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A CONTRIBUIÇÃO DA LOGÍSTICA REVERSA PARA REDUÇÃO DOS CUSTOS E DO IMPACTO AMBIENTAL 1 Conceição Aparecida Pereira Barros 2 Lucinéa Aparecida Nascimento 3 Renata de Cássia de Oliveira 4 Profª. Ms. Adriana Nunes Lacerda e Prestupa 5 RESUMO O presente artigo tem como objetivo identificar as contribuições da logística reversa para redução dos custos e impacto ambiental. Devido ao avanço tecnológico e o crescente consumismo aumentou-se a quantidade de resíduos e produtos obsoletos a serem descartados. A logística reversa vem contribuir com a preservação do meio ambiente e o uso consciente dos meios de fabricação. O método utilizado foi uma pesquisa qualitativa e descritiva, com coleta de dados primários e secundários, além de um estudo de caso em uma empresa de essências. Em muitas empresas existe o preconceito quanto à implantação da logística reversa. Sendo assim, muitas empresas implantam-na apenas como uma obrigação legal a ser cumprida. Palavras-chave: Logística reversa. Sustentabilidade. Impacto ambiental. Embalagens. 1. INTRODUÇÃO A logística é de grande importância para a empresa, pois engloba toda a cadeia de suprimentos desde a compra da matéria prima até a entrega do produto ao cliente. Constitui um fator essencial na satisfação e conquista de clientes, pois quando a expectativa destes é superada, o respeito pela empresa está garantido. 1 Artigo científico apresentado ao Curso de Administração da Faculdade de Ciências Gerenciais - FACIG, como requisito parcial para conclusão do curso. 2 Aluna do Curso de Administração da Faculdade de Ciências Gerenciais de Cláudio-MG. 3 Aluna do Curso de Administração da Faculdade de Ciências Gerenciais de Cláudio-MG. 4 Aluna do Curso de Administração da Faculdade de Ciências Gerenciais de Cláudio-MG. 5 Professora Mestra – Orientadora. ______________________________________________________ Revista Ciências Gerenciais em Foco – Nº 1 – 2013

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  • A CONTRIBUIO DA LOGSTICA REVERSA PARA REDUO DOS

    CUSTOS E DO IMPACTO AMBIENTAL1

    Conceio Aparecida Pereira Barros2

    Lucina Aparecida Nascimento3

    Renata de Cssia de Oliveira4

    Prof. Ms. Adriana Nunes Lacerda e Prestupa5

    RESUMO

    O presente artigo tem como objetivo identificar as contribuies da logstica reversa parareduo dos custos e impacto ambiental. Devido ao avano tecnolgico e o crescenteconsumismo aumentou-se a quantidade de resduos e produtos obsoletos a serem descartados.A logstica reversa vem contribuir com a preservao do meio ambiente e o uso conscientedos meios de fabricao. O mtodo utilizado foi uma pesquisa qualitativa e descritiva, comcoleta de dados primrios e secundrios, alm de um estudo de caso em uma empresa deessncias. Em muitas empresas existe o preconceito quanto implantao da logstica reversa.Sendo assim, muitas empresas implantam-na apenas como uma obrigao legal a sercumprida.

    Palavras-chave: Logstica reversa. Sustentabilidade. Impacto ambiental. Embalagens.

    1. INTRODUO

    A logstica de grande importncia para a empresa, pois engloba toda a cadeia de

    suprimentos desde a compra da matria prima at a entrega do produto ao cliente. Constitui

    um fator essencial na satisfao e conquista de clientes, pois quando a expectativa destes

    superada, o respeito pela empresa est garantido.

    1Artigo cientfico apresentado ao Curso de Administrao da Faculdade de Cincias Gerenciais - FACIG, comorequisito parcial para concluso do curso.2 Aluna do Curso de Administrao da Faculdade de Cincias Gerenciais de Cludio-MG.3 Aluna do Curso de Administrao da Faculdade de Cincias Gerenciais de Cludio-MG.4 Aluna do Curso de Administrao da Faculdade de Cincias Gerenciais de Cludio-MG.5 Professora Mestra Orientadora.

