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Ser professor não se explica, vive-se! Relatório de Estágio Profissional Orientador: Mestre José Virgílio Silva Luciana Rafaela Castro Monteiro Pimenta Sampaio Porto, setembro de 2013 Relatório de Estágio Profissional apresentado com vista à obtenção do 2º ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Decreto-Lei nº 74/2006 de 24 de março e o Decreto-Lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro).

Luciana Sampaio - Ser Professor Nao Se Explica Vive-se

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Ser Professor Nao Se Explica Vive-se

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  • I

    Ser professor no se explica, vive-se!

    Relatrio de Estgio Profissional

    Orientador: Mestre Jos Virglio Silva

    Luciana Rafaela Castro Monteiro Pimenta Sampaio

    Porto, setembro de 2013

    Relatrio de Estgio Profissional apresentado com vista

    obteno do 2 ciclo de Estudos conducente ao grau

    de Mestre em Ensino de Educao Fsica nos Ensinos

    Bsico e Secundrio (Decreto-Lei n 74/2006 de 24 de

    maro e o Decreto-Lei n 43/2007 de 22 de fevereiro).

  • II

    Ficha de Catalogao

    Sampaio, L. (2013). Ser professor no se explica, vive-se. Relatrio de Estgio

    Profissional. Porto: L. Sampaio. Relatrio de Estgio Profissional apresentado

    com vista obteno do grau de Mestre em Ensino da Educao Fsica nos

    Ensinos Bsico e Secundrio, Faculdade de Desporto da Universidade do

    Porto.

  • III

    Agradecimentos

    Ao Professor Orientador Jos Virglio pelo profissionalismo e

    aprendizagem ao longo deste rico percurso.

    Ao Professor Cooperante Francisco Magalhes pela ajuda,

    compreenso e partilha de conhecimentos, que me ajudaram a tornar uma

    profissional mais competente.

    Aos amigos e colegas do ncleo de estgio Carla Costa, Davide

    Machado e Carla Gonalves, pelo apoio, compreenso, companheirismo e

    amizade. Obrigada pelos momentos vividos, foram top!

    Ao meu namorado Paulo Ribeiro por todo o amor, carinho, pacincia,

    apoio e ajuda nos momentos mais difceis.

    Aos meus pais pelo apoio e ajuda em todos os momentos da minha vida,

    e por todas as experincias e oportunidades que me proporcionaram.

    s minhas amigas Teresa Carneiro, Diana Costa, Lara Pires e Mariana

    Nascimento por toda a amizade e carinho demonstrado ao longo da nossa

    etapa de formao.

    minha prima Filipa Sampaio pelo incentivo, por me abrir horizontes e

    por todo o carinho.

    A todos o meu muito obrigada!

  • IV

  • V

    ndice Geral

    Agradecimentos ............................................................................................... III

    Resumo ........................................................................................................... XI

    Abstract .......................................................................................................... XIII

    Introduo ......................................................................................................... 1

    1. Enquadramento biogrfico ............................................................................ 5

    1.1 Enquadramento Biogrfico .................................................................... 7

    1.2 Expectativas em relao ao Estgio profissional e confronto com a

    realidade vivenciada. .................................................................................. 9

    2. Enquadramento da prtica profissional ....................................................... 13

    2.1 A escola como instituio .................................................................... 15

    2.2 O local de estgio................................................................................ 15

    2.3 Os Alunos ........................................................................................... 18

    2.4 O Meio ................................................................................................ 19

    2.5 Ncleo de estgio................................................................................ 20

    3. Realizao da prtica profissional ............................................................... 23

    3.1 rea 1 Organizao e Gesto do Ensino e da Aprendizagem........ 25

    3.2 reas 2 e 3 Participao na escola e Relaes com a comunidade44

    3.3 rea 4 Desenvolvimento profissional ............................................ 60

    4. Estudo ......................................................................................................... 65

    5. Concluso e perspetivas para o futuro ........................................................ 79

    Referncias Bibliogrficas ............................................................................... 83

    Anexos ............................................................................................................ XII

  • VI

  • VII

    ndice de figuras

    Figura 1 - Respostas dos alunos referentes ao Modelo de Educao

    Desportiva (MED). Os valores apresentados referem-se s percentagens de

    resposta. ......................................................................................................... 71

    Figura 2 - Respostas dos sujeitos referentes ao Modelo de Instruo Direta

    (MID). Os valores apresentados referem-se s percentagens de resposta. .... 72

    Figura 3 - Respostas dos alunos referentes ao Modelo Teaching Games for

    Understanding - TGfU (Ensino dos Jogos para a sua compreenso). Os valores

    apresentados referem-se s percentagens de resposta. ................................. 73

    Figura 4 - Respostas dos alunos referentes aos 3 modelos (Modelo de

    Educao Desportiva, Modelo de Instruo Direta e Teaching Games for

    Understanding).Os valores apresentados referem-se s percentagens de

    resposta. ......................................................................................................... 73

    Figura 5 - Respostas dos alunos referentes aos 3 modelos (Modelo de

    Educao Desportiva, Modelo de Instruo Direta e Teaching Games for

    Understanding).Os valores apresentados referem-se s percentagens de

    resposta, obtidas por gnero. .......................................................................... 74

  • VIII

  • IX

    ndice de Anexos

    Anexo 1 - Questionrio .................................................................................. XIII

  • X

  • XI

    Resumo

    O Relatrio de Estgio foi realizado no mbito do Estgio Profissional, unidade

    curricular inserida no segundo ano do plano de estudos do Mestrado em

    Ensino da Educao Fsica nos Ensinos Bsico e Secundrio, da Faculdade de

    Desporto da Universidade do Porto. Este documento pretende ser uma reflexo

    de todas as aprendizagens, dificuldades e experincias vividas em contexto

    real de ensino, na lecionao de uma turma do 10 ano da Escola Secundria

    Francisco de Holanda, em Guimares. O documento comea pela

    apresentao do percurso de vida, com enfoque nas experincias desportivas

    e acadmicas, bem como o que levou ao querer ser professora. Expe as

    expectativas iniciais em relao ao estgio profissional confrontando-as com a

    realidade vivenciada. Aborda uma reflexo de todo o trabalho desenvolvido

    desde a conceo, ao planeamento, realizao, avaliao do processo

    ensino - aprendizagem e s atividades realizadas. O relatrio integra ainda um

    estudo com o tema Relao entre o modelo de ensino aplicado e a motivao

    dos alunos na abordagem dos Jogos Desportivos Coletivos. O principal

    objetivo do estudo foi verificar qual o modelo que motiva os alunos para a

    aprendizagem dos jogos desportivos coletivos. A principal concluso foi que o

    modelo que mais motiva os alunos para a aprendizagem dos jogos desportivos

    coletivos o TGfU (Teaching Games for Understanding).

    PALAVRAS-CHAVE: EDUCAO FSICA, ESTGIO PROFISSIONAL,

    PROFESSOR.

  • XII

  • XIII

    Abstract

    This report was conducted within the Professional Traineeship inserted in the

    second year of studies for the Master Degree in Physical Education Teaching in

    Primary and Secondary Education at the Faculty of Sport, University of Porto.

    This document is a reflection of all learning, difficulties and experiences in a real

    teaching environment, while teaching a class of 10th graders at Secondary

    School of Francisco de Holanda, in Guimares. This report begins by

    presenting the life path of the author, with special focus on academic and

    sporting experiences, as well as what led the author to want to be a teacher.

    This paper presents initial expectations regarding the professional traineeship

    and compared them with the reality experienced. It reflects on all the work

    conducted during training period from design, planning, execution, evaluation of

    the teaching and learning activities to all performed activities. This report also

    includes a scientific quantitative study of the topic "Relationship between

    teaching models and what motivates students in addressing team sports." The

    main objective of the study was to determine which model motivates students in

    the learning of team sports. The main conclusion was that the model that

    motivates students in the learning of team sports is the TGfU (Teaching Games

    for Understanding).

    KEYWORDS: PHYSICAL EDUCATION, PROFESSIONAL TRAINEESHIP,

    TEACHER.

  • XIV

  • XV

    Abreviaturas

    FADEUP Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

    ISMAI Instituto Superior da Maia

    UM Universidade do Minho

    ESFH Escola Secundria Francisco de Holanda

    AD Avaliao Diagnstica

    UD Unidade Didtica

    MED Modelo de Educao Desportiva

    MID Modelo de Instruo Direta

    TGfU Teaching Games for Understanding

  • XVI

  • 1

    Introduo

  • 2

  • 3

    O presente documento surge no mbito do Estgio Profissional, inserido

    no plano de estudos do segundo ano do Mestrado em Ensino da Educao

    Fsica nos Ensinos Bsico e Secundrio da Faculdade de Desporto da

    Universidade do Porto (FADEUP).

    O Estgio Profissional constituiu o primeiro contacto com a profisso

    docente e apresentou-se como uma etapa crucial de convergncia e confronto

    entre os saberes e as competncias desenvolvidas durante a formao inicial e

    as prticas da realidade do ensino. Representa a etapa final do processo de

    formao inicial e foi o momento de pr em prtica todos os conhecimentos

    adquiridos at ento, em contexto real, na escola.

    Este decorreu na Escola Secundria Francisco de Holanda (ESFH),

    situada no centro da cidade de Guimares, lecionando a uma turma do 10 ano

    do curso de Cincias e Tecnologias. O ncleo de estgio foi constitudo por

    quatro elementos. Foi ainda auxiliado por dois elementos fundamentais: o

    professor cooperante atuando na escola e o professor orientador atuando a

    partir da faculdade.

    Como diz Matos (2012), O estgio profissional visa a integrao no

    exerccio da vida profissional de forma progressiva e orientada, em contexto

    real, desenvolvendo as competncias profissionais que promovam nos futuros

    docentes um desempenho crtico e reflexivo, capaz de responder aos desafios

    e exigncias da profisso.

    O relatrio de estgio um documento que explicita um caminho

    percorrido durante a realizao da prtica de ensino supervisionada conforme

    construo de uma postura adequada profisso de professor de Educao

    Fsica. (Matos, 2012).

    O presente relatrio est organizado em cinco grandes captulos. O

    primeiro designado Enquadramento Biogrfico, onde apresento, de forma

    breve, o meu percurso de vida, focando especialmente as minhas experincias

    desportivas e acadmicas, bem como o que me levou a querer ser professora.

    Apresento ainda as expectativas em relao ao estgio profissional

    confrontando-as com a realidade vivenciada.

    No segundo captulo, Enquadramento da Prtica Profissional, abordo

    de forma breve o tema A escola como instituio. Abordo ainda o estgio

  • 4

    profissional realizando uma anlise dos contextos envolventes em que este

    decorreu como: a escola, a turma que lecionei, o meio envolvente, o ncleo de

    estgio e o professor cooperante.

