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    R   e   v    i   s    t   a    L   u   m    i    è   r   e  ,   s   e    t   e   m    b   r   o    /    0    5 64 65    R   e   v    i   s    t   a    L   u   m    i    è   r   e  ,   s   e    t   e   m    b   r   o    /    0    5  Capa Por Flávia Lima E    R   e   v    i   s    t   a    L   u   m    i    è   r   e  ,   o   u    t   u    b   r   o    /    0    5 64 m toda instalação elétrica medidas preventivas de controle do risco elétrico devem ser adotadas. Se a área for classicada, a segurança da instalação e do prossional deve ser garantida com base em técnicas de análise de risco. Esta deveria ser uma recomendação óbvia, no entanto nem todas as e mpresas com áreas classicadas – passíveis de explosões a partir de gás, líquido ou poeira, que exigem precauções especiais para a construção, instalação e utilização de equipamento elétrico – a cumprem. A nova versão da NR 10, entretanto, publicada em dezembro do ano passado, está agitando esse mercado. A norma ratifica o compromisso das empresas em normalizar sua situação elétrica, estimula a regularização de equipamentos de áreas classificadas e força as empresas a se preocupar mais com a segurança dos seus funcionários e patrimônio.  O objetiv o da norma regulam entadora é estabelecer os requisitos e as condições mínimas com o intuito de implementar medidas de controle e sistemas preventivos, para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade.  “A nov a NR 10 vai ao encontro de ssa idéia de regulamenta r o setor”, comemora o diretor da Engexplo, empresa especializa daem áreasclassicadas,o engenheiroeletrotécnico Marcos Herrera. Segundo ele, até então, não havia uma lei que estabelecesse esse compromisso, mas o item 10.9.4 da norma é claro: “instalações elétricas de áreas classicadas ou sujeitas a risco acentuado de incêndio ou explosões devem adotar dispositivos de proteção, como alarme e seccionamento automático, para prevenir sobretensões, sobrecorrentes, falhas de isolamento, aquecimentos ou outras condições anormais de operação”.  O primeiro passo para uma instalação com ambientes potencialmente explosivos é obter a sua classicação de acordo com a zona de risco, avaliada conforme a IEC 60079- 10. As instalações que possuem líquidos, gases ou poeiras inamáveis devem passar por essa análise. No Brasil, apenas quatro empresas são especializadas na área e fazem esse estudo: a Engexplo, a Project Explo, a Console Engenharia e a Rebek Engenharia. Herrera recomenda que esse processo seja acompanhado pela área produtiva e de segurança da própria empresa. Para cada zona de risco há um tipo específico de proteção. Instalações com poeira inamável são classicadas como zonas 20, 21 ou 22. Áreas com líquidos ou gases inamáveis , em contrapartida, são qualicadas como zonas 0, 1 ou 2. A zona 0, po r exemplo, só permite equipamentos com segurança intrínseca, ou seja, níveis baixos de potência; já para a zona 1 há vários tipos de proteção, como equipamentos à prova de explosão, com segurança elevada, pressurizados, encapsulados ou resinados. A última zona é a 2, que aceita a proteção exigida pela zona 1, além de equipamentos não acendíveis.  As empresas responsáveis pela classicação das áreas potencialmente explosivas ainda não possuem nenhuma espécie de credenciamento em órgão regulador, entretanto, segundo Herrera, há um projeto da Comissão de Estudos de Equipamentos para Áreas Classicadas do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) em discussão e, se aprovado, deverá estabelecer prévia avaliação e autorização do instituto. Proteção e certicação  Todos os materiais, peças, dispositivos, equipamentos e sistemas destinados à aplicação em instalações elétricas de ambientes com atmosferas explosivas devem ser certicados ou, no caso de pequenas quantidades e fornecimentos SKIDS-Mounted, possuírem uma Declaração de Pequenas Quantidades emitida por Órgãos de Certicação de Produtos (OCP) credenciados pelo Inmetro, segundo a Portaria nº 176 e sua Regra Especíca NIE-DQUAL-96.  A nova NR 10 ratica essa obrigação, válida também para produtos importados mesmo se eles possuírem certicação similar no exterior. Ressalta-se que no segmento de atmosferas explosivas o Brasil conta com três laboratórios aptos – Cepel, IEE-USP e Labelo – e com cinco certicadoras credenciadas pelo Inmetro – Uciee, Cepel, Certusp, UL do Brasil e NCC. O engenheiro líder de produtos da UL do Brasil, Giovanni Hummel, explica que a certicação vai muito além da emissão de certicados com base em relatórios de ensaios. Se o fabricante desconhecer as normas de atmosferas explosivas, é certo que seu produto não conseguirá obter a certicação no prazo que o departamento de marketing deseja. Na realidade, o serviço do OCP e dos laboratórios acaba quando há a emissão de um certicado ou de um relatório de não- conformidades. Se o produto for importado com certicação no exterior, o processo pode ser ainda mais demorado, pois freqüentemente a documentação fornecida pelo importador não é suciente.  O proces so inicia-se com uma solicitação formal a o organismo de certicação. Existem duas possibilidades: um produto sem certicação prévia (nacional ou importado) e aqueles já certicados no exterior (os importados). Deve- se verificar se o produto importado (com certificação prévia) e o nacional estão em conformidade com os aspectos construtivos das normas (dimensão, material, etc.). Posteriormente, os produtos que não possuem certicação no exterior são ensaiados em laboratórios certicados pelo Inmetro. É possível considerar os resultados de ensaios de produtos importados com certicação no exterior se os laboratórios que realizaram tais ensaios forem credenciados por órgãos internacionais reconhecidos.  Independentemen te da obtenção de resultados positivos nos testes ou da certicação prévia, com aproveitamento dos resultados de ensaios, o sistema da qualidade do fabricante deve ser avaliado para vericar se atende a alguns requisitos da ISO 9001. Feito isso, o processo é submetido a uma comissão de certicação, que dá a palavra nal. Após a certicação, o OCP passa a conduzir inspeções anuais no fabricante para vericar se ele continua fabricando o produto conforme foi certicado. Os produtos a serem certicados devem obedecer às normas IEC caso não haja nenhuma NBR publicada. Os ensaios dos equipamentos elétricos e eletrônicos devem ser feitos em OCP credenciado pelo Inmetro. Quando o equipamento é aprovado em todos os ensaios previstos nas normas, é emitido o Certicado de Conformidade, o que garante ao consumidor que o produto é seguro. Depois da versão da NR 10 atualizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, as empresas com áreas classicadas têm procurado regularizar a situação de produtos internalizados, seja pela certicação de lote, seja pelas declarações de importação. Hummel conta que diversos produtos foram internalizados e empregados em áreas classificadas e, atualmente, muitos não podem ser removidos de suas unidades para serem ensaiados em laboratórios. Dessa forma, alternativas deverão ser discutidas para não inviabilizar a regularização de tais produtos. “O importante é que, após a publi cação da revisão da NR 10, observa-se uma crescente preocupação das empresas em atendê-la”, comemora o engenheiro eletricista e coordenador da Comissão CE:03.31-06 do Comitê Brasileiro de Eletricidade Mais seguras  Atualização da NR 10 movimenta mercado e estimula empresas com atmosferas potencialme nte explosivas a regularizar seus equipamentos e, assim, garantir a segurança das instalações e dos seus funcionários

