aos segmentos

    jovens da igreja local, distanciando-se deles e da realidade social que os abrange, o que, alis, tem sido um dos fatores do preocupante

    xodo de jovens em muitas igrejas, mas, tambm, no pode o ministro, ainda que seja jovem em idade, como era o caso de

    Timteo, querer tornar-se um jovem, passando a ter um comportamento que totalmente inadmissvel para quem exerce a

    liderana.

    - O segmento jovem da igreja local precisa ter um cuidado especial.

    O pastor, ainda que no o lidere pessoalmente, deve ser prximo juventude, sabendo que tem um importante papel no

    amadurecimento no s psicolgico ou social desta poro da igreja, mas, sobretudo, ser algum que contribua decisivamente para o

    amadurecimento espiritual dos mancebos.

    - O que temos verificado, porm, que o segmento jovem da igreja local desconsiderado pelas lideranas, que incumbem o

    coordenador dos jovens desta tarefa pastoral, sem que o mesmo, por

    vezes, tenha qualquer condio de faz-lo e, o pior de tudo, num ambiente em que as famlias hoje quase nenhuma ou nenhuma

    educao doutrinria do a adolescentes e jovens, fazem com que este segmento no tenha qualquer amadurecimento espiritual, sendo,

    por isso mesmo, presas fceis do inimigo de nossas almas. O resultado no pode ser seno o do grande nmero de jovens que

    abandonam a f e que vo para o mundo.

    - Com relao s mulheres, no diferente. Os ministros ou se comportam como alheios a este segmento, que deixado, tambm,

    nas mos das irms mais idosas, que assumem uma inadmissvel

    tarefa pastoral, ou, ento, tem-se um comportamento inadequado que, no raro, leva a escndalos e a fracassos na vida dos ministros,

    mxime diante da adoo de uma mentalidade mundana impregnada de imoralidade e de abandono dos bons costumes constantes das

    Escrituras Sagradas.

    - H quase dois mil anos, o apstolo Paulo, inspirado pelo Esprito Santo, dava conselhos a Timteo para que, no exerccio do ministrio

    pastoral, no descuidasse ele destes segmentos e os tratasse com sabedoria e adequao. Que o Senhor ensine nossos pastores a

    agirem da mesma maneira!

    II O CUIDADO COM A ASSISTNCIA SOCIAL

  • - Depois de ter falado do tratamento diferenciado que devem ter

    alguns segmentos da igreja local com relao a faixa etria e ao sexo, Paulo, ento, passa a dar orientaes ao seu filho na f a

    respeito de como se deveria cuidar da assistncia social.

    - Por primeiro, vemos que, nestas orientaes, o apstolo Paulo

    mostra que, na igreja local, a assistncia social deve ser um importante negcio (Cf. At.6:3), uma demonstrao da verdadeira f que temos em Cristo Jesus, pois, a exemplo de Nosso Senhor e Salvador, temos de andar fazendo bem enquanto estivermos aqui

    nesta peregrinao terrena (At.10:38).

    - Lamentavelmente, esta considerao da assistncia social como um

    importante negcio tem sido inobservada por muitas igrejas locais, que pouco, quase nada ou absolutamente nada tm feito nesta rea,

    nem aos domsticos da f e muito menos com relao sociedade que existe em redor da igreja local.

    - O apstolo Paulo mostra que, embora a questo da distribuio dos

    recursos materiais deva estar a cargo dos diconos, que foram constitudos para esta finalidade (At.6:1-6), trata-se de um assunto

    que deve ficar sob a superviso do ministrio pastoral, pois a

    liderana deve estar ciente de tudo o que ocorre na igreja local, ainda que no esteja diretamente relacionada com a distribuio dos

    recursos.

    - A primeira orientao que o apstolo Paulo d a Timteo que se deveria honrar as vivas que verdadeiramente so vivas (I Tm.5:3). Honrar significa dar assistncia material e espiritual viva. Embora o apstolo estivesse a falar das vivas, no podemos

    nos esquecer de que a viva, no tempo antigo, era a figura das pessoas necessitadas, pois a mulher viva era o smbolo daquela

    pessoa que estava totalmente desamparada, que no tinha meios de

    sobrevivncia e que dependia da caridade pblica para subsistir. A viva e rfo sempre foram, nas Escrituras, as figuras, os prottipos

    das pessoas necessitadas. OBS: A expresso refere-se intencionalmente ao mandamento Honra teu pai e tua me. O judasmo na poca de Jesus interpretava esse mandamento no sentido do dever do filho adulto de acolher pais