    O terceiro captulo Realizao da Prtica Profissional aborda a

    conceo, o planeamento, a realizao e a avaliao do processo ensino-

    aprendizagem. Este captulo foi organizado tendo em conta as quatro reas de

    desempenho: rea 1 Organizao e Gesto do Ensino e da Aprendizagem;

    rea 2 e 3 Participao na escola e Relaes com a comunidade e rea 4

    Desenvolvimento Profissional.

    No quarto captulo apresento o estudo realizado com a temtica

    Relao entre o modelo de ensino aplicado e a motivao dos alunos na

    abordagem dos Jogos Desportivos Coletivos.

    Por fim, no ltimo captulo Concluses e Perspetivas para o futuro

    sumulo alguns dos momentos mais marcantes do estgio profissional e de que

    forma contriburam para a minha formao enquanto docente. Apresento ainda

    as minhas perspetivas para o futuro que se aproxima.

  • 5

    1. Enquadramento biogrfico

  • 6

  • 7

    1.1 Enquadramento Biogrfico

    O meu nome Luciana Rafaela Castro Monteiro Pimenta Sampaio, uma

    canceriana de gema. Nasci numa manh quente de Vero, a 6 de julho de

    1990. Vivo em Deles, uma pequena aldeia pertencente ao concelho de Vila

    Nova de Famalico.

    O desporto esteve sempre presente na minha vida, desde a infncia, nas

    brincadeiras que fazia, at hoje.

    Todo o meu percurso escolar (do 1 ao 12 ano) foi realizado na escola

    Didxis - Cooperativa de Ensino. Uma escola com muito boas instalaes

    desportivas e que apostava muito no desporto escolar. Durante este percurso

    participei no desporto escolar, nomeadamente na equipa de futsal feminino e

    no ncleo de dana e de ginstica desportiva. Quando ingressei no ensino

    secundrio no tive dvidas que a rea a seguir era o Curso Tecnolgico de

    Desporto.

    Aos 15 anos ingressei pela primeira vez numa equipa federada de

    futebol 11 (A. D. Oliveirense), pois este sempre foi o meu sonho, jogar futebol.

    Ao longo da minha infncia e adolescncia pratiquei outros desportos como

    natao, futsal e karat (estilo Alex Ryu Jitsu), mas o futebol sempre foi a

    minha paixo. Foi ento que em 2011 comecei a exercer a funo de

    treinadora do escalo de formao (Benjamins), cargo este que desempenho

    at atualidade.

    Aps a concluso do ensino secundrio j tinha definido nos meus

    objetivos que queria entrar no Ensino Superior, e no havia dvidas quando ao

    curso a seguir. O curso era Educao Fsica e Desporto, pois no meu interior

    ambicionava ser professora, gostava de cuidar do outro fazendo-o crescer, e

    adorava a sensao de felicidade que o desporto me permitia usufruir.

    Ingressei no Instituto Superior da Maia (ISMAI), mas como gostava de explorar

    o mais possvel no ltimo ano da formao acabei a minha Licenciatura em

    Educao Fsica e Desporto na Universidade Federal da Paraba (1 semestre)

    e Universidade Federal de Santa Catarina (2 semestre) no Brasil ao abrigo do

    programa de Intercmbio Universitrio. Esta experincia foi um abrir de

    horizontes. Proporcionou-me experincias incrveis tanto a nvel pessoal como

  • 8

    profissional, uma vez que tive oportunidade de participar na prova IRONMAN

    como rbitra de retorno ciclismo, por exemplo.

    Recordo ainda um momento vivido em terras de Vera Cruz que para

    mim foi muito marcante e reflito vrias vezes nele at hoje. Fomos visitar um

    estabelecimento prisional (presdio e penitenciria) no mbito da unidade

    curricular de Educao Fsica, Sade e Qualidade de vida. Quando nos

    encontrvamos no presdio, por cima de grades que rodeavam todos os

    contentores onde se encontravam os detidos, ao v-los ali no consegui julg-

    los, culp-los, pensar sequer no porqu de estarem ali, no que de to horrvel,

    criminoso poderiam ter feito. Foi sim um sentimento de pena, de compaixo por

    um ser humano. Dei por mim completamente absorvida por todo aquele

    cenrio, por todas aquelas pessoas. At que determinado momento me

    chamaram porque tnhamos que ir embora. Ao dirigir-me para a sada e no

    vendo o professor, olhei para trs para ver onde este se encontrava e l estava

    ele, ajoelhado naquelas grades cinzentas a falar para um pequeno grupo de

    presidirios. O que lhes estava a dizer no sei, no deu para ouvir. Mas s sei

    que aquela imagem ficou na minha memria at hoje. E sempre penso no

    significado que aquilo teve para mim para ter ficado no meu pensamento.

    Talvez o professor no estivesse a falar com um presidirio. Certamente no

    estaria a julg-los.

    E agora que reflito mais uma vez neste episdio e aps a primeira

    experincia que tive como professora, possa chegar a uma concluso. Ser

    professor no estar acima do outro, mas sim ao mesmo nvel. Ser professor

    no julgar mas sim compreender, ajudar. Ser professor! Talvez no seja

    algo que se explique, mas sim que se viva.

    Isto fez-me pensar no tipo de professora que quero ser. Justa,

    compreensiva, competente.

    Ao longo do curso, fui sentindo que cada vez mais estava no caminho

    certo. Por vezes, saa inspirada das aulas e lembro-me de pensar que o

    desporto estava em tudo e em todos os lugares. Todavia, conseguia observar a

    minha perspetiva a voltar-se progressivamente para uma viso romntica e

    natural, tal como sinto o meu eu, pois acredito que esta nossa rea tem um

    potencial infindvel, tal como o homem. Afinal de contas, o que seria o

  • 9

    desporto se no existisse o homem? Mais, no contribuir o desporto para a

    formao do homem enquanto pessoa? Certamente que sim.

    O facto de me ter cruzado com grandes profissionais, que me

    transmitiram o gosto e a paixo pelo ser professor, s confirmou o meu desejo

    que desde cedo despertou, ser professora.

    E como o desejo de ser Professora de Educao Fsica era cada vez

    maior, aqui estou eu na etapa final do Mestrado em Ensino da Educao Fsica

    nos Ensinos Bsico e Secundrio.

    1.2 Expectativas em relao ao Estgio profissional e confronto com a

    realidade vivenciada.

    O estgio profissional a etapa final da formao inicial. Mas por mais

    competente que seja a formao acadmica do professor, a realidade

    confront-lo- com inmeras situaes e problemas com os quais no foi

    ensinado a lidar.

    Segundo Gonalves (2009), a primeira fase da carreira profissional

    caracterizada por uma luta pela sobrevivncia, determinada pelo choque do

    real. Pois a realidade encontrada na escola por vezes bem diferente daquela

    que inicialmente idealizmos. Contudo, apesar dos obstculos que poderemos

    encontrar esta uma experincia gratificante, enriquecedora e de explorao

    das nossas capacidades. Tal facto justifica-se devido ao acumular de

    experincias, que quando se revelam bem-sucedidas so apreendidas, e

    quando se revelam no to bem sucedidas so repensadas para encontrar o

    caminho do sucesso. Assim construdo o caminho, aplicando, retendo,

    reajustando e refletindo.

    Como diz Zlia Matos (2012), O estgio profissional visa a integrao

    no exerccio da vida profissional de forma progressiva e orientada, em contexto

    real, desenvolvendo as competncias profissionais que promovam nos futuros

    docentes um desempenho crtico e reflexivo, capaz de responder aos desafios

    e exigncias da profisso.

    Antes de iniciar o ano de estgio as dvidas, o receio, o medo quanto ao

    futuro comearam a surgir. Era tambm muita a ansiedade que se apoderava

  • 10

    de mim quando perspetivava um praticar de ideias antes adquiridas, durante

    um longo perodo de formao. Contudo, a par desta ansiedade, estava

    presente tambm uma enorme vontade de mostrar a tudo e a todos o quanto

    era capaz de contribuir para a formao de tantos alunos que um dia sero

    homens e mulheres independentes. um tanto ou nada complicado quando se

    lida com pessoas, seres pensantes, e precisamente a onde considero que

    est a paixo que me move por estes caminhos. O facto de saber que serei

    parte constituinte da vida dessas mesmas pessoas, tal como foram antes

    professores meus, contribuindo na transmisso de valores, princpios, hbitos

    saudveis, entre outros tantos aspetos, uma responsabilidade enorme, mas

    acima de tudo gratificante.

    Foram muitas e muitas as horas que passamos sentados na sala de aula

    enquanto alunos, a escutar, apontar, questionar, sempre em busca de um

    conhecimento o mais rico possvel e que acima de tudo fosse entendido/

    sentido e no decorado/copiado. E agora chegara a altura de passar para o

    outro lado dessa mesma sala de aula e participar num processo pedaggico

    longo, que dar muito que labutar. Encarar os alunos de frente no seria com

    certeza tarefa fcil. Lidar com personalidades peculiares, a meu ver, um

    processo delicado, bem como a relao professor aluno. Esta deve sempre

    ser uma relao prxima ao abrigo de metas de aprendizagem bem definidas.

    Sobre um ponto de vista pessoal, esperava encontrar algumas

    dificuldades, desde os prprios alunos, passando pela minha verde

    experincia profissional, at responsabilidade de transmitir contedos

    corretamente.

    Relativamente aos alunos, pensei que a tarefa no seria fcil, e tendo

    em conta que um dia tambm j fora aluna, sei que este pblico por vezes nem

    sempre se encontra concentrado e atento quer na explicao das tarefas por

    parte do professor, quer na execuo das mesmas. Infelizmente os alunos

    associam a ideia de brincadeira s aulas de Educao Fsica, e ns

    professores, temos que saber lidar com essa situao, encontrando estratgias

    de sucesso na orientao dos alunos para a prtica das tarefas de forma

    disciplinada.

    No que diz respeito minha tenra experincia, pois iria deambular por

    estes trilhos pela primeira vez, considerei que seria complicado adaptar-me,

  • 11

    mas de modo no menos importante tambm considerei que depois de entrar

    no ritmo que me era exigido levaria o processo a bom porto. Contudo o tempo

    encarregar-se-ia de tratar deste processo e de muitos outros.

    No que concerne responsabilidade de transmitir os contedos

    programticos de forma acertada e pedagogicamente correta, esse seria

    tambm um aspeto que mereceria muita ateno e rigor da minha parte, na

    procura de estratgias adequadas ao nvel de desempenho dos alunos e indo

    de encontro especificidade de cada um. Sobretudo esperava conseguir fazer

    essa transmisso de forma clara e evidente, e que permitisse assim aos alunos

    evolurem de forma progressiva e sustentada.

