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PRÉ-VESTIBULAR LIVRO DO PROFESSOR LITERATURA Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br

LITERATURA - gopem.com.br · Há muitas maneiras de se montar um texto ... O poema “Cota Zero”, de autoria de Carlos Drummond de Andrade, expressa bem essa relação metafórica

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PRÉ-VESTIBULARLIVRO DO PROFESSOR

LITERATURA

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© 2006-2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

Produção Projeto e Desenvolvimento Pedagógico

Disciplinas Autores

Língua Portuguesa Francis Madeira da S. Sales Márcio F. Santiago Calixto Rita de Fátima BezerraLiteratura Fábio D’Ávila Danton Pedro dos SantosMatemática Feres Fares Haroldo Costa Silva Filho Jayme Andrade Neto Renato Caldas Madeira Rodrigo Piracicaba CostaFísica Cleber Ribeiro Marco Antonio Noronha Vitor M. SaquetteQuímica Edson Costa P. da Cruz Fernanda BarbosaBiologia Fernando Pimentel Hélio Apostolo Rogério FernandesHistória Jefferson dos Santos da Silva Marcelo Piccinini Rafael F. de Menezes Rogério de Sousa Gonçalves Vanessa SilvaGeografia DuarteA.R.Vieira Enilson F. Venâncio Felipe Silveira de Souza Fernando Mousquer

I229 IESDE Brasil S.A. / Pré-vestibular / IESDE Brasil S.A. — Curitiba : IESDE Brasil S.A., 2008. [Livro do Professor]

360 p.

ISBN: 978-85-387-0573-4

1. Pré-vestibular. 2. Educação. 3. Estudo e Ensino. I. Título.

CDD 370.71

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Figuras de linguagem

Metáfora e metomíniaO dicionário Aurélio afirma que “metáfora é o

tropo em que a significação natural duma palavra é substituída por outra com que tem relação de seme-lhança”. Metafórico é o texto que assume um diálo-go entre o que está sendo expresso e o significado velado que se quer representar.

Com um conjunto de metáforas, cria-se uma linguagem simbólica, carregada de ícones prontos para serem desvelados pelos olhos mais atentos dos leitores. Decifrar metáforas é um exercício de descobertas e, como tal, merece total atenção por parte de quem o conduz.

Numa relação bastante própria àquela que conduz o jogo metafórico, surge a “metonímia” que, como o mesmo dicionário afirma, “é o tropo que con-siste em designar um objeto por palavra designativa doutro objeto que tem com o primeiro uma relação de causa e efeito (‘trabalho’ por ‘bebida’), parte pelo todo (‘asa’ por ‘avião’)”.

Uma abordagem metonímica, portanto, não dei-xa de ser metafórica. Existe uma relação comparativa entre o símbolo e seu significado. O importante, na verdade, é perceber como e porque acontecem as imagens apresentadas.

A linguagem poética é, realmente, carregada de significados. Nem sempre a referência que se tem da realidade é facilmente percebida. Quando isso acontece, é preciso que o leitor tenha disposição a realizar as mais inusitadas leituras.

A literatura está repleta de expressões com senti-do figurado. E não estamos falando apenas dos textos literários tradicionais. Poesias, narrativa, canções, tudo, enfim, pode apresentar seu quê de simbolismo e imagens repletas de códigos. Acima de tudo, há a

preocupação com a mensagem. É ela que nos deve conduzir rumo a uma interpretação segura.

Assim, vamos a tal construção de imagens. Vamos observar o que realmente acontece por trás dos textos, por trás da leitura do que é subliminar em cada enunciado. Literatura também é exercício, também é prática e conhecimento da linguagem construída.

Criar o texto figurado é um dom mágico e, mui-tas vezes, leva-nos à beira da loucura. É lógico que a própria palavra “loucura”, aqui, está sendo usada de forma figurada. É um desassossego sadio, que nos permite construir nossos próprios enunciados, visto que, na maioria das vezes, os significados extrapolam a própria realidade das mensagens apresentadas. A palavra é, então, essencial na decodificação das imagens. Como nos diz Drummond:

A palavra

“Já não quero dicionários

consultados em vão.

Quero só a palavra

que nunca estará neles

nem se pode inventar.”

Buscar incessantemente a palavra que não existe – mas pode vir a existir, quando for desco-berta. Mas quando? Será descoberta? Quando irá representar o sentido que a ela deverá ser atribuído? Para tentarmos responder a tais indagações, citamos as palavras do crítico Edward Lopes:

“Num mundo como o de hoje, de raciocínios algébricos, e onde os valores supremos são a máquina e a automação; e onde o pensamento ameaça converter-se em atividade cibernética de robô, é preciso saudar tudo aquilo que contribua para destruir as unidades ideológicas, para manter o homem, no espaço dos saberes problemáticos, da dialética, da argumentação e do debate, da intuição e do sentimento, das probabilidades e

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das crenças, da ficção, do mito e do sonho; esse é o mundo humano; e esse ainda é – felizmente – o mundo das figuras, um mundo metafórico”.

(LOPES, Edward. Metáfora – da retórica à semiótica. 2. ed.

São Paulo: Atual, 1987.)

do). Como resultado dessa percepção, “cota zero”, ou seja, aquilo que o ser humano receberia da vida se se deixasse levar pela dominação estrangeira.

Concluindo, podemos dizer que a metáfora e a metonímia são as duas principais figuras de lingua-gem presentes em um enunciado literário. Como definição, repetimos, então, as palavras do mestre Mattoso Câmara Jr., que tão bem as conceituou!

“Metáfora é a figura de linguagem que con-siste na transferência de um termo para âmbito de significação que não é o seu e fundamenta-se numa relação toda subjetiva, criada no trabalho mental de apreensão.”

Já Metonímia consiste na “ampliação do âm-bito de significação de uma palavra ou expressão, partindo de uma relação objetiva entre a signifi-cação própria e a figurada. Com esta definição, a metonímia abrange a sinédoque”.

(CÂMARA JUNIOR, Joaquim Matoso. Dicionário de Linguística

e Gramática. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 1986.)

O jogo figurado construído pela palavra, pelo pensamento, pela construção e pelo som

Se pudéssemos repetir as palavras dos poe-tas, diríamos, parafraseando Manuel Bandeira, que “nosso texto é sangue”. Assim o mago de Pasárga-da se expressava a respeito de seu verso. Visceral. Orgânica. Assim foi, na verdade, toda sua poe sia. Exprimindo-se por meio de imagens inusitadas, Ban-deira conseguia percorrer distâncias inimagináveis para seu corpo frágil e doente.

As figuras de linguagem são, portanto, recursos de que os escritores dispõem para criar seus textos mágicos, fantásticos, originais. Talvez a palavra seja mesmo essa – originalidade. Quanto mais um escritor utiliza o sentido figurado, mais distante de tudo o que já foi feito ele se torna. Tal conceito atende, assim, uma das características fundamentais da obra-de- -arte: o fato de ela ser única e irreprodutível.

Há muitas maneiras de se montar um texto – e não podemos nos esquecer de que todo texto se baseia em três elementos: forma, linguagem e

Edward Lopes opõe à automação pós-moderna a criação de imagens que contribuam para que, na verdade, o homem seja, simplesmente, homem, e não um simulado de máquina, um robô, com todas as artificialidades a que toda máquina tem direito.

É fácil perceber que, nas histórias mais atuais que têm alguma preocupação com o valor das rela-ções humanas, o processo de robotização pelo qual o homem tem passado tem sido muito combatido.

O cinema, por exemplo, é um fã incondicional desse questionamento. Filmes como Blade Runner, ET – O Extraterrestre e AI – Inteligência Artificial são alguns dos títulos que trabalham justamente o oposto daquilo que se tem presenciado na maioria dos casos. Assim, se a regra tem sido a mecanização (como se vê desde o Fordismo, em especial), nos títulos sugeridos, percebe-se o contrário: a humanização da máquina (ou do alienígena, símbolo de futuro, como qualquer obra de ficção-científica, em ET). A conclusão a que se pode chegar é a de que estas obras trabalham com imagens metafóricas e/ou metonímicas.

A metonímia aparece quando estamos simbo-lizando coisas maiores (tecnologia, experimentos, futuro) ou é metáfora que passa, então, a simbolizar uma realidade que se quer modificar. A respeito dessa mesma temática podemos citar uma obra de extensão mínima, mas de valor inestimável para a literatura brasileira:

Cota Zero

Stop! A vida parou

Ou foi o automóvel?

O poema “Cota Zero”, de autoria de Carlos Drummond de Andrade, expressa bem essa relação metafórica. Há toda uma subjetividade indicada na transferência do termo “vida” ao termo “automó-vel”. Por outro lado, “vida” está metonimicamente associada a “homem” e “automóvel”, a “máquina”. Como consequência de toda essa situação, conclu-ímos que o eu lírico faz uma crítica ao processo de mecanização pelo qual o ser humano vem passando no decorrer dos tempos.

O termo stop, por outro lado, exprimiria uma metonímia da própria língua inglesa, representando, assim, mais uma crítica, desta vez à influência da cultura anglicana no nosso país (ou no próprio mun-

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tema. Assim, são várias, também, as maneiras de se construírem imagens originais em um determinado enunciado. Os escritores possuem, então, a seu dis-por, as chamadas figuras de linguagem, utilizado não apenas a sintaxe, mas principalmente a semântica na construção de seus textos.

“De repente, não mais que de repente

fez-se de triste o que se fez amante

e de sozinho o que se fez contente

fez-se do amigo próximo o distante

fez-se da vida uma aventura errante

de repente, não mais que de repente.”

(Vinícius de Moraes)

Os versos finais do “Soneto de separação” do poetinha Vinícius dão-nos uma ideia clara do poder expressivo de um texto artisticamente elaborado, ou seja, dotado de originalidade e unicidade. Nele, o eu lírico repete a expressão “de repente”, reforçando a ideia de que a separação foi um fato inesperado e que o marcou profundamente. No poema, portanto, a repetição não é viciosa, mas sim expressiva, e cabe ao leitor diferenciar um recurso literário de um vício de linguagem, para que não se confunda em suas interpretações.

Decifrar o sentido figurado presente nas entre-linhas dos textos é um exercício admirável. Faz-nos sentir mais íntimos dos poetas, participantes de suas mensagens, muitas vezes co-autores de poe-mas, contos, romances. Quanto mais se lê, mais se aprende a perceber o que está oculto nas mensagens subliminares desses artistas maravilhosos.

São inúmeras as figuras de linguagem que estão à disposição dos escritores para construírem textos e enunciados que fujam à normalidade. Às vezes, as imagens tornam-se tão inusitadas, que podem beirar o ridículo para alguns leitores mais desavisados, mas é importante que se diga que, num texto literário, nada é gratuito, e que toda e qualquer figura que se apresenta possui, sim, seu significado.

“O meu olhar é nítido como um girassol”

“A primeira vez que vi Teresa,

Achei que ela tinha pernas estúpidas...

Achei também que a cara parecia uma perna

(...)”

(Manuel Bandeira)

(Fernando Pessoa)

“Do relâmpago a cabeleira ruiva

vem açoitar o rosto meu”

(Alphonsus de Guimaraens)

Nos trechos citados, as figuras se sobrepõem criando imagens incomuns. O “olhar” como “giras-sol”, a “cabeleira ruiva do relâmpago” e a “cara” que parece “perna” trazem à tona significados que, se não são originais, pelo menos se aproximam de uma realidade possível. A decodificação das mensa-gens é feita, então, por meio da análise dos ícones apresentados:

girassol: flor que gira de acordo com a luz •do sol;

cabeleira ruiva: imagem que diz respeito •ao tom ígneo do relâmpago;

açoite: imagem que diz respeito à seme- •lhança da rapidez do relâmpago com o golpe de um chicote sobre o corpo;

pernas/cara: cria-se uma imagem que dei- •xa claro o fato de Teresa também ter uma cara estúpida.

Bem elucidativo sobre o assunto, apresenta-se o texto do professor Francis Vanoye em seu livro Usos da Linguagem. Problemas e técnicas de expressão oral e escrita. Nele, o autor discorre sobre as múlti-plas possibilidades de se usar a linguagem, criando uma verdadeira teoria sobre as diferentes formas de articular o texto.

Os poetas enfraquecem a sintaxe, fazendo-a ajustar-se às exigências do verso e da expressão po-ética. Sem se permitir verdadeiras incorreções gra-maticais, eles se permitem “licenças poéticas”.

Além disso, eles trabalham o sentido das pa-lavras em direções contrárias:

seja dando a certos termos uma extensão ou •uma indeterminação inusitadas;

seja utilizando sentidos raros, em desuso ou •novos;

seja criando novas palavras. •

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Tais liberdades aparecem mais particular-mente na utilização de imagens. (...) A linguagem corrente faz espontaneamente apelo a compara-ções “razoáveis” (pertinentes) do tipo “a Terra é redonda como uma laranja” (a redondeza é efeti-vamente uma qualidade comum à Terra e a uma laranja), ao passo que a linguagem poética fabrica comparações inusitadas, tais como: “Belo como a coisa nova / na prateleira até então vazia” (João Cabral de Melo Neto). Ou, então, estranhas como: “A Terra é azul como uma laranja” (Paul Éluard).

(VANOYE, Francis. Usos da Linguagem. Problemas e técnicas

de expressão oral e escrita. São Paulo: Martins Fontes, 1979.)

Figuras de construção ou sintaxe

ElipseOmissão de um termo da oração que pode ser

identificado por marcas gramaticais presentes na frase ou pelo contexto.

Exemplo: `

“Levo uma pena leve

de não ter sido bom.”

(Thiago de Mello)

No texto de Thiago de Mello, ocorre a elipse do pronome “eu”, identificado pela desinência verbal.

ZeugmaTambém é a omissão de um termo da oração,

mas, nesse caso, ele foi mencionado anteriormente.

Exemplo: `

“Levo uma pena leve

de não ter sido bom.

E no coração, neve.”

(Thiago de Mello)

No verso “E no coração, neve”, ocorre a zeugma do verbo (palavra) “levo”, mencionado no primeiro verso.

Silepse

de gênero

Ocorre quando a concordância é feita com o gênero da pessoa à qual um pronome se refere, por exemplo.

Exemplo: `

“Sua Majestade já estava morto quando os médicos chegaram ao palácio.”

A concordância foi feita com o gênero mascu-lino da pessoa em questão e não com o feminino do pronome de tratamento.

de número

Exemplo `

“A multidão ficou ansiosa com o barulho e saíram cor-rendo para fora do recinto.”

A concordância foi feita com a condição plural da palavra “multidão”.

de pessoa

Exemplo: `

Os brasileiros somos pessoas dedicadas, honestas e trabalhadoras.

A concordância foi feita pelo fato de o falante se incluir no enunciado como brasileiro.

Polissíndeto/assíndetoO polissíndeto caracteriza-se pela repetição de

conjunções (síndetos), ao passo que o assíndeto é justamente o contrário (ausência de síndetos).

Exemplo: `

“E o olhar estaria ansioso esperando

e a cabeça ao sabor da mágoa balançando

e o coração fugindo e o coração voltando

e os minutos passando e os minutos passando...”

(Vinícius de Moraes)

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“e vamos embora ladeira abaixo

acho que a chuva ajuda a gente a se ver

venha

deixa

beija

seja o que deus quiser”.

(Caetano Veloso)

Iteração ou repetiçãoRepetição de qualquer palavra (não apenas um

síndeto), em qualquer posição do texto.

Exemplo: `

Cidadezinha qualquer

Casas entre bananeiras

Mulheres entre laranjeiras

Pomar amor cantar.

Um homem vai devagar.

Um cachorro vai devagar.

Um burro vai devagar.

Devagar... as janelas olham.

Êta vida besta, meu Deus.

(Carlos Drummond de Andrade)

AnáforaTambém é a repetição de uma ou mais palavras

no texto, com a particularidade de que elas têm que vir no início de vários versos. Vale a pena lembrar que a anáfora também é um recurso que pode ser utilizado na prosa.

Exemplo: `

“Quem há de plantar as sementes que

hão de florir os campos? Quem há de nos

trazer as boas novas de sonhos e esperança?

Quem há de ser luz em

Um campo de trevas?”

Mas de tudo, terrível, fica um pouco,

E sob as ondas ritmadas

E sob as nuvens e os ventos

E sob as pontes e sob os túneis

E sob as labaredas e sob o sarcasmo

E sob a gosma e sob o vômito

E sob o soluço, o cárcere, o esquecido

(...)”

(Carlos Drummond de Andrade)

AnacolutoO anacoluto serve para ressaltar um determi-

nado termo ou partícula, que passa a ser visto como tópico do enunciado. Ele é marcado por uma quebra da estrutura sintática da frase.

Exemplo: `

“Eu, que era branca e linda, eis-me

medonha e escura.”

(Manuel Bandeira)

(eu, retomado em “-me”)

HipérbatoConsiste na inversão da ordem direta dos ter-

mos da oração ou enunciado.

Exemplo: `

“Longe do estéril turbilhão da rua,

Beneditino, escreve.”

(Olavo Bilac)

(ordem direta: Beneditino escreve longe do es-téril turbilhão da rua)

Figuras de som

AliteraçãoÉ a repetição de fonemas e serve para sugerir

um som ou efeito sonoro.

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Exemplo: `

“Ó velho vento saudoso,

Velho vento compassivo,

Ó ser vulcânico e vivo,

Taciturno e Tormentoso”

(Cruz e Souza)

Repetição do fonema / v / reflete o som do vento, objetivo do poeta.

AssonânciaÉ a presença marcante de vogais num verso de

um poe ma ou numa frase de um texto em prosa.

Exemplo: `

“Amar é um elo

entre o azul

e o amarelo”

(Paulo Leminski)

OnomatopeiaÉ a imitação de sons por meio de uma palavra

escrita, criada com o intuito exato de representar o som em questão.

Exemplo: `

“O tic-tic, o toc-toc, ou o puc-puc da máquina me picota a cuca.”

(Mário Quintana)

Figuras de pensamento

AntíteseA antítese exprime a oposição entre duas ou

mais palavras ou ideias. Serve como realce de uma ideia ao aproximar palavras ou frases de sentidos opostos, geralmente de forma sucessiva.

Exemplo: `

“Morre! Tu viverás nas estradas que abriste!”

(Olavo Bilac)

Paradoxo (Oxímoro)Ao contrário da imagem sucessiva da antítese,

que aproxima as imagens opostas, o paradoxo as mantém em posição de confronto. A questão inusi-tada advém do fato de um enunciado paradoxal en-cerrar conceitos que parecem contrários, na verdade, ao que é comum, como em Camões:

Exemplo: `

“Amor é fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer.”

(Luís de Camões)

HipérboleExagero de uma expressão usado para dar mais

realce a uma ideia.

Exemplo: `

“Pessoas até muito mais vão lhe amar

Até muito mais difíceis que eu pra você.

Que eu, que dois, que dez, que dez milhões,

Todos iguais”

(Gilberto Gil)

IroniaOcorre quando se diz o contrário do que se

está querendo dizer. Um enunciado irônico é, muitas vezes, usado no intuito de satirizar ou mesmo ridicu-larizar um determinado comportamento.

Exemplo: `

Poeminha à glória televisiva

Não me contem!

Ele era tão famoso

Antes de ontem!

(Millôr Fernandes)

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GradaçãoÉ a disposição de ideias em ordem crescente

(clímax) ou decrescente (anticlímax) em um enun-ciado.

Exemplo: `

“E a se desmanchar

E foram virando peixes

Virando conchas

Virando seixos

Virando areia

Prateada areia

Com lua cheia

E à beira-mar”

(Chico Buarque de Holanda)

ProsopopeiaÉ a personificação de seres inanimados, muito

comum em histórias infantis.

Exemplo: `

“Provisoriamente não cantaremos o amor,

que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.

Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,”

(Carlos Drummond de Andrade)

EufemismoFigura que serve para atenuar o peso de uma

determinada expressão.

Exemplo: `

“Oi, poeta!

Do lado de lá, na moita, hem? Fazendo seus novent’anos...”

(Carlos Drummond de Andrade)

Aqui Drummond refere-se ao aniversário do poeta Manuel Bandeira que morreu aos 82 anos.

Figuras de palavrasAlém da metáfora e da metomínia (já comen-

tadas) citamos:

CatacreseA catacrese foi criada com o mesmo propósito

da metáfora. A diferença é que, de tanto ser usada, acabou perdendo a originalidade contida num enun-ciado metafórico.

Exemplo: `

“Vamos embarcar no trem do destino.”

(embarcar no trem)

SinestesiaMuito usada em textos literários, tanto na

poesia quanto na prosa, em especial em poemas simbolistas, a sinestesia consiste na construção de comparações acarretadas pela mistura dos sentidos humanos.

Exemplo: `

“E as borboletas sem voz

dançavam assim veludosamente”

(Cecília Meireles)

PerífraseOcorre quando nos referimos a algum lugar, por

exemplo, por meio de uma qualidade ou título que a ele se refere. Quando o mesmo ocorre com pessoas, damos à figura o nome de “antonomásia”.

Exemplo: `

“Paris, a Cidade-Luz”.

“Castro Alves, o Poeta dos Escravos.”

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(Elite) Leia o texto abaixo e responda à questão que 1. segue:

Texto:

“Ardente paciência”— É que fiquei pensando...

Neruda apertou os dedos no cotovelo do carteiro e o foi conduzindo até o poste onde havia estacionado a bicicleta.

— E você fica sentado para pensar? Se quer ser poeta, começa por pensar caminhando. Ou você é como John Wayne, que não podia caminhar e mascar chicletes ao mesmo tempo? Agora vai para a enseada pela praia e, enquanto você observa o movimento do mar, pode ir inventando metáforas.

— Me dê um exemplo!...

— Olha este poema: “Aqui na Ilha, o mar, e quanto mar. Sai de si mesmo a cada momento. Diz que sim, que não. Diz que sim, em azul, em espuma, em galope. Diz que não, que não. Não pode sossegar. Me chamo mar, repete se atirando contra uma pedra sem convencê-la. E então, com sete línguas verdes, de sete tigres verdes, de sete cães verdes, percorre-a, beija-a, umedece-a e golpeia-se o peito repetindo o seu nome”.

Fez uma pausa satisfeita.

— O que você acha?

— Estranho.

— “Estranho.” Mas que crítico mais severo!

— Não, dom Pablo. Estranho não é o poema. Estranho é como eu me sentia quando o senhor recitava o poema.

— Querido Mário, vamos ver se te desenredas um pouco porque eu não posso passar toda a manhã desfrutando o papo.

— Como se explica? Quando o senhor dizia o poema, as palavras iam daqui pr’ali.

— Como o mar, ora!

— Pois é, moviam-se exatamente como o mar.

— Isso é ritmo.

— Eu me senti estranho, porque com tanto movimento, fiquei enjoado.

— Você ficou enjoado...

— Claro! Eu ia como um barco tremendo em suas palavras.

As pálpebras do poeta se despregaram lentamente:

— “Como um barco tremendo em minhas palavras.”

— Claro!

— Sabe o que você fez, Mário?

— O quê?

— Uma metáfora.

— Mas não vale porque saiu só por um puro acaso.

— Não há imagem que não seja casual, filho.

(SKÁRMETA, Antonio. Ardente Paciência. São Paulo: Brasiliense, 1987.)

O trecho citado pertence ao livro de Antonio Skármeta, escritor chileno. Em sua brilhante novela, o escritor recorre ao poder da ficção para retratar os últimos anos do poeta Pablo Neruda em uma ilha chilena. A cena transcrita conta-nos o encontro (realidade ou imaginação?) entre Neruda e o jovem carteiro, que lhe levava as cartas, e que queria ser poeta. Após a leitura do fragmento, responda:

As metáforas estão condicionadas ao saber inte-a) lectual?

Ao dessacralizar a figura do poeta, aproximando-o b) do humilde carteiro, o narrador consegue atingir seu objetivo?

Solução: `

Segundo o texto, é possível encontrarmos metáforas a) nos mais simples comportamentos e atitudes, não necessitando, portanto, do saber intelectual para exercer essa capacidade de criar imagens.

O narrador consegue mostrar-nos que, para ser po-b) eta, é preciso apenas que um indivíduo se lance ao mundo da sensibilidade sem medo de se envolver com as imagens que o povoam, deixando que a poesia aflore em cada frase, em cada gesto, em cada suspiro.

(Elite) Observe a imagem abaixo:2.

A imagem, ainda que seja gráfica, sem texto escrito, utiliza-se de uma figura de linguagem. Que figura é essa, qual a razão de seu uso e o que ela expressa no texto?

Solução: `

A imagem associa o Brasil a um abacaxi. A decodificação da imagem é possível devido aos ícones que utiliza: as cores verde e amarela. Ao fazer tal associação, ele tam-

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bém deixa claro que o Brasil é espinhoso, e que pode ser tanto doce e suculento como azedo e ressecado. É uma imagem de cunho popular do país. A figura utilizada é a metáfora.

(Elite) Identifique a figura de linguagem presente na 3. charge e explique-a:

(VERISSIMO, Luís Fernando. As cobras. O Estado de S. Paulo,

14 jan. 1982.)

Solução: `

Metonímia – a figura surge quando a personagem pede às outras “nada além de sangue, suor e lágrimas”, signi-ficando esforço e empenho totais.

(Elite) Observe o cartaz abaixo e explique como ele foi 4. concebido segundo o sentido figurado da linguagem:

Solução: `

O cartaz da Associação Nacional de Jornais é um bom exemplo de como podemos utilizar metáforas em ou-tros veículos que não apenas a literatura. Há, no jogo de imagens, todo um trabalho feito a partir de ícones importantes para a significação da mensagem que se quer passar. Como texto central, a frase “A liberdade é uma conquista” norteia os demais ícones. O lápis que-brado, com o sangue escorrendo, e a gaivota de jornal rasgada no arame farpado deixam clara a ideia de que toda liberdade é dolorosa e, muitas vezes, deixa cicatrizes profundas em quem luta para obtê-la e/ou exercê-la. É um belo exemplo de metáfora visual.

(Fuvest) A catacrese, figura que se observa na frase 5. “Montou a cavalo no burro bravo”, ocorre em:

os tempos mudaram, no devagar depressa do tempo.a)

última flor do Lácio, inculta e bela, és a um tempo b) esplendor e sepultura.

apressadamente, todos embarcaram no trem.c)

ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de d) Portugal.

amanheceu, a luz tem cheiro.e)

Solução: ` C

Justifica-se pela analogia entre o verbo “embarcar” e o substantivo “trem”.

(Fuvest) A prosopopeia, figura que se observa no verso 6. “Sinto o canto da noite na boca do vento”, ocorre em:

“A vida é uma ópera e uma grande ópera”.a)

“Ao cabo tão bem chamado, por Camões, ‘Tormen-b) tório’, os portugueses apelidaram-no de ‘Boa Espe-rança’”.

“Uma talhada de melancia, com seus alegres ca-c) roços”.

“Oh! Eu quero viver, beber perfumes.d)

Na flor silvestre, que embalsama os ares”.

“A felicidade é como a pluma...”e)

Solução: ` C

Observe que o texto está atribuindo aos caroços a carac-terística de serem alegres, ou seja, personificando-os.

(Elite) Discuta o sentido figurado expresso na história 7. a seguir:

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Solução: `

Deve-se observar que as figuras de linguagem não precisam, necessariamente, ser usadas em um contexto literário. A ironia, por exemplo, é muito usada por po-líticos em seus discursos. No texto em questão, a frase final, “Não, ele me pegou” retrata um bom exemplo de prosopopeia (personificação).

Poética

Manuel Bandeira

Estou farto do lirismo comedido

Do lirismo bem comportado

Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor

Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo.

Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais

Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção

Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis.

Estou farto do lirismo namorador

Político

Raquítico

Sifilítico

De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.

De resto não é lirismo

Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres etc.

Quero antes o lirismo dos loucos

O lirismo dos bêbedos

O lirismo difícil e pungente dos bêbedos

O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

O autor, em sua 1. Poética, apresenta um grito de rebeldia. Assinale a única expressão em que tal rebeldia não renega totalmente posições anteriores.

Estou farto do lirismo comedido.a)

Abaixo os puristas.b)

Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis.c)

Estou farto do lirismo namorador.d)

Não quero mais saber do lirismo que não é liber-e) tação.

Segundo a opinião do autor, ele só aceita o lirismo:2.

comedido.a)

bem comportado.b)

funcionário público.c)

namorador.d)

espontâneo.e)

A expressão “lirismo funcionário público” lembra:3.

liberdade.a)

tristeza.b)

alegria.c)

monotonia.d)

revolta.e)

“Cunho vernáculo de um vocábulo”. Com isto, Manuel 4. Bandeira quis se referir a:

expressões correntes.a)

expressões cultas.b)

qualquer significado.c)

sinônimos.d)

expressões ambíguas.e)

O autor faz uma série de referências a fatos da língua. 5. Apenas uma das opções abaixo foge a esta ideia. Assinale-a.

Protocolo.a)

Purismo.b)

Cunho vernáculo.c)

Barbarismos universais.d)

Sintaxes de exceção.e)

A sequência dos adjetivos “político, raquítico, sifilítico” 6. apresenta identidade sonora. Possivelmente, o autor pretendeu sugerir:

valorização.a)

zombaria.b)

modelo.c)

indiferença.d)

beleza.e)

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Ao dizer “Estou farto (...) De todo lirismo que capitula 7. ao que quer que seja fora de si mesmo.” o Autor tenta explicar que, para ele, o Poeta

deve obedecer a regras para fazer sua poesia.a)

só deve descrever aquilo que vê.b)

só deve obediência aos seus próprios sentimentos.c)

só diz coisas incoerentes.d)

representa um modelo que todos devem seguir.e)

Manuel Bandeira fala em “cem modelos de cartas”. Com 8. isso, ele sugere que:

só se deve escrever seguindo modelos prévios.a)

quem não segue rigorosamente os modelos de car-b) tas não sabe escrever.

só sabe redigir bem quem copia modelos de cartas.c)

os modelos de cartas acabam por padronizar o que d) se escreve, deixando os sentimentos de lado.

os modelos de cartas só existem para agradar às e) mulheres.

Um dos elementos que se seguem pode resumir toda 9. a Poética de Manuel Bandeira.

manifestações de apreço.a)

maneiras de agradar às mulheres.b)

lirismo namorador.c)

libertação.d)

amante exemplar.e)

Pronominais

Oswald de Andrade

Dê-me um cigarro

Diz a gramática

Do professor e do aluno

E do mulato sabido

Mas o bom negro e o bom branco

Da nação brasileira

Dizem todos os dias

Deixa disso camarada

Me dá um cigarro

O adjetivo 10. sabido, empregado para o mulato, é bastante irônico e nos revela:

espírito de imitação.a)

talento de improvisação.b)

aproveitamento escolar.c)

autodidatismo.d)

desejo de projeção cultural.e)

Sabido vale, pois, como sinônimo de:11.

erudito.a)

diligente.b)

eficiente.c)

ridículo.d)

incapaz.e)

Já o adjetivo 12. bom, usado para negro e branco, tem o valor de:

culto.a)

autêntico.b)

ignorante.c)

certo.d)

falso.e)

Na poesia, o mulato é apresentado em oposição ao bom 13. negro e ao bom branco, como:

altamente culto.a)

de grande capacidade intelectual.b)

pedante e fora da atualidade linguística.c)

alguém que deve, linguisticamente, ser imitado por d) todos.

o protótipo do elemento inteligente e bem falante.e)

Cidadezinha QualquerCasas entre bananeiras

mulheres entre laranjeiras

pomar amor cantar.

Um homem vai devagar.

Um cachorro vai devagar.

Um burro vai devagar.

Devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.,

(Carlos Drummond de Andrade.)

(UGF) Qual a intenção fundamental do poema?1.

Satirizar o provincianismo.a)

Ironizar a classe burguesa.b)

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Ridicularizar o romantismo.c)

Revelar o desencanto do homem contemporâneo d) em relação às coisas simples do campo.

Apenas caracterizar um estilo de vida.e)

(UGF) Pela ordem de apresentação, as três estrofes 2. sucedem-se:

do descritivo para o narrativo e para o dramático.a)

do narrativo para o dramático e para o descritivo.b)

do dramático para o descritivo e para o narrativo.c)

do narrativo para o descritivo e para o dramático.d)

do descritivo para o dramático e para o narrativo.e)

(UGF) A ausência do artigo, também na primeira estrofe, 3. visa a acentuar na gradação um sentido de:

pluralidade.a)

irrealidade.b)

indefinição.c)

regularidade.d)

equilíbrio.e)

(UGF) O paralelismo presente na segunda estrofe:4.

favorece a identificação dos objetos.a)

impõe certa unidade ao espaço cenográfico.b)

demonstra a superioridade do homem.c)

caracteriza apenas uma simplicidade de linguagem.d)

nivela os homens com as coisas e os animais.e)

(UGF) O que se pode entender por “Cidadezinha 5. Qualquer”?

Não se trata de uma cidade grande.a)

Não se trata de uma cidade determinada.b)

Não se trata de uma cidade grande nem determi-c) nada.

Trata-se de uma cidade fictícia sem correspondên-d) cia com a realidade.

Trata-se de um recurso para não revelar o nome da e) localidade.

(UGF) O último verso da poesia tem um especial des-6. taque, constituindo toda uma estrofe:

simplesmente porque é o último.a)

por nenhuma razão de ordem poética.b)

para quebrar o paralelismo dos versos anteriores.c)

por sintetizar a mensagem do poeta.d)

porque a estrofe anterior tem quatro versos.e)

(UGF) Como se entende principalmente a “vida besta”, 7. referida no texto?

Vazia.a)

Triste.b)

Desumana.c)

Calma.d)

Pobre.e)

(UGF) Podemos dizer que o texto está marcado por 8. um forte traço de atualidade poética, que se observa especialmente:

na formulação irregular das estrofes.a)

na escolha do seu material temático.b)

na sua dimensão reduzida.c)

no nível vocabular e sintático da linguagem.d)

na distribuição aleatória das rimas.e)

O substantivo ou adjetivo besta, com os sentidos de 9. estúpido, tolo, ingênuo, simplório, pedante, constitui a seguinte alteração semântica:

transferência do nome por semelhança dos senti-a) dos (metáfora).

transferência do nome por contiguidade dos senti-b) dos (metonímia).

transferência do sentido por semelhança dos no-c) mes (etimologia popular).

transferência do sentido por contiguidade dos no-d) mes (condensação semântica em virtude de elipse).

conservação do nome apesar da mudança da coisa e) designada (conservadorismo linguístico).

Em “as janelas 10. olham” ocorre:

hipálage.a)

metonímia.b)

animização.c)

catacrese.d)

metáfora sinestésica.e)

“Condicionada fundamentalmente pelos veículos de massa, que a coagem a respeitar o “código” de convenções do ouvinte, a música popular não apresenta, senão em grau atenuado, o contraditório entre informação e redundância, produção e consumo. Desse modo, ela se encaminha para o que Umberto Eco denomina de música “gastronômica”: um produto indusrial que não persegue nenhum objetivo artístico, mas, ao contrário, tende a satisfazer as exigências do mercado, e que tem,

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como característica principal, não acrescentar nada de novo, redizendo sempre aquilo que o auditório já sabe e espera ansiosamente ver repetido. Em suma: o servilismo ao “código” apriorístico – assegurando a comunicação imediata com o público – é o critério básico de sua confecção. “A mesma praça. O mesmo banco. As mesmas flores, o mesmo jardim”. O mesmismo. Todo mundo fica satisfeito. O público. A TV. Os anunciantes. As casas de disco. A crítica. E, obviamente, o autor. Alguns ganham com isso (financeiramente falando). Só o ouvinte-receptor não “ganha” nada. Seu repertório de informações permanece, mesmissimamente, o mesmo.

Mas nem tudo é redundância na música popular. É possível discernir no seu percurso momentos de rebeldia contra a estandardização e o consumismo.

Assim foi com o Jazz Moderno e a Bossa Nova.”

(CAMPOS, Augusto de. O balanço da bossa.)

(Fuvest) O texto discute:11.

a nulidade da ação dos veículos de massa sobre a a) música popular.

a invariabilidade da mensagem transmitida pela b) música popular.

o entusiasmo do auditório em relação à música po-c) pular.

a adesão ao consumismo representado pelo Jazz d) Moderno e à Bossa Nova.

o objetivo artístico a que se propõe a música popular.e)

(Fuvest) De acordo com o texto, a música popular:12.

não persegue nenhum objetivo artístico.a)

oferece um repertório de informações sempre b) igual.

nem sempre se curva às pressões consumistas.c)

tem que ser servil ao “código” apriorístico.d)

é sempre uma música “gastronômica”.e)

(Fuvest) De acordo com o texto, o autor produz a música 13. “gastronômica” porque:

gosta de progredir, volta-se para o futuro.a)

sente-se inseguro diante do novo.b)

é rebelde, contrário à estandardização.c)

quer satisfazer os veículos de massa.d)

tem espírito crítico muito desenvolvido.e)

(Fuvest) No primeiro período do texto, observamos uma 14. relação de:

causa e efeito.a)

efeito e fim.b)

condição e fim.c)

consequência e condição.d)

causa e concessão.e)

(Fuvest) A expressão “código apriorístico” significa:15.

regra indiscutível.a)

preceito a ser cumprido.b)

solução predeterminada.c)

censura prévia.d)

norma preestabelecida.e)

(Fuvest) Segundo o autor, a boa música popular deve:16.

garantir a sobrevivência de seu autor.a)

privilegiar a redundância.b)

assegurar a comunicação imediata com o público.c)

voltar-se contra o consumismo.d)

apresentar o contraditório entre informação e re-e) dundância.

(Fuvest) O “Mas” que inicia o segundo parágrafo in-17. dica:

que o leitor pode não concordar com as ideias do a) autor.

a não-concordância do autor com as afirmações do b) primeiro parágrafo.

o acréscimo de mais alguns argumentos que com-c) provam as afirmações anteriores.

uma crítica às ideias apresentadas no parágrafo d) anterior.

a apresentação de uma ideia contraposta ao que e) já foi dito.

18.

Tarsila do Amaral, Operários.

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Desiguais na fisionomia, na cor e na raça, o que lhes assegura identidade peculiar, são iguais enquanto frente de trabalho. Num dos cantos, as chaminés das indústrias se alçam verticalmente. No mais, em todo o quadro, rostos colados, um ao lado do outro, em pirâmide que tende a se prolongar infinitamente, como mercadoria que se acumula, pelo quadro afora.

(GOTLIB, Nádia. Tarsila do Amaral - a modernista.)

O texto aponta no quadro de Tarsila do Amaral um tema que também se encontra nos versos transcritos em:

“Pensem nas meninasa)

Cegas inexatas

Pensem nas mulheres

Rotas alteradas”

(Vinícius de Moraes)

“Somos muitos severinosb)

iguais em tudo e na sina:

a de abrandar estas pedras

suando-se muito em cima.”

(João Cabral de Melo Neto)

“O funcionário públicoc)

não cabe no poema

com seu salário de fome

sua vida fechada em arquivos.”

“Não sou nada.d)

Nunca serei nada.

Não posso querer ser nada.

À parte isso, tenho em mim todos os

sonhos do mundo.”

(Fernando Pessoa)

“Os inocentes do Leblone)

Não viram o navio entrar (...)

Os inocentes, definitivamente inocentes tudo

ignoravam,

mas a areia é quente, e há um óleo suave

que eles passam pelas costas, e aquecem.”

(Carlos Drummond de Andrade)

Texto para as questões de 19 a 21É por causa do meu engraxate que ando agora em plena desolação. Meu engraxate me deixou.

Passei duas vezes pela porta onde ele trabalhava e nada. Então me inquietei, não sei que doenças mortíferas, que mudança pra outras portas se pensaram em mim, resolvi perguntar ao menino que trabalhava na outra cadeira. O menino é um retalho de hungarês, cara de infeliz, não dá simpatia nenhuma. E tímido o que torna instintivamente a gente muito combinado com o universo no propósito de desgraçar esses desgraçados de nascença. “Está vendendo bilhete de loteria, respondeu antipático, me deixando numa perplexidade penosíssima: pronto! estava sem engraxate! Os olhos do menino chispeavam ávidos, porque sou dos que ficam fregueses e dão gorjeta. Levei seguramente um minuto para definir que tinha de continuar engraxando sapatos toda a vida minha e ali estava um menino que, a gente ensinando, podia ficar engraxate bom.

(ANDRADE, Mário de. Meu engraxate. In: Os Filhos da Candinha.)

(Fuvest) Um dos traços estilísticos de Mário de Andrade 19. é o aproveitamento do coloquial. Transcreva, do texto, dois exemplos dessa característica.

(Fuvest) Explique a concordância das palavras grifa-20. das:

“...o que torna instintivamente a gente muito combinado....”

(Fuvest) Explique o sentido das palavras grifadas:21.

“Levei seguramente um minuto pra definir que...”

“...podia ficar engraxate bom.”

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C1.

E2.

D3.

B4.

A5.

B6.

C7.

D8.

D9.

A10.

D11.

B12.

C13.

A1.

A2.

C3.

E4.

C5.

D6.

A7.

D8.

A9.

C10.

B11.

C12.

D13.

A14.

E15.

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E16.

E17.

As condições hostis que os severinos encontram na vida 18. acabam por torná-los iguais, pulverizando a individuali-dade e transformando-os em rostos perdidos na multi-dão. É a própria despersonalização do ser humano.

“...que mudança pra outras portas se pensaram em 19. mim...”

“...respondeu antipático, me deixando numa perplexidade penosíssima...”

“...a gente ensinando, podia ficar engraxate bom.”

O artigo “a” concorda normalmente com o substantivo 20. feminino gente.

A expressão “a gente” está tomada como pronome indefinido. Então, combinado (no masculino) é um caso de silepse de gênero: a concordância se faz, não por razão gramatical, mas por um dado situacional: concorda com o emissor.

21.

definir significa, no contexto, perceber claramente, a) tomar consciência clara, conscientizar-se de que.

ficar, no caso, significa tornar-se, vir a ser.b)

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