98
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZONIA – INPA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM Estrutura da comunidade de insetos aquáticos em igarapés na Amazônia Central, com diferentes graus de preservação da cobertura vegetal e apresentação de chave de identificação para gêneros de larvas da ordem Odonata LUANA FIDELIS DA SILVA Manaus – Amazonas 2006

LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZONIA – INPA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM

Estrutura da comunidade de insetos aquáticos em igarapés na Amazônia Central, com diferentes graus de preservação da cobertura vegetal e apresentação de chave de identificação para gêneros de larvas da ordem Odonata

LUANA FIDELIS DA SILVA

Manaus – Amazonas

2006

Page 2: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

LUANA FIDELIS DA SILVA

Estrutura da comunidade de insetos aquáticos em igarapés na Amazônia Central, com diferentes graus de preservação da cobertura vegetal e apresentação de chave de identificação para gêneros de larvas da ordem Odonata

Orientadora: Dra. Neusa Hamada

Co-orientador: Dr. Jorge Luiz Nessimian

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-graduação em Biologia Tropical e

Recursos Naturais do convênio

INPA/UFAM, como parte dos requisitos para

a obtenção do título de Mestre em Ciências

Biológicas, área de concentração em

Entomologia.

Manaus – Amazonas

2006

Page 3: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana

Estrutura da comunidade de insetos aquáticos em igarapés na Amazônia Central, com diferentes

graus de preservação da cobertura vegetal e apresentação de chave de identificação para

gêneros de larvas da ordem Odonata / Luana Fidelis da Silva – Manaus: UFAM/INPA,

2006.

77 f.:il.

Dissertação (mestrado) – INPA/UFAM, Manaus, 2006 – Área de concentração Entomologia

1. Entomologia 2. Insetos aquáticos 3. Amazônia 4. Odonata 5. Chave de identificação

CDD 19º ed. 595.705263

Sinopse:

Estudou-se a estrutura da comunidade de insetos aquáticos em igarapés na Amazônia Central,

levando-se em consideração o grau de preservação da cobertura vegetal das áreas do entorno.

Uma chave de identificação para os gêneros de imaturos de Odonata ocorrentes no Estado do

Amazonas é apresentada.

Palavras-chave: Entomologia, entomofauna aquática, riachos, impacto ambiental, desmatamento,

Page 4: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

À MINHA FAMÍLIA, PRINCIPALMENTE AOS MEUS PAIS,

BENEDITO FIDELES DA SILVA

E KIMIE NORITOMI DA SILVA,

MEUS ETERNOS ÍDOLOS E INCENTIVADORES

Page 5: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Agradecimentos

UM AGRADECIMENTO MUITO ESPECIAL AO MEU QUERIDO ORIENTADOR DR. JORGE LUIZ

NESSIMIAN. POR TODA PACIÊNCIA E TRANSMISSÃO DE CONHECIMENTOS DURANTE ESSES CINCO

ANOS DE AMIZADE.

À Dra. Neusa Hamada, pelo apoio logístico e a introdução nas verdades da

Amazônia.

Aos professores que fazem parte do Projeto Ygarapés, Eduardo Venticinque, Jansen

Zuanon, Paulo De Marco Jr. e Marcelo Gordo, pelo projeto, pela convivência e pelas idéias.

Ao Juruna, o melhor auxiliar de campo que pode existir, ensinando tudo sobre essa

maravilhosa floresta.

Aos doutores Alcimar do Lago Carvalho e Frederico Lencioni pela identificação e

carinho com as libélulas.

Às eternas amigas, de laboratório e da vida: Ana Lúcia, Cris, Inês, Martina, Vivi, Lú,

Tuane, Tatiana Maria, Lisieux.

Às amigas que encontrei em Manaus, Adriana, Sheyla, Patrícia, Amanda, Lucélia,

Juliana, Taíse, Marina, Fátima, Thayná, Catú, Aline.

Aos amigos que encontrei aqui, Márcio, Tony, Marco, Fernando, Rafael, André,

Carlos (Machu Pichu), Carlinhos, Domingos, Jefferson, Ulisses, Léo, Bruno.

À Bruno Turbiani, pelas horas e horas de conversa sobre qualquer assunto, em

qualquer lugar, a qualquer hora.

Ao Marcelinho Lima, que cuidou tão bem das odonatinhas em 2004.

Ao CNPq, pela bolsa de mestrado e PDBFF/SI e WWF pelo financiamento ao

projeto.

E a todas as pessoas que participaram direta ou indiretamente do processo

de confecção desse trabalho tão interessante: Pessoal do laboratório, do PDBFF, e

de toda DCEN, especialmente a Dra. Beatriz Ronchi-Teles e Dra. Ruth Leila

Ferreira.

Page 6: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Sumário Lista de Figuras ......................................................................................................... iLista de Tabelas ........................................................................................................ iiiResumo ...................................................................................................................... vAbstract ...................................................................................................................... vi

CAPÍTULO 1: Estrutura da comunidade de insetos aquáticos em igarapés de pequena ordem na Amazônia Central Introdução................................................................................................................... 01Objetivos..................................................................................................................... 06Material e Métodos

Área de estudo.................................................................................................... 07Coleta triagem e identificação dos insetos aquáticos......................................... 09Variáveis ambientais........................................................................................... 11Variáveis bióticas................................................................................................ 15Análise de dados................................................................................................. 16

Resultados Distribuição espacial da comunidade de insetos aquáticos................................ 19Riqueza de macroinvertebrados aquáticos......................................................... 22Categorização trófica.......................................................................................... 26Medidas bioindicadoras.......................................................................................31

Discussão Distribuição espacial da comunidade de insetos aquáticos................................ 35Riqueza de macroinvertebrados aquáticos......................................................... 39Categorização trófica.......................................................................................... 43Medidas bioindicadoras.......................................................................................45

Conclusões................................................................................................................. 49 CAPÍTULO 2 - Chave de Identificação de famílias de gêneros para larvas de último estádio da ordem Odonata de igarapés dos municípios de Manaus e Presidente Figueiredo Introdução.................................................................................................................... 50Objetivo........................................................................................................................ 51Material e Métodos

Área de estudo..................................................................................................... 52Criação das larvas................................................................................................ 53

Chave de identificação................................................................................................ 54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................. 62 ANEXO.......................................................................................................................... 80

Page 7: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Lista de Figuras

Figura 1: Pontos de coleta do Projeto Ygarapés nas Reservas do PDBFF –

INPA.....................................................................................................................8 Figura 2: Relação entre a profundidade média dos igarapés e a similaridade média de

composição taxonômica das assembléias de insetos aquáticos nos diferentes tipos de

substrato........................................................................................................................20

Figura 3: Média da Riqueza de táxons nos três diferentes tipos de cobertura vegetal

(CAP = capoeira)................................................................................................24

Figura 4: Classificação hierárquica dos diferentes pontos de coleta em relação à

composição de táxons (UPGMA) ......................................................................25

Figura 5: Análise de componentes Principais (PCA) ordenando os diferentes pontos

de coleta com relação à composição da fauna..................................................25

Figura 6: Relação entre a abundância total de táxons e abundância de

predadores.........................................................................................................29

Figura 7: Análise de Correspondência baseada na composição taxonômica de

macroinvertebrados de 20 igarapés com diferentes graus de preservação da

cobertura vegetal nas reservas do PDBFF – INPA, Manaus,

AM......................................................................................................................34

Figura 8: Correlação entre a composição de táxons dos 20 igarapés (representada

pelas coordenadas do eixo 1 da análise de correspondência) com a

porcentagem de mata no entorno dos igarapés em um raio de 50 metros a

partir dos pontos de coleta.................................................................................34

Figuras da Chave

Figura 1: (a) espinhos laterais a fenda mediana do premento; (b) olhos expandidos

lateralmente........................................................................................................59

Figura 2: (a) perna fossorial; (b) espinhos laterais abdominais de Aff. Aphylla; (c)

décimo segmento abdominal com metade do comprimento que o nono de

Desmogomphus; (d) dentículos na margem interna do palpo labial de

Phyllogomphoides;(e) palpo labial sem dentículos de Gomphoides; (f) espinhos

abdominais dos segmentos 8 e 9 encurvados para cima em

Zonophora......................................................................................................... 60

i

Page 8: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Figura 3: (a) olhos expandidos para cima em Orthemis; (b) apêndices anais voltados

para baixo em Erythrodiplax; (c) espinhos dorsais dos segmentos 3 a 5

reduzidos em Myathiria; (d) Palpo com crenulações digitiformes profundas em

Zenithoptera; (e) mancha em forma de máscara em Perythemis; (f) crenulações

do palpo labial com apenas uma cerda em Planiplax; (g) Cerdas da margem

interna do palpo labial com ápice achatado em

Gynothemis.....................................................................................................61

ii

Page 9: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Lista de Tabelas

Tabela I: Habitats dos diferentes estágios de vida das ordens de insetos contendo

representantes aquáticos e semi-aquáticos. A: aquático; T: terrestre; S: Semi-

aquático, P: parasitóide de hospedeiro aquático (adaptado de Ward,

1992).............................................................................................................................3

Tabela II: Pontos de amostragem de insetos aquáticos nas áreas do

PDBFF/INPA......................................................................................................9

Tabela III: Categorias funcionais tróficas apresentadas por Merritt & Cummins

(1984)..............................................................................................................10

Tabela IV: Características físicas do hábitat usadas na avaliação do pontos de

coleta...............................................................................................................13 Tabela V. Medidas bioindicadoras e direção esperada das respostas com o aumento da

perturbação (adaptada de Resh & Jackson, 1993)....................................................16

Tabela VI: Valores da regressão linear entre as variáveis descritoras dotamanho do

igarapé e o valor médio de similaridade (Morisita-Horn) entre os substratos

com relação à fauna de insetos aquáticos......................................................20

Tabela VII: Valores de indicação para táxons de insetos aquáticos significativamente

associados aos quatro substratos estudados. FC – Folhiço retido em

correnteza; FF – Folhiço depositado; AR – Areia; BR – Raízes e vegetação

em barrancos marginais; p = Valor de probabilidade (Teste de Monte

Carlo)...............................................................................................................21

Tabela VIII: Resultados da regressão linear entre riqueza de táxons e cobertura

vegetal, integridade de habitat (representada pelo escore do protocolo) e

abertura do dossel em 21 trechos de igarapés. (gl=19). ................................24

Tabela IX: Categorização trófica dos táxons coletados (COR: cortador; RAS:

raspador; COL: coletor; FIL: filtrador; SUG: sugador; PRE:

predador).........................................................................................................27

iii

Page 10: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Tabela X: Relações entre riqueza (S), Diversidade (H) e Equitabilidade (E) de cada

categoria trofica (CT) (SUG: sugadores, COL: coletores, FIL: filtradores, RAS:

raspadores, COR: cortadores e PRE: predadores) e valores de cobertura

vegetal, luminosidade e integridade do hábitat...............................................29

Tabelas XI: Relação entre as diferentes categorias tróficas (SUG: sugadores, COL:

coletores, FIL: filtradores, RAS: raspadores, COR: cortadores e PRE:

predadores) e os valores da cobertura vegetal no buffer de 50 metros. (PPL:

% de Pastagem; PCL: % de Capoeira; PFL: % de floresta)............................30

Tabela XII: Resultado das diferentes medidas bioindicadoras (propostas na tabela

VII) em cada tipo de cobertura vegetal............................................................32

Tabela XIII: Valores da Correlação de Kendall entre as medidas bioindicadoras e o

tipo de cobertura vegetal. (EPT= Taxons de Ephemeroptera, Plecomptera e

Trichoptera; Intoler= Organismos intolerantes; RAS= raspadores; Fil=

Filtradores; PPL: % de Pastagem; PCL: % de Capoeira; PFL: % de

floresta)............................................................................................................33

vi

Page 11: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Resumo

Igarapés de pequena ordem, nas reservas do Projeto Dinâmica Biológica de

Fragmentos Florestais - INPA, a cerca de 80 km ao norte da cidade de Manaus,

foram estudados quanto à composição das comunidades de insetos aquáticos em

diferentes substratos. Este estudo teve como objetivo avaliar a resposta da

comunidade de insetos aquáticos a alteração da cobertura vegetal. Em 21 igarapés

amostrados, foram coletadas amostras de quatro substratos principais: folhiço retido

em áreas de correnteza, folhiço depositado em remanso no leito do igarapé, areia e

raízes ou vegetação nos barrancos. Avaliando a comunidade em relação aos

substratos, as maiores similaridades ocorreram entre os substratos de folhiço

depositado em áreas de remanso e barrancos marginais. As menores similaridades

ocorreram entre folhiço retido em áreas de correnteza e bancos de areia. Alguns

táxons mostraram-se indicadores de um tipo de substrato, outros de um determinado

tipo de cobertura vegetal. Para cálculo da riqueza de táxons foram levados em

consideração os Crustáceos e outros invertebrados em reposta a alteração da

cobertura vegetal. O teste de medidas bioindicadoras de alterações na cobertura

vegetal também incluiu todos os macroinvertebrados. No presente estudo,

mudanças com relação à cobertura vegetal e na qualidade do substrato disponível

para ocupação revelaram-se fatores indutores de modificações de composição da

fauna de macroinvertebrados, porém não acarretaram mudanças significativas na

estrutura trófica e em medidas de riqueza taxonômica. Somente mudanças drásticas

na cobertura vegetal resultam em alterações na composição de espécies, pois a

retirada da mata e a implantação de pastagens teve como conseqüência a

substituição do conjunto de espécies presentes nos igarapés. Os insetos aquáticos

são considerados bons indicadores biológicos, mas a acurácia na identificação dos

táxons é fundamental para o uso destes organismos em protocolos de avaliação da

integridade ambiental. Nesse contexto, uma chave de identificação para as larvas de

último estádio da ordem Odonata.

v

Page 12: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Abstract Small streams, at the Biological Dynamics of Fragmented Forest Project –

INPA ca. 80 Km north from the city of Manaus, were studied concerning the composition of

the aquatic insects communities in different substrates. The aim of this study was to evaluate

the responses of the aquatic insect community to changes on the landscape. In each one of

the 21 igarapés, four samples of the principal biotopes were collected: leaf litter in riffle

areas, leaf litter deposited on the bottom of the stream, sand and roots/vegetation on

marginal banks. The relation between substrates and community was evaluated and we

found that higher similarity values occurred between leaf litter deposited on the bottom and

marginal roots/vegetation, and lower values occurred between leaf litter in riffle and sand

substrates. Some collected taxa were considered indicators of one type of substrate, others

showed a preference for one type of landscape. Richness was calculated using all

macroinvertebrate taxa. The functional feeding groups was used to verify the structure of the

community in different types of landscape. The bioindicator measures also used all

macroinvertebrate taxa. In this study, changes on the landscape and on the substrate

composition are important factors that induce changes in the macroinvertebrate fauna, but

they do not change its trophic structure or taxonomic richness. Only drastic changes on the

landscape resulted in changes of the taxa composition. The replacement of primary forest by

pastures areas had the replacement of the aquatic fauna as a consequence. The aquatic

insects are considered great biological indicators, but the accuracy in taxonomic identification

is fundamental in the usage of this organisms in environmental integrity protocols. In this

context, an identification key for ultimate ínstar larvae of Odonata is presented.

vi

Page 13: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

CAPÍTULO 1: ESTRUTURA DA COMUNIDADE DE INSETOS AQUÁTICOS EM IGARAPÉS DE PEQUENA ORDEM NA AMAZÔNIA CENTRAL

INTRODUÇÃO

BACIA AMAZÔNICA E IGARAPÉS

A Bacia Amazônica, localizada na região tropical, constitui a maior rede

hidrográfica do planeta, com mais de 7 milhões de km2, devido à grande área de

drenagem e à alta pluviosidade na região equatorial. Os grandes rios recebem as

águas de uma densa rede de igarapés, resultando em um contato íntimo do

ecossistema aquático com o terrestre adjacente, influenciando as cracterísticas

químicas e biológicas desses cursos d’água (Sioli, 1984).

Os igarapés (nome regional para rios de pequena ordem) são componentes

importantes da floresta, pois criam uma heterogeneidade estrutural marcante (Lima

& Gascon, 1999). Além disso, mantêm uma fauna diversa que é sustentada

energeticamente, principalmente, pelo material orgânico proveniente das florestas

adjacentes (Henderson & Walker, 1986; Nolte, 1988; Nessimian et al., 1998). Essa

dependência produz, em tese, uma associação marcada entre as características da

floresta que circunda o igarapé e a riqueza de espécies, sua distribuição e

abundância.

Os igarapés de terra firme na Amazônia Central são caracterizados por

possuírem baixa produtividade primária (Sioli, 1956; Walker, 1987, 1990). Dessa

forma, dependem da vegetação das margens (mata ciliar) como fonte de nutrientes

para a manutenção da biota, os quais são incorporados ao sistema pelas águas das

chuvas ou pela queda de folhas, galhos e invertebrados na água (Adis et al. 1979;

1

Page 14: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Junk, 1997). De acordo com Lima & Zakia (2001) e Waters (1995), a mata ciliar

colabora na manutenção da integridade dos igarapés evitando, principalmente, o

assoreamento do curso d’água e o aumento da temperatura (Allan, 1995).

O substrato em sistemas de águas correntes difere dependendo da região, e

é importante para muitos insetos como superfície em que eles habitam, servindo de

abrigo da corrente e dos predadores; e como alimento, no caso de substratos

orgânicos (Kikuchi & Uieda, 1998). Segundo Hynes (1970a), os insetos aquáticos

mostram uma estreita relação com os diferentes tipos de substratos que podem ser

encontrados no leito do rio. Alguns fatores, como a velocidade da correnteza,

influenciam na formação e disponibilidade dos substratos e na composição da fauna

(Cummins & Lauff, 1969), constituindo diferentes mesohábitats para insetos

aquáticos.

Em sistemas de terra firme na Amazônia Central, Walker (1995) sugere que

os mesohábitas podem ser separados em barrancos marginais, fundo do igarapé,

pequenas baías e remansos.

ENTOMOFAUNA AQUÁTICA

Quase 3% de todas as espécies de insetos possuem uma fase aquática e, em

alguns biótopos, eles podem compreender cerca de 95% da fauna de

macroinvertebrados. Os insetos aquáticos apresentam diversas adaptações

morfológicas, fisiológicas e comportamentais que permitem sua permanência na

maioria dos corpos d´água (Ward, 1992).

Cerca de 13 ordens apresentam espécies com estágios aquáticos ou semi-

aquáticos. Em cinco dessas ordens (Ephemeroptera, Plecoptera, Trichoptera,

Odonata e Megaloptera) todas as espécies possuem algum estágio de vida

2

Page 15: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

aquático. Nas outras oito ordens existem representantes com hábitos terrestres

assim como de hábitos aquáticos e semi-aquáticos (Tabela I) (Ward, 1992).

Tabela I: Habitats dos diferentes estágios de vida das ordens de insetos contendo representantes aquáticos e semi-aquáticos. A: aquático; T: terrestre; S: Semi-aquático, P: parasitóide de hospedeiro aquático (adaptado de Ward, 1992).

Habitats dos diferentes estágios

Ordem Ovos Larvas Pupas Adultos

Collembola A,T A,S - S

Ephemeroptera A A - T

Odonata A,T A - T

Hemiptera A,T A,S,T - A,S,T

Orthoptera T S - S

Plecoptera A A - T

Coleoptera A,T A,T T A,S,T

Diptera A,T A A,T T

Hymenoptera P P P A,T

Lepidoptera A A A T

Megaloptera T A T T

Neuroptera T A T T

Trichoptera A,T A A T

Os organismos bentônicos têm importante papel no metabolismo dos

ecossistemas aquáticos, participando da ciclagem de nutrientes, reduzindo o

tamanho das partículas orgânicas (e.g. fragmentadores) e facilitando a ação de

micro-decompositores, como bactérias e fungos (Callisto & Esteves, 1995).

Também são importantes no fluxo de energia, constituindo a maior fonte de alimento

para outros organismos, como peixes e outros insetos (Rosemberg & Resh, 1993).