    idosos e assumir o sustento deles. Honra as vivas, portanto, insere-se inteiramente no contexto dos v. 1s, que tm as relaes

    familiares como matriz bsica para toda exortao pastoral. A palavra honrar tambm pode ter o sentido de soldo de honra (ainda hoje em uso no termo latino honorrios). questo de honra encarregar-se da remunerao e do alimento. A demonstrao prtica da honra por

    amor sustentar de tal modo as verdadeiras vivas como membros da famlia que elas possam se sentir no meramente alimentadas,

    mas honradas. Toda a beneficncia corre o permanente perigo de

  • humilhar e ferir quem a recebe, quando no parte do amor e quando

    no se alicera sobre a valorizao da pessoa. (BRKI, Hans. op.cit., p.68)

    - Segundo esta primeira orientao, vemos que a igreja local tem o grave dever de ajudar os necessitados, mas, nica e exclusivamente,

    aqueles que realmente necessitam, ou seja, pessoas que, por circunstncias vrias, esto impedidos de ganhar o seu prprio

    sustento com o seu trabalho.

    - Temos aqui, de pronto, um fator que, por vezes, tem sido

    negligenciado nas igrejas locais, ou seja, de que no se deve permitir que o trabalho de assistncia social seja usufrudo por pessoas que,

    tendo plenas condies de trabalhar, no o queiram fazer, vivendo como parasitas, como pessoas que passam a sugar os recursos

    generosa e voluntariamente fornecidos pela membresia, para ter uma vida de ociosidade, completamente contrria aos ditames

    estabelecidos por Deus ao homem, segundo os quais necessrio que o homem sobreviva mediante o suor do seu rosto, mediante o

    seu trabalho (Gn.3:17-19), lembrando que o trabalho uma caracterstica que faz o homem semelhante ao Senhor (Jo.5:17), uma

    ordem dada ao homem antes mesmo do pecado (Gn.2:16).

    - Esta realidade j existia desde os tempos apostlicos. Na sua

    primeira carta, que foi a carta aos tessalonicenses, o apstolo j tratava da presena de pessoas inescrupulosas que queriam viver s

    custas dos irmos, que so chamados de desordeiros (I Ts.5:13) e que, na segunda carta aos crentes de Tessalnica, so descritos

    precisamente como aqueles que no querem trabalhar e que, por isso mesmo, no deveriam tambm ter o direito de comer (II Ts.3:10).

    - Outra orientao que o apstolo Paulo d a Timteo que deveria

    ser ajudada a viva que no tivesse familiares que pudessem

    ampar-la (I Tm.5:4). A igreja local deveria atuar, portanto, numa atitude subsidiria, devendo agir somente quando a famlia no puder

    cumprir o seu dever.

    - A famlia o grupo social bsico de toda sociedade, foi criada por Deus precisamente para suprir a necessidade que o homem tem de

    ter companhia (Gn.2:18), visto que foi criado como um ser social, companhia esta que tem como um de suas consequncia a ajuda

    mtua, tanto que, no monte Sinai, mandou o Senhor que, em Israel, se honrassem pai e me (Ex.20:12), a mostrar que a ajuda nas

    necessidades uma das tarefas primordiais do grupo familiar.

    - Por isso, no deve a igreja local compactuar com a negligncia da

    famlia em ajudar os seus entes queridos. Paulo foi muito enftico ao mostrar a Timteo que o que se diz cristo e nega ajuda aos seus

  • familiares pior do que o infiel (I Tm.5:8). Deste modo, no s a

    igreja no deve compactuar com a negligncia familiar como tambm deve excluir de seu rol de membros todos quantos agirem desta

    maneira, pois sero pessoas que esto a negar a sua f e a

    reproduzir uma conduta que totalmente contrria s doutrina. OBS: o apstolo tem uma palavra de censura contra a pessoa que negligencia o dever para com os seus e especialmente contra quem no sustenta os membros de sua famlia direta. Esse indivduo

    negligente tem negado a f (). A negao no consistia necessariamente em palavras, mas (o que amide pior) em sua

    negligncia pecaminosa. A falta de ao positiva, o pecado de omisso, desmente sua profisso de f (sentido subjetivo). Embora

    professe ser um cristo, ele carece do mais precioso dos frutos que so produzidos na rvore de uma vida e conduta verdadeiramente

    crists. Carece de amor. Onde o bom fruto est ausente, no pode haver uma rvore boa. (HENDRIKSEN, William. op.cit., p.214) (destaques originais).

