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MAIO / JUNHO 2013 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEOA revista Água e Meio Ambiente Subterrâneo é distribuída gratuitamente pela Associação Brasileira de Águas Subterrâneas

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 3MAIO / JUNHO 2013

EDITORIAL

ÍNDICE

UMA QUESTÃO DESOBREVIVÊNCIAÁGUAS SUBTERRÂNEAS SÃO ALIA-DAS PARA ENFRENTAR O DESAFIO DASEGURANÇA HÍDRICA NO ABASTECI-MENTO URBANO

2020202020

2626262626

As cidades, especialmente as regiões metropolitanas,são palco de grandes transformações do uso e ocupa-ção do solo, muitas vezes feitas sem planejamento. As-sim, rios e suas margens viram avenidas; solos, águassuperficiais e subterrâneas são contaminadas pela dis-posição inadequada de resíduos sólidos e por diversosprodutos químicos – de combustível a medicamentos –seja durante a fabricação ou por vazamentos etc. Masuma outra realidade lentamente começa a se impor,impulsionada pelo crescimento econômico: a reabilita-ção de áreas contaminadas que serão ocupadas porempreendimentos residenciais e comerciais, o que levaas indústrias para locais menos valorizados e de fácilacesso às rodovias e aeroportos, como você poderá lerna matéria “Nova chance para áreas contaminadas”.Essa ocupação já é realidade no mundo, tendo o exem-plo da área de 250 mil m2 recuperada para sediar osjogos olímpicos em Londres, na Inglaterra, relatado naentrevista com Jan Hellings, ‘padrinho’ da obra execu-tada, na seção Conexão Internacional. Outros exemplos,pesquisas, estudos e tecnologias sobre os descasos ebom uso de águas e meio ambiente subterrâneo esta-rão no centro dos debates do III Congresso Internacio-

nal de Meio Ambiente Subterrâneo, o III CIMAS, que estácom as inscrições abertas e ganhou novos patrocina-dores e apoios, bem como a Feira Nacional da Água –FENÁGUA, evento que cresce de importância a cadaedição. E não é para menos. As águas, superficiais esubterrâneas, são essenciais para a sobrevivência hu-mana e se completam no abastecimento urbano, mes-mo em locais com abundância de rios, como Manaus(AM), onde o monitoramento de aquíferos começa a serimplantado, em função do rebaixamento, foco da maté-ria “Monitorar para não faltar”. Manter a segurança hídricaé o grande desafio no momento, que só será possívelcom a implementação da infraestrutura de acumulação,o tratamento e a distribuição de água na quantidade equalidade requeridas pelos cidadãos, aliados à gestãodos recursos hídricos, como você poderá conferir namatéria de capa “Uma questão de sobrevivência”. De-sejamos a todos uma boa leitura. Até a próxima edição!

Um abraço,

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4 Agenda

5 Núcleos Regionais

6 ABAS Informa

8 Hidronotícias

28 Perfuração

29 Remediação

30 Opinião

Waldir Duarte Costa Filho Presidente da ABAS

Marlene Simarelli, editora

MUDANÇAS E DESAFIOS

NOVA CHANCE PARA ÁREAS CONTAMINADASCRESCE REABILITAÇÃO E NOVA DESTINAÇÃO DE ÁREASCONTAMINADAS IMPULSIONADAS PELA NOVA ESTRUTURADA ECONOMIA

MONITORAR PARA NÃO FALTARPROJETO DE MONITORAMENTO DE AQUÍFEROS EM IMPLANTA-ÇÃO EM MANAUS (AM)

CONEXÃO INTERNACIONALJAN HELLINGS FALA SOBRE A REABILITAÇÃO DA ÁREA QUESEDIOU JOGOS OLÍMPICOS EM LONDRES

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4 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO MAIO / JUNHO 2013

AGENDA

EXPEDIENTE

EVENTOS PROMOVIDOS PELA ABAS

III CONGRESSO INTERNACIONAL

DE MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO

E FEIRA NACIONAL DA ÁGUA (FENÁGUA)

Data: 1 a 3 de outubro de 2013

Local: Centro FECOMERCIO de Eventos,

São Paulo – SP

Informações: Acqua Consultoria

Telefone: (11) 3868-0726

Email: [email protected]

Site: [email protected]

EVENTOS APOIADOS PELA ABAS

FEIRA NACIONAL DE SANEAMENTO

E MEIO AMBIENTE (FENASAN)

Data: 30 de julho a 1 de agosto de 2013

Local: Expo Center Norte - Pavilhão Azul, São

Paulo – SP

Informações: Acqua Consultoria

Telefone: (11) 3868-0726

Email: [email protected]

Site: www.fenasan.com.br

DIRETORIA EXECUTIVAPresidente: Waldir Duarte Costa Filho (PE)1º Vice-Presidente: Claudio Pereira Oliveira (RS)2º Vice-Presidente: Maria Antonieta Alcântara Mourão (MG)Secretário Geral: Débora Perozzo (MT/CO)Secretário Executivo: Everton de Oliveira (SP)Tesoureiro: José Lázaro Gomes (SP)

CONSELHO DELIBERATIVOCarlos Alberto de Freitas (MG), Carlos Eduardo Dorneles Vieira (PR),Cláudio Luiz Rebello Vidal (RJ), Elisa de Souza Bento Fernandes (RJ),Francisco de Assis Matos de Abreu (PA), Humberto Alves Ribeiro Neto(BA), João Bosco de Andrade Morais (CE)

CONSELHO FISCALTitulares: Álvaro Magalhães Junior (SC), Suely Schuartz Pacheco Mestrinho(BA), Gustavo Alves da Silva (SP)Suplentes: Helena Magalhães Porto Lira (PE), Maria do Carmo Neves dosSantos (AM), Maria da Conceição Rabelo Gomes (CE)

CONSELHEIROS VITALÍCIOS/EX-PRESIDENTESAldo da Cunha Rebouças (in memorian), Antonio Tarcisio de Las Casas,Arnaldo Correa Ribeiro, Carlos Eduardo Q. Giampá, Ernani Francisco da RosaFilho, Euclydes Cavallari (in memorian), Everton de Oliveira, Everton Luiz daCosta Souza, Itabaraci Nazareno Cavalcante, João Carlos Simanke de Souza,Joel Felipe Soares, Marcílio Tavares Nicolau, Uriel Duarte, Waldir Duarte Costa

NÚCLEOS ABAS – DIRETORESBahia: Zoltan Romero Cavalcante Rodrigues - [email protected] -(71) 9611-7222Ceará: Carlos Borromeu de Passos Vale - [email protected] - (98)3227-1069 / (98) 8896-3595Centro-Oeste: Nédio Carlos Pinheiro - [email protected] - (65) 9222-7374Minas Gerais: Carlos Alberto de Freitas - [email protected] -(31) 3250-1657 / (31) 3309-8000Paraná: Jurandir Boz Filho - [email protected] - (41) 3213-4744Pernambuco: Fernando Feitosa - [email protected] - (21) 9415-5727Rio de Janeiro: Gerson Cardoso da Silva Junior - [email protected] -(21) 2598-9481 / (21) 2590-8091Santa Catarina: Heloisa Helena Leal Gonçalves [email protected] - (47) 3341-7821/2103-5000Rio Grande do Sul: Mario Wrege – [email protected] – (51) 3406-7330

CONSELHO EDITORIALEverton de Oliveira, Gustavo Alves da Silva e Rodrigo Cordeiro

EDITORA E JORNALISTA RESPONSÁVELMarlene Simarelli (Mtb 13.593)

DIREÇÃO E PRODUÇÃO EDITORIALArtCom Assessoria de Comunicação – Campinas/SP(19) 3237-2099 - [email protected]

REDAÇÃOGabriela Padovani, Larissa Stracci e Marlene Simarelli

COLABORADORESCarlos Eduardo Q. Giampá, Juliana Freitas e Marcelo Sousa

SECRETARIA E [email protected] - (11) 3868-0723

COMERCIALIZAÇÃO DE ANÚNCIOSSandra Neves e Bruno Amadeu - [email protected]

IMPRESSÃO E ACABAMENTOGráfica Silvamarts

CIRCULAÇÃOA revista Água e Meio Ambiente Subterrâneo é distribuída gratuitamente pelaAssociação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS) a profissionais ligados ao setor.

Distribuição: nacional e internacionalTiragem: 5 mil exemplares

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem,necessariamente, a opinião da ABAS.Para a reprodução total ou parcial de artigos técnicos e de opinião énecessário solicitar autorização prévia dos autores. É permitida areprodução das demais matérias publicadas neste veículo, desde quecitados os autores, a fonte e a data da edição.

CURSOS ABAS

HIDROGEOLOGIA AVANÇADA: MODERNAS

TÉCNICAS PARA A CARACTERIZAÇÃO E O

MONITORAMENTO DE AQUÍFEROS

Data: 7, 8 e 9 de agosto de 2013

Local: São Paulo – SP

Informações: [email protected]

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 5MAIO / JUNHO 2013

NÚCLEOS REGIONAIS

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ABAS Núcleo RJ se pronuncia sobrePlano Estadual de Recursos Hídricos

plo são os dados da Agência Nacionalde Águas (ANA) de 2009, que apontama existência de 20 mil poços no Rio, sen-do que somente 1.200 são cadastradosno INEA”, exemplifica.

Cardoso comenta que os potenciaishídricos subterrâneos e consequentementesua utilização apresentam forte assimetriaquanto à sua distribuição espacial, deman-das e consumo efetivo no estado fluminense.“A expansão e plena utilização dos recursoshídricos subterrâneos no estado do Rio deJaneiro depende de ações coordenadas, in-vestimentos, estudos e monitoramento con-tínuo, bem como da construção e desen-volvimento adequado de poços”, orienta.

“Causa incômodo aos especialistascongregados na ABAS-RJ e demais seg-mentos do setor de águas subterrâneasdo estado observar que a discussão so-bre as possibilidades de uso e expansãodo abastecimento público de água - nocaso na Região Metropolitana do RJ - pas-sa ao largo de uma maior internalizaçãodas águas subterrâneas nos paradigmasda boa gestão hídrica, em um momentoem que mundialmente o “uso e gestãointegrados” e “sustentabilidade hídrica”são as expressões da moderna atuaçãodo estado e da sociedade no que tocaaos recursos hídricos”, finaliza Cardoso.

