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Jornalistas do Rio reivindicam reajuste de 11,47% para 2014 ANO I NÚMERO 1 JANEIRO DE 2014 www.jornalistas.org.br www.facebook.com/sindjor www.twitter.com/SindJorRio Comissão da Verdade apura elos da ditadura Pág. 8 No front contra violência aos profissionais Pág. 8 EBC realiza greve histórica na comunicação Pág. 7 Enquete mede assédio moral nas redações Pág. 3 INFORMATIVO DO SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

Lidão - Informativo do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro

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1JANEIRO 2014 L IDÃO

Jornalistas do Rio reivindicam reajuste de 11,47% para 2014

ANO I NÚMERO 1 JANEIRO DE 2014

www.jornalistas.org.brwww.facebook.com/sindjorwww.twitter.com/SindJorRio

Comissão da Verdade apura elos da ditadura

Pág. 8

No front contra violência aos profissionais

Pág. 8

EBC realiza greve histórica na comunicação

Pág. 7

Enquete mede assédio moral nas redações

Pág. 3

INFORMATIVO DO SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

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EDITORIAL

e tudo pode mudar com o tempo, o ano de 2013 provou que Gui-marães Rosa estava certo: “O que a vida exige da gente é coragem”. As lutas populares por direitos, com a volta das massas às ruas tra-duzidas em conquistas efetivas, comprovaram isso. E, em meio a essa nova conjuntura, a nossa categoria é chamada a refletir sobre a sua própria concepção de existir e de enfrentar não só as questões corpo-rativas, mas o seu próprio papel na sociedade.

Em pouco mais de quatro meses, já foi possível perceber a di-mensão dos desafios que a nossa categoria tem pela frente. Desde a defesa da dignidade como trabalhadores, ameaçada pelo avanço da precarização das relações trabalhistas e das condições de trabalho — nesse sentido foi emblemática a força da greve de 16 dias dos trabal-hadores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) —, até a própria luta contra a censura e a violência direcionada especificamente aos profissionais de imprensa. Isso sem falar da batalha pela obrigatorie-dade do diploma, que ainda depende de aprovação de uma proposta de emenda à Constituição no Congresso Nacional.

E, não por acaso, os jornalistas do Rio têm promovido uma mu-dança radical na direção política da luta sindical. Aumenta cada vez mais a necessidade de retomada da entidade como instrumento mais efetivo de luta em defesa dos trabalhadores, sob o prisma da comu-nicação como um direito humano. Cabe ao sindicato lutar por muito mais do que aumentos salariais e melhores condições de trabalho. Tem que defender a liberdade de imprensa, pilar da democracia. Para isso, é preciso agir para preservar a autonomia da nossa classe. Jor-nalista não tem de ser, afinal, confundido com patrão.

O tempo presente pede mudanças. Mas precisamos agir para que elas ocorram. E precisamos nos organizar para a ação coletiva. Há quem use o passado para justificar a falta de fé no sindicato como ins-trumento eficaz de luta por conquistas. De fato, há décadas, entidades de classe sofrem do mal da perda de representatividade. Mas não tem que ser assim para sempre. O nosso Sindicato é do jeito que queremos que seja. Ele já está diferente e pode mudar muito mais. Pode vencer muitos desafios. Só precisa da nossa coragem.

Coragem para assumir seu papel na sociedade

S

LIDÃO

Sindicato cobra cumprimento da jornada legal de cinco horasA regra é clara: jornalista deve

trabalhar cinco horas por dia. Hora extra? No máximo duas. Esse tem sido o recado trans-mitido pelo Sindicato durante reuniões com representantes de empresas estatais que submetem seus jornalistas a oito horas de trabalho, apesar de uma portaria do Ministério do Planejamento garantir a jornada de cinco horas.

As negociações começaram em setembro após uma reunião de jornalistas da Eletrobras, da Ele-

tronuclear e da Petrobras sobre o descumprimento da jornada de cinco horas. A partir daí, foram marcadas encontros com as em-presas para cobrar a regulariza-ção da jornada dos funcionários.

Até dezembro, as companhias ainda não haviam apresenta-do uma solução definitiva para o problema., que permanecerá como uma das cobranças a serem mantidas como prioridade pela diretoria do Sindicato dos Jorna-listas em 2014.

Eleita e empossada junto com a Diretoria, mas com funcionamento autônomo, a Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas do Rio é formada por cinco membros. Em sua primeira reunião, elegeu Syl-via Moretzsohn para a presidência, Iara Cruz para a vice e Álvaro Brit-to como secretário. Os outros mem-bros são Alberto Abrahão Jacob e Dante Gastaldoni.

A importância da Comissão de Ética para a sociedade e para a cre-dibilidade da imprensa se revela no seu funcionamento como órgão independente, com poderes para apreciar, apurar e julgar as denún-cias de transgressão ao Código de Ética dos Jornalistas. Tanto o Có-digo como o Regimento da Comis-são de Ética, que determina os pro-cedimentos para a apresentação de denúncias e seus respectivos julga-

Comissão de Ética quer debate sobre o Código com a categoria

mentos, estão no site do Sindicato. Mas além de receber denúncias,

a Comissão de Ética pretende ter uma atuação propositiva. A primei-ra meta do seu plano de ação é a am-pla divulgação do Código de Ética do Jornalista. Para isso, pretende publicar e distribuir, com o apoio da diretoria do Sindicato, 10 mil exem-plares do Código, junto com pales-tras e debates nos locais de trabalho e cursos de Jornalismo.

A Comissão também deverá reeditar on-line o livro ‘Jornalistas pra quê?’, organizar coletâneas de reportagens em edições temáticas em um projeto de memória voltado para o conhecimento da realidade pelo jornalismo, com palestras dos autores no site do Sindicato. A Co-missão de Ética do SJMPRJ res-ponde pelo e-mail: [email protected]

Presidenta: Paula Máiran Vice-presidente: Randolpho de Souza Secretária-geral: Cláudia de Abreu 1ª Tesoureira: Camila Marins 2ª Tesoureira: Amélia Sabino Conselho Fiscal: Daniel Fonseca, Cecília de Moraes e Fran Ribeiro Delegadas da Fenaj: Gizele Martins e Vivian Viríssimo Suplentes: Regina Quintanilha, Raquel Júnia, José Olyntho Contente Neto, Samuel Tosta e André Vieira Comissão de Ética: Sylvia Moretzsohn, Dante Gastaldoni, Álvaro Britto, Alberto Jacob e Iara Cruz

Ano I Número 1 Janeiro de 2014

Jornalista responsável: Bernardo Moura Diagramador: Claudio Camillo

Rua Evaristo da Veiga 16, 17º andar - Centro - Rio de Janeiro – Tel: 3906-2450 – e-mail:[email protected]

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Não precisa ser só no grito. As-sédio moral pode ser uma piada atravessada, uma troca de plantão em cima da hora, um olhar malicio-so, um boicote velado no trabalho ou uma desconfiança sobre o seu desempenho, entre muitas outras ações. Para mapear as situações que mais afligem os jornalistas no Rio hoje, o Sindicato lança uma pesqui-sa on-line, que pode ser respondida de forma segura e anônima.

O questionário, que tem 32 perguntas que atestam a prática do assédio moral a partir de si-tuações do cotidiano, também será distribuído nas redações e assessorias de imprensa durante visitas da diretoria a partir deste mês. Ele também estará disponí-vel na sede do Sindicato.

“Passou o tempo em que era na base do grito. Hoje o assédio moral se vale de ações mais silenciosas e sofisticadas, mas não menos cruéis. Já ouvimos relatos de profissionais que precisam a todo momento pro-var que estão aptos para o emprego, e que acabam se sentindo descartá-veis e pressionados por avaliações de desempenho”, afirma Paula Mái-ran, presidente do Sindicato.

Enquete medecomo o assédio moral se manifesta emredações e assessorias

Não é mais novidade que vive-mos em uma das cidades mais ca-ras do mundo. Por isso, o Sindica-to vai negociar o reajuste salarial dos jornalistas este ano com base na inflação oficial medida no mu-nicípio do Rio, e não no indica-dor nacional. Os custos subiram 6,16% na cidade de janeiro a de-zembro do ano passado, superior aos 5,91% da média nacional, de

Jornalistas do Rio reivindicam reajuste de 11,47% na campanha salarial de 2014

acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Além da reposição da inflação, será negociado um aumento de 5%, o que totaliza uma proposta de reajuste dos salários nas reda-ções em 11,47% este ano.

Mesmo usando o índice na-cional, a corrosão dos salários dos jornalistas é visível. Em janeiro deste ano ele vale so-

mente 94,94% do poder aqui-sitivo que tinha em janeiro do ano passado, de acordo com le-vantamento feito pelo Dieese a pedido do Sindicato.

O aumento do valor dos tíque-tes de alimentação e de refeição também seguirá a lógica de uma das cidades mais caras do globo. Como mostram os números do IBGE, o custo de comidas e be-

bidas no Rio (9,34%) lidera en-tre as grandes capitais e também supera a média nacional (8,48%). Logo, a proposta aprovada pela assembleia contemplará o valor de R$ 29 por refeição e de R$ 700 a serem gastos mensalmente em compras de supermercados. Já o valor da participação de lucros e resultados será equivalente a um salário mensal do jornalista.

Assembleia decide que piso deve ser prioridade na negociação com patrões

A luta pelo piso salarial dos jornalistas do Rio será uma das principais bandeiras do Sindica-to nas campanhas deste ano. Os profissionais da cidade não têm hoje um valor básico obrigatório a ser pago pelas empresas, fican-do, assim, a mercê dos patrões.

O salário mínimo profissional, hoje em R$ 4.927 para jornada de cinco horas, é o único recurso para balizar a remuneração da ca-tegoria. Mas, como é uma suges-tão, não tem valor legal.

A assembleia do dia 14 de ja-

neiro decidiu que o valor do piso a ser levado para a negociação deve seguir os R$ 4.927 do salá-rio mínimo profissional.

Apesar de abrigar um dos maiores mercados de trabalho para jornalistas do país, só o Rio não tem um piso salarial entre as grandes cidades brasileiras, como São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre. Confira a tabela da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) que compila todos os pisos salariais do Brasil em http://bit.ly/pisosalarialja.

De protestos a rolezinhos, 2014 promete ser um ano de-safiador para quem vai atrás da notícia. O Sindicato dará aten-ção especial à questão da segu-rança no trabalho como forma de evitar que se repitam as ce-nas de violência contra jorna-listas vistas no ano passado.

Os itens que falam sobre a proteção aos jornalistas fo-ram ampliados na proposta de convenção coletiva. Além

Da segurança no traballho nós não abrimos mão

da atualização da grade cur-ricular do curso de segurança, que será mantido na propos-ta, a assembleia decidiu que as empresas deverão prestar as-sistência médica de urgência, estimular o registro de ocor-rência em casos de violência durante coberturas com apoio do setor jurídico, oferecer os equipamentos de proteção in-dividual e o cumprimento do código de ética

ALBERTO JACOB FILHO

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Imagine um fotojornalista total-mente integrado aos meios digitais que precisa passar em uma prova com questões do tempo do rolo de filme para obter seu registro para trabalhar. Essa é a realidade hoje, que está prestes a mudar. O fotógrafo Dante Gastaldoni, inte-grante da Comissão de Ética do Sindicato, finaliza a atualização da prova, que é obrigatória de acordo com lei de 1979, para dar ênfase aos tempos digitais: “a situação é mais crítica do que se imaginava. Além de estar desatualizada, com perguntas sobre tipos de filme para câmeras, há outras questões que são demasiadamente genéricas nesta prova como ‘defina fotojor-nalismo’ ou ‘defina o que é ser bom repórter’. Nossa idéia é fazer uma prova que tenha um ritmo de atua-lizações constantes. Assim ela não perde o sentido para as novas ge-rações de fotojornalistas”. A nova prova para o registro deve começar a ser aplicada neste ano.

Prova para registro de fotojornalistas será atualizada

A ação coletiva que reivindica a reposição de perdas do FGTS dos jornalistas desde 1994 será ajuizada pelo Sindicato na Justi-ça Federal do Rio este mês. Se os tribunais decidirem em favor do processo, toda a categoria será beneficiada com a correção dos depósitos no fundo.

As perdas ocorrem pelo uso da Taxa Referencial (TR), e não de índices de inflação, para a correção do fundo de garantia. A indexação pela TR provocou perdas de 80% aos trabalhado-res, se comparado ao reajuste feito pelo IPCA-E, do IBGE, segundo o Dieese.

Uma decisão do Supremo Tri-bunal Federal (STF) que impediu a correção de precatórios, dívidas do setor público decorrentes de

Sindicato entra com ação para repor perdas no FGTS

derrotas judiciais, pela TR abriu brecha para a reivindicação do reajuste do fundo de garantia, ex-plica Cláudia Duranti, assessora jurídica do Sindicato. Isso porque o FGTS também é corrigido pela

TR, índice calculado levando em consideração depósitos interban-cários e não as perdas dos traba-lhadores com a inflação.

No caso dos precatórios, o IP-CA-E foi indicado pelo Superior

Tribunal de Justiça (STJ) para a correção das perdas. Para a atua-lização do FGTS ainda não ficou definido o índice de reajuste, mas o Dieese e a CUT defendem que seja feito pelo INPC.

A advogada afirma ainda que a ação coletiva é a melhor estraté-gia para obter o direito, pois ela beneficia a todos de uma só vez, se torna permanente e permite que a sentença seja executada in-dividualmente pelos associados do Sindicato a qualquer hora.

Os associados em dia com as mensalidades que optarem por ingressar na ação devem levar ao Sindicato os seguintes documen-tos: identidade, CPF, comprovante de residência, extrato analítico do FGTS fornecido pela Caixa e có-pia de toda a carteira de trabalho.

Qualquer movimento coletivo, para que funcione bem, requer, obrigatoriamente, organização e controle. O sindicalismo não pode fugir a essa regra, que deve ser devidamente cumprida quan-do se trata da defesa dos interes-ses dos trabalhadores.

A atual administração do Sindi-cato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio herdou um passivo trabalhista expressivo, re-sultante de ação movida por um ex-funcionário do Sindicato e ou-tra envolvendo valor acima de R$ 1 milhão, referente a uma aposen-tadoria especial.

Diretoria herda processo que prevê indenização de R$ 1 milhão na Justiça

Cópia do diploma (frente e verso)Cópia do CPF Cópia da carteira de identidade Cópia do comprovante de residência.Outros itens: Tipo sanguíneo (informar), 3 fotos 3×4, recentes e com fundo branco.Pagamento da taxa de R$60 referente à primeira mensalidade (R$ 30), taxa de inscrição (R$ 30)

Cópias das seguintes páginas da carteira de trabalho: retrato,qualifi cação civil e registroprofi ssional.

Sindicalize-se!

REPRODUÇÃO DA INTERNET

Os jornalistas do Rio vão realizar seu primeiro congres-so regional este ano nos dias 21, 22 e 23 de fevereiro. O mo-mento não poderia ser mais es-pecial, tendo em vista que, em abril, o golpe militar de 1964 completará 50 anos. O encon-tro vai discutir os reflexos dos anos de chumbo sobre as ativi-dades dos jornalistas por meio de mesa de debates e grupos de trabalho. Serão eleitos ainda os delegados que participarão do Congresso Nacional dos Jor-nalistas, em abril, em Maceió.

Rio terá congresso de jornalistas pela 1ª vez

Além das discussões, haverá espaço para a confraterniza-ção durante o nosso primeiro congresso, com a realização de uma festa para os participan-tes. Acompanhe a produção do congresso pelo site do sindica-to e pelas nossas redes sociais.

Outro meio de se manter em contato com o Sindicato é assinando o nosso boletim eletrônico semanal. É muito fácil: acesse o nosso site (www.jornalistas.org.br) e insira seu e-mail no campo ‘newsletter’ no menu vertical à direita.

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Trabalhadores da EBC fazem greve histórica na comunicação pública do Brasil

O Rio de Janeiro já deu o ponta-pé inicial para a construção do Ca-nal da Cidadania. Este canal digital, que será veiculado em sinal aberto, foi previsto no decreto de instituição do Sistema Brasileiro de TV Digital (5820/2006) e terá quatro faixas de programação por município. Serão duas faixas produzidas por associa-ções comunitárias, uma pelo poder estadual e uma pelo poder municipal. O Ministério das Comunicação pu-blicou a regulamentação do canal em 18 de dezembro de 2012 (portaria nº 489/12) e deu o prazo até junho de 2014 para os municípios manifesta-rem interesse pela liberação de sinal.

Mais de 100 municípios protoco-laram seus pedidos em 2013. No Rio de Janeiro, a Fale Rio (Frente Ampla pela Liberdade de Expressão e Direi-to à Comunicação), da qual o Sindi-

Cidadania na TV: Rio pode ganhar mais quatro novos canais na televisão aberta

cato dos Jornalistas faz parte como uma das entidades coordenadoras, cobra desde o primeiro semestre de 2013 que o Canal da Cidadania seja implantado na cidade.

Através da Frente Ampla pelo Di-reito à Comunicação e a Cultura, pre-sidida pelo vereador Reimont (PT) na Câmara de Vereadores, foi realiza-da a audiência pública sobre o canal da cidadania no plenário da Câmara no dia 29 de outubro. O Sindicato dos Jornalistas fez parte da mesa e co-brou não só a imediata implantação do Canal da Cidadania, mas também dos canais da educação e da cultura, ainda sem proposta de regulamenta-ção. Além de novas oportunidades de trabalho para os profissionais da co-municação, estes novos canais podem garantir o acesso de entidades sociais em TV aberta. Podem também ofe-

recer novas programações, com con-teúdo voltado para os interesses da maioria da sociedade.

A cidade do Rio oficializou ao Minicom o pedido de liberação do sinal no mês de outubro, mas ainda não dialogou com a Fale Rio sobre estes novos canais, apesar das ten-tativas da entidade. Como entre as exigências de liberação do espaço está a construção de um conselho de comunicação com representação dos poderes públicos e da sociedade civil organizada, é importante acompa-nhar este processo para pressionar e garantir que este seja um espaço de fato democrático e plural.

A Fale Rio realiza reuniões men-sais no Sindicato dos Jornalistas, na primeira segunda-feira do mês. A primeira de 2014 será no dia 13 de janeiro, a partir das 19h.

Inexistência de políticas públicas para o financiamento de iniciativas de comunicação comunitária e al-ternativa, dificuldade de inserção de conteúdos independentes nas emissoras públicas, falta de trans-parência e equilíbrio na distribuição das verbas publicitárias do Estado, burocracia e lentidão nas outorgas e concessões e falta de formação foram alguns dos fatores aponta-dos como empecilhos ao desenvol-vimento de mídias alternativas no país, em debate no Sindicato em razão da Semana pela Democra-tização da Comunicação em ou-tubro. O evento também contou a apresentação de uma pesquisa feita pela Fundação Perseu Abramo com 2.400 pessoas, que opinaram sobre a democratização da mídia no país.

Financiamento da mídia alternativa em debate

A principal conquista dos traba-lhadores da Empresa Brasil de Co-municação após a greve de 16 dias foi a união e a compreensão de que só com muita luta será possível defender a comunicação pública e os direitos de jornalistas e radialistas. A para-lisação, iniciada em 7 de novembro, se estendeu até o dia 22 daquele mês diante da intransigência da empre-sa em negociar. Redações das rádios EBC, Agência Brasil, TV Brasil e de outros setores ficaram completamen-te desfalcadas. Os trabalhadores mos-traram que não aceitam o desrespeito ao Acordo Coletivo de Trabalho em aspectos como a falta de pagamento de horas extras, a não divulgação das escalas de trabalho com antecedência e o acúmulo e o desvio de funções, re-pudiaram com veemência atitudes de assédio moral na empresa e a falta de uma política de valorização.

Com a greve, houve avanços em algumas reivindicações, como o com-promisso de formação de um grupo de trabalho para solucionar problemas

de horas extras, a garantia de direi-tos do acordo que antes seriam veta-das, como a flexibilização do horário de trabalho para mulheres nutrizes, o estabelecimento de uma política de formação com participação dos tra-balhadores e a ocupação dos cargos

de coordenação por profissionais do quadro da empresa. As conquistas econômicas foram tímidas: oferta de mais dois vales alimentações por ano e reajuste de 1,25% acima da inflação (0,5% em 2013 e 0,75% em 2014).

Mas o recado à direção da EBC foi

dado: não existirá comunicação públi-ca de qualidade sem respeito e valo-rização dos profissionais que a fazem no dia a dia. Em 2014, a mobilização continua por um plano de carreiras, pelo cumprimento do acordo coletivo e por melhores condições de trabalho.

Manifestação de rua, piquetes diários na porta da empresa, assembleias lotadas e até flash mob marcaram a greve de funcionários da EBC

REPRODUÇÕES DO FACEBOOK

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Entre policiais e manifestantes, os jornalistas se tornaram alvo preferencial de ataques violentos durante os protestos que eclodi-ram no país desde junho do ano passado. Um relatório inédito elaborado pelo Sindicato compi-lou 49 profissionais de imprensa que foram agredidos em manifes-tações somente no Rio.

O documento, entregue a re-presentantes da ONU e da Orga-nização dos Estados Americanos (OEA), se tornou o centro da dis-cussão de uma audiência pública na Câmara Municipal em novem-bro, convocada por iniciativa do Sindicato. No mês passado, o re-latório foi entregue ao Ministério Público estadual com um pedido de providências.

O dossiê conclui que a grande maioria dos atos de violência na cidade foi praticada por policiais:

Os jornalistas do Rio conhecerão, en-fim, a verdade por trás da repressão e da censura promovida pelo regime militar instaurado no país em 1964. Foi instala-da em dezembro a Comissão da Verdade dos Jornalistas do Rio, uma iniciativa do Sindicato em parceria com organizações de defesa dos direitos humanos.

A comissão deverá atuar em diversas linhas de investigação, como os prejuí-zos causados aos jornalistas que eram militantes de esquerda, a perseguição aos órgãos da imprensa alternativa, as ligações das grandes empresas de co-municação com a ditadura e a atuação do próprio Sindicato durante os anos de chumbo.

Comissão da Verdade vai investigar elos de empresas de jornalismo com a ditadura

Sindicato toma a linha de frente contra as agressões a jornalistas em protestos no Rio

As pesquisas serão realizadas com o apoio do Núcleo de Mídia, Memória e História do Programa de Pós-Graduação do Departamento de Comunicação da UFRJ. Além da universidade, participam da Comissão da Verdade dos Jornalistas o Instituto Mais Democracia, o Grupo Tortura Nunca Mais RJ, a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), a ONG Justiça Global e o Instituto de Defensores de Direitos Humanos. A sala do Centro de Cultura e Memória do Jornalismo do Sindicato foi escolhi-da como a sede da comissão, que tem a jornalista e escritora Ana Arruda Callado como presidente de honra.

80%. O número fez parte das co-branças feitas durante a audiên-cia pública, que foi presidida pelo vereador Reimont (PT), e teve a participação de representantes das autoridades de segurança pú-blica do Estado do Rio e de orga-nizações de direitos humanos.

“E esse número é subestima-do”, reconhece Paula Máiran, presidente do sindicato, “a falta

de registro de ocorrências em delegacias e órgãos competen-tes, muitas vezes estimulado pe-los patrões, dificulta uma análise mais precisa dos casos”

Ainda assim, o volume de agressões causa espanto pelo curto espaço de tempo e corro-bora com ranking das Nações Unidas que põe o Brasil como um dos lugares mais perigosos

para um jornalista exercer seu ofício, perdendo apenas para paí-ses como a Somália e a Síria. O percentual calculado pelo dossiê do sindicato é bastante próximo do que foi levantado a partir de denúncias que chegaram ao escri-tório da ONU: 75% das violações envolvem policiais e 25% foram praticadas por manifestantes.

O envolvimento na defesa dos jornalistas rendeu ao Sindicato uma homenagem da Comissão de Direitos Humanos da Alerj. O prêmio foi concedido às perso-nalidades e entidades que mais se destacaram nas lutas sociais du-rante o ano de 2013, como Sepe, Rafucko, Coletivo Projetação, Ocupa Lapa, Habeas Corpus, Ins-tituto de Defensores de Direitos Humanos, Aldeia Maracanã e o Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas.

Audiência pública discutiu formas de conter violência contra jornalistas em manifestações

ALBERTO JACOB FILHO