Lumiere Instalacoes Atmosfera Explosiva Nr 10 Estellito

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Capa

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Mais segurasPor Flvia Lima

Stferson Faria/Petrobras

Atualizao da NR 10 movimenta mercado e estimula empresas com atmosferas potencialmente explosivas a regularizar seus equipamentos e, assim, garantir a segurana das instalaes e dos seus funcionrios

O primeiro passo para uma instalao com ambientes potencialmente explosivos obter a sua classificao de acordo com a zona de risco, avaliada conforme a IEC 6007910. As instalaes que possuem lquidos, gases ou poeiras inflamveis devem passar por essa anlise. No Brasil, apenas quatro empresas so especializadas na rea e fazem esse estudo: a Engexplo, a Project Explo, a Console Engenharia e a Rebek Engenharia. Herrera recomenda que esse processo seja acompanhado pela rea produtiva e de segurana da prpria empresa. Para cada zona de risco h um tipo especfico de proteo. Instalaes com poeira inflamvel so classificadas como zonas 20, 21 ou 22. reas com lquidos ou gases inflamveis, em contrapartida, so qualificadas como zonas 0, 1 ou 2. A zona 0, por exemplo, s permite equipamentos com segurana intrnseca, ou seja, nveis baixos de potncia; j para a zona 1 h vrios tipos de proteo, como equipamentos prova de exploso, com segurana elevada, pressurizados, encapsulados ou resinados. A ltima zona a 2, que aceita a proteo exigida pela zona 1, alm de equipamentos no acendveis. As empresas responsveis pela classificao das reas potencialmente explosivas ainda no possuem nenhuma espcie de credenciamento em rgo regulador, entretanto, segundo Herrera, h um projeto da Comisso de Estudos de Equipamentos para reas Classificadas do Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial (Inmetro) em discusso e, se aprovado, dever estabelecer prvia avaliao e autorizao do instituto.