O presidente da ABAS Núcleo RJ, Ger-son Cardoso, pronunciou-se sobre o Re-latório “Fontes Alternativas para o Abas-tecimento do Estado do Rio de Janeiro”,para os membros do Conselho Estadualde Recursos Hídricos do Rio de Janeiro(CERHI-RJ), após solicitação da Secreta-ria do Conselho Estadual de RecursosHídricos. Para Gerson, os recursoshídricos subterrâneos do estado histori-camente são considerados como poucoexpressivos e com qualidade variável, oque gera certa “insegurança hídrica” e im-pede o seu uso mais estendido. “Na vi-são da ABAS-RJ, a utilização de água sub-terrânea é ainda altamente subnotificadaem nosso estado, em que pese o louvá-vel esforço do Instituto Estadual do Am-biente (INEA) nos últimos anos, o que per-mitiu a regularização de muitos usuáriosdesse recurso”, garante Cardoso.

A ABAS estima que o Estado do Riode Janeiro possua de 70% a 90% dos po-ços em atividade sem cadastro ou ou-torga no INEA. As vazões, portanto, nãosão computadas. “Nessa estimativa, nãoestão incluídos os poços rasos, tipo ca-cimba ou ponteira, que chegam à casade meio milhão no estado, segundo da-dos do Instituto Brasileiro de Geografiae Estatística (IBGE) de 2010. Outro exem-

ABAS Núcleo RS ganha novorepresentante no Comitê SinosO geólogo, professor universitário e pes-quisador da Universidade do Vale do Riodos Sinos (Unisinos), Osmar GustavoWohl Coelho, foi nomeado novo represen-tante da ABAS Núcleo RS no Comitê deGerenciamento da Bacia Hidrográfica doRio dos Sinos (Comitê Sinos), durante a13ª solenidade de renovação da plená-ria. No encontro, que ocorreu em maio,foram entregues certificados para os no-vos componentes do colegiado.

“A ABAS, como associação de águassubterrâneas, muito tem a opinar no

direcionamento dos trabalhos do Comitê.Agora, será iniciada a fase de elaboraçãodo Plano de Bacias e com isso, todas asdiretrizes do uso da água na bacia serãodefinidas”, comenta Wohl Coelho.

O Comitê Sinos congrega entidadesgovernamentais, órgãos ligados ao meioambiente, usuários da água, ONG’s, as-sociações e profissionais que se reúnemperiodicamente para tratar de assuntosrelativos à Bacia do Rio dos Sinos e àsquestões ambientais, principalmentequanto ao uso da água.

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6 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO MAIO / JUNHO 2013

ABAS INFORMA

Mais associações chegampara apoiar o III CIMASChegam para fazer parte do apoio institucional do III CIMAS,a ser realizado na cidade de São Paulo, de 1 a 3 de outubrode 2013, mais oito instituições. São elas: ABEMA (Associa-ção Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente),ABGE (Associação Brasileira de Geologia de Engenharia eAmbiental), ABMS (Associação Brasileira de Mecânica dosSolos e Engenharia Geotécnica), AIDIS (AssociaçãoInteramericana de Engenharia Sanitária e Ambiental),ALHSUD (Associação Latinoamericana de Hidrologia Sub-terrânea para o Desenvolvimento), FEAM (Fundação Esta-dual de Meio Ambiente), Governo de Minas Gerais e SEMA(Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo).

No total são 13 instituições apoiadoras do III CongressoInternacional de Meio Ambiente Subterrâneo. O evento jácontava com o apoio da ABLP (Associação Brasileira deResíduos Sólidos e Limpeza Pública), ABRAMPA (Associ-ação Brasileira dos Membros do Ministério Público de MeioAmbiente), ABRH (Associação Brasileira de RecursosHídricos), AESAS (Associação Brasileira das Empresas deConsultoria e Engenharia Ambiental), REBOB (REDE BRA-SIL de Organismos de Bacias Hidrográficas), SSRH (Se-cretaria de Saneamento e Recursos Hídricos do Estadode São Paulo) e APG (Associação Paulista de Geólogos).

VIII FENÁGUA é sucessode vendas e patrocíniosA VIII Feira Nacional da Água (FENÁGUA), queocorre paralelamente ao III CIMAS, já está com80% dos estandes vendidos.

Além das empresas patrocinadoras do even-to Ag Solve, Analytical Technology, ASL Análi-ses Ambientais, Doxor, EP Engenharia do Pro-cesso, Fugro In Situ, Geoartesiano,Geoambiente, Hidroplan, Nil Ambiental e Trionic;a FENÁGUA também conta com a participaçãoda Bioagri, Clean Environment, Gaiatec Siste-mas, Geo Acqua, Geotech Environmental, Chi-cago Pneumatic, FMC, Hidrosuprimentos, MGASondagens e Keller.

Os estandes da FENÁGUA estão disponíveisatravés do Departamento Comercial da AcquaConsultoria pelo telefone (11) 3868-0724 e doe-mail [email protected]. Garanta jáseu espaço na maior feira de produtos e servi-ços para água e meio ambiente do Brasil!

III CIMAS está com inscrições abertasFaça parte do maior evento sobre água e meio ambientesubterrâneo do país! As inscrições para o III CongressoInternacional de Meio Ambiente Subterrâneo, oIII CIMAS, já estão abertas e devem ser realiza-das eletronicamente, através do sitewww.abas.org/cimas até dia 25 de setembro. Opagamento poderá ser efetuado via boleto ban-cário, cartões de crédito VISA ou Mastercard ounota de empenho. As inscrições incluem partici-

CategoriaSóciosNão SóciosEstudantes SóciosEstudantes Não Sócios

Até 07/08/2013R$ 550,00R$ 720,00R$ 370,00R$ 420,00

Após 07/08/2013R$ 650,00R$ 800,00R$ 450,00R$ 500,00

pação em todas as atividades do evento, materialcompleto e alimentação. Confira na tabela os valores:

Resolução cria grupo de trabalho paraelaboração de novo texto da SMA 90Publicada apenas um dia depois da aprovação da Resolu-ção SMA nº 90, no dia 20 de maio, a SMA nº 39 traz algu-mas possíveis mudanças. A medida constitui um Grupo deTrabalho com o objetivo de avaliar programas de ação comvistas à implementação das regras da Resolução SMA nº90, subsidiando ações futuras da Secretaria de Estado doMeio Ambiente. Se deliberado e aprovado, uma das medi-das contidas na nova resolução é o adiantamento a exigên-cia de acreditação das atividades de coletas de amostras

ambientais, que seria válido até 13 de maio de 2014.Esse Grupo de Trabalho é composto por representan-

tes da ABAS, ABRALAM, AESAS, CBRN, CETESB, CFA,CPLA, CRQ, IG e INMETRO, que deverão apresentar umrelatório com propostas para o novo texto da SMA nº 90nos próximos 90 dias. O texto na íntegra da SMA nº 90 eda nº 39 podem ser acessados pelo site da Secretariade Meio Ambiente do Estado de São Paulo, owww.ambiente.sp.gov.br.

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 7MAIO / JUNHO 2013

ABAS INFORMA

PRÊMIO JOVEM CIENTISTA ESTÁCOM INSCRIÇÕES ABERTAS“Água: Desafios da sociedade”. É com esse tema que oPrêmio Jovem Cientista chega a sua 27ª edição e abre asinscrições para o ano de 2013. Os trabalhos devem serenviados até às 18h do dia 30 de agosto de 2013 ao CNPq(Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico eTecnológico). Podem concorrer estudantes do ensinomédio, de graduação e pós-graduação. Os prêmios vari-am entre bolsas de estudo, laptops e dinheiro.

O Prêmio Jovem Cientista é uma iniciativa do CNPq,em parceria com a Fundação Roberto Marinho, aGerdau e a GE. O regulamento, as linhas de pesquisae mais informações estão disponíveis no sitewww.jovemcientista.cnpq.com.br.

pela FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos) eCETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Pau-lo), em abril, durante a 32ª edição do Café comSustentabilidade, para mostrar como é possível identifi-car, mitigar riscos e gerar oportunidades nas operaçõesde financiamento bancário que envolvem obras em áre-as contaminadas.

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MAPA MUNDI DA ÁGUA SUBTERRÂNEAPesquisadores da Universidade de Santiago deCompostela, na Espanha, e da Universidade de Rutgers,nos Estados Unidos, realizaram um estudo para a ela-boração de um mapa da água subterrânea em todo oplaneta. O mapa inclui localidades que ainda não tinhamsido catalogadas e permitirá estudar o efeito das águassubterrâneas sob as condições climáticas.

A profundidade de cada lençol freático está disponí-vel no mapa, que foi publicado pela revista americanaScience. Segundo os resultados do estudo, entre 22%e 32% da superfície global se encontra sob influência delençóis freáticos pouco profundos, incluindo aproxima-damente 15% de locais com água superficial alimenta-da por águas subterrâneas, e entre 7% e 17% de áreascom lençóis freáticos acessíveis às raízes das plantas.

Fonte: Y. Fan, H. Li, G. Miguez-Macho. www.sciencemag.org/content/339/6122/940.short

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TERRENOS CONTAMINADOS IMPACTAMFINANCIAMENTOS BANCÁRIOSO banco que financiar um projeto envolvendo uma áreacontaminada também assume a responsabilidade so-bre o passivo ambiental. De acordo com o artigo 13 daLei 13.577/2009, são considerados responsáveis legaise solidários pela remediação de uma área contaminadanão apenas o causador da contaminação, mas tambémseus sucessores, o proprietário da área e quem dela sebeneficiar direta ou indiretamente. O tema foi discutido

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8 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO MAIO / JUNHO 2013

HIDRONOTÍCIAS

Carlos Eduardo Quaglia Giampá,diretor da DH Perfuração de Poços

A seção Hidronotícias/Recordar é Viver é de responsabilidade do autor.

Com a finalidade de que a água continue sendo um re-curso sustentável do progresso econômico, e para sa-tisfazer as necessidades da sociedade atual e das futu-ras gerações, a Comissão Nacional de Água (Conágua)do México, em coordenação com o Governo deÁguascalientes, trabalham em um plano de recarga ar-tificial para o aquífero da entidade.

Durante a apresentação dos resultados do estudo“Equilibrio del Aquífero del Valle de Águascalientes”, o Di-retor Geral do Conágua, David Korenfeld, destacou que énecessário executar programas que transcendam os perí-odos de governo, pensados para médio e longo prazos.

Além do planejamento hídrico, disse, é fundamentalconhecer e utilizar novas tecnologias que, somadas auma corresponsabilidade social e governamental, deemviabilidade aos planos hídricos no presente e no futuro.

O governador de Águascalientes, Carlos Lozano de laTorre, assinalou que durante 2013 se realizarão trabalhos

de tecnificação por gotejamento em 1 mil hectares de la-vouras, para incrementar a eficiência da irrigação em 95%e seguir fomentando a reconversão dos cultivos.