    - inadmissvel que a igreja seja sobrecarregada, desvie recursos

    que poderiam bem ser utilizados para quem precisa em detrimento de pessoas que no precisam desta ajuda e que, simplesmente,

    querem viver sem trabalhar, em flagrante desobedincia aos preceitos divinos estabelecidos ao ser humano. No sejamos

    partcipes desta conduta que tantos males tm gerado para a obra de Deus (I Tm.5:16).

    OBS: Uma caridade mal aplicada um grande impedimento para a verdadeira caridade. Deveria haver prudncia na escolha dos

    desgnios de caridade, para que no fosse desperdiada com aqueles que no precisam tanto dela; assim haver mais para aqueles que

    so os verdadeiros objetos da caridade. (HENRY Matthew, op.cit., p.697).

    - Terceira orientao que o apstolo Paulo d a Timteo que somente devam ser ajudadas as vivas que d um bom testemunho

    para que possa ser ajudada. A viva a ser ajudada, diz o apstolo, deveria ser aquela que, apesar de desamparada, fosse uma pessoa

    que esperasse em Deus e perseverasse de dia e de noite em rogos e oraes, ou seja, uma pessoa que tivesse um verdadeiro testemunho

    cristo, que buscasse primeiramente o reino de Deus e a sua justia, uma pessoa que realmente fosse convertida e se mostrasse como

    autntica e genuna serva do Senhor.

    - Isto significa que a igreja no deva ajudar os incrdulos, deva se

    fechar nica e exclusivamente em ajudar os crentes? No, no e no! O apstolo sabia que a igreja local, como parte do corpo de Cristo,

    deveria mostrar a sua f sem acepo de pessoas (Tg.2:1), no podendo, pois, negar a ajuda a quem no pertence membresia.

  • - No entanto, assim como dito pelo apstolo, temos de dar

    prioridade, neste ajuda, aos domsticos da f (Gl.6:10), aos membros da igreja, at porque so eles integrantes da famlia de

    Deus (Ef.2:19) e, como tais, devemos cuidar primeiramente deles,

    para que no neguemos a nossa f.

    - Desta maneira, para gozar desta prioridade, a pessoa precisa mostrar que um verdadeiro e genuno servo de Deus, que se

    encontra numa situao de necessidade, mas que, apesar disto, continua a dar prioridade ao reino de Deus e sua justia, pessoa

    que no presa s coisas materiais.

    - Com relao especificamente s vivas, o apstolo Paulo diz que

    no deveriam ser inscritas vivas que tivessem menos de sessenta anos, que tivessem sido mulheres de um s marido e que tivessem

    prestado bons servios na obra de Deus. Tais requisitos revelam, claramente, que somente deveriam ser ajudadas vivas que no

    tivessem condio mesmo de sobreviver, que no tivessem condies de constituir nova famlia e que, por terem sido bondosas e caridosas

    ao longo de sua vida, mereciam, em retribuio, agora receber a ajuda da igreja local.

    OBS: Ao menos sessenta anos. Calvino apresenta duas razes por que Paulo no quer que se admita alguma abaixo dos sessenta anos

    de idade. Primeiro, "ao ser sustentada s expensas pblicas, seria prprio que j tivesse alcanado idade avanada". Segundo, havia

    uma obrigao mtua entre a igreja e essas vivas: a igreja aliviaria

    sua pobreza e elas se consagrariam ao ministrio da igreja, "que se tornaria intolervel, se ainda houvesse probabilidade de se casarem".

    Tenha sido esposa de um s marido. "Pode ser considerado como uma espcie de prova de continncia ou castidade, se uma mulher

    chega a essa idade, satisfeita por ter tido apenas um marido. No que (Paulo) desaprove um segundo casamento, ou que afixe um sinal

    de ignomnia sobre aquelas que se casaram duas vezes; (pois, pelo contrrio, ele aconselha as vivas mais jovens a se casarem); mas

    porque ele queria ter o cuidado de evitar que qualquer mulher ficasse obrigada a no se casar novamente, sentindo necessidade de ter

    marido" (Calvino).( HARRISON, Everett F. I Timteo Comentrio Moody, p.26).

    - As vivas mais novas eram recomendadas a se casar novamente, para que no adquirissem uma maneira de viver baseada na

    ociosidade, j que, sendo novas e no precisando trabalhar, poderiam iniciar uma vida que as levaria necessariamente ao pecado e a uma

    conduta inadequada para um servo de Deus (I Tm.5:11-15).

