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Livro "A Missão" - a luta de Vida Alves

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Vida Alves

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A Missão!A luta de Vida Alves, para erguer o

Museu da Televisão Brasileira

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Museu da Televisão Brasileira

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Ficha técnica

Vida Alves

Elmo Francfort

Pró-TV - Associação dos Pioneiros, Profissionais e Incentivadores da Televisão Brasileira

Pocket book: A minha Missão! A luta de Vida Alves para erguer o Museu da Televisão Brasileira

Autora:

Projeto gráfico:

Realização:

Fotos: Acervo Pró-TV e acervo pessoal Vida Alves

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Agradecimentos

Todo livro traz agradecimentos. Todo “livreto”, idem. É que ninguém faz nada sozinho. Ninguém é tão solitário assim. E nós também temos muitas pessoas para agradecer. Começamos agradecendo aos sócios, que sempre comparecem, quando chamados. Agradecemos aos diretores, aos conselheiros, àqueles que estão sempre perto e sempre às ordens. Não vamos enumerá-los, para não cometermos enganos e esquecer alguns.

E, por último há os agradecimentos especiais.

Agradeço a:- Mauro Salles, publicitário, grande amigo. -José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, o gênio. -Thais Alves, filha, amiga, comunicadora, palestrante e “pau pra toda obra”. -Paulo Markun, presidente da Fundação Padre Anchieta.-João Carlos Saad, presidente da ABRA-Associação Brasileira de Radiodifusores. -Hubert Alquéres. Presidente da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. -Lemos Brito, publicitário, que nos emprestou salas em sua sede, por longo tempo.-Rubens Ewald Filho, responsável pela Coleção “Aplauso”-Elmo Francfort, Lú Bandeira, Élida Alves, Edinalva Novaes de Souza, colaboradores de todos os dias.- E agradeço sobretudo a meus filhos e netos.

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Apresentação e prefácio

Este livro não tem prefácio. É que prefácio é um aval, um agrado, um carinho, uma demonstração de afeto, uma recomendação. E eu não mereço isso. E nem quero, pois este livro não é mais que um relato. Um relato sobre minha vida, sobre meu sonho, e sobre minha missão, que é: erguer o Museu da Televisão.

Verdade que meus relatórios são às vezes emocionados, às vezes tendenciosos, pois neles coloco adjetivos, exclamações, vida.

É isso. E é por isso que não posso pedir pra ninguém prefaciar .Seria ser conivente, seria ser partícipe, seria ser tendencioso também.

É que eu quero. porque quero, erguer o Museu da Televisão Brasileira. Viram na expressão finda o caráter da dona aqui?

Meu filho Heitor fala aos amigos : “Minha mãe é uma criatura que mesmo tendo 80 anos, é capaz de fechar os olhos e tapar os ouvidos com os dedos, quando não quer ouvir uma argumentação que a contrarie. É uma vergonha, uma falta de educação. Mas essa é minha mãe. A minha querida mãe”.

Perdoem-me, portanto. Perdoe-me meu filho também. Não o faço por mal. Mas por praticidade. Se não quero ouvir algo... .uso o mesmo método que usava nos meus

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três anos de idade e funcionava tão bem.

E quando quero, porque quero, porque quero erguer o Museu da Televisão. O que faço? Bato em portas, choro às vezes, volto atrás, faço tudo o que não se faz.

E é assim que talvez, um dia, eu chegue lá .

Não dizem que Deus escuta os incansáveis? Eis-me aqui, de pé, sempre. E um dia uma porta há de se abrir para mim. Afinal, essa é minha missão.

Obrigada, por lerem meu relato e estarem comigo. Obrigada, mais uma vez.

Vida Alves

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Vida Alves em teleteatro da Tupi

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Índice

1 - Agradecimentos pág. 06

2 - Apresentação e prefácio pág. 08

3 - A história breve de Vida Alves pág. 14

4 - A história da PRÓ-TV pág. 35

5 - A relação dos trabalhos realizados pelo Museu da Televisão Brasileira pág. 38

6 - Conclusão pág. 46

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Minha História

Comecei em rádio. Quando?

1938 – Lembro-me que minha mãe me levou a umprograma de Nicolau Tuma, criador do termo“radialista”, que era na Rádio Educadora Paulista. Foi aprimeira vez que vi um microfone, para entrevista.Logo em seguida, lembro do “Programa da TiaChiquinha”, que era a Silvia Autuori, na Rádio TUPI deSão Paulo. Eu saia de uniforme, do “Externato SãoFrancisco”, no Largo São Francisco, onde fiz o primárioe ia à pé direto até a rua Sete de Abril, no chamado“Centro Novo” de São Paulo. Eu tinha 10 anos e iacantar no “Programa da Tia Chiquinha”. O pianista erao Heitor dos Prazeres, que me disseram ser importante.Mas estavam lá outros importantes, como Aracy deAlmeida, Silvio Caldas e... não me lembro mais quem.Eu cantava músicas de Carmem Miranda.

1940 – Depois fui para a Rádio Difusora São Paulo.Essa era longe. No distante bairro do Sumaré. E o ônibusnem chegava até lá. O ponto final era em frente à IgrejaNossa Senhora de Fátima, na avenida Dr. Arnaldo. Depoiseu e minha mãe íamos à pé, até a rádio. O programa erao “Clube do Papai Noel”, de Homero Silva e do maestroChico Dorce. E tinha até auditório. Ah, como eu gostavadeles e do programa. E de tudo. Ah, como eu era feliz.Meu pai tinha falecido. Mas eu, na rádio era tão feliz!

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Me lembro tão bem. Meu coração era quente e rico. Eratão bom!