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  • Logstica o processo de gerenciar estrategicamente na empresa a aquisio,movimentao e armazenagem de matria-prima, peas, produtos acabados e demaismateriais, alm dos fluxos de informao recprocos, atravs da organizao de seuscanais de marketing, tornando possvel a maximizao das lucratividades presentes efuturas atravs do atendimento dos pedidos dos clientes a custos reduzidos(CRISTOPHER apud GUARNIERI, 2011, p. 32).

    Logstica reversa o processo inverso da cadeia de produo; preocupa-se em retornar

    as embalagens e produtos obsoletos para recolocar novamente no processo de produo.

    Segundo Rogers e Tibben-Lembke citados por Santos et al (2009, p. 139) logstica reversa

    [...] o processo de movimentao dos produtos da sua tpica destinao final para outro

    ponto, com o propsito de capturar valor ou envi-lo para destinao segura".[...]

    Como nas ltimas dcadas tem crescido a preocupao com o meio ambiente com a

    busca constante para reduzir as agresses natureza, as empresas tm recorrido logstica

    reversa para minimizar estes impactos e atender legislao ambiental, conquistando a

    confiana dos consumidores que valorizam empresas que tm responsabilidade social e

    ambiental.

    O objetivo deste estudo identificar as contribuies da logstica reversa para reduo

    dos custos e impacto ambiental. Para atingir o objetivo geral, os seguintes objetivos

    especficos foram traados: conceituar e compreender o sistema de logstica e logstica

    reversa; identificar as contribuies para as empresas; contextualizar embalagens e sua

    importncia.

    A logstica reversa apresenta vantagens competitivas para a empresa, contribui para a

    sustentabilidade do planeta e reduo de resduos. Segundo Daga citado por Campos, (2006,

    p. 2), um sistema eficiente de logstica reversa pode vir a transformar um processo de retorno

    altamente custoso e complexo em uma vantagem competitiva.

    Realizou-se uma pesquisa qualitativa descritiva, bibliogrfica, pesquisa documental e

    contato direto atravs de um estudo de caso em uma empresa de essncias, situada no

    municpio de Carmo da Mata-MG.

    Esse artigo conceitua logstica e logstica reversa; logo aps analisa as contribuies

    da logstica reversa para a empresa e por que utiliz-la. Em seguida, aborda a dificuldade da

    implementao de software, a importncia das embalagens, os custos em logstica reversa e a

    legislao existente. Por fim, apresenta a metodologia, o estudo de caso realizado em uma

    empresa de essncias e expe as consideraes finais.

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  • 2. REFERENCIAL TERICO

    2.1 Logstica

    Segundo Novaes (2004), inicialmente o conceito de logstica estava ligado s

    operaes militares, grupos logstico militares responsveis pelo abastecimento de munio,

    mantimentos e socorro mdico para o campo de batalha. Por se tratar de uma operao de

    apoio, sem o prestgio do campo de batalha, nem sempre tinha reconhecimento adequado. Nas

    empresas, durante um bom perodo de tempo, quando uma indstria precisava transportar seus

    produtos da fbrica para depsito ou loja, esse manejo de mercadoria era visto como um custo

    que no agregava valor ao produto.

    Atualmente a viso de logstica mudou, pois ela vem agregar valor ao produto/

    servio, buscando a satisfao, fidelizao do cliente, lucratividade, competitividade e

    garantindo o posicionamento da empresa perante o mercado. De acordo com Bowersox e

    Closs (2001, p.19) o objetivo logstica tornar disponveis produtos e servios no local onde

    so necessrios, no momento em que so desejados.

    A logstica engloba todo o processo desde a compra de matria prima, monitoramento

    dos pedidos, estocagem, produo e a entrega do produto ao cliente.

    Logstica o processo de planejar, implementar e controlar de maneira eficiente ofluxo e a armazenagem de produtos, bem como os servios e informaesassociados, cobrindo desde o ponto de origem at o ponto de consumo, com oobjetivo de atender aos requisitos do consumidor (NOVAES, 2004, p. 31).

