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GOVERNO DO ESTADO DE RORAIMA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO, PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO e COORDENAÇÃO DA ÁREA DE HUMANAS NEPTE NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM TEORIAS DO ESTADO Rua Sete de Setembro, nº 231 Bairro Canarinho Tel.: (95) 2121-0944/2121-0943 CEP: 69.306.530 BOA VISTA/RR 2012/2013

Livro de Resumos Do Ciclo de Debates

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Nepte politica

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  • GOVERNO DO ESTADO DE RORAIMA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA

    PR-REITORIA DE PESQUISA E PS-GRADUAO, PR-REITORIA DE EXTENSO

    e COORDENAO DA REA DE HUMANAS NEPTE

    NCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM TEORIAS DO ESTADO

    Rua Sete de Setembro, n 231 Bairro Canarinho

    Tel.: (95) 2121-0944/2121-0943 CEP: 69.306.530 BOA VISTA/RR

    2012/2013

  • ELEMAR KLEBER FAVRETO (Org.)

    Livro de Resumos do Ciclo de Debates:

    A Filosofia e a Cincia Poltica na formao da cidadania

    Promoo:

    NEPTE - Ncleo de Estudos e Pesquisas em Teorias do Estado UERR - Universidade Estadual de Roraima Campus de Boa Vista

    BOA VISTA/RR

    2012/2013

  • UERR - Universidade Estadual de Roraima Campus de Boa Vista - RR

    De 29 de agosto a 29 de novembro de 2012

    Ciclo de Debates: A Filosofia e a Cincia Poltica na formao da cidadania

    NEPTE - Ncleo de Estudos e Pesquisas em Teorias do Estado

    UERR - Universidade Estadual de Roraima

    Comunicaes, Palestras e Mesas-redondas

    Copyright

    Edio

    Editor

    Projeto de Capa/Diagramao

    Dados internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    Boa Vista - RR 2012/2013

  • OBJETIVOS DO EVENTO:

    Fomentar o debate sobre os princpios de justia que formam o Estado e

    a sua estrutura organizacional;

    Promover o conhecimento cientfico atravs da discusso de temas

    pertinentes sociedade;

    Incentivar a populao do estado de Roraima a discutir o conceito de

    poltica, onde possam refletir sobre a atividade poltica e o

    desenvolvimento das polticas;

    Auxiliar na formao dos alunos da rea de Humanas, atravs de

    apresentaes de palestras, comunicaes e conferncias.

    Comisso organizadora do evento:

    Prof. MSc. Elemar Kleber Favreto (Coordenador)

    Eliana Maria de Oliveira Lima (Estudante)

    Eliza Menezes de Lima (Estudante)

    Glria Maria Vieira de S (Estudante)

    Hecilda Gomes Cidade (Estudante)

    Organizador do livro de resumos:

    Prof. MSc. Elemar Kleber Favreto

  • SUMRIO

    APRESENTAO ............................................................................................. 6

    PROGRAMAO GERAL DO EVENTO ........................................................... 7

    1 CICLO Mesas Redondas ......................................................................... 7

    2 CICLO Palestras ...................................................................................... 8

    3 CICLO Mesas de Comunicaes ............................................................. 8

    RESUMOS DAS PALESTRAS .......................................................................... 9

    A ARTE E O PENSAMENTO CONTEMPORNEO SEGUNDO MERLEAU-

    PONTY ............................................................................................................ 9

    PATRIMNIO CULTURAL EM RORAIMA.................................................... 10

    A SOCIEDADE DE CONTROLE E O MUNDO PS-MODERNO ................. 11

    O PAPEL DA FILOSOFIA NA FORMAO DA CIDADANIA ....................... 13

    MODERNIDADE E PS-MODERNIDADE ................................................... 14

    A CRTICA DA MORAL EM NIETZSCHE ..................................................... 16

    MODERNIDADE E PS-MODERNIDADE NAS CINCIAS HUMANAS ...... 17

    PS-MODERNIDADE, MOVIMENTOS SOCIAIS E SOCIOLOGIA .............. 18

    CAMINHOS E DESCAMINHOS DO ENSINO DE FILOSOFIA ..................... 19

    A TICA SOCRTICA .................................................................................. 21

    RESUMOS DAS COMUNICAES ................................................................ 23

    UNIVERSIDADE PARA TODOS X RESPEITO S DIVERSIDADES ........... 23

    WITTGENSTEIN, ANTSTENES E OS LIMITES DA LINGUAGEM .............. 26

    DISCUSSES SOBRE A JUSTIA EM PLATO ........................................ 27

    NDICE DE AUTORES ..................................................................................... 30

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    APRESENTAO

    A reunio em torno de temas de Filosofia e Cincia Poltica uma

    oportunidade rara para a populao de Roraima, j que no parece haver um

    incentivo do Estado para tais discusses, nem a iniciativa de organizaes para tais

    encontros. Reunies desse tipo permitem o verdadeiro encontro com o pensamento

    e a prtica poltica, devendo ser cada vez mais uma prtica dentro das Instituies,

    sejam elas Universidades ou no.

    O Ciclo de Debates: a Filosofia e a Cincia Poltica na formao da cidadania

    foi um evento promovido pelo NEPTE - Ncleo de Estudos e Pesquisas em Teorias

    do Estado.

    O NEPTE foi criado no dia 13 de fevereiro de 2012, pelos pesquisadores: da

    Universidade Estadual de Roraima (UERR): Claudio Travassos Delicato e Gladson

    Paulo Milhomens Fonseca, professores do curso de Sociologia; Elemar Kleber

    Favreto e Francisco Rafael Leidens, professores do curso de Filosofia da UERR;

    Lucas Endrigo Brunozi Avelar, professor do curso de Histria; Elionete de Castro

    Garzoni, professora do curso de Geografia; e da Universidade Federal de Roraima

    (UFRR): Cristiane Bade Favreto e Adriano Melo Medeiros, professores do curso de

    Artes Visuais. Posteriormente, no final do segundo semestre do mesmo ano,

    juntaram-se ao grupo os pesquisadores: Marcos Alexandre Borges e Rafael Parente

    Fernandes Dias, professores do curso de Filosofia da UERR; e Jesus Marmanillo

    Pereira, professor do curso de Sociologia da UERR. Tendo por objetivo ampliar a

    viso da populao do estado de Roraima sobre os conceitos de: poltica, polticas,

    Estado, democracia e cidadania.