Eu sabia, porque sabia, eu queria porque queria,cantar em rádio. Aquilo era minha vida, aquilo eraminha paixão.

1942 – Comecei a receber os primeiros cachês noradioteatro da Rádio São Paulo. O diretor era OduvaldoViana, que tinha vindo do cinema e lançara o radioteatrono Brasil. Passei a ser radiatriz.

1944 – Assinei o primeiro contrato como radioatriz, coma Rádio Panamericana, que hoje se chama Jovem Pan.O diretor e proprietário era Oduvaldo Viana. Mas eleficou pouco mais de um ano. Vendeu-a para PauloMachado de Carvalho. E então... lá fui eu. Terminou oradioteatro, na emissora e eu fui mandada embora.E assim, perdi emprego naqueles dois anos, de 1945 a1947, por cinco vezes. Sofri. Quis me matar. Eu tinhaque colaborar com minha mãe, com as despesas dacasa... Desesperei. Foi um ano político, vendiam-se ecompravam-se emissoras. Mas eu... preferi a vida.Sobrevivi.

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1947 – Estudos. Faculdade de Direito. USP.São Francisco. A melhor do Brasil. E gratuita. Meu pai,falecido, era engenheiro. Quando morreu, aos 36 anos,disse à minha mãe, que os filhos precisavam estudar.Cantar era bom demais, representar então... mas euprecisava estudar. Prestei exame. Fui aprovada. Entrei.

Vida Alves na formatura da faculdade

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1947 – Cheguei à Rádio TUPI, Emissoras Associadas.Meu teste foi feito pelo Lima Duarte, hoje um grandeator, à época um sonoplasta. Após o teste, ele disse:“Vida? Uma garota bonitinha, com uma franginhabonitinha. E só”

Falassem o que quisessem. Eu sabia porque sabia,eu queria porque queria, trabalhar em rádio. Aquiloera sempre a minha paixão.

1949 – Casamento. Último dia. Um engenheiro italiano,recém-vindo ao Brasil após a guerra, ajudou a erguer atorre e a montar a Televisão TUPI, me pediu emcasamento. Casei. Na “lua de mel” engravidei.

O casamento de Vida e Gianni Gasparinetti

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1950 – 18 de Setembro. Inaugurou-se a TV TUPI. 1ª do Brasil. 1ª da América Latina. 4ª do Mundo.E eu estava lá. No estúdio. Ajudei um e outro.Não apareci. Minha barriga tinha 8 meses. Naqueletempo isso não era “fotogênico”.

Meu filho chegou em outubro de 50.

1951 – Eu continuava a fazer rádio. Alicença-maternidade acabou. E eu fazia pouca coisana televisão. Estava certinha então para “acontecer”na televisão.

Dezembro de 1951 – 1ª novela televisiva: “Sua Vida MePertence”. Vida Alves e Walter Forster dão o 1º beijo,que entra em todos os lares. Sucesso. Vergonha.Escândalo.

O marido italiano Gianni de cara fechada. Vida de caratapada. Não queria falar do assunto. Mas tinha sido tudotão profissional...

Falassem o que quisessem. Eu sabia porque sabia,eu queria porque queria,trabalhar em televisão.Tinha agora duas paixões: Heitor, o garotinhobonito, mamando no peito, olhando para mim,sempre olhando para mim desde o primeiro dia,desde o primeiro encontro (e dizem que criançanão vê) e a televisão.

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Ah, esqueci. E a faculdade? Eu ia levando,frequentando... e passando de ano. Mas quando a aulaera monótona, as folhas em branco de Vida erampreenchidas não de Direito Civil, ou Constitucional, ouRomano... Vontade imensa de escrever pequenos programas etentar... e voar... Rascunhos, tentativas, sonhos. Semprea paixão, a paixão....E pode haver vida, sem paixão???

Disse Unamuno, escritor espanhol: “Só o que é feitocom paixão vale a pena ser feito. Só os apaixonadosfazem coisas eternas”.

Era eu uma apaixonada, mas conseguiria fazer algumacoisa maior?Cedo pra pensar... Eu era tão jovem.......

1952 – Formatura de Direito. Beca. Festa. Diploma.Anel. OAB. Tudo. Tudo perfeito.

1953 – Segunda filha. Thais. Linda. Boneca. “A naturezanão falha, Vida. Seus filhos são lindos”. Mãe coruja.Filhos no peito, na mão, na cestinha, junto. E na cabeçaa grande paixão: Escrever para o rádio e para atelevisão. Seria essa então a minha missão?

E foi assim que comecei a escrever. E o fiz continuamente.

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Fiz: Catorze novelas pro rádio. Três pra televisão. Vários seriados. Para o público infantil, doisseriados bons, um após o outro: “Ciranda...Cirandinha”,em que trabalhou pela primeira vez a atriz Débora Duarte,com seis anos de idade. E depois: “Prosa em Miniatura”.Meninos de 10, 12 anos, conversando, aprontando.Foram muitos bem recebidos esses programas. Mas omais importante de todos os programas que fiz:“Tribunal do Coração”. O que era isso? Um programa interativo, moderno.

1954 - Tribunal do Coração. Theophilo de Barros Filho,o diretor da época, me chamou e disse: “Vida, você éinteligente e é formada em direito. Desenvolva istocomigo. Faremos um programa de hora, hora e meia.Metade dele, uma historia real, a outra metade um jure...”– Pra televisão? – Não. No inicio para o rádio. Se for bem,passamos pra televisão.” – Ótimo, Dr. Theophilo. Gostei.Já sei o que fazer. Peço cartas aos ouvintes, seleciono,e adapto. E na metade seguinte do programa, faço umaadaptação do Tribunal do Juri. Com juiz, advogado deacusação, de defesa e tudo. E o julgamento?”. –“Espectador, ou ouvintes, depende se for rádio outelevisão. O juiz lerá o que der no resultado final.Comprendeu? “.