Na Região Amazônica, principalmente nos municípios de Manaus e

Presidente Figueiredo, o número de trabalhos sobre ecologia e taxonomia da insetos

aquáticos tem aumentado nos últimos anos. Trabalhos representativos e que

constituem importantes bancos de dados para estudo dos insetos aquáticos incluem:

Nessimian (1985), Henderson & Walker (1986), Walker (1994) que trabalharam com

3

Page 16: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

macroinvertebrados em geral, Walker (1998) para Chironomidae, Hamada & Adler

(2001) e Hamada et al. (2002) para Simuliidae, Pes (2001, 2005), Pes & Hamada

(2003) para Trichoptera, Bobot & Hamada (2002), Hamada & Couceiro (2003) e

Ribeiro (2004) para Plecoptera, Azevêdo (2003) para Megaloptera e Pereira (2004)

para Heteroptera.

A identificação taxonômica é fundamental para o desenvolvimento de

trabalhos de ecologia (Rosemberg & Resh, 1993), mas apenas alguns dos principais

grupos de insetos aquáticos contam com chaves para identificação das espécies

amazônicas. A Ordem Odonata apresenta chaves para outras localidades do país,

mas não há levantamentos disponíveis na literatura para a Região Amazônica.

IMPACTOS ANTROPOGÊNICOS

Um dos problemas mais importantes decorrentes da ocupação humana na

Amazônia, além da perda de extensas áreas de floresta, consiste na degradação da

rede fluvial. Essa é caracterizada por modificações no leito de rios, tais como

assoreamento, mudanças no regime hidrológico, construções de barragens e

canalização, além de perda de qualidade da água por despejos de efluentes

domésticos, agropastoris, de mineração e industriais. A retirada ou a substituição da

vegetação ripária, além de contribuir para algumas dessas mudanças, tem efeito

direto na entrada de matéria orgânica, fonte primária de energia nas cadeias tróficas

dos rios (De Long & Brusven, 1994; Pozo et al., 1997). Todos esses fatores levam a

mudanças drásticas na biota aquática, com perda de diversidade do sistema.

Os macroinvertebrados aquáticos respondem rapidamente a perturbações

ambientais, resultando em alterações na estrutura da comunidade local que

reduzem a riqueza a poucos grupos tolerantes e generalistas, tais como Oligochaeta

4

Page 17: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

e Chironomidae (Clements, 1994; Dickman & Rygiel, 1996; Kulmann et al., 2000),

por isso, amplamente utilizados em estudos de avaliação e monitoramento de

sistemas aquáticos (e.g. Alba-Tercedor & Sánchez-Ortega, 1988; Alba-Tercedor,

1996; Callisto et al., 2000; Takeda et al., 2000; Galdean et al., 2000;). Rosemberg &

Resh (1993) sugerem que a densidade, a diversidade, o tamanho corporal e o curto

ciclo de vida de macroinvertebrados aquáticos, quando comparados a outros

organismos, favorecem o seu uso em monitoramento de ecossistemas aquáticos,

complementando as informações físicas, químicas e físico-químicas do ambiente.

Para a Amazônia, Couceiro (2005) avaliou o efeito da poluição orgânica e do

desmatamento, resultantes da ocupação humana na cidade de Manaus,

contribuindo para o conhecimento desses grupos e a resposta a ação

antropogênica.

PROJETO YGARAPÉS

Como parte integrante do “Projeto de Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais”

(PDBFF) desenvolvido na Amazônia Central, no Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia (INPA) em convênio com o Smithsonian Institute (SI), o projeto

“Integridade de estrutura e função em igarapés: o efeito da fragmentação e alteração

da cobertura vegetal” tem por objetivo geral avaliar as mudanças de estrutura e

função em riachos sujeitos a fragmentação e alteração da cobertura vegetal através

de uma abordagem integradora de informações sobre peixes, anfíbios, artrópodes

aquáticos (Insecta, Crustacea) e Arachnida associados aos corpos d’água. Quanto

aos insetos aquáticos, os objetivos desse projeto são: a) comparar a composição e a

estrutura da fauna de insetos aquáticos entre áreas de diferentes tamanhos e graus

de preservação da cobertura vegetal, b) formar coleções de referência dos insetos

5

Page 18: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

aquáticos da área de estudo, c) realizar estudos de taxonomia, biologia e ecologia

de insetos aquáticos, d) formar profissionais qualificados nessas áreas.

OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL:

• Avaliar as mudanças na estrutura e na categorização funcional trófica da

assembléia de insetos aquáticos em igarapés cuja cobertura vegetal foi

fragmentada ou alterada

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

• Determinar a distribuição espacial dos táxons de insetos aquáticos presentes e

relacioná-los com o tamanho dos igarapés.

• Investigar variações na riqueza e na estrutura trófica da comunidade e relacioná-

las com o estado de conservação da floresta.

• Testar, dentre as medidas bioindicadoras mais comuns baseadas em insetos

aquáticos, quais respondem significativamente aos impactos causados pela

fragmentação e pela mudança da cobertura vegetal.

6

Page 19: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

MATERIAL E MÉTODOS

ÁREA DE ESTUDO:

As coletas foram realizadas nas reservas e fazendas do Projeto Dinâmica

Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF – INPA/SI), a 80 km ao norte da cidade

de Manaus (2°25'S, 60°W) (Figura 1). Foram selecionados 21 trechos em 21

igarapés de pequena ordem (Cushing & Allan, 2001). Os igarapés escolhidos

apresentam diferentes tamanhos e graus de preservação da cobertura vegetal

original (áreas de mata contínua e fragmentos florestais – mata primária; áreas de

capoeira – mata secundária; áreas de pastagens – abertas) (Tabela II).

A área de estudo é classificada como de floresta tropical pluvial, tendo uma

média de precipitação anual variando de 1900 a 2500 mm, sendo que os meses de

junho a novembro constituem a estação seca com menos de 100 mm ao mês

(Gascon & Bierregaard, 2001). Segundo Junk et al. (1989), os igarapés de terra

firme não estão sujeitos ao pulso de inundação. Suas variações do nível da água

estão mais relacionadas às chuvas locais. O leito dos igarapés é constituído,

principalmente, de areia com bolsões de folhas e material lenhoso provenientes da

floresta, além de troncos que interceptam o igarapé e criam mecanismos de

retenção.

7

Page 20: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Figura 1: Pontos de coleta do Projeto Ygarapés nas Reservas do PDBFF

8

Page 21: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Tabela II: Pontos de amostragem de insetos aquáticos nas áreas do PDBFF/INPA.

Ponto Cobertura Predominante Bacia Latitude (S) Longitude (W) Ordem

1 Capoeira Rio Preto da Eva 02:24.25 59:53.51 1

2 Mata Contínua Rio Preto da Eva 02:24.44 59:54.47 1

3 Mata Contínua Rio Preto da Eva 02:24.08 59:54.15 2

4 Capoeira Rio Urubu 02:23.55 59:52.42 1

5 Mata Contínua Rio Urubu 02:23.66 59:51.34 1

6 Fragmento de 10 ha Rio Urubu 02:24.35 59:52.03 1

7 Mata Contínua Rio Urubu 02:26.03 59:51.03 1

8 Mata Contínua Rio Urubu 02:26.24 59:46.42 1

9 Mata Contínua Rio Urubu 02:26.43 59:46.48 1

10 Mata Contínua Rio Urubu 02:26.98 59:46.29 1

11 Pasto Rio Urubu 02:21.11 59:59.05 1

12 Pasto Rio Urubu 02:21.55 59:59.22 1

13 Fragmento de 100 ha Rio Urubu 02:21.74 59:58.27 1

14 Mata Contínua Rio Urubu 02:26.05 59:54.27 3

15 Capoeira Rio Cuieiras 02:19.67 60:04.66 3

16 Fragmento de 10 ha Rio Cuieiras 02:20.18 60:06.79 1

17 Capoeira Rio Cuieiras 02:20.36 60:06.81 1

18 Mata Contínua Rio Cuieiras 02:21.00 60:05.82 2

19 Capoeira Rio Cuieiras 02:20.98 60:05.49 1

20 Fragmento de 100 ha Rio Cuieiras 02:20.75 60:05.56 1

21 Pasto Rio Urubu 02:25.01 59:52.15 1

COLETA, TRIAGEM E IDENTIFICAÇÃO DOS INSETOS AQUÁTICOS

As coletas foram realizadas em abril e outubro de 2001 (período chuvoso e

seco, respectivamente), pela equipe do projeto Ygarapés. Os pontos de amostragem

dentro de cada igarapé foram escolhidos aleatoriamente em um trecho de

aproximadamente 100 metros previamente selecionado. Em cada um dos 21

9

Page 22: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

trechos, foram coletadas quatro amostras, uma em cada um dos biótopos principais

(folhiço depositado em remanso, folhiço retido em áreas de correnteza, areia e

raízes/vegetação marginal em barranco). Não houve repetições dentro do mesmo

igarapé, com exceção de dois trechos com diferentes coberturas vegetais (Pontos

16 e 17) no mesmo igarapé. A amostragem foi realizada com coletor do tipo

“Brundim”, e cada amostra foi composta por três sub-amostras, totalizando uma área

de 900 cm2. Juntando-se as amostras do período de chuva e de seca, são 1800 cm2

de cada biótopo.

O material entomológico foi separado em campo em bandejas, e os indivíduos

foram fixados em álcool etílico a 80%. No laboratório, as amostras foram analisadas

sob lupa em nível de ordem e conservadas em álcool etílico 80%. As ordens foram

identificadas até o menor nível taxonômico possível, com o auxílio de especialistas e

das chaves de Dominguez et al. (1992), Benedetto (1974), Froehlich (1984),

Angrisano (1995), Wiggins (1996), Pes (2001) e os trabalhos de Flint (1969), Flint &

Bueno-Soria (1982), Flint & Wallace (1980), Guahyba (1981), Holzenthal (1988a,b),

Merritt & Cummins (1984), Nieser & Melo, (1997) e Carvalho & Calil (2000).

A categorização funcional da fauna de macroinvertebrados foi feita de acordo

com a classificação de Merritt & Cummins (1984) e Nessimian et al. (1998) e é

apresentada na tabela III abaixo:

Tabela III: Categorias funcionais tróficas apresentadas por Merritt & Cummins

(1984).

Categoria Funcional Trófica

Mecanismo de alimentação Tamanho da partícula

Cortadores

Herbívoros (macrófitas) Detritívoros

>103µm

Coletores

Detritívoros (filtradores) Detritívoros (catadores)

<103µm

Raspadores Herbívoros (algas perifíticas) <103µm Predadores Carnívoros >103µm

10

Page 23: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

VARIÁVEIS AMBIENTAIS

Em cada ponto amostrado, foram medidas as variáveis ambientais que

incluíram o tipo e a porcentagem de cobertura vegetal em torno do igarapé, a

porcentagem de abertura do dossel, tipo de substrato, além da largura, profundidade

e vazão do igarapé.

Cobertura florestal

As características da cobertura florestal de cada trecho foram obtidas, pela

equipe do projeto Ygarapés, com base em imagem LANDSAT TM 5 de 2001 da área

de estudo. A cobertura vegetal representada na imagem foi classificada em floresta,

capoeira, pastagem e solo exposto. Com a definição dos cursos dos igarapés na

imagem, foram construídas faixas de entorno de 50, 100, 150, 200 e 250m de

largura, ao longo de trechos de 150m. Nesses trechos, foram feitas as coletas de

todos os grupos estudados. A coleta não era pontual, ou seja, foi realizada num

transecto de 50 metros no igarapé dentro desses 150 metros já selecionados. O

cálculo das porcentagens de área de cada classe de vegetação foi obtido por meio

da contagem do número de pixels de cada classe.

Abertura do dossel

Foram feitas três fotos do dossel da vegetação acima do leito de cada igarapé

no trecho coletado, utilizando uma mesma máquina fotográfica automática com lente

de 31mm. As fotos só eram consideradas válidas se não houvesse nenhuma folha

interceptando o campo de visão até o dossel da mata (entre 15 e 40 metros de

altura) (Ribeiro et a.l., 1999). Posteriormente, as fotos (coloridas) foram digitalizadad

e convertidas em arquivos bitmap (preto: onde havia algum tipo de vegetação;

11

Page 24: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

branco: presença de luz livre de vegetação). Com uso do programa ArcView 3.2, os

arquivos bitmap foram transformados em arquivos com formato grid. Assim, foi

possível contar o número de pixels brancos e pretos dentro da área ocupada por

cada foto. A abertura do dossel foi então calculada, em porcentagem, a partir do

número de pixels brancos dividido pelo número total de pixels de cada foto. A média

das porcentagens das três fotos de cada ponto representa a abertura de dossel

média de cada um dos 21 trechos de igarapé amostrados.

Profundidade e Largura

Foram realizadas 16 medidas de largura e profundidade ao longo do transecto

de 150 metros em cada ponto de coleta. Com esses dados foram calculadas a

profundidade e largura média (em metros) para cada um deles.

Vazão

Os dados de vazão utilizados são os disponibilizados pelo projeto Ygarapés.

A equipe fez três medidas por igarapé amostrado. Assim, a vazão representativa de

cada igarapé é igual a média dos três valores de vazão para cada trecho, sendo

representada na seguinte fórmula:

Vazão (m3 . s-1) = Área transeccional (m2) * Velocidade da água (m . s-1)

Para medir a vazão nos três pontos de cada igarapé, foi utilizado um fluxímetro

analógico (General Oceanics – R2). Para os igarapés muito rasos e com baixa

velocidade de correnteza, a vazão foi obtida a partir da medida da velocidade na

lâmina de água, determinada pelo tempo gasto por um disco de espuma de

poliuretano para percorrer uma distância pré-determinada. Os resultados são

12

Page 25: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

apresentados na forma de valores médios com desvio padrão, valores máximos e

mínimos (X ± dp, mínimo-máximo).

Integridade do Hábitat

Medida através do protocolo de avaliação ambiental desenvolvido pela equipe

do Projeto Ygarapés para igarapés de mata de terra firme na Amazônia Central.

Foram escolhidas doze características físicas para descrever as condições

ambientais em igarapés da Amazônia Central, baseadas nos protocolos de Petersen

(1992) e EPA (Plafkin et al., 1989), relativas ao uso da terra, zona de vegetação

ripária, leito e canal do rio. O escore final é o somatório dos 12 itens medidos.

(Tabela IV).

Tabela IV: Características físicas do hábitat usadas na avaliação do pontos de coleta. Característica Condição Escore

F1 Uso da terra além

da zona de

vegetação

ribeirinha

Floresta contínua / Fragemento de 100 ha / Fragmento de 10 ha

Capoeira Cecropia / Capoeira mista

Capoeira Vismia

Pasto

Cultivos agrícolas de ciclo longo / estrada

Cultivo agrícola de ciclo curto / solo exposto

1

2

3

4

5

6

F2 Largura da mata

ciliar

Mata contínua

Mata ciliar bem definida entre 30m e 100m de largura

Mata ciliar bem definida entre 5m e 30m de largura

Mata ciliar bem definida entre 1m e 5m de largura

Mata ciliar ausente com alguma vegetação arbustiva

Riparian Forest and shrub vegetation absent

1

2

3

4

5

6

F3 Estado de

preservação da

mata ciliar

Mata ciliar intacta sem quebras de continuidade

Quebras ocorrendo em intervalos maiores que 50m

Quebras frequentes com algumas cicatrizes e barrancos a cada 50 m

Cicatrizes profundas com barrancos ao longo do seu comprimento

1

2

3

4

F4 Estado da mata

ciliar dentro de uma

faixa de 10m

Mais de 90% da densidade é constituída de plantas não pioneiras

Espécies pioneiras mescladas com árvores maduras

Mescla de grama com algumas árvores pioneiras e arbustos

Vegetação constituída de grama e poucos arbustos

1

2

3

4

13

Page 26: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Característica Condição Escore

F5 Dispositivos de

retenção

Canal com rochas e/ou troncos firmemente colocadas no local

Rochas e/ou troncos presentes mas preenchidos com sedimento

Dispositivos de rentenção soltos, movendo-se com o fluxo

Canal livre com poucos mecanismos de retenção

1

2

3

4

F6 Sedimentos no

canal

Pouco ou nenhum alargamento resultante do acúmulo de sedimento

Algumas barreiras de cascalho e pedra bruta e pouco silte

Barreira de sedimento e pedras, areia e silte comuns

Canal dividido em tranças ou rio canalizado

1

2

3

4

F7 Estrutura do

barranco do rio

Ausência de barrancos

Barranco estável, de rochas e/ou solo firme sustentado por grama,

arbustos ou raízes

Barranco firme, mas nao sustentado por grama ou arbustos

Barranco com solo livre e uma camada esparsa de grama e arbustos

Barranco instável com solo e areia soltos, facilmente perturbável

1

2

3

4

5

F8 Escavação sob o

barranco

Pouca ou nenhuma evidência, ou restrita a áreas de suporte de raízes

Escavações apenas nas curvas e constricções

Escavações frequentes

Escavações severas ao longo do canal, com queda de barrancos

1

2

3

4

F9 Leito do rio

Fundo de pedras de vários tamanhos, agrupadas, com interstício óbvio

Fundo de pedra facilmente móvel, com pouco silte

Fundo de silte, cascalho e areia com locais estáveis

Fundo uniforme de silte e areia livres, substrato de pedras ausente

1

2

3

4

F10 Áreas de corredeira

e poções ou

meandros

Distintas, ocorrendo em intervalos de 5 a 7 vezes a largura do rio

Espaçamento irregular

Longos poções separando curtas áreas de corredeiras, meandros ausentes

Meandros e áreas de corredeiras/poções ausentes ou rio canalizado

1

2

3

4

F11 Vegetação aquática

Quando presente coniste de musgo e manchas de algas

Algas prediminantes nos poções, plantas vasculares semi-aquáticas ou

aquáticas ao longo da margem

Emaranhados de algas, algumas plantas vasculares e poucos musgos

Algas emaranhadas no fundo, plantas vasculares dominam o canal

1

2

3

4

F12 Detritos

Principalmente folhas e material lenhoso sem sedimento

Principalmente folhas e material lenhoso com sedimento

Pouca folha e madeira, detritos orgânicos finos, sem sedimento

Nenhuma folha ou madeira, matéria orgânica bruta e fina, com sedimento

Sedimento fino anaeróbio, nenhum detrito bruto

1

2

3

4

5

14

Page 27: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

VARIÁVEIS BIÓTICAS

Medidas Bioindicadoras

De maneira geral, nos sistemas aquáticos não perturbados, existe uma

maior riqueza biológica, enquanto, nos ecossistemas impactados pela ação

antrópica, há um menor número de espécies (Rosemberg & Resh, 1993). Na

prática, a avaliação é realizada através da comparação entre uma área controle

não impactada e a área onde se quer avaliar a condição ambiental. Em primeiro

lugar, é necessário selecionar quais atributos da população ou da comunidade

serão utilizados na abordagem da avaliação. Uma ampla variedade de medidas é

empregada, podendo ser divididas em quatro categorias principais: medidas de

riqueza, de composição, de tolerância e tróficas (Tabela V).

15

Page 28: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Tabela V. Medidas bioindicadoras e direção esperada das respostas com o aumento da perturbação (adaptada de Resh & Jackson, 1993).

CATEGORIA DE MEDIDA MEDIDAS BIOINDICADORAS RESPOSTA ESPERADA COM O

AUMENTO DA PERTURBAÇÃO Número de táxons Diminui Número de táxons EPT Diminui Número de táxons TRICHOPTERA Diminui Número de táxons PLECOPTERA Diminui Número de táxons COLEOPTERA Diminui Número de táxons DIPTERA Diminui Número de táxons CHIRONOMIDAE Diminui

Riqueza

Número de táxons MOLLUSCA + CRUSTACEA Diminui Proporção de abundância ETP/CHIRONOMIDAE Diminui % EPT Diminui % EPHEMEROPTERA Diminui % TRICHOPTERA Diminui % ODONATA Aumenta % COLEOPTERA Diminui % DIPTERA Aumenta % CHIRONOMIDAE Aumenta

Composição

Índice de Similaridade Diminui Número de táxons intolerantes Diminui % de organismos tolerantes Aumenta Número de táxons de MOLLUSCA intolerantes Diminui % de táxons dominantes Aumenta Índice Biótico BMWP Diminui % de HYDROPSYCHIDAE Aumenta

Tolerância

% de BAETIDAE Aumenta Número de RASPADORES + PICADOR-SUGADORES Diminui Número de táxons PREDADORES Variável % de COLETORES Variável % de RASPADORES Diminui Proporção RASPADOR/COLETOR-FILTRADOR Diminui % de FRAGMENTADORES Diminui

Tróficas

% de COLETOR-FILTRADOR Variável

Análise de dados

Distribuição espacial

O teste de espécies indicadoras de Dufrêne & Legendre (1997) foi usado para

relacionar táxons a substratos preferenciais. Os resultados foram testados com uso

do teste de Monte Carlo (Zar, 1996). O índice de similaridade de Morisita-Horn

(Ludwig & Reynolds, 1988) foi usado para comparar a estrutura das comunidades.