    Todos estes aspetos, e mais alguns, foram agora conduzidos pelas

    minhas prprias mos. Considero por isso que, agora era a responsvel na

    orientao do processo e no orientada pelo processo, como sempre fui. Iria

    certamente merecer muita exigncia/disponibilidade da minha parte no

    planeamento de todas as tarefas, como tambm iria exigir muita ateno na

    realizao das mesmas, para uma eventual adaptao, caso no estivessem a

    ser alcanados os objetivos gerais e especficos. No final de cada dia, tambm

    seria importante refletir sobre o que correu bem, e o que correu mal, para que

    posteriormente no fossem cometidos os mesmos erros e as metas de sucesso

    fossem reforadas.

    No final deste longnquo ano letivo, esperava alcanar um patamar

    superior, recheado de boas experincias, que me fariam certamente ser uma

    boa profissional.

    Mas todas as dvidas e medos no passavam de nervosismo e

    ansiedade por ir entrar numa nova fase da minha formao onde teria que

    mostrar conhecimentos e competncias.

    E os receios rapidamente foram ultrapassados assim que fui confrontada

    com a realidade. Em relao aos alunos estes eram bastante disciplinados pelo

    que no tive problemas de comportamento na turma. Mostraram-se sempre

    bastante empenhados em aprender, bem como em ouvir as instrues e

    feedbacks da minha parte.

    No que concerne transmisso de contedos e ao seu planeamento

    estes foram uma constante na conceo das minhas aulas tendo em vista os

    objetivos previamente estabelecidos. Hoje tenho a plena conscincia de quem

  • 12

    sou, o que devo fazer, como fazer e para quem fazer. Tendo em conta a

    imprevisibilidade de acontecimentos numa aula de Educao Fsica, facto este

    que se verificou ao longo do ano, fui desenvolvendo esta capacidade de

    adaptao nunca descurando os objetivos para cada aula.

  • 13

    2. Enquadramento da prtica profissional

  • 14

  • 15

    2.1 A escola como instituio

    A educao hoje unanimemente considerada um dos principais

    veculos de socializao e de promoo do desenvolvimento individual.

    Inserindo-se num contexto histrico, social e cultural mais amplo, os sistemas

    educativos acabam por ilustrar os valores que orientam a sociedade e que esta

    quer transmitir (Carvalho, 2006). A educao escolar tem um papel importante

    de socializao, o que contribui para que o individuo interiorize os valores da

    sociedade.

    A escola como instituio funciona como uma fbrica de cidados que

    visa a integrao social, e que parte de um conjunto de valores intrnsecos

    (Canrio, 2005). Ao considerar a educao como um processo contnuo que

    acompanha e marca o desenvolvimento do indivduo, e que envolve a

    preservao e a transmisso da herana cultural, deduz-se a importncia que a

    escola, em particular, assume na socializao e perpetuao da cultura

    (Carvalho, 2006).

    Segundo Freitas (2009), compete escola, de igual modo formar

    cidados crticos, reflexivos, autnomos, conscientes dos seus direitos e

    deveres, capazes de compreender a realidade em que vivem, preparados para

    participar da vida econmica, social e poltica do pas e aptos a contribuir para

    a construo de uma sociedade mais justa. A funo bsica da escola

    garantir a aprendizagem de conhecimentos, habilidades e valores necessrios

    socializao do indivduo.. neste sentido que a escola constitui uma

    instituio de primeira linha na constituio de valores que indicam os rumos

    pelos quais a sociedade trilhar o seu futuro (Souza, 2001).

    2.2 O local de estgio

    O meu Estgio Profissional decorreu na Escola Secundria Francisco de

    Holanda (ESFH), em Guimares. Criada em 1864, como Escola Industrial de

    Guimares, a ESFH localiza-se na freguesia urbana de S. Paio, em pleno

    corao da cidade de Guimares. Tendo as suas razes histricas numa

    escola industrial, soube adaptar-se com facilidade ao ensino secundrio

  • 16

    enquanto via de acesso ao ensino superior, sem por isso ter perdido aquela

    vinculao tcnico/profissional, no que toca sua prestao educativa.

    Junto escola encontra-se o estdio de futebol do Vitria Sport Clube

    (Vitria de Guimares) e a Plataforma das Artes e Criatividade.

    A escola est umbilicalmente ligada ao clube representativo da cidade,

    na medida em que, para que sejam rentabilizados espaos e por questes de

    logstica da escola. Os espaos disponveis so usados para aproveitamento

    educativo, mais peculiarmente, para um aproveitamento educativo desportivo

    inerente escola, envolvendo assim a comunidade discente conjuntamente

    com a comunidade vimaranense.

    A ESFH foi requalificada recentemente no ano de 2011, pelo que as

    suas condies so muito boas. No que toca a infra-estruturas educativas a

    escola dispe de dois auditrios, uma biblioteca, laboratrios de Biologia,

    Qumica, Informtica, Eletricidade/Eletrnica, Matemtica, etc. A escola

    apresenta ainda servios de administrao escolar, de ao social e de

    Psicologia e Orientao; papelaria/reprografia, bar, cantina, sala de diretores

    de turma e professores, salas de aula.

    No que concerne s instalaes desportivas a escola dispe de um

    pavilho desportivo e os respectivos balnerios, um auditrio (onde

    preferencialmente se leciona Ginstica e Danas Sociais), um espao exterior

    (onde se leciona Basquetebol e Atletismo) e um gabinete da rea disciplinar de

    Educao Fsica. Por vezes tambm utilizado o espao exterior envolvente

    ao estdio do Vitria Sport Clube para o ensino do Atletismo, uma vez que o

    espao exterior da escola designado para o efeito um pouco pequeno, o que

    por vezes impossibilita o ensino desta modalidade nas melhores condies.

    A escola possibilita a formao em diferentes reas, disponibilizando

    diferentes instalaes e materiais para a prtica desportiva.

    Quanto oferta formativa a escola apresenta Cursos Cientfico-

    Humansticos (Curso de Cincias e Tecnologias, Curso de Cincias

    Socioeconmicas, Curso de Lnguas e Humanidades e Curso de Artes Visuais)

    e Cursos Profissionais (Profissional Tcnico de Gesto e Programao de

    Sistemas Informticos, Profissional Tcnico de Eletrnica, Automao e

    Computadores, Profissional Tcnico de Instalaes Eltricas, Profissional

    Tcnico de Design Industrial, Profissional Tcnico de Secretariado).

  • 17

    A populao escolar abrange 1663 alunos matriculados, onde a grande

    maioria dos alunos reside em freguesias pertencentes ao concelho de

    Guimares.

    A escola conta com 140 professores, onde 12 so de Educao Fsica.

    Neste ano letivo a escola contou ainda com 13 professores estagirios de

    Educao Fsica (4 da FADEUP, 3 do ISMAI, 6 da Universidade do Minho

    (UM)). Quanto ao pessoal no docente, a escola tem ao seu servio 38

    funcionrios.

    Quanto ao contexto socioeconmico, a populao abrangida pela escola

    bastante heterognea, quer do ponto de vista das profisses dos pais, quer

    em termos de habilitaes acadmicas dos mesmos.

    A nvel acadmico a escola apresenta bons resultados escolares, sendo

    uma escola de referncia.

    A escola pela diversidade de atividades que dinamiza demonstra uma

    viso abrangente do currculo, promovendo aprendizagens que no se

    restringem ao cumprimento dos programas nacionais.

    A disciplina de Educao Fsica est incorporada no projeto educativo

    da escola, sendo alvo de especial ateno nas atividades calendarizadas.

    Por fim, considera-se a escola tranquila, segura e promotora de uma

    educao globalizante.

    Tal como referi anteriormente, a escola est intimamente ligada cidade

    desde os seus primrdios. Neste sentido, a educao que se tem vindo a

    desenvolver nesta instituio sempre visou o desenvolvimento de seres prontos

    e aptos a viverem na sociedade. Para tal, a sua educao sempre teve

    urgncia de se caracterizar bem completa, repleta de competncias

    causadoras de um constructo educativo sustentado dos seus alunos.

    Este ambiente rico, extremamente propcio ao desenvolvimento de uma

    boa interveno pedaggica, teve muita influncia nas minhas aulas, na

    medida em que pude sentir na pele o que eram as ideias da escola e qual a

    sua forma de pensar e agir. As minhas aulas, para alm da imprescindvel

    componente motora, apresentaram sempre uma componente social muito forte.

    Essencialmente quando se tratava de interagir com os alunos acerca daquilo

    que a cultura da cidade conjuntamente com a cultura da escola, e ao abrigo

    dos objetivos educativos da disciplina sob minha responsabilidade. Esta trade

  • 18

    foi uma constante nas minhas aulas, at porque um dos princpios da escola,

    uma educao globalizante.

    A anlise do contexto escolar essencial para o exerccio da nossa

    atividade. Atravs dela, tomamos conhecimento das normas e regras de

    funcionamento, das potencialidades da escola, das atividades calendarizadas,

    do tipo de alunos que a frequentam, dos recursos humanos e materiais que

    podemos ter ao nosso dispor, e forma como a Educao Fsica vista e

    interpretada.

    2.3 Os Alunos

    No que diz respeito turma que me foi atribuda esta era do 10 ano de

    escolaridade do curso de Cincias e Tecnologias. A turma era constituda por

    27 estudantes sendo 19 do sexo feminino e 8 do sexo masculino, todos eles

    inscritos na disciplina de Educao Fsica.

    Com o objetivo de compreender melhor os alunos da turma ao nvel

    socioeconmico, cultural e desportivo, de forma a adequar e maximizar o nosso

    trabalho foi elaborada pelo ncleo de estgio uma ficha de caracterizao

    individual do (a) aluno (a), distribuda pelos estudantes na primeira aula (aula

    de apresentao).

    Esta decompunha-se nos seguintes pontos: 1. Identificao; 2. Agregado

    familiar; 3. Dados escolares; 4. Alimentao; 5. Sade; 6. Dados Desportivos e

    Ocupao dos Tempos Livres.

    A posterior anlise s fichas de caracterizao individual permitiu

    conhecer um pouco melhor os alunos (individualmente) e a turma (coletivo).

    Todas as informaes recolhidas foram pertinentes e uma mais-valia para o

    planeamento e programao do processo de ensino aprendizagem.

