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. WWW.CONVIBRA.ORG Management, Education and Health Promotion Conference Congress CONSTRUÇÃO E IMPLANTAÇÃO DE UM CHECKLIST DE MORBIDADE MATERNA GRAVE: RELATO DE EXPERIÊNCIA CONSTRUCTION AND IMPLEMENTATION OF A CHECKLIST OF SEVERE MATERNAL MORBIDITY: EXPERIENCE REPORT CONSTRUCCIÓN E IMPLEMENTACIÓN DE UN SISTEMA DE INFORMACIÓN GRAVE MORBILIDAD MATERNA: RELATO DE EXPERIENCIA Autores: Fabienne Louise Juvêncio Paes de Andrade 1 Natércia Janine Dantas da Silveira 2 Lyane Ramalho Cortez 3 Luiz Roberto Augusto Noro 4 1 Fisioterapeuta. Doutoranda em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Endereço: Rua Mar Salgado, 57, apto 102, Intermares, Cabedelo- Paraíba, CEP: 58310-000. email: f[email protected]. 2 Psicóloga. Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 3 Médica. Doutoranda em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 4 Cirurgião Dentista. Doutor em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Professor adjunto do departamento de Odontologia da UFRN.

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CONSTRUÇÃO E IMPLANTAÇÃO DE UM CHECKLIST DE MORBIDADE

MATERNA GRAVE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

CONSTRUCTION AND IMPLEMENTATION OF A CHECKLIST OF SEVERE

MATERNAL MORBIDITY: EXPERIENCE REPORT

CONSTRUCCIÓN E IMPLEMENTACIÓN DE UN SISTEMA DE INFORMACIÓN

GRAVE MORBILIDAD MATERNA: RELATO DE EXPERIENCIA

Autores: Fabienne Louise Juvêncio Paes de Andrade1

Natércia Janine Dantas da Silveira2

Lyane Ramalho Cortez3

Luiz Roberto Augusto Noro4

1 Fisioterapeuta. Doutoranda em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Endereço: Rua Mar Salgado, 57, apto 102, Intermares, Cabedelo- Paraíba, CEP: 58310-000.

email: [email protected].

2 Psicóloga. Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

3 Médica. Doutoranda em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

4 Cirurgião Dentista. Doutor em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande

do Norte. Professor adjunto do departamento de Odontologia da UFRN.

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RESUMO Este relato objetivou construir um instrumento “checklist” para Morbidade Materna Grave

para um hospital de referência do Sistema Único de Saúde. Para sua construção identificou-se

os principais critérios clínicos, laboratoriais e de manejo, as condições potencialmente

ameaçadoras da vida e os casos com necessidades de transferência para uma unidade de

referência terciária. Após discussão com os atores envolvidos neste processo, o checklist foi

testado de forma exploratória, para calibração e validação, para ser utilizado pelo Hospital

Universitário Ana Bezerra e rede de saúde da região do Trairi (RN), contando com a

utilização do SPSS. Para tanto análise dos dados utilizou-se de estatística descritiva.

Na perspectiva de construção de uma rede de atenção integral de cuidados a mulher, este

checklist visa apontar possíveis agravos que culminam com a morte materna, contribuir para a

co-responsabilização sobre o cuidado com a gestante ou puérpera nos diversos níveis de

atenção à saúde e proporcionar educação permanente como mecanismo de efetivação da

vigilância em saúde materno-infantil. Palavras-Chave: Mortalidade Materna; Morbidade; Vigilância Sanitária; Saúde Materno-

Infantil; Centros de Saúde Materno-Infantil. ABSTRACT This report aimed to build and deploy an Information System for Severe Maternal Morbidity

to a reference hospital of the Unified Health System (SUS). For its construction, it was

identified the main clinical, laboratory and management criteria, the potentially life-

threatening conditions and cases requiring transfer to a tertiary referral unit. After discussion

with the actors involved in this process, the Information System has been tested in an

exploratory way, for calibration and validation, to be used by the Ana Bezerra University

Hospital and by the health network in the Trairi region (RN), counting on the use of the SPSS.