Proteo e certificaoTodos os materiais, peas, dispositivos, equipamentos e sistemas destinados aplicao em instalaes eltricas de ambientes com atmosferas explosivas devem ser certificados ou, no caso de pequenas quantidades e fornecimentos SKIDS-Mounted, possurem uma Declarao de Pequenas Quantidades emitida por rgos de Certificao de Produtos (OCP) credenciados pelo Inmetro, segundo a Portaria n 176 e sua Regra Especfica NIE-DQUAL-96. A nova NR 10 ratifica essa obrigao, vlida tambm para produtos importados mesmo se eles possurem certificao similar no exterior. Ressalta-se que no segmento de atmosferas explosivas o Brasil conta com trs laboratrios aptos Cepel, IEE-USP e Labelo e com cinco certificadoras credenciadas pelo Inmetro Uciee, Cepel, Certusp, UL do Brasil e NCC. O engenheiro lder de produtos da UL do Brasil, Giovanni Hummel, explica que a certificao vai muito alm da emisso de certificados com base em relatrios de ensaios. Se o fabricante desconhecer as normas de atmosferas explosivas,

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m toda instalao eltrica medidas preventivas de controle do risco eltrico devem ser adotadas. Se a rea for classificada, a segurana da instalao e do profissional deve ser garantida com base em tcnicas de anlise de risco. Esta deveria ser uma recomendao bvia, no entanto nem todas as empresas com reas classificadas passveis de exploses a partir de gs, lquido ou poeira, que exigem precaues especiais para a construo, instalao e utilizao de equipamento eltrico a cumprem. A nova verso da NR 10, entretanto, publicada em dezembro do ano passado, est agitando esse mercado. A norma ratifica o compromisso das empresas em normalizar sua situao eltrica, estimula a regularizao de equipamentos de reas classificadas e fora as empresas a se preocupar mais com a segurana dos seus funcionrios e patrimnio.

O objetivo da norma regulamentadora estabelecer os requisitos e as condies mnimas com o intuito de implementar medidas de controle e sistemas preventivos, para garantir a segurana e a sade dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em instalaes eltricas e servios com eletricidade. A nova NR 10 vai ao encontro dessa idia de regulamentar o setor, comemora o diretor da Engexplo, empresa especializada em reas classificadas, o engenheiro eletrotcnico Marcos Herrera. Segundo ele, at ento, no havia uma lei que estabelecesse esse compromisso, mas o item 10.9.4 da norma claro: instalaes eltricas de reas classificadas ou sujeitas a risco acentuado de incndio ou exploses devem adotar dispositivos de proteo, como alarme e seccionamento automtico, para prevenir sobretenses, sobrecorrentes, falhas de isolamento, aquecimentos ou outras condies anormais de operao.