    Consegui, com a recolha destas informaes individuais, conhecer assim

    melhor cada aluno, perceber qual a sua origem, o meio de onde provinham, as

    pessoas com quem viviam, quais os seus hbitos e quais as suas

    necessidades. S assim, a meu ver, ns professores, podemos incorporar

    perfeitamente a nossa interveno educativa. Quando sabemos com quem

  • 19

    estamos, sabemos mais facilmente para onde devemos caminhar e com o que

    nos devemos apetrechar.

    2.4 O Meio

    Quanto oferta desportiva da rea, a cidade de Guimares apresenta

    uma grande ligao com o Desporto e a Atividade Fsica, ou no fosse ela a

    Cidade Europeia do Desporto em 2013. Nela esto sediados inmeros clubes

    desportivos, das mais variadas modalidades e ginsios que contribuem para a

    promoo de estilos de vida ativos e saudveis. No mbito da Guimares

    Cidade Europeia do Desporto 2013 foram proporcionadas comunidade

    vimaranense vrias atividades desportivas.

    O presente ano ir ficar para sempre na nossa memria, devido ao facto

    da cidade de Guimares ter sido eleita como Cidade Europeia do Desporto.

    Eram muitos os alunos da escola, inclusive alunos a meu cargo, que

    participaram em atividades dinamizadas luz deste acontecimento. Neste

    sentido, eu e o meu ncleo de estgio, no podemos deixar passar em vo tal

    acontecimento, pois coincidira com o nosso primeiro contacto profissional a

    nvel pedaggico e desportivo. Desta feita procurmos envolver-nos ao

    mximo, com a cidade e com a escola, em virtude de podermos assim viver

    este ano letivo ao mximo, e podermos retirar dele o mximo de aprendizagem

    possvel.

    Remetendo-me agora apenas minha experincia, posso afirmar que

    para mim, foi uma inspirao estar num meio to desportivo como o

    Guimares. A responsabilidade redobrava-se quando me sentava e planeava

    as atividades/ tarefas/ exerccios, quer fossem para as aulas, quer fossem de

    ndole comunitria. Pude sentir realmente o que estar envolvida num meio

    propiciador de uma experincia desportiva autntica, que com o tempo, e uma

    vez inserida no meio escolar, tambm se verificou propiciador de uma

    experincia educativa autntica.

  • 20

    2.5 Ncleo de estgio

    Relativamente ao ncleo de estgio, inicialmente no sabia com quem

    iria trabalhar este ano. Mas aps a sada dos resultados de candidatura,

    verifiquei que apenas conhecia um elemento, uma vez que tnhamos

    frequentado a mesma escola e instituio de ensino superior (licenciatura), e

    colegas de turma no 1 semestre do Mestrado. Apesar disso, a integrao no

    ncleo foi rpida e fcil. O nosso ncleo caracterizou-se por ser bastante unido,

    trabalhador, responsvel e bem-disposto onde juntos aprendemos, juntos

    ensinmos.

    Parafraseando Jos Mourinho (2003), quando nos diz que o que de

    mais forte uma equipa pode ter jogar como equipaa melhor equipa no a

    aquela que tem os melhores jogadores, mas aquela que joga como equipa,

    nesta ordem de ideias o trabalho de equipa no nosso ncleo de estgio foi uma

    constante no decorrer do ano, como na entreajuda na conceo de exerccios,

    na reflexo e troca de ideias e na redefinio de estratgias a aplicar. No nosso

    ncleo a dvida e a crtica andavam sempre de mos dadas. Cientes do nosso

    papel, e da responsabilidade educativa dos nossos alunos, sempre nos

    questionmos sobre o que era certo e o que era errado. Estes rituais sempre

    se desenlaaram no intuito de melhorar sempre a nossa interveno enquanto

    profissionais. A observao mtua foi tambm uma constante, na medida em

    que atravs da visualizao das aulas foi-nos possvel identificar erros e assim

    corrigi-los, tornando assim estas melhores a cada dia.

    2.6 O Professor Cooperante

    O Professor Cooperante demonstrou sempre grande paixo pelo

    Desporto e Educao Fsica, e pela profisso que exerce. Falando sempre com

    grande entusiasmo de tudo o que envolvia esta temtica. Mostrou-se muito

    disponvel para nos ajudar e apoiar no que era necessrio. O professor ajudou-

    nos a pensar, e a adotar uma atitude reflexiva sobre a nossa prtica.

    Paralelamente a sua experincia foi uma ferramenta muito til, no sentido em

    que, sempre numa perspetiva democrtica, e sempre pontualmente, nos

  • 21

    sugeriu outros mtodos, outras estratgias a adotar. Deixou sempre ao nosso

    critrio decidir sobre qual a melhor forma de atuar com os nossos alunos,

    guiando sempre de forma dirigida a nossa prtica, e ajudando-nos a construir o

    nosso prprio caminho. um profissional muito competente, e foi

    indubitavelmente um grande pilar no nosso deambular rumo a uma

    aprendizagem sustentada.

  • 22

  • 23

    3. Realizao da prtica profissional

  • 24

  • 25

    Este captulo do relatrio tem como objetivo fazer uma reflexo sobre

    toda a prtica desenvolvida durante este ano de estgio analisando e refletindo

    sobre as quatro reas de desempenho.

    3.1 rea 1 Organizao e Gesto do Ensino e da Aprendizagem

    Segundo Matos (2012), a primeira rea de desempenho (Organizao e

    Gesto do Ensino e da Aprendizagem) tem como objetivo principal a

    construo de uma estratgia de interveno, orientada por objetivos

    pedaggicos, que respeite o conhecimento vlido no ensino da Educao

    Fsica e conduza com eficcia pedaggica o processo de educao e formao

    do aluno na aula de Educao Fsica. Esta primeira rea engloba toda a

    conceo, planeamento, realizao e avaliao do ensino.

    3.1.1 Conceo

    Todo o projeto de planeamento deve encontrar o seu ponto de partida

    na conceo e contedos dos programas ou normas programticas de ensino,

    nomeadamente na conceo de formao geral (Bento, 2003, p. 7).

    Seguindo as ideias deste autor, em relao conceo do ensino

    comecei por procurar envolver-me ao mximo com a escola onde iria estagiar,

    procurando estar por dentro da realidade desta. Assim, com a ajuda do

    Professor Cooperante, visitei toda a escola, conhecendo assim todos os

    recursos humanos e materiais que estariam disponveis ao longo do ano letivo.

    Fui ao encontro de uma familiarizao com o local onde iria passar grande

    parte dos meus dias.

    Quando se tratou de alinhavar procedimentos e iniciar a definio de

    caminhos, comecei por ler o programa nacional de Educao Fsica para o

    Ensino Secundrio, documento este que serviu de matriz em termos de

    metas/objetivos de aprendizagem. Depois da sua anlise cuidada, pude

    verificar quais as modalidades que devem ser abordadas no 10 ano bem como

    os objetivos a atingir.

  • 26

    A meu ver, o programa nacional de Educao Fsica no deve servir

    como algo pelo qual nos devamos cingir afincadamente. Penso que nem

    sempre o processo de ensino - aprendizagem decorre dentro dos conformes

    pretendidos. Cada aluno apresenta o seu ritmo especfico de aprendizagem,

    alcanando-o em diferentes alturas dos seus colegas de turma. Nesta ordem

    de ideias, por vezes os programas predefinem o ensino de um nvel de uma

    determinada modalidade num determinado ano escolar, e existem alunos que

    ainda se encontram num nvel inferior de aprendizagem relativamente a essa

    mesma modalidade. Neste sentido necessrio por vezes estender o ensino

    dos contedos programticos, procurando assim que o aluno atinja o seu

    encontro com a aprendizagem de forma sustentada.

    Posteriormente em reunio de Departamento de Educao Fsica, a

    coordenadora apresentou a todo o grupo de Educao Fsica, incluindo os

    professores estagirios, a distribuio das modalidades indicadas pelo

    Programa de Educao Fsica pelos 3 perodos escolares, a percentagem a

    atribuir aos diferentes domnios sujeitos a avaliao, a oferta do Desporto

    Escolar e a distribuio de algumas tarefas pelos docentes presentes na

    reunio, assim como a elaborao do roulement das instalaes.

    Logo no incio do ano letivo concebi princpios que considero serem

    basilares na conduo de boas aulas de Educao Fsica, sendo eles o

    empenho motor, a disciplina e a variabilidade motora. Desta forma procurei

    garantir uma aprendizagem sustentada aos alunos, rica em experincias

    motoras e com um ndice elevado de empenho motor.

    3.1.2 Planeamento

    Quando se trata de definir estratgias de interveno pedaggica junto

    dos alunos, considero importantssimo o recurso ao planeamento, pois tal como

    nos diz Vasconcellos (2009 cit. por Branco & Nogaro) planear antecipar

    mentalmente uma ao a ser realizada e agir de acordo com o previsto. Neste

    sentido, a meu ver, planear no apenas algo que se faz antes de agir, mas

    tambm agir em funo daquilo que se pensou. Ao pensarmos previamente no

  • 27

    que iremos realizar em determinada situao, estamos tambm a prever uma

    srie de respostas dos nossos alunos. Ou seja, quero com isto dizer que na

    sua conceo podemos prever vrias situaes que podem acontecer e pensar

    previamente na soluo para cada uma delas. Esta capacidade de antecipao

    mental que o professor deve ter, deve ser desenvolvida, com o tempo, pois

    ser um instrumento/competncia de excelncia no planeamento de tarefas,

    quer sejam elas antes, durante ou depois das aulas.

    Planeamento anual

    Ainda na ordem do planeamento, recorri inicialmente elaborao de

    um planeamento anual. Devido ao facto do roulement das instalaes ser

    realizado perodo a perodo tambm o planeamento foi realizado desta forma.

    Contudo j tinha conhecimento prvio de quais as modalidades a abordar ao

    longo do ano letivo, uma vez que estas j tinham sido definidas pelo

    departamento. Assim no 1 perodo foi abordado o Atletismo (Resistncia e

    Tcnica de corrida), Basquetebol e Ginstica Artstica.

    No 2 perodo, como teramos que abordar um Desporto de Combate, o

    ncleo de estgio optou pelo Judo, uma vez que tnhamos tido contacto com

    esta modalidade na faculdade, portanto possuamos um maior conhecimento

    acerca desta. A Orientao urbana inicialmente no fazia parte do rol de

    modalidades a serem abordadas, mas uma vez que nenhuma das outras

    modalidades, que teramos que lecionar no 2 perodo podiam ser ministradas

    no exterior, optamos ento por lecionar Orientao nos dias em que o espao

    destinado para a aula era o exterior. Alm do Judo e da Orientao urbana, o

    Badminton e o Voleibol foram modalidades tambm abordadas no referido

    perodo.