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    PROGRAMAO GERAL DO EVENTO

    1 CICLO Mesas Redondas

    Dia: 29/08/2012 Quarta-feira Local: Sala 21 do campus de Boa Vista Horrio: das 19h s 22h Tema: "Democracia e Estado" Professores convidados:

    Jesus Marmanillo Pereira (Sociologia/UERR) Doutorando em Sociologia (UFPB)

    Andr Augusto da Fonseca (Histria/UERR)

    Doutorando em Histria Social (UFRJ/UFRR)

    Francisco Rafael Leidens (Filosofia/UERR)

    Mestre em Filosofia (UFPEL)

    Dia: 24/09/2012 Segunda-feira Local: Auditrio do campus de Rorainpolis Horrio: das 19h s 22h Tema: "Modernidade e Ps-modernidade nas Cincias Humanas" Professores convidados:

    Jesus Marmanillo Pereira (Sociologia/UERR)

    Doutorando em Sociologia (UFPB)

    Gladson Paulo Milhomens Fonseca (Sociologia/UERR)

    Mestre em Cincias Sociais (UFRN)

    Cludio Travassos Delicato (Sociologia/UERR)

    Doutor em Cincias Sociais (UNESP/Marlia)

    Dia: 20/11/2012 Tera-feira Local: Auditrio do campus de Caracara Horrio: das 19h30m s 22h Tema: "Modernidade e Ps-modernidade nas Cincias Humanas" Professores convidados:

    Elionete de Castro Garzoni (Geografia/UERR)

    Mestre em Geografia (UFMS)

    Cristiane Bade Favreto (Artes Visuais/UFRR) Mestre em Histria (UNIOESTE)

    Elemar Kleber Favreto (Filosofia/UERR)

    Mestre em Filosofia (UNIOESTE)

    Dia: 29/11/2012 Quinta-feira Local: Auditrio do campus de Boa Vista Horrio: das 19h s 22h Tema: "Modernidade e Ps-modernidade nas Cincias Humanas" Professores convidados:

    Jesus Marmanillo Pereira (Sociologia/UERR)

    Doutorando em Sociologia (UFPB)

    Francisco Rafael Leidens (Filosofia/UERR) Mestre em Filosofia (UFPEL)

    Adriano Melo Medeiros (Artes Visuais/UFRR)

    Mestre em Filosofia (UFPE)

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    2 CICLO Palestras

    Dia: 21/11/2012 Quarta-feira Local: Sala 21do campus de Boa Vista Horrio: das 19h s 19h30m

    Momento Cultural Horrio: das 19h30m s 20h30m Palestra: "A tica socrtica

    Rafael Parente F. Dias (Filosofia/UERR)

    Mestre em Filosofia (UGF) Intervalo Horrio: das 21h s 22h Palestra: "Modernidade e Ps-modernidade"

    Elionete de Castro Garzoni (Geografia/UERR)

    Mestre em Geografia (UFMS)

    Dia: 22/11/2012 Quinta-feira Local: Auditrio do campus de Boa Vista Horrio: das 19h s 19h30m Momento Cultural Horrio: das 19h30m s 20h30m Palestra: "Caminhos e descaminhos no Ensino de Filosofia"

    Marcos Alexandre Borges (Filosofia/UERR)

    Doutorando em Filosofia (UNICAMP) Intervalo Horrio: das 21h s 22h Palestra: "O papel da Filosofia na formao da cidadania"

    Elemar Kleber Favreto (Filosofia/UERR) Mestre em Filosofia (UNIOESTE)

    3 CICLO Mesas de Comunicaes

    Dia: 23/11/2012 Sexta-feira Local: Sala 13 do campus de Boa Vista Horrio: das 14h s 16h Tema: "Educao e Filosofia" Comunicao: "Universidade para todos X Respeito s diversidades"

    Airton Vieira de Souza (Letras/UERR)

    Aluno do curso de Letras da UERR, campus de Pacaraima Comunicao: " Wittgenstein, Antstenes e os limites da linguagem"

    Bruno Karl Matsdorff (Filosofia/UERR) Aluno do curso de Filosofia da UERR, campus de Boa Vista e Monitor da

    disciplina de Filosofia da Linguagem Comunicao: "Discusses sobre a Justia em Plato"

    Eliza Menezes de Lima (Filosofia/UERR)

    Aluna do curso de Filosofia da UERR, campus de Boa Vista e Bolsista de Iniciao Cientfica (PIIC/UERR)

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    RESUMOS DAS PALESTRAS

    A ARTE E O PENSAMENTO CONTEMPORNEO SEGUNDO MERLEAU-PONTY

    (Apresentada na Mesa-redonda: Modernidade e Ps-modernidade nas Cincias Humanas, em Boa Vista, no dia 29/11/12)

    Adriano Melo Medeiros Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

    Professor Assistente do Departamento de Artes Visuais da Universidade Federal de Roraima (UFRR)

    E-mail: [email protected] Resumo:

    Para Merleau-Ponty, o pensamento contemporneo se caracteriza por uma

    espcie de despertar do mundo percebido. Esse despertar se deve ruptura das

    artes, da filosofia e da cincia com o pensamento clssico, que desconsidera a

    percepo humana e o mundo sensvel na constituio de conceitos e no modo de

    compreenso dos fenmenos. Para ele, pensamento contemporneo um esforo

    para reencontrar o mundo tal como o captamos em nossa experincia vivida, com

    isso, o pensamento contemporneo faz uma reviso dos conceitos clssicos em

    nome da experincia.

    Tomando a pintura como exemplo, Merleau-Ponty mostra como os artistas

    contemporneos desconsideram o mundo idealizado e como eles buscam reproduzir

    o mundo que percebido pelos sentidos. E assim, apresenta como os conceitos

    tradicionais de espao, coisas sensveis, animalidade, Ser Humano, so

    completamente alterados pelo pensamento contemporneo. Utilizando-se de uma

    abordagem qualitativa numa pesquisa bibliogrfica sobre o livro Conversas 1948,

    de Merleau-Ponty, o artigo aqui resumido tem por objetivo identificar o

    encadeamento lgico dos raciocnios utilizados pelo autor e fazer uma anlise

    interpretativa dos mesmos evidenciando os limites e avanos da proposta merleua-

    pontyana.

    Atravs desse processo, concluiu-se que apesar das profundas diferenas

    que existem entre o pensamento clssico e o contemporneo, as fronteiras entre

    ambos nem sempre so to claras como se acredita serem de modo que se poderia

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    afirmar que ainda no houve uma ruptura de fato entre ambos, que a mesma ainda

    est em construo.

    PATRIMNIO CULTURAL EM RORAIMA Uma anlise sobre a preservao dos bens culturais

    (Apresentada na Mesa-redonda: Modernidade e Ps-modernidade

    nas Cincias Humanas, em Caracara, no dia 20/11/12)

    Cristiane Bade Favreto Mestre em Histria pela Universidade Estadual do Oeste do Paran (UNIOESTE)

    Professora Assistente do Departamento de Artes Visuais da Universidade Federal de Roraima (UFRR)

    E-mail: [email protected] Resumo:

    O patrimnio histrico e artstico de uma cidade caracteriza a identidade, a

    cultura e o passado desta, da a importncia da conscientizao de que todos ns

    temos que preservar e valorizar o patrimnio, no no sentido de explorar este

    turisticamente, mas de manter sempre viva e restaurada nossas razes culturais.

    Dado esse esclarecimento da importncia da preservao do patrimnio,

    cabe, a seguir, esclarecer as discusses que orientam este trabalho. Sendo assim,

    est anlise faz parte de uma pesquisa que venho iniciando no Estado de Roraima,

    cuja problemtica busca identificar os usos do patrimnio pelo setor privado, pblico

    e populacional do municpio.

    Para o desenvolvimento deste estudo problematizo se os patrimnios tm

    sido preservados ou no, considerando ainda como a criao do imaginrio social

    em referncia ao patrimnio do municpio.

    Ao estudar o patrimnio cultural de Roraima tem-se claro que necessrio

    analisar o uso dos espaos e dos lugares de memria, pois por meio dessa anlise

    compreende-se melhor a concepo destes em relao ao patrimnio.