    - Tais recomendaes, alis, mostram como deletria e altamente contrria aos princpios bblicos a adoo de polticas assistencialistas

    por parte de governos, que incentivam e estimulam as pessoas a

  • viverem s custas do governo, sem necessidade de trabalho, polticas

    estas que tem atingido muitos que cristos se dizem ser e que tem gerado, precisamente, este comportamento que o apstolo diz ser

    inadequado e que faz com que muitos vo aps Satans, inclusive,

    em contrapartida a esta vida de ociosidade, contribuindo para que tais projetos de poder continuem se consolidando, fortificando

    regimes polticos totalmente contrrios s doutrina. Que Deus nos guarde, irmos, de deixarmos de lado o modelo bblico de

    sobrevivncia nesta peregrinao terrena!

    III O CUIDADO COM OS MINISTROS

    - Depois de tratar da assistncia social, o apstolo Paulo comea a cuidar do tratamento que Timteo teria de ter com os presbteros, ou

    seja, com os ministros na igreja de feso. Timteo estava a assumir a liderana da igreja de feso, como uma espcie de delegado apostlico, pois assumira o pastorado daquela igreja por ordem do apstolo Paulo, diante da perturbao doutrinria que estava

    ocorrendo naquela igreja local.

    - De pronto, vemos que no se tratava de uma tarefa fcil para

    Timteo, que agira como um interventor, como algum que, no pertencendo igreja local, vinha de fora para pr ordem na casa, misso que, naturalmente, iria ter grande resistncia, mxime por parte daqueles que estavam causando tais perturbaes.

    - O apstolo, entretanto, mesmo diante da autoridade que delegara

    para Timteo, fez questo de dar orientaes a seu filho na f com

    respeito relao que deveria ter com os ministros daquela igreja, conselhos que so aplicveis a todos os tempos, j que se trata de

    um texto inspirado pelo Esprito Santo e que compe a Bblia Sagrada, nossa nica regra de f e prtica.

    - A primeira orientao que o apstolo Paulo d a este respeito a

    Timteo que cabe aos presbteros o governo da igreja local: aos presbteros que governam bem (I Tm.5:17). O governo da igreja est nas mos dos presbteros, lembrando que presbteros aqui so os que exercem o ministrio pastoral, independentemente do ttulo

    que possuam (presbteros, pastores, evangelistas, bispos, ancios).

    - A igreja local tem governo, no um ambiente anrquico, onde

    todos fazem o que bem entendem, j que todos somos sacerdotes de Jesus Cristo. Se verdade que no h mediadores entre ns e Cristo Jesus, tambm verdade que Nosso Senhor e Salvador deu igreja pessoas que deveriam govern-la, que deveriam ficar frente

    do povo de Deus, a quem devemos obedincia (Hb.13:17).

  • - Nos dias de individualismo e de intensificao da rebeldia, no so

    poucos os que cristos se dizem ser que no do qualquer considerao aos dirigentes das igrejas locais, que vivem como se a

    igreja local fosse uma anarquia, no dando qualquer satisfao aos

    pastores, indo para um lado e para outro sem pedir licena ou autorizao a seus dirigentes. Trata-se de uma conduta totalmente

    contrria ao que ensinam as Escrituras.

    - Os presbteros que governam bem so dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina (I

    Tm.5:17). Aqueles que exercem o ministrio pastoral, notadamente aqueles que vivem exclusivamente neste cuidado do rebanho do

    Senhor, devem ser honrados, ou seja, so dignos de respeito, de considerao e de sustento por parte da membresia.

    - No podemos esquecer de que os que esto exercendo o ministrio pastoral so homens-dons dados pelo prprio Cristo Igreja

    (Ef.4:11) e que, portanto, so autoridades constitudas por Deus, e, resistirmos a elas, estaremos resistindo ao Senhor e, nesta

    resistncia, chamando para ns uma justa condenao (Rm.13:2).

    - Alm da obedincia, do respeito e da reverncia, devemos,

    tambm, dar aos pastores o sustento, pois, estando dedicados exclusivamente obra do Senhor, h necessidade de que eles sejam

    sustentados, pois o seu trabalho, o suor do seu rosto o prprio cuidado do rebanho do Senhor (I Tm.5:18).

    - Vemos, portanto, que respaldo bblico algum tem o pensamento de

    que no se deve pagar salrio algum ao obreiro, que isto no seria lcito. Muito pelo contrrio, quando o pastor se dedica total e

    exclusivamente ao ministrio, cuida de uma igreja local, no tendo condies de trabalhar, faz jus, sim, a um salrio, para que possa

    sustentar a si e a sua famlia.