    Atravs do controle dos processos possvel garantir ao cliente produtos no tempo

    certo e de forma correta.

    2.2 Logstica Reversa

    Segundo Stock citado por Leite (2009, p. 16) tem-se a seguinte definio: Logstica

    reversa: em uma perspectiva de logstica de negcios, o termo refere-se ao papel da logstica

    no retorno de produtos, reduo na fonte, reciclagem, substituio de materiais, reuso de

    materiais, disposio de produtos e embalagens [...].

    De acordo com Leite (2009), Logstica Reversa uma rea da logstica empresarial

    que cuida do planejamento, operao e controle de informaes correspondentes, do retorno

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  • dos bens de ps-venda e de ps-consumo ao ciclo de negcios ou ao ciclo produtivo, por meio

    dos canais de distribuio reversos, acrescentando-lhes valores econmicos, benefcios

    polticos, legais, entre outros.

    Segundo a Lei 12.305, de 02 de agosto de 2010, Logstica reversa :

    Instrumento de desenvolvimento econmico e social caracterizado por um conjuntode aes, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituio dosresduos slidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou emoutros ciclos produtivos, ou outra destinao final ambientalmente adequadaBRASIL, 2010)

    Com o consumismo acelerado nos dias de hoje, os produtos tm sua vida til cada vez

    menor. Muitas empresas que antes no se preocupavam com o descarte destes produtos, hoje

    se voltam para esta rea, seja por presses da legislao ou por uma melhora no marketing

    empresarial.

    De acordo com Guarnieri (2011, p. 55), logstica reversa de ps-consumo pode ser

    vista como a rea da logstica reversa que trata dos bens no final de sua vida til, dos bens

    usados com possibilidade de reutilizao (embalagens) e os resduos industriais. A logstica

    reversa de ps-consumo d, ao produto obsoleto, a destinao correta com a possibilidade da

    reutilizao ou da reinsero na linha de produo.

    Logstica reversa de ps-venda pode ser caracterizada como canal reverso por onde

    fluem os produtos sem uso ou com pouco uso que retornam cadeia de distribuio por

    diversos motivos, como erro no processamento dos pedidos, garantia dada pelo fabricante,

    defeitos ou falhas no funcionamento do produto, avaria no transporte entre outras (LEITE,

    2009).

    A logstica reversa de ps-vendas contribui para liberao de espao na loja,

    redistribui estoques, fideliza os clientes, melhora o nvel de servio oferecido e traz um

    feedback da qualidade (Figura 1). Atravs da logstica reversa de ps-consumo ocorre o

    reaproveitamento de componentes e de materiais, incentivo nova aquisio e revalorizao

    ecolgica. Como consequncia agrega valor imagem corporativa da empresa, melhora a

    competitividade e reduz custos.

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  • Figura 1: Logstica reversa agregando valorFonte: adaptado de Leite (2009, p. 188)

    2.3 Contribuies da Logstica Reversa para a empresa

    A logstica reversa contribui com o desenvolvimento sustentvel, melhoria de

    processos, eliminao de poluio e do desperdcio, com o reaproveitamento de materiais e

    fabricao de produtos ecologicamente corretos.

    De acordo com Guarnieri (2011, p. 134) As empresas que investem em projetos de

    logstica reversa obtm vantagem ecolgica e ambiental quando, por consequncia de suas

    prticas, deixam de poluir o meio ambiente e o preservam para as geraes".

    Com a implementao da logstica reversa a empresa recebe benefcios fiscais e

    vantagem sobre a concorrncia. Quando duas empresas so comparadas e ambas apresentam

    as mesmas condies de compra, porm se uma delas trabalha de acordo com as normas da

    legislao ambiental a logstica reversa torna-se um diferencial em relao outra.

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  • 2.4 Por que utilizar a logstica reversa

    Segundo Leite (2009), nas ltimas dcadas houve um grande aumento nos

    lanamentos de produtos para satisfazer diversos consumidores, surgindo uma quantidade

    maior de produtos que so descartados aps o consumo ou at mesmo aqueles com pouco uso,

    com defeitos ou dentro da garantia que retornam ao ciclo de negcio na busca por

    recuperao.