    As fontes que norteiam esta pesquisa so os poucos materiais existentes que

    ressaltam sobre o patrimnio cultural do Estado e fontes orais com os setores

    sociais investigados. Desse modo, trabalharei com diferentes atividades, como, por

    exemplo, pesquisas tericas e de campo (atividades estas que envolvem pesquisas

    no museu Integrado de Roraima entre outros bens patrimoniais do Estado),

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    buscando sociabilizar esses conhecimentos em encontros cientficos e com a

    comunidade externa, j que subentende-se que este assunto pouco abordado e

    discutido localmente.

    O Estado precisa urgentemente de projetos que envolvam a comunidade,

    para que a mesma possa entender o quanto ampla a noo de patrimnio, e,

    como ela importante para uma populao.

    Alm disso, preciso destacar que devido a pesquisa se encontrar em fase

    inicial no tem-se concluses desta ainda, mas a hiptese que orienta est pesquisa

    que os setores investigados pouco conhece e preserva seu patrimnio cultural.

    Esta pesquisa tem uma grande relevncia social, pois ao estudar sobre o

    patrimnio compreendemos a memria do passado de um determinado grupo,

    ressaltando a identidade social deste, memria esta que pouco conhecida tanto

    pelo Estado, bem como pela populao brasileira.

    A SOCIEDADE DE CONTROLE E O MUNDO PS-MODERNO

    (Apresentada na Mesa-redonda: Modernidade e Ps-modernidade

    nas Cincias Humanas, em Caracara, no dia 20/11/12)

    Elemar Kleber Favreto Mestre em Filosofia pela Universidade Estadual do Oeste do Paran (UNIOESTE) Professor Assistente do Curso de Filosofia da Universidade Estadual de Roraima

    (UERR) E-mail: [email protected]

    Resumo:

    Em um pequeno artigo, intitulado Post-scriptum - sobre as sociedades de

    controle (inserido na obra Conversaes), Gilles Deleuze aponta uma transformao

    na estrutura da sociedade atual, que culminaria numa mutao do capitalismo, esta

    nova estrutura social intitulada por ele de sociedade de controle. Segundo ele, a

    partir de uma anlise j feita por Foucault, poderamos dividir as formas histricas de

    organizao social em trs principais tipos: as sociedades de soberania, onde o

    poder se concentraria no soberano, portanto, um poder centralizado, onde o

    monarca era a expresso do legtimo poder do Estado; as sociedades disciplinares,

    onde as instituies que deteriam o legtimo poder, sendo o Estado aquilo que

    organizaria e animaria este poder institucional; e, a sociedade de controle, onde o

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    poder estaria disperso no mercado, sendo o sistema financeiro o legitimador do

    poder, restando ao Estado a subordinao s flutuaes econmicas do mesmo.

    Nosso trabalho se detm mais especificamente nas sociedades disciplinares

    e nas sociedades de controle.

    Nas sociedades disciplinares, por exemplo, ns, indivduos, vivamos de um

    espao fechado a outro, de uma instituio a outra, afinal, no era s a priso que

    nos mantinha confinados, j que ao nascer j estvamos sob a tutela de nossos

    pais, e a nossa casa era o nosso lugar de dentro, o lugar em que nos

    encontrvamos protegidos das outras instituies e dos perigos de fora;

    posteriormente, comeamos a frequentar a escola e l nos encontramos em um

    novo dentro, j que no estvamos mais em casa, mas nos sentamos seguros

    dentro dos muros da escola. Depois, na juventude, a fbrica ou o quartel tornaram-

    se novas maneiras de permanecermos do lado de dentro, nos encontrvamos

    protegidos das outras instituies, afinal, no estvamos mais na escola, no

    estvamos mais na famlia.

    Depois da guerra, o mundo presenciou uma exploso de tecnologia,

    principalmente no setor de comunicao, gerando uma rapidez no envio e

    recebimento de informaes. A populao viu seus lares sendo bombardeados com

    informaes de todo o mundo. Os aparelhos de TV, por exemplo, tornaram-se, a

    partir dos anos 60, os principais eletrodomsticos dentro dos lares em todo o mundo.

    No entanto, estes aparelhos no so meras mquinas, so propagadores de

    informaes. Informaes estas que, em muitos casos, so cheios de ideologias e

    mensagens subliminares. Hoje percebemos um avano ainda mais rpido dos

    computadores e telefones, que so capazes de ligar o indivduo ao mundo todo em

    questo de segundos. A internet e a telefonia so os novos produtos da indstria da

    informao, que dita as regras de subjetivao diretamente aos indivduos, sem

    precisar passar pelo intermdio das instituies. Este o espao da mutao do

    capitalismo, este o espao das sociedades de controle.

    A proposta deste artigo, portanto, foi tentar retratar a atual sociedade ps-

    moderna atravs desta perspectiva deleuziana. Sabemos que a obra poltica de

    nosso autor se d numa perspectiva mais ampla de tentar expressar este tipo de

    sociedade capitalista da atualidade, mas seus fundamentos recorrem, de certo

    modo, aos aspectos mais epistemolgicos da mesma. No entanto, no nosso

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    intuito recair na obra mais vasta de Deleuze sobre a poltica e sim nos deter mais

    especificamente no artigo j mencionado.

    O PAPEL DA FILOSOFIA NA FORMAO DA CIDADANIA

    (Apresentada em Boa Vista, no dia 22/11/12)

    Elemar Kleber Favreto

    Mestre em Filosofia pela Universidade Estadual do Oeste do Paran (UNIOESTE) Professor Assistente do Curso de Filosofia da Universidade Estadual de Roraima

    (UERR) E-mail: [email protected]

    Resumo:

    A filosofia nasce como uma viso racional de mundo, j que tenta explicar os

    eventos naturais no mais atravs de uma orientao mitolgica, mas de uma

    anlise cosmolgica, antropolgica e epistemolgica da natureza. Se a filosofia

    procura na razo a fonte de toda a explicao de mundo, podemos dizer que a

    passagem do mito filosofia constitui um importante marco na histria da

    humanidade, j que fomenta a busca por uma verdade que se encontra na prpria

    natureza humana e no mais nas lendrias relaes entre os deuses.

    No podemos negar a importncia que o perodo mtico desta civilizao

    desempenhou no papel da formao do prprio homem grego. A Grcia se

    desenvolveu muito no perodo que compreende o sculo IX e o sculo V a. C.,

    tambm conhecido como perodo homrico. Tal desenvolvimento no se deu apenas

    no sentido religioso, mas tambm poltico, econmico, cultural, etc. O povo grego,

    uma mescla de vrios outros povos que viviam prximos ao mediterrneo, alcanou

    o seu apogeu nos sculos VI e V a. C., entrando em decadncia no sculo IV a. C.,

    quando foi dominado pelos macednicos. No auge de sua cultura que a filosofia

    floresceu e se espalhou por todas as partes da Grcia.