    - Aqui, no mesmo caso da assistncia social, importante verificar

    que o apstolo Paulo exige, para tal sustento, que, por primeiro, o presbtero governe bem; por segundo, que o presbtero trabalhe na

    palavra e na doutrina, ou seja, esteja exclusivamente dedicado obra de Deus e, por terceiro, que ele efetivamente trabalhe, pois tem

    de ser obreiro, isto , algum que esteja trabalhando. OBS: O trabalho dos ministros. Ele consiste principalmente em duas coisas: governar bem e trabalhar na palavra e na doutrina. Essa era a tarefa principal dos ancios ou presbteros nos dias do apstolo.

    2. A devida honra queles que no eram ociosos, mas laboriosos

    nesse trabalho. Eles eram dignos de duplicada honra, estima e sustento. (HENRY, Matthew. op.cit., p.698).

  • - Isto significa que o obreiro que tem apenas dedicao parcial ao

    trabalho do Senhor no deva receber qualquer ajuda da igreja local? No, no e no! Aquele que tem sua atividade secular e, mesmo

    assim, dirige igrejas locais, deve, sim, ser ajudado pela membresia,

    logicamente no tendo propriamente um salrio, mas, sim, uma ajuda de custo, que compense o seu esforo adicional, nesta dupla jornada. Ele efetua, sim, um trabalho, ele obreiro e, por isso, digno desta ajuda de custo.

    - O presbtero , assim, colocado numa posio similar aos dos pais

    no tocante ao quinto mandamento. Como devemos providenciar o sustento de nossos pais, por terem cuidado de ns, tambm devemos

    cuidar do sustento dos pastores e suas famlias, uma vez que exercem uma posio similar a dos pais no aspecto espiritual,

    apascentando o rebanho do Senhor.

    - As orientaes dadas por Paulo a Timteo mostram, claramente,

    que no merecem qualquer sustento os presbteros que governam mal, ou seja, que no cumprem a sua tarefa de apascentar o rebanho

    do Senhor, como, lamentavelmente, temos visto em muitos lugares em nossos dias, pessoas que, a pretexto de serem obreiros, querem to somente viver s custas da igreja sem qualquer trabalho, sem qualquer esforo. Querem viver da obra, mas to somente para serem parasitas, sugando os recursos da igreja local sem exercer qualquer ministrio pastoral, querendo simplesmente

    sombra e gua fresca, uma vida ociosa.

    - Alm da honra, que envolve respeito, obedincia e sustento, o

    presbtero deve ter um tratamento diferenciado no que toca aplicao de disciplina em relao a ele. Por ser pessoa chamada por

    Deus e que est frente do povo de Deus na igreja local, o presbtero no deve ser tratado como qualquer outro membro no que toca

    aplicao de penalidade, apurao de eventual falha ou deslize.

    - Paulo diz a Timteo que no se deve aceitar acusao contra

    presbtero seno por duas ou trs testemunhas. Este cuidado no um privilgio, mas uma consequncia do fato de que, estando

    frente da igreja local, toda e qualquer problemtica que alcance o presbtero ter repercusso em toda a comunidade, de sorte que no

    se deve permitir que qualquer acusao isolada venha a trazer a disciplina de um ministro.

    - Em compensao, diante da posio que exerce diante da igreja

    local, o ministro, se for considerado culpado, dever ser repreendido

    publicamente, para que sirva de exemplo a todos de que a posio de destaque na igreja local no privilgio, nem posio de poder, mas,

    sim, uma posio de servio em relao aos demais e que isto deve ser verdadeiramente valorizado entre todos os servos do Senhor

  • Jesus (Lc.22:26,27). Aplica-se o princpio bblico de que a quem mais

    dado, mais cobrado (Lc.12:48).

    - Nos dias hodiernos, muitos tm tentado utilizar esta passagem

    como uma brecha para a impunidade dos ministros, procurando esconder as falhas descobertas para que no haja escndalo. No isto que Paulo diz aqui, tanto que o apstolo clarssimo ao dizer a Timteo que ele no deveria jamais ser cmplice ou partcipe dos

    pecados alheios (I Tm.5:22). Resguardar a pessoa do ministro, exigindo provas robustas para que se possa acusar algum, no

    isenta, em absoluto, o presbtero da disciplina, mas, bem ao contrrio, em caso de condenao, exige que seja aplicado o mais

    duro rigor, exatamente para que haja temor na igreja local. Lembremos do exemplo de Ananias e Safira (At.5:1-11), onde a

    aplicao da disciplina gerou temor em todo o povo de Deus. Nos dias

    em que vivemos, esta licenciosidade, este acobertamento dos erros dos ministros tem um sido um poderoso fator que tem retirado o

    temor de Deus nas igrejas locais. Tomemos cuidado, amados irmos!