O investimento, que beneficiará mais de 60 mil hecta-res agrícolas, regados com água tratada, e darão umavida adicional de entre 30 e 60 anos ao aquífero do Vallede Águascalientes, será de 3, 5 bilhões de pesos duran-te os próximos três anos. Este projeto consiste na recargaartificial do aquífero. O descenso das reservas no perío-do de 1993 a 2010 foi de 76 milhões de metros cúbicos,além de uma substancial deterioração na qualidade daságuas insurgentes. A recarga será feita em três zonasdistintas, iniciando na zona leste da cidade.

Na entidade, a demanda de água total é de 485 mi-lhões de metros cúbicos ao ano, dos quais, 335 milhõesde metros cúbicos se destinam à agricultura.

MÉXICO FAZ RECARGA ARTIFICIALPARA RECUPERAR AQUÍFERO

O Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC)da Espanha, em colaboração com a Universidade deAddis Abeba (Etiópia), patenteou um material para apurificação da água. O composto se baseia na estilbita -sf (grstilbós+ita) - mineral da família dos zeólitos, queconsiste em um silicato hidratado de alumínio, cálcio esódio, de cor branca quando puro. Este mineral, do qualo país africano possui grandes jazidas não exploradas,é capaz de eliminar o flúor natural que pode estar pre-sente principalmente na água subterrânea.

A ingestão excessiva de flúor pode dar lugar a ano-malias como a fluorose dental e a esquelética. Mes-mo, que em tese, este elemento reforce as estrutu-ras dentárias e ósseas, doses demasiado elevadasrevertem o processo tornando dentes e ossos maisfracos e quebradiços.

A pesquisadora do Instituto de Catálise e Petroquímicado CSIC, Isabel Díaz, responsável pelas pesquisas, ex-plica que “a principal vantagem da patente em relação

a outros eliminadores de flúor reside em que o mineralbase da invenção procede diretamente da Etiópia”, eacrescenta: “O país possui grandes jazidas de estilbitainexploradas e o tratamento que requer para dar lugarao material é sumamente simples e barato”.

A patente representa o crescimento controlado dehidroxiapatita nano porosa sobre a superfície do mine-ral, que se desenvolve com facilidade graças ao altoconteúdo em cálcio da própria estilbita e a sua topologia.É a hidroxiapatita a responsável por adsorver o conteú-do em flúor da água.

Outro dos membros da equipe, o pesquisador doCSIC, Joaquín Pérez Pariente, explica: “Uma vez obtidoo material, o passo final unicamente consiste em sub-mergi-lo em um recipiente junto à água adescontaminar”. O processo é desenvolvido a tempera-tura ambiente.

MINERAL DA ETIÓPIA ELIMINA O FLÚOR NATURAL DA ÁGUA

Fonte: Água online

Fonte: CSIC

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 9MAIO / JUNHO 2013

HIDRONOTÍCIAS

RECORDAR É VIVER

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 9NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

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10 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO MAIO / JUNHO 2013

PRODUÇÃO DE ÁGUA

cidade de Manaus está situada na confluência dosrios Negro e Solimões, que ao se encontrarem,

formam o Rio Amazonas, maior rio da Terra tanto emvolume de água quanto em extensão. Mas, apesar dacapital amazonense estar situada ao lado do rio de mai-or descarga líquida do planeta, as zonas norte e lesteda cidade e o Distrito Industrial (zona sul), são abasteci-dos essencialmente por água subterrânea. Cerca de 75%das águas consumidas em Manaus são provenientesdo Rio Negro e os 25% restantes, do aquífero Alter doChão. “Trata-se de um percentual bastante significativoe que mostra a importância das águas subterrâneas paraManaus”, garante o hidrogeólogo do Serviço Geológicodo Brasil (CPRM), Carlos José Bezerra de Aguiar.

Segundo dados da CPRM, Manaus possui cerca de

A

MONITORAR PARA

15 mil poços que, em sua maioria, foram construídossem autorização dos órgãos técnicos ou acompanha-mento profissional. “Apesar de estar localizada sobre umdos maiores aquíferos do país, o Alter do Chão, com200 metros de espessura e 170 metros de coluna d’água,numa região de chuvas superiores a 2.200 mm/ano, aságuas subterrâneas da zona leste de Manaus estão sen-do rebaixadas continuadamente desde os anos 80, quan-do as perfurações começaram. Naquela época, as águasse encontravam a aproximadamente 20 metros de pro-fundidade e hoje estão a mais de 140 metros. Assim,muitas nascentes secaram e o abastecimento de águana cidade fica cada vez mais complicado, pois as va-zões vêm caindo de forma expressiva”, detalha Aguiar.

A preocupação com a construção desenfreada de po-

10 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO MAIO / JUNHO 2013

NÃO FALTARProjeto de monitoramento está sendo implantadona cidade de Manaus (AM), que enfrentarebaixamento do aquífero, e nos estados deSanta Catarina e Rio Grande do Sul, para avaliarquantidade e qualidade das águas subterrâneas

Poço de monitoramento avaliaquantidade e qualidade da águasubterrânea no Rio Grande do Sul

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 11MAIO / JUNHO 2013

PRODUÇÃO DE ÁGUA

ços e com o rebaixa-mento dos aquíferoslevou a CPRM a im-plantar a Rede Inte-grada de Monito-ramento das ÁguasSubterrâneas (RI-MAS), que possibilita-rá a realização da Car-

ta Hidrogeológica da Região Metropo-litana de Manaus, estudo que preten-de avaliar a quantidade e a qualidadeda água subterrânea disponível na ci-dade. Para realizar o monitoramento,a CPRM perfurou sete poçostubulares, com profundidade de até80 metros, onde serão instaladosequipamentos que irão monitorar asvariações no nível das águas subter-râneas e a qualidade.

Aguiar comenta que a primeira ver-são da Carta Hidrogeológica foi feitano ano de 2002, pelo própriohidrogeólogo, baseada em um gran-de acervo técnico que a CPRM pos-suía na época. Entretanto, a CPRMpretende atualizá-la, “desta vez, comdados levantados pela rede RIMAS,projeto de nível nacional e que atu-almente, possui c inco poçosmonitorados em Manaus. Contudo,para a segunda versão da Carta, de-verão ser atualizados dados de pelomenos 500 poços”, complementa ele.

A Rede Integrada de Monitoramentodas Águas Subterrâneas contribuirápara um maior conhecimento do re-baixamento provocado pelos poçosde uma determinada área. “Como oprojeto contempla também o levanta-mento de dados de chuva, será pos-sível conhecer a velocidade de infil-tração das águas e o percentualinfiltrado”, esclarece Aguiar.

MONITORAMENTO DOS AQUÍFEROS EM SC E RS

Os estados de Santa Catarina e RioGrande do Sul contabilizam juntoscerca de 25 mil poços, conforme in-dicam os dados da CPRM. Porém,estima-se que somente no estadogaúcho existam mais de 100 mil de-les. Além disso, cerca de 70% daágua distribuída pela rede públicano Rio Grande do Sul é provenien-te de aquíferos.

Em razão do grande número depoços e da importância da água sub-terrânea para os dois estados do sul

do Brasil, a Rede Integrada deMonitoramento das Águas Subter-râneas (RIMAS), da CPRM, está sen-do implementada. “A rede demonitoramento de águas subterrâ-neas dará um grande auxílio nacompreensão hidrogeológica dosaquíferos monitorados. Além de ge-rar e difundir dados novos, permiti-rá à CPRM estabelecer uma sériehistórica da evolução das variaçõesdos níveis de água dos aquíferossob condições naturais, assim como

Carlos José Bezerra deAguiar, hidrogeólogo

Poços na cidade de Manaus

Abandonados.........................................................3 mil

Rasos (Menores que 50m).....................................7 mil

Poços Representativos:

Concessionária........................................... 120

Distrito Industrial.......................................... 880

Condomínios e Residências.......................4 mil

TOTAL........................................................15 mil poços

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das variações hidroquímicas, se existirem”,ressalta o geólogo da CPRM e pesquisadorem geociências na área de hidrogeologia,Marcelo Goffermann.

Atualmente existem 32 unidades demonitoramento da rede nos dois estados,sendo 23 no Rio Grande do Sul e nove emSanta Catarina. Até o final de 2013, estãoprevistas as instalações de mais 20 unida-des e, até 2014, serão cerca de 60 poçosmonitorados. “A rede funciona através depoços cedidos por parceiros do projeto,como companhias de saneamento (Com-panhia Riograndense de Saneamento -CORSAN - no RS e Companhia Catarinensede Águas e Saneamento - CASAN - em SC) quedisponibilizam para o monitoramento poços que não es-tão mais em atividade e através da perfuração de novospoços, construídos por empresas contratadas e fiscali-zadas pela CPRM em áreas públicas ou particulares, ce-didas para a perfuração e instalação destes poços”, co-menta o geólogo.

Os aquíferos que estão sendo monitorados nos doisestados são Guarani e Costeiro. Goffermann explanaque cada unidade de monitoramento compreende um

PRODUÇÃO DE ÁGUA

poço e uma estação pluviométrica. “Omonitoramento é basicamente quantitativo.São medidas as informações dos níveis daágua ao longo do tempo. Os equipamen-tos de monitoramento instalados nos po-ços são ajustados para medir automatica-mente os níveis da água a cada hora e acoleta (download dos dados) é feita a cadatrês meses. Com relação aos aspectos qua-litativos, as análises físico-químicas são re-alizadas no início do monitoramento e re-petidas a cada ano, para controle”, confir-ma ele.

Segundo o geólogo, as informações domonitoramento serão difundidas pela CPRM

para a sociedade, que poderá utilizar estes dadosconfiáveis na elaboração e execução de estudos so-bre estes aquíferos. “Além disso, este monitoramentoservirá de ferramenta auxiliar na gestão de água sub-terrânea por parte dos estados, principalmente no quediz respeito às concessões de outorga de águas sub-terrâneas nestas áreas. É bom destacar que isto se darána medida que a rede de monitoramento for expandi-da, aumentando-se assim o volume de informações”,complementa ele.

REDE SERÁ AMPLIADA E TERÁ ALERTA QUALITATIVO

A Rede Integrada de Monitoramento das Águas Sub-terrâneas (RIMAS) foi implantada pelo Serviço Ge-ológico do Brasil (CPRM) em 2009, após amplosdebates com profissionais de diversos setores rela-cionados a recursos hídricos e apresentações em

fóruns específicos. “Desde a suainauguração, a rede encontra-seem contínuo processo de ampli-ação e aperfeiçoamento, medi-ante campanhas regulares deobtenção de dados”, descreveThales de Queiroz Sampaio, di-retor de Hidrologia e GestãoTerritorial da CPRM.