    Sendo assim, muitas empresas sentem-se responsveis pelo retorno dos produtos no

    ps-venda e no ps-consumo alm de serem obrigadas pela legislao ambiental para a

    reduo do impacto desse produto no meio ambiente.

    Nos ambientes globalizados e de alta competitividade em que vivemos, as empresasmodernas reconhecem cada vez mais que, alm da busca pelo lucro em suastransaes, necessrio atender a uma variedade de interesses sociais, ambientais egovernamentais, garantido seus negcios e sua lucratividade ao longo do tempo(LEITE, 2009, p. 15).

    As empresas precisam se programar para fazer o controle dos fluxos reversos de seus

    produtos para atender as legislaes e criar uma imagem de empresa ambientalmente correta

    perante seus clientes, fornecedores, acionista, funcionrios, governo e comunidade local.

    2.5 Dificuldade na implementao de software de logstica reversa

    Segundo Guarnieri (2011), as empresas encontram alguns desafios para implantar o

    sistema informatizado de logstica reversa devido falta de um software que una esta ao fluxo

    normal de distribuio. Em muitos casos preciso criar um sistema prprio ou terceirizar para

    empresas especializadas.

    Em virtude da identificao desta deficincia em sistemas de informao de logsticareversa e ao se analisar os Softwares de Supply Chain Management existentes, possvel a customizao de um WMS Warehouse Management System tradicionalpara o gerenciamento dos materiais ou resduos de ps-consumo e ps venda(GUARNIERI et all. apud GUARNIERI, 2011, p. 141).

    Porm, WMS customizao uma ferramenta que ajuda somente no controle do

    retorno dos produtos que sero encaminhados ao processo de logstica reversa; no resolve

    todos os problemas e, por isso, a empresa precisa verificar manualmente as alternativas de

    aproveitamento e no obter prejuzo.

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  • 2.6 Embalagem

    Segundo Banzato citado por Santos (2010), as embalagens so partes fundamentais no

    processo de transporte para evitar danos ao produto. Atravs da embalagem o produto fica

    protegido, facilita o manuseio, minimiza o custo de entrega e tambm maximiza as vendas

    atravs da comunicao visual do produto.

    Devido ao aumento do consumo de novos produtos no mercado, o recolhimento das

    embalagens de proteo do produto ou as recebidas com matria prima so essenciais para

    que as empresas possam cumprir as normas da legislao.

    Ao reciclar uma tonelada de plstico gerada uma economia de 130 quilos depetrleo; gasto 70 % a menos de energia a cada tonelada de vidro reciclado secomparado a sua fabricao; e para cada tonelada de papel reciclado so poupadas22 rvores, consumido 71% a menos de energia e a poluio reduzida em 74% emrelao a sua fabricao (GUARNIERI, 2011, p. 82).

    Existem vrios tipos de materiais usados como matria prima na confeco das

    embalagens, como mostra o quadro 1:

    CARACTERSTICAS DOS MATERIAISMaterial Definio

    Plstico

    um material base de polmeros que so classificados em dois grandes grupos quandosofrem processos de aumento de temperatura: Termoplstico: polmeros que se fundem por aquecimento e solidificam-se por

    resfriamento, como o polietileno e o PET (politereftalato de etileno); Termorrgidos: polmeros que sofrero reaes qumicas por aquecimento

    transformando-se em substancias insolveis e infusveis, como resinas fenlicas eborracha vulcanizada.

    Papel um composto de fibras de madeira. classificado de acordo com seu peso em gramaspor m, espessura e rigidez.

    Metal So constitudas de ligas de ao e/ou alumnios (laminados de ao revestidos com estanho,cromo, laminados de alumnio e outros).

    Quadro 1: Caracterstica dos materiaisFonte: Adaptado de Pereira et al (2012)

    2.7 Custos em logstica reversa

    Segundo Leite (2009) pode-se associar pelos menos trs tipos de custos s atividades

    da logstica reversa: custos apropriados normalmente pela contabilidade de custos, custos

    relacionados gesto das operaes de diversas naturezas (custos de oportunidade, custos

    ocultosetc.) e, por ltimo, custos relacionados imagem corporativa da empresa.

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  • A importncia de se identificar e associar os custos durante o processo da logstica

    reversa fundamental, pois necessrio apropri-los de forma correta para que o

    levantamento dos custos totais no seja comprometido.

    Nota-se que as empresas que utilizam embalagens retornveis ou as reaproveitam

    como materiais para a produo tm conseguido ganhos que estimulam cada vez mais a

    prtica da logstica reversa. E o esforo em melhorias e desenvolvimentos nos processos de

    logstica reversa consegue trazer retornos que justificam os investimentos feitos (LACERDA,

    2009).

    3. ASPECTOS LEGAIS

    Entre os aspectos legais que regem as empresas, existe a Lei 9.605 de 12 de fevereiro

    de 1998 que dispe sobre as sanses penais e administrativas derivadas de condutas e

    atividades lesivas ao meio ambiente. De acordo com o art. 54 desta lei estabelecida a pena

    de um a cinco anos, e multa para aquele que vier a causar poluio de qualquer natureza em

    nveis que resultem ou possam resultar em danos sade humana ou que provoquem a

    mortandade de animais ou a destruio significativa da flora.

    Segundo Guarnieri (2011, p. 107) em diversos pases desenvolvidos, existem

    legislaes especficas e novos princpios esto sendo implantados como a Responsabilidade

    Estendida do Produto, no qual a empresa fabricante do produto que agride de alguma forma o

    meio ambiente se responsabiliza por seu descarte responsvel. No Brasil, a legislao atribui

    ao gerador do resduo uma responsabilidade com tempo ilimitado, at que o produto seja

    destrudo. Qualquer consequncia do resduo (indenizaes a vtimas, recuperao de reas,

    entre outras) responsabilidade do gerador.

    A lei 12.305 de agosto de 2010 ao instituir a Poltica Nacional de Resduos Slidos

    altera a Lei n. 9.605 de 12 de fevereiro de 1998. De acordo com o art. 4: a Poltica Nacional

    de Resduos Slidos dispe sobre o conjunto de princpios, objetivos, instrumentos, bem

    como aes a dotadas pelo Governo Federal, isoladamente ou em conjunto com os Estados,

    Distrito Federal, Municipal e/ou particulares, visando gesto integrada e o gerenciamento

    ambientalmente adequado dos resduos slidos.

    A seo II da Lei 12.305 de 2010 trata da responsabilidade compartilhada, sendo

    fabricantes, importadores, comerciantes, consumidores e titulares dos servios de limpeza

    urbana e manejo de resduos slidos, responsveis por reduzir a gerao de resduos slidos, o

    desperdcio de materiais, a poluio e os danos ambientais, incentivar a utilizao de insumos

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  • de menor agressividade ao meio ambiente e de maior sustentabilidade, estimular o

    desenvolvimento de mercado, a produo e o consumo de produtos derivados de materiais

    reciclados e reciclveis, incentivar boas prticas de responsabilidade ambiental, criar produtos

    que sejam aptos aps o uso pelo consumidor, a reutilizao, a reciclagem ou outra forma de

    destinao ambientalmente adequada, que gerem a menor quantidade de resduos slidos

    possveis.

    O Decreto n 7.404 de 23 de dezembro de 2010 que regulamenta a Lei n. 12.305 de 2

    de agosto de 2010 cria o Comit Interministerial da Poltica Nacional de Resduos Slidos que

    estabelece orientao estratgica da implementao de sistemas de logstica reversa por meio

    de acordos setoriais, regulamentos expedidos pelo Poder Pblico ou termos de compromisso,

    e Comit Orientador para a Implantao dos Sistemas de Logstica Reversa com a finalidade

    de apoiar a estruturao e implementao da Poltica Nacional de Resduos Slidos pela

    articulao do poder pblico, possibilitando o cumprimento das determinaes e metas

    previstas na lei 12.305 de 2010.

    Segundo Guarnieri (2011, p. 127) muitos gestores questionam quais as vantagens de

    implementar a logstica reversa. Erroneamente, acreditam que esta apenas um fator gerador

    de custos para a empresa. Na verdade, a adoo da logstica reversa no uma questo de

    opo. Com a sanso e regulamentao da Poltica Nacional de Resduos Slidos as empresas

    devero se adequar e implantar sistemas de gesto de resduos e logstica reversa, sob pena de

    serem penalizadas com multas, serem obrigadas a paralisar suas operaes, terem prejuzo

    financeiro e danos imagem da empresa.

    4 METODOLOGIA

    No que se refere natureza das variveis estudadas foi utilizada uma pesquisa

    qualitativa que, de acordo com Oliveira (2001), possui a facilidade de descrever a

    complexidade de uma determinada hiptese ou problema, analisar a interao de certas

    variveis, compreender e classificar processos dinmicos, dando contribuies no processo de

    mudana permitindo a interpretao de particularidades de comportamentos ou atitudes dos

    indivduos.

    Quanto natureza do relacionamento entre as variveis foi realizada uma pesquisa

    descritiva. Segundo Gil citado por Bertucci (2008) a pesquisa descritiva tem como objetivo

    descrever as caractersticas da populao ou fenmeno, estabelecendo as relaes entre

    variveis.

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  • Em relao ao objetivo e grau no qual o problema de pesquisa est cristalizado, foi

    desenvolvida uma pesquisa exploratria que:

    [...] tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema com vistasa torn-lo mais explicito ou construir hipteses. Pode-se dizer que tais pesquisas tmcomo objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuies(GILL apud BERTUCCI, 2008, p. 48).

    Na coleta de dados foram utilizados dados primrios disponibilizados pela empresa e

    dados secundrios atravs de pesquisa bibliogrfica em livros e artigos cientficos, pesquisa

    documental e contato direto na empresa.

    As fontes primrias de documentos ainda no tratados, que no se tornarampblicos, aqueles de circulao interna e restrita. [...] As fontes secundrias incluemos documentos de alguma forma j disponibilizados ao pblico no importa suaextenso, informaes disponveis na internet, livros, artigos, jornais [...](BERTUCCI, 2008, p. 62).

    Em termos de amplitude e profundidade foi feito um estudo de caso em uma empresa

    de essncias, fundada em 1950 (um mil novecentos e cinquenta), situada no municpio de

    Carmo da Mata-MG. Segundo Godoy citado por Bertucci (2008, p. 52) [...] o estudo de caso

    se caracteriza como um tipo de pesquisa cujo objeto uma unidade que se analisa

    profundamente e visa ao exame detalhado de um ambiente, de um simples sujeito ou de uma

    situao particular.

    Quanto possibilidade de controle sobre as variveis em estudo foi utilizada a

    pesquisa ex-post facto sendo que, nesta pesquisa, de acordo com Santos (2012) [...] temos

    hipteses abdutivas, ou seja, os fatos j ocorreram e esto no passado. Isso significa que o

    pesquisador no possui nenhuma possibilidade de controle ou de manipulao dos dados,

    porque os processos que originaram estes j aconteceram".

    Foi realizada uma pesquisa de campo, que consiste na observao dos fatos tal como

    ocorrem espontaneamente, na coleta de dados e no registro de variveis presumivelmente para

    posteriores anlises (OLIVEIRA, 2001, p. 124).

    Aplicou-se uma entrevista semi-estruturada que possui um roteiro de entrevistas

    bsico. Entretanto, o pesquisador tem flexibilidade para introduzir, alterar ou eliminar

    questes, de acordo com as necessidades da pesquisa, identificadas ao longo da entrevista.

    (BERTUCCI, 2008, p. 63).

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  • 4.1 Estudo de caso

    O estudo de caso foi realizado em uma empresa de essncias. Sua atividade consiste na

    fabricao de aromatizantes e corantes de origem mineral ou sinttica. A poltica de qualidade

    da empresa fornecer aromas, fragrncias e extratos naturais atendendo as boas prticas de

    fabricao, visando a melhoria contnua e a eficcia do Sistema de Gesto de Qualidade.