    - O apstolo Paulo, com sua larga experincia ministerial, tambm mostra a Timteo que no se deveria criar uma inquisio, um organismo na igreja local em que se tivesse uma ampla investigao a respeito de determinado fato, um aparato que propiciasse a

    obteno de provas, at porque, mxime em nossos dias, em que estamos num Estado Democrtico de Direito, h uma clara limitao

    para que a igreja local, enquanto tal, obtenha dados e provas a

    respeito de acusaes ou fatos que possam significar a quebra da obedincia Palavra de Deus.

    - Paulo diz a Timteo que h casos em que o pecado de alguns

    homens so manifestos precedendo o juzo, mas alguns somente se manifestaro depois. O ministro deve ter a conscincia que nem

    sempre a falta de provas de uma acusao ou a impossibilidade de obt-las, mormente diante das normas legais, represente uma

    absolvio de quem acusado. Devemos, antes de mais nada, lembrar-nos que a igreja local nada mais que poro do corpo de

    Cristo e que o Senhor, mais do que ningum, zela pela santidade de

    Sua casa. Assim, h casos em que a revelao da verdade demorar, e isto deve ser bem administrado, inclusive junto membresia, que

    deve ser ensinada que nada que est oculto deixar de ser, a seu devido tempo, que o tempo de Deus, devidamente revelado

    (Mt.10:26; Mc.4:22; Lc.12:2). Lembremos da revelao pblica, por meio do profeta Nat, dos pecados cometidos em oculto pelo rei Davi,

    algo que no foi imediato mas, como sempre ocorre em se tratando de revelaes divinas, oportuno (II Sm.11,12).

    - Ainda com relao aos ministros, Paulo recomenda que Timteo

    fosse imparcial no seu relacionamento no s com o presbitrio, mas

  • tambm com todos os segmentos da igreja local (I Tm.5:21), como,

    alis, j falamos supra. O pastor deve tratar a todos os membros sem qualquer privilgio, sem qualquer preferncia, imitando a Cristo Jesus

    que, como Deus que , a ningum trata com acepo de pessoas

    (Dt.10:17; At.10:34).

    - Por isso mesmo, no poderia Timteo impor precipitadamente as mos ( I Tm.5:22), separando obreiros sem que houvesse o

    cumprimento dos requisitos exigveis para o exerccio seja do presbitrio, seja do diaconato, no se deixando levar por laos de

    amizade, simpatia e, muito menos, por laos de sangue, como, infelizmente, tem ocorrido frequentemente em nossos dias,

    comportamento que tem resultado na descrena e desprestgio da atividade pastoral no s na igreja local, mas, tambm, em toda a

    sociedade.

    IV O CUIDADO COM A SADE FSICA, COM O RESPEITO S DOUTRINA E COM AS RIQUEZAS

    - Paulo, ento, faz uma recomendao a Timteo para que cuidasse de sua sade fsica, pois o mesmo estava a apresentar problemas

    estomacais, alm de outras enfermidades (I Tm.5:23). Tal passagem, por primeiro, mais uma demonstrao de que a doena no sinal

    de falta de comunho com Deus. Timteo, um verdadeiro homem de Deus, vivia frequentemente doente, doenas, alis, que estavam, de

    certa forma, relacionadas com a sua prpria atividade pastoral, visto que problemas estomacais, via de regra, esto relacionadas a

    alteraes emocionais. J se disse, alis, que o sistema digestrio a pele sentimental do ser humano, aquele que mais sente os problemas emocionais sofridos por um ser humano.

    - Em tal recomendao, Paulo mostra como o exerccio do ministrio

    pastoral pode, sim, afetar a sade fsica e psquica do ministro, que, por isso mesmo, deve cuidar de sua sade, a fim de que possa

    exercer efetiva e eficazmente o seu ministrio. O apstolo j havia dito a Timteo que ele deveria cuidar dele mesmo e da doutrina (I

    Tm.4:16) e este cuidado fica aqui claro que no apenas a sua vida espiritual, mas tambm a sua vida terrena.