    A filosofia, entretanto, tambm teve um papel importante na formao da

    Grcia e de toda a cultura ocidental, j que foi atravs dela que a racionalidade

    comeou a se desenvolver, colocando-se como o mais alto grau de desenvolvimento

    da raa humana. Nesse sentido que podemos compreender tambm a construo

    do prprio Estado, j que ele se constitui atravs da figura das grandes cidades

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    gregas, que foram capazes de fornecer aos homens um meio de sobreviver s

    intempries da natureza. A cidadania grega s foi aprimorada com a filosofia, que

    mostrou as deficincias do Estado e a ignorncia das pessoas, buscando um ideal

    de justia e bondade que extrapolava a busca subjetiva das pessoas, levando-as a

    pensar o meio social em que viviam e o bem de toda essa comunidade.

    Assim, minha proposta nessa fala foi mostrar um pouco do pensamento de

    Plato sobre a poltica grega e as formas de governo, alm da crtica que este autor

    fez escola sofstica de sua poca. Tendo o intuito de demonstrar ainda que a

    acusao que Plato fez aos sofistas e democracia, pode muito bem ser

    empregada numa anlise do nosso sistema poltico democrtico. Neste contexto

    que passei a discutir o papel da educao no sistema poltico e a funo que ela

    possui na formao do cidado, principal pea desse sistema.

    MODERNIDADE E PS-MODERNIDADE Conceitos, situaes e condies geogrficas

    (Apresentada na Mesa-redonda: Modernidade e Ps-modernidade nas Cincias

    Humanas, em Caracara, no dia 20/11/12; e apresentada em Boa Vista, do dia 21/11/12)

    Elionete de Castro Garzoni

    Mestre em Geografia pela Universidade Federal de mato Grosso do Sul (UFMS) Professora Assistente e Coordenadora do Curso de Licenciatura em Geografia da

    Universidade Estadual de Roraima (UERR) E-mail: [email protected]

    Resumo:

    O presente trabalho tem o intuito primordial de promover contextualizao

    sobre as designaes dos perodos histricos, os principais acontecimentos neles

    ocorridos, e o reflexo que promovem na contemporaneidade, com nfase na cincia

    geogrfica. Para tanto, parte-se de abordagem ldica a partir de figuras de sapatos

    de pocas passadas, especificamente de datas prximas a 1700 e promove-se

    interao com a plenria, buscando indicar adjetivos aos referidos sapatos.

    Na sequencia, apresentada a Linha do Tempo com as convenes

    histricas e nominativas de cada um dos perodos vividos pela humanidade

    (Paleoltico, Neoltico, Idade dos Metais, Idade Antiga, Idade Mdia, Idade Moderna,

    Idade Contempornea), permitindo concluir que o perodo conhecido como Idade

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    15

    Moderna abarcava desde 1453 d. C. a 1789 d.C., quando tem incio a Idade

    Contempornea e, consequentemente, que os sapatos demonstrados

    anteriormente so modernos e no antigos como foram designados a partir do

    senso comum.

    Enfatizou-se, ento, a relevncia dos sujeitos sociais estarem historicamente

    situados e partiu-se para a contextualizao dos perodos histricos denominados

    Idade Moderna e Idade Contempornea respectivamente. Sobre a Idade

    Moderna apontou-se os principais fatos que a caracterizam, tais como:

    Renascimento, Reforma, Absolutismo, Mercantilismo e as Grandes Navegaes, a

    partir dos quais se fundamentou o paradigma cultural entre os sculos XVI e XVIII

    que coincide com a emergncia do capitalismo. Neste contexto fora apresentados os

    pilares da regulao, representado pelos contratualistas (Hobbes, Locke e

    Rousseau), e o pilar da emancipao, fundamentado pelas lgicas da racionalidade

    esttico-expressiva da arte e literatura, moral-prtica da tica e do direito e cognitivo-

    instrumental da cincia e da tcnica.

    Este cenrio culmina na constatao de alguns autores de que a

    modernidade se excedeu no cumprimento de algumas de suas promessas, ao

    mesmo tempo em que foi incapaz de cumprir outras, gerando uma situao de

    transio, aps a falncia dos princpios de regulao da sociedade: o mercado, o

    Estado e a comunidade (SANTOS, 1994, p. 70). Morin (2000, p. 72) complementa o

    raciocnio ao afirmar que se a modernidade definida como f incondicional no

    progresso, na tecnologia, na cincia, no desenvolvimento econmico, ento esta

    modernidade est morta. Tais reflexes avanam para a Idade Contempornea,

    buscando contextualiz-la a partir de seus principais fatos, quais sejam: Revoluo

    Francesa, Revoluo Industrial, Capitalismo, Repblica Democrtica e as duas

    grandes Guerras Mundiais. Este perodo histrico, tambm conhecido por ps-

    modernidade, gera inmeras divergncias entre as interpretaes dos autores sobre

    sua conceituao e papel na histria da humanidade, culminando na chamada crise

    de paradigmas vivenciada na contemporaneidade.

    Tal paradigma sentido em vrias frentes, como na economia, a partir de

    processos inflacionrios, desempregos em vrias partes do mundo, elevada taxa de

    juros, e crescimento das desigualdades; nas relaes do estado e poltica, as quais

    intensificam as prticas transnacionais, internalizam a economia, provocam

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    16

    migraes e contrapem o papel das organizaes governamentais; nas relaes

    entre global e local, a partir das quais as relaes sociais esto cada vez mais

    desterritorializadas e virtuais, fazendo surgir novas identidades regionais e

    organizando micro-identidades e guetos; em outras mudanas nas relaes sociais

    e estilos de vida, decorrentes do consumismo, narcisismo e standartizao da vida

    individual; e nas novas tecnologias, que convergem os tradicionais veculos de

    comunicao, especialmente pela rapidez do surgimento de novas mdias.

    A cincia geogrfica analisada neste contexto permite inferir que a forma

    como a humanidade tem utilizado a natureza, ou os chamados recursos naturais, e

    se apoderado do espao geogrfico, territorializando-o conforme suas demandas

    contemporneas, o que em muito compromete a distribuio equitativa entre os

    sujeitos sociais ao redor do globo, quer de subsdios materiais ou espirituais, bem

    como altera as potenciais relaes de identidade existentes no globo, levanto a

    humanidade a se questionar sobre qual o lugar que pretende chegar a partir de tal

    contexto.

    A CRTICA DA MORAL EM NIETZSCHE Acerca da interpretao deleuziana

    (Apresentada nas Mesas-redondas: Democracia e Estado, em Boa Vista, no dia

    29/08/12; e Modernidade e Ps-modernidade nas Cincias Humanas, em Boa Vista, no dia 29/11/12)

    Francisco Rafael Leidens

    Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) Professor Assistente e Coordenador do Curso de Filosofia da Universidade Estadual

    de Roraima (UERR) E-mail: [email protected]

    Resumo:

    O presente texto enfatiza as referncias a uma pr-histria e a uma ps-

    histria do processo de moralizao como bases argumentativas que permitem a

    Nietzsche formular sua crtica s pretenses de absoluto no h uma moral em

    si, de valor absoluto, mas apropriaes histricas que reorganizam o fim e o sentido

    de alguma coisa a partir de interesses singulares. As caractersticas posteriores de

    uma coisa no esto pr-determinadas na origem da mesma. A importncia da

    demarcao das configuraes pr-histricas do processo de moralizao, visa ao

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    menos isso, a saber: os acontecimentos e preceitos morais manifestos na histria

    efetiva no correspondem a uma necessidade intrnseca em relao origem do

    processo de socializao do homem. E o que mais relevante ainda: no h nada

    que impea o surgimento do homem supramoral (ps-histrico) nessa origem, ao

    contrrio, h uma indicao da consequente supresso da moral atravs do

    indivduo legislador. Todo domnio reativo da moral, seguindo a interpretao de

    Deleuze, nesse sentido, se deve a uma apropriao orientada pela vontade de

    poder, que encobre outras possibilidades morais justamente por impor-se de

    maneira absoluta na histria efetiva.