    As linhas de produtos comercializados pela empresa so os aromas, preparao

    concentrada utilizada para conferir sabor. No se destina ao consumo como tal. Ex: aroma

    artificial de morango, abacaxi, baunilha, etc. J as fragrncias so composies odorferas

    elaboradas por mistura de ingredientes de fragrncia. Ex: lavanda, alfazema, jasmim, etc. Os

    extratos naturais so preparaes hidroalcolicas de plantas selecionadas voltadas para o

    mercado de bebidas e refrigerantes. Ex: extrato natural de guaran, catuaba, gengibre, etc.

    Este estudo delimitou-se aos materiais de embalagens da matria-prima gerados

    durante o processo produtivo e os efluentes.

    Em 2006, quando a empresa foi ao Banco do Brasil em busca de financiamento para

    expandir suas atividades foram solicitados vrios documentos e certides. Como a empresa

    ainda no possua o certificado ambiental foi orientada a cumprir alguns protocolos para que

    este fosse concedido. Uma das metas era cuidar da destinao correta dos resduos gerados

    durante o processo produtivo.

    As matrias-primas adquiridas para a produo das essncias vm armazenadas em

    tambores metlicos, bombonas plsticas, caixas de papelo e de plstico misto. acumulado

    tambm grande quantidade de papel de escritrio.

    Para dar um destino ecologicamente correto ao papel gerado no escritrio, uma parte a

    empresa aproveita para forrar as caixas que embalam as essncias. Estes papeis que forram as

    caixas so picotados por uma mquina picotadora em pedaos bem pequenos. A parte restante

    doada a uma empresa de Divinpolis, que emite recibos comprovando a doao. Em mdia,

    por ano, gerada uma tonelada desses papis de escritrio.

    Todos os tipos de embalagem provenientes dos produtos utilizados como matria-

    prima so armazenados na empresa em rea coberta. Os papeles e os plsticos mistos so

    vendidos para uma empresa que os recolhe na prpria empresa, quando esses atingem uma

    quantidade considervel. J os tambores metlicos e bombonas plsticas so vendidos para a

    populao de Carmo da Mata/MG e regies vizinhas. Alguns utilizam as bombonas plsticas

    para fazer cestas de lixo e comedouros de animais; j os tambores metlicos so utilizados em

    construo civil e para fazer fornos domsticos.

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  • Materiais descartados anualmenteMateriais Quantidade (kg) Preo/ kg Preo totalBombonas plsticas 200 R$ 5,00 R$ 1.000,00Tambores metlicos

    300 R$ 1,62 R$ 486,00

    Plsticos mistos 240 R$ 0,10 R$ 24,00Papelo 300 R$ 0,08 R$ 24,00Papel de escritrio 1.000 R$ 0,00 R$ 0,00Total R$ 1.534,00

    Tabela 1: Materiais descartadosFonte: Elaborado pelas autoras

    Anualmente so arrecadados pela empresa, em mdia, um mil quinhentos e trinta e

    quatro reais, proveniente da venda de embalagem descartada da matria-prima (Tabela 1). As

    bombonas plsticas geram, em mdia, duzentos quilos por ano, que vendido a cinco reais o

    quilo, resultando anualmente em mil reais. J os tambores metlicos so descartados

    anualmente trezentos quilos, que so vendidos a um real e sessenta e dois centavos por quilo,

    arrecadando um total de quatrocentos reais e oitenta e seis centavos. Os plsticos mistos

    geram, em mdia, duzentos e quarenta quilos por ano, que so vendidos a dez centavos o

    quilo, apurando vinte quatro reais por ano. O papelo gera trezentos quilos por ano, que

    vendido a oito centavos, resultando em vinte quatro reais. No escritrio gerada uma tonelada

    de papel por ano, que doado a uma empresa de reciclagem de Divinpolis.