    - Muitos ministros dedicados e exemplares na devoo a Deus tm prejudicado seus ministrios porque no cuidam de sua sade fsica.

    Paulo fala a Timteo que deveria cuidar de sua sade, at porque, sendo de pouca idade, estava sendo acometido de frequentes

    enfermidades, certamente oriundas de um descuido pessoal diante da herclea tarefa que estava a desempenhar na igreja de feso.

  • - Obreiro que no cuida de sua sade ser um empecilho para a obra

    de Deus, pois, no sendo saudvel, no poder realizar a obra do Senhor e, ainda por cima, trar uma sobrecarga igreja local, que

    ter de tanto de sustentar o doente como constituir outro obreiro

    para fazer o que deveria estar sendo feito por aquele que, por descuidar de sua sade, no pode realizar. Com razo afirma

    Matthew Henry: A vontade de Deus que as pessoas tomem todo cuidado em relao ao seu corpo. No devemos torn-lo nosso

    senhor, nem nosso escravo; mas devemos us-lo para que seja mais saudvel e til no servio de Deus. (op.cit., p.700).

    - Muitos procuram utilizar esta passagem, alis, para justificar o

    consumo de vinho, j que foi este o remdio ministrado por Paulo a seu filho na f para cuidar de seus problemas de estmago. Tal

    justificativa no passa de desculpa de quem ainda no se libertou do

    vcio do lcool, j que, em primeiro lugar, o vinho aqui no uma bebida fermentada, uma bebida alcolica; em segundo lugar, trata-se

    de um remdio, no de uma autorizao para beber. Como afirma William Hendriksen: Paulo est aqui falando do vinho como medicina, no como bebida, como observa corretamente Wuest (op.cit., p.233) (destaques originais).

    - Mas, alm da sade fsica, o obreiro deve tambm cuidar da sade

    espiritual, sua e da igreja local, impedindo que aqueles que ensinem outra doutrina, entendida esta como sendo qualquer ensino que

    esteja de acordo com as palavras do Senhor Jesus Cristo, pois tais

    pessoas so soberbas, nada sabem e o que traz igreja local contendas de palavras de onde nascem invejas, porfias, blasfmias,

    ruins suspeitas (I Tm.6:3,4). Como alude Han Brki: quem no se apega s ss palavras e no se nutre delas torna-se doente de

    palavras. Torna-se viciado em discusses, doente em sua queda por investigaes sofsticas e disputas verbais (Jeremias). A heresia se alastra como uma enfermidade, uma infeco cancerosa (op.cit., p.78).

    - Paulo, ainda, faz questo de mostrar a Timteo que quem ensina

    outra doutrina so homens corruptos de entendimento e privados da

    verdade, achando que a piedade causa de ganho (I Tm.6:5). Vemos aqui, claramente, que todos quantos veem a igreja local como uma

    oportunidade para ganhar dinheiro, para enriquecer, nada mais que um homem corrupto, algum que ensina outra doutrina e que

    contribuir para que a igreja local fique doente. O obreiro deve impedir que isto acontea, no dando lugar a tais pessoas, dar

    oportunidade a tais elementos, que somente produziro doena espiritual na membresia.

    - O exerccio da piedade jamais pode ser visto como causa de ganho,

    como fonte de lucro, pois isto representa utilizar Deus como meio

  • para um outro deus, que o dinheiro, que so as riquezas (Mamom),

    sendo certo que o Senhor Jesus afirmou que quem serve a Mamom, jamais servir ao Senhor (Mt.6:24). esta, alis, a linha seguida

    pelas teologias gmeas da prosperidade e da confisso positiva, que hoje infestam os plpitos, precisamente porque usam Cristo como um simples caminho para se adorar o que verdadeiramente se pretende

    que so as riquezas ou as benesses materiais ou terrenas. No toa que o apstolo Paulo diz que quem espera em Cristo somente

    para esta vida constitui-se no mais miservel de todos os homens (I Co.15:19).

    - Falando, ainda, sobre o real significado da piedade, Paulo lembra

    Timteo que genuna e autntica piedade a piedade com contentamento (I Tm.6:6), ou seja, o servio a Deus sem qualquer interesse de vantagens terrenas, que est contente com o que se

    obtm em termos de sobrevivncia em nossa peregrinao terrena, algo que tem de ser aprendido ao longo da vida (Fp.4:11), visto que

    a natureza pecaminosa do homem caminha em sentido diametralmente oposto, pois voltada concupiscncia, ou seja, ao

    desejo desenfreado e incontido.