E eu fiz o “Tribunal do Coração”. Sucesso. Logo passoupara a televisão. Os 7 jurados escolhidos tinham nasmãos sua tabuleta: Culpado ou Inocente. Após ouvirema história, as testemunhas e os advogados, votavam.

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E o juiz lia a sentença final. Se desse culpado, comopenalidade, tomar uma atitude positiva, fazer umacaridade, pedir perdão. Se desse inocente, recebia umelogio, servia de exemplo... Emoção. Até os artistas e osadvogados se emocionavam. E Vida Alves recebia aconsagração. Era, enfim, um nome respeitável natelevisão paulista.

E a atriz?Continuava. Vida era atriz de várias novelas, que seseguiam uma à outra. E fazia grandes teatros:“TVs de Vanguarda”, “TVs de Comédia”,“Grandes Teatro TUPI”. Vida era um dos primeirosnomes como atriz da televisão de São Paulo. O rádio ia ficando menor, cada vez menor... para ela.

1964 a 1968 – JornalistaFoi um momento inesquecível para mim. MauricioLoureiro Gama, grande jornalista, parou na porta doEstúdio A, onde eu estava trabalhando, me chamou edisse:” Vida, vou precisar de você.Ficarei sem meuparceiro José Carlos de Morais, o Tico-Tico, no“Edição Extra”. Quero você como minha companheira.Você escreverá e lerá, logo depois de mim, uma crônicadiária, de mais ou menos uns três minutos. O assunto égeral, mas dê um toque feminino. Você é a pessoa maisacertada para isso, pois conheço sua inteligência. Vocêaceita? É já a partir de amanhã.”. Não só aceitei, comoadorei. Eu já havia feito um programete que se chamava:“ Tribuna da Mulher”, e ele ia ao ar diariamente. Erasobre assuntos gerais. Não era um programa feminino.Esse era meu estilo. Sempre achei que a mulher, tanto

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quanto o homem, sabia opinar sobre tudo.Afinal ela nãoé a mãe, a educadora-mór?Mas o programa do Maurício tinha muito mais relevância,era o primeiro e o mais importante do horário vespertino.Todas as outras emissoras depois o imitaram. Ali fiqueiquatro anos . Depois o programa acabou. Ia ao ar todosos dias, até sábado. Jornalista, sim, com muita honra emuita satisfação. Seria essa então a minha missão?

Vida Alves com os filhos Thais e Heitor

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E apresentadora de programas?.Quando aconteceu?Mais ou menos na mesma ocasião.O primeiro programaque fiz, ia ao ar no final da tarde. Uma vez por semana.Seu nome:“Vida Convida”. O patrocinador era aCompanhia Light, empresa grande e importante ,fornecedora de eletricidade para São Paulo e outrascapitais brasileiras. Era uma mesa redonda. Aapresentação., a organização , a escolha dos temas etudo, enfim, por minha conta. Sem nem ao menos umauxiliar. Os assuntos em debate: divórcio, ainda nãoimplantado no Brasil; o Estatuto da Mulher, em estudo;vacinação obrigatória, etc, etc, Assuntos relevantes,enfim, tanto para a mulher, quando para o homem.

1968: Programa: “Jogo da Verdade”. Apresentação eprodução de Vida Alves.O melhor, dentre todos os meusprogramas,. E o pior deles também. Seis convidados. Seistemas diferentes. Interligados. De tão bem, passou logopara o horário noturno. E com auditório. Transformou-seno pior programa. Acima do nível do auditório.Desinteressou. Fracassou. E era muito peso, nos ombrosde uma mulher só. Helle Alves, minha irmã jornalista,me ajudou um pouco. Fazia o ponto eletrônico, nuncavisto antes. Mas não adiantou. Terminou. Infelicidade.Tristeza. Desânimo total.

Na época ,ser produtora era sozinha, fazer a pauta, fazerconvites, fazer as perguntas, interligar tudo e todos efazer a apresentação no auditório. Não deu. Doeu.Não deu.

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1968 – Fim – Sensação de fim. Certeza de fim.Sofrimento. Meu salário era metade do salário dos maisnovos na casa. Injustiça. Conversa fria com a direção.Pedido de atestado liberatório aceito. Carimbado.Assinado pelo diretor. Fim. Vinte e dois anos de Rádio eTV TUPI jogados fora. No quadro de avisos um pequenobilhete: “Vou embora. Deixo aqui o melhor de mim.Saudade. Muita saudade. Vida Alves”.

Pensassem o que pensassem - Vida fracassou! Vidachorou! Foi embora! No peito o vazio imenso. Mais umavez a sensação de morte. Então morte é isso? É derepente cair no abismo? É despencar? É não ter asas?É não saber voar? E o sonho? E a certeza firme? E apaixão? E a missão? Era o fim de tudo? Eu tinha paradode sonhar? Sufocação...

1969 – Poucos dias depois de sair das EmissorasAssociadas, já estava eu na TV Excelsior. Uma novelaimportante. Pra mim, um pequeno papel. Uma Segundanovela importante. Mais um pequeno papel. Pensei:“Não quero. Se não me querem, também não quero.Minha bitola é mais larga. Meu voo é mais alto .Ou énenhum”. Fui ao diretor. “Quero fazer um programa deentrevistas. No horário da meia noite, horário que foicriado pelo Ferreira Neto, jornalista” Pedido aceito.Felicidade de novo voltando.