    MODERNIDADE E PS-MODERNIDADE NAS CINCIAS HUMANAS

    (Apresentada na Mesa-redonda: Modernidade e Ps-modernidade

    nas Cincias Humanas, em Rorainpolis, no dia 24/09/12)

    Gladson Paulo Milhomens Fonseca Mestre em Cincias Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do

    Norte(UFRN) Professor Assistente e Coordenador do Curso de Sociologia da Universidade

    Estadual de Roraima (UERR) E-mail: [email protected]

    Resumo:

    O paradigma ps-moderno , entre outras coisas, significou um momento de

    reflexo epistmica e histrica, nas cincias humanas. Um conjunto de mudanas

    emergentes das sociedades ps-industriais colocou em questo a racionalidade e o

    universalismo que por sculos serviram de base para a cincia moderna.

    E nesse mbito de mudanas, Francis Fukuyama defendeu uma ideia de fim

    da histria associada a queda do projeto socialista de sociedade. Essas tentativas

    de explicao da sociedade significaram todo um esforo terico e interpretativo que

    visava da conta de uma situao que punha em cheque os princpios e explicaes

    cientificas mais universais. Em meio ao contexto de emergncia de varias

    mobilizaes de protesto em nome das causas feministas, raciais, de direitos etc..

    autores como Michel Foucault e Jean Franois Lyotard ofereceram uma

    possibilidade de cincia pautada na crtica aos referentes universais de valor.

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    Lanando forte crtica aos processos de institucionalizao das

    metanarrativas esses autores nos possibilitam analisar as relaes de poder que

    resultam nas verses explicativas finais que ordenam a sociedade moderna,

    demonstrando que servem como uma histria unificada e particular, cuja inteno

    parece legitimar uma srie de prticas, uma auto-imagem cultural, um discurso ou

    uma instituio.

    Rompendo com a ideia de universalizao e homogeneidade, herdadas de

    uma noo moderna de sociedade, os novos movimentos sociais trouxeram a tona a

    ideia de conflito no interior da classe expondo toda a complexidade que permeia as

    relaes sociais da sociedade contempornea.

    Nesse sentido, o paradigma ps-moderno significou uma postura terico

    metodolgica de auto-reflexo da cincia em sua forma de auto-reproduo e

    relao com as novas dinmicas histricas do sculo XX.

    PS-MODERNIDADE, MOVIMENTOS SOCIAIS E SOCIOLOGIA

    (Apresentada nas Mesas-redondas: Democracia e Estado, em Boa Vista, no dia

    29/08/12; e Modernidade e Ps-modernidade nas Cincias Humanas, em Rorainpolis, no dia 24/09/12 e, em Boa Vista, no dia 29/11/12)

    Jesus Marmanillo Pereira

    Doutorando em Sociologia pela Universidade Federal da Paraba (UFPB) Professor Assistente do Curso de Sociologia da Universidade Estadual de Roraima

    (UERR) E-mail: [email protected]

    Resumo:

    A presente comunicao pretende abordar o paradigma da ps- modernidade

    por meio de uma reflexo epistemolgica realizada sobre a teoria dos movimentos

    sociais. Nesse sentido, sero trabalhadas: a noo de ps-modernidade, as teorias

    dos movimentos sociais e suas implicaes terico-metodolgicas, e a possibilidade

    de uma sociologia autnoma.

    Para estudiosos como Carlos A. Gadea, a ps-modernidade seria uma

    espcie de crtica modernidade histrica, suas instituies e valores. Por outro

    lado, a crtica tambm se faria aos mtodos de anlise e marcos tericos. Nesse

    sentido, tal paradigma se faz presente tanto na sociedade, expressado no confronto

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    entre instituies universais e mobilizao de minorias, quanto na rea sociolgica,

    quanto, por meio da crtica aos princpios modernos da cincia.

    Nesse mbito, as teorias sobre movimentos sociais podem nos fornecer

    elementos importantes para a compreenso da relao entre as mudanas sociais e

    as limitaes e esforos de compreenso sociolgica. Tal debate traz a tona que as

    especificidades e diferenas histricas significam a necessidade de problematizar

    determinadas categorias fundamentadas na legalidade histrica dos processos

    sociais europeus.

    Contrariando a teoria marxista ortodoxa, os movimentos sociais no Brasil se

    constituem de forma heterognea, se caracterizam por mltiplas lutas e no fazem,

    necessariamente, frente dominao hegemnica. Tal situao coloca o desafio de

    considerar as limitaes da categoria classe e a experincia histrica especifica.

    Entre outras coisas, tais procedimentos enfatizam a necessidade de problematizar

    as formas como so utilizadas as teorias norte-americanas e europias, atentando

    para uma observao mais livre de pr-noes e focada sobre as experincias e

    caractersticas locais. Essa atitude possibilitar o desenvolvimento de uma

    sociologia orientada pelas caractersticas empricas da sociedade atual, e no pelas

    ideais- vinculadas a concepo moderna de sociedade.

    CAMINHOS E DESCAMINHOS DO ENSINO DE FILOSOFIA

    (Apresentada em Boa Vista, no dia 22/11/12)

    Marcos Alexandre Borges

    Doutorando em Filosofia pela Universidade de Campinas (UNICAMP) Professor Assistente do Curso de Filosofia da Universidade Estadual de Roraima

    (UERR) E-mail: [email protected]

    Resumo:

    O debate sobre o ensino de filosofia na Educao Bsica nunca deixou de ser

    importante, mas nos ltimos anos ele passou a ser ainda mais necessrio e urgente.

    Necessidade e urgncia devidas, principalmente, ao recente retorno da disciplina

    Base Nacional Comum da Educao Bsica, e ainda mais recente extenso da

    sua carga horria aos trs anos do Ensino Mdio. Aps dcadas de uma espcie de

    exlio, ou ao menos de um tratamento, por assim dizer, secundrio, a filosofia volta

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    a fazer parte das disciplinas obrigatrias deste nvel educacional, ao menos nos

    seus trs ltimos anos. No h dvidas de que se trata de uma importante conquista

    para a filosofia, mas tambm para a Educao Bsica e, principalmente, os seus

    estudantes, que passam a ter atendido o seu direito de entrar em contato com

    conhecimentos filosficos. Ou, nas palavras de Derrida, passam a ter atendido o seu

    direito filosofia.