certo que seu produto no conseguir obter a certificao no prazo que o departamento de marketing deseja. Na realidade, o servio do OCP e dos laboratrios acaba quando h a emisso de um certificado ou de um relatrio de noconformidades. Se o produto for importado com certificao no exterior, o processo pode ser ainda mais demorado, pois freqentemente a documentao fornecida pelo importador no suficiente. O processo inicia-se com uma solicitao formal ao organismo de certificao. Existem duas possibilidades: um produto sem certificao prvia (nacional ou importado) e aqueles j certificados no exterior (os importados). Devese verificar se o produto importado (com certificao prvia) e o nacional esto em conformidade com os aspectos construtivos das normas (dimenso, material, etc.). Posteriormente, os produtos que no possuem certificao no exterior so ensaiados em laboratrios certificados pelo Inmetro. possvel considerar os resultados de ensaios de produtos importados com certificao no exterior se os laboratrios que realizaram tais ensaios forem credenciados por rgos internacionais reconhecidos. Independentemente da obteno de resultados positivos nos testes ou da certificao prvia, com aproveitamento dos resultados de ensaios, o sistema da qualidade do fabricante deve ser avaliado para verificar se atende a alguns requisitos da ISO 9001. Feito isso, o processo submetido a uma comisso de certificao, que d a palavra final. Aps a certificao, o OCP passa a conduzir inspees anuais no fabricante para verificar se ele continua fabricando o produto conforme foi certificado. Os produtos a serem certificados devem obedecer s normas IEC caso no haja nenhuma NBR publicada. Os ensaios dos equipamentos eltricos e eletrnicos devem ser feitos em OCP credenciado pelo Inmetro. Quando o equipamento aprovado em todos os ensaios previstos nas normas, emitido o Certificado de Conformidade, o que garante ao consumidor que o produto seguro. Depois da verso da NR 10 atualizada pelo Ministrio do Trabalho e Emprego, as empresas com reas classificadas tm procurado regularizar a situao de produtos internalizados, seja pela certificao de lote, seja pelas declaraes de importao. Hummel conta que diversos produtos foram internalizados e empregados em reas classificadas e, atualmente, muitos no podem ser removidos de suas unidades para serem ensaiados em laboratrios. Dessa forma, alternativas devero ser discutidas para no inviabilizar a regularizao de tais produtos. O importante que, aps a publicao da reviso da NR 10, observa-se uma crescente preocupao das empresas em atend-la, comemora o engenheiro eletricista e coordenador da Comisso CE:03.31-06 do Comit Brasileiro de Eletricidade

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NORMAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS PARA ATMOSFERAS EXPLOSIVASNBR 5418:1995 NBR 5420:1990 Instalaes eltricas em atmosferas explosivas Equipamentos eltricos para atmosferas explosivas Invlucros com pressurizao ou diluio contnua Tipo de proteo p EN 50020:1994 Equipamentos eltricos para atmosferas explosivas Segurana intrnseca Proteo tipo i EN 50039 Equipamentos eltricos para atmosferas potencialmente explosivas Sistemas com segurana intrnseca Proteo tipo i IEC 600797:1990 Equipamentos eltricos para atmosferas e 2001 explosivas Construo e teste de aparelhos eltricos Proteo tipo e EN 50019:1994 Equipamentos eltricos para atmosferas potencialmente explosivas Segurana aumentada Proteo tipo e IEC 600792:2001 Equipamentos eltricos para atmosferas explosivas a gs Proteo tipo p EN 50016:1995 Equipamentos eltricos para atmosferas explosivas Aparelhos pressurizados Proteo tipo p IEC 600796:1995 Equipamentos eltricos para atmosferas explosivas a gs Aparelhos imersos em leo EN 50015:1994 Equipamentos eltricos para atmosferas potencialmente explosivas imerso em leo Proteo tipo o IEC 6007915:2001 Equipamentos eltricos com proteo tipo n

NBR 9518:1997 Equipamentos eltricos para atmosferas explosivas Requisitos gerais NBR 5363:1998 Equipamentos eltricos para atmosferas explosivas Invlucros prova de exploso Tipo de proteo d NBR 8447:1989 Equipamentos para atmosferas explosivas Segurana intrnseca Tipo de proteo i

NBR 9883:1995 Equipamentos eltricos para atmosferas explosivas Segurana aumentada Tipo de proteo e NBR 8601:1984 Equipamentos eltricos imersos em leo para atmosferas explosivas NBR 10861:1989 NBR 6146:1980 Prensa-cabos Invlucros de equipamentos eltricos Proteo (Cancelada)

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NBR ISO Sistemas da qualidade Modelo para garantia 9002:1994 da qualidade em produo e instalao (Ser vlida, e j praticada a NBR ISO 9001:2000) IEC 60079 Equipamentos eltricos para atmosferas 0:1998 explosivas Requisitos gerais IEC 60079 Equipamentos eltricos para atmosferas 0:2004 explosivas Requisitos gerais EN 50014:1992 Equipamentos eltricos para atmosferas potencialmente explosivas Requisitos gerais IEC 60079 Equipamentos eltricos para atmosferas explosivas 1:2001 Testes para produtos prova de exploso EN 50018:1994 Equipamentos eltricos para atmosferas explosivas Invlucros prova de exploso Tipo de proteo d IEC 60079 Equipamentos eltricos para atmosferas 11:1999 explosivas Construo e teste de segurana intrnseca