E assim aconteceu o: “A Hora e a Vez da Mulher”.Temas: “O terceiro sexo”, “Casamento por miai”. Evários outros. Todos bem polêmicos. Eu comandava umaequipe de entrevistadoras. Três ou quatro. O programa

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começava à meia noite e ia até quase às duas. E eulevava de carro as colegas pra casa. Lídia morava naPenha. Tão distante! E eu voltava sozinha pela MarginalPinheiros. Voando naquele carro. Duas e meia da manhã.Com medo. Sem medo. Destemidamente.

Talvez ninguém notasse, e o que importavam os outros?Eu estava voando outra vez. De tarde um outro programa:“Vida em Movimento”. Entrevistas. Conversasimportantes. A atriz sufocada. A mulher despertada.À procura de sua missão.

1969 – Ainda – A TV Excelsior faliu. Tiraram-lhe oscristais. Tudo tão rápido. Tão dramático. Gentechorando nos corredores. Brigas. Falta de pagamento.Lares desfeitos. Doze meses sem salário. Um ano semdinheiro. Mais uma vez um voo interrompido. Osmelhores ,ou mais espertos, ou mais importantes forampara a “Vênus Platinada”.

E Vida? E Vida? E Vida?

1970 – TV Gazeta. “Vida em Movimento”. Esseprograma continuava. Ia ao ar outra vez. Uma emissorapequena. Recém-nascida. Um caminho pequeno.Recém-criado. E “Vida em Movimento” no ar. Tudo emmeus ombros: fazer a pauta, pensar, escalar, convidar,entrevistar,... Oh, vida! Oh vida pesada! Oh, vidaengraçada.! Oh, Vida ressuscitada!

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19... e não sei quanto, tive vontade de fazer umapequena escola de atores. E fiz. Ela durou de 1954 a1958. Mudou de endereço duas vezes, porque cresceu.Chamava- se ART – Academia de Rádio e Televisão.A sócia Célia Rodrigues dava mão forte. Preparávamosnovos atores para a televisão. A idéia era boa. As aulasengraçadas. O dinheiro pouco. Em 1958 acabou. Vendi.Aproveitei.

Fui para a Europa pela primeira vez. De navio. Comminha irmã Helle, que era funcionária da AssembléiaLegislativa de São Paulo, no cargo de redatora. Naviagem foram muitos deputados. Visitamos onze países.Ao todo, a viagem durou três meses. Gostei. Voei.Sonhei.

1972 – Primeiro programa colorido.

“O meu? Por que o meu?” – “Porque é o melhor daemissora. Porque o diretor quer. Quer mostrar a todos,e ao ministro Higino Corsetti principalmente, queautorizou a transmissão à cores, como uma experiênciacontínua, e não apenas para uma exibição única eesporádica,e o diretor quer que o programa seja o seu,que é bom, já disse. Entrevista pessoas variadas,importantes. Mas tem que caprichar Vida. Lembre-se!Você mais uma vez é Pioneira”.

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“Vida em Movimento” na TV Gazeta: Vidarecebe o casal Nicette Bruno e Paulo Goulart

1974 – Por quê? De repente saí da Gazeta. Fui para aTV Record. Fiz o programa: “Viagem para a Vida”.Entrevistas e prêmios. Até hoje não sei porque mudeide emissora.

1974 à 1978 – A seguir, fui para a Rádio Mulher. Lanceina Rádio Mulher o programa vesperal: “A Tarde comVida”. O programa ia ao ar das 14 às 18 horas. Erabom. Várias entrevistas. Quadros fixos. Algunscolaboradores. Beth Carmona era uma. Thais, minha

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filha também. Ela estava me auxiliando desde aTV Gazeta. Bastante jovem, bastante ativa e bonita.Marcinha, minha sobrinha, estava também. Duas moçaslindas. O programa foi até 1978. Cansou. Aos ouvintes?Parece que não. Aos donos da emissora? Parece que sim.A mim... totalmente!

1976 – Em dezembro de 1978, Gianni Gasparinetti,oengenheiro italiano, meu marido, faleceu. Um grandeamigo que se foi precocemente. Senti solidão. Friodentro da alma.

1978 – Me aposentei. Pela primeira vez na vida, recebiasem trabalhar. Gostei. Será que gostei???

1978 – Aposentada, mas ainda “quase jovem”. Era ofim do voo? Era o fim da carreira? Da carreira, sim.Da Vida – não!

1978 – Ainda. Entrei para a Igreja Messiânica. E poucotempo depois, ao lado de mais quatro pessoas da minhafamília, minha filha Thais, seu marido, pois ela estavarecém-casada e minhas duas irmãs Helle e Poema,engajamo-nos numa caravana messiânica e fomos aoJapão, sede central da igreja. De lá, após vinte e poucosdias, empreendemos volta ao mundo. Vários países daÁsia, depois Europa novamente . Países já visitados.Países nunca vistos. Mais três meses viajando. Viajão!

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1978 - Ainda? Que ano incrível!! Quando saí dasEmissoras Associadas, um diretor distraído, creio eu,me processou. Desconhecia meu atestado liberatóriodado por outro diretor. É verdade que o processo levouoito anos. Testemunhas. Recursos e coisa e tal. Mas nofinal das contas: ganhei. Eu era funcionária estável, tinhavários direitos. E a vitória me permitia recuperação docargo, equiparação salarial com os que ganhavam mais,etc. Ou indenização correspondente. Uma bela somapara a época. Vitória e tanto. É verdade que apresenteiao juiz uma relação de 50 nomes de novelas e teatros(TVs de Vanguarda, TVs de Comédia e Grandes TeatrosTupi), onde eu fazia ou o papel principal, ou no máximoo segundo papel . Eu era sempre a protagonista ou aantagonista.. Nunca papeis secundários. E eu entãopoderia voltar com um salário condizente com minhasfunções. Mas eu preferi não voltar. Com a demora doprocesso, porém e minha carteira profissional retida pelasEmissoras Associadas, sofri. Tirei outra carteira, é claro.Mas tive que me registrar como autônoma, desde queentrei na TV Gazeta. E também foi assim que trabalheina TV Record, e na Rádio Mulher. A verdade é quesobrevivi. Vivi. Venci.