    O retorno da filosofia nas escolas, assim como o da sociologia, algo

    bastante recente, e vale lembrar que no se trata de uma rea do conhecimento

    nova, que acaba de ser descoberta, o que explicaria a recente implantao da

    disciplina na Educao Bsica. Muito pelo contrrio. Junto com a sociologia, a

    filosofia foi extrada dos currculos escolares por um longo perodo de nossa histria,

    o que no foi feito sem propsitos. Este cenrio evidencia que o retorno da Filosofia

    nas escolas , no Brasil, algo deveras recente; a disciplina passa, ainda, por um

    perodo de consolidao, em que muitas questes sobre como deve ser o seu

    ensino ainda esto em aberto. Nesta direo, diversas tem sido as publicaes com

    opinies ou teses sobre metodologia de ensino, concepes de ensino, concepes

    de filosofia, concepes de ensino de filosofia, discusses sobre o material que deve

    ser utilizado, sobre o modo de organizar a disciplina, se temtica ou historicamente,

    entre outras importantes discusses. O que absolutamente natural, pois tendo

    garantida a presena da disciplina na Educao Bsica, necessrio que se pense

    em alternativas para que os docentes saibam como ela deve ser ensinada neste

    nvel educacional.

    Uma das teses mais influentes encontrada nas publicaes recentes sobre o

    ensino de filosofia aquela que defende que o professor de filosofia no deve

    ensinar filosofia, mas a filosofar. O que remete seguinte questo: como a disciplina

    de Filosofia no deve ensinar Filosofia? Em um primeiro momento tal tese soa

    estranha. Os defensores dessa tese geralmente partem de uma afirmao atribuda

    a Kant, de que no se pode aprender Filosofia, mas somente a filosofar. A partir de

    uma leitura de certa passagem presente na Segunda Seo da Doutrina do Mtodo

    da Crtica da Razo Pura, alguns pesquisadores estabelecem uma dicotomia entre

    ensinar filosofia e ensinar a filosofar.

    Concordando com Kant, ou seja, defendendo a tese de que s possvel

    ensinar a filosofar e no a filosofia, h um entendimento de que o ensino de filosofia

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    deve se pautar na atividade propriamente filosfica, no filosofar, no na filosofia que

    como afirma o filsofo de Kningsberg, no possvel de ser aprendida. De modo

    geral, as defesas dessa tese mencionam que as aulas de Filosofia devem ser

    filosficas e, assim, devem fazer com que os alunos filosofem, tal como fazem e

    fizeram os filsofos. Do contrrio, podem correr o risco de serem aulas de histria da

    filosofia to somente, no de filosofia. Esta exposio pretende refletir sobre o

    ensino de filosofia, e trazer alguns problemas concernentes ao tema, problemas

    estes relacionados tese do ensinar a filosofar.

    Pretende-se questionar essa tese consideravelmente predominante entre

    professores de Filosofia da educao bsica, e apontar algumas perigosas

    consequncias que ela pode trazer ao ensino da filosofia se interpretada do modo

    corrente. A pergunta bsica com a qual a tese referida pode ser questionada a

    seguinte: ensinar filosofia se ope a ensinar a filosofar? Alm de bsica, essa

    questo parece simples. No entanto, ao comear a refletir sobre ela,

    necessariamente se chega a outras questes que se colocam como condio para

    que ela seja respondida. Questionar se h oposio entre ensinar filosofia e ensinar

    a filosofar exige que questionemos se h oposio entre filosofia e filosofar. Que, por

    sua vez, nos conduz a outras questes ainda mais fundamentais: o que a

    filosofia? e o que o filosofar?.

    O presente trabalho no pretende tanto construir respostas, mas

    questionamentos sobre o tema proposto. Tendo em vista que as boas respostas

    dependem de boas perguntas, o presente trabalho pretende fazer esta tarefa

    primeira, visando, em outra oportunidade, dar o passo adiante.

    A TICA SOCRTICA

    (Apresentada em Boa Vista, no dia 21/11/12)

    Rafael Parente Ferreira Dias Mestre em Filosofia pela Universidade Gama Filho (UGF)

    Professor Assistente do Curso de Filosofia da Universidade Estadual de Roraima (UERR)

    E-mail: [email protected]

    Resumo:

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    As discusses morais da poca socrtica se desenvolvem sobre o pano de

    fundo de uma herana cultural formada essencialmente pela moral homrica. Desde

    aquela poca percebe-se uma preocupao com o carter do ser humano. Neste

    sentido, sero apresentados dois conceitos relacionados ao agir humano (agente

    moral). Primeiramente ser analisada a formao do homem grego com base nas

    premissas morais de Homero. Posteriormente confrontaremos a tica homrica com

    a socrtica.

    Antes de Scrates, o modelo tico fundamental da Grcia arcaica extrado

    dos poemas de Homero. Prevalece uma moral baseada no ideal heroico de

    afirmao de si: ser sempre o primeiro, o melhor e superior aos outros; esta a

    principal recomendao que o velho Peleu dirige a seu filho Aquiles (Ilada XI, 784),

    esse valor pode se manifestar no combate, na fora empregada para afirmar os

    desejos e at mesmo na inteligncia que, por exemplo, Ulisses demonstrou na

    Guerra de Troia. Destarte, a posse da virtude proporcional as faanhas realizadas;

    esse ideal de afirmao de si que faz buscar o desafio e a competio est

    associado a uma moral da vergonha e da honra.

    Ao contrrio, Scrates no exaltar os bens exteriores, mas os interiores. A

    virtude (aret) no estar vinculada as batalhas vencidas tampouco fama, mas

    unicamente a um bem interior. De acordo com Munique Cantor, Scrates estabelece

    a tese segundo a qual todos os seres humanos perseguem o bem, que prpria

    felicidade. A eudaimonia socrtica afirma que conhecimento e virtude so pr-

    requisitos essenciais para uma vida feliz. No possvel ser justo sem ter adquirido

    previamente o conhecimento da justia. Sendo assim, conhecimento, virtude e

    felicidade formam uma equao matemtica, sem a qual no possvel alcanar

    uma vida feliz.

    Outro ponto importante da moral socrtica refere-se ao prazer designado

    como um vcio da alma. O homem torna-se escravo de si mesmo quando no

    controla os prazeres advindos dos instintos e desejos inferiores: gula, luxria,

    preguia, etc. Tais vcios geram um tipo de prazer que no conduz felicidade, mas

    escravido.

    Portanto, a essncia da tica socrtica o domnio da razo sobre o vcio, o

    conhecimento de que as virtudes da alma so as nicas que podem ns conferir

    uma vida feliz.

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    RESUMOS DAS COMUNICAES

    UNIVERSIDADE PARA TODOS X RESPEITO S DIVERSIDADES

    Airton Vieira de Souza

    Acadmico do Curso de Letras da Universidade Estadual de Roraima (UERR) -

    Campus de Pacaraima E-mail: [email protected]

    Resumo:

    Esta Comunicao objetiva debater uma prtica cada vez mais difundida em

    nosso (ps)moderno sistema educacional, inserida no programa federal

    Universidade para todos. Ela se traduz no que Amilton Werneck cunhou como a

    poltica do voc finge que ensina e eu finjo que aprendo.

    Para auxiliar esta modesta contribuio, tomo inicialmente a citao do prof.

    Carlos Ramalhete, em seu artigo Universidade para quem? (conf.

    www.horadesj.org.br):

    Por mais que doa ao igualitarismo feroz que hoje domina a sociedade, necessrio reconhecer que o ensino superior deve forosamente ser restrito para que continue sendo superior. No falo de restries financeiras, mas de uma restrio natural: a intelectual.