Atualmente a redeRIMAS compreende256 poços de moni-toramento implanta-dos em 20 aquíferossedimentares, em 18

estados brasileiros. “Trata-se de uma rede de caráter es-sencialmente quantitativo, onde as variações de níveld’água são registradas e armazenadas em equipamen-tos automáticos instalados nos poços. É de se ressaltar,

Marcelo Goffermann,pesquisador e geólogo

contudo, que foi concebido um sistema de alerta qua-litativo, que consiste em análises completas (ao me-nos 43 parâmetros físico-químicos e químicosinorgânicos), quando da instalação do poço demonitoramento e a cada cinco anos, e em análisesparciais semestrais de parâmetros considerados indi-cadores, como nitrito, nitrato, cor, pH, condutividadeelétrica, oxigênio dissolvido, temperatura e potencialde oxirredução”, ressalta o diretor de Hidrologia e Ges-tão Territorial da CPRM.

Sampaio afirma que a CPRM tem buscado, duranteo planejamento e implementação da rede, a coopera-ção de órgãos gestores estaduais e de empresas desaneamento. “Este modelo de cooperação, além docompartilhamento de dados, permite a assimilaçãodas demandas dos estados, a otimização de recur-sos técnicos, financeiros e humanos e auxilia na pa-dronização dos métodos de coleta de dados,armazenamento e processamento”.

Segundo o diretor, atualmente a CPRM dispõe doSistema de Informações de Águas Subterrâneas(SIAGAS) que disponibiliza dados diversos a respeitode poços tubulares em todo o país, incluindo os darede de monitoramento.

Thales deQueirozSampaio,da CPRM

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 13MAIO / JUNHO 2013

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14 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO MAIO / JUNHO 2013

AMBIENTE

C om o crescimento populacional e a consequenteexpansão das cidades, o cenário industrial brasi-

leiro passa a sofrer uma grande e significativa mudan-ça. A necessidade de se instalar em áreas com facilida-de de acesso às rodovias e a vantagem de encontrarterrenos com preços menores fizeram com que as in-dústrias, antes predominantemente instaladas nas ci-dades, migrassem para outros locais. Ao mesmo tem-po, a escassez de grandes terrenos para construção decondomínios residenciais, comerciais, hotéis e áreas delazer nas grandes cidades tem levado incorporadoras econstrutoras a optarem por construir nas áreas, antesocupadas pelas fábricas, embora possuam algum tipode contaminação. A mudança se reflete em números:somente no Estado de São Paulo, o índice de terrenosreabilitados aumentou 62% em 2012, segundo dadosda Companhia Ambiental do Estado de São Paulo(CETESB), saltando de 163, em 2010, para 264.

Reabilitação de áreascontaminadas e mudança do

uso do solo refletem novaestrutura da economia, que

passa a concentrar nosgrandes centros urbanos

empreendimentosresidenciais e comerciais.Remediação nestes casos

deve ser minuciosaLarissa Straci

Nova chance paraáreas contaminadas

14 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO MAIO / JUNHO 2013

Em São Paulo (SP), aconstrução civil e o poderpúblico têm dado novadestinação às áreascontaminadas. Legislaçãoincentiva uso.

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 15MAIO / JUNHO 2013

AMBIENTE

Segundo Everton de Oliveira, secretário executi-vo da Associação Brasileira de Águas Subterrâne-as (ABAS) e diretor da Hidroplan, “as crescentesexigências ambientais, sejam elas de poluição vi-sual, de ruído e de riscos de contaminação tam-bém empurram as indústrias para novas áreas quepossam atender às suas novas demandas deinfraestrutura e custo. Com isso, para usos maisnobres como moradia e escolas, onde o tempo deexposição dos usuários ao local é muito mais lon-go, as exigências em relação à qualidade ficambem maiores”.

CUSTOS E NOVO PERFIL ECONÔMICO INFLUENCIAM MUDANÇA

José Eduardo Ismael Lutti, promotor de justiça do MeioAmbiente no Ministério Público do Estado de São Pau-lo, comenta que o movimento de aquisição de áreas con-taminadas por incorporadoras se deu por dois motivos:pela indisponibilidade de terrenos com dimensões sufi-cientes para os empreendimentos nos grandes centrosurbanos e porque o sistema de gestão de áreas conta-minadas hoje adotado no país significa uma porcenta-

gem mínima no custo do em-preendimento. “As áreas ocu-padas e sem contaminaçãotêm um custo muito elevado. Asexigências em relação àremediação hoje no Brasil tor-nam o processo muito baratoem relação ao custo do empre-endimento”.

A presidente da AssociaçãoBrasileira das Empresas deConsultoria e EngenhariaAmbiental (AESAS), GiovannaSetti, descreve que o metroquadrado de uma área que estácontaminada deverá ser muitomais barato do que o de um lo-cal que não contêm poluentes,porém a contaminação pode

não ser pública. “Pode existir uma falta de transparên-cia e a companhia ou pessoa que a adquiriu não saberque se trata de uma área contaminada”, ressalta.

Para Marcos Tanaka Riyis, especial ista emgerenciamento de áreas contaminadas e diretor téc-nico da ECD Sondagens Ambientais, além da ausên-cia de oferta de áreas não previamente ocupadas poratividade potencialmente poluidora, une-se a esse fa-tor a mudança da principal atividade econômica dasgrandes metrópoles, de industrial para serviços. “Essecontexto leva a uma maior procura por terrenos anteri-

ormente ocupados por indústrias ou outras atividades,pois essa é a alternativa que resta ao setor imobiliário,que é muito forte no Brasil”, ressalta. Segundo Riyis, aoferta de áreas livres em grandes cidades é menor queem cidades médias ou pequenas. “Especificamente nocaso do município de São Paulo, há ainda menos ofertae como áreas de antigas indústrias estão muito bem loca-lizadas em bairros como Vila Leopoldina, Mooca,Jurubatuba, Santo Amaro, entre outras áreas nobres - aaquisição do terreno vale a pena para o setor imobiliário”.

José Eduardo IsmaelLutti, promotor de Justiçado Meio Ambiente

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As crescentes exigênciasambientais também empurramas indústrias para novas áreasque possam atender às suasnovas demandas deinfraestrutura e custo

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16 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO MAIO / JUNHO 2013

AMBIENTE

LEGISLAÇÃO INCENTIVA USOGiovanna Setti explana que a ocupação dessas áreas épermitida, desde que sejam feitos determinados proce-dimentos junto aos órgãos ambientais e às autoridadescompetentes para a mudança de uso do solo. “Em li-nhas gerais, deve-se fazer o levantamento do passivoambiental, saber se o lençol freático está contaminadoou não e realizar estudos de investigação, para saber sea área poderá ser usada”. Conforme garante Lutti, essaprática não só é permitida como incentivada pela legis-lação vigente. “Não se pode deixar áreas, por vezes ex-tensas e em locais privilegiados das cidades, desocu-padas e sem qualquer uso”, complementa.

São muitos os fatores que devem ser estudados paragarantir um uso seguro e legalmente correto do solo.Um passo importante, segundo Everton de Oliveira, édeterminar níveis máximos de exposição, baseados emuma criteriosa avaliação de risco toxicológico. “Algumascontaminações apresentam maiores dificuldades do queoutras devido a fatores diversos, como a permeabilidadedo aquífero raso local, o uso da água subterrânea, anatureza do contaminante, que pode ser mais ou me-nos tóxico, mais ou menos móvel, mais ou menos per-sistente, além do tipo de uso e da forma como esse usoserá feito”, analisa.

OBSTÁCULOS DA REMEDIAÇÃOApesar de a remediação e reutilização das áreas contamina-das terem aumentado nos últimos anos, ainda há incertezas

quanto aos procedimentos que en-volvem o monitoramento, os riscose as aprovações dos órgãos com-petentes. O promotor José Eduar-do Ismael Lutti ressalta que, em setratando de antigas áreas de dispo-sição de lixo doméstico, as dificul-dades são enormes. “Existe a insta-bilidade do terreno, a grande mas-sa de contaminantes, o tempo ex-cessivo para a área ser considera-da como apta a ser ocupada e, es-pecialmente, o controle da produ-ção de gases explosivos. Do pontode vista jurídico, as dificuldades sãode se cumprir integralmente todas

as exigências legais e do órgão ambiental”, exemplifica.Marcos Tanaka Riyis observa que um dos maiores

obstáculos da remediação é a “pressão do mercado”

que muitas vezes troca a melhor solução técnica pelasolução mais barata, o que pode acarretar problemasfuturos. “Outra dificuldade é a falta de informações pré-vias adequadas, que aumentam o custo e o tempo dotrabalho”. Ele garante que o fundamental narevitalização desses espaços é o diagnósticogeoambiental da área ser muito bem feito, para que seobtenha um grau razoável de certeza sobre os riscosassociados à sua reutilização, que deve seguir leis, nor-mas, procedimentos e buscar as melhores soluçõestécnicas para aquele caso específico.

Se todas as etapas de remediação forem executadasnos termos das exigências legais, não haverá riscos paraa população, garante Lutti. “Os cuidados serão aquelesestabelecidos pelo órgão ambiental que certamente cons-tarão da matrícula do imóvel e, dependendo da serieda-de do incorporador, no regimento interno do condomí-nio. Normalmente as restrições são de uso da água sub-terrânea, edificações confinadas (sem ventilação) emsubsolo por conta da concentração de gases explosivose plantio de árvores frutíferas”, adiciona.

Segundo dispõe a legislação, a gestão da área conta-minada deve ocorrer antes da construção do empreen-dimento, ou seja, antes de se alterar o uso do solo, res-salta o promotor de justiça do Meio Ambiente. “Isso éconveniente porque, não raro, se descobrem novos fo-cos de contaminação, não detectados nas investigaçõesambientais iniciais, quando o processo de remediaçãoestá próximo de ser finalizado. Também é conveniente,pois a contaminação no subsolo, especialmente naságuas subterrâneas, tende a migrar de um lugar paraoutro. Em que pese existirem estudos que indicam adireção dessa migração, nunca haverá segurança ab-soluta sobre isso”.