IEC 60079 Equipamentos eltricos com tipo de proteo 18:1992 m (encapsulado) IEC 60529:2000 Classificao de graus de proteo por invlucros (Atual NBR IEC 60529) IEC 345:2001 Mquinas eltricas girantes Classificao de graus de proteo proporcionados pelos invlucros IEC 60079 Equipamentos eltricos para atmosferas explosivas 14:1996 a gs Instalaes eltricas IEC 60079 Classificao de reas perigosas (j concluda 10:1995 pelo Cobei) NM IEC 60050426 Equipamentos e instalaes eltricas para atmosferas explosivas Terminologia (atual)

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cod. 90138

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NBR 9884:1987 Mquinas eltricas girantes Graus de proteo proporcionados pelos invlucros

(Cobei/ABNT), Estellito Rangel Jnior. Hummel concorda: Apesar de no dispor de dados estatsticos, posso assegurar que crescente a procura pela certificao ou pela Declarao de Pequenas Quantidades por parte dos importadores e dos prprios usurios. Entretanto, mesmo com maior adeso dos fabricantes, muitos deles reclamam que o processo de certificao muito demorado. Sobre isso, Hummel afirma que, quanto maior for a demanda, maior ser o prazo at que os organismos e laboratrios se adaptem para atender ao volume de solicitaes. esperado que um processo seja finalizado em trs meses se no houver no-conformidades, mas no momento atual improvvel que algum organismo inicie um processo imediatamente, por causa da alta demanda por certificaes, avalia. Assim, aceitvel pensar que todo o trmite leve de quatro a seis meses desde o pedido at a concluso da certificao caso no sejam identificadas no-conformidades. A principal dificuldade da certificao a deficincia de mo-de-obra qualificada disponvel no mercado. A soluo encontrada por algumas certificadoras, como a UL, foi partir para a formao de profissionais recm-graduados. De fato, se h demanda, necessrio mo-de-obra para atend-la caso contrrio os prazos sero muito maiores do que os desejados, salienta Hummel.

Qualificao do profissionalConhecer as normas fundamental para qualquer profissional dessa rea. Porm, no basta entender apenas a legislao brasileira, j que a maioria das normas que rege proteo para atmosferas explosivas internacional. A NR 10 bem clara: na ausncia de normas brasileiras sobre um determinado tema, as normas internacionais devem ser utilizadas, diz Estellito. Como as normas internacionais so as normas IEC, emitidas em ingls e francs, surge ento a necessidade de que os profissionais falem uma dessas lnguas. At a alguns meses atrs, o profissional que conhecia apenas a NBR 5418, norma que regulamenta instalaes eltricas em atmosferas explosivas, estaria defasado em quase 20 anos da tecnologia mundial corrente, afirma Estellito. Segundo ele, muitos profissionais que trabalham nessa rea no Brasil tm certa dificuldade em dominar o assunto, porque preciso um considervel investimento em treinamentos no exterior, acessveis a poucos. Para Estellito, o principal problema que as empresas no esto fazendo os investimentos necessrios na formao dos seus profissionais nessa rea especfica. Mas como muitos servios so feitos por empreitada, h um alto turn-over, e os