    O 3 perodo destinou-se ao ensino do Corfebol, Dana (Expresso

    corporal e Aerbica) e Futsal.

    O planeamento das modalidades e das aulas foi definido e condicionado

    tendo em conta os espaos disponveis para a sua lecionao.

    Uma vez que o Auditrio era um espao onde preferencialmente se

    devia lecionar Ginstica e Danas Sociais, a sua lecionao ocorreu em

    perodos diferentes.

  • 28

    O espao exterior destinava-se ao ensino do Atletismo e Basquetebol,

    mas por vezes foi tambm utilizado o espao exterior envolvente ao estdio do

    Vitria Sport Clube para o ensino do Atletismo, uma vez que o espao exterior

    da escola um pouco pequeno, o que por vezes impossibilitava o ensino desta

    modalidade nas melhores condies.

    Apesar de o espao exterior tambm se destinar ao ensino do

    Basquetebol, toda a minha unidade didtica (UD) se realizou no pavilho pois o

    espao de aula encontra-se muito perto de salas de aula havendo o risco de as

    bolas baterem nos vidros das salas, perturbando assim o normal

    funcionamento destas e podendo ainda criar situaes de perigo, ou seja no

    estavam reunidas as melhores condies para a prtica desta modalidade

    naquele espao.

    A utilizao deste espao (exterior) era igualmente condicionado caso as

    condies climatricas fossem adversas, o que condicionava obrigatoriamente

    o planeamento inicialmente previsto e tivesse que se proceder a alteraes

    previamente pensadas. Aps efetuado o planeamento devemos colocar

    questes e contar com situaes imprevistas para desta forma pensarmos em

    solues, e assim no momento em que essas tais imprevisibilidades

    aconteam j tenhamos um plano b e no bloqueemos procura de uma

    soluo.

    Esta capacidade de antecipao mental foi-me til vrias vezes. A ttulo

    de exemplo fao referncia a uma aula de Atletismo que decorria no exterior e

    fora perturbada devido chuva. Como no dia anterior coloquei em hiptese que

    tal facto pudesse ocorrer pensei numa soluo. Verifiquei o roulement das

    instalaes para ver se havia algum espao disponvel no pavilho naquele

    horrio, o que se veio a verificar. Era essa a minha soluo. Ento quando

    comeou a chover no bloqueei. Dirigi-me com os alunos para o pavilho e

    continuei a aula.

    Este raciocnio foi tambm til no planeamento das aulas,

    nomeadamente dos exerccios. Foi um aspeto que procurei ter sempre em

    conta durante a planificao do ensino.

    Por todos estes fatores aprendi a estruturar e reestruturar o planeamento

    anual sempre que necessrio certificando-me sempre que continuavam

    reunidas as condies timas necessrias para a lecionao das modalidades.

  • 29

    Unidades Didticas

    De acordo com Bento (1998), as unidades didticas so partes

    integrantes e fundamentais do programa de uma disciplina pois constituem

    unidades integrais do processo pedaggico e apresentam ao professor e aos

    alunos etapas bem distintas do processo de ensino aprendizagem.

    Estas permitem construir uma sequncia lgica dos contedos a lecionar

    em cada modalidade e distribu-los pelas diferentes funes didticas

    (introduo, exercitao, consolidao e avaliao), com o objetivo de melhorar

    o processo de ensino - aprendizagem e consequente desenvolvimento dos

    alunos. Este documento deve ser claro, facilitando a sua consulta e

    compreenso, e no definitivo, sendo possvel efetuar alteraes desde que

    se justifique, assim como fiz na UD de Voleibol. Inicialmente tinha previsto

    lecionar 8 aulas para o ensino desta modalidade. Mas devido a condies

    climatricas adversas, 2 aulas no se puderam realizar, tendo que reduzir

    ento o nmero de aulas para 6, e consequentemente alterar os contedos a

    serem abordados em cada aula.

    Apesar de o nmero de aulas inicial j ser reduzido, esta alterao

    afetou negativamente o ensino desta modalidade, isto devido ao facto de ter

    ficado com menos aulas para a exercitao dos contedos, o que impossibilitou

    uma boa consolidao dos mesmos por parte dos alunos. A turma no global

    apresentava dificuldades a nvel motor e nomeadamente no Voleibol estavam

    bem patentes.

    Ao longo do ano foram 10 as UD desenvolvidas (Atletismo, Basquetebol,

    Corfebol, Dana, Ginstica artstica, Judo, Orientao urbana, Voleibol,

    Badminton, Futsal) e foram elaboradas tendo em conta os resultados das

    avaliaes diagnsticas (AD), as competncias a desenvolver, o nmero de

    aulas destinadas a cada UD e o roulement das instalaes.

    Sempre que iniciava o ensino de uma nova modalidade era realizada a

    AD. E aps a anlise desta, realizava a respetiva UD dessa modalidade. Optei

    por este mtodo de trabalho, pois assim, depois de realizada a AD podia

    verificar quais as principais dificuldades e limitaes da turma e dos alunos em

    particular, referentes modalidade que ia lecionar e em que nvel estes se

  • 30

    encontravam. Tinha assim mais informaes para melhor definir quais os

    contedos a lecionar, se estes estavam de acordo com o nvel da turma e dos

    alunos, definir o nmero de aulas suficientes para o ensino dos contedos

    previstos.

    Penso que o mtodo de trabalho que adotei funcionou bem. Este

    permitiu dedicar-me construo de uma UD de cada vez, centrando-me

    apenas no planeamento e nos contedos de determinada modalidade.

    medida que fui executando as UD fui melhorando a realizao das

    mesmas, pois tinha adquirido um maior conhecimento das dificuldades da

    turma, e portanto tinha uma melhor noo dos contedos a lecionar.

    Assim, a realizao de UD foi uma ferramenta de trabalho bastante til,

    permitiram-me organizar a extenso e sequncia dos contedos a lecionar.

    Funcionaram tambm como um guia, pois sempre que ia lecionar uma aula de

    determinada modalidade consultava a respetiva UD e ficava logo a saber quais

    os contedos que tinha que lecionar bem como a sua funo didtica.

    Planos de aula

    Esta ferramenta que se caracteriza por ser til no planeamento a curto

    prazo foi indispensvel durante o ano letivo. Este importante aliado no

    planeamento, contemplou sempre de forma equilibrada objetivos, situaes de

    aprendizagem e respetivas componentes crticas, procurando sempre o

    sucesso do aluno. Neles estava tambm registado de forma detalhada a

    matria de ensino abordada em cada aula. A sua conceo permitiu-me definir

    um caminho na transmisso de conhecimentos aos alunos. Paralelamente

    ajudou na seleo de ferramentas adequadas, e devidamente ajustadas s

    necessidades especficas de cada aluno. A meu ver, enquanto profissionais de

    Educao Fsica, o nosso tratamento para com os alunos necessita de

    exigncia e para que a transmisso de conhecimentos seja bem-sucedida

    cabe-nos a ns, professores, definir estratgias que vo ao encontro das

    dificuldades dos alunos. Para tal, no planeamento, e uma vez detetadas essas

    dificuldades, a operacionalizao das tarefas deve realizar-se nesse sentido.

    Inicialmente uma das minhas lacunas era a elaborao dos planos de

    aula. Lembro-me que quando me sentava para os realizar ficava algo ansiosa e

  • 31

    nervosa porque estes na altura constituam para mim uma dor de cabea.

    Que exerccios realizar?, Estaro eles adaptados s necessidades da

    turma?, Vo de encontro aos objetivos que defini para a aula?. Eram estas

    as questes que estavam no meu pensamento constantemente. Depois de

    refletir acerca desta dificuldade, percebi que estas dvidas surgiam um pouco

    por insegurana e medo de errar. E foi nesse momento que percebi tambm

    que no podia temer o erro. Tinha que fazer o meu melhor e se errasse teria

    que aprender com esses erros, para mais tarde no voltar a repeti-los, pois

    errar faz parte do processo de aprendizagem. No podia deixar que a

    insegurana fosse um entrave no meu caminho rumo ao aprender a ser uma

    professora competente.

    Mas todas aquelas dvidas tambm no eram necessariamente

    negativas pois permitiam-me estar sempre ciente da responsabilidade do meu

    trabalho, pois este exige que sejamos conscientes e responsveis em toda a

    fase do planeamento do ensino de forma a garantir aos nossos alunos uma

    aprendizagem sustentada, equilibrada e progressiva. Aspetos como a

    realizao de situaes de aprendizagem adequadas ao nvel da turma,

    apresentao de atividades que alcanassem os objetivos propostos,

    intensidade, nmero de repeties, durao da atividade e durao dos

    intervalos de repouso na realizao das atividades foram sempre tidos em

    conta na hora de planear a aula. Recordo que no primeiro perodo, inicialmente

    (depois foi alterado), a aula de tera-feira comeava s 13:20h, logo aps a

    hora de almoo dos alunos, pelo que a escolha dos exerccios a realizar,

    principalmente de Atletismo, tinham de ter em conta este fator.

    Outra dificuldade que encontrei, essencialmente nas primeiras aulas do

    primeiro perodo, foi desprender-me do plano. Confesso, que tinha tanto medo

    de me esquecer dos exerccios que tinha que realizar e das componentes

    crticas que tinha definido, e queria seguir to risca tudo o que l estava que

    no largava o plano, fazendo-me acompanhar deste durante toda a aula.

    Esta insegurana impediu-me por vezes de realizar alteraes na aula

    que se revelavam necessrias. Tinha ento que ultrapassar esta dificuldade

    pois o professor de Educao Fsica tem que ter a capacidade de se adaptar e

    ajustar aula. Nem sempre tudo corre como planeado, ou porque os alunos

    no conseguem realizar os exerccios, ou porque o material que tnhamos

  • 32

    pensado utilizar em determinado exerccio no est disponvel, ou porque

    simplesmente faltaram alunos.

    Para alm de que se era eu quem planeava a aula, realizava o plano,

    relia-o muito bem no dia anterior e mesmo no prprio dia da aula, no tinha

    porque me sentir assim.

    Com a prtica comecei a deixar de andar com o plano na mo durante a

    aula, sendo capaz de a liderar de forma autnoma, e adaptar-me aos

    constrangimentos da mesma procedendo a alteraes sempre que necessrio.

    Contudo colocava o plano num lugar acessvel e se no momento da aula queria

    relembrar algo deslocava-me at ele e consultava-o sempre que necessrio.

    Quero com tudo isto dizer que no devemos ser totalmente dependentes

    do plano e seguir estritamente tudo que l est. Devemos ser capazes de

    analisar a aula e de nos adaptarmos a ela e s situaes que ocorrem durante

    a mesma, podendo sempre recorrer consulta do plano caso seja necessrio.