Os valores de similaridade obtidos foram relacionados com algumas variáveis

ambientais que representam o tamanho do igarapé (ordem, vazão, largura,

16

Page 29: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

profundidade e velocidade da correnteza) por meio de regressões lineares (p>0,05).

Somente táxons de Insecta foram utilizados para as análises, pois poucos estudos

teriam um nível mais acurado de identificação para comparação e discussão. O total

foi de 5594 indivíduos, distribuídos em 150 gêneros.

Riqueza de táxons

A relação entre a riqueza de táxons dos 21 locais de coleta e as diferentes

porcentagens de cobertura florestal foi analisada a partir de regressões lineares

simples, feitas com uso do programa Statistica 5.1 (StatSoft, 1996). As relações de

similaridade entre os pontos de coleta, em termos de riqueza de táxons (ìndice de

Jaccard), foi examinada através de classificação hierárquica (UPGMA). Uma Análise

de Componentes Principais (PCA) foi feita para ordenar os locais de coleta de

acordo com a similaridade na composição da fauna. Para esse estudo, foram

utlilizados todos os táxons de macroinvertebrados coletados (8093 indivíduos e 222

táxons).

Categorização funcional trófica

Os valores de abundância de macroinvertebrados foram relacionados

através de uma correlação não-paramétrica de Spearman às variáveis ambientais

medidas. As composições das comunidades, obtidas através da proporção de cada

categoria trófica, dos diferentes tipos de cobertura vegetal foram comparadas por

meio do teste Qui-quadrado.

Para cada categoria, foram calculados os índices de Riqueza, Diversidade

de Shannon-Weaner e Equitabilidade (Ludwig & Reynolds, 1988). Para verificar

mudanças na composição taxonômica de cada categoria trófica, uma análise de

17

Page 30: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

correspondência foi realizada com dados de presença e ausência. Essa análise

gerou os valores das coordenadas de cada ponto de amostragem no eixo 1 e esses

valores foram correlacionados às porcentagens de mata, capoeira e pastagem nas

faixas entorno de 50, 100 e 150 m (Correlação de Pearson).

Medidas bioindicadoras

O índice de similaridae de Jaccard (Ludwig & Reynolds, 1988) foi usado para

medir a similaridade da fauna de macroinvertebrados entre os pontos de coleta e os

substratos. Por meio de uma regressão linear simples foi verificado se houve relação

significativa entre os valores obtidos nas medidas bioindicadoras e o grau de

cobertura florestal nos pontos de coleta (p<0,05). Foi utilizada uma análise de

correspondência para relacionar as assembléias de cada ponto amostral em termos

de composição taxonômica. Os valores das coordenadas relativas ao eixo 1 da

análise de correspondência foram contrapostos aos de cobertura florestal.

Os valores obtidos para cada uma das medidas (apresentadas na tabela V)

foram relacionados com valores médios de porcentagem de pixels de cada tipo de

cobertura vegetal, através de uma correlação de Kendall (Kendall, 1948; Zar, 1996).

18

Page 31: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

RESULTADOS

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA COMUNIDADE DE INSETOS AQUÁTICOS

Foram coletados 5594 indivíduos distribuídos em 150 gêneros das ordens

Ephemeroptera, Odonata, Plecoptera, Hemiptera, Coleoptera, Megaloptera,

Trichoptera, Lepidoptera e Diptera. O substrato com maior número de gêneros foi

folhiço retido em áreas de correnteza (106) enquanto areia apresentou o menor

número (55). Folhiço depositado em áreas de remanso e barrancos marginais

apresentaram respectivamente 98 e 96 gêneros. As maiores similaridades (56%)

ocorreram entre os substratos folhiço retido em áreas de remanso e barrancos

marginais. As menores similaridades (15%) ocorreram entre folhiço retido em áreas

de correnteza e areia.

Alguns táxons mostraram-se característicos de um determinado tipo de

substrato – análise de espécies indicadoras. Os táxons Farrodes, Chalcopteryx,

Anacroneuria, Macrogynoplax, Ambrysus, Corydalus, Chloronia, Phanocerus,

Macrelmis, Gyrelmis, Cylloepus, Heterelmis, Atractelmis, Larainae, Helichus,

Scirtidae, Pyralidae, Leptonema, Macrostemum, Smicridea, Phylloicus, Protoptila,

Chimarra, Wormaldia e Simulium são característicos de folhiço retido em áreas de

correnteza. Campsurus, Campylocia e Triplectides são habitantes característicos do

folhiço depositado nas áreas de remanso. Progomphus está associado ao substrato

de areia e Caenis, Waltzoyphius, Coryphorus e Oecetis são mais comuns na

vegetação presente nos barrancos marginais (Tabela VII). Por outro lado, alguns

táxons mostraram-se pouco seletivos, sendo encontrados em pelo menos três tipos

de substratos: Miroculis, Baetidae, Macrothemis, Helicopsyche, Marilia, Macronema,

Cernotina, Chironomidae e Ceratopogonidae.

19

Page 32: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Houve uma relação negativa e significativa entre o tamanho dos igarapés e a

similaridade média na composição taxonômica entre os substratos. Porém,

profundidade foi a melhor variável descritora do tamanho do igarapé. (Figura 2,

Tabela VI).

Tabela VI: Valores da regressão linear entre as variáveis descritoras do tamanho do igarapé e o valor médio de similaridade (Morisita-Horn) entre os substratos com relação à fauna de insetos aquáticos.

R R² gl p Profundidade 0,53821 0,28967 18 0,01436

Largura 0,42357 0,17941 18 0,06274

Velocidade da Corrente 0,24514 0,06009 18 0,29755

Vazão 0,44357 0,19675 18 0,05012

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0

Profundidade

Sim

ilarid

ade

Figura 2: Relação entre a profundidade média dos igarapés e a similaridade

média de composição taxonômica das assembléias de insetos aquáticos nos

diferentes tipos de substrato.

20

Page 33: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Tabela VII: Valores de indicação para táxons de insetos aquáticos significativamente associados aos quatro substratos estudados. FC – Folhiço retido em correnteza; FF – Folhiço depositado; AR – Areia; BR – Raízes e vegetação em barrancos marginais; p = Valor de probabilidade (Teste de Monte Carlo)

Família Gênero FC FF AR BR p Leptoplhebiidae Farrodes 30 11 1 17 0,015

Polythoridae Chalcopteryx 53 0 0 0 0,001

Anacroneuria 95 1 0 0 0,001 Perlidae Macrogynoplax 84 4 0 0 0,001

Naucoridae Ambrisus 27 8 0 4 0,024

Corydalus 46 0 0 0 0,001 Corydalidae Chloronia 38 1 0 0 0,002

Phanocerus 77 2 0 0 0,001

Macrelmis 57 1 0 0 0,001

Gyrelmis 60 5 0 0 0,001

Cylloepus 33 0 0 0 0,001

Heterelmis 49 1 0 0 0,001

Xenelmis 20 5 0 0 0,022

Elmidae

Larainae 56 2 0 0 0,001

Dryopidae Helichus 25 6 0 0 0,004

Scirtidae Scirtidae sp 47 0 0 1 0,001

Pyralidae Pyralidae sp. 30 1 0 1 0,007

Leptonema 90 1 0 0 0,001

Macrostemum 46 0 1 1 0,001 Hydropsychidae

Smicridea 86 0 0 0 0,001

Calamoceratidae Phylloicus 37 32 0 0 0,015

Hydroptilidae Protoptila 23 0 0 3 0,031

Chimarra 79 0 0 0 0,001 Philopotamidae Wormaldia 48 0 0 0 0,001

Simuliidae Simulium 67 0 0 0 0,001

Triplectides 2 41 1 16 0,002 Leptoceridae Oecetis 0 0 3 19 0,015

Polymitarcidae Campsurus 0 40 0 2 0,001

Euthyplociidae Campylocia 0 58 6 6 0,001

Gomphidae Progomphus 0 8 47 1 0,001

Caenidae Caenis 0 14 0 18 0,048

Baetidae Waltzoyphius 0 1 0 17 0,042

Coryphoridae Coryphorus 1 1 0 20 0,011

21

Page 34: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

RIQUEZA E SUA RELAÇÃO COM OS DIFERENTES ESTADOS DE INTEGRIDADE DA MATA RIPÁRIA

Foi coletado um total de 8093 exemplares pertencentes a um mínimo de 224

táxons de macroinvertebrados, dos quais 210 pertencentes a Insecta, seis a

Crustácea e os outros oito pertencentes a outros filos (Annelida, Platelmintos,

Mollusca) e classes (Acari, Opiliones e Aranae). Esses dois grupos foram os mais

abundantes com respectivamente 6436 e 1711 indivíduos, respectivamente. O

número de táxons coletados por igarapé variou de 29 a 90.

Dentre os Insecta (excetuando Diptera, não identificados além do nível de

família), os grupos mais ricos foram Trichoptera, com 53 táxons (27 gêneros)

distribuídos nas famílias Calamoceratidae, Glossosomatidae, Helicopsychidae,

Hydroptilidae, Hydropsychidae, Leptoceridae, Odontoceridae, Philopotamidae,

Polycentropodidae, Odonata, com 35 táxons (24 gêneros) nas famílias Aeshnidae,

Gomphidae, Libellulidae, Corduliidae, Coenagrionidae, Calopterygidae,

Megapodagrionidae, Perilestidae, Polythoridae, Dicteriadidae e Protoneuridae; e

Ephemeroptera, com 26 táxons (21 gêneros) nas famílias Baetidae, Caenidae,

Euthyplociidae, Polymitarciidae, Leptohyphidae, Leptophlebiidae e Coryphoridae.

O número de táxons coletados por igarapé variou entre 48 e 90 em áreas de

mata contínua. O número total de táxons foi maior em áreas de mata contínua (189)

e capoeira (156) em relação a 95 para áreas de pastagem; entretanto, deve-se levar

em conta que mais coletas foram realizadas em áreas de mata contínua e capoeira.

Contudo, de modo geral, o número médio de táxons coletados por igarapé foi maior

nas áreas de mata contínua e capoeira do que em pastagens (Figura 3). A tendência

de maior riqueza taxonômica em áreas de mata contínua foi observada nas

principais ordens de Insecta, como Ephemeroptera, Trichoptera, Plecoptera,

Odonata e Coleoptera. Nesses grupos, houve diferenças quanto aos táxons

22

Page 35: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

dominantes nas diversas áreas. Em Ephemeroptera, Campylocia foi o grupo

dominante (em número de indivíduos) tanto em áreas de mata contínua (37%) como

de pastagem (57%). Por outro lado, Farrodes e Miroculis foram os grupos mais

comuns em todas as áreas. Em Trichoptera, Helichopsyche sp.2 (14%) foi o táxon

dominante em mata contínua, Marilia sp.1 (17%) foi importante em capoeiras,

enquanto Smicridea sp.5 (26%) foi dominante em pastagens. Dentre os Coleoptera,

Phanocerus foi dominante em mata contínua (36%), capoeira (28%) e em pastagem

(97%). Em Odonata, Progomphus (31%) foi dominante em mata e em capoeira

(16%) juntamente com Hetaerina (15%). Libellulidae sp. (35%) foi o táxon dominante

em pastagem. Esse táxon compreende diversos gêneros que não puderam ser

identificados por serem muito pequenos.

As relações de riqueza de táxons com cobertura vegetal, integridade de

hábitat e abertura do dossel são apresentadas na Tabela VIII. Houve relação

negativa significativa da riqueza com a porcentagem de pastagem, abertura do

dossel e integridade do hábitat. Por outro lado, a relação com a porcentagem de

floresta foi positiva.

Ocorreram baixos valores de similaridade taxonômica entre os pontos de

coleta, mesmo entre pontos de mesmo tipo de cobertura vegetal (Figura 4). A

ordenação mostra um grande grupo onde está localizada a maioria dos pontos em

igarapés situados em áreas de mata e dois pontos em igarapés de capoeira (P1 e

P19).

Os dois pontos em igarapés de pastagem (P11 e P12), onde a cobertura

florestal é muito reduzida, apresentaram menor similaridade com os demais locais.

Contudo, houve valores intermediários nos outros dois tipos de ambiente. O maior

23

Page 36: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

valor de similaridade entre os pontos coletados ocorreu em áreas de mata contínua,

situados na mesma reserva (Km 41 - P8, P9 e P10).

Na análise de ordenação (Figura 5), o primeiro eixo explicou cerca de 60% da

variância total. Alguns igarapés se destacam, como é o caso daquele do ponto P7

(mata contínua na Reserva do Gavião), que apresentou a maior riqueza e também o

maior número de ocorrências únicas. Os igarapés de áreas de pastagem ficaram

próximos entre si, juntamente com o igarapé do ponto P17, localizado em uma

capoeira nova.

25

35

45

55

65

75

85

MATA CAP PASTO

Figura 3: Média da Riqueza de táxons nos três diferentes tipos de cobertura

vegetal (CAP = capoeira)

Tabela VIII: Resultados da regressão linear entre riqueza de táxons e cobertura vegetal, integridade de habitat (representada pelo escore do protocolo) e abertura do dossel em 21 trechos de igarapés. (gl=19)

Riqueza de táxons

%Pasto 50m

%Pasto 100m

%Pasto 150m

%Floresta 150m

Escore do Protocolo

Abertura do dossel

R - 0,57 - 0,61 -0,63 0,44 -0,61 -0,56 P 0,006 0,003 0,002 0,043 0,003 0,008

± Desvio Padrão

± Erro Padrão

Média

24

Page 37: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Figura 4: Classificação hierárquica dos diferentes pontos de coleta em relação

à composição de táxons (UPGMA)

Figura 5: Análise de componentes Principais (PCA) ordenando os diferentes

pontos de coleta com relação à composição da fauna.

P1P2

P3

P4

P5

P6

P7

P8

P9P10

P11

P12

P13

P14

P15

P16

P17

P18

P19

P20 P21

Eixo 1

Eixo

2

P1P2

P3

P4

P5

P6

P7

P8

P9P10

P11

P12

P13

P14

P15

P16

P17

P18

P19

P20 P21

Eixo 1

Eixo

2

Mata

Capoeira

Pastagem

Capoeira

Mata Contínua Mata Contínua

M100 ha

Mata Contínua

Mata Contínua

M10 ha

Mata Contínua

Mata Contínua

Capoeira

Pasto

Capoeira

Mata Contínua

Capoeira

Mata Contínua

M10 ha

M100 ha

Mata Contínua Capoeira

Pasto Pasto

25

Page 38: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

CATEGORIZAÇÃO FUNCIONAL TRÓFICA

Os resultados obtidos com relação às categorias funcionais tróficas são

apresentados na Tabela IX. Foi coletado um total de 8093 exemplares classificados

em 225 táxons. Dentre esses grupos, os predadores foram os mais abundantes com

cerca de 32,7% do número de exemplares e 89 táxons. Os coletores contribuíram

com 24% em 25 táxons e os filtradores com 15,6% em 24 táxons. Os cortadores

representaram 14,6% em 22 táxons, os raspadores 12,7% em 25 táxons. Sugadores

herbívoros representaram menos de 1% com somente três táxons.

Ao compararmos a estrutura trófica (porcentagem do total de exemplares de

cada categoria) das comunidades de macroinvertebrados presentes em, quatro tipos

principais de cobertura vegetal da área de estudos (mata, capoeira e pasto)

observamos uma diferença significativa entre as comunidades (X2= 69,5876; p<

0,001).

Os cortadores, coletores e raspadores apresentaram valores decrescentes

de riqueza taxonômica quando relacionados com valores altos do escore do

inquérito ambiental (áreas mais alteradas) (tabela X). Para essas mesmas

categorias, a riqueza apresentou correlação positiva com o aumento da cobertura

florestal nas faixas de 50, 100 e 150 metros no entorno do igarapé. Por outro lado,

houve relação negativa entre sugadores herbívoros e cobertura florestal do entorno

dos igarapés e integridade física do hábitat (relação positiva com os escores do

inquérito ambiental) (Tabela X).

Quanto à diversidade, coletores e raspadores apresentaram menores

valores conforme a diminuição da integridade do hábitat. Quanto à equitabilidade,

coletores e filtradores mostraram relação positiva com áreas de maior porcentagem

cobertura florestal (Tabela X).

26

Page 39: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

A composição taxonômica das categorias tróficas apresentou correlação

significativa negativa com a porcentagem de área de pastagem e os valores do eixo

1 da análise de correspondência. Por outro lado, não houve relação com as

porcentagens de mata ou capoeira. Estes resultados mostram que mudanças na

composição taxonômica estão relacionadas às pastagens (Tabelas. XI).

O grupo de predadores não apresentou relação com as variáveis ambientais,

mas apenas com a abundância total de táxons (p=0,0003; R=0,707, Figura 6).

Tabela IX: Categorização trófica dos táxons coletados (COR: cortador; RAS: raspador; COL: coletor; FIL: filtrador; SUG: sugador; PRE: predador).

Táxon COR RAS COL FIL SUG PREEPHEMEROPTERA Leptophlebiidae: Farrodes sp., Miroculis sp., Hagenulopsis sp., Simothraulodes sp., Needhamnella sp., Massartella sp., Ulmeritoides sp, Hydrosmilodon sp. X Caenidae: Caenis sp., Brasilocaenis sp. X X Baetidae: Callibaetis sp., Zelusia principalis, Waltzoiphius sp., Cloeodes sp., Cryptonynpha sp., Tomedontus sp. X X Polymitarciidae: Campsurus sp. X Euthyplociidae: Campylocia sp. X Leptohyphidae: Tricoruthodes sp., Coryphorus sp., aff. Leptohyphes. X ODONATA Gomphidae: Progomphus sp., Phyllocycla sp., Cyanogomphus sp., Epigomphus sp, Zonophora sp., Phyllogomphoides sp. X Libellulidae: Macrothemis sp., Gynothemis sp., Elasmothemis sp., Brechmorhoga sp., Pantala sp., Peryhemis sp., Planiplax sp., Erytrodiplax sp. X Corduliidae: Aeschnossoma sp. X Aeshnidae: Coryphaeschna sp. X Coenagrionidae: Argia sp. X Megapodagrionidae sp. X Perilestidae sp. X Calopterigydae: Hetaerina sp. X Polythoridae: Chalcopterix sp. X Dicteriadidae sp. X Protoneuridae sp. X PLECOPTERA Perlidae: Anacroneuria sp., Macrogynoplax sp. X HEMIPTERA Vellidae: Stridulivelia sp., Rhagovellia sp., Microvelia sp., Paravelia sp. X Naucoridae: Ambrisus sp., Limnocoris sp., X Nepidae: Ranatra sp. X Notonectidae: Martarega sp., Buenoa sp. X X Gerridae: Limnogonus sp., Brachymetra sp., Cryptobatoides sp, Tachygerris sp. X Corixidae: Tenagobia sp. X Belostomatidae: Belostoma sp. X Coleopterocoris X MEGALOPTERA Corydalidae: Corydalus sp., Corydalus ignotus, Corydalus batesii, Chloronia hieroglyphica X Sialidae: Protosialis flammata X COLEÓPTERA Gyrinidae: Gyretes sp. X Elmidae: Atractelmis aff., Austrolimnius sp., Cylloepus sp., Gyrelmis sp., Heterelmissp., Macrelmis sp., Microcylloepus sp., Neoelmis sp., Phanocerus sp., Stegoelmis sp., Xenelmis sp., Larainae sp. X X X

27

Page 40: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Táxon COR RAS COL FIL SUG PREDryopidae: Helichus sp. X X X Dytiscidae: Celina sp., Rhantus calidus, Alina sp. X Noteridae sp. X Staphylinidae sp. X Scirtidae sp. X X X Hydrophilidae: Derallus sp., Hydrochus sp., Hydrobiomorpha sp., Tropisternus sp. X X Hydraenidae: Hydraena sp. X X Ptilodactilidae sp. X Lutrochidae sp. X LEPIDOPTERA Pyralidae sp. X TRICHOPTERA Helicopsychidae: Helicopsyche sp. X Odontoceridae: Marilia sp. X X Hydropsychidae: Leptonema spp., Macronema sp., Smicridea spp. X Hydropsychidae: Macrostemum sp. X X Leptoceridae: Oecetis sp., Amazonatolica hamadae X Leptoceridae: Triplectides sp. X Leptoceridae: Nectopsyche sp. X X Calamoceratidae: Phylloicus sp. X Glossosomatidae: Protoptila sp., Mortoniella sp., Neotrichia sp. X Policentropodidae: Cernotina sp., Policentropus sp. X X Policentropodidae: Cyrnellus sp. X Philopotamidae: Chimarra sp. X X Philopotamidae: Wormaldia sp. X Hydroptilidae: Austrotinodes sp., Atopsyche sp. X DIPTERA Simullidae: Sinullium sp. X Chironomidae X X X Chironomidae: Stenochironomus X Tipulidae sp. X X Ceratopogonidae sp. X X Ceratopogonidae: Atricopogon sp. X X Culicidae sp. X X Ciclorrapha sp. X Empididae sp. X TURBELLARIA X NEMATODA X X X GASTROPODA X OLIGOCHAETA X HIRUDINEA X ACARI X ARANAE X DECAPODA Paleomonidae: Macrobrachium nattereri, Macrobrachium inpa, Pseudopalaemon amazonensis, Fredius sp., Valdivia serrata X X X

28

Page 41: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Figura 6: Relação entre a abundância total de táxons e abundância de predadores.