Everton de Oliveira expõe que o maior problema rela-ciona-se com o tempo de remediação dessas áreas, queem várias situações podem estender-se em prazos mai-ores do que aqueles necessários para a legalização dadocumentação e construção da obra. “Contaminaçõesde menor dimensão e com contaminantes menos pro-blemáticos podem ser resolvidas em prazos menores,entre 18 e 24 meses. Prazos muito menores do que es-tes são muito temerários, pois há um grande risco deretorno das concentrações após a obra estar no local, oque gera inúmeras complicações, como a não permis-são da ocupação do local e o aumento muito significati-vo dos custos da nova remediação”.

CONTAMINAÇÃO PODE MIGRAR

Marcos Tanaka Riyis,da ECD SondagensAmbientais

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 17MAIO / JUNHO 2013

SÃO PAULO:4.131 áreas contaminadas

no total. 3.217 registros(78% do total) são áreas

referentes a postos decombustíveis

CETESB, 2012

MINAS GERAIS:490 áreas contaminadase 66 reabilitadas parausos específicos

FEAM, 2012

RIO DE JANEIRO:141 áreas contaminadassomente por resíduosindustriais. Estima-se que,no mínimo, outras 600 áreasapresentem contaminaçõesno estado

INEA, 2013

AMBIENTE

Contaminação no BrasilA maioria dos estados brasileiros não tem um ca-dastro oficial de áreas contaminadas, mas estima-seque os principais tipos de contaminação encontra-dos no Brasil são os de origem industriais: matérias-primas, resíduos e insumos, como desengraxantes;combustíveis em geral, organoclorados (solventes)e metais pesados. E São Paulo, por ser o estado maisindustrializado, deve abrigar os casos de contami-nação mais complexos.

“Podemos considerar que 2/3 das áreas contami-nadas estão ocupadas por postos de gasolina ou osabrigaram no passado. As restantes praticamen-te estão concentradas na região metropoli-tana de São Paulo, Cubatão eCampinas. A primeira porter sido o grande polo daindustrialização brasilei-ra, a partir de meados dadécada de 1960. As ou-tras em razão dos polospetroquímicos instala-dos”, afirma José Eduar-

do Ismael Lutti, promotor de justiça do Meio Ambi-ente. O polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia, éoutra área contaminada conhecida, mas há muitasoutras a serem identificadas.

Situação das áreas contaminadas

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18 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO MAIO / JUNHO 2013

Reabilitar é possívelApesar de pouco conhecidos pela população, jáexistem diversos casos bem sucedidos de áreasreabilitadas destinadas ao uso residencial ou aolazer da população. A cidade de São Paulo (SP)abriga, por exemplo, o Parque Villas-Bôas, na VilaLeopoldina, onde durante 30 anos funcionou umaestação de tratamento de esgoto da Companhiade Saneamento Básico do Estado de São Paulo(SABESP); e a Praça Vitor Civita, que abrigava umantigo incinerador de lixo, no bairro de Pinheiros.Esses e outros locais são espaços para ativida-des físicas, eventos ou simplesmente descanso.O Parque Jacques Cousteau, em Belo Horizonte(MG) é outro exemplo de reabilitação bem suce-dida, já que foi construído sobre um antigo depó-sito de lixo que existiu na capital mineira de 1951a 1971. “Além do lixo, existiam outras áreas desti-nadas ao recebimento de materiais, como ferrovelho e cacos de vidro, que tinham a destinação

de venda. Havia também uma área conhecidacomo cemitérios dos cavalos, onde eram despe-jadas carcaças de animais, lixo hospitalar, entreoutros”, comenta Edanise Guimarães Reis, biólo-ga e chefe do Departamento Sudoeste da Funda-ção de Parques Municipais.

O fim do depósito de lixo foi marcado por umdecreto municipal de 1971, que criou o ParqueMunicipal da Vila Betânia. Seis anos depois, aárea foi transformada em uma reserva biológica.“Depois da desativação do depósito de lixo, aárea passou a ser utilizada como viveiro de pro-dução de mudas”, complementa a bióloga. Atu-almente, o parque ainda precisa de grandes in-tervenções, principalmente no tratamento daserosões e complementação da drenagem. “Mes-mo assim ele já proporciona aos usuários umaárea de contemplação, lazer, esporte e descan-so”, finaliza Edanise.

Acima, à esq., antigolixão a céu aberto deulugar ao atual ParqueJacques Costeau. Aolado, processo dereabilitação do ParqueJacques Costeau, emBH, em 1982

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 19MAIO / JUNHO 2013

POLÍTICA PÚBLICA ATUAL PRECISA MUDARJosé Eduardo Ismael Lutti questiona a exigência daremediação das áreas contaminadas somente com o fimdas atividades desenvolvidas no local ou quando há mu-dança de uso da área. “Foi essa política pública que le-vou e, ainda mantém, um grande número de áreas con-taminadas sem a devida remediação”, argumenta. Deacordo com o promotor, existe uma cultura no sentido deque a exigência “prematura” da remediação poderá cus-tar muito caro para os proprietários e até inviabilizar algu-mas atividades. “Os órgãos ambientais e o poder públicotem, de uma vez por todas, internalizar que sua funçãona questão das áreas contaminadas é preservar e recu-perar o meio ambiente. A gestão na forma como vemsendo desenvolvida não só permite deixar um terrívelpassivo ambiental para as gerações futuras, mas promo-ve uma verdadeira anistia aos poluidores, na medida emque a descontaminação não ocorre na integralidade”.

Para Riyis, o que é preocupante, do ponto de vistaambiental, são as chamadas áreas órfãs, que não têmvalor para o mercado e carregam consigo um passivoambiental complicado e caro. “No meu entender, nospróximos anos, é preciso achar uma solução para es-sas áreas prioritariamente”.

Abaixo, área ondefuncionava lixão a céuaberto, em BH. Ao lado,hoje, eventos sãorealizados no Parque

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20 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO MAIO / JUNHO 2013

CAPA

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Utilização dos recursos hídricos subterrâneosasseguram o abastecimento público e gestão

integrada é o instrumento para salvaguardar essebem, apontam especialistas

Gabriela Padovani

Uma questão de

conceito de segurança hídrica passou a ganhar mai-or destaque na atual época de incertezas climáticas

em que estamos vivendo, com perceptíveis mudanças noregime de chuvas, umidade e temperatura. As fontes tradi-cionais de abastecimento com origem nos recursos hídricossuperficiais estão perdendo a sua previsibilidade, e são cadavez mais vulneráveis a longos períodos de estiagem.

Manter a segurança hídrica é o grande desafio do mo-mento. Para o Secretário de Recursos Hídricos eEnergéticos de Pernambuco (SRHE), José Almir Cirilo,isso só será possível com a implementação dainfraestrutura de acumulação, tratamento e distribuiçãode água na quantidade e qualidade requeridas pelos ci-dadãos, “reduzindo as perdas e desperdícios em todosos processos e promovendo a gestão adequada em to-das as fases, desde o disciplinamento dos usos até aconscientização da sociedade como um todo e, tornan-do efetivo o controle ambiental, a despoluição e controleda qualidade da água de forma efetiva”.

A segurança hídrica no país somente poderá seralcançada plenamente mediante planos de gestão bemelaborados, conduzidos pelos órgãos públicos federais eestaduais, e contando ainda com a compreensão da po-pulação como consumidora desse bem mineral, acrescentao presidente da Associação Brasileira de Águas Subterrâ-neas (ABAS), Waldir Duarte Costa Filho. “A gestão implicaem legislação rigorosa que coíba os desperdícios, o con-sumo clandestino e a poluição dos mananciais hídricos.

20 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO MAIO / JUNHO 2013

SOBREVIVÊNCIA

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 21MAIO / JUNHO 2013

No mundo, maisde 2,5 bilhões depessoas sãodependentes daágua subterrânea GWMATE - Banco Mundial

95% da águadoce e líquidaestá sob a terraFreeze &Cherry - 1979

Distribuição doabastecimento no Brasil:subterrânea – 39%,superficial e subterrânea– 14% - superficial – 47%Atlas Brasil - ANA

Númerode poçostubulares noBrasil: 480 milIBGE/2012

CAPA

ÁGUAS SUBTERRÂNEAS, O MAIS IMPORTANTE RECURSO

De acordo com Ricardo Hirata, diretor doCentro de Pesquisas de Águas Subterrâ-neas (CEPAS) da Universidade de SãoPaulo (USP), a água subterrânea é crucialpara a segurança hídrica porque possuicaracterísticas que a distinguem das ou-tras fontes de água, como o seu grandearmazenamento. “Os aquíferos são reser-vatórios que estocam uma grande quanti-dade de água. Na verdade, 95% de toda aágua doce e líquida do planeta está sob aterra. Esta característica faz com que elessejam bastante confiáveis no suprimentode água por longos períodos, inclusivequando afetados por longos períodos deestiagem, onde a recarga é reduzida ounula. Essa propriedade é complementarao recurso superficial, geralmente carac-terizado por abundância em época de chu-vas, mas que se ressente fortemente nasépocas de estiagem”, explica Hirata. As-sim, se utilizadas planejadamente, um re-curso pode suprir o outro durante o ano,aumentando a segurança hídrica. “Em ou-tras palavras, as águas subterrâneas es-tão sendo encaradas como o mais impor-tante recurso para o aumento da seguran-ça hídrica no mundo todo”, pondera.

Mas o aumento da segurança está tam-

bém relacionado a lançar mão de instru-mentos de gestão integrada de recursoshídricos (GIRH), ou seja, entender a águaem todo o ciclo e tentar aproveitá-la deforma racional, obtendo os maiores bene-fícios do ciclo e causando os menores im-pactos possíveis hoje e no futuro. Nesteaspecto é importante quebrar paradigmasclássicos entre os hidrólogos ehidrogeólogos, acrescenta Hirata.

Ele coloca que, oficialmente, 39% dos mu-nicípios brasileiros são abastecidos exclu-sivamente por água subterrânea e 14%usam tanto a subterrânea como a superfici-al. Em municípios menores que 10 mil habi-tantes, as águas subterrâneas são respon-sáveis total ou parcialmente por 58% dosmunicípios. “Estamos diante de um Brasilque conhecemos muito pouco, o país dospequenos municípios que, pela pouca po-pulação, fogem aos grandes números dasestatísticas, mas que não são servidos porredes adequadas de saneamento e de re-colhimento e destinação correta do lixo.Estes municípios têm poucos recursos e éonde a água subterrânea, através de poçostubulares, poderia fazer a diferença no abas-tecimento e na melhora dos indicadores desaúde”, explica o diretor do CEPAS.

Ao mesmo tempo, necessitam as entidadesgestoras de estudos hídricos atualizados, demedições contínuas dos parâmetros hídricossuperficiais e subterrâneos, de moni-toramento dos volumes captados dos ma-nanciais e da fiscalização sobre o bom usoda água. Percebe-se que os órgãos gestores

em vários estados não estão adequadamenteorganizados para exercerem uma corretagestão: em muitos estados não se emite ou-torga para uso da água, os licenciamentossão precários ou inexistentes e a cobrança,sobretudo de águas subterrâneas, inexistetotalmente”, afirma Costa Filho.

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22 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO MAIO / JUNHO 2013

CAPA

AMEAÇA REAL EM RECIFE E EM SÃO PAULOEm alguns locais do país, mesmo com a oferta de águasubterrânea existente, a segurança hídrica já estáameaçada, principalmente devido à deficiência históricade abastecimento de água, que levou à superexplotaçãodos aquíferos. Recife é uma delas. “Hoje promove-se pri-meiro um trabalho muito grande para dotar a cidade deágua para atendimento pleno das demandas. Ao mes-mo tempo, há um controle crescente do uso da águasubterrânea, com definição de áreas onde a perfuraçãode poços não é mais permitida, fiscalização,monitoramento tanto do sistema aquífero como da vazãoretirada. Logo que as demandas da cidade sejam plena-mente atendidas haverá limitação mais severa do uso daágua subterrânea para promover a recuperação dos

aquíferos”, explica Cirilo.Na cidade, o abasteci-

mento público não tem es-trutura suficiente paracaptar e tratar toda a águaque é necessária para usoda população. Em 2013,para a Região Metropoli-tana de Recife (RMR), cuja

O uso da água subterrânea no Brasil

SULa água subterrânea participa comocomplemento ao abastecimento d’água,sobretudo no Estado do Paraná

NORTEexistem mais de 6

mil poços queabastecem grandes

cidades comoManaus, Belém, RioBranco, Porto Velho

e Boa Vista

NORDESTEa água subterrânea participaprincipalmente nas capitais quese localizam na região costeira,em aquíferos de maiorpotencialidade em relação aoaquífero fissural que domina naregião semiárida nordestina

CENTRO-OESTEa participação da água

subterrânea é bemmenor em face dapredominância de

aquíferos fissurais eainda pela abundância

de águas superficiais

SUDESTEocorrência da maior demandade água para consumo humano,industrial e irrigação, a águasubterrânea participa comocomplemento para todos os usos

Fonte: ABAS

demanda é da ordem de 15m³/s, produz-se em anosnormais essa mesma vazão de água tratada. Em anosde pluviometria normal parte significativa das cidadestem atendimento pleno. “No entanto, a distribuição dasfontes e da população, bem como as deficiências aindapresentes nas redes de distribuição, não permitem oatendimento 24h por dia de diversas áreas. Em perío-dos de seca, como hoje vivenciamos, o mais severo dosúltimos 60 anos, há rodízio entre regiões em média de20h com água e 24h sem. Em 2014, entrará em opera-ção uma nova barragem que permitirá aumentar em 50%a produção de água na RMR, proporcionando-se condi-ção para assegurar plenamente o atendimento, na me-dida em que os problemas de transporte de água nasredes vão sendo resolvidos”, explica o secretário de Re-cursos Hídricos e Energéticos de Pernambuco.

Outro exemplo é o caso da Bacia do Alto Tietê ondeestá a Região Metropolitana de São Paulo. O abasteci-mento público é feito quase que inteiramente por fon-tes superficiais e as concessionárias fornecem mais de68 m3/s. Não há oficialmente falta de água em São Pau-lo. O problema é que nessa contabilidade, as conces-sionárias, lideradas pela SABESP (Companhia de Sa-neamento Básico do Estado de São Paulo), nãocontabilizam a existência de 12 mil poços tubulares quefornecem mais de 10 m3/s adicionalmente a este siste-ma, ressalta Hirata. As águas subterrâneas represen-tam apenas 15% da produção. “O problema é que a

José Almir Cirilo,secretário de RecursosHídricos e Energéticos dePernambuco

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 23MAIO / JUNHO 2013

CAPA

SABESP opera no limite de sua capacidade. Se poralgum motivo, contaminação ou superexplotação, osusuários privados de água subterrânea começarem amigrar para o sistema público, pois todos estãoconectados a ele, as concessionárias não suportarão

essa demanda adicional, causando até o colapso noabastecimento público paulistano. Assim, as águas sub-terrâneas contribuem de forma decisiva para a manu-tenção da segurança hídrica de São Paulo e o pior, mui-tos desses poços são clandestinos”, lamenta Hirata.

O sistema deabastecimento públicode São Sebastiãoexplota águassubterrâneas de formaexclusiva e permanente

DISTRITO FEDERAL: UM BOM EXEMPLOAo longo de sua existência, o Distrito Federal teve naexplotação de águas subterrâne-as um importante aliado para o seudesenvolvimento. Cidades comoSanta Maria e Samambaia conta-ram com a produção de poçostubulares profundos para abaste-cimento da população durantesuas fases de implantação.Roberto Santos, gerente deHidrologia e Hidrogeologia daCompanhia de SaneamentoAmbiental do Distrito Federal(CAESB) explica como a utilização

da água subterrânea é feita de maneira consciente nolocal: “O primeiro sistema deabastecimento público do Distri-to Federal concebido paraexplotar águas subterrâneas, deforma exclusiva e permanente,foi o sistema da cidade de SãoSebastião. Inaugurado em1997, o sistema é composto,atualmente, de 21 poços produ-tores com uma capacidade ins-talada de cerca de 1.300 m3/h.O monitoramento sistemáticoda produção, dos níveis do

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aquífero e da qualidade da águasubsidia a gestão segura do ma-nancial subterrâneo, de formaque o sistema apresenta bonsindicadores de qualidade da

água e sustentabilidade do aquífero”.Paralelamente, na década de 1990, houve um au-

mento descontrolado no número de poços perfura-dos para o abastecimento de condomínios horizon-tais particulares os quais, em sua maioria, foraminstalados sem qualquer controle sanitário por em-presas sem a qualificação técnica necessária. Aoperação destes sistemas precisava de instrumen-tos básicos para sua gestão, tais como relatóriosdescritivos dos poços e monitoramento sistemáti-co, expondo os usuários ao risco da utilização de

água sem um controle sanitário eficiente. Esses sis-temas foram repassados à concessionária oficialcomo parte do processo de regularização dos con-domínios, promovido pelo poder público o qual, aodiagnosticar sua baixa qualidade, revelou a neces-sidade de um controle sanitário eficiente. Muitos po-ços tiveram de ser concretados, por não apresenta-rem as mínimas condições de segurança hídrica e,para aqueles que puderam ser aproveitados, foramimplementados um monitoramento operacional eações corretivas para garantir o abastecimento se-guro e de forma continuada.

“Os mananciais operados pela CAESB no Distrito Fe-deral atualmente produzem uma média de cerca de7.500 l/s, dos quais 5,2% são provenientes de capta-ções em poços tubulares profundos. Porém, ao anali-sarmos com detalhes essa produção, verificamos que aporcentagem é maior em cidades tais como Brazlândia(8%) e Sobradinho (15%), sendo que em algumas loca-lidades, tais como as cidades de São Sebastião, o abas-tecimento é 100% proveniente de águas subterrâneas”,detalha Santos.

O PAPEL DO PODER PÚBLICO NO PLANO DE SEGURANÇA HÍDRICA

Roberto Santos, gerentede Hidrologia eHidrogeologia da CAESB

Sem a correta administração dos recursos hídricos,não é possível utilizá-los de forma plena. A adminis-tração pública tem papel fundamental na elaboraçãode planos para garantir a segurança hídrica, bemcomo o fornecimento de água livre de qualquer tipode contaminante.

A elaboração de um plano de segu-rança hídrica deve levar em conta o “ba-lanço hídrico” da região, odimensionamento das reservas,potencialidades e disponibilidades daságuas subterrâneas, diz Costa Filho. Se-gundo ele, “a disponibilidade sustentá-vel representa o quanto deve serexplotado de um aquífero consideran-do a reserva ecológica, representadapelo escoamento de base dos rios, bemcomo os volumes que já são extraídospelo homem através de poços tubularesou outras obras hídricas subterrâneas”.

Na opinião de Hirata, cabe ao poderpúblico trazer isso a uma discussão am-pla entre usuários, concessionárias, pre-feituras e a academia sobre o assunto. Um fórum impor-tante para a discussão da segurança hídrica, e particu-larmente sobre o papel das águas subterrâneas, deveocorrer nos comitês de bacia, sobretudo em seus gru-

pos técnicos, mas de forma ampla e não somente restri-ta aos hidrogeólogos. “Um plano de segurança hídricadeveria atuar pelo menos em duas instâncias: na pro-dução, garantindo a segurança na oferta, e na deman-da, onde haja controle e redução dos gastos. Na produ-

ção, é importante o entendimento e aquantificação da água nas várias partesdo ciclo e analisando objetivamente qualé a melhor parte do ciclo hidrológico paraser usado hoje e no futuro e a simulaçãode problemas, sobretudo frente às incer-tezas climáticas”, pondera Hirata.

Costa Filho acredita que o poder pú-blico tem a responsabilidade e obriga-ção de abastecer com água potável todaa população do país, do estado, da ci-dade e do homem do campo, atravésde uma gestão consciente, honesta eprofícua. Porém, não tira a responsabi-lidade da população, em lutar por estedireito, de cobrar dos gestores públicosmais ação, de eleger homens públicosresponsáveis e comprometidos real-

mente com o bem estar da população. “Cabe ainda àpopulação economizar a água evitando desperdíciose não poluir ou contaminar os mananciais hídricos su-perficiais ou subterrâneo”, completa.

CAPA

Ricardo Hirata, Diretorda CEPAS/USP

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 25MAIO / JUNHO 2013

Waldir Duarte Costa Filho,presidente da ABAS

Há mananciaishídricos superficiaisde grandepotencialidade nasregiões Sudeste eNorte do país

CAPA

E SE NÃO TIVESSE ÁGUA SUBTERRÂNEA?

tam uma questão de sobrevivência hídrica, indispen-sável ao abastecimento de cidades e aos parques in-

dustriais ali instalados”, afirmao presidente da ABAS.

Sem a utilização dos recursos subterrâneos, algumascidades ficariam sem água. De acordo com José AlmirCirilo, do SRHE, quando esse recurso nãoestá disponível, torna-se necessário ir bus-car águas superficiais cada vez mais lon-ge. “Isso ocorre principalmente porqueainda existe profunda deficiência do tra-tamento dos esgotos e os mananciais desuperfície próximos das cidades estão emsua maioria degradados. Em regiões cos-teiras há a hipótese da dessalinização daágua do mar, mas de custo ainda bastan-te elevado.”

Já Costa Filho observa que existemmananciais hídricos superficiais de gran-de potencialidade nas regiões Sudestee Norte do país, em que a exclusão daságuas subterrâneas poderia ser compen-sada, embora com custos mais elevados.“Em outras regiões, sobretudo no Nor-deste, as águas subterrâneas represen-

Art

Com

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A TRANSFORMAÇÃO DE UM ESPAÇO

CONEXÃO INTERNACIONAL

O

Quais foram suas responsabilidades como ‘projectsponsor’ no Olympic Delivery Authority (ODA), organi-zação criada pelo governo britânico para transformar aárea no parque olímpico?Meu papel foi o de “Padrinho”, responsável por conduzir aexecução do projeto Enabling Works (EW), com valor emtorno de U$1bilhão (dentro do orçamento de U$15 bilhõespara todos os jogos). Direcionei a distribuição e ogerenciamento de ambas as equipes de consultores especi-alistas e de empreiteiros, conduzi a remediação dessa áreacontaminada, a demolição de centenas de prédios, a prepa-ração das plataformas para cada trabalho de engenharia einfraestrutura incluindo canalização de rios, estradas, pontese benfeitorias, assegurando que o trabalho fosse executadoa tempo e validado com o Chefe de Planejamento, a Agên-cia de Meio Ambiente e a aprovação de muitas outras partesinteressadas. A remediação incluiu o gerenciamento de com-plexos processos de tratamento, remediação e obrasgeotécnicas. Tanto o projeto como a implementação dos ele-mentos da obra envolveram o gerenciamento da entrega comprazos apertados e a interação com importantes planejadorese empresas especializadas com o objetivo de manter os tra-balhos de remediação no cronograma. O projeto visou o usosustentável de tecnologias de tratamento, a redução da dis-posição de resíduos, a recuperação de materiais parareutilização e ajudar a manter o desenvolvimento.Os jogos Olímpicos de Londres ganharam destaquecomo experiência em reuso de áreas contaminadas.Quais foram as maiores dificuldades enfrentadas na re-alização dessa tarefa?Nunca houve antes na Europa a construção de um projetodessa magnitude, com um orçamento fixo e sem nenhumaprobabilidade de extensão do calendário de realização dasobras! A maior recessão, que eu me lembro, ocorreu nomeio do projeto e houve uma grande pressão para econo-mizar dinheiro para que o custo final das obras fosse me-nor do que o previsto.Quantas companhias estavam envolvidas no proje-to e como as responsabilidades eram divididas comcada uma?Milhares de pessoas estiveram envolvidas no projeto EW. A altaespecialização atraiu pessoas altamente capacitadas do mun-

Jan Hellings - Project Sponsor no Olympic Delivery Authority (ODA) - Diretor da empresa Dr Jan Hellings & Associates Ltd

Centro Olímpico de Londres é considerado um exemplo de planejamento e legado, construído em 250 hec-tares, numa área reconhecida como das mais contaminadas e antes ocupada por um parque industrial. Jan

Hellings, conceituado engenheiro civil do Reino Unido, atuou como responsável pela execução do projeto EnablingWorks (EW), gerenciando equipes de especialistas e construtores, conduzindo o processo de reabilitação da área– do solo e das águas, que incluiu desde demolição à construção de prédios, pontes e outras obras de engenharia,dentro do orçamento e prazo estipulados, para que acontecessem as Olimpíadas de Londres, em 2012. Diretor daconsultoria que leva o seu nome, Helllings participará do III Congresso Internacional de Meio Ambiente Subterrâ-neo, o III CIMAS, em outubro.

do todo. O ODA designou um ‘Parceiro de Entrega’ para auxili-ar na entrega do projeto. Isso foi um consórcio internacional enacional formado por organizações de consultores e empreitei-ros. Adicionalmente, houve duas empresas principais, uma res-ponsável pela parte norte do local e a outra pela parte sul. Hou-ve também duas grandes consultorias do Reino Unido respon-sáveis por supervisionar os aspectos técnicos e de segurançado projeto EW. Havia muitas empreiteiras e consultorias meno-res responsáveis por diferentes aspectos do trabalho, comopor exemplo, arqueologia, remoção de amianto, e tratamentodo solo e das águas subterrâneas.Houve espaço para tecnologias inovadoras trabalhan-do com um prazo final fixo? Havia um plano de emer-gência no caso de falhas? Houve alguma grande falhaque teve de ser refeita?O orçamento único e as retrições de tempo significaramque abordagens inovadoras para organizar e entregar o tra-balho teriam que ser consideradas e implementadas. A prin-cipal proposta foi “risco/recompensa compartilhados”entrea ODA e os consultores e empreiteiros. Tradicionalmente, amaior parte dos projetos de construção são, infelizmente,entregues depois do prazo e com orçamento estourado.Nós não podíamos permitir que isso acontecesse com umprojeto de tamanha importância, tanto para o Reino Unidocomo para todo o resto do mundo. Existiram algumas fa-lhas, mas as falhas foram evitadas e superadas quando ne-cessário dentro de um espírito de completa cooperação eboa vontade por um fantástico esforço em equipe.Quem pagou pela remediação? Com muitas empresasresponsáveis, qual foi a forma de pagamento estabelecida?A ODA tinha um orçamento para a remediação. Isso custouquase metade de todo o orçamento do trabalho da EW.Taxas para os vários aspectos do trabalho foram combina-das com todos os empreiteiros. A cada mês havia umamedição do trabalho combinado e o pagamento era feitode acordo com a realização.Quais níveis de contaminação foram usados para o lo-cal? Como eles foram definidos?Uma extensa investigação intrusiva do local foi estabelecidaà frente dos trabalhos, com mais de 44 km de extenção.Um modelo conceitual do local foi construído. Aremediação foi baseada tendo em mente os riscos para a

Por Everton de Oliveira e Marlene Simarelli

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saúde humana e também a proteção das águas superfici-ais e subterrâneas. As mais rigorosas regras e destinos deuso foram aplicados para estabelecer os níveis segurosde contaminação.Foi permitido o uso de medidas institucionais para res-tringir o uso do solo e/ou águas subterrâneas, ou seja,restrições para permitir que altas concentrações decontaminantes ficassem no local?Todo o trabalho em relação à avaliação da contaminação e àremediação tiveram que ter um acordo e ser assinado peloórgão regulador, a Agência de Meio Ambiente do Reino Uni-do (EA). Na realidade, eles eram parte da equipe com mui-tas pessoas baseadas no próprio local, nos mesmos escritó-rios que o restante da equipe. O monitoramento do trabalhoe dos níveis de contaminação aconteceram por todo o pro-jeto. A remediação e o monitoramento das águas subterrâ-neas continuarão como um legado para o futuro.Foram usadas tecnologias especiais de construção paraimpedir a exposição aos contaminantes? Se sim, podedescrever algumas delas?Havia uma vasta contaminação do solo e das águas sub-terrâneas devido ao local ter sido anteriormente usadouma parte como aterro e em outra, como distrito industri-al. Precauções foram firmadas para proteger os traba-lhadores da construção civil.Depois dos jogos, o uso dos edifícios mudou e tam-bém a exposição aos contaminantes. Como isso foiavaliado para a remediação?

A destinação do uso de algumas áreas mudou de edifíciosaltos sem jardins individuais para casas com jardins. As-sim, os requisitos para limpeza seriam mais severos. Deta-lhados e extensivos níveis de contaminação foram levanta-dos, documentados e trabalhados para o uso dos novosproprietários do local após os jogos. Eles poderiam entãoproceder a uma nova avaliação de risco e tomar as açõesde remediação apropriadas.O uso de áreas contaminadas é um assunto atual para odesenvolvimento do solo. Qual poderia ser o principal in-teresse que reguladores e construtoras deveriam consi-derar quando em confronto com algum local em especial?Empreender uma investigação apropriada do local em umrigoroso modelo conceitual com riscos de avaliação e con-cordar que qualquer trabalho de remediação pode ser ne-cessário de acordo com o uso final planejado para o local.Em outras palavras, mais trabalho de investigação pode-ria economizar dinheiro de uma remediação desnecessá-ria e inadequada.Adotar limites de concentração para remediação signi-fica que uma importante parte de contaminantes per-manece no ambiente. Isto é justo para as futuras gera-ções? Isto é um problema?Esta é a maneira mais realista e com custo mais efetivo detratar uma área contaminada. Tentar limpar um lugar paraqualquer uso potencial final significaria que muito poucoslocais poderiam ter novas destinações devido aos excessi-vos custos envolvidos.

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PERFURAÇÃO

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Agostinho Grilli Junior, gerente deNegócios – Linha de Energia Portátile Equipamentos para ConstruçãoChicago Pneumatic

AR COMPRIMIDO TEMPAPEL FUNDAMENTAL NAPERFURAÇÃO DE POÇOS

onceber um projeto de qualidade é uma etapa pri-mordial na atividade de perfuração de poços

artesianos. Independente do tamanho do poço que sequeira perfurar e de sua vazão, especialistas e técnicoscompetentes devem analisar a área a ser perfurada e qualmétodo será utilizado. Durante esse planejamento, porúltimo, mas não menos importante, está a etapa de esco-lha dos equipamentos que deverão ser utilizados na obra.

Está comprovado que a atividade de perfuração depoços exige a utilização de novas tecnologias e adequa-ção de equipamentos dia após dia. Além de perfuratri-zes, sondas, bombas e outros equipamentos, os com-pressores de ar também exercem papel fundamental nes-se tipo de serviço. Vale lembrar que 20% da água docedo Planeta estão nos lençóis freáticos e muitos dessespontos são de grande profundidade. Se levarmos emconsideração também que o serviço de perfuração é pagopor metro linear escavado, a escolha de um compressorde ar de alta pressão e vazão é fundamental para quemdeseja atingir maior profundidade em menor tempo detrabalho. Além disso, o ar comprimido injetado em altapressão e vazão para esta aplicação, ao mesmo tempoque aciona o martelo pneumático, retorna pelo espaçoanelar trazendo à superfície o material fragmentado.

É sabido que as especificações do compressor utili-zado fazem total diferença na hora de garantir qualida-de na perfuração. Portanto, é necessário ter bem claroqual o tipo de solo que será perfurado e o método utili-zado no projeto para escolher o melhor modelo de com-pressor, que pode ter uma variação de pressão de tra-balho de 7 a 28 bar, dependendo do modelo, adequadoa cada tipo de necessidade.