    Nunca esquecendo que o plano de aula uma ferramenta de trabalho muito til

    e imprescindvel para o planeamento da aula.

    Importa referir que os meus colegas de estgio e o Professor

    Cooperante contriburam tambm para a superao desta dificuldade uma vez

    que desde logo me alertaram para este aspeto negativo. Transmitiram-me

    confiana e fizeram-me ver que no fazia sentido andar com o plano na mo

    durante a aula, uma vez que me preparava adequadamente para cada aula, e

    que portanto s tinha que me ajustar aos constrangimentos da aula.

    O plano de aula deve ser um documento de fcil leitura e de consulta

    rpida. Este tambm no um documento definitivo ou inaltervel sendo

    suscetvel a alteraes ou ajustes no momento da aula, em funo das

    dificuldades dos alunos ou situaes de aula que assim o exijam. Recordo

    como exemplo uma aula de Judo:

    Quanto concordncia com o plano, este foi seguido. A registar, apenas

    o facto de no ter realizado uma das progresses para as tcnicas de

    imobilizao, uma vez que no tinha mais tempo disponvel, pois acabei

    por dar mais algum tempo na realizao dos exerccios anteriores.

    (Reflexo da aula n 51/52).

    Com a prtica e a reflexo fui-me tornando mais confiante, tendo

    conseguido ultrapassar as dificuldades, apesar de ter cometido alguns erros.

  • 33

    Aula aps aula fui elaborando os planos sem dificuldades, o que foi um objetivo

    completamente alcanado.

    3.1.3 Realizao

    O momento em que um professor de Educao Fsica operacionaliza o

    ensino trata-se de um instante onde posta em prtica a conceo e

    planeamento anteriormente mencionados. A meu ver, penso ter conseguido

    passar da teoria prtica atingindo assim objetivos e metas inicialmente

    propostas, fazendo com que os alunos obtivessem o mximo de aprendizagem

    possvel e adquirissem essencialmente o gosto pela prtica de atividade fsica.

    Contudo no foi tarefa fcil transmitir tais ideais aos alunos, sabendo de

    antemo a pouca predisposio que estes tinham.

    Um dos meus grandes objetivos foi conduzir sempre as aulas de forma

    eficaz e eficiente, atuando de acordo com as tarefas didticas e tendo tambm

    em conta as diferentes dimenses da interveno pedaggica. Deste modo,

    urgiu criar um conjunto de regras e rotinas presentes em todas as aulas, tais

    como a pontualidade, assiduidade, as constantes introdues aula, o respeito

    pelo outro, e a concentrao em todas as tarefas propostas. Tais rotinas foram

    incutidas logo no incio do ano letivo, o que proporcionou um desenlace de

    aprendizagem que se revelou simplificador em todas as aulas, e

    consequentemente em todas as tarefas desenvolvidas ao longo deste perodo.

    No incio do ano letivo, ocorreu-me que no seria tarefa fcil incutir

    hbitos de assiduidade nos meus alunos, pois no primeiro perodo verificaram-

    se bastantes dispensas e faltas por parte destes. Perante este facto era meu

    dever agir enquanto professora. Eis ento que a primeira estratgia utilizada foi

    entrar em dilogo com os alunos mostrando-lhes a importncia da presena e

    participao nas aulas de Educao Fsica sendo esta uma disciplina de cariz

    essencialmente prtico. Tal estratgia surtiu efeito, no sendo necessrio

    recorrer a outras. Ao longo dos restantes perodos letivos a falta de

    assiduidade deixou de ser um problema, verificando-se uma afluncia de

    dispensas apenas pontualmente.

    Apesar deste meu rigor nas aulas, sempre estabeleci uma postura

    atenta, no que s dificuldades dos alunos diz respeito. Sempre os soube ouvir

  • 34

    quando estes no se encontravam satisfeitos com alguma coisa. E ento

    quando esta ltima se revelava um entrave para que estes pudessem aprender

    rapidamente solucionava. Comungando assim das ideias de Basei (2008)

    quando nos diz que o professor tem de aprender a ouvir os alunos e aprender a

    fazer da escola um lugar no qual seja possvel ouvi-los, s assim a aula de

    Educao Fsica poder constituir-se num ambiente de ensino - aprendizagem

    significativo, tanto para o professor como para os alunos. A meu ver s assim

    se proporcionou o lugar aprendizagem mtua, no meu caso particular fruto da

    reflexo e do constante pensar e repensar das tarefas propostas e a serem

    propostas na aula.

    Continuando neste campo reflexivo, fruto da minha curiosidade, partilho

    das ideias recolhidas, neste caso das de Darido (2005) quando nos divulga que

    os professores precisam refletir sobre o ambiente de aula utilizando isso para

    seu prprio aprimoramento profissional, isto , a reflexo serve como uma

    espcie de formao contnua, desenvolvendo essa prtica no prprio

    ambiente de trabalho durante a sua prtica docente. Este mesmo autor ressalta

    ainda que o professor deve considerar a importncia de refletir em seu prprio

    dia-a-dia. A evoluo dos alunos depende em grande parte da nossa

    capacidade de reflexo, de forma a fazer sempre as escolhas mais corretas

    que potenciem ao mximo a sua aprendizagem.

    De facto ser professor no tarefa fcil, no algo que se explica

    mas sim que se vive. Foi neste desabrochar constante de ideias provenientes

    desta forte flor reflexiva, a mente do professor, que concebi esta global ideia do

    que para mim ser professor. Pois, atualmente, muitos podem ser professores,

    mas eu acredito, e estou plenamente convicta que, ser um bom professor

    apenas est ao alcance de alguns.

    Nesta ordem de ideias, cito Luckesi (2005), que me ajudou nesta mesma

    conceo, pois este refere-nos que sem um investimento efetivo e constante no

    processo de ensino - aprendizagem, estaria ainda espera de um produto que

    os alunos no alcanavam. Assim fao a ponte para o anteriormente referido,

    onde muitas vezes o problema de os alunos no atingirem determinados

    objetivos est exatamente no professor que no soube adaptar a situao para

    que este tivesse condies de os atingir. Todos ns temos caractersticas que

    nos tornam diferentes e especiais, e quando nos reportamos aos alunos estes

  • 35

    tm caractersticas muito diferentes de ns, professores. Como tal temos de

    ser capazes de saber potenciar essas mesmas caractersticas para que o aluno

    se exorbite a nvel psico-motor, cognitivo e socio-afetivo. Reconheo que nem

    sempre consegui identificar erros e ou problemas inerentes aos alunos em

    determinadas tarefas ou exerccios.

    Todo este processo requer indubitavelmente da ajuda da observao, e

    para tal esta mesma tem que ser feita tambm da forma mais correta possvel.

    No que a este aspeto diz respeito, a minha primeira preocupao foi conseguir

    ter sempre todos os alunos no meu campo de viso durante todo o tempo de

    aula. Depois desta minha experincia, considero que os alunos necessitam

    constantemente que os observem para no se desviarem da sua tarefa de

    aula. Consequentemente, o meu deambular pelo espao de aula sempre teve

    em conta o posicionamento da turma. A observao pode tambm ser mais

    geral ou particular. Um dos princpios inerentes observao no foi desde

    logo aprendido por mim. Tal como, a necessidade de numa fase inicial,

    procurar identificar desde logo os erros mais comuns verificados na maioria dos

    alunos. Inicialmente centrava-me muito no aluno (individual) e pouco na turma

    (coletivo). Recordo uma aula de Badminton em que a grande maioria dos

    alunos estava a realizar mal a pega da raquete e fui corrigir um a um. No final

    dessa aula o professor cooperante e colegas de estgio alertaram-me para

    esse aspeto. Deveria ter analisado que o erro estava a ser cometido pela

    maioria dos alunos e parar a aula. Como forma de solucionar tais problemas,

    recorri aos feedbacks gerais. Posteriormente, e ultrapassados os principais

    erros, centramo-nos particularmente em cada aluno com vista a identificar erros

    especficos. Nestes casos os feedbacks do lugar especificidade, sendo mais

    dirigidos individualmente.

    Penso que esta estratgia de interveno foi a mais correta, na medida

    em que me permitiu ganhar tempo nas fases crticas do processo, para que

    houvesse mais qualidade na fase de consolidao. Ter uma boa prestao na

    fase de observao fez com que os alunos sentissem confiana em ns, o que

    tornou mais fcil a gesto da turma. Pois tal como enfatiza Cloes (2005),

    quanto mais competente o aluno se sentir, mais positivas sero suas reaes e

    atitudes, e mais confortvel ele se sentir para manifestar comportamentos

  • 36

    motivacionais intrnsecos e, consequentemente, maior ser o seu envolvimento

    nas atividades.

    Tendo em conta este pressuposto, que coloca os alunos no centro do

    processo, sendo por isso estes a razo da nossa interveno pedaggica, a

    seleo das tarefas sempre aconteceu segundo este princpio. Esta seleo

    visou sempre a constante adaptao s capacidades dos alunos para que

    estes obtivessem sucesso na sua realizao, tentando assim maximizar o

    tempo de empenho motor dos educandos, diminuindo os tempos de espera e

    de transio entre exerccios. Para tal, na conceo destas ferramentas de

    aprendizagem tive sempre em ateno a vertente da densidade motora,

    procurando que estes se tornassem intensos e o seu tempo de espera fosse

    somente o necessrio para uma pequena recuperao. O tempo despendido

    na transio entre exerccios era tambm pensado previamente. Para que este

    processo no causasse uma paragem excessiva na aula, a escolha dos

    exerccios era tambm pensada para que estes tivessem uma ligao

    organizacional. Como tal, a organizao de espaos mantinha-se normalmente

    do princpio at ao final da aula, sendo que o tempo de paragem desta

    correspondia somente ao tempo de instruo de cada exerccio. Mas todo este

    caminho foi iniciado com dificuldades no que gesto diz respeito. Mais

    precisamente a minha sensibilidade para com a organizao e gesto da aula.

    Despendia de imenso tempo para fazer a transio entre exerccios pois

    apenas os organizava assim que estes eram efetivamente precisos. Na

    consequncia destes problemas aquando o planeamento das aulas tinha este

    aspeto em considerao, ou seja, quando concebia qualquer exerccio este era

    previamente articulado com o seguinte.

    Um dos aspetos importantes na realizao das aulas a forma de

    interao pedaggica que devemos adotar com os alunos aquando dos

    momentos crticos de aprendizagem. Como refere Oleto (2006), a qualidade de

    informao precisa de algumas dimenses, tais como abrangncia,

    acessibilidade, atualidade, confiabilidade, objetividade, preciso e validade.

    Uma vez encadeadas estas ideias no processo de prtica efetiva de uma aula

    de Educao Fsica, urgiu muitas vezes a necessidade de adaptar termos

    tcnicos a uma linguagem mais corrente e usual dos alunos, para que estes

    conseguissem compreender melhor o que lhes era pedido.

  • 37

    Aquando da realizao das aulas, e mediante os diferentes graus de

    dificuldade das diferentes tarefas a que os alunos eram submetidos,

    rapidamente detetei alguma discrepncia na aptido fsica dos alunos. Na

    turma havia alunos com dificuldades em grande parte das atividades e alunos

    consideravelmente aptos. Aqui estava um desafio, proporcionar a todos uma

    evoluo gradual. Assim procurei de imediato adotar a organizao por nveis

    de aprendizagem dentro da turma. Desta forma, a minha inteno passou por

    tentar colocar aos alunos sempre um estmulo acima do seu nvel de execuo,

    pois assim poderiam evoluir e aprender o que est a ser ensinado consoante

    as suas capacidades/dificuldades. Confesso que volvido todo o ano de estgio

    ainda no para mim uma tarefa fcil, conseguir adequar o estmulo ao nvel

    do aluno e consequentemente criar tarefas ou exerccios para tal. Verificou-se

    algumas vezes que a complexidade dos exerccios propostos diferiam de grupo

    para grupo, no entanto o contedo de aprendizagem em cada aula foi sempre

    comum a toda a turma. Refiro como exemplo a modalidade de futsal onde se

    verificou uma maior discrepncia em termos de habilidade. Os rapazes

    encontravam-se no nvel intermdio e as raparigas no nvel introdutrio assim a

    construo dos exerccios foi de acordo com as necessidades destes dois

    grupos.

    Este meio estratgico, a meu ver, manteve os alunos motivados na

    realizao das tarefas, uma vez que em todas as aulas, encaravam desafios

    exequveis, que lhes proporcionavam a obteno de sucesso.

    Partindo do pressuposto que todos ns, antes de sermos professores e

    alunos, somos seres humanos que transportam sentimentos e emoes a

    minha relao para com os alunos sempre se revelou firme, onde o respeito

    entre o professor e o aluno sempre foi uma constante. Contudo, fruto do nosso

    cariz afetivo, enquanto seres humanos repletos de emoes e sentimentos, a

    minha relao para com os alunos estabeleceu-se numa base de confiana e

    amizade. Pois, tal como nos escreve Gmez (2000 cit. por Barbosa e Canalli)

    importante considerar a relao entre professor/aluno junto ao clima

    estabelecido pelo professor, da relao emptica com seus alunos, de sua

    capacidade de ouvir, refletir, discutir o nvel de compreenso dos mesmos e da

    criao das pontes entre o seu conhecimento e o deles. Olhando para estas

    palavras, a participao consciente e em bom ambiente por parte dos alunos

  • 38

    nas aulas de suma importncia, pois estes assim estaro a expressar os

    seus conhecimentos, as suas preocupaes, os seus interesses, os seus

    desejos e as vivncias de movimento, podendo assim, participar de forma ativa

    e crtica na construo e reconstruo da sua imagem e da sua cultura de

    movimento e de ser humano que o so realmente.

    Seguindo esta linha de pensamentos, a relao com os alunos sempre

    foi baseada numa comunicao aberta, onde existiu confiana mtua, sempre

    com o maior respeito. Houve sempre um clima de aula agradvel, em que

    estes no tinham receios em expor as suas dvidas, opinies ou outros

    assuntos em que eu pudesse ser til. A meu ver a confiana a base para o

    sucesso, no entanto, na relao professor/aluno deve existir sempre uma

    barreira que provoque uma certa distncia para que no haja excesso de

    confiana e com isso surjam comportamentos indesejados relacionados com a

    falta de respeito ou falta de aplicao nas aulas.

    Ao longo de todas as aulas os alunos mostraram interesse e empenho

    na realizao das tarefas. Contudo, e como natural, pontualmente existiu

    quem no se sentisse motivado em determinados momentos da aula e

    relaxasse um pouco, baixando o empenho e consequentemente o seu

    rendimento. Nestas ocasies, procurei de imediato perceber qual a razo do

    sucedido. Inicialmente procurei entrar em dilogo com o aluno, e, aps

    perceber a situao e transmitir alguns conselhos o problema estava

    solucionado. No entanto, por vezes, quando este apresentava um

    relacionamento direto com a aula ou com o exerccio, procedi com criatividade

    na conceo de estratgias tendo em vista a motivao dos alunos. Quando

    mesmo assim, os alunos no responderam da melhor forma ao solicitado,

    entrei novamente em dilogo com o mesmo advertindo-o de que todas as

    atitudes seriam tidas em conta para a sua avaliao final.

    Como postura de um bom professor de Educao Fsica, sempre assumi

    uma posio correta, justa e exigente, adequada s caractersticas da turma e

    de cada aluno em particular. As intervenes foram sempre no sentido de os

    ajudar a melhorar o seu rendimento, utilizando um vocabulrio acessvel e

    adequado, sem no entanto, deixar de utilizar a terminologia especfica de

    Educao Fsica, encorajando-os, elogiando-os, promovendo a autonomia e

    responsabilidade de cada um. A mxima de todas as aulas sempre foi o aluno,

  • 39

    sendo este advertido e devidamente repreendido sempre que necessrio, mas

    sempre que realizara coisas boas e dignas de reconhecimento, o seu

    enaltecimento era uma constante nas aulas. Desta forma procurei assim um

    constructo pleno de valores educativos teis para a vida em sociedade, que

    como todos sabemos no um mar de rosas mas sim uma constante

    adversidade.

    Aproveito o termo adversidade para dar agora lugar descrio das

    minhas principais dificuldades neste processo de formao. Uma delas revelou-

    se para com os desportos para o qual no tive qualquer tipo de formao

    acadmica e que fazem parte do Programa da Educao Fsica, como por

    exemplo o Corfebol. Todavia, para colmatar essas dificuldades e poder

    corresponder s expectativas e necessidades dos alunos, estudei e pesquisei

    para procurar assim saber mais sobre essas modalidades, atravs do recurso

    internet e a livros, e por ltimo mas no menos importante, debatendo ideias

    entre colegas de estgio e tirando dvidas com o Professor Cooperante.

    Contudo a interveno nas aulas desta modalidade nem sempre se revelou de

    forma confiante da minha parte fruto de ser uma modalidade pouco conhecida

    por mim e para a qual no me sentia muito familiarizada.

    Nesta etapa penso que o trabalho em grupo foi essencial, e no meu caso

    particular, a minha equipa sempre apresentou um grande esprito

    empreendedor e inovador, na medida em que as dvidas sempre deram lugar

    reflexo e ao dilogo, resultando assim em conhecimento puro que fora

    aplicado constantemente nas nossas aulas. A formao inicial de cada um dos

    elementos no meu ncleo de estgio era diferente, como tal, tivemos a

    oportunidade de nos completarmos uns aos outros.

    Com vista ao aperfeioamento da minha interveno enquanto

    realizadora de um processo ensino - aprendizagem, pude tambm contar com

    uma grande ajuda do Professor Cooperante, pois foi ele que nos deu

    indicaes durante o ano letivo em que estivemos envolvidos e ajudou a gerir

    todas as situaes presentes. Considero-o um lder, um agente orientador de

    processos e um colaborador para que as pessoas possam evoluir. Neste

    momento considero o Professor Cooperante um excelente lder do meu

    processo de formao, na qual me revejo futuramente a ajudar os outros da

    mesma maneira que ele me ajudou. Sendo assim as crticas construtivas isso

  • 40

    mesmo, construtivas, fundamentais para a conduo das aulas e orientao

    das mesmas.

    Importa ainda referir que neste longnquo processo de realizao, a

    aprendizagem mtua entre elementos do grupo de estgio foi essencial. Muito

    mais que a partilha de experincias foi a observao mtua de erros e de

    sucessos cometidos por todos os elementos. Tal facto permitiu uma

    aprendizagem muito mais sustentada, pois assim o nosso reportrio foi-se

    enchendo muito mais rapidamente.

    Nesta linha de ideias Aranha (2007) vem-nos dizer que numa aula de

    Educao Fsica, assim como em contextos de treino desportivo, a observao

    assume-se como uma capacidade essencial para o uso, sendo fulcral na

    anlise e avaliao das prestaes dos alunos ou atletas, e como tal, na

    prpria atividade do docente. Dada esta importncia da observao, durante

    todo o ano assistimos a todas as aulas, de forma mtua, e no fim

    conversvamos sobre o que de positivo e negativo sucedeu. Ao longo do ano,

    assistimos s aulas uns dos outros, pois para alm de permitir a constatao

    de erros dos vrios elementos do ncleo, foi fundamental para o

    enriquecimento da competncia pedaggica de cada um. Atravs do confronto

    de ideias e de cuidadas reflexes traavam-se linhas futuras de atuao,

    importantes para a correta execuo desta importante tarefa do professor. Este

    dilogo foi sem dvida um fomento forte no constructo mental de linhas

    orientadoras na minha forma pessoal de estar para a Educao Fsica

    enquanto professora.

    Volvida esta vivncia, recordo o Estgio Profissional como verdadeiro

    viveiro que me catapultou para um outro patamar. Proporcionou-me grande

    enriquecimento pessoal e profissional, e consequentemente proporcionou-me

    uma maior e melhor preparao e confiana para o futuro. Esta prtica

    caracterizou-se pelo alcance dos objetivos traados para o ano letivo, e pelo

    desenvolvimento de competncias pedaggicas que me permitem encarar com

    segurana o processo de ensino aprendizagem no futuro. E o futuro? O

    futuro, esse o caminho exigente construdo no presente, pois acredito que a

    exigncia, essa caracterstica, levar-nos- competncia.

  • 41

    3.1.4 A Avaliao

    A avaliao apresenta-se como um processo de obteno de informao, de

    formulao de juzos e de tomada de decises seja qual for a perspectiva que

    adoptarmos.

    (Pacheco, 2001, p.129)

    A avaliao um processo que requer muita responsabilidade da parte

    de um professor, pelo que necessrio refletir sobre ela. Assim, este tema foi

    alvo de bastante reflexo ao longo deste ano.

    Luckesi (2002) refere a importncia da avaliao como um instrumento

    capaz de situar o aluno no seu processo de aprendizagem, para que ns,

    professores, possamos tomar decises acertadas tendo em vista o seu

    desenvolvimento. Continuando, o mesmo autor acrescenta que assim, a

    avaliao no serve apenas como ferramenta de aprovao ou reprovao,

    mas funciona como um diagnstico da situao em que se encontra o aluno,

    tendo como pano de fundo a definio de caminhos adequados para a sua

    aprendizagem.