Tabela X: Relações entre riqueza (S), Diversidade (H) e Equitabilidade (E) de cada categoria trofica (CT) (SUG: sugadores, COL: coletores, FIL: filtradores, RAS: raspadores, COR: cortadores e PRE: predadores) e valores de cobertura vegetal, luminosidade e integridade do hábitat.

CT Índice Cobertura Vegetal Luminosidade Integridade do Hábitat R p R p R p

S -0,65753 0,001199 0,6763 0,0008 0,654002 0,0013E -0,3418 0,12939 0 1 0,188406 0,41342SU

G H -0,3418 0,12939 0 1 0,188406 0,41342S 0,52092 0,015464 -0,313 0,1676 -0,534088 0,01263E 0,50086 0,020736 -0,287 0,2071 -0,287013 0,20714COL H 0,58501 0,005342 -0,297 0,1904 -0,297403 0,19044S -0,14275 0,537054 -0,089 0,7018 -0,155298 0,50147E 0,48455 0,026008 -0,336 0,1367 -0,200172 0,38431FIL H 0,03606 0,876673 -0,084 0,716 -0,110655 0,633S 0,46375 0,034215 -0,165 0,4747 -0,622372 0,00259E 0,35473 0,114603 -0,096 0,6785 -0,145158 0,53013RAS H 0,45946 0,036136 -0,099 0,6704 -0,508219 0,01866S 0,32701 0,147917 -0,163 0,4805 -0,534088 0,01263E 0,14692 0,525096 0,0805 0,7286 0,001988 0,99318CO

R H 0,36396 0,104815 -0,031 0,8933 -0,422743 0,05623S 0,25971 0,255569 -0,146 0,5291 -0,392523 0,0784E 0,24582 0,282772 -0,086 0,7114 0,003982 0,98633PRE H 0,35995 0,108984 -0,134 0,5632 -0,24914 0,27612

0

50

100

150

200

250

300

0 100 200 300 400 500 600 700 800

Abundância Total

Abu

ndân

cia

de P

reda

dore

s

29

Page 42: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Tabelas XI: Relação entre as diferentes categorias tróficas (SUG: sugadores, COL: coletores, FIL: filtradores, RAS: raspadores, COR: cortadores e PRE: predadores) e os valores da cobertura vegetal no buffer de 50 metros. (PPL: % de Pastagem; PCL: % de Capoeira; PFL: % de floresta)

PPL50 PPL100 PPL150 PCL50 PCL100 PCL150 PFL50 PFL100 PFL150 FIL -0,4594 -0,4323 -0,3976 0,1969 0,1414 0,0655 0,2391 0,2529 0,282 p=,036 p=,050 p=,074 p=,392 p=,541 p=,778 p=,297 p=,269 p=,216 RAS 0,5831 0,5901 0,5754 -0,0998 -0,0974 -0,0756 -0,4112 -0,4127 -0,4236 p=,006 p=,005 p=,006 p=,667 p=,675 p=,745 p=,064 p=,063 p=,056 COR -0,5239 -0,5173 -0,4926 0,0988 0,0634 0,0357 0,3619 0,3757 0,3819 P=,015 p=,016 p=,023 p=,670 p=,785 p=,878 p=,107 p=,093 p=,088 COL -0,014 -0,0017 -0,0031 0,005 0,0864 0,1428 -0,0349 -0,0832 -0,117 P=,952 p=,994 p=,989 p=,983 p=,710 p=,537 p=,881 p=,720 p=,614 PRE 0,3393 0,4164 0,4521 -0,0444 -0,0884 -0,1669 -0,2624 -0,2875 -0,2709 P=,132 p=,060 p=,040 p=,848 p=,703 p=,470 p=,251 p=,206 p=,235

30

Page 43: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

MEDIDAS BIOINDICADORAS

Os resultados da correlação de Kendall entre as medidas bioindicadoras e o

conjunto de variáveis ambientais e taxonômicas são apresentados na tabela XII,

utilizando-se os dados de abundância e riqueza dos 225 taxons de

macroinvertebrados coletados durante os períodos de coleta (abril e outubro de

2001). Os valores médios, por cobertura vegetal, dos diferentes tipos de medidas

estão apresentados na Tabela XIII.

A análise de correspondência baseada em uma matriz qualitativa de táxons,

entre áreas de mata e áreas de pastagem é apresentada na figura 7. A relação

obtida entre as coordenadas dos pontos de coleta no eixo 1 da análise de

correspondência e os valores percentuais de cobertura de mata em um raio de 50

metros (Figura 8).

31

Page 44: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Tabela XII: Resultado das diferentes medidas bioindicadoras (propostas na tabela VII) em cada tipo de cobertura vegetal

Medidas Bioindicadoras Mata Capoeira Pasto Número de táxons 61,9 59,6 27 Número de táxons ETP 29,9 28 5 Riqueza TRICHOPTERA 18,8 17,6 2 Riqueza PLECOPTERA 3,62 3,2 0 Riqueza COLEOPTERA 11,5 9,8 5 Riqueza DIPTERA 3,62 4 4

Medidas de Riqueza

Riqueza MOLLUSCA + CRUSTACEA 80,5 87 2

Proporção de abundância ETP/CHIRONOMIDAE 27,88 24,26 14,67

% EPT 41,55 35,69 3,72 % EPHEMEROPTERA 6,32 5,91 2,79 % TRICHOPTERA 29,03 23,24 0,93 % ODONATA 6,29 6,59 17,67 % COLEOPTERA 11,69 14,58 3,72 % DIPTERA 12,16 11,21 47,44 % CHIRONOMIDAE 9,78 8,01 39,06

Medidas de Composição

Índice de Similaridade 0,43 0,36 0,13 Número de táxons intolerantes 55,23 53,2 21 % organismos tolerantes 15,33 14,27 44,66 Índice Biótico BMWP 197 199 99 % HYDROPSYCHIDAE 12,05 10,33 0,48

Medidas de Tolerância

% BAETIDAE 0,5 1,36 0,48 Número de RASPADORES + PICADOR-SUGADORES 56,7 49,63 9

Número de táxons PREDADORES 35,92 35,6 27

% de COLETORES 24,04 24,39 19,75 % de RASPADORES 13,61 13,77 0,44 Proporção RASPADORES/COLETOR-FILTRADORES

1,40 1,37 0,02

% de FRAGMENTADORES 15,39 14,41 4,11

Medidas Tróficas

% de COLETORES-FILTRADORES 14,06 13,38 17,18

32

Page 45: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Tabela XIII: Valores da Correlação de Kendall entre as medidas bioindicadoras e o tipo de cobertura vegetal. (EPT= Taxons de Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera; Intoler= Organismos intolerantes; RAS= raspadores; Fil= Filtradores; PPL: % de Pastagem; PCL: % de Capoeira; PFL: % de floresta)

Medida bioindicadora & % de cobertura vegetal

Kendall Tau p Medida bioindicadora & % de cobertura vegetal

Kendall Tau p

Taxons & pfl50 1,00000 0,041540 %EPT & pfl50 1,00000 0,041540 Taxons & ppl50 -1,00000 0,041540 %EPT & ppl50 -1,00000 0,041540 Taxons & pfl100 1,00000 0,041540 %EPT & pfl100 1,00000 0,041540 Taxons & ppl100 -1,00000 0,041540 %EPT & ppl100 -1,00000 0,041540 Taxons & pfl150 1,00000 0,041540 %EPT & pfl150 1,00000 0,041540 Taxons & ppl150 -1,00000 0,041540 %EPT & ppl150 -1,00000 0,041540 Taxons & pfl200 1,00000 0,041540 %EPT & pfl200 1,00000 0,041540

Taxons & ppl200 -1,00000 0,041540 %EPT & ppl20 -1,00000 0,041540 Taxons & pfl250 1,00000 0,041540 %EPT & pfl250 1,00000 0,041540 Taxons & ppl250 -1,00000 0,041540 %EPT & ppl250 -1,00000 0,041540 EPT & pfl50 1,00000 0,041540 % Baetidae & pcl150 1,00000 0,041540 EPT & ppl50 -1,00000 0,041540 BMWP & pcl50 1,00000 0,041540 EPT & pfl100 1,00000 0,041540 BMWP & pcl100 1,00000 0,041540 EPT & ppl100 -1,00000 0,041540 BMWP & pcl200 1,00000 0,041540 EPT & pfl150 1,00000 0,041540 BMWP & pcl250 1,00000 0,041540 EPT & ppl150 -1,00000 0,041540 Intoler & pfl50 1,00000 0,041540 EPT & pfl200 1,00000 0,041540 Intoler & ppl50 -1,00000 0,041540 EPT & ppl20 -1,00000 0,041540 Intoler & pfl100 1,00000 0,041540 EPT & pfl250 1,00000 0,041540 Intoler & ppl100 -1,00000 0,041540 EPT & ppl250 -1,00000 0,041540 Intoler & pfl150 1,00000 0,041540 Trichoptera & pfl50 1,00000 0,041540 Intoler & ppl150 -1,00000 0,041540 Trichoptera & ppl50 -1,00000 0,041540 Intoler & pfl200 1,00000 0,041540 Trichoptera & pfl100 1,00000 0,041540 Intoler & ppl20 -1,00000 0,041540 Trichoptera & ppl100 -1,00000 0,041540 Intoler & pfl250 1,00000 0,041540 Trichoptera & pfl150 1,00000 0,041540 Intoler & ppl250 -1,00000 0,041540 Trichoptera & ppl150 -1,00000 0,041540 RAS/FIL & pfl50 1,00000 0,041540 Trichoptera & pfl200 1,00000 0,041540 RAS/FIL & ppl50 -1,00000 0,041540 Trichoptera & ppl250 -1,00000 0,041540 RAS/FIL & pfl100 1,00000 0,041540 Trichoptera & ppl200 1,00000 0,041540 RAS/FIL & ppl100 -1,00000 0,041540 Trichoptera & pfl250 -1,00000 0,041540 RAS/FIL & pfl150 1,00000 0,041540 Plecoptera & pfl50 1,00000 0,041540 RAS/FIL & ppl150 -1,00000 0,041540 Plecoptera & ppl50 -1,00000 0,041540 RAS/FIL & pfl200 1,00000 0,041540 Plecoptera & pfl100 1,00000 0,041540 RAS/FIL & ppl200 -1,00000 0,041540 Plecoptera & ppl100 -1,00000 0,041540 RAS/FIL & pfl250 1,00000 0,041540 Plecoptera & pfl150 1,00000 0,041540 RAS/FIL & ppl250 -1,00000 0,041540 Plecoptera & ppl150 -1,00000 0,041540 % RAS & pcl50 1,00000 0,041540 Plecoptera & pfl200 1,00000 0,041540 % RAS & pcl100 1,00000 0,041540 Plecoptera & ppl200 -1,00000 0,041540 % RAS & pcl200 1,00000 0,041540 % RAS & pcl250 1,00000 0,041540

33

Page 46: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Mata ContínuaMata 100 HaMata 10 HaCapoeiraPasto

COBERTURA FLORESTAL

CO

MP

OS

IÇÃ

O D

E T

ÁX

ON

S

-2,2

-1,8

-1,4

-1,0

-0,6

-0,2

0,2

0,6

-0,1 0,1 0,3 0,5 0,7 0,9 1,1

Mata ContínuaMata 100 HaMata 10 HaCapoeiraPasto

EIXO1

EIXO

2

-1,6

-1,2

-0,8

-0,4

0,0

0,4

0,8

-2,2 -1,8 -1,4 -1,0 -0,6 -0,2 0,2 0,6

Figura 7. Análise de Correspondência baseada na composição taxonômica de

macroinvertebrados de 20 igarapés com diferentes graus de preservação da

cobertura vegetal nas reservas do PDBFF – INPA, Manaus, Am.

Figura 8. Correlação entre a composição de táxons dos 20 igarapés (representada

pelas coordenadas do eixo 1 da análise de correspondência) com a porcentagem de

mata no entorno dos igarapés em um raio de 50 metros a partir dos pontos de

coleta.

34

Page 47: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

DISCUSSÃO

Distribuição espacial da comunidade de insetos aquáticos

Maiores valores de riqueza taxonômica de insetos aquáticos em áreas de

correnteza foram assinalados por Baptista et al. (1998, 2000), Buss et al. (2004) e

Kikuchi & Uieda (1998) no sudeste do Brasil. Da mesma forma, os menores valores

em substrato arenoso eram esperados, pela instabilidade desse substrato, sujeito a

grandes modificações pela velocidade da correnteza, e pela baixa quantidade de

matéria orgânica, levando a uma baixa oferta de alimento (Hawkins, 1984 apud

Baptista et al. 2001).

Como esperado, vários táxons apresentaram maiores freqüências em

determinados tipos de substratos, o que tem relação com a natureza do substrato

ocupado, a velocidade da correnteza e tipo de recurso alimentar. Progomphus

(Odonata), por exemplo, representou o único táxon característico de susbtrato

arenoso. As larvas desse gênero têm hábito cavador e caçam outros animais

enterrados no substrato arenoso (Carvalho & Nessimian, 1998).

Dentre os Trichoptera, os gêneros Wormaldia e Smicridea foram assinalados

por Huamantinco & Nessimian (1999) como característicos de folhiço retido em

áreas de correnteza, assim como o gênero Triplectides é característico de áreas de

depósito de folhiço em remansos. Esse gênero normalmente utiliza gravetos como

abrigo e o folhiço depositado no fundo do leito apresenta grande quantidade desse

material. Segundo Hynes (1970b), a oferta de alimento está relacionada com a

velocidade da correnteza, bem como a freqüência da respiração para alguns grupos.

Os gêneros Leptonema, Macrostemum, Protoptila e Chimarra são apontados por

Wiggins (1996) como presentes preferencialmente em depósito de folhas

acumulados em correnteza. No presente estudo, Oecetis ocorreu,

35

Page 48: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

preferencialmente, em vegetação e barrancos marginais dos igarapés, contrariando

Wiggins (1996), que sugere que esse gênero é típico do fundo de leito de rios. Os

gêneros Marilia, Helicopsyche e Cernotina não apresentaram preferência por

substrato. Flint (1982) sugere que o gênero Macronema ocorre em raízes, porém,

não houve, no presente estudo, um substrato preferencial. Phylloicus é um gênero

característico de águas correntes (Wiggins, 1996), porém é mais abundante nas

áreas de remanso com acúmulo de folhiço (Huamantinco & Nessimian, 1999; Pes,

2001). As folhas que se acumulam em locais de correnteza podem abrigar larvas

desse gênero com maior freqüência, tornando-o indicador desse tipo de substrato.

Dentre os Ephemeroptera, as ninfas de Campylocia e Campsurus são

coletoras. O folhiço depositado em áreas de remanso pode ser um ambiente

favorável para as ninfas de Campylocia, que vivem no espaço interstícial do folhiço.

Larvas de Campsurus têm hábito cavador e normalmente ocorrem em substratos

moles (Edmunds et al., 1976), mas estão associadas a ambientes de pouca

correnteza.

Os gêneros Caenis, Waltzoyphius e Coryphorus ocorreram preferencialmente

em raízes e vegetação marginal nos barrancos. No Espírito Santo e em outras áreas

do Sudeste, Waltzoyphius foi encontrado na vegetação marginal (Lugo-Ortiz et al.,

2002 e F. F. Salles dados não publicados). Por outro lado, Caenis parece ocorrer

preferencialmente em áreas de deposição (Edmunds & Waltz, 1996). O teste, no

entanto, mostrou uma pequena diferença (significativa) entre a ocupação deste

último em folhiço depositado em áreas de remanso e na vegetação dos barrancos

marginais. A proximidade dos substratos nos igarapés coletados poderia influenciar

a composição de táxons, como demosntrado pela relação negativa entre o tamanho

36

Page 49: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

dos igarapés e a similaridade taxonômica entre os diferentes tipos de substrato nos

igarapés estudados.

Adaptações aos ambientes de correnteza são comuns a diversos grupos.

Azevêdo (2003), em estudo com Megaloptera em igarapés da Amazônia Central,

aponta a preferência das larvas de Corydalus e Chloronia por áreas de correnteza.

As espécies desses gêneros apresentam garras anais bem desenvolvidas, que

auxiliam na fixação e na locomoção em áreas de correnteza. Passos et al. (2003),

em estudo realizado na Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro, apontam folhiço

retido em áreas de correnteza como substrato preferencial para espécies da família

Elmidae, que foi representada por indivíduos dos gêneros Phanocerus, Macrelmis,

Gyrelmis, Cylloepus, Heterelmis e Atractelmis, todos coletados em áreas de

correnteza. Herrmann et al. (1993), em estudo feito para avaliar a influência da

velocidade da correnteza na escolha do substrato por Naucoridae (Hemiptera),

apontaram Ambrysus como o gênero mais comumente encontrado sob pedras em

rios com correnteza.

Segundo Da-Silva (2002) e Buss et al. (2004), o gênero Farrodes é

característico de folhiço depositado em áreas de remanso de riachos do estado do

Rio de Janeiro. Porém, em estudo realizado no Rio Campo Belo, no mesmo estado,

Farrodes carioca Domínguez, Molineri & Peters, 1996 ocorreu cerca de cinco vezes

mais frequentemente em folhiço de correnteza do que no folhiço depositado no

fundo, corroborando nosso resultado (Francischetti et al. 2004).

A maior presença de Phylloicus no substrato de folhiço de correnteza,

provavelmente ocorreu devido à baixa variação da velocidade da corrente entre esse

substrato e o folhiço depoisitado em áreas de remanso e à proximidade entre eles

nos igarapés estudados.

37

Page 50: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

As assembléias de insetos aquáticos dos diversos substratos tendem a ser

mais distintas com o aumento do curso d’água. Os resultados apontaram a

profundidade como o melhor descritor do tamanho do igarapé (Figura 2), pois

velocidade da corrente e largura apresentam variações relacionadas a outros

fatores. A primeira é influenciada pelo relevo e pela presença de mecanismos de

retenção no leito, e a segunda está relacionada à largura do baixio e à inclinação

das vertentes. Tais medidas influenciam diretamente os valores de vazão. Mortati

(2004), em estudo realizado na mesma área deste trabalho, argumentou que a

largura dos igarapés não apresentou relação com a vazão em função de processos

de assoreamento, especialmente em áreas alteradas, pois havia um aumento na

área de alagamento com relação à área do baixio.

Segundo Minshall (1984), uma redução da heterogeneidade dos substratos,

em rios maiores, é atribuída à redução da capacidade do rio de, por exemplo,

carrear partículas maiores, levando a uma uniformidade dos substratos finos.

Baptista et al. (1998) observaram que bancos de folhas depositadas nos remansos

de rios de maiores ordens apresentavam uma fina camada de sedimento

depositado, o que dificultaria a utilização do substrato pela entomofauna aquática.

38

Page 51: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Riqueza de macroinvertebrados aquáticos e sua relação com os diferentes estados

de integridade da mata ripária

Fittkau (1967) chama a atenção para a grande diversidade da fauna de

invertebrados aquáticos de igarapés da Amazônia Central. Walker (1994) assinalou

122 táxons de macroinvertebrados em seus estudos plurianuais no Rio Tarumã-

Mirim, próximo a Manaus, o que, levando-se em conta o curto período de coletas e o

pequeno número de amostras, aponta para uma grande riqueza da fauna de

macroinvertebrados nos igarapés estudados.