1980 - Quando voltei da viagem internacional, tinha umaidéia na cabeça; Um plano. Não era voltar para atelevisão. Nem eu mesma sabia explicar, mas não queriavoltar. O embate jurídico com a TV Tupi, tinha memagoado muito. Em verdade o meio televisivo estavaconfuso em São Paulo. A TV Excelsior havia falido, aTV Tupi, 10 anos depois, também. A Rede Record sofreu

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uma série de incêndios. A TV Bandeirantes também. AGazeta....bem a Gazeta , a tão gostosa Gazeta, semprecom tão pouco audiência.... E todos os artistasimportantes de todas as emissoras e principalmente daTV Excelsior, haviam se transferido para o Rio, para aTV Globo, que inaugurou em 1965 , mas começou acrescer realmente em 1970. São Paulo estava confuso...tão confuso......

1981 – Cursos Vida Alves de Comunicação. Essa era aidéia tida na viagem. Convenci Thais, minha filha, a ircomigo nessa caminhada nova. Minha primeira neta, denome Tiê, tinha nascido. Mas os pais se desentenderam.E Thais, já formada em Artes Plásticas e SensibilizaçãoArtística, tinha que voltar a trabalhar. Formamos umadupla, ela e eu. Fizemos o roteiro de um curso decomunicação, com a finalidade de desembaraçar aspessoas. Tirar delas a dificuldade de falar em público,fosse ele grande ou pequeno. Público alvo? Todos, todosaqueles que sentissem inibição de falar para grupos. Afala exige uma ordem nos pensamentos, que nem todospossuem.E vieram políticos, empresários, vendedores, professores,até senhoras de meia idade, sofridas, caladas,fechadas....... Fizemos contratos com várias empresas.Estivemos em todo o Brasil. Do Oiapoc ao Chuí. Todosos estados. Todas as capitais e as cidades grandes.Viajávamos todas as semanas Muitas vezes a garotinhaTiê ia junto. Vários módulos de curso. Mais longos, maiscurtos. Próprios para vendedores, próprios para aquelassenhoras sofridas.... Usando sempre o vídeo-teipe.Mostrando a cada um, o que cada um era. Sucesso.

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Vinte anos de curso. 30 mil alunos. Vida professora. Vidamestra. Boa mestra.

E a televisão ficando para trás... cada vez maispara trás...

Vida Alves dando aulas

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1993 – Saudade. Foi aí que veio a saudade. E veioatravés de um sonho... ou de uma ilusão? Ou de umaalucinação?

Um colega de televisão havia falecido. Cassiano GabusMendes. O jovem diretor artístico dos primeiros dias. Fuiao seu enterro. Perto do caixão, consternada, contrita,calada, de repente ouvi uma voz: “Vida, Vida”. Espantei.Olhei em torno. Nada vi. Depois outra vez ouvi a voz: “Vida, você precisa olhar a escalação”. – “Eu? Mas eunão estou mais na televisão. Faz quinze anos que saí”.“Olhe assim mesmo. Você precisa fazer alguma coisapela televisão. Não era o que você procurava? A suamissão?”.

Espanto, susto, transfiguração. Era a voz do Cassiano.Mas ele estava ali, morto, já em outra dimensão”. E eu... ouvindo sua voz? Quem poderia explicar essacoisa?

Por meses ,o fato não me saiu da cabeça. O que teriasido aquilo? Quem teria falado comigo? Por que aquelaalucinação?

Sem mesmo contar o fato às pessoas, telefonei aoscolegas mais íntimos. Walter Forster, Lia de Aguiar, LuizGallon, Walter Ribeiro dos Santos, Ana Maria Neumann...Falei que queria fazer uma reunião e rever amigos.Gostaram. Marcaram. e poucos meses depois, uma festaanimada. Emocionada. Todos se abraçavam, choravam,agradeciam o convite. Queriam mais reuniões. Queriamformar um clube, ou uma associação.

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Senti medo. Resisti. Tinha certeza de que fizessem o quefizessem, cairia tudo em minhas mãos, nos meus ombros,nas minhas costas.

Por que eu? Por que eu? Que temperamentoextravagante sempre tive eu?

1994 – Mais de um ano se passou. O grupo, porémestava formado, e cresceu. Chegou o Blota Júnior, oÁlvaro de Moya, o Cyro Del Nero, outros tantos.Encontros, reuniões, estatutos, redação... Um dia escolheram o nome. Concluíram que Apite era oideal. Associação dos Pioneiros da Televisão Brasileira. EVida Alves seria a presidente.

Será? Será que finalmente eu encontrara minha missão?Mas que missão seria essa? Comandar velhoscompanheiros? E levá-los para onde? Para um clube?Para uma associação? Para um museu? Para deixarregistrado e impresso em anais históricos a saga docomeço da televisão? Sua implantação?

Deus! Afinal o que é uma missão?É um desejo ardente? É uma obrigação?É um sonho? É uma alucinação?É a razão de ser de uma vida?

A missão de minha mãe, viúva do Dr. Heitor Alves,engenheiro, poeta, ela viúva,com 30 anos e com cinco

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filhos, tendo a mais velha apenas sete anos, sua missãoera alimentar, educar, formar. Missão clara, concreta,difícil, mas reta. Certa. Perfeita, alcançada.Mulher heroína.

E a minha ???

Que missão era essa, que chegava a mim, nos meus65 anos, e era tão difusa, confusa? Que missão eraafinal?Sem resposta clara, sem conclusão, andei em frente.Caminhei, caminhei. Caminhei. Entreguei minha vida àela. Sem receber nada por isso, pois presidente nãopode ter remuneração, era do estatuto. Trabalhei todosos dias, todas as horas, busquei amigos, bati em portas,realizei coisas, sofri, chorei, mas fui feliz, é a verdade.Transformei-me numa “velha – jovem,” sem tempo deenvelhecer, e afinal concluí que ter uma missão ésimplesmente ter um sonho.

E... “I have a dream”.

Martim Luther King teve um sonho... que BarackObama está tentando realizar, longo tempo depois. Quem sou eu para me comparar a Luther King, mas...eu também tenho um sonho....... que um dia heide realizar.

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Associação

1993 – A Associação, cujo primeiro nome foi APITE, tevesua 1ª reunião em 1993. Emoção. Choro. Saudade.Muita gente. Muito sonho.Local do encontro? – residência de Vida Alves, onde umsalão grande era destinado às aulas dos cursos Vida Alvesde Comunicação. Lugar ideal para os encontros, poisabrigava até 100 pessoas. Foi no mês de maio de 93.O primeiro coquetel festivo. A alegria foi geral. E ossonhos foram tantos...

1994 – Só um ano depois, em maio de 94, outroencontro festivo. Um almoço de confraternização.Vida Alves cheia de dúvidas e medo. O grupo fechandoo cerco. Reunião, discussão, estudos e por fim, oestatuto, as escolhas.

1994 - Setembro. Apresentação da primeira diretoria noClube Piratininga, num Baile de Confraternização. VidaAlves a presidente, Blota Junior o vice-presidente.Nascia a Apite, afinal.

1995 – A indecisão permanecia. Só em dezembro do anoseguinte outra reunião festiva. Um brunch. Sempre nacasa de Vida Alves.

1996 – Finalmente aconteciam as reuniões. Em 13 deagosto de 96 passamos a nos reunir num espaço cedidopelo pioneiro amigo Lemos Britto, à rua 13 de maio, no

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bairro do Bexiga. E lá nos reuníamos mensalmente. E emsetembro quando a televisão TUPI completava 46 anos,fizemos um grande almoço no Restaurante Dom Place,do colega e pioneiro Marcos Plonka.Só nesse ano fizemos 24 reuniões, entre grandes epequenos encontros. Trabalhamos a todo vapor.

A entidade dos pioneiros começava a vingar. E Vida Alvesa se entregar a ela completamente, tendo dito de público,em uma cerimônia na sala especial da Lemos Brito:“A esta Associação me entregarei de corpo e alma,de hoje até o último dos meus dias”. Estava assinadoali um pacto de sangue, entre a atriz pioneira e aAssociação Pioneira.

Reunião dos pioneiros na Apite

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A Trajetória da Apite

Não posso cansar os leitores. Pelo contrário. Queroatraí-los. Não vou detalhar ano a ano o que a Associaçãofez, em seus quase quinze anos de existência. Farei resumo do que fizemos, do que fomos, do quesomos. Colocaremos números. E colocarei os fatos.Quero que os conheçam. São muitos. Mas sãoverdadeiros. E podem ser provados, por termos os fatosfotografados, filmados.

Para começar e para que nos entendam, saibam:

Em 1994 – Fomos registrados e recebemos o nome deApite – Associação dos Pioneiros da Televisão Brasileira.

Em 1998 – Passamos a nos chamar Appite – Associaçãodos Pioneiros, Profissionais e Incentivadores da TelevisãoBrasileira – nome mais abrangente.

Em 2003 – Passamos a ser PRÓ-TV, nome mais modernoe definitivo.

Vida Alves eMeire Nogueira

em evento daPró-TV

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ATIVIDADES

Somando os trabalhos da APITE, da APPITE e da Pró-TV,vimos que nossas atividades foram muitas, nesses nossosanos de luta.

1- EXPO-FOTOS- Começamos fazendo Expo-Fotos, poisassim chamamos nossas exposições de fotos antigas quepossuímos e elas são mais de 4000. Fizemos exposiçõesem lugares importantes, entre os quais:” TheatroMunicipal de São Paulo”;” MIS - Museu da Imagem e doSom”; “Caixa Econômica Federal”, da Praça da Sé;“Câmara dos Vereadores de São Paulo”, por três vezes,”Assembléia Legislativa de São Paulo”, por duas vezes;“Saguão da Sala São Paulo”,”Clube Nacional”;”Conjunto Nacional”, e muitos outros lugares, num totalde 70 exposições.

2-COQUETÉIS - As Exposições foram sempreacompanhadas por coquetéis. E houve mais algunsavulsos. Foram ao todo 80 coquetéis.

3-PALESTRAS- Alunos das principais universidadespaulistas procuraram a Associação dos Pioneiros.Universidades como: Machenzie, FAAP, Oswaldo Cruz,Anhembi Morumbi, Universidade Metodista e váriasoutras. Fizemos ao todo 40 palestras.

4-TEATROS- Fizemos apresentações em grandes teatros,como: “ Teatro São Pedro”, por cinco vezes; “ Memorialda América Latina”, por duas vezes; “Theatro Municipal”-Salão Nobre; “ Centro Cultural São Paulo”; “ Sala São

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Paulo”, onde recebemos 400 Artistas em um público de1400 pessoas. E vários outros teatros. Ao todo foramonze shows.

5-ANIVERSÁRIOS - Festejamos muitos aniversários.Alguns coletivamente, outros individualmente. Podemoscitar os 80 anos de Vida Alves, com jantar para 120pessoas.

6-ALMOÇOS- Eles foram realizados em restaurantesvariados. Citemos: Gigeto, Dom Place, Café Brechó,Restaurante Suruí, e muitos outros. Ao todo 45 almoços.

7- CHÁS. Fizemos vários chás. O principal deles foioferecido por Paulo Markun, presidente da FundaçãoPadre Anchieta, quando a Televisão Brasileira completou57 anos.

8-MISSAS- Mandamos realizar 14 missas , por intençãoàs almas dos falecidos naquele ano. Foram todasrealizadas na Igreja Nossa Senhora de Fátima. No bairrodo Sumaré.

9- BAILE- Foi realizado um só, quando da apresentaçãoda primeira diretoria. Não fizemos mais bailes. Pareceque os pioneiros estão “enferrujados”

10- PROGRAMAS DE TV. Fizemos 203 programas:”Encontro com os Artistas”, em várias TvsComunitárias do Brasil. E 112 programas:“ TV História”, na Rede NGT.

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11 - PUBLICAÇÕES: Fizemos 74 “ Jornal Pró-TV”, comtiragem de 1000 cópias, que são distribuídasmensalmente aos sócios e amigos.12-LIVROS- Lançamos vários livros sobre televisão, oucolaboramos ou incentivamos colegas a fazê-lo. Só noano de 2008, a Pró –TV lançou pela Imprensa Oficial deSão Paulo, os livros: “ Tupi”, de Vida Alves;“Rede Manchete”, de Elmo Francfort; “Queridinha do Meu Bairro”, de Sônia Maria Dorce.Foi ainda publicado o livro: “De Noite Tem”, de EuricoNeiva e Mauro Gianfrancesco, ex-diretor da Pró-TV;”Essa Louca Televisão e Sua Gente Maravilhosa”,escrito por Ana Rosa. Devemos frisar, que quando anossa entidade começou, não havia livros sobre amatéria e os estudantes reclamavam. Hoje aspublicações sobre televisão são muitas. Devemosfrisar ainda que possuímos uma pequena bibliotecacom aproximadamente 1000 livros, sendo 400,sobre televisão, rádio e artes. Os estudantes aquifazem seus Trabalhos de Conclusão de Curso, osfamosos TCC.

13 – MUSEU VIRTUAL – Estamos há vários anos no ar.Nosso portal é: www.museudatv.com.br. Ele é sempre atualizado. E devemos ressaltar que neleestão no momento (2009) 1250 biografias de pioneiros,com fotos.Estamos sempre acrescentando mais.

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TEMOS:- Fitas de vídeo – Temos 300.- Temos material de iluminação.- Temos scripts de rádio e TV.- Temos roupas cênicas.- Temos 18 televisores, de várias épocas.- Temos Peças Raras – Primeira câmera da TV – TK-30 - A câmera DXC-1200 (TV Globo) - Primeiro televisor colorido Philips, recebido pelo diretor Enéas Machado de Assis - Luminárias - Temos inúmeros troféus, ganhados por artistas, entre os quais: 8 Roquete Pinto.

- Fizemos em 2008, parceria com o Grupo Memoriarte,para realizarmos grandes eventos em prefeituras. Fizemosdois eventos grandiosos no Espaço Sabina em SantoAndré: “Mundo dos Bonecos, Bonecos do Mundo” e“De Olho na Terra” – Cada um com visitação de110.000 estudantes.

O Grupo Memoriarte, parceira da PRÓ-TV, é formadopor profissionais, como Dan La Laina Sene, Roseli Biage,Eliana Lobo, chefiados por Rita Okamura.

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14 – PRÊMIO PRÓ-TV – Foi criado por nossa associação,para enaltecer pioneiros, pelo conjunto de suas obras.São distribuídos em várias ocasiões especiais. Jáentregamos 50 prêmios PRÓ-TV. Distribuímos tambémplacas de prata e diplomas de honra ao mérito aalgumas categorias especiais e a colaboradores daPró-TV.

15 – CERIMÔNIAS OFICIAIS- Queremos registrar aqui,que desde o começo de nossas atividades , realizamosvárias visitas a prefeitos e governadores de estado. - A primeira foi uma visita de 100 artistas ao prefeitoPaulo Maluf, no Palácio das Indústrias. -Estivemos com o prefeito Celso Pitta.- Estivemos com o governador Mário Covas, no Paláciodos Bandeirantes. - Estivemos com o governador Geraldo Alckmin, noPalácio dos Bandeirantes.- Fomos homenageados três vezes na Câmara dosVereadores de São Paulo. A 1ª pelo vereador Brasil Vita.A 2ª, pelo vereador Ricardo Montoro E a 3 ª pelovereador Antonio Goulart.- Fomos homenageados três vezes na AssembléiaLegislativa de São Paulo. Duas vezes pelo deputadoRicardo Tripoli e a 3ª, pelo deputado Afanásio Jazadji.- Estivemos em Brasília, na Câmara dos DeputadosFederais, a convite do Deputado FederalDuílio Pisaneschi.- Fomos recebidos na casa do Deputado Federal AécioNeves.

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- Fomos recebidos pelo então presidente da repúblicaFernando Henrique Cardoso. - Estivemos com o prefeito Gilberto Kassab. Ao todo foram 18 cerimônias oficiais.Sempre procurando apoio, para erguer o Museu daTV Brasileira.

Tivemos grandes conquistas.