    Assim, para melhor avaliar o processo de ensino - aprendizagem, defini

    trs momentos importantes: a avaliao diagnstica e a avaliao sumativa (de

    carcter formal) e a avaliao formativa que ocorreu de forma informal.

    A avaliao diagnstica foi realizada na primeira aula de cada UD tendo

    como objetivo averiguar o nvel de desempenho dos alunos em determinada

    modalidade, para que a partir da sua anlise, pudesse assim melhor elaborar o

    planeamento de todo o processo de ensino - aprendizagem, nomeadamente as

    UD, para que estas fossem ao encontro das capacidades, dificuldades e

    necessidades reais dos alunos.

    Na minha opinio, o facto de realizar a AD no incio de cada modalidade

    foi uma boa opo, na medida em que me permitiu ver as principais

    capacidades e dificuldades dos alunos respeitantes modalidade em

    avaliao, tendo assim uma informao mais concreta e precisa.

    Para a realizao deste momento de avaliao elaborei instrumentos de

    avaliao, nomeadamente fichas de registo, com tabelas que continham os

  • 42

    contedos a avaliar, bem como os nveis (elementar, intermdio e avanado)

    onde iria situar a turma, no geral, e os alunos, em particular, em cada ao

    tcnica ou ttica que tinha definido. Defini ainda uma lista de 3 critrios de xito

    para cada contedo, onde para o nvel elementar correspondia o cumprimento

    de 1 critrio de xito, para o intermdio de 2 critrios e para o avanado o

    cumprimento dos 3.

    Inicialmente a realizao da avaliao diagnstica constitui-se para mim

    uma dificuldade. Lembro-me que nas primeiras AD queria observar todos os

    alunos de forma pormenorizada, o que era impossvel. Com a prtica fui sendo

    capaz de avaliar e registar de forma mais rpida, centrando-me na avaliao

    dos critrios de xito que tinha determinado, o que me permitia ter uma

    perceo do nvel global da turma, e dos alunos que se destacavam mais, quer

    pela positiva quer pela negativa.

    Em relao avaliao sumativa esta ocorreu sempre no final de cada

    UD de aprendizagem e foi o ponto fulcral do processo. aps a realizao

    desta avaliao que o professor analisa se os objetivos inicialmente propostos

    foram, ou no, cumpridos. Ponderei sempre o desempenho dos alunos e a

    evoluo destes desde a avaliao inicial at final. Pelo que os critrios

    usados na avaliao sumativa foram os mesmos da avaliao diagnstica.

    Quando chegava o momento de realizar esta avaliao sentia-me algo

    nervosa, pelo facto de ter que atribuir um nmero a cada aluno, pois era uma

    tarefa que exigia grande responsabilidade da minha parte, mas tinha que a

    cumprir e queria cumpri-la com competncia. No final de cada avaliao, a

    minha opinio e avaliao no diferia muito da do professor cooperante, o que

    me deu alguma confiana na realizao desta tarefa.

    A avaliao formativa, como j referido anteriormente, ocorreu de forma

    informal. Ao longo das aulas ia registando os alunos que tinham dificuldades e

    aqueles j apresentavam evoluo em determinado contedo ou modalidade.

    Esta avaliao revelou-se realmente importante pois o meu planeamento

    da aula ia ao encontro do observado.

    Mas a avaliao dos alunos no se centrou apenas na avaliao da

    prestao destes na prtica das vrias modalidades. A avaliao foi contnua e

    teve-se em conta outros aspetos como a pontualidade, assiduidade, atitudes e

    comportamento. Em todas as aulas assentei, numa ficha de registo criada para

  • 43

    o efeito, as presenas, faltas, dispensas e atrasos. No primeiro perodo, nas

    primeiras aulas, havia muitas dispensas. Pensei que teria aqui um problema. A

    estratgia que adotei foi falar com os alunos alertando-os para este aspeto, e

    que estes teriam que se esforar para alcanar uma boa nota e para isso

    teriam que ser assduos e empenhados, pois estes eram aspetos que eram

    tidos em conta na avaliao. Esta conversa surtiu efeito, e comecei a ter menos

    dispensas em cada aula, acontecendo muito pontualmente uma aula com

    muitas dispensas.

    Este tipo de registo, utilizado ao longo do ano foi bastante til e ajudou

    imenso na hora de atribuir as classificaes no final de cada perodo.

    A avaliao final de cada perodo obedeceu aos critrios de avaliao

    definidos pelo Grupo de Educao Fsica. Sendo assim, a avaliao dos alunos

    foi realizada segundo os seguintes critrios: Domnio Psico-motor (70%),

    Domnio Socio-Afetivo (20%) e Domnio Cognitivo (10%).

    No final de cada perodo realizou-se a auto-avaliao dos alunos. Guerra

    (1993) refere a auto-avaliao como um processo de autocrtica que gera

    hbitos enriquecedores de reflexo sobre a prpria realidade, ou seja, um

    processo de recolha de tratamento de informaes sobre a disciplina levada a

    cabo pelos elementos da comunidade educativa (alunos). Neste momento de

    avaliao os alunos so chamados a verificar e (ou) classificar as suas

    aprendizagens. Para a realizao desta avaliao elaborei uma ficha que

    continha os parmetros de auto-avaliao, bem como uma escala (Nunca,

    Raramente, Algumas vezes, Frequentemente, Sempre), ao que os alunos

    respondiam de forma conscienciosa acerca do seu desempenho no perodo em

    questo. Este processo crescente de participao dos alunos no momento de

    avaliao, de grande importncia uma vez que, a apreciao crtica do aluno,

    permite identificar e compreender as etapas que conseguiram alcanar, permite

    analisar e compreender os erros cometidos e tambm os sucessos alcanados.

    Concluo que avaliar no foi tarefa fcil, o medo de ser injusta com algum

    aluno estava sempre presente. Contudo, s me mantinha consciente da

    responsabilidade que tinha no processo de avaliao, que se revelou rigoroso e

    objetivo, pelo que refleti muito bem em cada momento, ponderei e analisei

    todas as informaes que tinha disponveis para poder atribuir uma nota.

  • 44

    Com o desenvolvimento da minha capacidade de observao e anlise

    do desempenho dos alunos e a utilizao de fichas de registo este processo

    foi-se tornando mais natural.

    3.2 reas 2 e 3 Participao na escola e Relaes com a comunidade

    Esta rea de desempenho tem como objetivo Contribuir para a

    promoo do sucesso educativo, no reforo do papel do professor de

    Educao Fsica na escola e na comunidade local, bem como da disciplina de

    Educao Fsica, atravs de uma interveno contextualizada, cooperativa,

    responsvel e inovadora. (Matos, 2012).

    Atividades de participao na escola

    Dia da Alimentao

    O Dia Mundial da Alimentao, celebrado, na atualidade, em mais de

    150 pases, foi comemorado pela primeira vez em 1981. Este dia foi,

    inicialmente, pensado como forma de alertar a sociedade para a importncia da

    alimentao, com a finalidade de combater a fome no mundo. Neste sentido,

    foram abordados temas como O Milnio sem fome e Combater a Fome para

    Reduzir a Pobreza.

    No entanto, hoje em dia assistimos, no escassez de alimento, mas

    sim sua ingesto em demasia ou alimentao desequilibrada, reproduzindo-

    se em doenas como a obesidade, sendo esta considerada como a epidemia

    do sculo XXI.

    Assim, no sentido de alertar a comunidade escolar para este problema, o

    nosso ncleo decidiu organizar uma palestra de sensibilizao no Dia Mundial

    da Alimentao.

    A preparao desta atividade foi algo atribulada, uma vez que, quando

    foi pensada, faltavam apenas duas semanas para a sua realizao. No entanto,

    a determinao foi superior s dificuldades que se poderiam apresentar e o

    grupo meteu mos obra.

  • 45

    Desta feita, contactmos a Touch Clinic, uma clnica de psicologia e

    nutrio, que se mostrou totalmente disponvel para realizar uma palestra sobre

    a importncia de uma alimentao saudvel e equilibrada e a importncia desta

    associada ao rendimento escolar.

    Por forma a tornar a palestra mais significativa para os nossos alunos e

    professores, aplicamos um pequeno inqurito, acerca dos hbitos alimentares

    dos alunos da nossa escola, a uma pequena amostra constituda por 4 turmas

    de cada ano curricular.

    Foi, igualmente, realizado o contacto com dois jogadores do Moreirense

    Futebol Clube, no sentido de partilharem experincias pessoais, tendo em

    conta a performance desportiva e o tipo de alimentao a efetuar com vista a

    melhorar o rendimento. Todavia, apesar de interessados em participar no

    projeto, os dois atletas no estavam disponveis para o dia e hora da atividade.

    Aqui, encontrmos o nosso primeiro obstculo, uma vez que, quando

    nos foi dada a confirmao da ausncia dos dois atletas, faltavam apenas dois

    dias para o evento.

    No entanto, aps alguma batalha, conseguimos, finalmente, confirmar

    a presena do ex-atleta do Vitria Sport Club, Neno, e do Pedro Carvalho,

    atleta internacional do Xico Andebol e aluno da ESFH, tornando, desta forma, a

    mesa muito mais familiar a toda a comunidade escolar.

    Uma vez confirmadas todas as presenas, construmos o cartaz de

    divulgao da atividade. No entanto, uma vez que o cartaz foi publicado,

    apenas um dia antes do evento, esta divulgao comeou a ser feita boca a

    boca na semana anterior.

    Desta forma, conseguimos encher o Auditrio da ESFH com alunos e

    Professores e Professores Estagirios dos restantes ncleos de estgio de

    Educao Fsica.

    No decorrer da palestra a principal dificuldade foi controlar os alunos, no

    sentido de reduzir o burburinho que por vezes se fazia sentir. Todavia, a

    exposio do tema e das experincias dos atletas presentes decorreu

    normalmente, sem grandes perturbaes e com um q.b. de diverso,

    tornando o momento mais cativante para os mais atentos e interessados na

    temtica.

  • 46

    No final de cada apresentao, houve espao para a colocao de

    questes. Considero que os alunos poderiam ter sido mais participativos e

    colaborativos neste momento. No entanto, os professores colocaram questes,

    na minha opinio, muito pertinentes que, de certa forma, iam de encontro

    quilo que mais poderia ser do interesse dos alunos.

    Deste modo, foram dadas respostas a questes como Que alimentos

    ingerir antes e depois de um jogo/treino?, Que alimentos devemos ingerir

    antes e depois de um jogo/treino em clubes ou escales que no tm