Como já foi dito aqui, muitos dos pontos de perfura-ção para alcançar os lençóis freáticos ultimamente seencontram em grandes profundidades, com mais de 180metros. Isso posto, vamos utilizar como referência ummartelo de 5 a 6” (polegadas), em um trabalho de perfu-ração em rocha cristalina para exemplificar a taxa depenetração de velocidade que é possível atingir duranteo serviço com um compressor de ar de alta pressão:com um compressor de 10 bar, é possível atingir a mar-ca de 300 milímetros perfurados por minuto; com umequipamento de 15 bar, a taxa de perfuração aumenta

para 500 milímetros por minuto; com 20 bar, 650 milí-metros por minuto; e finalmente, com um compressorde ar de 25 bar, a taxa de penetração é relativa a 800mm/min. Nesse último caso, com um compressor de arcom pressão de 25 bar, seriam perfurados 48 metrosem uma hora, atingindo um lençol freático a 250 metrosde profundidade em pouco menos de 5 horas e meia.

Em alguns casos, para maiores profundidades e lar-gura do poço pode ser necessário o uso de mais de umcompressor de alta pressão trabalhando em paralelo (hácasos registrados de obras onde foram usados até trêscompressores de 25 bar em paralelo).

É importante ressaltar também que o mercado estácomeçando a entender a importância do ar comprimidona geração de energia para a perfuração. No momentohá um boom de compras de equipamentos desse tipono Brasil inteiro, principalmente no Nordeste, por contada seca na região, que é a maior do Brasil nos últimos50 anos. No interior de São Paulo, também vemos oaumento das vendas de compressores para perfuraçãode poços, independente de algumas cidades da regiãojá terem atingido o limite da exploração aquífera, comoa cidade de Ribeirão Preto, por exemplo.

Outro sinal claro de como o mercado tem entendido odiferencial que o ar comprimido possibilita à perfuraçãoé que os clientes estão cada vez mais exigentes, de-mandando novos produtos. As companhias e fornece-dores devem estar atentos para ouvir os clientes diaria-mente, porque eles têm um papel fundamental na ca-deia de desenvolvimento de novas tecnologias. Afinal,as exigências dos clientes não param.

Um exemplo disso foi a recente chegada de compres-sores com potências específicas para trabalhos de me-nor profundidade, de 17 e 21 bar. Compressores dessetipo possibilitam grande autonomia em trabalhos em quesão exigidos na “medida certa”: ou seja, atuam muitobem, evitando desperdício de energia e recursos, des-de que sejam escalados para trabalhar com até umaquantidade limite de metros a se perfurar. Portanto, es-tar atento às novas tecnologias de compressão é a cha-ve para ser bem sucedido na perfuração de poços, ga-rantindo economia e segurança, seja em pequenas ougrandes profundidades.

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 29MAIO / JUNHO 2013

FERRAMENTAS DE ALTA RESOLUÇÃOPERMITEM SUSTENTABILIDADE NOSPROJETOS DE REMEDIAÇÃO

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REMEDIAÇÃO

investigação hidrogeológica de áreas contaminadasevoluiu significativamente nos últimos anos no Bra-

sil com a introdução de ferramentas Direct Push (DP) dealta resolução para screening hidrogeoquímico. Anterior-mente, a investigação tradicional, realizada por meio dainstalação de poços de monitoramento e amostras pontu-ais de solo, falhou na quantificação e determinação espa-cial dos contaminantes presentes, acarretando com issoo insucesso de inúmeros projetos de remediação.

Dentre as principais ferramentas podemos citar o MIP(Membrane Inferface Probe), utilizado na detecção desolventes clorados e BTEX. Esta é a melhor ferramentade screening para sites onde a informação relacionada àlocalização de área fonte (hot spot) é necessária anteri-ormente à aplicação de outras téc-nicas de reconhecimento ou mes-mo da remediação. Acoplada no fi-nal de hastes na lateral da sonda,a superfície é aquecida até 120o.Cpermitindo a difusão de compos-tos volatilizados tais como: TCE,PCE e BTEX através de uma mem-brana semipermeável. Os compos-tos volatilizados são carreados atéa superfície com uso de hidrogê-nio e os gases são analisados emdetectores como PID (detector porfoto ionização), FID (detector de ionização de chama) eXSD (detector para compostos halogenados).

Outra ferramenta de screening é a que usa afluorescência induzida por laser (LIF). Nesta ferramentapulsos de luz ultravioleta (UV) são gerados para esti-mular a fluorescência de hidrocarbonetos de petróleo.Por uma janela de safira na lateral de sonda acoplada ahastes, é possível medir a resposta da fluorescência deáreas contaminadas por diesel, querosene, gasolina eóleos em geral. A intensidade da fluorescência é pro-porcional à concentração dos hidrocarbonetos. Essa fer-ramenta é fundamental na caracterização de áreas con-taminadas por hidrocarbonetos onde a área fonte pode

Marco Aurelio Zequim Pede,PhD, Universidade EstadualPaulista (UNESP); In SituRemediation (ISR)

estar sujeita a flutuação do lençol freático de váriosmetros, trapeando o óleo no meio poroso e gerando al-tas concentrações BTEX, muitas vezes erroneamentemapeadas como fase dissolvida.

As ferramentas de alta resolução possuem enormepotencial no auxílio da melhoria dos projetos de remediaçãoe até na busca da sustentabilidade de alguns dos projetos,através da diminuição das áreas a serem tratadas para so-mente áreas de maior massa de contaminantes.

Como exemplo, pode-se citar o uso do MIP (MembraneInterface Probe) na determinação exata da profundidadee da posição de solventes clorados na área fonte. O MIPpermite a aplicação de oxidantes químicos (persulfato oupermanganato) diretamente na porção contaminada do

aquífero aplicando-se a técnica dedirect push, o que possibilita me-nor consumo de oxidantes e outrosrecursos naturais. O MIP pode serutilizado também na avaliação deáreas contaminadas a serem esca-vadas, diminuindo o volume de soloa ser removido.

Quanto à aplicação do LIF (LaserInduced Fluorescence), podem-secitar alguns casos onde aremediação de áreas impactadaspor hidrocarbonetos com o uso da

técnica bombeamento e tratamento não é mais efetivana recuperação de volumes significativos de óleo, prin-cipalmente em bases de distribuição e refinarias de pe-tróleo. Nestes casos, o uso do LIF pode mostrar volu-mes significativos de óleo trapeado abaixo do nível deágua, que necessitaria de um rebaixamento mais inten-sivo por meio do bombeamento de grandes volumes deágua, medida esta de pouco ganho ambiental. A práticasustentável, mesmo que aumente o ciclo de vida do pro-jeto de remediação, é esperar um novo ciclo hidrológicode seca favorável ao rebaixamento do aquífero e aodestrapeamento do óleo e assim permitir a recuperaçãode volumes significativos de óleo.

As ferramentas de altaresolução possuemenorme potencial noauxílio da melhoria dosprojetos de remediação

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OPINIÃO

É preocupante observar que à medida que se aproxi-ma 2014 quando, segundo a Política Nacional de

Resíduos Sólidos (PNRS) todos os lixões serãoerradicados e substituídos por aterros sanitários, cercade 90% dos municípios brasileiros ainda não tenhamseus projetos específicos nessa área decisiva para asalubridade ambiental. A maioria das prefeituras nãoconcluiu o seu Plano Municipal de Gestão Integrada deResíduos Sólidos.

Essa tarefa, segundo determina a Lei no.12.305/2010,que criou e delineou as normascontidas na PNRS, é condiçãofundamental desde 2 de agostode 2010, para que os municípi-os recebam dinheiro federal parainvestimentos no setor. E nãosão projetos simples, de rápidaexecução. Trata-se de um estu-do complexo e detalhado, complanejamento e ações integra-das, ao qual as prefeituras de-veriam estar se dedicando hámuito mais tempo.

A elaboração de cada projetodeve considerar três pilares es-senciais: o operacional, que de-lineia as bases da coleta (inclu-sive seletiva), destinação, reaproveitamento ereciclagem do lixo; o econômico, voltado à viabilizaçãodo plano; e o jurídico, referente à decisão se sua im-plantação será feita por meio de parceria público-pri-vada, concessão à iniciativa particular ou recursos pró-prios da municipalidade. Ademais, a legislação facul-ta aos pequenos municípios, cuja dificuldade é maiorem apresentar escala suficiente para viabilizar ummodelo de negócio sustentável a longo prazo, a for-mação de consórcios intermunicipais e a elaboraçãode planos microrregionais.

A não realização dos projetos vai mantendo e agra-

vando as consequências do tratamento equivocado queo país deu até hoje aos resíduos sólidos. O lixo, sem oscuidados necessários da separação e posteriorreciclagem, gera um passivo ambiental gigantesco paraas cidades, incluindo a contaminação do solo e daságuas subterrâneas.

O poder público desempenha papel vital na aplica-ção da PNRS. Por isso, é fundamental que os municí-pios mobilizem-se para recuperar o tempo perdido,inclusive em campanhas educativas voltadas à popu-

lação. Bem cuidado, o lixo podegerar renda, ser fonte de ener-gia e se transformar em com-posto orgânico para a agricul-tura, dentre outras possibilida-des. Diferentemente do queocorre com o seu lamentávelacúmulo nos lixões, que provo-ca a exploração inadequadapor pessoas carentes e produzo chorume, decorrente da de-composição, cuja infiltração nosolo tem sérias consequências,ameaçadoras ao meio ambien-te subterrâneo.

Assim, os municípios têm aimportante missão de transfor-

mar suas práticas ambientais. A Lei no.12.305/2010 deveser vista, muito além de uma obrigação das prefeituras,como oportunidade de elevar as cidades a novos pata-mares na gestão de resíduos, com impacto direto naqualidade da vida de seus habitantes.

Muito mais do que a perda de recursos financeiros daUnião, o atraso na implantação desses planos é muitonocivo ao meio ambiente, à sociedade e à Nação comoum todo. Além disso, significa um mau exemplo para apopulação brasileira, cuja educação ambiental devepartir do poder público, de maneira que possamos avan-çar como país verdadeiramente desenvolvido.

O MAU EXEMPLO DOS MUNICÍPIOS NATadayuki Yoshimura, engenheiro, épresidente da ABLP - AssociaçãoBrasileira de Resíduos Sólidos eLimpeza Pública

O lixo, sem oscuidados necessáriosda separação eposterior reciclagem,gera um passivoambiental gigantescopara as cidades

POLÍTICA NACIONALDE RESÍDUOS

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