A título de comparação, Oliveira (1992) listou 32 espécies de Odonata para o

Rio Tarumã-Mirim, e Vásques (1996), 28 espécies para dois igarapés próximos a

Manaus. Pes (2001), em estudos realizados em 26 igarapés na região de Presidente

Figueiredo, aproximadamente a 40 Km ao norte da área de estudo, encontrou 55

espécies/morfótipos de Trichoptera. São áreas com mata ripária íntegra, porém com

maior incidência da luz solar pela largura do rio ser maior.

A composição da fauna de riachos é tida como parâmetro que reflete as

condições ambientais e integra as influências da qualidade da água e da

degradação do hábitat (Lammert & Allan, 1999). As comunidades estudadas

apresentaram número de táxons semelhante, porém a composição foi diferente na

maioria das vezes.

Alguns táxons apresentaram relação com determinado tipo de cobertura

vegetal. Os gêneros da família Elmidae foram encontrados apenas nas áreas de

floresta e em algumas capoeiras. Alguns gêneros de Trichoptera também foram

sensíveis à alteração da cobertura vegetal, não sendo encontrados em áreas de

pastagens. Segundo Pes (2005), os gêneros Helichopsyche, Macrostemum, Oecetis,

Phylloicus, dentre outros, e a família Hydroptilidae, como um todo, tendem a não

39

Page 52: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

estar presentes em áreas de pastagem. Espécies da família Corydalidae também

são sensíveis à retirada da mata ciliar, sendo apontadas por Azevêdo (2003) como

indicadoras de alteração da cobertura vegetal. A ordem Ephemeroptera mostrou-se

característica de áreas preservadas de mata, corroborando Da-Silva (2002), em

estudo feito no Estado do Rio de Janeiro.

Em áreas abertas, o gênero Belostoma (Hemiptera: Belostomatidae) foi

característico, não apresentando ocorrência em áreas de floresta. Segundo

Hungerford (1919) e Pereira & Melo (1998) esse gênero é encontrado associado a

plantas aquáticas, em águas com pouca correnteza ou estagnadas. O mesmo ocorre

na ordem Odonata, onde o gênero Coryphaeschna, da família Aeshnidae ocorre

preferencialmente em ambientes lênticos (Carvalho & Nessimian, 1998). Esses

gêneros foram encontrados no igarapé mais alterado (P21, pasto aberto) onde a

baixa velocidade da correnteza e a presença de macrófitas permitem o seu

estabelecimento.

A riqueza da comunidade apresentou relação negativa com o aumento da

porcentagem de pastagem em cada ponto. A relação também foi negativa quando

houve aumento da alteração ambiental (Nessimian et al., submetido). Kay et al.

(1999) observaram, em rios do noroeste da Austrália, que em locais de criação de

gado e ovelhas, a riqueza da comunidade de macroinvertebrados aquáticos era

menor que nos outros locais de coleta situados dentro de reservas florestais. Roque

& Trivinho-Strixino (2000), Roque et al. (2003) e Lenat & Crawford (1994) afirmam

que a riqueza de macroinvertebrados tende a diminuir quando há alteração da

cobertura vegetal.

Segundo Lovejoy et al. (1986) os fragmentos florestais estão circundados por

pastagens ou áreas de crescimento secundário, enquanto que as áreas não isoladas

40

Page 53: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

ainda fazem parte de grandes extensões de floresta contínua. Essa floresta circunda

todas as fazendas e reservas do PDBFF, podendo ser considerada uma grande

matriz onde os fragmentos e as capoeiras estão inseridos. Cada fragmento foi

isolado em uma determinada época, tendo o manejo diferenciado, resultando no

crescimento de diferentes tipos de mata secundária. Essas capoeiras são bastante

distintas entre si, algumas sendo dominadas por Vismia, outras por Cecropia, ou

mesmo mistas. A idade e a intensidade de uso dessas capoeiras são outros fatores

importantes (Moreira, 2003), que também variam entre os pontos de amostragem.

Tais fatores podem estar interferindo na disponibilidade de materia orgânica para ser

exportada para o igarapé.

O igarapé do ponto P4 situa-se em uma área de capoeira dominada por

Cecropia sp. e com cerca de 25 anos. Com esse tempo, a mata está bem

estruturada, podendo abrigar uma comunidade de macroinvertebrados bem

característica. Dois igarapés de áreas de capoeira apresentaram entomofauna mais

semelhante à dos igarapés de áreas de mata: o igarapé do ponto P1, que possui

uma grande área de mata em torno da capoeira, a qual pode exercer uma grande

influência; e o ponto P19, em uma área de capoeira mista, onde a vegetação está

bem estruturada, apresentando um sub-bosque bem formado.

O igarapé do ponto P17 situa-se em uma área de capoeira mista, com altos

valores de abertura do dossel, o que torna a composição da fauna bastante

semelhante à das áreas de pastagem. Bojsen & Jacobsen (2003) verificaram que a

diversidade diminui em áreas desmatadas, com menor cobertura do dossel, na

Amazônia Equatorial. Lammert & Allan (1999), num estudo sobre a influência da

alteração da cobertura vegetal na comunidade de macroinvertebrados e peixes,

41

Page 54: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

concluíram que a porcentagem de cobertura de pastagem tiveram correlação

negativa com a riqueza de macroinvertebrados.

Segundo Mortati (2004), maiores índices de disponibilidade de folhiço

submerso deveriam ser registrados naqueles igarapés que percorrem áreas de

floresta primária, com dossel bem fechado, em função das maiores porcentagens de

cobertura florestal da vegetação ripária. Contudo, essa relação não foi verificada

naquele estudo, como também observado para riachos na Amazônia equatoriana

por Bojsen & Barriga (2002). Talvez, o rápido crescimento das espécies pioneiras

proporcione quantidade de folhas capaz de gerar disponibilidades semelhantes de

folhiço submerso para igarapés de mata primária e de capoeiras. Entretanto, não se

conhece os efeitos da quantidade nem do tipo do folhiço depositado nos igarapés

sobre a fauna aquática.

Pes (2005), estudando a comunidade de Trichoptera nas áreas do PDBFF

afirma que não houve diferenças na riqueza e na abundância entre as áreas de

fragmentos de mata, capoeira e mata contínua. Padrão semelhante foi encontrado

nesse estudo.

A alteração da vegetação de entorno dos igarapés pode interferir diretamente

na formação dos bancos de folhiço, senão quantitativamente, mas qualitativamente.

A composição das espécies e a estrutura da vegetação muda entre os tipos de

cobertura vegetal, como de floresta primária para capoeira (Nepstad et al., 1998) e,

em situações mais drásticas, pode interferir no aporte de energia da bacia de

drenagem como um todo. A falta de um padrão na estrutura da comunidade pode

ser resultado da ausência de grandes barreiras geográficas e climáticas entre os

locais de amostragem (Kay et al., 1999).

42

Page 55: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Vários estudos (Lenat & Crawford, 1994; Kay et al. 1999; Roque & Trivinho-

Strixino, 2000 e Roque et al. 2003) apontam a queda do número de táxons em

resposta a alteração na cobertura vegetal, adjacente ao igarapé. Por refletir essas

alterações, o parâmetro também é utilizado como método de avaliação rápida para

impactos ambientais (Rosemberg & Resh, 1993).

Categorização Funcional Trófica

Os igarapés em ambientes de floresta apresentaram maior heterogeneidade

na composição da fauna, maior riqueza de táxons e maior equitabilidade entre as

categorias tróficas. A retirada da mata tornou o ambiente mais homogêneo,

resultando na diminuição no número de espécies. Huamantinco-Araujo (2004)

verificou queda de cerca de 25% na riqueza de táxons de Trichoptera, comparando

riachos em áreas florestadas e não florestadas, no Estado do Rio de Janeiro. No

referido estudo, a guilda de cortadores apresentou acentuada queda na participação

relativa (número de indivíduos), enquanto que a de filtradores mostrou

comportamento oposto. Benstead et al. (2003) também encontraram uma fauna

mais rica e diversa em riachos de áreas de floresta em Madagascar, em comparação

com riachos em áreas desmatadas. Esses autores assinalaram que ambientes de

floresta são caracterizados por insetos de hábitos coletores, tanto filtradores como

catadores, enquanto que nos ambientes alterados há um predomínio de coletores-

catadores de hábitos generalistas. Não temos dados sobre as características mais

ou menos generalistas dos táxons ocorrentes nos igarapés do presente estudo, mas

houve mudança na composição taxonômica das categorias raspadores, filtradores e

cortadores em associação com área de pastagem. Segundo Cheshire et al. (2005), a

participação relativa das diferentes categorias funcionais, em termos de número de

43

Page 56: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

indivíduos e de espécies, difere entre tipos de habitats. Embora todas as categorias

estivessem representadas nos igarapés estudados, a proporção entre elas mudou

conforme o tipo de intensidade da alteração ambiental.

Segundo Vannote et al. (1980), as nascentes são fortemente influenciadas

pela vegetação ripária, que reduz a produção autotrófica pelo sombreamento e

contribui com uma grande quantidade de material orgânico alóctone. Nelas haveria

uma participação importante de cortadores e coletores, por causa da alta

disponibilidade de material orgânico proveniente da vegetação marginal. De fato,

nos igarapés estudados, que apresentavam maior cobertura vegetal, cortadores e

coletores foram os grupos mais abundantes.

Segundo o Conceito de Rio Contínuo (Vannote et al., 1980) a redução da

influência da vegetação ripária e o aumento da luminosidade ocorre em rios da

seção intermediária (4a a 6a ordens), onde raspadores e coletores seriam as

categorias mais abundantes. No presente estudo, o aumento do valor no escore do

inquérito ambiental refletiu a alteração do hábitat, com diminuição da cobertura

vegetal e aumento da luminosidade (abertura do dossel), nos pontos amostrados.

Nesses igarapés os coletores foram a categoria mais representativa, porém,

raspadores tiveram sua abundância diminuída. DeLong & Bursven (1998), em um

estudo realizado em um rio em Idaho (EUA), não encontraram relação entre

raspadores e algas, apontando para o fato de que várias espécies pertencentes a

essa guilda poderiam estar se alimentando de detritos. Em um estudo em riachos

em Porto Rico, Heartsill-Scalley & Aide (2003) verificaram uma relação negativa

entre a presença da mata ripária e a quantidade de substratos cobertos por

sedimentos. A retirada da mata permite o assoreamento do fundo do leito do rio com

areia e argila e, mesmo com o aumento da intensidade luminosa, não há substrato

44

Page 57: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

propício à fixação de algas, importante recurso para os raspadores (Wood &

Armitage, 1997).

Por outro lado, a retirada da mata permite o estabelecimento de macrófítas e

perifiton associado, que são os principais recursos para os sugadores herbívoros.

Esses tiveram sua abundância aumentada em locais de pastagem. Os principais

sugadores foram Tenagobia sp. (Hemiptera: Vellidae), que ocorreram em quase

todas as áreas de pastagem. As macrófitas também exercem papel importante na

retenção de matéria orgânica (Koetsier & McArthur, 2000), o que favoreceria a

presença de coletores.

A categoria de predadores apresentou baixa relação com a vegetação

marginal, mas a relação foi alta com a riqueza da fauna de macroinvertebrados

presente, isto é, com o recurso disponível para alimentação. Resultados

semelhantes foram encontrados em outros estudos, onde os predadores

representaram a maior porcentagem das categorias tróficas quanto a de riqueza de

táxons (Nessimian, 1997; Delong & Brusven, 1998; Cheshire et al., 2005).

Medidas Bioindicadoras

O resultado das medidas tróficas analisadas não corresponderam totalmente

ao esperado, segundo previsto por Rosemberg & Resh (1993), Loeb & Spacie

(1993) e Barbour et al. (1996). O número de sugadores foi menor nas áreas de

pastagem, como esperado, mas não respondeu satisfatoriamente em relação à

fragmentação florestal. A razão entre raspadores e coletores comportou-se da

mesma forma. O número de táxons de predadores e as porcentagens de coletores e

filtradores apresentaram-se variáveis, também como esperado. Com relação à

porcentagem de raspadores, houve menores valores nas áreas de pastagens,

45

Page 58: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

contudo sem resposta satisfatória quanto à fragmentação florestal. A porcentagem

de cortadores não apresentou os resultados esperados, havendo maiores valores

nas áreas mais degradadas e não havendo diferença nas outras, o que poderia ser

explicado por uma eventual substituição da qualidade do material disponível para ser

fragmentado.

Raspadores se relacionaram positivamente com áreas de capoeira. Segundo

Cargnin-Ferreira (1998) em estudo feito em igarapés no Parque Nacional do Jaú

(AM), os raspadores poderiam não estar se alimentando de algas e sim de fungos

que crescem sobre as folhas que compõem o folhiço, já que a intensidade luminosa

não é muito grande nessas áreas (Walker, 1994, 1995)

A razão entre raspadores e filtradores apresentou relação positiva com

porcentagem de cobertura de floresta. Os filtradores seriam mais facilmente

encontrados em rios maiores, devido à maior velocidade da correnteza (Wallace et.

al.,1977) e portanto, maior volume de alimento disponível para ser filtrado. Porém,

em áreas abertas de pastagem, teoricamente com maior quantidade de partículas

finas, a relação foi negativa. Possivelmente, o material para alimentação dos

filtradores seria proveniente da mata ripária adjacente, trazido por chuvas (Cagnin-

Ferreira, 1998).

Com relação à composição da fauna, diferenças significativas foram

encontradas em função da porcentagem de floresta na área imediatamente

adjacente aos igarapés. Entre os Trichoptera, o maior número de táxons ocorreu em

pastagens com veredas, o que concorda com as observações de Pes (2001), onde o

padrão de distribuição do número total de táxons sugere que eles têm preferência

por áreas abertas sujeitas a alteração ambiental moderada.

46

Page 59: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

A análise de correspondência baseada em uma matriz qualitativa de táxons,

mostrou uma separação nítida no primeiro eixo, entre áreas de mata e áreas de

pastagem (Figura 7). Esse resultado é corroborado pela relação (R2= 0,52 e p=

0,021) obtida entre as coordenadas dos pontos de coleta no eixo 1 da análise de

correspondência e os valores percentuais de cobertura de mata em um raio de 50

metros a partir dos igarapés (Figura 8). Alguns táxons podem potencialmente

caracterizar essas relações, principalmente dentre os Trichoptera e os

Ephemeroptera, com espécies exclusivas de uma ou outra área. Por exemplo,

Leptophlebiidae sp.1 e sp.2, Trichorythodes e Rhyacophylax ocorreram em áreas de

mata, enquanto que, Cloeodes, Cryptonimpha, Smicridea sp.5 e Cyrnellus ocorreram

somente em pastos e capoeiras.

Em estudo realizado em dois igarapés nas proximidades de Manaus, AM,

Cleto-Filho & Walker (2001), observaram uma redução no número de famílias de

macroinvertebrados presentes em trechos impactados por desmatamento e aporte

de esgotos domésticos. Couceiro (2005) também estudou igarapés impactados na

zona urbana de Manaus e verificou redução significativa da riqueza e diversidade de

macroinvertebrados com o aumento da poluição. Alguns táxons podem

potencialmente caracterizar essas modificações, porém, segundo Malmqvist & Mäki

(1994), espécies consideradas indicadoras de ambientes perturbados também

podem ocorrer em ambientes naturais.

A ordem Ephemeroptera, de maneira geral, não mostrou nenhuma relação

significativa com a porcentagem de cada tipo de cobertura vegetal. A família que

apresentou alguma relação significativa com cobertura vegetal foi Baetidae, que se

relacionou com a proporção de capoeira em uma zona entorno de 150 metros.

47

Page 60: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Plecoptera e Trichoptera se relacionaram negativamente, quanto ao número

de táxons, com áreas abertas, onde a floresta adjacente é mais impactada (áreas de

pastagem a 50, 100 e 150 metros).

O índice EPT mostrou uma relação significativa negativa com áreas abertas.

Valores mais baixos ocorreram em áreas de pastagem e mais altos em mata.

Segundo Bispo (2003), em estudo realizado na Mata Atlântica, os maiores valores

de riqueza e equitabilidade ocorreram em córregos que apresentavam uma

cobertura vegetal mais densa, o que corrobora os resultados do presente estudo.

Segundo Diniz-Filho et al. (1997, apud Bispo & Oliveira, 1998), em estudo

feito em rios de regiões tropicais, a ordem dos córregos, a ação antrópica e a

vegetação ripária são de grande importância na distribuição espacial e temporal dos

insetos aquáticos em ambientes lóticos. No presente estudo, o índice EPT foi

sensível à retirada da mata adjacente (área aberta), mas não à substituição da mata

primária (mata contínua) por uma secundária (capoeira).

48

Page 61: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

CONCLUSÕES

• Nos igarapés estudados, o folhiço retido em áreas de correnteza foi o que

apresentou maior abundância e a maior riqueza de táxons. Os substratos estudados

apresentam assembléias de insetos aquáticos características.

• Igarapés maiores apresentam uma separação mais nítida entre os substratos

e, conseqüentemente, assembléias de insetos aquáticos mais distintas. A

profundidade como melhor variável ambiental descritora do tamanho do igarapé.

• A maioria das medidas bioindicadoras testadas não refletiram as diferenças

de cobertura vegetal e fragmentação, com exceção da composição de espécies.

• No presente estudo, mudanças com relação à cobertura vegetal e na

qualidade do substrato disponível para ocupação são fatores indutores de

modificações de composição da fauna de macroinvertebrados, porém não

acarretaram mudanças significativas na estrutura trófica e em medidas de riqueza

taxonômica.

• Somente mudanças drásticas na cobertura vegetal foram capazes de alterar a

composição de espécies, pois a retirada da mata e a implantação de pastagens teve

como conseqüência a substituição do conjunto de espécies presentes nos igarapés.

49

Page 62: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

CAPÍTULO 2: CHAVE DE IDENTIFICAÇÃO DE FAMÍLIAS E GÊNEROS PARA LARVAS DE ÚLTIMO ESTÁDIO DA ORDEM ODONATA DE IGARAPES DOS

MUNICIPIOS DE MANAUS E PRESIDENTE FIGUEIREDO

INTRODUÇÃO

A ordem Odonata é diversa, com aproximadamente 5.300 espécies descritas,

sendo que destas, cerca de 1.500 ocorrem na Região Neotropical (Carvalho & Calil,

2000). As libélulas são insetos hemimetábolos que passam sua vida larval nas

águas doces e respiram por brânquias externas ou internas. O período de

desenvolvimento larvário varia de dois meses a três anos, conforme a espécie e o

clima. Os indivíduos adultos alados são terrestres e têm pouco tempo de vida, desde

dias até alguns meses. Tanto as larvas quanto os adultos são predadores (Santos,

1981).

As libélulas adultas apresentam uma uniformidade morfológica pouco

encontrada nas outras ordens de insetos. Possuem dois pares de asas

membranosas, bem desenvolvidas; os olhos são bastante desenvolvidos; as

antenas são setiformes; o mesotórax e o metatórax são fusionados (sintórax) e o

abdome apresenta 10 segmentos distintos (Carvalho & Calil, 2000).

As náiades ou larvas são aquáticas e as brânquias abdominais diferenciam as

subordens. As larvas da subordem Zygoptera apresentam lamelas caudais,

representadas por filamentos expandidos no final do abdome. Na subordem

Anisoptera as brânquias são internas, formando uma câmara branquial no final do

tubo digestivo (câmara retal). Os olhos são compostos e bem desenvolvidos e o

lábio é altamente modificado para captura das presas.

50

Page 63: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Náiades de Odonata são freqüentemente encontradas em corpos d´água na

floresta, são os invertebrados predadores mais abundantes nestes locais (Gascon,

1992) e têm importante papel nas comunidades aquáticas (Santos, 1981). Também

apresentam uma grande especificidade por hábitats dentro de ecossistemas

aquáticos (Carvalho & Nessimian, 1998), podendo funcionar como boas indicadoras

biológicas (Rosemberg & Resh, 1993). Em ecossistemas Amazônicos, eles podem

ser encontrados nos mais diversos tipos de ambientes aquáticos (lênticos e lóticos),

de águas pretas, claras e brancas (Walker, 1994).