    - A piedade com contentamento parte da realidade de que nada trouxemos deste mundo e dele nada levaremos, devendo estar

    satisfeitos com a obteno do nosso sustento e do vestir. Quo diferente esta mentalidade da que vivemos em nossos dias, onde o

    consumismo, a insaciabilidade e o luxo invadem e ditam o

    comportamento das pessoas!

    - O ministro de Jesus Cristo, sendo exemplo dos fiis (I Tm.4:12; Hb.13:7; I Pe.5:3) devem agir de tal maneira que mostrem a toda a

    membresia que no compartilham desta mentalidade hedonista, consumista e materialista que tem dominado o mundo. Entretanto, o

    que temos visto, em nossos dias, exatamente o oposto: pessoas que tm se utilizado do ministrio nica e exclusivamente para

    alcanarem um enriquecimento ou condies para ostentao. triste observarmos que, a cada dia, mais e mais empresas esto a investir

    no mercado gospel, exatamente porque os que cristos se dizem ser so tratados como meros consumidores, como um nicho do mercado e passam a ter uma mentalidade completamente oposta

    que se v recomendada nas Escrituras. Que Deus nos guarde!

    - Os que assim procedem, deixando-se levar pelo materialismo, consumismo e hedonismo (que a busca pelo prazer, a escolha do

    prazer e da satisfao terrena como valores ltimos e supremos) distanciam-se da f em Cristo Jesus. Paulo no escolhe meias

    palavras, diz que quem toma este caminho caem em tentao, em lao e em muitas concupiscncias loucas e nocivas, que submergem

    os homens na perdio e runa (I Tm.6:9).

  • - O amor ao dinheiro a raiz de toda espcie de males e, nessa

    cobia, diz o apstolo, alguns se desviam da f e se traspassam a si mesmos com muitas dores (I Tm.6:10). Temos aqui um fator, seno

    o preponderante um dos mais preponderantes, que levam apostasia

    espiritual de que tratamos na lio anterior.

    - O homem de Deus, entretanto, deve fugir destas coisas, seguindo a justia, a piedade, a f, a caridade (ou seja, o amor), a pacincia e a

    mansido. Paulo, assim, encerra seu conselho a Timteo pedindo que ele no adotasse esta mentalidade e, deste modo, pudesse cumprir

    eficazmente o seu ministrio. Ser que estamos a seguir este conselho paulino? Pensemos nisto!

    OBS: Fugir contm o sentido: tomar distncia, evitar, abster-se, retirar-se, recear. Idolatria,, avidez, dissoluo, so poderes a cuja

    atrao demonaca somente se pode resistir atravs da decidida fuga

    sem olhar para trs. Somente fugindo para Deus e submetendo a impotncia pessoal e todos os poderes potente mo de Deus

    possvel resistir ao diabo pela f. Fugir de uma casa em chamas no covardia, mas ao imediata e corajosa. Foge corre atrs! No assim que escreve algum que pensa em acomodar-se.() a carta nos diz que necessria a fuga decidida da voragem destruidora e do

    fascnio de poderes demoniacamente intensificados, bem como a corrida igualmente decidida atrs do bem. Ficam excludas a vida e a

    acomodao neutras entre as duas alternativas. O discipulado no se transformou em um aprazvel passeio, mas em uma corrida que

    requer empenho mximo (QI 15d). Atrs da justia: na acepo mais ampla, o que reto perante Deus e os humanos, porm no a virtude

    produzida pelo prprio ser humano, mas o fruto educativo da graa naqueles que foram redimidos para formar o povo da propriedade

    dele. Posicionada no comeo, a palavra justia com certeza possui o

    sentido absoluto, usual em Paulo, da justia concedida e efetuada por Deus mediante a f. Atrs de beatitude: A devoo no representa

    uma posse slida, adquirida de uma vez por todas. Somente quem se exercita constantemente nela (1Tm 4.7), que corre atrs dela,

    inserido por meio dela no mistrio de Deus que abarca o tempo e a eternidade (1Tm 3.16), na verdadeira autarquia (1Tm 6.6), ou seja,

    na transbordante vida do amor (QI 15). F, amor, pacincia: uma comparao com 1Ts 1.3 mostra que a pacincia, mencionada junto com f e amor, traz dentro de si a perspectiva e expectativa da esperana (QI 14). (BRKI, Hans. op.cit., p.81).

    Colaborao para o Portal Escola Dominical Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco