Ligações de Estruturas Metálicas Correntes

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  • 8/10/2019 Ligaes de Estruturas Metlicas Correntes

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    UNIVERSIDADE FERNANDO PESSOA

    Jos Antnio Lopes Pereira

    LIGAES DE ESTRUTURAS METLICAS CORRENTES

    Porto, Julho de 2008

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    UNIVERSIDADE FERNANDO PESSOA

    Jos Antnio Lopes Pereira

    LIGAES DE ESTRUTURAS METLICAS CORRENTES

    Monografia apresentada Universidade

    Fernando Pessoa como parte dos requisitos

    para obteno do grau de licenciado em

    Engenharia Civil.

    Porto, Julho de 2008

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    Celeste, companheira e amiga,ao Rui Miguel e Z Pedro, meus filhos

    e, tambm, Z Carteiro, velho guerreiro,

    muito obrigado.

    Aos meus amigos e colegas,ao Operrio em/na Construo:

    operrio faz a coisae a coisa faz o operrio.

    (Vinicius de Moraes.)

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    Agradecimentos

    Ao meu orientador, Professor Joo Guerra Martins, pela disponibilidade, ajuda e

    amizade prestada durante a realizao deste trabalho.

    Aos amigos Arq. Miguel Lobo, Eng. Arnaldo Duarte e Dr. Filipe Melo pelo apoio

    prestado e por toda a motivao no desenvolvimento do trabalho.

    Aos meus colegas e alunos pela pacincia manifestada perante os meus desnimos.

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    Sumrio

    O presente trabalho detm como tema principal as Ligaes de Estruturas Metlicas

    Correntes e aborda, ainda que de forma sucinta, a aplicao dos conceitos e

    metodologia contidos na Parte 1-8 do Eurocdigo 3, relativa s ligaes de estruturasem ao.

    Deste modo, efectuada uma apresentao e um breve estudo sobre o Mtodo das

    Componentes, com a exposio sintetizada da metodologia de anlise e

    dimensionamento dos tipos de ligaes metlicas mais correntes.

    A abordagem do Mtodo das Componentes baseou-se na compreenso da sua essncia

    e na sua aplicabilidade na resoluo de projectos de ligaes em estruturas metlicas,nomeadamente atravs da anlise da metodologia de dimensionamento prevista no EC3,

    Parte 1-8, com o estudo das ligaes metlicas comuns seguintes: (i) de viga-pilar com

    placa de extremidade estendida, aparafusada ao banzo de um pilar perifrico no

    conjunto estrutural; (ii) de base de pilar, com placa de base aparafusada ao macio de

    fundao em beto.

    Para complemento e aplicao dos conceitos apresentados foram realizados e anexados

    dois exemplos de anlise e dimensionamento das referidas ligaes metlicas correntes.

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    ndice Geral

    ndice de Figuras . 9ndice de Quadros ... 12

    Introduo ... 13

    Captulo I O Mtodo das Componentes . 151.1 Introduo ... 15

    1.2 Descrio do Mtodo das Componentes . 17

    1.3 Aplicao Ligao Viga-Pilar Aparafusada . 20

    1.3.1 Identificao e Seleco de Componentes Relevantes Activas . 20

    1.3.2 Caracterizao do Comportamento das Componentes ... 22

    1.3.3 Assemblagem das Componentes Activas ... 231.4 Aplicao Ligao de Base de Pilar . 27

    1.4.1 Identificao e Seleco de Componentes Relevantes Activas . 27

    1.4.2 Caracterizao do Comportamento das Componentes ... 28

    1.4.3 Assemblagem das Componentes Activas ... 28

    Captulo II Ligao Viga-Pilar ... 322.1 Introduo ... 32

    2.2 Componentes Bsicas da Ligao Viga-Pilar . 34

    2.3 Resistncia de Clculo 37

    2.3.1 Foras Internas ... 37

    2.3.2 Foras de Corte ... 37

    2.3.3 Momentos Flectores ... 38

    2.3.4 T-Stub Equivalente em Traco . 38

    2.3.5 Placas de Reforo ... 43

    2.4 Resistncia de Clculo das Componentes Bsicas . 44

    2.4.1 Componente 1 Painel da Alma do Pilar ao Corte 44

    2.4.2 Componente 2 Alma do Pilar em Compresso Transversal 462.4.3 Componente 3 Alma do Pilar em Traco Transversal ... 48

    2.4.4 Componente 4 Banzo do Pilar em Flexo Transversal ... 50

    2.4.5 Componente 5 Placa de Extremidade em Flexo 53

    2.4.6 Componente 7 Banzo e Alma da Viga em Compresso . 56

    2.4.7 Componente 8 Alma da Viga em Traco .. 56

    2.4.8 Componente 10 Parafusos em Traco ... 57

    2.5 Resistncia da Ligao Flexo . 58

    2.5.1 Generalidades . 58

    2.5.2 Ligao Viga-Pilar Aparafusada com Placa de Topo 59

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    2.6 Rigidez Rotacional Inicial da Ligao 62

    2.6.1 Modelo Bsico 62

    2.6.2 Coeficientes de Rigidez para Componentes Activas . 65

    2.6.3 Ligaes com Placa de Topo com duas ou mais Linhas de Parafusos 66

    2.7 Ductilidade ...................................................................................................... 682.7.1 Generalidades . 68

    2.7.2 Verificao da Capacidade de Rotao .. 69

    Captulo III Ligao de Base de Pilar 713.1 Introduo ... 71

    3.2 Identificao de Componentes Activas ... 73

    3.2.1 Pilares Metlicos 73

    3.2.2 Dispositivos de Fixao . 74

    3.2.3 Elementos de Apoio ... 753.3 Caracterizao de Componentes Activas 76

    3.3.1 Bloco de Beto e Placa de Base Flexo, sob Compresso .. 76

    3.3.2 Placa de Base Flexo e Dispositivos de Ancoragem ou Chumbadores

    Traco 80

    3.3.3 Alma e Banzos do Pilar ao Corte e Compresso . 85

    3.3.4 Dispositivos de Ancoragem ou Chumbadores ao Corte . 87

    3.4 Modelao e Previso do Comportamento da Ligao ...... 90

    3.4.1 Assemblagem ou Associao das Resistncias das Componentes

    Activas 92

    3.4.2 Assemblagem ou Associao da Rigidez das Componentes Activas 95

    3.5 Classificao de Ligaes ... 99

    3.5.1 Classificao da Base de Pilar Rigidez ... 100

    3.5.2 Classificao da Base de Pilar Resistncia .. 103

    Concluso Final ... 104

    Bibliografia .............................................................................................................. 106

    Anexo A Exemplo de Ligao Viga-Pilar Aparafusada ... 107A.1 Geometria e Esforos .. 107

    A.1.1 Caracterizao da Ligao (Esforos, Perfis e Classe de Ao) .. 107

    A.1.2 Caracterizao Mecnica dos Perfis ... 107

    A.2 Hipteses de Trabalho 108

    A.3 Caracterizao das Componentes ... 109

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    A.3.1 Componentes da Zona de Traco . 109

    A.3.1.1 Componente 4 Banzo do Pilar em Flexo Transversal . 109

    A.3.1.2 Componente 5 Placa de Extremidade em Flexo . 112

    A.3.1.3 Componente 3 Alma do Pilar em Traco Transversal 115

    A.3.1.4 Componente 8 Alma da Viga em Traco 116A.3.1.5 Componente 10 Parafusos em Traco . 117

    A.3.2 Componentes da Zona de Corte . 118

    A.3.2.1 Componente 1 Alma do Pilar ao Corte . 118

    A.3.3 Componentes da Zona de Compresso .. 120

    A.3.3.1 Componente 2 Alma do Pilar em Compresso Transversal . 120

    A.3.3.2 Componente 7 Banzo e Alma da Viga em Compresso ... 122

    A.4 Resistncia da Ligao Flexo . 123

    A.5 Verificaes Complementares 124

    A.5.1 Verificao do Esforo Transverso 124A.5.2 Verificao da Resistncia dos Cordes de Soldadura .. 125

    A.6 Rigidez Rotacional . 127

    Anexo B Exemplo de Ligao de Base de Pilar . 131B.1 Geometria e Esforos .. 131

    B.1.1 Caracterizao da Ligao (Esforos, Perfis e Classe de Ao) .. 131

    B.1.2 Caracterizao Mecnica do Perfil HEB 240 .. 132

    B.1.3 Caracterizao dos Pernos de Fixao Chumbadores . 132

    B.2 Hipteses de Trabalho 133

    B.3 Caracterizao das Componentes ... 134

    B.3.1 Bloco de Beto e Placa de Base Flexo, sob Compresso .. 134

    B.3.2 Placa de Base Flexo e Dispositivos de Ancoragem Traco .. 136

    B.3.3 Alma e Banzos do Pilar ao Corte e Compresso . 139

    B.3.4 Dispositivos de Ancoragem ou Chumbadores ao Corte . 140

    B.4 Assemblagem das Componentes Activas ... 141

    B.4.1 Assemblagem das Resistncias .. 141

    B.4.2 Assemblagem da Rigidez das Componentes Activas 142B.4.3 Classificao da Ligao quanto Rigidez 144

    Diapositivos .. 145

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    ndice de Figuras

    Figura 1.1: Ligaes num prtico de vrios pisos .. 16

    Figura 1.2: Concepo da curva comportamento da ligao viga-pilar . 17Figura 1.3: Localizao das componentes activas relevantes com a indicao de

    pargrafos de EC3: 1-8 com orientaes de clculo 21

    Figura 1.4: Caracterizao do comportamento bilinear das componentes . 22

    Figura 1.5: Modelo de T-stub equivalente . 22

    Figura 1.6: Ligao viga-pilar e correspondente modelo mecnico .. 24

    Figura 1.7: Associao em srie dos componentes do modelo mecnico ...... 25

    Figura 1.8: Associao em paralelo das componentes do modelo mecnico . 25

    Figura 1.9: Curva de caracterizao do momento-rotao . 26

    Figura 1.10: Decomposio da base de pilar com placa de base nas suasprincipais componentes ........ 27

    Figura 1.11: Esquema em planta de T-stubs no sobrepostos na base de pilar ........ 28

    Figura 1.12: Exemplo de procedimento de assemblagem numa ligao de base de

    pilar .......... 29

    Figura 1.13: Resultante do sistema de foras ... 30

    Figura 1.14: Modelo mecnico de molas (componentes) para a base de pilar . 30

    Figura 2.1: Concepo da curva comportamento da ligao viga-pilar . 32

    Figura 2.2: Zonas de verificao da ligao viga-pilar .. 34Figura 2.3: Componentes activas relevantes da ligao viga-pilar, de eixo forte,

    com placa de extremidade estendida ............... 35

    Figura 2.4: Dimenses do banzo de T-stub equivalente 39

    Figura 2.5: Modos de rotura de um T-stub aparafusado 39

    Figura 2.6: Caracterizao do modo de rotura-1 do T-stub ....... 40

    Figura 2.7: Caracterizao do modo de rotura-2 do T-stub ....... 40

    Figura 2.8: Caracterizao do modo de rotura-3 do T-stub ....... 41

    Figura 2.9: Banzo do pilar com placas de reforo ..... 43Figura 2.10: Exemplos de placas suplementares de reforo da alma ... 45

    Figura 2.11: Tenses normais e de corte na zona comprimida da alma do pilar.. 46Figura 2.12: Propriedades geomtricas da componente painel da alma do pilar

    compresso, no reforada . 48

    Figura 2.13: Definio de parmetros geomtricos: e, emin, rce m ... 49

    Figura 2.14: Padres de rotura para grupos de linhas de parafusos ..... 50

    Figura 2.15: Modelao do banzo de um pilar rgido como um T-stub separado. 51

    Figura 2.16: Largura efectiva de uma ligao T no reforada ........ 53

    Figura 2.17: Modelao de uma placa de extremidade estendida por um T-stubseparado ....... 54

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    Figura 2.18: Valores de para placas de extremidade e banzos de pilares

    reforados . 55Figura 2.19: Brao de alavanca,z, e foras de distribuio para o clculo do

    momento resistente,Mj,Rd.. 59

    Figura 2.20: Procedimento de clculo da rigidez rotacional ........ 62Figura 2.21: Relao momento-rotao de clculo ...... 68

    Figura 3.1: Pormenores de base de pilar 72Figura 3.2: Decomposio da base de pilar, com placa de base, nas suas

    principais componentes ........ 73

    Figura 3.3: Tipos de ancoragem . 74Figura 3.4: Avaliao da capacidade resistente ao esmagamento do bloco de

    beto . 77

    Figura 3.5: Distribuio de tenses no grout .. 78Figura 3.6: rea efectiva resistente da placa de base . 78

    Figura 3.7: T-stub em compresso . 79

    Figura 3.8: rea do T-stub equivalente em compresso ........ 79

    Figura 3.9: T-stub sobre fundao rgida ....... 80

    Figura 3.10: Configuraes de placa e localizao de chumbadores ... 81

    Figura 3.11: Modos de rotura num T-stub ....... 82

    Figura 3.12: Diferentes padres de linhas de rotura . 84

    Figura 3.13: Resistncia dos T-stub . 84

    Figura 3.14: Base de pilar submetida ao corte e traco ... 87

    Figura 3.15: Influncia da fora normal no comportamento do momento-rotao . 90

    Figura 3.16: Procedimento iterativo . 90

    Figura 3.17: Curva de caracterizao do momento-rotao . 91

    Figura 3.18: Esquema em planta de T-stubs no sobrepostos na base de pilar ........ 92

    Figura 3.19: Exemplo de procedimento de assemblagem da ligao base de pilar . 92

    Figura 3.20: Resultante do sistema de foras ... 93

    Figura 3.21: Modelo mecnico de molas (componentes) para a base de pilar . 94

    Figura 3.22: Determinao do brao de alavanca, z, em ligaes de base de pilar .. 97Figura 3.23: Rigidez rotacional usada na anlise global elstica . 100

    Figura A.1: Esquema de ligao viga-pilar para exemplificao de clculo .. 107Figura A.2: Identificao de componentes e respectivos pargrafos do EC3: 1-8

    para dimensionamento da ligao viga-pilar ... 108

    Figura A.3(a): Dados geomtricos da placa 109

    Figura A.3(b): Dados geomtricos da placa 112

    Figura A.3(c): Dados geomtricos da placa 113

    Figura A.4: Identificao do brao de alavanca na ligao viga-pilar ........ 119Figura A.5: Identificao das foras resultantes e respectivos braos 123

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    Figura A.6: Cordes de soldadura no perfil 125

    Figura A.7: Ligao viga-pilar e o correspondente modelo mecnico ....... 127

    Figura A.8: Associao em srie das componentes do modelo mecnico .. 128

    Figura A.9: Associao em paralelo das componentes do modelo mecnico . 129

    Figura A.10: Rigidez rotacional para ser usada na anlise elstica global ....... 129Figura A.11: Classificao de rigidez ....... 130

    Figura B.1: Esquema de base de pilar para exemplificao de clculo .. 131

    Figura B.2: Seco transversal do perfil HEB 132Figura B.3: Decomposio da base de pilar com placa de base nas suas

    principais componentes ........ 133

    Figura B.4: Avaliao da resistncia ao esmagamento do bloco de beto . 134

    Figura B.5: rea efectiva resistente da placa de base . 135

    Figura B.6: rea do T-stub equivalente em compresso ........ 135Figura B.7: Dados geomtricos da placa de base 136

    Figura B.8: Pormenor da placa de base ... 137

    Figura B.9: Elementos geomtricos da base de pilar .. 141

    Figura B.10: Modelo mecnico de molas para a base de pilar . 142

    Figura B.11: Classificao de rigidez ....... 144

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    Introduo

    O presente trabalho tem como tema as Ligaes em Estruturas Metlicas, restringindo-se s

    situaes mais correntes, e consistindo numa abordagem sucinta sobre a metodologia deanlise e dimensionamento trazida dos conceitos, princpios e regras contidos no Eurocdigo

    3 - Estruturas Metlicas, Parte 1-8, Projecto de ligaes.

    Com a actual tendncia para a recuperao de edifcios antigos, sujeitos ou no a situaes de

    excepo, tais como catstrofes naturais, a expanso no mercado da construo de edifcios

    metlicos, a preos competitivos, tem sido uma realidade dos ltimos anos. Por outro lado, a

    concepo de edifcios de arquitectura arrojada, caracterizados por grandes vos e grandes

    consolas, a expanso da domtica com edifcios de andares rotativos independentes entre si,

    de forma a tirar proveito dos factores envolventes, etc., geram situaes construtivas quetendem a passar, quase obrigatoriamente, pela utilizao de estruturas metlicas interligadas e

    interactivas. Tudo isto, aliado a uma certa ignorncia ao nvel do projecto de concepo e a

    sua realizao em obra, constitui justificao suficiente para uma actualizao permanente de

    conhecimentos e prticas.

    A principal motivao do autor est na necessidade de superar os conhecimentos que detm

    sobre esta matria, razo porque optou pelo tema de Ligaes Metlicas Correntes. Para alm

    do objectivo da Monografia a opo resultou da reflexo sobre a concepo e execuo de

    uma obra de reconstruo, documentada com diapositivos em anexo, da qual foi dito que

    aguentava com um comboio. Antes assim, mas ficou com certeza mais cara O recurso

    grua, s soldaduras in situ, num estaleiro relativamente exguo, a opo por ligaes

    rgidas conduzindo a utilizao de seces dos perfis algo sobredimensionadas, no obstante a

    utilizao de software conceituado na praa, tudo isso contribuiu para o encarecimento da

    obra. A opo de ligaes de vigas-pilares com chapas de extremidade soldadas no estaleiro

    da empresa e aparafusadas em obra teria resultado em seces mais econmicas, menos

    tempo de montagem da estrutura e menos utilizao da grua.

    Tal como em tudo e em todo tipo de estruturas imprescindvel a existncia de ligaes, as

    quais unindo promovem interaco entre as partes conectadas.

    O trabalho da monografia baseou-se no estudo dos processos de anlise e dimensionamento

    das ligaes das estruturas metlicas, tendo sido desenvolvido em trs captulos

    complementados por exemplos de anlise e dimensionamento constituindo anexos.

    No primeiro captulo procedeu-se a uma abordagem do Mtodo das Componentes, em pleno

    desenvolvimento e aplicao em vrias reas do conhecimento cientfico, e que se baseia nadefinio da Fsica para componentes, i.e. cada uma das foras que actuam simultaneamente

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    sobre um corpo, cujo efeito equivalente ao da resultante. Esta definio, aliada a um

    mtodo de aplicao, proposta pelo EC3, parte 1-8, embora, de momento, a sua aplicao

    no seja to linear e to simples quanto o desejvel para o quotidiano do projecto. Ainda, para

    alm da essncia do mtodo, foram abordadas algumas metodologias para anlise e

    dimensionamento das ligaes metlicas.

    No segundo captulo procedeu-se aplicao dos conceitos, princpios e regras do EC3, parte

    1-8, com o apoio de materiais extrados de publicaes tcnicas complementares, na anlise e

    dimensionamento de uma ligao viga-pilar com placa de extremidade estendida, aparafusada

    ao banzo do pilar exterior, constituindo-se numa ligao de eixo forte simples.

    No terceiro captulo procedeu-se a anlise e dimensionamento da ligao de base de pilar,

    com placa de base ancorada a um bloco de fundao em beto, tambm com base nos

    conceitos, princpios e regras contidas no EC3, parte 1-8, mas ainda com recurso a grandeparte da metodologia extrada da Civil Engineering of Technology & Geosciences da Delft

    University of Technology, Neederlands.

    Nos Anexos incluram-se exemplos de dimensionamento da ligao viga-pilar de eixo forte,

    com placa de extremidade estendida aparafusada ao pilar, e ligao de base de pilar com placa

    de base chumbada a bloco de fundao em beto. Para alm disso, so ainda apresentados

    alguns diapositivos documentando a obra acima referida.

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    MTODO DAS COMPONENTES__________________________________________________________________________________________

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    CAPTULO I O MTODO DAS COMPONENTES

    1.1 INTRODUO.

    O objectivo principal do estudo das ligaes destina-se a realar a importncia da seleco

    adequada do tipo de ligao no contexto de transferncia de foras locais entre componentes,

    assegurando a consistncia do comportamento global da estrutura e os aspectos prticos de

    construo e montagem, [8].

    A construo de edifcios correntes na actualidade, por razes de segurana sobretudo em

    zonas susceptveis a acidentes geolgicos e climticos, por situaes impostas pelaarquitectura tais como grandes vos e ps-direitos, por necessidade de rapidez de execuo e

    de economia, etc., tem vindo a generalizar-se com a execuo de estruturas mistas (edifcios

    habitacionais, escritrios, centros comerciais) e metlicas (pavilhes para a indstria),

    Figura 1.1. A execuo de estruturas mistas, apesar das vantagens que apresentam, no tem

    tido grande receptividade devido a factores que se prendem com situaes relacionadas com o

    peso da tradio dos processos de construo, com a falta de rotinas de projecto, de

    oramentao e de construo metlica/mista e, tambm, com a in/formao dos diversos

    intervenientes.

    O comportamento global das referidas estruturas mistas ou metlicas depende, entre outros

    factores, do comportamento das ligaes sendo este resultante de uma complexa interaco

    provocada pelo comportamento individual dos elementos que a constituem: parafusos, placas,

    soldaduras, alma e banzo de perfis, entre outros. No passado, a incerteza e complexidade do

    comportamento de ligaes levaram utilizao de critrios de anlise e dimensionamento

    semi-empricos com a utilizao de coeficientes de segurana elevados e na opo por

    ligaes que, teoricamente, apresentavam ou comportamento rgido com resistncia total ou

    comportamento rotulado. Estes cuidados conduziam, no primeiro caso, a ligaes que, em

    termos actuais, apresentam custos de fabrico muito elevados (por exemplo, os custos

    provenientes da montagem da estrutura soldada no local), ou, no segundo caso, necessidade

    de utilizao sistemtica de contraventamentos para garantir a estabilidade da estrutura a

    aces horizontais e ao desnecessrio sobredimensionamento dos elementos estruturais, [8].

    Tendo em vista a concepo de estruturas mais eficientes, mais seguras e mais econmicas,

    i.e. aliando maior rigor sem perder a simplicidade compatvel com a utilizao rotineira em

    projecto, nas ltimas dcadas, em resultado de um esforo notvel levado a cabo por diversos

    investigadores, surgiram novos mtodos (analticos, numricos ou experimentais) para aanlise e dimensionamento de ligaes em estruturas metlicas e mistas, [8]. O elevado custo

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    MTODO DAS COMPONENTES__________________________________________________________________________________________

    16

    e a dificuldade de medio dos mtodos experimentais, ainda que bastante fiveis, limitando a

    sua utilizao prtica, conduziu ao desenvolvimento de mtodos analticos dos quais se

    destaca o Mtodo das Componentes, previsto no Eurocdigo 3, Parte 1- 8: Ligaes

    Metlicas, [3]. Actualmente o Mtodo das Componentes aplicvel a um largo nmero de

    tipologias de ligaes cuja filosofia implica a garantia da resistncia de todas as partes daligao, de acordo com uma distribuio de foras que verifique as condies de equilbrio.

    Em geral, cada componente caracterizada por uma curva fora-deformao no-linear que,

    para efeitos de clculo, pode ser simplificada adoptando-se uma curva idealizada linear,

    bilinear, etc., de forma a possibilitar a avaliao da sua resistncia e rigidez inicial, Figura 1.2.

    Figura 1.1: Ligaes num prtico de vrios pisos, (adapt.Fig.1)- [4].

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    MTODO DAS COMPONENTES__________________________________________________________________________________________

    17

    1.2 DESCRIO DO MTODO DAS COMPONENTES.

    O mtodo das componentes, aplicado ao estudo de ligaes estruturais metlicas, um

    conjunto sequencial de regras que determina a participao mecnica e resistente a cada uma

    das foras, designadas de componentes, que actuam simultaneamente na ligao, cujo efeito equivalente ao comportamento seguro e eficaz da mesma, [3].

    Segundo o mtodo das componentes, o comportamento global de uma ligao traduzido por

    uma curva no linear momento-flector/rotao, a partir da qual se definem as trs

    propriedades fundamentais caracterizadoras do comportamento estrutural e mecnico da

    ligao: o momento resistente,Mj,Rd, a rigidez, Sj,ini, e capacidade de rotao, Cd, Figura 1.2.

    Figura 1.2: Concepo da curva comportamento da ligao viga-pilar, (adapt.Fig.6.1)- [3].

    A curva de comportamento da ligao, i.e. do momento-rotao, obtida por associao do

    comportamento individual de diversas componentes, utilizando modelos mecnicos, que

    consistem em barras rgidas e molas deformveis axialmente representativas. Cada mola

    representa uma parte especfica da ligao associada a um determinado tipo de carregamento

    denominada de componente. Cada componente activa deve ser decisiva para a transmisso

    directa de esforos, sem concentrao de tenses e caracterizada por uma curva fora-deformao no linear, [8].

    O comportamento das componentes obtido por via analtica atravs das prescries do EC3:

    18, [3], possibilita a anlise dos efeitos das caractersticas da ligao no comportamento do

    sistema estrutural da qual poder resultar a adopo de um tipo de ligao adaptado s

    exigncias tcnico funcionais da estrutura.

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    MTODO DAS COMPONENTES__________________________________________________________________________________________

    18

    O comportamento da ligao, no seu todo, determinado sobre o efeito equivalente ao da

    resultante das foras que actuam simultaneamente nos elementos que a compem atravs de

    um processo sequencial consistindo na, [5] e [8]:

    - Representao esquemtica da ligao com a identificao das trajectrias e magnitudesde foras que a solicitam, das caractersticas geomtricas e resistentes dos elementos que

    compem a ligao e a indicao das suas componentes relevantes activas;

    - Avaliao da resistncia potencial de cada zona da ligao (em traco, compresso e

    corte) a partir da caracterizao das componentes;

    - Redistribuio de foras entre as diversas componentes de forma a garantir equilbrio de

    foras horizontais, maximizando simultaneamente o momento flector resistente,Mj,Rd;

    - Associao ou assemblagem do modelo mecnico estrutural, em srie e em paralelo,

    baseada nas propriedades individuais das componentes de forma a determinar a rigidez

    inicial da ligao, Sj,ini, e a sua capacidade de rotao.

    O processo do Mtodo das Componentes regido pelos pressupostos de clculo para as

    ligaes, estabelecidos no 2.5 do EC3: 18, [3], enfatizando a necessidade de se proceder a

    anlise realista da transferncia de foras internas e momentos flectores, na ligao, com as

    seguintes recomendaes:

    - As foras internas e momentos flectores devem estar em equilbrio com as foras e

    momentos aplicados s ligaes;

    - Cada elemento da ligao deve ser capaz de resistir s foras internas e momentos

    flectores que os solicitam;

    - As deformaes resultantes na transferncia de foras no devem exceder a capacidade de

    deformao dos ligadores (soldaduras, parafusos, etc.) e das partes ligadas;

    - A distribuio das foras internas deve ser definida com base na rigidez da ligao;

    - As deformaes assumidas no modelo de clculo, baseado na anlise elasto-plstica,

    admitem que a rotao de um corpo rgido e/ou a deformao num plano so fisicamente

    possveis;

    - O modelo de clculo usado deve estar de acordo com os resultados dos testes laboratoriaisde avaliao.

    A qualidade dos resultados obtidos depende das componentes utilizadas, da descrio

    mecnica de cada uma delas e admitindo-as com caractersticas independentes entre si. As

    componentes no actuam de forma independente, influenciam e so influenciadas pelo

    comportamento das componentes adjacentes, pelo que, quanto maior for o conhecimento do

    comportamento de cada uma melhor ser o resultado obtido, sendo, por isso, importante uma

    adequada definio das mesmas sem ser excessivamente complexa.

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    MTODO DAS COMPONENTES__________________________________________________________________________________________

    19

    A aplicao resumida do mtodo das componentes consiste na realizao das seguintes

    actividades, [Silva, L.S,Aulas de ligaes]:

    a) Identificao e seleco das componentes relevantes activas, aps a anlise do percurso

    das foras internas e dos momentos na ligao e a identificao das componentesintervenientes nesse percurso;

    b) Caracterizao do comportamento das componentes activas, determinando as suaspropriedades mecnicas relevantes;

    c) Assemblagem ou associao das componentes activas, com a utilizao de um modelomecnico representativo e subsequente avaliao da resposta momento-rotao da ligao,

    atravs da curva fora-deformao, e considerando que a componente da cadeia com

    menor resistncia controla a capacidade resistente da ligao;

    d) Definio da capacidade de deformao de cada componente, para a obteno da

    ductilidade da ligao e a consequenteclassificao da mesma.

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    MTODO DAS COMPONENTES__________________________________________________________________________________________

    20

    1.3 APLICAO LIGAO VIGA-PILAR APARAFUSADA.

    Trata-se de uma ligao entre o perfil transversal da extremidade da viga e o banzo de um

    pilar localizado na zona exterior de uma estrutura em prtico de vrios andares (Figura 1.1)sendo, por isso, classificada de ligao por eixo forte e simples (apenas um lado do pilar).

    realizada com uma placa de topo ou de extremidade estendida, para cima do banzo superior

    da viga, soldada seco transversal desta e aparafusada ao banzo do pilar.

    O Mtodo das Componentes aplicado a este tipo de ligao desenvolve-se de acordo com os

    passos a seguir apresentados [8]:

    1.3.1Identificao e Seleco de Componentes Relevantes Activas.

    A seleco de componentes relevantes activas baseia-se numa lista global de cerca de vinte

    componentes distintas, actualmente codificadas na Tabela 6.1 do EC3: 18 [3], com

    trajectrias distintas para as foras de traco, compresso e corte, e, tambm, na

    possibilidade de separao de partes da ligao para estabelecer analogias com componentes

    mais simples com comportamentos mais fceis de analisar, como seja o modelo de T-Stub

    equivalente.

    De forma genrica, as vrias componentes podem-se classificar nas seguintes classes, [8]:

    a) Componentes de ductilidade elevada:

    - Painel da alma do pilar ao corte (C1).

    - Banzo do pilar flexo (C4).

    - Placa de extremidade flexo (C5).

    - Alma da viga traco (C8).

    b) Componentes de ductilidade limitada:

    - Alma do pilar compresso (C2).

    - Alma do pilar traco (C3).

    - Banzo e alma da viga compresso (C7).

    c) Componentes de rotura frgil:

    - Parafusos traco (C10).

    A figura 1.3 ilustra a localizao das componentes e dos respectivos pargrafos (indicados no

    6.1 e na Tabela 6.1 do EC3: 18) relativos metodologia para a determinao dasresistncias de clculo, Fj, coeficientes de rigidez, kj, e capacidade de rotao, j, [3].

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    _______________________________________________________

    Figura 1.3: Localizao das componentes activas relevantes com a indicao dos pargrafos do EC3:

    (adapt.Fig.2.3) [5].

    Componentes

    (1)

    (2)

    (3)

    (4)

    (5)

    (7)

    (8)

    (10)

    Alma do pilar ao corte

    Alma do pilar compresso

    Alma do pilar traco

    Banzo do pilar flexo

    Placa de topo flexo

    Banzo da viga compresso

    Alma da viga traco

    Parafusos traco

    6.2.6.1

    6.2.6.2

    6.2.6.3

    6.2.6.4

    6.2.6.5

    6.2.6.7

    6.2.6.8

    Tabela 3.4

    clculo, F

    Resist.de

    i

    C

    r

    - Pargrafos da EN1993-1-8. (*) - Informa

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    MTODO DAS COMPONENTES__________________________________________________________________________________________

    22

    1.3.2 Caracterizao do Comportamento das Componentes.

    A caracterizao do comportamento das componentes activas da ligao feita atravs do seu

    momento-rotao, representado por uma curva fora-deformao, simplificada de formabilinear, permitindo a identificao de 5 propriedades importantes, incorporando as eventuais

    interaces com as restantes componentes da ligao e dependente da avaliao das suas

    propriedades mecnicas estruturais relevantes, Figura 1.4, [8].

    FC Fora de cedncia

    Ke Rigidez inicial

    Kp Rigidez ps-limite

    y Deformao de cedncia

    f Deformao de colapso

    Figura 1.4: Caracterizao do comportamento bilinear de componentes, [8].

    A caracterizao consiste na avaliao das seguintes propriedades:

    a) O Momento Resistente, Mj,Rd, ou resistncia de clculo das componentes activas determinado de acordo com as prescries, esquemas, tabelas e formulrio contidos em

    todo 6.2.6, [3], e depende do tipo e magnitude da solicitao que submete a ligao e das

    caractersticas geomtricas e mecnicas dos elementos da ligao activos. A avaliao da

    deformao de algumas componentes, como por exemplo a componente (C5) placa de

    extremidade flexo, realizada atravs da quantificao da carga de colapso plstico da

    placa utilizando o mtodo das linhas de rotura, conjugada com os vrios modos de colapso

    dum modelo simplificado, o modelo T-stub equivalente, Figura 1.5.

    Figura 1.5: Modelo T-stub equivalente, (adapt.Fig.11) [8].

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    MTODO DAS COMPONENTES__________________________________________________________________________________________

    23

    b) Rigidez Rotacional, ki, das componentes activas determinada de acordo com asprescries e formulrio contidos em todo o 6.3 e sobretudo a Tabela 6.11: Coeficientes

    de rigidez para os componentes activos da ligao, [3].

    1.3.3Assemblagem das Componentes Activas.

    A assemblagem ou associao das componentes activas destina-se a avaliar a capacidade

    resistente e de rotao da ligao sem atingir a deformao (ductilidade). realizada com

    recurso a um modelo mecnico representativo no qual se avalia a resposta momento-rotao

    da ligao atravs de uma curva fora-deformao.

    a) Resistncia da ligao. A avaliao da resistncia da ligao decorre do mtodo dascomponentes em que o momento resistente da ligao corresponde ao momento mximo

    obtido com base nos seguintes critrios, [8]:

    - Equilbrio dos esforos internos com as foras aplicadas ligao;

    - No exceder a resistncia de cada componente;

    - No exceder a capacidade de deformao de cada componente;

    - Ignorar a compatibilidade de deformaes entre as vrias componentes.

    A resistncia da ligao o momento resistente de clculo flexo da ligao, Mj,Rd,calculado, em funo da componente da cadeia com menor resistncia por esta governar a

    capacidade resistente da ligao, i.e. os parafusos. Resulta da assemblagem das

    resistncias de clculo traco dos parafusos, Ft,Rd, do nmero de linhas de parafusos e

    das distncias destas ao centro de compresso da ligao (denominadas de braos de

    alavanca).

    Neste procedimento necessrio avaliar a resistncia das trs zonas da ligao (em

    traco, compresso e corte), ajustando-se a distribuio plstica das foras nos parafusosna zona de traco de forma a garantir equilbrio. O valor das componentes da zona de

    traco corresponde carga de colapso mnima de todos os mecanismos possveis (mtodo

    de limite superior) [8].

    Isto deve ser verificado para as seguintes componentes bsicas, [3]:

    - Alma do pilar traco Ft,wc,Rd 6.2.6.3;

    - Banzo do pilar flexo Ft,fc,Rd 6.2.6.4;

    - Placa de extremidade flexo Ft,ep,Rd 6.2.6.5;

    - Alma da viga traco Ft,wb,Rd 6.2.6.8.

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    MTODO DAS COMPONENTES__________________________________________________________________________________________

    24

    V

    N M M1

    2

    3

    4 5

    7

    8

    10

    10

    3.1 4.1 5.1 10.1

    3.2 4.2 5.2 10.2

    1 2

    j

    O momento resistente de clculo da ligao deve ser superior ao momento de clculoaplicado,Mj,Ed, satisfazendo a seguinte condio de segurana, [3]: 0,1,, RdjEdj MM

    b) Rigidez da ligao: A rigidez rotacional inicial da ligao determinada a partir das

    flexibilidades das componentes bsicas que contribuem para a deformao da ligao,representadas atravs de coeficientes de rigidez elstica, ki, obtidos no 6.3.2 e Tabela

    6.11 do EC3: 1-8, [3], e pela associao dos referidos valores de rigidez em srie e em

    paralelo. A rigidez da ligao determinada com base no seguinte procedimento:

    1) Pelo 6.3.1 do EC3: 1-8, procede-se verificao das seguintes condiesMj,EdMj,Rde

    NEd 5% .Npl,Rd. Em caso de confirmao, calcula-se a rigidez inicial, Sj,ini, com a razo

    de rigidez, u = 1,0.

    ==

    i i

    2

    ini,j

    k

    1

    zES

    2) Para alm da verificao das condies da alnea anterior, se a ligao apresentar apenas

    uma fiada de parafusos traco a rigidez rotacional inicial, Sj,ini, obtida com a

    utilizao da mesma expresso.

    Caso no se verifiquem as condies anteriores prossegue-se com a:

    3) Definio das componentes bsicas activas para o clculo da rigidez de ligaes viga-pilar atravs das Tabela 2.8, omitindo-se a contribuio das componentes 7 e 8 cujo valor

    da rigidez tomado igual ao infinito. As componentes bsicas activas so: - Alma do pilar

    ao corte (k1); - Alma do pilar compresso (k2); - Alma do pilar traco (k3); - Banzo do

    pilar flexo (k4); - Placa de extremidade flexo (k5); - Parafusos traco (k10).

    4) Determinao de coeficientes de rigidez, ki,r, de acordo com o tipo de ligao, simples ou

    dupla, com o painel da alma reforada ou no, e atravs da Tabela 6.11 do EC3: 1-8, [3].

    Figura 1.6: Ligao viga-pilar e correspondente modelo mecnico.

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    MTODO DAS COMPONENTES__________________________________________________________________________________________

    25

    5) Associao das componentes em srie e determinao da rigidez efectiva equivalente para

    todas as componentes, com o coeficiente de rigidez, ki,r, representante da componente i

    relativa linha de parafusos r:

    Figura 1.7: Associao em srie das componentes do modelo mecnico.

    6) Associao em paralelo de todas as linhas de parafusos em traco e determinao da

    rigidez equivalente da zona traccionada da ligao, keq, assumindo-se a rotao rgida da

    viga em torno do centro de compresso atravs do brao de alavanca equivalente, zeq. No

    caso da ligao viga-pilar com placa de extremidade keq deve basear-se apenas nos

    coeficientes de rigidez: - Alma do pilar traco (k3); - Banzo do pilar flexo (k4); -

    Placa de extremidade flexo (k5); - Parafusos traco (k10).

    Figura 1.8: Associao em paralelo das componentes do modelo mecnico.

    7) Finalmente a determinao da rigidez rotacional inicial, Sj,ini, atravs da combinao da

    rigidez equivalente da zona de traco com as componentes das zonas de compresso e

    corte.

    ++

    =

    eq21

    2

    ini,j

    k

    1

    k

    1

    k

    1

    zES

    M

    eff,1(K )3.1 4.1 5.1 10.1

    3.2 4.2 5.2 10.2

    1 2

    j

    eff,2(K )

    1 2

    eff,1(K )

    eq(K )

    eff,2(K )

    1 2

    1 2

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    MTODO DAS COMPONENTES__________________________________________________________________________________________

    26

    c) Ductilidade:Para a avaliao da ductilidade de uma ligao, i.e. do seu comportamentoelstico ou malevel sem rotura, necessrio definir a curva momento-rotao e

    determinar, para cada valor de rotao, a deformao de cada uma das componentes,

    Figura 1.9.

    Figura 1.9: Curva de caracterizao do momento-rotao, (adapt.Fig.6.1)- [3].

    Os mtodos de clculo para determinar a capacidade de rotao da ligao aparafusada ou

    soldada so vlidos apenas para as classes de aos S235, S275 e S355 e para ligaes na qual

    a fora axial,NEd, no membro ligado no exceda 5% da resistncia de clculo plstico,Npl,Rd,

    da sua seco transversal. A capacidade de rotao da ligao no necessita de verificao se

    o momento resistente de clculo for Mj,Rd 1,2Mpl,Rd do momento resistente de clculo

    plstico da ligao do membro conectado, [3].

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    MTODO DAS COMPONENTES__________________________________________________________________________________________

    27

    1.4 APLICAO LIGAO DE BASE DE PILAR.

    A ligao de base de pilar realizada atravs de uma placa de base soldada extremidade

    inferior do pilar, nivelada atravs de argamassa de enchimento sem retraco (grout),chumbada ao bloco de beto atravs de pernos de ancoragem roscados na extremidade

    exterior e apertada atravs de anilhas e porcas.

    1.4.1Identificao e Seleco de Componentes Relevantes Activas

    A organizao da ligao da base de pilar em componentes activas baseia-se nas possveis

    trajectrias das foras de traco, compresso e corte sendo agrupadas da seguinte maneira,Figura 1.10, [10]:

    - Bloco de beto (incluindo o grout) e placa de base flexo, sob compresso (C1);- Placa de base flexo e dispositivos de ancoragem ou chumbadores traco (C2);- Alma e banzos do pilar ao corte e compresso (C3);- Dispositivos de ancoragem ou chumbadores ao corte (C4).

    (1) (2) (3) (4)

    Figura 1.10: Decomposio da base de pilar com placa de base nas suas principais

    componentes, [10].

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    MTODO DAS COMPONENTES__________________________________________________________________________________________

    28

    1.4.2 Caracterizao do Comportamento das Componentes.

    A caracterizao das componentes activas destina-se, [1], [3]:

    a) avaliao da resistnciaperante os esforos transmitidos na regio de contacto entre opilar, macio de fundao e solo. Por simplificao tem-se em considerao, apenas, a

    capacidade resistente do beto e a dos elementos metlicos que materializam o contacto e

    identifica-se a componente menos resistente da cadeia por esta governar a resistncia

    global da ligao;

    b) Ao clculo da rigidez axial de cada componente para que, aps assemblagem destas,permita determinar a rigidez da ligao.

    1.4.3Assemblagem das Componentes Activas.

    Compreende a anlise da resistncia e rigidez da ligao.

    a) Resistncia:Destina-se a obter a resistncia da ligao,Mj,Rd, da base do pilar submetida flexo composta (momento flector, MSd, e fora axial, NSd), na qual omitida a

    contribuio da poro de beto sob a alma da coluna (capacidade resistente compresso

    do T-stub 2 da Figura 1.11).

    Figura 1.11: Esquema em planta de T-stubs no sobrepostos na base de pilar, [3].

    O procedimento de assemblagem para a resistncia descrito com base no exemplo da Figura

    1.12, onde o comportamento da placa de base simplificado por um sistema de 4 molas,

    representando dispositivos de ancoragem, actuando sob os banzos do pilar com 2 molas em

    compresso e 2 em traco, [1].

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    MTODO DAS COMPONENTES__________________________________________________________________________________________

    29

    Figura 1.12: Exemplo de procedimento de assemblagem numa ligao de base de pilar,

    (adapt.Fig.3.2.1) [1].

    O procedimento utiliza os seguintes parmetros de acordo com o 6.2.8.3, EC3:1-8, [3]:

    Quadro 1.1: Parmetros necessrios ao clculo do momento resistente da ligao,Mj,Rd.

    Resistncias de clculo

    do EC3Componentes bsicas:

    6.2.6.11 Placa de base flexoFt,l,Rd

    Ft,r,Rd

    L.E

    L.DTraco

    Dispositivos de ancoragem em traco

    6.2.6.11 Placa de base flexo

    6.2.5Beto em compresso sob os banzos do pilar

    incluindo o grout.Fc,l,Rd

    Fc,r,Rd

    L.E

    L.DCompresso

    6.2.6.7 Alma e banzos do pilar em compresso

    L.E e L.D Lados esquerdo e direito da ligao base de pilar.

    A resistncia a considerar ser o menor valor das resistncias.

    O procedimento de assemblagem:

    1) Inicia com a seleco das molas activas resistentes ao carregamento (fora normal, NSd, e

    momento, MSd) com um dos lados activado compresso e o outro traco, sendo a

    resistncia ao momento-flector, MRd, sob a fora normal constante, NSd, determinada

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    MTODO DAS COMPONENTES__________________________________________________________________________________________

    30

    baseada no equilbrio simples, tal como mostra a Figura 1.13 e atravs da Tabela 6.7 do

    EC3: 1-8, [3].

    Figura 1.13: Equilbrio de foras na base de coluna, (adapt. Fig.3)- [10].

    2) Determinao do menor valor das resistncias das componentes do lado da traco e no

    lado da compresso.

    3) Determinao de braos de alavanca parciais, (zt,l ou zc,r) considerando ambos lados de

    traco e de compresso.

    4) Clculo do valor da excentricidade, e.

    5) Determinao do momento resistente,Mj,Rd, pela aplicao da Tabela 6.7 do EC3:1-8, [3].

    b) Rigidez.O modelo de assemblagem da rigidez descrito com base no exemplo da Figura1.14, para as componentes dispositivos de ancoragem em traco e placa de base em

    flexo e beto em compresso [1], para as quais so definidos factores elsticos. A

    componente banzos e alma da pilar em compresso no contribui para a flexibilidade da

    ligao.

    Figura 1.14: Modelo mecnico de molas (componentes) para a base de pilar, (adapt.Fig.3.3.3 [1]).

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    MTODO DAS COMPONENTES__________________________________________________________________________________________

    31

    O procedimento para a determinao da rigidez rotacional consiste:

    1) Na determinao da razo de rigidez, , pela comparao entre o momento flector

    solicitante e dois teros do momento resistente.

    2) Na combinao dos coeficientes de rigidez, ki, das seguintes componentes bsicas:

    - Bloco de beto e grout em compresso sob o banzo do pilar e placa de base flexo sob

    compresso, k13.;

    - Placa de base a flexo, k15, e dispositivos de ancoragem ou chumbadores em traco, k16.

    kt,l = kt,r Traco actuando no lado esquerdo ou direito da

    ligao. 1615,, kkkk rtlt +==

    kc,l=kc,r Compresso actuando no lado esquerdo ou

    direito da ligao. 13,, kkk rclc ==

    3) Determinao da rigidez rotacional inicial, Sj,ini, da ligao, aps a verificao do tipo de

    esforo normal (se de traco ou de compresso), da comparao do valor daexcentricidade com os braos de alavanca parciais (por ex. ltz , ) e determinao do brao

    de alavanca (por ex. rclt zzz ,, += ).

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    LIGAO VIGA-PILAR____________________________________________________________________________________________________

    32

    CAPTULO II LIGAO VIGA-PILAR

    2.1 INTRODUO.

    Trata-se de uma ligao viga-pilar por eixo forte, com chapa de extremidade estendida e

    aparafusada.

    A ligao viga-pilar, do presente estudo, caracteriza-se de eixo forte por ser constituda por

    uma chapa de topo estendida para alm do banzo superior da viga, soldada seco

    transversal desta na sua extremidade e aparafusada ao banzo do pilar em trs fiadas de

    parafusos. A funcionalidade da ligao em estudo garantida, entre outras condicionantes,

    atravs da avaliao do seu comportamento mecnico e resistente sendo, por isso, necessrioanalisar, quantificar e comparar as suas propriedades estruturais ( 6.1.2 da EN 1993-1-8:

    2004), [3].

    A avaliao do comportamento da ligao viga-pilar realizvel atravs da sua

    esquematizao proposta pelo EC3:1-8 [3], podendo ser representada por um modelo

    mecnico integrando molas rotacionais elasto-plsticas conectando os eixos dos elementos

    que a compem num ponto de interseco, Figura 2.1. As propriedades mecnicas

    representadas pela mola so expressas atravs de um diagrama do momento-rotao querelaciona o momento flector aplicado ligao, Mj,Ed, com a consequente rotao entre os

    membros conectados, Ed, permitindo definir, de acordo com o 6.3.1(4), as seguintes

    propriedades estruturais: - momento resistente, Mj,Rd; - rigidez rotacional inicial, Sj,ini; - e

    capacidade de rotao, Cd.

    a) Ligao b) Modelo c) Diagrama do momento-rotao

    Figura 2.1: Concepo da curva comportamento da ligao viga-pilar, (adapt.Fig.6.1) [3].

    O momento resistente de clculo ou resistncia da ligao,Mj,Rd, que no deve ser inferior aomomento de clculo aplicado, MSd, obtido atravs das prescries dos 6.2.7 e 6.2.8 do

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    LIGAO VIGA-PILAR____________________________________________________________________________________________________

    33

    EC3:1-8 [3] sendo representado no grfico momento-rotao como o limite resistente mximo

    da ligao e condicionando a capacidade de rotao desta.

    A rigidez rotacional, Sj, definida pela razo entre o momento flector aplicado ligao,

    Mj,Ed, e a rotao que provoca, Ed. O aumento de rotao da ligao, Xd, faz com que estaatinja o seu limite resistente,Mj,Rd, no se alterando com o posterior aumento de rotao, Cd.

    A rigidez rotacional inicial, Sj,ini, o declive correspondente ao limite elstico mximo da

    ligao e obtida atravs do 6.3.1.

    A capacidade de rotao, Cd, da ligao corresponde sua rotao mxima sem se deformar

    ou provocar situaes de desconforto durante a utilizao da estrutura permitindo

    opes/ajustamentos do tipo de ligao espcie e magnitude cargas que transmite. A ligao

    poder ser do tipo rotulado, fixo ou de funcionamento intermdio.

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    34

    1

    2

    3

    4

    56

    2

    7

    8

    11

    12 910

    13

    14

    15

    V

    N M

    2.2 COMPONENTES BSICAS DA LIGAO VIGA-PILAR.

    A caracterizao do momento-rotao deste tipo de ligao depende dos elementos que a

    constitui e da forma como est organizada para a transmisso de esforos sem concentraode tenses suscitveis a danos ou rotura dos referidos elementos [5]. So definidas pelas

    propriedades das suas componentes bsicas cujo processo de avaliao realizado com a

    identificao e seleco das componentes activas relevantes, atravs da modelao

    apresentada na Figura 2.2, de forma simplificada na Figura 2.3 e nas indicaes de clculo

    contidas no Quadro 2.1 [3].

    Zona Ref Componentes:

    1 Parafuso traccionado.2 Placa de extremidade flectida.3 Banzo do pilar em flexo.4 Traco na alma da viga.5 Traco na alma do pilar.

    6Soldadura do banzo placa deextremidade.

    Traco

    7Soldadura da alma placa deextremidade.

    Cortehoriz. 8 Corte na alma do pilar.

    9 Compresso no banzo da viga.

    10 Soldadura no banzo da viga.

    11 Esmagamento na alma do pilar.Compresso

    12 Encurvadura na alma do pilar.

    13Soldadura da alma placa deextremidade.

    14 Parafuso ao corte.Corte

    vertical

    15Esmagamento (parafuso, placade extremidade ou banzo).

    Figura 2.2: Zonas de verificao da ligao viga-pilar, (adapt.Fig.6) [8].

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    35

    Figura 2.3: Componentes activas relevantes da ligao viga-pilar, de eixo forte, com placa de

    extremidade estendida, (adapt.Fig.2.3) [5].

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    36

    Quadro 2.1: Componentes bsicas de uma ligao, (adapt.Tab.6.1 - [3]).

    Referncia aos pargrafos c/ regras de aplicaoComponentes Resistncia de

    clculo,Fi

    Coefic. de

    rigidez,ki.

    Capacid. de

    rotao,

    1

    Painel da

    alma do

    pilar ao

    corte

    6.2.6.1 6.3.2 6.4(4)

    2

    Alma do

    pilar em

    compresso

    transversal

    6.2.6.2 6.3.2

    6.4(5)

    e

    6.4(6)

    3

    Alma do

    pilar em

    traco

    transversal

    6.2.6.3 6.3.2 6.4(5)

    4

    Banzo do

    pilar emflexo 6.2.6.4 6.3.2 6.4(7)

    5

    Placa de

    topo em

    flexo

    6.2.6.5 6.3.2 6.4(7)

    7

    Banzo e

    alma da viga

    em

    compresso

    6.2.6.7 6.3.2

    Sem

    informaodisponvel.

    8

    Alma da

    viga em

    traco

    6.2.6.8 6.3.2

    Sem

    informao

    disponvel.

    10

    Parafusos

    em traco

    Banzo do pilar

    6.2.6.4

    Placa de extremidade 6.2.6.5

    6.3.2 6.4(7)

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    37

    2.3 RESISTNCIA DE CLCULO.

    Com base 6.2 do EC3: 1-8 [3] so tecidas algumas consideraes importantes sobre os

    efeitos das foras internas e momentos flectores numa ligao e as condies de utilizao dos

    ligadores (tais como soldaduras e parafusos) perante a preponderncia de foras de corte e/oude momentos flectores. Faz-se, tambm, referncia utilizao de T-stubs equivalentes na

    avaliao das componentes (C4) Banzo do pilar em flexoe (C5) Placa de extremidade em

    flexoe, tambm, das placas de reforo ou placas rigidificadoras.

    A anlise realizada assumindo a existncia de equilbrio na distribuio de foras pelos

    elementos da ligao, resistncia suficiente de cada componente sem exceder a sua

    capacidade de rotao, [Silva, L.S,Aulas de ligaes].

    2.3.1 Foras Internas.

    De acordo com o 6.2.1 [3], as tenses provocadas pelas foras e momentos flectores

    internos num elemento da ligao no afectam a resistncia de clculo das suas componentes

    bsicas, excepto quando: (i) se determina a resistncia de clculo compresso da alma do

    pilar sendo necessrio considerar a tenso longitudinal no pilar; (ii) ou na avaliao da

    resistncia das componentes alma do pilar compresso e alma do pilar traco sendo

    necessrio considerar o corte do painel da alma do pilar.

    2.3.2 Foras de Corte.

    A considerao das foras de corte na ligao, para o caso particular da ligao viga-pilar,

    definida por regras de aplicao contidas no 6.2.2 [3] das quais se destacam as seguintes:

    - Em ligaes soldadas ou aparafusadas com placa de extremidade os cordes de soldadura

    na alma da viga devem ser concebidos para transferir a fora de corte da viga ligao sem

    a participao da soldadura ligando os banzos da viga.

    - Em ligaes aparafusadas, com placa de topo, a resistncia de clculo de cada linha de

    parafusos, combinando a aco de corte e traco, verificada com base na Tabela 3.4 do

    EC3: 1-8 [3] tendo em considerao a fora de traco total no parafuso, incluindo alguma

    fora derivada da aco de alavanca. Como simplificao, os parafusos so considerados

    resistentes traco quando se demonstra que a fora de corte no excede a soma da

    resistncia total ao esforo de corte dos parafusos no solicitados a traco e (0,4/1,4) vezes

    a resistncia total de corte destes parafusos tambm solicitados traco.

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    38

    - A resistncia ao corte da ligao depende da distribuio das foras internas e das

    resistncias de clculo das suas componentes activas.

    2.3.3 Momentos Flectores.

    O momento-flector resistente de clculo de qualquer ligao, 6.2.3 [3], depende tambm da

    distribuio das foras internas e das resistncias de clculo das componentes bsicas a essas

    foras. avaliado com base nas foras mximas que se desenvolvem nas componentes das

    zonas de traco, compresso e corte da ligao, indicadas nas Figuras 2.2 e 2.3, tendo em

    considerao as seguintes possibilidades de rotura, [8]:

    Na zona de traco Cedncia da alma do pilar

    Cedncia da alma da viga

    Cedncia do banzo do pilar

    Cedncia da chapa de topo

    Rotura de soldaduras

    Rotura dos parafusos

    Na zona de compresso Esmagamento da alma do pilar

    Encurvadura da alma do pilar

    Na zona de corte Rotura por corte do painel da alma do pilar

    O momento resistente de clculo da ligao viga-pilar,Mj,Rd, deve ser considerado como igual

    menor das resistncias da zona de traco e da zona de compresso (reduzido, em caso de

    necessidade, de modo a no exceder o valor de clculo do esforo transverso resistente do

    painel da alma do pilar), multiplicado pela distncia entre os seus centros de resistncia. O

    momento resistente o resultado do produto da menor fora resistente resultante da ligao

    (compresso ou traco) pelo brao formado pelas mesmas.

    O clculo do momento resistente,Mj,Rd, torna-se relevante, devendo ser determinado com baseno mtodo dado no 6.2.7, se for verificado que a fora axial, NEd, no excede 5% da

    resistncia de clculo plstico da seco transversal,NPl,Rd, [3].

    2.3.4 T-Stub Equivalente em Traco.

    De acordo com 6.2.4 [3] o mdulo T-stub uma representao simplificada de uma parte da

    ligao, em forma de T, simulando a resistncia dos elementos que a compem convergindopara um ponto de interseco. Pode ser usado em ligaes aparafusadas solicitadas traco

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    modelando a resistncia de clculo flexo das componentes activas, nomeadamente o banzo

    do pilar em flexo (C4)e aplaca de extremidade em flexo (C5).

    O mtodo de modelao das referidas componentes em banzos T-stub equivalentes, 6.2.6,

    [3], considera trs tipos de mecanismos simulando a possibilidade de ocorrncia dos modosde rotura 1, 2 e 3 nas componentes que representa, Quadro 2.2, e tambm os dados

    geomtricos emin, leffe mdefinidos na Figura 2.4. A resistncia de clculo traco do banzo

    do T-stub determinada atravs do Quadro 2.2. Nos casos onde se desenvolvam foras de

    alavanca, a resistncia de clculo traco, FT,Rd, deve ser o menor valor dos trs modos de

    rotura 1, 2 e 3, e onde no se desenvolvam as referidas foras de alavanca a resistncia de

    clculo traco, FT,Rd, deve ser o menor valor dos dois possveis modos de cedncia 1ou 2 e

    3.

    Figura 2.4: Dimenses do banzo do T-stub equivalente, [3].

    Os modos de cedncia ou de rotura num T-stub aparafusado so ilustrados na Figura 2.5.

    Figura 2.5: Modos de rotura de um T-stub aparafusado, [1].

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    40

    Os modos de rotura so assim caracterizados [8] e [6]:

    a) Modo 1: Rotura do banzo do T-stub com a formao de rtulas plsticas na linha de

    parafusos. A espessura do banzo do T-stub determinante neste modo de rotura

    admitindo-se que a fora de alavanca atinja o seu valor mximo (Qmax) com a formao dertulas plsticas na linha de parafusos, Figura 2.6.

    Figura 2.6: Caracterizao do modo de rotura 1 do T-stub, [6].

    b) Modo 2: Rotura do banzo do T-stub com formao de rtulas plsticas na interseco

    banzo/alma e rotura dos parafusos. A capacidade resistente ltima dos parafusos

    determinante neste modo de rotura para que no d lugar formao de rtula plstica nalinha de parafusos, acontecendo apenas na interseco banzo/alma do T-stub, antes ou

    simultaneamente rotura dos parafusos, Figura 2.7.

    Figura 2.7: Caracterizao do modo de rotura 2 do T-stub, [6].

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    41

    c) Modo 3: Rotura dos parafusos. Neste mecanismo o factor determinante a pequena

    deformao do banzo do T-stub flexo em relao deformao dos parafusos

    permitindo que estes sejam solicitados preferencialmente traco sem o

    desenvolvimento de foras de alavanca. Admite-se que a formao da rtula plstica no

    ocorre no banzo do T-stub, Figura 2.8.

    Figura 2.8: Caracterizao do modo de rotura 3 do T-stub, [6].

    Aplicao do Quadro 2.2 de acordo com o seguinte procedimento, [3]:

    1) Verificao da possibilidade de desenvolvimento de foras de alavanca atravs dacondio se *bb LL h desenvolvimento de foras de alavanca, sendo:

    Lb Comprimento de alongamento do parafuso igual ao comprimento de aperto

    (espessura total do material e anilhas), mais metade da soma da altura da cabea

    do parafuso e a altura da porca.

    *bL

    = 31,

    3* 8,8

    feff

    sb

    tl

    AmL

    m Parmetro geomtrico da Figura 2.4, representando a distncia entre o eixo do

    parafuso e a face do cordo de soldadura que une a alma da viga placa de

    extremidade;

    As rea de tenso de traco do parafuso;

    leff,1 Total de comprimentos efectivos, leff, no Modo 1;

    tf Espessura do banzo do pilar com a seco I ou H.

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    42

    2) Clculo dos momentos plsticos resistentes considerando os Modos de Rotura 1 e 2 e a

    eventual utilizao de placa de reforo.

    Modo 1: 0

    21,

    ,1, 4 M

    yfeff

    Rdpl

    ftl

    M

    =

    Modo 2:0

    22,

    ,2, 4 M

    yfeff

    Rdpl

    ftlM

    =

    Com placa de reforo:0

    21,

    , 4 M

    ybpeff

    Rdbp

    ftlM

    =

    tbp Espessura da placa de reforo.

    3) Clculo da resistncia do banzo do T-stub atravs do Quadro 2.2.

    Quadro 2.2: Resistncia de clculo do banzo do T-stub (adapt.Tab.6.2) [3].

    Com desenvolvimento de foras de alavanca.

    Mtodo 1 Mtodo 2 (alternativo)

    Sem foras de

    alavanca

    Sem placas de reforo

    m

    M

    F

    Rdpl

    RdT

    ,1,

    ,1,

    4

    =

    ( )

    ( )nmenm

    Men

    F w

    Rdplw

    RdT +

    = 2

    28 ,1,,1,

    Com placas de reforoModo1

    m

    MMF

    RdbpRdpl

    RdT

    ,,1,,1,

    24 +=

    ( )

    ( )nmenm

    MnMenF

    w

    RdbpRdplw

    RdT+

    +=

    2

    428 ,,1,,1,

    Modo2

    nm

    FnMF

    RdtRdpl

    RdT+

    +=

    ,,2,,2,

    2

    Modo3

    = RdtRdT FF ,3,

    m

    MF

    Rdpl

    RdT

    ,1,,21,

    2=

    Ft,Rd Resistncia de clculo de um parafuso

    traco obtida atravs da Tabela 3.4, do EC3: 1-8.

    emin; me tfParmetros geomtricos obtidos na Figura

    2.4, sendo: n = emin mas n 1,25 m

    n Distncia efectiva extremidade livre.

    fy,bp Tenso de cedncia nas placas de reforo.

    ew= dw/ 4 sendodwo dimetro da anilha, ou a larguraatravs da cabea do parafuso ou porca.

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    43

    2.3.5 Placas de Reforo.

    Tambm designadas de placas rigidificadoras, so usadas para reforo da resistncia do banzo

    do pilar flexo e devem estender-se at pelo menos ao limite superior da chapa de

    extremidade estendida e com o mnimo de cerca de 3 mm do p do cordo de soldadura emrelao alma do pilar, Figura 2.9. O seu dimensionamento realizado com a utilizao da

    metodologia T-stub, [3].

    1 Placa de reforo 2 ebp

    Figura 2.9: Banzo do pilar com placas de reforo, (adapt.Fig.6.3) [3].

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    44

    2.4 RESISTNCIA DE CLCULO DAS COMPONENTES BSICAS.

    A avaliao da resistncia de clculo das componentes activas mais relevantes abrangida

    pelas regras de aplicao contidas no 6.2.6 do EC3:1-8 [3] e s aplicvel se o esforo axialnos membros que compem a ligao for inferior a 5% da resistncia plstica dos mesmos.

    2.4.1 Componente 1 Painel da Alma do Pilar ao Corte.

    O mtodo de dimensionamento desta componente, baseado no 6.2.6.1, aplicvel aos

    pilares de alma esbelta se satisfizer a condio:

    69wct

    d com

    yf

    235=

    sendo:

    d Espao entre os banzos do pilar sem os raios de concordncia.

    twc Espessura da alma do pilar;

    fy Tenso de cedncia do material

    Para ligaes simples ou duplas com vigas da mesma altura, a resistncia de clculo ao corte,

    Vwp,Rd, de um painel da alma do pilar no reforado, submetido solicitao de corte, Vwp,Ed,

    obtm-se com:

    0

    ,,

    .3

    9,0

    M

    vcwcy

    Rdwp

    AfV

    =

    sendo:

    fy,wc Tenso limite de cedncia da alma do pilar;

    M0 Coeficiente de resistncia referente seco transversal igual a 1,00;

    Avc rea de corte da alma do pilar, sendo:

    - Para perfis I ou H aparafusados fccwcfcccvc trttbAA ).2(2 ++=

    - Para perfis I ou H soldados Avc= hw tw

    Ac rea da seco transversal do perfil do pilar;

    bc Largura do banzo do pilar;

    tfc Espessura do banzo;rc Raio de concordncia;

    hw Altura da alma da seco.

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    45

    A resistncia de clculo ao corte pode ser aumentada atravs de placas de reforo de alma, em

    zonas de compresso e de traco, utilizando-se Vwp,add,Rd e com a rea de corte Avc

    incrementada deAvc bs twc, Figura 2.10:

    s

    Rdfcpl

    Rdaddwpd

    MV

    ,,,,

    4= mas limitado as

    RdstplRdfcpl

    Rdaddwpd

    MMV

    ,,,,,,

    22 +

    sendo:

    ds Distncia entre os centros de gravidade dos rigidificadores;

    Mpl,fc,Rd Momento plstico resistente do banzo da pilar;

    Mpl,st,Rd Momento plstico resistente do rigidificador.

    A incluso de uma nova placa no outro lado da alma no implica novo incremento da rea de

    corte. As placas de alma suplementares tambm podem ser usadas para aumentar a rigidezrotacional da ligao atravs do aumento da rigidez da alma do pilar em corte, compresso ou

    traco. A classe do ao da placa de alma suplementar deve ser igual do pilar, a largura, bs ,deve estender-se at, pelo menos, ao p da soldadura entre a alma e o banzo e o comprimento,

    ls, deve estender-se atravs da largura efectiva da alma em traco e compresso, Figura 2.10.

    A espessura, ts, da placa de alma suplementar no deve ser inferior espessura da alma do

    pilar, twc. A largura, bs , de uma placa de alma suplementar deve ser menor a 40ts.

    a) Esquema b) Exemplos da seco transversal com soldaduras longitudinais

    Nota: Deve ser considerada a soldabilidade no canto.

    Figura 2.10: Exemplos de placas suplementares de reforo da alma, (adapt.Fig.6.5) [3].

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    46

    2.4.2 Componente 2 Alma do Pilar em Compresso Transversal.

    O mtodo de dimensionamento desta componente, baseia-se no 6.2.6.2 [3] e parte do

    princpio que a alma do pilar est sujeita a foras concentradas transmitidas pelo banzo da

    viga, as quais produzem tenses normais horizontais que interagem com as tenses de cortena zona do painel e com as tenses normais verticais devido carga axial e ao momento-

    flector actuantes na extremidade do pilar, Figura 2.11.

    Figura 2.11: Tenses normais e de corte na zona comprimida da alma do pilar, [5].

    Assim, a resistncia compresso do painel da alma do pilar, no reforado, depende da fora

    transmitida pelo banzo comprimido da viga, pela placa de extremidade e banzo do pilar etambm da interaco entre as tenses localizadas. obtida atravs das suas propriedades

    geomtricas, apresentadas na Figura 2.12, e pela seguinte expresso:

    1

    ,,,

    0

    ,,,.,

    M

    wcywcwcceffwc

    M

    wcywcwcceffwc

    Rdwcc

    ftbkftbkF

    =

    sendo:

    Factor de reduo para incluso dos efeitos de interaco com corte no painel da

    alma do pilar de acordo com os valores da Quadro 2.3;twc Espessura da alma do pilar;

    fy,wc Tenso de cedncia da alma do pilar;

    M1 Coeficiente de segurana encurvadura da placa, adoptado igual a 1,10;

    beff,c,wc Largura efectiva da alma do pilar em compresso obtida de:

    a) Para ligaes soldadas:

    )(522,, statb fcbfbwcceff +++=

    Com ac, rce abindicados na Figura 2.12.

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    b) Para ligaes aparafusadas com placa de extremidade:

    pfcpfbwcceff sstatb ++++= )(522,,

    s = rc para perfis laminados H ou I.

    sp o comprimento obtido pela disperso em 45 da tenso de compresso atravs

    da placa de extremidade com o mnimo de tpe, desde que o comprimento da placa de

    extremidade sobre o banzo seja suficiente, com o mximo 2tp.

    Factor de reduo devido possibilidade de encurvadura da placa com os valores:

    - se 72,0_

    p = 1,0

    - se 72,0_

    >p 2__

    /)2,0( pp =

    Onde p

    a esbelteza da placa dada pela equao:

    2

    ,,,_

    932,0 wc

    wcywcwcceff

    p tE

    fdb

    =

    Sendo:- Perfis I ou H em ligao aparafusada )(2 cfccwc rthd +=

    - Perfis I ou H em ligao soldada )2(2 athd fccwc +=

    kwc Factor de reduo para prevenir que tenso de compresso longitudinal mxima

    na alma c,Ed, devido ao esforo axial ou momento flector no pilar, exceda 0,7.fy,wc

    afectando a resistncia de clculo da alma do pilar compresso. Assume os

    seguintes valores:

    - Se 0,1:.7,0 ,, = wcwcyEdc kf

    - Sewcy

    Edc

    wcwcyEdcf

    kf,

    ,,, 7,1:.7,0

    =>

    Geralmente o factor de reduo kwc 1,00 e no necessrio redues. Pode ser

    omitido em clculos preliminares quando a traco longitudinal desconhecida.

    Quadro 2.3: Factor de reduo por interaco com o corte, (Tab.6.3) [3].

    Parmetro de transformao, Factor de reduo, 5,00 1= 15,0

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    Perfil longitudinal do pilar Perfil transversal

    Figura 2.12: Propriedades geomtricas da componente painel da alma do pilar

    compresso, no reforada, (adapt.Fig.6.6) [3].

    2.4.3 Componente 3 Alma do Pilar em Traco Transversal.

    O mtodo de dimensionamento desta componente, baseia-se no 6.2.6.3 [3] e considera a

    zona traccionada do painel da alma do pilar onde aplicada uma fora concentrada devido ao

    banzo traccionado da viga. A distribuio de tenses locais semelhante ao caso da

    componente anterior e a resistncia da alma do pilar, no reforada, submetida traco pode

    ser calculada atravs da seguinte equao:

    0

    ,,,,,

    M

    wcywcwcteff

    Rdwct

    ftbF

    =

    sendo:

    Factor de reduo que permite a interaco com o painel da alma do pilar ao

    corte obtido atravs do Quadro 2.3.

    beff,t,wc Largura efectiva da alma do pilar traco igual ao comprimento efectivo do

    T-stub equivalente ao banzo do pilar, substituindo-se beff,c,wcpor beff,t,wc. Obtm-

    se atravs da expresso:

    ( )statb fcbfbwcteff ++= 5.22.,,

    sendo:

    - Para perfis aparafusados de pilar I ou H s = rc

    - Para perfis soldados de pilar I ou H cas 2=

    abindicado na Figura 2.12;

    ac e rcindicados na Figura 2.13.

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    Figura 2.13: Definio de parmetros geomtricos: e, emin, rce m, (adapt.Fig.6.8) [3].

    Em ligaes aparafusadas, a largura efectiva, beff,t,wc, da alma do pilar traco pode ser o

    comprimento efectivo de T-Stub equivalente ao banzo do pilar e serve para determinar o

    factor de reduo, , atravs do Quadro 2.3 onde ser estabelecido de acordo com o tipo de

    ligao (soldada ou aparafusada).

    Para aumentar a resistncia de clculo traco da alma do pilar podem ser usados

    rigidificadores ou placas de alma suplementares, rigidificadores transversais e/ou arranjos

    apropriados de rigidificadores em diagonal. Se a alma do pilar for reforada pela juno de

    placas de alma suplementares, a resistncia de clculo traco depende da espessura da

    garganta do cordo de soldadura ligando a placa de alma suplementar. A espessura efectiva

    da alma, tw,eff,deve ser obtida tal como se segue:

    - Quando o comprimento de soldadura de penetrao total com a espessura de gargantasta tem-se para:

    Painel de alma suplementar: wceff,w t5,1t =

    Painis de alma suplementares em ambos lados: wceff,w t0,2t =

    - Quando a soldadura longitudinal constituda por cordes com a espessura de garganta2sta , para uma ou mais placas suplementares, tem-se para:

    Aos S235, S275 ou S355: wceff,w t4,1t =

    Aos S420 ou S460: wceff,w t3,1t =

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    No clculo do factor de reduo, ,a rea de corte,Avc, da alma do pilar reforada s deve ser

    aumentada para a extenso permitida quando se determina a resistncia de clculo ao corte,

    i.e. quando a alma do pilar reforada pela incluso de uma placa de alma suplementar

    (Figura 2.10), a rea de corte,Avc, deve ser incrementada deAvc bs twc..

    2.4.4 Componente 4 Banzo do Pilar em Flexo Transversal.

    A avaliao do comportamento desta componente regida pelas regras do 6.2.6.4 [3], o qual

    prope a sua realizao atravs de um T-Stub equivalente em traco aparafusado ( 6.2.4), e

    de acordo com o item 2.3.4 (T-stub equivalente em traco) sendo a resistncia de clculo o

    menor dos valores obtidos no Quadro 2.2 em funo dos trs modos de rotura (1, 2 e 3) e nas

    seguintes situaes:

    a) Banzo do pilar no reforado, ligao aparafusada. A resistncia de clculo e o modo

    de rotura do banzo de pilar no reforado ao momento transverso, incluindo os parafusos

    associados traco, devem ser consideradas semelhantes de um banzo de um T-Stub

    equivalente estando os parafusos dispostos em linha ou em grupo de linhas de parafusos (

    6.2.4).

    As expresses para clculo do comprimento efectivo, contidas no Quadro 2.4, consideram asdiferentes posies de formao das rtulas plsticas. Se o colapso for caracterizado pelo

    Modo 1, o comprimento efectivo dado pelo valor mnimo entre os valores obtidos para os

    modos circular e no-circular. Em caso de ser caracterizado pelo Modo 2, o comprimento

    efectivo corresponde ao modo no-circular. Se a ligao contiver mais que uma linha de

    parafusos em traco pode acontecer as trs situaes de avaliao, Figura 2.14: (i) Na

    primeira situao, as linhas de rotura desenvolvem-se separadamente para cada linha de

    parafusos; (ii) Na segunda, apenas algumas linhas de parafusos constituem um grupo; (iii) E

    no terceiro, o grupo de parafusos formado por todas as linhas de parafusos em traco. Para

    cada linha de parafusos considera-se a sua contribuio individual e/ou em grupo.

    Figura 2.14: Padres de rotura para grupos de linhas de parafusos, [5].

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    Quadro 2.4: Comprimentos efectivos para banzos de pilares no reforados, (Tab.6.4) [3].

    Linha de parafusos individual Grupo de linha de parafusos

    Padro

    circular

    Padro

    no-circular

    Padro

    circular

    Padro

    no-circular

    Localizao

    da linha deparafusos

    leff,cp leff,nc leff,cp leff,nc

    Linha inicial m2 em 25,14 + 2p p

    O menor de: O menor de: O menor de: O menor de:m2 em 25,14 + pm + pem 5,0625,02 ++ Linha final

    12em + 1625,02 eem ++ pe +12 pe 5,01+

    Modo 1: nceffeff ll ,1, = mas cpeffeff ll ,1, = nceffeff ll ,1, mas cpefeff ll ,1,

    Modo 2: nceffeff ll ,2, = = nceffeff ll ,2,

    b) Banzo do pilar reforado, ligao aparafusada com placa de extremidade. Podem ser

    usados rigidificadores transversais e/ou arranjos apropriados de rigidificadores em diagonal

    para aumentar a resistncia de clculo do banzo do pilar ao momento. A resistncia de clculo

    e o modo de rotura do banzo do pilar reforado ao momento transverso, incluindo parafusos

    associados traco, devem ser considerados semelhantes de um banzo de um T-Stub

    equivalente estando os parafusos dispostos em linhas individuais ou grupo de linhas de

    parafusos ( 6.2.4). Os grupos de linhas de parafusos do lado oposto dos rigidificadoresdevem ser modelados como um banzo de T-Stub equivalente separado, ver a Figura 2.15. A

    resistncia de clculo e o modo de rotura devem ser determinados separadamente para cada T-

    Stub equivalente.

    Figura 2.15: Modelao do banzo de um pilar rgido como um T-Stub separado, [3].

    As dimenses de emine mso determinadas a partir da Figura 2.13 e o comprimento efectivo

    do banzo do T-Stub equivalente, leff, determinado de acordo com o Quadro 2.5 sendo o valorde obtido na Figura 2.18.

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    Quadro 2.5: Comprimentos efectivos para o banzo de um pilar reforado, (Tab.6.5) [3].

    Linha de parafusos individual Grupo de linha de parafusos

    Padro

    circular

    Padro

    no-circular

    Padro

    circular

    Padro

    no-circular

    Localizao

    da linha deparafusos

    leff,cp leff,nc leff,cp leff,nc

    Adjacente ao

    rigidific. (4)m2 m pm + ( )emmp 625,025,0 ++

    Linha inicial

    (3)m2 em 25,14 + 2p p

    Menor de: Menor de: Menor de: Menor de:m2 em 25,14 + pm + pem 5,0625,02 ++

    Linha final

    (2) 12em + 1625,02 eem ++ pe +12 pe 5,01+ Menor de:

    m2Linha final

    adjacente ao

    rigidific. (1) 12em +

    ( )emme 625,021 ++ No relevante

    Modo 1: nceffeff ll ,1, = mas cpeffeff ll ,1, = nceffeff ll ,1, mas cpefeff ll ,1, Modo 2: nceffeff ll ,2, = = nceffeff ll ,2,

    c) Banzo do pilar no reforado, ligao soldada. A resistncia de clculo, Ffc,Rd, do banzo

    de um pilar no reforado ao momento, devida traco ou compresso do banzo da viga em

    ligao soldada obtida usando:

    0

    ,,,,

    ..

    M

    fbyfbfcbeff

    Rdfc

    ftbF

    =

    Onde beff,b,fc a largura efectiva do cordo de soldadura do banzo da viga ao banzo do pilar

    igual a beffdefinido no 4.10, [3]. obtida atravs do seguinte procedimento:

    1) Para as seces I ou H no reforadas a largura efectiva dada por:

    fweff tkstb 72 ++=

    onde:

    py

    fy

    p

    f

    f

    f

    t

    tk

    ,

    ,= mas k1

    fy,f Coeficiente resistente do banzo da seco I ou Hfy,p Coeficiente resistente da placa soldada seco I ou H.

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    A dimenso sdeve ser obtida de:

    Para perfil I ou H de ligao aparafusada: rs=

    Para perfil I ou H de ligao soldada: as 2=

    2) Para um banzo no reforado de uma seco I ou H, deve ser satisfeito o seguinte critrio:

    ppupyeff bffb ,, /

    onde:

    fu,p a resistncia ltima da placa soldada seco I ou H.

    bp a largura da placa soldada seco I ou H.

    No caso de ser satisfeita a condio deve-se optar por uma ligao reforada.

    3) Mesmo que se verifique a condio beff bpas soldaduras que ligam a placa ao banzo

    devem ser concebidas para transmitir a resistncia de clculo da placa bptpfy,p /M0

    assumindo a distribuio de tenso uniforme, Figura 2.16.

    Figura 2.16: Largura efectiva de uma ligao T no reforada, (adapt.Fig.4.8) [3].

    2.4.5 Componente 5 Placa de Extremidade em Flexo.

    A resistncia de clculo e o modo de rotura de uma placa de extremidade flexo ( 6.2.6.5)

    [3], associada a parafusos traccionados, devem ser calculadas, de forma semelhante

    componente anterior, separadamente, atravs da formulao de T-Stubs aparafusados

    equivalentes abrangendo todas as disposies de parafusos:

    - Em linhas individuais ou grupo de linhas de parafusos ( 6.2.4);

    - Do lado oposto de cada rigidificador ligado placa de extremidade;

    - A linha de parafusos na parte saliente das placas de extremidade estendidas, observandoas definies geomtricas apresentadas na Figura 2.17.

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    A dimenso eminpara a parte da placa de extremidade localizada entre os banzos da viga deve

    ser obtida da Figura 2.13 e para a extenso da placa da extremidade emindeve ser considerada

    igual a ex, ver a Figura 2.17. O comprimento efectivo do banzo dos T-Stub equivalentes, leff,deve ser determinado usando os valores de cada linha de parafusos do Quadro 2.6. Os valores

    de me mxpara usar no Quadro 2.6 devem ser obtidos da Figura 2.17.

    Figura 2.17: Modelao de uma placa de topo estendida para T-Stubs separados,

    (adapt.Fig.6.10) [3].

    Quadro 2.6: Comprimentos efectivos de uma placa de extremidade, (Tab.6.6) [3].

    Linha de parafusos individual Grupo de linha de parafusosPadro

    circular

    Padro

    no-circular

    Padro

    circular

    Padro

    no-circular

    Localizaoda linha deparafusos

    leff,cp leff,nc leff,cp leff,nc

    Menor de: Menor de:

    xm2 xx em 25,14 +

    wmx+ xx eme 625,02 ++

    emx 2+ pb5,0

    Acima do

    banzo da

    viga

    xx emw 625,025,0 ++

    ____ _____________

    m2 m pm + ( )emmp 625,025,0 ++

    m2 em 25,14 + 2p p

    Abaixo do

    banzo da

    viga m2 em 25,14 + pm + pem 5,0625,02 ++

    Modo 1: nceffeff ll ,1, = mas cpeffeff ll ,1, = nceffeff ll ,1, mas cpefeff ll ,1, Modo 2: nceffeff ll ,2, = = nceffeff ll ,2, obtido da Figura 26 baseado nos coeficientes1e 2obtidos atravs das equaes:

    em

    m

    +=

    1

    11 e

    em

    m

    +=

    1

    22

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    Figura 2.18: Valores de para placas de extremidade e banzos de pilar reforados,

    (adapt.Fig.6.11) [3].

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    2.4.6 Componente 7 Banzo e Alma da Viga em Compresso.

    Esta componente actua como uma limitao da resistncia da ligao viga-coluna no

    podendo ser maior que a resistncia do projecto da viga. A sua avaliao realizada de acordocom o 6.2.6.7 [3] onde se define que a resultante da resistncia de clculo a compresso do

    banzo e da zona de compresso adjacente da alma da viga, pode ser calculada como actuando

    ao nvel do eixo de compresso (ver 6.2.7). A resistncia de clculo compresso da aco

    combinada entre o banzo e a alma da viga dada pela seguinte expresso:

    fb

    Rdc

    Rdfbcth

    MF

    =

    ,,,

    Com o momento de clculo resistente da seco transversal da viga, Mc,Rd, reduzida ao

    necessrio para permitir o corte, obtido atravs de [EN 1993-1-1]:

    0,

    .

    M

    ypl

    Rdc

    fWM

    =

    sendo:

    h Altura da viga;

    tfb Espessura do banzo da viga;

    Wpl Mdulo plstico da seco;fy Tenso de cedncia;

    M0 Coeficiente de resistncia.

    2.4.7 Componente 8 Alma da Viga em Traco.

    A resistncia de clculo da alma da viga traco determinada com base nas consideraes

    feitas para a componente alma do pilar traco e ao nvel da linha abaixo do banzo e deacordo com o 6.2.6.8 [3]. Considerando as propriedades geomtricas e mecnicas da viga a

    resistncia traco dada por:

    0

    ,,,,,

    ..

    M

    wbywbwbteff

    Rdwbt

    ftbF

    =

    sendo:

    beff,t,wb A largura efectiva da alma da viga traco o comprimento efectivo do T-

    Stub equivalente placa de extremidade flexo, obtido do 6.2.6.5 paralinhas de parafusos ou grupo de linhas de parafusos.

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    twb Espessura da alma da viga;

    fy,wb Tenso limite de cedncia da alma da viga.

    2.4.8 Componente 10 Parafusos em Traco.

    A resistncia de clculo de parafusos solicitados ao corte e/ou traco determinada de

    acordo com a componente qual esto ligados devendo o dimensionamento ser efectuado

    para cada caso, 3.6.1 [3]: (i) Banzo do pilar; (ii) Placa de extremidade; (iii) Abas de

    cantoneiras aparafusadas.

    A resistncia de clculo obtida atravs da Tabela 3.4 do EC3: 1-8, da qual se extrai a

    expresso base relativa traco.

    2

    2,

    M

    SubRdt

    AfkF

    =

    sendo:

    k2 = 0,63 aplicado em parafusos com rosca mtrica ( 2.8).

    k2 = 0,90 em situaes normais.

    fub Tenso resistente ltima do parafuso;

    AS rea da seco do parafuso;M2 Coeficiente de resistncia tomado igual a 1,25.

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    2.5 RESISTNCIA DA LIGAO FLEXO.

    A resistncia da ligao flexo definida pelo seu momento resistente de clculo, Mj,Rd, e

    de acordo com as condies a seguir definidas ( 6.2.7) [3].

    2.5.1 Generalidades.

    O mtodo de clculo do momento flector resistente, Mj,Rd, da ligao viga-pilar, consiste no

    seguinte:

    - O momento de clculo aplicado funciona do lado da segurana se satisfizer a condio:

    0,1,

    ,

    Rdj

    Edj

    M

    M

    - O mtodo de clculo do momento resistente da ligao, Mj,Rd, no deve considerar a

    coexistncia de foras axiais, NEd, no membro conectado, nem deve ser usado se a fora

    axial no membro conectado exceder 5% da resistncia de clculo plstica, Npl,Rd, da sua

    seco transversal, i.e. se no verificar a condioNEd5% Npl,Rd..

    - Se a fora