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Divulgao / Estellito Rangel

NR 10 e as reas classificadasAtualizada e em vigor desde janeiro deste ano, a NR 10 regulamenta a segurana em instalaes e servios em eletricidade. Seu texto bem claro em relao s reas classificadas e atmosferas explosivas e trouxe uma cobrana maior para as empresas do setor, principalmente no que diz respeito ao treinamento de segurana e criao de pronturios e relatrios de inspees. A norma exige treinamentos especficos para quem trabalha nesse segmento, e a indstria dever seguir a norma tcnica para instalaes eltricas NBR 5418 para instalaes eltricas em atmosferas explosivas e ter todos os riscos mapeados, ou seja, plantas de classificao de reas atualizadas. Determina a norma: os estabelecimentos com carga instalada superior a 75kW devem, alm do disposto no subitem 10.2.3, constituir e manter o Pronturio de Instalaes Eltricas, de forma a organizar o memorial, contendo no mnimo: (...) d) documentao comprobatria da qualificao, habilitao, capacitao, autorizao dos profissionais e dos treinamentos realizados; (...) f) certificaes das instalaes, dos equipamentos e materiais eltricos em reas classificadas; (...). Aqui verificamos a harmonizao da NR 10 com a Portaria Inmetro n 176/00, ao exigir que os certificados de conformidade dos equipamentos eltricos destinados ao uso em reas classificadas sejam includos no Pronturio de Instalaes Eltricas, juntamente com o treinamento dos profissionais autorizados a executar servios em reas classificadas. Essa nova diretriz reala a importncia do certificado de conformidade, possibilitando que ele fique sempre mo do usurio, evitando que, por descuido, ele seja descartado com a embalagem do produto. Alm disso, facilitar bastante o trabalho dos fiscais dos organismos governamentais, ao concentrar num nico documento o pronturio todas as informaes relevantes para a segurana dos profissionais, explica o representante brasileiro no TC 31 da International Electrotechnical Commission (IEC), Estellito Rangel Junior. A importncia do treinamento para funcionrios tambm destaque nesta verso: Os trabalhos em reas classificadas devem ser precedidos de treinamento especifico de acordo com risco envolvido (10.8.8.4). A norma confirma ainda a compulsoriedade da certificao para todos os equipamentos para reas explosivas, de acordo com a Portaria do Inmetro n 176/00, e atenta para a segurana da instalao, na medida em que exige a adoo de dispositivos complementares de proteo. Para servios seguros em reas classificadas, a norma estabelece que deve ser eliminada a possibilidade de centelhas durante a execuo dos servios ou a presena de produtos inflamveis para que os servios nessas instalaes sejam realizados. Estellito lembra que grande a responsabilidade do contratante em reas classificadas, pois ele quem efetivamente conhece seu processo, seus riscos e pode colaborar na elaborao de procedimentos para execuo segura dos servios prestados pelos contratados. O trabalhador tambm tem suas responsabilidades. Segundo a norma, ele deve se engajar conscientemente nessa campanha, que objetiva sua prpria segurana. Com treinamento, dedicao e interesse dos trabalhadores, no temos dvidas de que em breve as tristes estatsticas de mortes nos servios em eletricidade, especialmente em reas classificadas, pertencero ao passado, espera Estellito. Confira a seguir algumas resolues da nova NR 10 em relao segurana em instalaes com atmosferas explosivas. 10.4.3 Nos locais de trabalho s podem ser utilizados equipamentos, dispositivos e ferramentas eltricas compatveis com a instalao eltrica existente, preservando-se as caractersticas de proteo e respeitando-se as recomendaes do fabricante e as influncias externas. O responsvel pela execuo do servio deve suspender as atividades quando constatar situao ou condio de risco no prevista, cuja eliminao ou neutralizao imediata no seja possvel. Materiais, peas, dispositivos, equipamentos e sistemas destinados aplicao em instalaes eltricas de ambientes com atmosferas potencialmente explosivas devem ser avaliados quanto sua conformidade no mbito do Sistema Brasileiro de Certificao. Nas instalaes eltricas de reas classificadas ou sujeitas a risco acentuado de incndio ou exploses, devem ser adotados dispositivos de proteo complementar, tais como alarme e seccionamento automtico, para prevenir sobretenses, sobrecorrentes, falhas de isolamento, aquecimentos ou outras condies anormais de operao.

10.6.5

10.9.2

Muitos profissionais encontram dificuldades para se especializar na rea de atmosferas explosivas no Brasil. A maioria dos treinamentos acontece em pases, como Estados Unidos, Inglaterra e AlemanhaRevista Lumire, setembro/05