    Devido ao pano de fundo estar centrado no igualitarismo liberal

    revolucionrio, do qual herdamos o ainda mal compreendido liberdade-igualdade-

    fraternidade, tentaremos esboar alguns de seus desdobramentos para posterior

    dissecao, que a bem do ensino superior esperamos que ocorra.

    H quase quatro dcadas fiz meu primrio. Hoje no o troco pela grande

    maioria das universidades. E minha preferncia no caminha s, pois muitos mopes

    e astigmticos como eu vm enxergando o que enxergo. Sinal de fumaa!

    Casualidade ou no, especialmente a partir do to afamado acordo

    cinquento MEC-USAID o ensino brasileiro vem degringolando a olhos vistos:

    alunos no mais reprovados, professores no mais reprovando, escolas no mais

    delimitando necessrias diferenas e acentuando absurdas igualdades, professores

    paulatinamente perdendo qualidade e moral, contedos e metodologias se

    espumando num mar de relatividades, crescentes taxas de laudo psiquitrico e

    venda de tarja preta entre o pblico docente, ensino mdio profissionalizante

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    (Tcnico) e de formao de professores (Normal) diludos no superior, que passou a

    ofertar cursos como o de visagismo e esttica capilar (crente de que finalmente far

    a cabea da moada); tudo terminando por desaguar na igualitria poltica de

    incluso que na prtica no passou de simples (mas bem arquitetada) poltica de

    intruso. Verdadeiro laissez-faire, laissez fassett.

    Os arautos da libert, igualit, fraternit podero aqui sugerir que o presente

    artigo no figure no evento pleiteado por ser de um politicamente incorreto, digamos,

    cabeludo. Apelemos ento ao bom e velho bom senso: que docente em s

    conscincia no lastima o nvel vertiginosamente deplorvel dos alunos, os mesmos

    que muito em breve recebero de seus prprios discentes idnticos reclames, se

    assim optarem pela carpida profisso? Ou qual mestre comprometido no carrega a

    angustiante percepo do desastre que causou e continua causando uma poltica

    to nefasta quanto da Universidade para todos, posto que direitos no devam

    advir de acidentes como os de cor de cabelo, nmero do sapato ou variao de

    quilogramas, mas de carter, capacidade, virtuosismo, empenho etc. utilizando a

    boa e velha linguagem escolstica, que para a filosofia (ps)moderna carece ser

    exorcizada (no s a linguagem!), como vaticinou determinado professor em

    determinado vdeo distribudo pelo MEC s escolas pblicas do pas?

    No percebendo (?!) que o sofisma Universidade para todos vai de encontro

    a outro, de mesma matriz, o do Respeito s diversidades, o governo continua

    trombando, ou melhor, dando trombadas com suas polticas desastradas e

    desastrosas de cunho scio-liberal, cujo reflexo na Educao j mais que

    transparente. Ento, vejamos: como respeitar as diversidades obrigando

    universidades a receber e (tentar!) formar um pblico sem aptido natural para a

    dinmica universitria, que como observou acima Ramalhete no foi feita para

    todos, mas para alguns, os mais aptos intelectualmente? Ou se continuar negando

    o que praxe no liberalismo igualitrio que os indivduos sejam diferentes,

    portadores de qualidades especficas e distintas tendncias cuja maioria no

    converge a um estudo sistemtico e meticuloso como o do (que era e deveria voltar

    a ser) superior? Ou se continuar a negar que os Q.Is no obedecem lei da

    igualdade no fora de mecanismo artificial ou ideologia religiosa, mas por sua

    realidade e natureza?

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    Por que ento insistir em aceder intruso esta sim artificial porque

    concebida a frceps de um pblico que naturalmente no deveria ser o acadmico,

    na Academia? Por que aprovar compulsoriamente para depois conduzi-lo ao

    patbulo e guilhotina universitrios? Por que no deixar dedicar-se s capacidades

    natas que possui e das quais daria cabo sem preciso de togas ou canudos? Por

    que ainda a submisso ditadura dos nmeros, forjados para usaid ver?

    O que aqui fazemos, tenha-se clareza, no apologia discriminao,

    preconceito ou racismo, termos caros aos defensores de ECAs, Direitos Humanos,

    cotas e minorias. Trata-se simplesmente do pr ordem na casa aplicando a

    mxima popular do cada macaco no seu galho para que todos sejam de fato

    respeitados em sua real diversidade. Isto que respeito, e este o respeito que

    resultar no bom funcionamento do tecido social, de per se e sabiamente

    desigual.

    Toda verdade no nada alm do bvio. Em consequncia, a liberdade ao

    erro e mentira, como ocorre em relao falsa ideia de que Universidade deve-

    se liberar geral, um glaucoma que vem obscurecendo a lmpida viso do bvio,

    que nos atesta a todo o momento que nivelamentos necessariamente se fazem por

    baixo, pelo inferior. Da que no ser mero acaso a gritante aterrissagem de

    qualidade no ensino das ltimas dcadas, permitindo caridosamente acompanhar a

    lio quem aterrissa ao nvel superior sem saber ler ou escrever (em sentido lato).

    Tal pblico aps usurpar a vaga alheia, ato contnuo deriva, evidenciando a

    realidade termo to indigesto ao (ps)moderno de que, por um lado estamos

    lotados de calouros sem a mnima vocao, mrito ou capacidade, o que

    compromete alunos, professores, cursos, universidades e sociedade em geral; por

    outro, sobretudo em respeito s autnticas diversidades, Universidade jamais

    deveria ser para todos.

    Da que, ou protegemos o Ensino Superior e a Universidade como filhos

    dedicados a pais enfermos ou continuaremos com duas diversidades inferiores: uma

    fingindo que ensina a outra que finge aprender.

    Sentemos sobre a ponta do iceberg e reflitamos, academicamente!

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    26

    WITTGENSTEIN, ANTSTENES E OS LIMITES DA LINGUAGEM

    Bruno Karl Matsdorf

    Acadmico do Curso de Filosofia da Universidade Estadual de Roraima (UERR) -

    Campus de Boa Vista Monitor da Disciplina de Filosofia da Linguagem do Curso de Filosofia da

    Universidade Estadual de Roraima (UERR) E-mail: [email protected]

    Resumo:

    Do pargrafo 243 at o pargrafo 315 de suas investigaes filosficas,

    Wittgenstein nos apresenta um conjunto de reflexes que ficou conhecido como o

    argumento da linguagem privada. P. H. S. Hacker, comentando o trabalho de

    Wittgenstein, identificar as principais caractersticas daquela linguagem privada

    atacada por ele, dentre elas, um comprometimento com a ideia de que a funo

    essencial das palavras seria nomear itens da realidade, sob a pressuposio de que

    a conexo entre a palavra e o mundo efetivada por definio ostensiva, a

    concepo de que as experincias so inalienveis e epistemicamente privadas e a

    concepo de que as exteriorizaes de experincias privadas resultam do

    autoconhecimento e que, portanto, no se pode ter acesso introspectivo

    experincia de terceiros.