Poucos estudos sobre a ordem Odonata foram realizados na Amazônia

Central. Dentre esses, podemos citar Mesquita (1992), que desenvolveu um trabalho

sobre biologia de ninfas de Zygoptera de fitotelmata; De Marco Jr. (1998), que

estudou padrões de comportamento de indivíduos adultos em ambiente de campina;

Delgado (1996, 2002), que analisou a distribuição das larvas de Odonata em

igarapés da Reserva Florestal Adolpho Ducke; e Hamada & Oliveira (2003), que

determinaram os itens alimentares de larva de Rimanella arcana Needham

(Zygoptera: Amphipterygidae).

OBJETIVO

• Confeccionar uma chave de identificação para gêneros de larvas de Odonata,

coletadas nas áreas do PDBFF assim como para outras localidades como a Reserva

Florestal Adolpho Ducke, localizada no município de Manaus e no município de

Presidente Figueiredo.

51

Page 64: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

MATERIAL E MÉTODOS

ÁREA DE ESTUDO

As larvas foram coletadas em diferentes pontos na cidade de Manaus, na

Reserva Florestal Adolpho Ducke, Presidente Figueiredo e nas reservas e fazendas

do PDBFF.

A Reserva Florestal Adolpho pertence ao Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia (INPA). Compreende uma área de 710.000 ha de floresta primária de

terra firme, e localiza-se entre 02º 55' e 03º 01'S e entre 59º 53' e 59º 59'W.

(Mendonça, 2005). Apresenta um platô central que divide claramente o sistema

hidrológico dos igarapés em duas bacias: os igarapés afluentes da bacia do igarapé

do Tarumã - Rio Negro estão situados no lado oeste da reserva (Barro Branco,

Acará e Bolívia) e os igarapés da bacia do Igarapé Água Branca (Tinga, Uberê e

Ipiranga) que por sua vez pertence à bacia do Igarapé Puraquequara - Estado

Amazonas e estão situados no lado leste da Reserva Ducke (Ribeiro et al., 1999).

As coletas no município de Presidente Figueiredo foram localizadas entre

01º03’ e 03º01’S e 59º18’ e 60º08’O. A sede do município está situada a 106 km ao

Norte de Manaus. Os igarapés e rios dessa área fazem parte das Bacias dos Rios

Urubu, Urubuí e Uatumã, que por sua vez são afluentes do Rio Amazonas. As

amostragens foram realizadas em diversos igarapés, localizados próximos às

principais estradas de acesso, a rodovia Federal BR 174 e a rodovia Estadual AM

240 Nos igarapés de Presidente Figueiredo, não importando a ordem, a

predominância do substrato é fundo rochoso, com bancos de areia, pedras soltas e

seixos, as folhas ficam presas em troncos e pedras na correnteza ou formam

depósitos no fundo em áreas de remanso (Pes, 2005)

52

Page 65: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

CRIAÇÃO DE ODONATA

Foram capturadas larvas em estágio avançado de desenvolvimento, com as

tecas alares bem desenvolvidas. Para captura utilizei rede em D (rapiché) com

malha de 1mm. As larvas foram transportadas para o laboratório e acondicionadas

em caixas de isopor, com um pouco do substrato do local onde foram coligidas e

água mineral tratada com fungicida (Fungicida “Aqualife” - 1 gota por litro de água).

No laboratório, cada larva foi alimentada diariamente com duas a três larvas de

Chironomidae ou Culicidae (Diptera). Os indivíduos da família Aeshnidae foram

alimentados com girinos (Anphibia: Anura: Hylidae: Phillomedusa bicolor), devido ao

seu grande tamanho. Após a emergência, os indivíduos foram mantidos vivos por 48

horas dentro das caixas com poleiros, depois sacrificados, acondicionados em

envelopes de papel absorvente, etiquetados e, posteriormente, identificados. As

exúvias foram armazenadas em frascos plásticos contendo álcool etílico 80%, com

as mesmas informações de coleta dos adultos e um número de associação com os

adultos emergidos. A identificação foi feita por meio de comparação com a literatura

disponível, com exemplares das coleções do Museu Nacional do Rio de Janeiro e a

Coleção de Invertebrados do Inpa e com o auxílio de especialistas (Drs. Alcimar do

Lago Carvalho, Paulo De Marco Júnior e Frederico Lencioni).

53

Page 66: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

CHAVE DE IDENTIFICAÇÃO

Estão registrados cerca de 116 gêneros de Odonata para o Brasil (Paulson,

2005) e aproximadamente 70 foram registrados para a região Amazônica, de acordo

com levantamento prévio na coleção de invertebrados do INPA e a literatura (De

Marco Jr. 1998; Delgado 1996, 2002). A dificuldade em se identificar gêneros de

larvas de Odonata é dada pela falta de informação levantada para esta área do país.

A maioria dos trabalhos está concentrada nos estados do Rio de Janeiro e São

Paulo, onde larvas vêm sendo regularmente estudadas nos últimos 15 anos

(Carvalho et al., 2002).

A presente chave apresenta gêneros coletados em ambientes lóticos de mata

de terra firme na Amazônia Central. Alguns gêneros de ambientes lênticos também

foram incluídos, contribuindo desta forma para aumentar o conhecimento sobre a

Ordem na região; estes estão marcados com um asterisco. Gêneros com ocorrência

registrada para a região, mas cujas larvas não foram coletadas durante o presente

trabalho, não foram incluídas na chave.

A chave apresentada foi baseada na seguinte bibliografia: Belle, J. (1992),

Carvalho & Calil (2000), Carvalho et al. (2002), Costa et al.(2004) e Lencioni (2005).

54

Page 67: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

CHAVE DE IDENTIFICAÇÃO PARA FAMÍLIA E GÊNERO DE LARVAS DE ÚLTIMO

ESTÁDIO OCORRENTES EM IGARAPÉS DE TERRA FIRME NA AMAZÔNIA

CENTRAL

1a. Região posterior do abdome geralmente composto de 5 processos rígidos, pontiagudos; brânquias externas ausentes (Subordem Anisoptera).............................................................2 1b. Região posterior do abdome não em forma de triângulo, com projeções terminais, que podem ser foliáceas, em forma de saco ou apresentar outra forma (Subordem Zygoptera)................................................................................................................................5 2a. Lábio côncavo, em forma de colher...................................................................................4 2b. Lábio quase plano, não em forma de colher.....................................................................3 3a. Antena com 4 segmentos (o quarto geralmente vestigial), o terceiro mais longo do que os dois primeiros e o quarto juntos; tarso posterior bi-segmentado.....................GOMPHIDAE 3b. Antena com mais de 4 segmentos, o terceiro tão longo ou maior quanto os outros; todos os tarsos tri-segmentados......................................................................................AESHNIDAE 4a. Espinhos laterais do oitavo segmento abdominal ausentes ou mais curtos do que a metade do comprimento dos espinhos laterais do nono segmento; porção mediana da face com espinhos ou escamas proeminentes..............................CORDULIIDAE (Aeschnossoma) 4b. Espinhos laterais do oitavo segmento abdominal tão longo ou mais longo do que a metade do comprimento dos espinhos laterais do nono segmento; porção mediana da face sem espinhos ou escamas proeminentes..........................................................LIBELLULIDAE 5a. Três filamentos terminais, o mediano curto, com projeções espiniformes, os dois laterais em forma de flagelo; tufos de filamentos de brânquias curtos, na região posterior ........................................................AMPHYPTERYGIDAE (Rimanella arcana Needham, 1933) 5b. Três filamentos terminais, todos com formato semelhante entre si; forma dos filamentos variável; sem tufos de brânquias na região posterior...............................................................6 6a. Primeiro segmento antenal mais longo do que todos os outros juntos; lóbulo mediano do premento composto de dois braços estreitos amplamente separados na base, mas que se tocam nas extremidades.......................................CALOPTERYGIDAE (Hetaerina/Mnesarete) 6b. Primeiro segmento antenal curto ou longo, mas nunca tão longo quanto todos os outros juntos; lóbulo mediano do premento não dividido, se dividido não amplamente separado...................................................................................................................................7 7a. Primeiro segmento antenal com o dobro do comprimento do segundo ou mais; brânquias caudais longas, triangulares com a ponta em forma de espinho; brânquias laterais tão longas quanto o comprimento total do corpo (entre o clípeo e o ultimo segmento abdominal) ..............................................................DICTERIADIDAE (Heliocharis amazonica Selys,1853) 7b. Primeiro segmento antenal com comprimento similar ao segundo; brânquias caudais não triangulares, brânquias laterais não tão longas quanto o comprimento total do corpo.........................................................................................................................................8 8a. Brânquias caudais infladas, com diversas projeções cônicas ou digitiformes; brânquias abdominais, ventro-laterais presentes nos segmentos 2-7............................POLYTHORIDAE (Chalcopteryx) 8b. Brânquias caudais não como acima; brânquias abdominais ventro-laterais ausentes nos segmentos 2-7..........................................................................................................................9

55

Page 68: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

9a. Lóbulo mediano do premento com fenda apical (aberta ou fechada)..............................10 9b. Lóbulo mediano do premento sem fenda apical...............................................................12 10a. Incisão separando o gancho terminal dos outros ganchos do palpo labial mais profunda do que as divisões entre qualquer um dos ganchos; gancho móvel com pelo menos uma cerda longa; filamentos caudais foliáceos.................................................LESTIDAE (Lestes*) 10b. Incisão separando o gancho terminal dos outros ganchos do palpo labial não mais profunda do que as divisões entre os outros ganchos; gancho móvel sem cerda; filamentos caudais variáveis....................................................................................................................11 11a. Gancho terminal dos palpos labiais estreito e pontiagudo; ganchos intermediários bem separados; filamentos caudais foliáceos com ápice largo, arredondado ................................................................................PERILESTIDAE (Perilestes/Perissolestes) 11b. Gancho terminal dos palpos labiais largo, com ápice arredondado; ganchos intermediários não tão separados; filamentos caudais em forma de saco, triangulares, mais ou menos infladas e freqüentemente com um filamento terminal .....................................................................................MEGAPODAGRIONIDAE (Heteragrion) 12a. Presença de pelo menos um par de cerdas prementais; filamentos caudais não se

alargando abruptamente na metade distal ou se alargando pouco

...................................................................................................................COENAGRIONIDAE

12b. Cerdas prementais ausentes; filamentos caudais se alargando pouco mas com com

divisão mediana ......................................................................PROTONEURIDAE (Neoneura)

CHAVE DE IDENTIFICAÇÃO PARA GÊNERO DE LARVAS DE ÚLTIMO ESTÁDIO DA

SUBORDEM ANISOPTERA OCORRENTES EM IGARAPÉS DE TERRA FIRME NA

AMAZÔNIA CENTRAL

FAMÍLIA AESHNIDAE

1a. Presença de dois espinhos ao lado da fenda mediana do premento.(Figura 1a)..............2

1b. Ausência de dois espinhos ao lado da fenda mediana do premento.................................3

2a. Cabeça achatada dorso-ventralmente olhos expandidos lateralmente (Figura 1b)

.........................................................................................................................Coryphaeschna*

2b. Cabeça não achatada e os olhos não expandios lateralmente.......................Neuraeschna

3a. Abdome com espinhos laterais presentes nos segmentos 6-9.......................Gynacantha*

3b. Abdome com espinhos laterais presentes nos segmentos 5-9...................Triacanthagyna

56

Page 69: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

FAMÍLIA GOMPHIDAE

1a. Tecas alares divergentes ...................................................................................................2

1b. Tecas alares paralelas .......................................................................................................3

2a. Coxas medianas mais próximas entre si que as anteriores; apêndices laterais (cercos),

visivelmente menores que os apêndices inferiores (paraproctos).........................Progomphus

2b. Coxas do segundo par de pernas com a mesma distância entre si que as do primeiro;

cercos cerca de 1/3 menores que os paraproctos ...........................................Erpetogomphus

3a. Presença de espinhos dorsais nos segmentos abdominais...............................................4

3b. Ausência de espinhos dorsais nos segmentos abdominais...............................................9

4a. Corpo achatado dorso-ventralmente de coloração escura, espinhos dorsais abdominais

bem desenvolvidos presentes nos segmentos 5-9; Tíbias das pernas anteriores sem

espinhos para cavar..........................................................................................Cyanogomphus

4b. Corpo não achatado dorso-ventralmente; espinhos dorsais abdominais sem as

características acima descritas; Tíbias das pernas anteriores com espinhos para cavar

(Figura 2a)................................................................................................................................5

5a. Décimo segmento do abdome bem alongado....................................................................6

5b. Décimo segmento do abdome menor ou do mesmo tamanho que os demais..................7

6a. Espinhos laterais presentes nos segmentos abdominais 7-9 (Figura 2b). Presença de

dentes na margem interna do palpo.......................................................................Aff. Aphylla

6b. Espinhos laterais muito pequenos nos segmentos abdominais 6-9. Dentes ausentes na

margem interna do palpo...........................................................................................Phyllocicla

7a. Segmento abdominal 10 com a metade do tamanho do segmento 9 (Figura 2c)

..........................................................................................................................Desmogomphus

7b. Segmento abdominal 10 do mesmo tamanho ou maior que segmento 9 .........................8

8a. Palpos labiais com dois dentículos na margem interna........................Phyllogomphoides

(Figura 2d)

8b. Palpos labiais sem dentículos na margem interna........................Gomphoides (Figura 2e)

57

Page 70: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

9a. Espinhos laterais dos segmentos abdominais 8 e 9 fortemente encurvados para cima,

Premento não tão largo quanto longo, margem interna do palpo labial não apresentando tais

dentículos................................................................................................Zonophora (Figura 2f)

9b. Espinhos laterais dos segmentos 8 e 9 não encurvados; premento tão largo quanto

longo; margem interna do palpo labial com 7-11 dentículos..................................Epigomphus

FAMÍLIA: LIBELLULIDAE

1a. Abdome sem espinhos dorsais...........................................................................................2

1b. Abdome com espinhos dorsais...........................................................................................6

2a. Olhos proeminentes, expandidos para cima.......................................Orthemis*(Figura 3a)

2b. Olhos não como descritos acima........................................................................................3

3a. Cercos e apêndices anais encurvados para baixo, em vista

lateral,.................................................................................................Erythrodiplax (Figura 3b)

3b. Cercos e apêndices laterais não como descritos acima.....................................................4

4a. Paraproctos, em vista lateral, cerca de duas vezes maior que os cercos..........Micrathyria

4b. Paraproctos, em vista lateral, maior que duas vezes os cercos.........................................5

5a. Espinhos laterais do segmento abdominal 8 menores do que os do segmento 9, tarso do

último par de pernas apresentando coloração mais escura que os dos pares

anteriores.....................................................................................................................Pantala

5b. Espinhos laterais dos segmentos abdominais 8 e 9. desenvolvidos e aproximadamente

do mesmo tamanho; tarsos de mesma coloração.......................................................Tramea

6a. Espinho dorsal ausente no segmento abdominal 9............................................................7

6b. Espinho dorsal presente no segmento abdominal 9...........................................................9

7a. Espinhos dorsais reduzidos nos segmentos abdominais 3-5 (Figura 3c). Olhos não

expandidos lateralmente..............................................................................................Myathiria

7b. Espinhos dorsais não reduzidos reduzidos nos segmentos abdominais 3-5; olhos

expandidos lateralmente...........................................................................................................8

58

Page 71: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

8a Espinhos laterais presentes nos segmentos abdominais 6 e 7, espinhos laterais dos

segmentos 8 e 9 do mesmo tamanho ou um pouco maior que os anteriores, crenulações

não muito profundas............................................................................................Elasmothemis

8b. Espinhos laterais ausentes nos segmentos 6 e 7, Espinhos laterais dos segmentos do 8

e 9 bem desenvolvidos; crenulações digitiformes bem profundas (Figura 3d) .....Zenithoptera

9a. Cercos do mesmo comprimento ou menores que a metade do comprimento do

epiprocto. Espinho dorsal presente no segmento abdominal 2..........................Brechmorhoga

9b. Cercos não como os descritos acima; Espinho dorsal ausente no segmento 2..............10

10a. Margem do occipúcio escurecida, formando uma mancha em forma de

máscara.................................................................................................Perythemis (Figura 3e)

10b. Margem do occipucio sem tal mancha...........................................................................11

11a. Palpo labial com apenas uma seta por crenulação...........................Planiplax (Figura 3f)

11b. Palpo labial com mais de uma seta por crenulação.......................................................12

12a. Margem anterior do premento e margem interior dos palpos apresentando setas com o

ápice achatado......................................................................................Gynothemis (Figura 3g)

12b. Margem anterior do premento com 8-10 setas não achatadas; crenulações bem

definidas.................................................................................................................Macrothemis

Figuras da Chave: Família: Aeshnidae Figura 1: (a) espinhos laterais a fenda mediana do premento; (b) olhos expandidos lateralmente.

b a

59

Page 72: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Família Gomphidae: Figura 2: (a) perna fossorial; (b) espinhos laterais abdominais de Aff. Aphylla; (c) décimo segmento abdominal com metade do comprimento que o nono de Desmogomphus; (d) dentículos na margem interna do palpo labial de Phyllogomphoides;(e) palpo labial sem dentículos de Gomphoides; (f) espinhos abdominais dos segmentos 8 e 9 encurvados para cima em Zonophora.

a

e f

d

b

c

60

Page 73: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Família Libellulidae

Figura 3: (a) olhos expandidos para cima em Orthemis; (b) apêndices anais voltados para baixo em Erythrodiplax; (c) espinhos dorsais dos segmentos 3 a 5 reduzidos em Myathiria; (d) Palpo com crenulações digitiformes profundas em Zenithoptera; (e) mancha em forma de máscara em Perythemis; (f) crenulações do palpo labial com apenas uma cerda em Planiplax; (g) Cerdas da margem interna do palpo labial com ápice achatado em Gynothemis.

g

a b

e f

c d

61

Page 74: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Adis, J., Furch, K. & Irmler, U. 1979. Litter production of a Central-Amazonian black

water inundation forest. Tropical Ecology, 20 (2): 236-245.

Alba-Tercedor, J. 1996. Macroinvertebrados acuáticos y calidad de las aguas de los

rios. IV Simposio del agua in Andalucía (SIAGA). Almeria, 2:203-213.

Alba-Tercedor, J. & Sánchez-Ortega, A. 1988. Un método rápido y simple para

evaluar la calidad biológica de las aguas corrientes basado en el de Hellawell

(1978). Limnética. 4:51-56p.

Allan, J.D. 1995. Stream Ecology: structure and function of running waters. Chapman

& Hall, 388p.

Angrisano, E.B. 1995. Insecta Trichoptera. p. 1199-1237 In: LOPRETTO, E. C. y

TELL G. (eds). Ecosistemas de Aguas Continentales: metodologias para su

estudio, Vol III . Ediciones Sur. La Plata, xvii+897-1401 p.

Azevêdo, C.A.S. 2003. Taxonomia e bionomia de imaturos de Megaloptera (insecta)

na Amazônia Central, Brasil. Dissertação de Mestrado, Instituto Nacional de

Pesquisas da Amazônia/Universidade Federal o Amazonas, Manaus,

Amazonas.183p

Baptista, D.F.; Dorvillé, L.F.M.; Buss, D.F.; Nessimian, J.L.; Soares, L.H.J. 1998.

Distribuição de comunidades de insetos aquáticos no gradiente longitudinal de

uma bacia fluvial do Sudeste brasileiro. In: Nessimian, J.L. & Carvalho, A.L.

(Eds.), Ecologia de insetos aquáticos. Series Oecologia Brasiliensis, vol.V.

PPGE-UFRJ, Rio de Janeiro, p.191-207.

Baptista, D.F.; Buss, D.F.; Drovillé, L.F.M.; Nessimian, J.L., 2001. Diversity and

habitat preference of aquatic insects along the longitudinal gradient of the

62

Page 75: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Macaé river basin, Rio de Janeiro, Brazil. Revista Brasileira de Biologia, 61(2):

249-258.

Barbour, M.T., Gerritsen, J., Griffith G. E., Frydenborg R., McCarron E., White J. S.

and Bastian, M. L.: 1996. A framework for biological criteria for Florida streams

using macroinvertebrates. Journal of the North American Benthological Society,

15(2), 185-211.

Beisel, J.N.; Usseglio-Polatera, P.; Thomas, S. & Moreteau, J.C. 1998. Stream

community structure in relation to spacial variation: the influence of mesohabitat

characteristics. Hydrobiologia 389: 73-88.

Belle, J. 1992. Studies on ultimate instar larvae of neotropical gomphidae, with

description of Tibiagomphus gen. nov. (Anisoptera). Odonatologica 21(1): 1-24.

Benedetto, L. 1974. Clave para la determinación de los plecopteros sudamericanos.

Stud. Neotr. Fauna 9: 141-170.

Benstead, J.P.; Douglas, M.M. & Pringle, C.M. 2003. Relationships of stream

invertebrate communities to deforestation in eastern Madagascar. Ecological

Aplications, 13(5):1471-1490.

Bispo, P.C.; Oliveira, R.G.; Crisci, V.L. & Silva, M.M. 2001. A pluviosidade como fator

de alteração da entomofauna bentônica (Ephemeroptera, Plecoptera e

Trichoptera) em córregos do Planalto Central do Brasil. Acta Limnologica

Brasiliensia, 13 (2):1-9.

Bispo, P.C. & Oliveira, L.G. 1998. Distribuição espacial de insetos aquáticos

(Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera), em córregos de cerrado do Parque

ecológico de Goiânia, Estado de Goiás. In: Nessimian, J.L. & Carvalho, A.L.

(eds.). Ecologia de insetos aquáticos. Rio de Janeiro, UFRJ, V.5, p.175-189.

(Series Oecologia Brasiliensis)

63

Page 76: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Bispo, V.L.C. 2003. Ecologia de imaturos de Ephemeroptera, Plecoptera e

Trichoptera (EPT) associados ao substrato rochoso e ao folhiço e dinâmica de

colonização de macroinvertebrados aquáticos em riachos do Parque Estadual

Intervales. Tese de Doutorado.Universidade de São Paulo, Faculdade de

Filosofia , Ciências e Letras de Ribeirão Preto. Ribeirão Preto, SP, 103p.

Bobot, T.E.; Hamada, N. 2002. Plecoptera genera of two streams in Central

Amazonia, Brazil.. Entomotropica, 17(3):299–301.

Bojsen, B.H. & Barriga, R. 2002. Effects of deforestation on fish community structure

in Ecuadorian Amazon streams. Freshwater Biology, 47: 2246-2260.

Bojsen, B.H. & Jacobsen, D. 2003. Effects of deforestation on macroinvertebrate

diversity and assemblage structure in Ecuadorian Amazon streams. Archiv Fur

Hydrobiologie 158 (3): 317-342

Borror, D.J., 1945. Key to the new world genera of Libellulidae (odonata). Annals of

the Entomological Society of America Vol XXXVIII, no.2

Buss, D. F., Baptista, D. F., Silveira, M. P., Nessimian, J. L. and Dorvillé, L. F. M.,

2002, Influence of water chemistry and environmental degradation on

macroinvertebrate assemblages in a river basin in south-east Brazil.

Hydrobiologia, 481: 125-136.

Buss, D. F., Baptista, D. F., Nessimian, J. L. & Egler, M. 2004. Substrate specificity,

environmental degradation and disturbance structuring macroinvertebrate

assemblages in neotropical streams. Hydrobiologia, 518(1): 179-188.

Callisto, M. & Esteves, F. A., 1995, Distribuição da comunidade de

macroinvertebrados bentônicos em um ecossistema amazônico impactado por

rejeito de bauxita – Lago Batata (Pará, Brasil). In: Nessimian, J.L. & Carvalho,

64

Page 77: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

A.L. (eds.). Ecologia de insetos aquáticos. Rio de Janeiro, UFRJ, V.5, p.335-

348. (Series Oecologia Brasiliensis)

Callisto, M.; Moretti, M. & Goulart, M. 2000. Macroinvertebrados bentônicos como

ferramenta para avaliar a saúde de riachos. Revista Brasileira de Recursos

Hídricos 6(1):71-82.

Cargnin-Ferreira, E. 1998. Fatores influindo na distribuição de grupos funcionais de

macroinvetebrados aquáticos em pequenos tributários do Rio Jaú, Amazônia

Central. Dissertação de Mestrado. INPA/UA. 52p.

Carvalho, A. L. & Calil, E. R. 2000. Chaves de identificação para as famílias de

Odonata (Insecta) ocorrentes no Brasil, Adultos e larvas. Papeis Avulsos de

Zoologia, São Paulo, 41(15):223-241.

Carvalho, A. L. & Nessimian, J. L. 1998. Odonata do Estado do Rio de Janeiro,

Brasil: hábitats e hábitos das larvas. In: Nessimian, J.L. & Carvalho, A.L. (eds.).

Ecologia de insetos aquáticos. Rio de Janeiro, UFRJ, V.5, p.03-27. (Series

Oecologia Brasiliensis)

Carvalho, A.L., Werneck-de-Carvalho, P.C. & Calil, E.R, 2002. Description of the

larvae of two species of Dasythemis Karsh, with a key to the genera of

Libellulidae occurring in the states of Rio de Janeiro and São Paulo, Brasil

(Anisoptera). Odonatologica 31(1): 23-33.

Cheshire, K.; Boyero, L. & Pearson, R.G. 2005. Food webs in tropical Australian

streams: shredders are not scarce. Freshwater Biology, 50:748-769.

Clements, W.H. 1994. Benthic invertebrate community responses to heavy metals in

the Upper Arkansas River Basin, Colorado. Journal of the North American

Benthologic Society, 13(1):30-44.

65

Page 78: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Cleto Filho, S.E.N. & Wlaker, I. 2001. Efeitos da Ocupação Urbana Sobre a

Macrofauna de Invertebrados Aquáticos de um Igarapé da Cidade de

Manaus/AM – Amazônia Central. Acta Amazônica 31 (1):69-90.

Colwell, R. K. & Coddington, J. A. 1994. Estimating terrestrial biodiversity through

extrapolation. Philosophical Transactions of the Royal Society of London

Biology, 345:101-118.

Costa, J. M.; Souza, L. O. I.; Lourenço, A. M.; Oldrini, B. B. 2004. Chave para

famílias e gêneros das larvas de odonata citadas para o Brasil: Comentários e

Registros Bibliográficos. Publicações Avulsas do Museu Nacional. Rio de

Janeiro 99:1 - 44,

Couceiro, S.R.M. 2005. Efeitos do desmatamento e da poluição sobre a riqueza,

densidade e composição de macroinvertebrados aquáticos de igarapés

urbanos de Manaus, Amazonas. Dissertação (Mestrado) -- INPA/UFAM, 116p.

Cummins, K.W. & Lauff, G.H., 1969. The influence of substrate particle size on the

microdistribution of stream macrobenthos. Hydrobiologia, 34: 145-181.

Cushing, C.E.; Allan J.D. 2001. Streams: Their ecology and life. Academic Press: A

harcourt Science and technology company. San Diego 366pp.

Da-Silva, E.R., 2002. Leptophlebiidae (Isecta: Ephemeroptera) ocorrentes no Estado

do Rio de Janeiro: taxonomia e caracterização biológica das ninfas. Tese de

Doutorado, Museu Nacional, UFRJ, Rio de Janeiro, xi+134p.

Delong, M.D. & Brusven, M.A. 1994. Allocthonous imput of organic matter from

different riparian habitas of na agriculturaly impacted stream. Environmental

Management, 18(1):59-71

66

Page 79: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Delong, M.D. & Brusven, M.A. 1998. Macroinvertebrate community structure along

the longitudinal gradient of an agriculturally impacted stream. Environmental

Management Vol. 22, No. 3, pp. 445–457.

De Marco, P. 1998. The amazonian campina dragonfly assemblage: patterns in

microhabitat use and behaviour in a foraging habitat (Anispotera).

Odonatologica 27 (2): 239-248.

De Marmels, J. 1990. Key to the ultimate instar larvae of the Venezuelan odonate

families. Opuscula Zoologica Fluminensia 50: 1-6.

Delgado, C.A. 1996. Bionomia de Odonata (Insecta) em dois igarapés da Reserva

Florestal Adolfo Ducke (Manaus-Am-Brasil). Dissertação de Mestrado, Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia/Universidade Federal do Amazonas.

Manaus, Amazonas, 84p.

Delgado, C. 2002. Spatial and temporal distribution patterns of Odonata larvae in

streams of a terra firme forest of the Central Amazon, Brazil. Journal of

Freshwater Ecology 17 (4): 555-561.

Dickman M. & Rygiel, G. 1996. Chironomid larval deformity frequencies, mortality

and diversity in heavy-metal contaminated sediments of Canadian riverine

wetland. Environmental International, 22(6):693-703.

Diniz-Filho, J.A.F.; Oliveira, L.G. & M.M. Silva. 1997. Explanning the b-diversity of

aquatic insects in “cerrado” streams from central Brazil using multiple Mantel

test. Revista Brasileira de Biologia, 58 (2): 223-231.

Dominguez, E.; Hubbard, M.D. & Peters, W.L. 1992. Clave para ninfas y adultos de

las familias y generos de Ephemeroptera (Insecta) sudamericanos. Instituto de

Limnología Dr. Raul Ringelet. Biologia Aquatica, 16, La Plata, 42 p.

67

Page 80: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Dufrêne, M. & Legendre, P., 1997. Species assemblages and indicator species: the

need for a flexible asymmetrical approach. Ecological Monographs, 67(3): 345-

366.

Edmunds, F.E. Jr.; Jensen, S.L. & Berner, L. 1976. The mayflies of North and Central

America, University of Minnesota Press, Minneapolis, x + 330p.

Edmunds, G.F. & Waltz, R.D. 1996. Ephemeroptera. In: Merrit, R.W. & Cummins,

K.W. (eds). An Introduction to thr Aquatic Insects of North America, Chap.11.

Kendall/Hunt publishing company, Iowa.

Fittkau, E-J. 1967 On the Ecology of Amazonian Rain-Forest Streams. Atas do

Simpósio sobre a biota Amazônica. Vol.3 (Limnologia): 97-108.

Flint, O.S., Jr. 1969. Studies of Neotropical Caddisflies, VIII: Immature Stages of

Barypenthus claudens. Proc. Ent. Soc. Wash., 171(1):24-28.

Flint, O.S., Jr. & BUENO-SORIA, J. 1982. Studies of Neotropical Caddisflies, XXXII:

The immature stages of Macronema variipenne Flint & Bueno, with the Division

of Macronema by the Resurrection of Macrostemum (Trichoptera:

Hydropsychidae) Proc. Biol. Soc. Wash., 95 (2):358-370.

Flint, O.S., Jr. & Wallace, J.B. 1980. Studies of Neotropical Caddisflies, XXV: The

immature stages of Blepharopus diaphanus and Leptonema columbianum

(Trichoptera: Hydropsychidae). Proc. Biol. Soc. Wash., 93 (1):178-193.

Francischetti, C.N.; Da-Silva, E.R.; Salles, F.F. & Nessimian, J.L. 2004. A

Efemeropterofauna (Insecta: Ephemeroptera) do trecho ritral inferior do Rio

Campo Belo, Itatiaia, RJ: Composição e mesodistribuição. Lundiana, 5(1):33-

39. INSS 1676-6180.

Froehlich, C.G. 1984c.Brazilian Plecoptera 4. Nymphs of perlid genera from

southeastern Brazil. Annls Limnol. 20: 43-48.

68

Page 81: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Galdean, N.; Callisto, M. & Barbosa, F.A.R. 2000. Lotic ecosystems of Serra do Cipó,

southeast Brazil: water quality and a tentative classification based on 98 the

benthic macroinvertebrate community. Aquatic Ecosystem Health and

Management, 3:545-552.

Gascon, C. 1992. Aquatic predators and tadpole prey in central Amazonia: field data

and experimental manipulations. Ecology, 73 (3): 971-980.

Gascon, C. & Bierregaard R. O. 2001. The biological dynamics of forest fragments

project. Pp. 31-42 in R. O. Bierregaard, C. Gascon, T. E. Lovejoy, & R. C. G.

Mesquita (eds.), Lessons from Amazonia, the ecology and conservation of a

fragmented forest. Yale University Press, New Haven.

Gascon, C., Lovejoy, T. E., Bierregaard, R. O., Malcolm, J. R., Stouffer, P. C.,

Vasconcelos, H. L., Laurance, W. F., Zimmerman, B., Tocher, M. & Borges, S.

1999. Matrix habitat and species richness in tropical forest remnants. Biological

Conservation, 91:223-229.

Guahyba, R.R. 1981. Contribuição ao estudo dos Trichoptera KYRBY, 1813, na

represa dos ciganos, Rio de Janeiro, baseada em larvas, pupas e casas

(INSECTA). Rio de Janeiro RJ., MN-UFRJ, 156p. (Dissertação de mestrado).

Hamada, N.; Oliveira, S.J. 2003. Food items of larva of Rimanella arcana (Odonata:

Amphipterygidae) in Central Amazonia, Brazil. Entomotropica 18(2):153-155

Hamada, N.; Couceiro, S.R.M. 2003. An illustrated key to nymphs of Perlidae

(Insecta: Plecoptera) genera in Central Amazonia, Brazil. Revista Brasileira de

Entomologia, 47(3):477-480

Hamada, N.; Mccreadie, J.W.; Adler, P.H. 2002. Species richness and spatial

distribution of blackflies (DIptera: Simuliidae) in streams of Central Amazonia,

Brazil. Freshwater Biology, 47:31-40

69

Page 82: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Hamada, N.; Adler, P.H. 2001. Bionomia e chave para imaturos e adultos de

Simulium (Diptera: Simuliidae) na Amazônia Central, Brasil. Acta Amazonica,

31(1):109-132

Heartsill-Scalley, T. & Aide, T.M. 2003. Riparian vegetation and stream condition in a

tropical agriculture-secondary forest mosaic. Ecological Aplications, 13(1):225-

234.

Henderson, P. A. & Walker, I. 1986. On the leaf litter community of the Amazonian

blakwater stream Tarumazinho. Journal of Tropical Ecology, 2:1-16.

Herrmann, D.P.; Sites, R.W. & Willig, M.R. 1993. Influence of current velocity on

substratum selection by Naucoridae (Hemiptera): an experiment approach via

stream simulation. Environmental Entomology, vol. 22, no.3: 571-576

Holzenthal, R.W. 1988a. Systematics of Neotropical Triplectides (Trichoptera:

Leptoceridae). Ann. Ent. Soc. Am., 81(2):187-208.

Holzenthal, R.W. 1988b. Studies in Neotropical Leptoceridae (Trichoptera), VIII: The

Genera Atanatolica Mosely and Grumichella Muller

(Triplectidinae:Grumichellini). Trans. Am. Ent. Soc., 114:71-128.

Huamantinco Araujo, A.A. 2004. Estudo das comunidades de Trichoptera (Insecta)

em riachos de quatro áreas de Mata Atlântica do estado do Rio de Janeiro.

Museu Nacional, UFRJ, Tese de Doutorado, Rio de Janeiro, xiv + 93p.

Huamantinco, A.A. & Nessimian, J.L., 1999. Estrutura e distribuição espacial da

comunidade de larvas de Trichoptera (Insecta) em um tributário de primeira

ordem do Rio Paquequer, Teresópolis, RJ. Acta Limnologica Brasiliensia, 11(2):

1-16.

Hungerford, H.B., 1919. Notes on the aquatic Hemiptera. Kansas Univ. Sci. Bull 11:

141-151.

70

Page 83: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Hynes, H.B.N., 1970a. The ecology of stream insects. Ann. Ver. Ent., 15: 25-42.

Hynes, H.B.N., 1970b. The ecology of running waters. 3a Ed, Toronto press,

Toronto, 555p.

Junqueira, V. M. & Campos S. C. M.: 1998, ‘Adaptation of the “BMWP” method for

water quality evaluation to Rio das Velhas watershed (Minas Gerais, Brazil).’

Acta Limnologica Brasiliensia, 10(2), 125-135.

Junk, W.J. & Piedade, M.T.F. 1997. Plant life in the floodplain with special reference

to herbaceous plants. pp.147-186 In: Junk, W.J. (ed). The Central Amazon

Floodplain: Ecology of a Pulsing System. Ecological Studies, Vol. 126, Springer

Verlag, Nova York.

Kay, W. R.; Smith, M. J.; Pinder, A. M.; Mcrae, J. M.; Davis, J. A. & Halse, S. A.

1999. Patterns of distribution of macroinvertebrate families in rivers of north-

western Australia. Fresh Water Biology 41 (2): 299-316.

Kendall, M. G. (1948). Rank correlation methods. (1st ed.). London: Griffin.

Kikuchi, R.M. & Uieda, V.S., 1998. Composição da comunidade de invertebrados de

um ambiente lótico tropical e sua variação espacial e temporal. In: Nessimian,

J.L. & Carvalho, A.L. (Eds.), In: Nessimian, J.L. & Carvalho, A.L. (eds.).

Ecologia de insetos aquáticos. Rio de Janeiro, UFRJ, V.5, p.157-173. (Series

Oecologia Brasiliensis)

Koetsier P. & McArthur J.V. 2000. Organic matter retention by macrophyte beds in 2

southeastern USA, low-gradient, headwater streams. Journal of the North

American Benthologic Society 19 (4): 633-647.

Kulmann, M.L.; Hayashida, C.Y. & Araújo, R.P.A. 2000. Using Chironomus

(Chironomidae: Diptera) mentum deformities in environmental assessment. Acta

Limnologica Brasiliensia, 12:55-61.

71

Page 84: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Lammert, M. & Allan, J.D. 1999. Assessing biotic integrity of streams: Effects of scale

in measuring the influence of land use/cover and habitat structure on fish and

macroinvertebrates. Environmental Management 23 (2): 257-270.

Lenat, D.R. & Crwford, J.K. 1994. Effects of land use on water quality and aquatic

biota of three North Carolina Piedmont streams. Hydrobiologia 294:185-199

Lenat, D.R., Penrose, D.L. & Eagleson, K.W., 1981. Variable effect of sediment

addition on stream benthos. Hydrobiologia, 79(2) :187-194.

Lencioni, F.A.A., 2005. Damselfies of Brazil: an ilustrated identification guide.

Vol.1.Non-Coenagrionidae families. All Print Editora – SP. 324p.

Lima, M. G. & Gascon, C. 1999. The conservation value of linear forest remnants in

central Amazonia. Biological Conservation, 91:241-247.

Lima, W.P. & Zakia, M.J.B. 2001. Hidrobiologia de matas ciliares pp. 33-44 In:

Rodrigues, R.R. & Leitão filho, H.F. (eds). Matas ciliares: conservação e

recuperação. Editora da Universidade de São Paulo. São Paulo.

Loeb, S.L. & Spacie, A. 1994.Biological Monitoring of Aquatic Systems. Lewis

Publishers, Tokyo, 381p.

Lovejoy, T.E., Bierregaard, R.O., Rylands, A.B., Malcolm, J.R. 1986. Conservation

Biologi: The Science of Scarcity and Diversity. Sinauer Associates, Inc.,

Sunderland, Massachusetts.

Ludwig, J. A. & J. F. Reynolds 1988. Statistical Ecology. A primer on Methods and

Computing. John Wiley & Sons, New York, 349pp.

Lugo-Ortiz, C.R., Salles, F.F. & Furieri, K.S. 2002. First record of small minnow

mayflies (Ephemeroptera: Baetidae) from the state of Espirito Santo

southeastern Brazil. Lundiana 2 (1): 79-80.

72

Page 85: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Magurram, A.E., 1988. Diversidad eológica y su medición. University College of

North Wales. Ediciones Vedrà. 200p.

Malmqvist, B. & Mäki, M. 1994. Benthic Macroinvertebrates Assemblages in North

Swedish Stream: Enviromental Relationships. Ecogeography 17(1): 9-16

Mendonça, F. P.; Magnussom, W. E. & Zuanon, J. 2005. Relationships between

habitat characteristics and fish assemblages in small streams of Central

Amazonia. Coupeia (4):751–764.

Merritt, R. W. & Cummins, K. W. (Eds.). 1984. An Introduction to the Aquatic Insects

of North America. Kendall / Hunt Publishing Company, Dubuque. 722p.

Mesquita, H;G., 1992. Zigópteros de phytotelmata nas imediações de Manaus, com

ênfase na biologia ninfal e descrição de uma espécie nova (Odonata:

Coenagrionidae; Pseudostigmetidae). Dissertação de mestrado, Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia/FUA, Manaus, 111p.

Minshall G.W. 1984. Aquatic insect-substratum relationships. In: Resh, D.M. &

Rosemberg, V.H. (Eds.) The Ecology of Aquatic Insects. Praeger Scientific,

Nova Iorque, NY, EUA. p. 358-400.

Minshall, G.W & Robinson, C.T. 1998. Macroinvertebrate community structure in

relation to measures of lotic habitat heterogeneity. Archiv. Für Hydrobiologie,

141 (2): 129-151.

Moreira, M.P. 2003. Uso de sensoreamento remoto para avaliar a dinâmica da

sucessão secundário na Amazônia Central. Dissertação de Mestrado.

INPA/UFAM, Manaus, 103 p.

Mortati, A.F. 2004. Colonização por peixes no folhiço submerso: implicações das

mudanças na cobertura florestal sobre a dinâmica da ictiofauna de igarapés de

73

Page 86: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

terra firme, na Amazônia Central. Dissertação de Mestrado, INPA/UFAM.

Manaus, AM. 67p.

Nepstad, D. C; Uhl, C.; Pereira, C. A. & Silva, J. M. C. da. 1998. Estudo comparativo

do estabelecimento de árvores em pastos abandonados e florestas adultas da

Amazônia oriental. In: Gascon, C. & Moutinho, P. (eds) Floresta Amazônica:

dinâmica, regeneração e manejo. MCT/INPA. pp. 191-218.

Nessimian, J.L., 1985. Estudo sobre a biologia e a ecologia da fauna invertebrada

aquática na liteira submersa submersa das margens de dois lagos do

arquipélago de Anavilhanas (Rio Negro, Amazonas, Brasil). Dissertação de

mestrado, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/FUA, Manaus,

Amazonas. 114p.

Nessimian, J.L. 1997. Categorização funcional de macroinvertebrados de um brejo

de dunas no Estado do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Biologia,

57(1):135-145.

Nessimian, J. L., Dorvillé, L. F. M., Sanseverino, A. M. & Baptista, D. F. 1998.

Relation between flood pulse and functional composition of the

macroinvertebrate benthic fauna in the lower Rio Negro, Amazonas, Brazil.

Amazoniana, 15:35-50.

Nessimian, J.L.; Venticinque, E.M.; Zuanon, J.; De Marco-Jr, P.; Gordo, M. & Fidelis,

L. (submetido) Land use, habitat integrity and aquatic insect assemblages in

Central amazonian streamlets. Environmental Management (submetido)

Nieser, N. & Melo, A. L. 1997. Os heterópteros aquáticos de Minas Gerais. Editora

UFMG, Belo Horizonte, MG. 177p.

Nolte, U. 1988. Small water colonizations in pulse stable (varzea) and constant (terra

firme) biotopes in the Neotropics. Archiv für Hydrobiologie, 113:541-550.

74

Page 87: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Oliveira, R. 1992. Observações sobre a ecologia da comunidade de Odonata

(Insecta-Hemimetabola) no igapó e em riachos da terra firme, região de

Manaus (AM, Brasil). Tese de Mestrado, Manaus, AM, INPA- UA, 114 p

Passos, M.I.S.; Nessimian, J.L. & Dorvillé, L.F.M., 2003. Life estrategies in elmid

(Insecta: Coleoptera: Elmidae) community from a first order stream in the

Atlantic Forest, southeastern Brazil. Acta Limnologica Brasilientia, 15(2): 29-36.

Paulson, R.D. 2005. South America Odonata (http://www.ups.edu/x7039.xml).

Acesso: 24/05/2005.

Pereira, D.L. 2004. Distribuição e chave taxonômica de gêneros de Gerromorpha e

Nepomorpha (Insecta: Heteroptera), na Amazônia Central, Brasil. Dissertação

de Mestrado INPA, 141pp.

Pereira, M.H. & Melo, A.L. 1998. Influência do tipo de presa no desenvolvimento e

na preferência alimentar de Belostoma anurum Herrich-Schäffer, 1848 e B.

plebejum Stål, 1858 (Heteroptera: Belostomatidae). In: Nessimian, J.L. &

Carvalho, A.L. (eds.). Ecologia de insetos aquáticos. Rio de Janeiro, UFRJ, V.5,

p. 41-49. (Series Oecologia Brasiliensis).

Pes, A.M.O. 2001. Taxonomia e estrutura de comunidade de Trichoptera (Insecta)

no município de Presidente Figueiredo, Amazonas, Brasil. Dissertação de

Mestrado. INPA/UA, 166p.

Pes, A.M.O. 2005. Taxonomia, estrutura e riqueza das assembléias de larvas e

pupas de Trichoptera (insecta), em igarapés na Amazônia Central. Tese de

Doutorado. INPA/UFAM. 154p

Pes, A.M.O.; Hamada, N. 2003. The occurrence of Taraxitrichia Flint & Harris, 1992

(Trichoptera: Hydroptilidae) in Brazil, with descriptions of the final larval stage.

Zootaxa, 328:1-7

75

Page 88: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Petersen, R.C. JR. 1992. The RCE: a riparian, channel, and environmental inventory

for small streams in agricultural landscape. Freshwater Biology, 27:295-306.

Plafkin, J.L.; Barbour, M.T.; Porter, K.D.; Gross, S.K. and Hughes, R.M. 1989. Rapid

Bioassessment Protocols for Use in Streams and Rivers: Benthic

Macroinvertebrates and Fish. United States Environmental Protection Agency,

EPA, 444/4-89-001, Washington DC.

Pozo, J.; Gozales, E.; Díez, J.R.; Molinero, J. & Elósegui, A. 1997. Inputs of

particulate organic matter to streams with different riparian vegetation. J.N.Am.

Benthol. Soc. 16(3):602-611.

Reice, S.R. 1980. The role of substratum in benthic macroinvertebrate

microdistribution and litter decomposition in a woodland stream. Ecology, 61:31-

47.

Resh, V.H. & Jackson, J.K., 1993. Rapid assessment approaches to biomonitoring

using benthic macroinvertebrates. In: Rosenberg, D.M. & Resh, V.H. 1993.

Freshwater Biomonitoring and Benthic Macroinvertebrates. Chapman & Hall,

London. 195-234p.

Ribeiro, J.E.L.S.; Hopkins, M.J.G.; Vicentini, A.; Sothers, C.A.; Costa, M.A.S.; Brito,

J.M.; Souza, M.A.D.; Martins, L.H.P.; Lohmann, L.G.; Assunção, P.A.C.L.;

Pereira, E.C; Silva, C.F.; Mesquita, M.R.; Procópio, L.C. 1999. Flora da Reserva

Ducke: Guia de identificação das plantas vasculares de uma floresta de Terra-

Firme na Amazônia Central. INPA – DFID. Manaus. 816p.

Ribeiro, J.M.F.,2004. Plecoptera (Insecta) adultos da Reserva Florestal Adolpho

Ducke, Manaus, Amazonas. Dissertação de mestrado, Instituto Nacional de

Pesquisas da Amazônia/ Universidade Federal do Amazonas, Manaus. 93p.

76

Page 89: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Roque, F.O. & Trivinho-Strixino, S. 2000. Fragmentação de habitats nos córregos do

Parque Estadual do Jaraguá (SP): Possíveis impactos na Riqueza de

macroinvertebrados e considerações para conservação in situ. Anais do II

Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, Campo Grande, 752-760.

Roque, F.O.; Trivinho-Stricxino, S; Strixino, G.; Agostinho, R.C. & Fogo, J.C. 2003.

Benthic macroinvertebrates in streams of Jaragua State Park (Southeast of

Brazil) considering multiple spatial scales. Journal of Insect Conservation 7:63-

72.

Rosemberg, D.M. & Resh, V.H. 1993. Freshwater Biomonitoring and Benthic

Macroinvertebrates. Chapman & Hall, London. 233 p.

Santos, N.D., 1981. Odonata. In: Hurlbert, S.H., Rodríguez, G. & Santos, N.D. eds.

1981 Aquatic Biota of Tropical South America, Part 1: Arthropoda. San Diego

State University, San Diego, California. Xii + 323 pp.

Sioli, H. 1956. Umber Natur and Mensh in brasilianinchen Amazonas gebiet.

Erdkunde, 10:89-109.

Sioli, H. 1984. The Amazon and its main affluents: Hydrography, morphology of the

river courses, and river types. In: The Amazon limnology and landscape ecology

of a mighty tropical river basin. Dr. W. Junk Publishers, Netherlands. 127-161p.

Sizer, N. C. 1992. The impact of edge formation on regeneration and litterfall in a

Tropical rain forest fragment in Amazonia. Tese de Ph.D. University of

Cambridge, Cambridge. p.

StatSoft, Inc. 1996. STATISTICA for Windows [Computer program manual]. Tulsa,

OK: StatSoft, Inc.

Takeda, A.M. & Perreira, M.C.F.; Barbosa, A.R. 2000. Zoobenthos survey of the

pantanal, Mato Grosso do Sul, Brazil, pp. 49-55. In: Willink, P.W.; Chernoff, B.;

77

Page 90: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Alonso, L.E.; Montambault, J.R. & Lourival R. (eds). Rapid Assessment

Program.

Vannote, R.L.; Minshall, G.W.; Cummins, K.W.; Sedell, J.R. & Cushing, C., 1980.

The River Continuum Concept. Can. J. Fish. Aquat. Sci. 37: 130-137.

Vásquez, C.A.D. 1996 Bionomia de Odonata (Insecta) em dois igarapés da

Reserva Florestal Adolfo Ducke (Manaus-AM-Brasil). Tese de Mestrado,

Manaus, AM, INPA-UA, 74 p.

Walker, I. 1987. The biology of streams as part of Amazonian forest ecology.

Experientia, 43:280-289.

Walker, I. 1990. Ecologia e biologia dos igapós e igarapés. Ciência Hoje, 11(64):46-

52.

Walker, I. 1994. The benthic litter-dwelling macrofauna of the Amazonian forest

steam Tarumã-Mirim: patterns of colonization and their implications for

community stability. Hydrobiologia, 291: 75-92.

Walker, I. 1995. Amazonian Streams and Small Rivers. In:Tundisi, J.G., Bicudo,

C.E.M. & Matsumura-Tundisi, T. (Eds.) Limnology in Brazil, ABC/SBL Rio de

Janeiro, Brasil.p.167-193.

Walker, I. 1998. Population dynamics of Chironomidae (Diptera) in the Central

Amazonian blackwater river Tarumã-Mírim (Amazonas, Brasil). In: Nessimian,

J.L. & Carvalho, A.L. (eds.). Ecologia de insetos aquáticos. Rio de Janeiro,

UFRJ, V.5, p. 235-252. (Series Oecologia Brasiliensis).

Wallace, J. B., J. R. Webster, and W. R. Woodall. 1977. The role of filter feeders in

flowing waters. Archiv für Hydrobiologie. 79:506–532.

Ward, J.V., 1992. Aquatic Insect Ecology 1. Biology and habiat. John Wiley & Sons,

Inc. Colorado, 438p.

78

Page 91: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Waters, T.F. 1995. Sediment in streams: sources, biological effects and control.

American Fisheries Society Monograph 7. Bathesda, Maryland 252p.

Whiles, M.R.; Brock, B.L.; Franzen, A.C. & Dinsmore, S.C. 2000. Stream Invertebrate

Communities, Water Quality and Land-Use Patterns in an agricultural drainage

basin of northeastern Nebraska, USA. Environmental Management, 26(5):563-

576

Wiggins, G.B. 1996. Larvae of the North American Caddisfly Genera (Trichoptera).;

Univ. of Toronto Press, Toronto. 2nd ed., xiii+457p.

Wood, P.J. & P.D. Armitage. 1997. Biological effects of fine sediments in the lotic

environment. Environmental Management 21(2):203-217.

Zahl, S. 1977. Jackknifing an index of diversity. Ecology, 58(4):907-913.

Zar, J.H. 1996. Bioestatistical Analysis. Third Edition. Prentice Hall, Upper Saddle

River, New Jersey,x+662 pp.

79

Page 92: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Anexo I: Lista de macroinvertebrados coletados nos igarapés do PDBFF (INPA/SI)

Táxon P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16 P17 P18 P19 P20 P21 Farrodes sp1 X X X X X X X X X X X X X Farrodes sp2 X X X X X X X X X X X Miroculis X X X X X X X X X X X X X X X X X X X Hagenulopsis X X X X X X Needhamnella X Simothraulodes X X X X X X X Massartella X Ulmeritoides X Hydrosmilodon X Leptophlebiidae sp1 X X X Leptophlebiidae sp3 X X Caenis X X X X X X X X X X X Brasilocaenis X Baetidae sp X X X X X X Callibaetis X X X X X Zelusia principalis X X X X X X Waltzoyphius X X X X X Cloeodes X X Cryptonympha X X Tomedontus X X Campsurus X X X X X X X X X X X X X Campylocia X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X Tricorythodes X X Coryphorus X X X X X X aff. Leptohyphes X Gomphidae sp. X X Progomphus X X X X X X X X X X X X X X X X X Phyllocicla X X Cianogomphus X X X X X X X X X X X Epigomphus ? X X X X X X X X X X X Zonophora X X X X X Phillogomphoides X X

80

Page 93: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Táxon P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16 P17 P18 P19 P20 P21 Libellulidae spp. X X X X X X Libellulidae sp1 X Macrothemis sp.1 X X X X X X X X X X X Macrothemis sp.2 X X X X Gynothemis (?) X X X X X X X X X Elasmothemis X X X Brechmorhoga X X X X X X X Pantala X X X Perithemis X X Paniplax X Erytrodiplax X Corduliidae sp. X X X X Aeschnosoma sp.1 X X X X X X X X Aeschnosoma sp.2 X X Aeshinidae sp X Coryphaeschnia X Zigoptera spp. X X X X X X Coenagrionidae sp.1 X X X X X X X X X X X Coenagrionidae sp.2 X Argia X X X X X X X X X Megapodagrionidae sp. X X X X X X X X X X X Perilestidae sp. X X X X X X X X Calopterigydae sp. X X X X X X X X X X Hetaerina X X X X X X Calcopterix X X X X X X X X X X X Dicteriadidae sp X X X X X X X X Protoneuridae sp. X Anacroneuria sp1 X X X X X X X X X X X X X X X X X X Anacroneuria sp2 X X X X X X X X X X X X X X X X Macrogynoplax sp1 X X X X X X X X X X X X X X X Macrogynoplax sp2 X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X BLATTARIA X X X X X X Veloidea sp. X X X X X X X X X X X Stridulivelia sp2 X X X X X

Page 94: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Táxon P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16 P17 P18 P19 P20 P21 Stridulivelia sp3 X X X Rhagovellia X X X Microvelia sp. X Microvelia lacunana X Microvelia sp.K X Microvelia sp.R X X Paravelia X Ambrisus sp1 X X X X X X X X X X X X X X X X Ambrisus usinger X X X X X X X X X X X X X X Limnocoris X Ranatra X X X X X X X X X X Martarega X X X X X Buenoa X Gerridae sp X Limnogonus X Brachymetra X X X X X X X X Cryptobatoides X X X Tachygerris X Corixidae sp X Tenagobia X X X X X Belostoma X X Coleopterocoris X Corydalidae spp. X X X X X X X X X X Corydalus ignotus X X X X X X Corydalus batesii X Chloronia hieroglyphica X X X X X X X X X X X X Protosialis flammata X X X X X X X Coleoptera spp. X X X X Gyretes X X X X X X X X X X X X X X X X Atractelmis aff. X Austrolimnius sp. X Cylloepus sp 1 X X X X X X X Cylloepus sp2 X X X Dryopomorphus aff X X X X X X X

Page 95: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Táxon P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16 P17 P18 P19 P20 P21 Gyrelmis sp. X X X X X X X X X X X X X Gyrelmis aff X X X X X Heterelmis sp 1 (l) X X X X X X X Heterelmis sp 2 (l) X Heterelmis sp. (a) X X X X X Macrelmis sp1(l) X X X X X X X X X X X X Macrelmis sp2(l) X X Macrelmis sp3(a) X X X X X Microcylloepus sp.(l) X X X X Neoelmis sp. (l) X X X X X Neoelmis sp.(a) X Phanocerus sp (l) X X X X X X X X X X X X X X X X Stegoelmis (l) X X X X X X X X Stegoelmis (a) X X X Xenelmis sp. X X X X X X X X X Larainae sp (l) X X X X X X Elmidae sp 1(l) X Elmidae sp2(l) X Elmidae sp3(l) X Elmidae sp4(a) X Dryopidae sp X X X X Helichus X X X X X X X X X X Dytiscidae sp. X X X Celina X Rhantus calidus X Alina aff. X Noteridae sp. X X X Scirtidae sp. X X X X X X X X X X X Elateridae sp. X X Staphylinidae sp. X X Hydrophilidae spp. X X X X X X X X X Derallus X X X X X Hydrochus X Hydrophilidae sp.1 X

Page 96: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Táxon P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16 P17 P18 P19 P20 P21 Hydrobiomorpha X Tropisternus X Hydrainidae sp.1 X X Hydraena X Scolytidae sp. X X X Ptilodactilidae sp. X X X X X X Phengodidae spp. X Lutrochidae sp. X X X Pyralidae spp. X X X X X X X X X X X Trichoptera spp X X X Helicopsyche sp.1 X X X X X X X X X X X X X X Helicopsyche sp.2 X X X X X X X X X X X X X X X X X Odontoceridae spp. X Marilia sp.1 X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X Marilia sp.2 X Marilia sp.3 X Hydropsichidae sp. X X X X X Leptonema sp1 X X X X X X X X X X X X X X Leptonema sp2 X X X X X X X X X X X X X X X X Leptonema sp3 X X X X X X X X X X X X X X X X Leptonema sp4 X X Macronema sp1 X X X X X X X X X X X X Macronema sp2 X X X X X X X X X X X X X X X X Macronema sp3 X Macrostemum sp.1 X X X X X X X X X X Macrostemum sp.2 X X X X X X X X X Smicridea sp.1 X X X X X Smicridea sp.2 X X Smicridea sp.3 X X X X X X X X X X X Smicridea sp.5 X X X X X Smicridea sp.6 X X X X X X X Smicridea sp.7 X X X Smicridea sp.8 X X Smicridea sp.9 X X

Page 97: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Táxon P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16 P17 P18 P19 P20 P21 Ryacophylax sp.1 X X Ryacophylax sp.2 X Leptoceridae sp X Oecetis sp.1 X X X X X Oecetis sp.2 X X Amazonatolica hamadae X X X X X X X Triplectides X X X X X X X X X X X X X X X X Nectopsyche X X X X X X Leptoceridae genero novo X X X X X X X X X X X X Phylloicus sp.1 X X X X X Phylloicus sp.2 X X X X X X X X X X X X X X X Phylloicus sp.3 X X X X X X X X Phylloicus sp.4 X X X X X X X X X X X Protoptila X X X X X X X X Mortoniella sp1 X X X X X X Mortoniella sp.2 X X X X X X Neotrichia X X X Policentropodidae sp. X X Cernotina X X X X X Cyrnellus X X X X X Policentropus X X X Nyctiophylax X X X X Polyplectropus sp. X Chimarra X X X X X X X X X X X X X X X X Wormaldia X X X X X X X X X X Hydroptilidae sp X X X X Austrotinodes X Atopsyche X Simullium sp X X X X X X X X X X X X X X X Chironomidae sp X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X Stenochironomus X X Tipulidae sp X X X X X X X X X X X X X X X X X X Ceratopogoninae sp X X X X X X X X X X X X X X X X X X X Atricopogon sp. X

Page 98: LUANA FIDELIS DA SILVA · 2006. CDD 19º ed. 595.705263 levando-se em consideração o grau de preservaçã Ficha Catalográfica F451 Fidelis, Luana Estrutura da comunidade de insetos

Táxon P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16 P17 P18 P19 P20 P21 Psychodidae sp. X Culicidae sp X Ciclorrapha X Empididae TURBELLARIA X X X X X X X X X X NEMATODA X X GASTROPODA X OLIGOCHAETA X X X X X X X X X X X X X X X HIRUDINEA X X ACARI X X X X X X X X ARANAE X X X X X X X X X X X X X OPILIONES X DECAPODA X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X Macrobrachium nattereri X X X X X X X X X X X X X X X X Macrobrachium inpa X X X X X X X X X X X X X X X X X X Macribrachium spp. X X X X X X X X X X X X X X X X X X X Pseudopalaemon amazonensis X X X X X X X X X X X X X X X Pseudopalaemon sp.nova X Fredius X X Valdivia serrata X

86