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profissionais so admitidos mediante experincia anterior. No entanto, sem reciclagem, eles fazem hoje o mesmo que h dez anos. Como as normas so dinmicas e influenciam a maneira de fazer as instalaes, temos como conseqncia um trabalho desatualizado, pois esses profissionais realizam instalaes menos eficientes e com elevados custos de instalao e de manuteno. Esse problema seria atenuado com a certificao pessoal, inexistente no Brasil. Fora do Pas, por exemplo, h a certificao para profissionais que fazem servios de instalao, manuteno e inspeo em equipamentos especiais para uso em atmosferas explosivas, processo que aqui ainda est comeando a ser discutido. Eu conheo bem o sistema de certificao ingls CompEx, o mais tradicional nesse campo, e sei que h diversas vantagens em se contar com um profissional certificado, desde o menor custo de mo-de-obra, pois praticamente se elimina o retrabalho e diminui-se a necessidade de superviso, at a garantia da segurana da instalao, afirma Estellito. Ele engenheiro certificado pelo sistema ingls Competence on Installations in Explosive Atmospheres (CompEx) desde 2002. De acordo com Estellito, a carncia de treinamentos no Brasil se deve exatamente falta de profissionais para ministr-los. Eu recomendo o mesmo caminho que percorri at hoje: treinamentos nos Estados Unidos, na Inglaterra e na Alemanha, que so os pases lderes nessa tecnologia. Alm disso, necessria a devida reciclagem, pois uma rea em constante desenvolvimento. Essa atualizao possvel mediante a participao em seminrios e congressos sobre o tema, diz. A certificao pessoal na rea de instalaes eltricas em atmosferas explosivas bastante recente e est implantada em poucos pases, como Inglaterra (inspeo, manuteno e instalao) e Frana (manuteno). Embora no seja uma certificao, a Alemanha conta com um sistema parecido, o credenciamento de especialistas por empresas.

Empresrios e especialistas da rea precisam se conscientizar de que no se pode esperar que acidentes aconteam para que sejam tomadas as devidas medidas de proteo. Basta que uma no-conformidade seja detectada para que se caracterize o risco, que deve ser eliminado, ressalta Estellito. Ele cita o exemplo de uma pesquisa inglesa que constatou que 65% de 70 mil equipamentos examinados apresentavam alguma no-conformidade. Estimamos que, se tal pesquisa fosse feita no Brasil, um percentual maior de problemas seria encontrado, analisa. H atualmente diversas normas da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) para essas instalaes especiais. O ideal que elas sejam mantidas em harmonia com as revises das normas IEC, e isso exige investimento em pessoal tcnico experiente e atualizado, o que est em falta no Pas. Mesmo com a carncia de corpo tcnico, os especialistas esto mais otimistas com a posio do Brasil no cenrio internacional. Isso porque esto em discusso na ABNT normas para instalaes eltricas especiais para ambientes com ps combustveis, conforme adianta Estellito. Para Marcos Herrera, s uma questo de tempo: Com a publicao da NR 10, em dois ou trs anos o mercado vai estar mais maduro e consciente da proteo para esse tipo de instalao Segundo ele, 80% das empresas com reas explosivas todo o parque petrolfero, indstrias qumicas, farmacuticas e de processo ainda precisam se adequar nos prximos trs anos, o que deve movimentar bastante esse mercado, ainda mais agora com o prprio Ministrio do Trabalho responsvel por fiscalizar as recomendaes da NR 10. Ademais, uma das propostas da Portaria n 176, que est em reviso no Inmetro, justamente que o atendimento NBR 5418 integre a certificao de instalaes. Agora s esperar que essas decises sejam positivas e aprovadas o quanto antes.

10.9.5 Os servios em instalaes eltricas nas reas classificadas somente podero ser realizados mediante permisso para o trabalho com liberao formalizada, conforme estabelece o item 10.5, ou supresso do agente de risco que determina a classificao da rea. 10.11.6 Antes de iniciar trabalhos em equipe, os seus membros, em conjunto com o responsvel pela execuo do servio, devem realizar uma avaliao prvia, estudar e planejar as atividades e aes a serem desenvolvidas no local, a fim de atender aos princpios tcnicos bsicos e s melhores tcnicas de segurana aplicveis ao servio. 10.13.1 As responsabilidades quanto ao cumprimento desta NR so solidrias a todos os contratantes e contratados envolvidos. 10.13.4 Cabe aos trabalhadores: a) zelar pela sua segurana e sade e as de terceiros que possam ser afetados por suas aes ou omisses no trabalho; b) responsabilizar-se junto com a empresa pelo cumprimento das disposies legais e regulamentares, inclusive os procedimentos internos de segurana e sade; c) comunicar, de imediato, ao responsvel pela execuo do servio s situaes que considerar risco para sua segurana e sade e as de terceiros.

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Revista Lumire, junho/05 setembro/05 Revista Lumire,

Cenrio otimista

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