    Wittgenstein apresentar argumentos que colocaro em xeque tais

    caractersticas. Seu posicionamento repercutir no trabalho de outros pensadores e,

    por ir de encontro a concepo corrente sobre a gnese da linguagem, ser

    particularmente relevante como crtica ao mentalismo, uma linha de estudos da

    filosofia da mente.

    As contribuies do filsofo grego Antstenes de Atenas filosofia da

    linguagem foram por muito tempo desconhecidas ou superficialmente consideradas.

    A tese de Carlos de Almeida Lemos intitulada Antstenes de Atenas ou sobre o

    prazer da linguagem rompe com aquela realidade e nos apresenta contornos bem

    delineados das consideraes lingusticas do filsofo. Em sua tese, Lemos sustenta

    que Antstenes buscava a enunciao correta de cada palavra. Para o grego, a

    confuso lingustica iniciada pelos sofistas com seus discursos falaciosos s era

    possvel pela enunciao incorreta dos nomes. Para Antstenes, uma vez entendida

    a natureza da problemtica, estaramos livres da contradio, que segundo ele, no

    existe e apenas aparente. Tal reflexo desgua na impossibilidade da definio, o

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    que gera severos problemas epistemolgicos para o progresso da filosofia, na

    poca, nascente. Segundo Lemos, as objees de Antstenes foram e ainda so

    relevantes na construo do conhecimento filosfico e tanto Aristteles quanto

    Plato debateram as posies de Antstenes em seus estudos, sem as vencer

    totalmente.

    O presente texto quer contribuir para discusso de diferentes tpicos da

    filosofia inserindo o pensamento original de Antstenes de Atenas ao mosaico de

    proposies filosficas estruturantes do conhecimento. Para tanto, ser necessrio

    expor as importantes reflexes epistemolgicas de Antstenes. As consideraes

    dele sobre a linguagem, comparadas s contribuies de Wittgenstein para a

    discusso, demonstram como o argumento da linguagem privada j era parte

    constituinte de um conjunto de proposies sobre a linguagem feitas pelo filsofo

    grego muito antes das consideraes de Wittgenstein. Tentaremos evidenciar isso

    partindo de trs pontos que parecem convergentes no trabalho de ambos: 1. A

    palavra no tem sua gnese em uma experincia privada; 2. Os seres humanos no

    expressam o que so sensaes e ideias utilizando a linguagem, embora acreditem

    que o fazem; 3. Existe uma espcie de "regra" pblica para uso das palavras. Alm

    disso, o presente trabalho buscar nas divergncias entre as duas maneiras de

    pensar, indcios de como Wittgenstein e Antstenes entendiam os limites da

    linguagem.

    DISCUSSES SOBRE A JUSTIA EM PLATO Uma exposio do Livro I dA Repblica de Plato

    Eliza Menezes de Lima

    Acadmica do Curso de Filosofia da Universidade Estadual de Roraima (UERR) -

    Campus de Boa Vista Bolsista de Iniciao Cientfica Institucional da Universidade Estadual de Roraima

    (PIIC/UERR) E-mail: [email protected]

    Resumo:

    O Livro I dA Republica de Plato formado por dez livros, o Livro I o

    objetivo do trabalho em questo. Este Livro, que pode ser considerado um proemio

    dois outros nove, contm algumas das definies de Justia que so exploradas no

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    decorrer da obra, j que para se definir como seria o Estado ideal aquele

    governado pelo Filsofo-Rei necessrio que se entenda o que Justia.

    H, segundo alguns comentadores de Plato, quatro definies de Justia no

    referido livro, pois consideram que Scrates a define como sendo Virtude, porm

    este texto limita-se a desenhar as outras definies que aparecem no Livro, que so

    as dada por Cfalo, Polemarco e Trasmaco, o que endossa o carter aportico do

    escrito.

    Segundo Cfalo, Justia seria [...] dizer a verdade e devolver o que se

    tomou (PLATO. A Repblica. Traduo do grego J. Burnet. Traduo do ingls

    Maria Helena Rocha Pereira. Lisboa: Fundao Calouste Gulbenkian, 1949, 331d.),

    definio logo refutada por Scrates, que diz que nem sempre justo restituir algo

    algum e que Justia no consiste apenas em restituio.

    Polemarco, filho de Cfalo, segue a mesma definio do pai, e apesar de dar

    duas definies para a questo, permanece na mesma linha de raciocnio do pai.

    Inicialmente, Justia aparece a ele como [...] restituio do que lhe devido[...]

    (Ibidem, 331e ), mas aps algumas interferncias socrticas ele diz que seria mais

    preciso afirmar que Justia auxlio aos amigos e prejuzo aos inimigos (Ibidem,

    334b.). Scrates refuta-o quando diz que se o mal aparecer-lhe como bem e o bem

    como mal, o justo estaria sendo injusto, e portanto Justia no poderia consistir em

    nenhuma das duas definies.

    Ao comear a discusso com Trasmaco, o sofista, deixa claro que no

    aceitar qualquer definio que no trate do que a essncia de Justia. Sabendo

    que Plato era um grande crtico da prtica sofista de ensinar, ele coloca em sua

    obra um sofista para poder criticar toda a classe, dizendo que os mesmos poderiam

    se libertar da ignorncia, pois convivem com os dialticos, mas no se desprendem

    do Mundo dos Sentidos, j que julgam ser os mais sbios. A discusso das

    passagens 328c 354c do Livro I caracterizada pela definio que Trasmaco d a

    Justia o que conveniente ao mais forte - e a refutao de Scrates a essa

    definio que seria exatamente o contrario, a convenincia do mais fraco. O Livro I

    termina em aporia, mas durante seu desenvolvimento podemos perceber a

    perspectiva poltica de Plato quanto ao governo da polis. Scrates, se tratando de

    uma personagem, no ocupa o lugar do filsofo, pois possui claramente a postura

    de quem no sabe de nada e assim no tem acesso a eidos das coisas, mas

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    ocupa o lugar de algum que est buscando conhecer, instigando e refutando todos

    os conceitos a ele apresentados, ficando apenas com os conceitos capazes de lev-

    lo ao Mundo das Ideias, que onde para Plato est a verdadeira Justia.

    Contradizendo, dessa maneira tudo o que Trasmaco tenta convencionar de que a

    Justia, pois ele a coloca num mbito pessoal, onde permite a mutabilidade do

    conceito e tambm sua refutao, como vista no Livro em questo.

    E com o objetivo de discursar sobre os conceitos de Justia encontrados no

    Livro I, conclumos esse texto, mas deixando claro que no a pesquisa sobre a

    Justia, j que ela tema de discusso que percorre principalmente os quatro

    primeiros livros da obra A Repblica onde ir se discursar ainda sobre o Elogio

    Mentira e sobre o eidos de Justia, que ser melhor trabalhado em outros textos.

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    NDICE DE AUTORES

    Adriano Melo Medeiros 09

    Airton Vieira de Souza 23

    Bruno Karl Matsdorf 26

    Cristiane Bade Favreto 10

    Elemar Kleber Favreto 11

    Elionete de Castro Garzoni 14

    Eliza Menezes de Lima 27

    Francisco Rafael Leidens 16

    Gladson Paulo Milhomens Fonseca 17

    Jesus Marmanillo Pereira 18

    Marcos Alexandre Borges 19

    Rafael Parente Ferreira Dias 21