    A empresa possui uma Estao de Tratamento dos Efluentes (ETE), tratando os

    efluentes industriais provenientes da lavagem do piso de fabricao, laboratrio, bombonas e

    tambm a gua resultante do processo de fabricao das essncias e ainda trata os efluentes

    domsticos.

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  • Figura 2: Estao de tratamento de efluentesFonte: Elaborado pelas autoras

    Como demonstrado na Figura 2, os efluentes domsticos vo para o tanque sptico

    onde realizada a primeira anlise, em seguida ocorre fermentao biolgica, com isso

    acontece a decantao, o efluente passa para o filtro anaerbio, que uma caixa com brita e

    areia, onde filtrado e encaminhado para a caixa de inspeo passando ento por uma

    segunda anlise sendo descartado no sumidouro. Os efluentes industriais caem na caixa de

    tela para segurar as partes slidas onde tambm realizada uma primeira anlise do pH, em

    seguida vai caixa de armazenagem, quando est cheia automaticamente acionada a bomba

    que joga o efluente para o tanque de decantao. No tanque de decantao feito o tratamento

    qumico com a adio de hidrxido de sdio para atingir o pH ideal (entre 6 e 9). Logo aps,

    coloca-se Cloreto frrico para floculao e um polmero para decantao. Decorrido o tempo

    de decantao, o efluente passa pela caixa de areia/brita e pela caixa de carvo ativado/brita.

    Aps esta etapa feito a segunda analise do pH na caixa de inspeo e descartado no

    sumidouro. O lodo do tanque de decantao passa para a caixa de secagem, o liquido que se

    forma nesta etapa, retorna novamente a caixa de armazenagem.

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  • 5 CONSIDERAES FINAIS

    A realizao deste artigo mostrou a contribuio da logstica reversa para a reduo

    dos custos e do impacto ambiental, melhorando a imagem corporativa, aumentando a

    satisfao do cliente e a competitividade da empresa.

    Verificouse que a logstica reversa apresenta vantagens para a empresa e contribui

    para a sustentabilidade do planeta atravs da reduo dos resduos. Porm, constatou-se que

    uma das grandes dificuldades na implantao da logstica reversa a falta de um sistema

    informatizado, que una esta ao fluxo normal de distribuio. Por esse motivo muitas empresas

    criam seus prprios sistemas ou terceirizam.

    No estudo de caso realizado na empresa de essncias, constata-se que no houve uma

    reduo significativa dos custos, mas existe uma diminuio do impacto ambiental com a

    destinao correta das embalagens e do tratamento dos efluentes industriais. Como

    consequncia, ocorre um aumento da credibilidade da empresa perante os clientes,

    fornecedores e comunidade com a imagem de uma organizao ambientalmente correta.

    Nota-se que ainda existe um preconceito nas empresas quanto a implantao da

    logstica reversa, sendo assim muitas a implantam apenas como uma obrigao legal a ser

    cumprida.

    Sugere-se que sejam desenvolvidas novas pesquisas por ser um tema importante e

    com grandes oportunidades de desenvolvimento econmico, industrial e de servios nos

    prximos anos, contribuindo para a reduo do impacto ambiental e agregar valor s

    empresas.

    REFERNCIAS

    BERTUCCI, J. L. O. Metodologia bsica para elaborao de trabalhos de concluso decurso (TCC): nfase na elaborao de TCC de ps-graduao Lato Sensu. So Paulo: Atlas,2008.

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    OLIVEIRA, S. L. Tratado de Metodologia Cientifica: Projeto de pesquisa, TGI, TCC,Monografias, Dissertaes e Teses. So Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001.

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  • APNDICE

    Roteiro da Entrevista semi-estruturada

    Quais os materiais descartados?

    Quais as legislaes que a empresa tem que prestar contas?

    Quem responsvel pela coleta dos materiais?

    Qual a quantidade de resduos recolhidos?

    Qual o impacto desse processo na imagem da empresa?

    Qual o custo do processo para a empresa?

    Quais os benefcios desse processo para a empresa?

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    Materiais descartados anualmenteMateriaisPreo/ kg

    TotalR$ 1.534,00