Foram elas:

1ª – Dia Nacional da Televisão – Em 2001, poriniciativa da PRÓ-TV, o deputado federal Duílio Pisaneschiconseguiu a aprovação do decreto, que instituiu o18 de setembro como o Dia Nacional da TV(inauguração da TV tupi, em 1950). Uma comitiva depioneiros foi à Câmara dos deputados, em Brasília: VidaAlves, Paulo Cabral de Araújo ( presidente dos DiáriosAssociados), Paulo Machado de Carvalho Neto(presidente da ABERT), Mauro Salles e muitos outros.

2ª – IPHAN – A PRÓ-TV, no início do ano, foi registradapelo Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico eNacional, órgão da Secretaria da Cultura (GovernoFederal). Assim, o Museu da Televisão Brasileira, passou aser órgão museológico.

3ª – Lei 14.756 – Em 29 de maio de 2008, a PRÓ-TVconseguiu a aprovação desta lei. O Prefeito de São Paulo,Gilberto Kassab, aprovou “a lei que cria o Museu doRádio, da Televisão e Novas Mídias”. Idéia que

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partiu do projeto de lei do Vereador Dr. Farhat. Um passoà frente, para a criação do Museu da Televisão.

4ª – 50 Anos da TV – A PRÓ-TV comemorou em grandeestilo, o meio século de existência da televisão brasileira.Fez 10 expo-fotos, diversas mesas redondas,palestras, exibição de filmes, lançamento de livros,festa no Theatro São Pedro, Theatro Municipal deSão Paulo, Memorial da América Latina , napresença de 400 artistas de SP e RJ e mais 1.500convidados. A festa foi exibida pela TV Cultura.Foram feitas mais de 980 reportagens sobre asfestividades. A associação ainda participou da elaboraçãode séries especiais sobre a data: “TV Ano 50”(Rede Globo) e os debates “50 Anos de TV”(Rede Cultura).

5º - Em 2008, o acervo da PRÓ-TV virou tema deiniciação cientifica da USP – com o apoio da FAPESP(Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

6º - Em 2009, estamos em processo de registro daassociação na OSCIP (Organização da Sociedade Civilde Interesse Público).

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Conclusão

Acho que para ser apenas um “libreto”, está de bom tamanho o que escrevi até agora. Não posso cansar os leitores.

O que eu queria e quero, porque quero, porque quero (agora a expressão foi colocada aqui só de brincadeira), o que eu queria, enfim, é que todos conhecessem minha história, minha luta, minha obsessão e me apoiassem. Ou, pelo menos, me dessem razão.

O Brasil precisa ter um Museu da Televisão. O Brasil merece ter um Museu da Televisão. Melhor dizendo: São Paulo merece, pois foi aqui, exatamente aqui que a Televisão Brasileira nasceu em 1950, há quase 60 anos atrás.

A importância da televisão para o país, ninguém nega. Se observarmos nossa extensão territorial, se observarmos nosso povo, seus costumes, seus hábitos, seus gostos, vamos verificar que tudo está ligado à televisão. Ela passou a ser um fator determinante, em nossas vidas. E nossa história, pode-se dizer, divide-se em antes e depois da televisão. Grandes campanhas de vacinação, grandes propagandas sobre amamentação, crescimentos sociais, nos são passados pela televisão.

Não estou menosprezando o rádio, pelo amor de Deus. Ele foi o meu nascedouro, o meu ninho. E ele terá o seu lugar sempre.

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Tanto que quando erguermos o Museu da Televisão, há de ser: MUSEU DO RÁDIO, TELEVISÃO E NOVAS MÍDIAS.

Mas o que eu quero, afinal, fazendo este livrinho, contando os pontos principais de minha vida artística, e pinceladas breves da história da Pró-TV?

O QUE EU QUERO É QUE VOCÊ COLABORE COMIGO, OU MELHOR CONOSCO,OS PIONEIROS DA TELEVISÃO.

Como?

-Falando com outras pessoas sobre o assunto;-Fazendo doações de materiais artísticos antigos;-Falando com políticos seus conhecidos;-Conhecendo a Sede da Pró-TV;-Sendo Sócio da Pró-TV;- Comparecendo às nossas reuniões;- Ou..... Ou...... Ou......

Lembrem-se: os pioneiros viveram a saga da implantação da televisão no Brasil, e querem deixar essa história registrada ao mundo. E basta!

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Vida Alves: uma mulher feliz

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Livros da autora

- “Comunicação Vivencial É Vida” (Instituto Vida Alves)

- “Vida... Uma Mulher!” (Editora Totalidade)

- “TV Tupi: Uma Linda História de Amor” (Coleção Aplauso, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo)

- “A Minha Missão!”

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No título deste livro lê-se: A minha Missão! A luta de Vida Alves para erguer o Museu da Televisão Brasileira. Nesse título há duas palavras que precisam ser analisadas. Em primeiro lugar a palavra missão. Palavra estranha. Forte. Longa. Indefinível. Só quem a sente, compreende.

Só isso, só essa “sensação” explica o fato de Vida Alves ter dedicado todo esse último período de sua vida, quando já está com 80 anos, num trabalho diuturno, dentro da PRÓ-TV, montando o acervo, fazendo palestras, escrevendo em poucos meses mais de mil biografias para o portal do Museu. E fazendo contas e mais contas para pagar no fim do mês. Isso, Vida Alves define como sua missão. E que outra palavra explicaria tanto sacrifício?

Luta – Contradizendo todo o primeiro parágrafo desta página, que pode dar a impressão de que Vida Alves escolheu se sacrificar e sofrer, é preciso que se entenda a palavra luta como uma graça, uma dádiva, um presente do céu, que só poucos recebem. E Vida Alves recebeu. E é o de não ter tempo de sofrer, e nem de envelhecer. É conseguir achar que ter 80 anos ou 20, é a mesma coisa, ou quase... quando se tem um sonho grande, uma Missão!Deu pra entender alguma coisa?