The descriptive statistics technique was used. From the perspective of building a network of

integral care to women, this system aims to detect early injuries that eventually lead to the

maternal death, to contribute to the shared responsibility for the care of pregnant or puerperal

woman at the various levels of health care and to provide continuing education as a

mechanism for effective surveillance in maternal and child health. Keywords: Maternal Mortality; Morbidity; Health Surveillance; Maternal and Child Health;

Maternal-Child Health Centers. RESUMEN Este informe tiene como objetivo construir e implementar un Sistema de Información de la

morbilidad materna grave para un hospital de referencia del Sistema Único de Salud. Para su

construcción fueron identificados los principales criterios clínicos, laboratoriales y de gestión,

las condiciones potencialmente amenazadoras para la vida y los casos que requieran el

traslado hacia un centro de referencia terciario. Después de una discusión con los actores

involucrados en ese proceso, el Sistema de Información fue probado de forma exploratoria,

para la calibración y validación, para ser utilizado por el Hospital Universitario Ana Bezerra y

la red de salud de la región Trairi (RN). Desde la perspectiva de la construcción de una red de

atención integral para el cuidado de la mujer, ese sistema tiene como objetivo detectar

problemas de salud tempranos que culminan en la muerte materna, contribuir a la

corresponsabilidad del cuidado con las mujeres embarazadas o puérperas en los distintos

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niveles de atención de la salud así como proporcionar educación continua como un

mecanismo para la vigilancia eficaz en la salud materna e infantil. Palabras clave: Mortalidad Materna; Morbilidad; Vigilancia Sanitaria; Salud Materno-

Infantil; Centros de Salud Materno-Infantil.

INTRODUÇÃO

Em âmbito mundial aproximadamente oito milhões de mulheres apresentam

complicações relacionadas à gravidez e cerca de meio milhão de mulheres morrem por este

motivo. A mortalidade materna está distribuída de forma bastante diferente entre os países,

conforme nível de desenvolvimento. (1-2)

Nos países em desenvolvimento, a morte materna é um evento frequente, capaz de

produzir uma Razão de Morte Materna (RMM) tão elevada quanto 1.500 óbitos por 100 mil

Nascidos Vivos (NV). Já nos países desenvolvidos as RMM são baixas, de 10 ou menos

óbitos por 100 mil nascidos vivos, ocorrendo uma discrepância de morte de 99% entre países

desenvolvidos e em desenvolvimento. Tal fato revela grandes desigualdades de condições

políticas, econômicas e sociais entre os países, com diferenciais regionais, em especial na

atenção à saúde da mulher(1-2-3).

No âmbito nacional o óbito materno é um problema subdimensionado, tendo sido

estimado, em 2011, cerca de 55 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos. As regiões Norte

e Nordeste têm os piores indicadores, enquanto as regiões Sul e Sudeste têm os menores

RMM (4- 5-6).

A partir da década de 80 entendeu-se que estudar a mortalidade materna não é

suficiente para compreender a cadeia de eventos que está associada a sua ocorrência,

principalmente por dificuldades na coleta de informações relacionadas a este agravo, apesar

do trabalho desenvolvido pelos comitês de mortalidade materna em todo o país. Neste

sentido, estudar os agravos na mulher gestante viva passou a ser o caminho viável para

entender o perfil epidemiológico dessa população, subsidiando a implantação de políticas

efetivas para a prevenção da morte materna(1).

Para melhor compreensão da temática, torna-se importante a compreensão de alguns

termos. Assim, a Organização Mundial de Saúde (OMS), define como morte materna o óbito

da mulher enquanto grávida ou dentro dos 42 dias completos de puerpério, independente da

duração da prenhez e do sítio de implantação do ovo; proveniente de qualquer causa

relacionada com ou agravada pela gestação ou por medidas em relação a ela, excluindo-se

fatores acidentais. As causas de morte materna são classificadas em obstétricas diretas e

obstétricas indiretas (1).

A morte materna obstétrica direta é aquela que ocorre por complicações obstétricas

durante a gravidez, parto e puerpério devido a intervenções, omissões, tratamento incorreto ou

a uma cadeia de eventos resultantes de qualquer destas causas. Tem como principais

representantes a hipertensão,

a hemorragia, a infecção puerperal, o tromboembolismo e o acidente anestésico. A morte

materna obstétrica indireta é aquela resultante de doenças que existiam antes da gestação ou

que se desenvolveram durante esse período, não provocadas por causas obstétricas diretas,

mas agravadas pelos efeitos fisiológicos da gravidez (1).

Nesta discussão, analisar a morbidade materna, em especial a morbidade materna

grave, aparece como algo necessário para a manutenção da vigilância permanente à saúde da

mulher e uma ferramenta a ser somada no combate à morte materna.

Os conceitos e as classificações de morbidade materna grave sofreram modificações.

O interesse em quadros de complicações graves em obstetrícia propiciou a adaptação para as

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ciências médicas do conceito near miss (“quase-perda” em português, mas utilizado sem

tradução em língua inglesa). O Termo near miss faz referência à situação em que mulheres

que apresentam complicações potencialmente letais durante a gravidez, parto ou puerpério

somente sobrevivem devido ao acaso ou ao cuidado hospitalar; conceito introduzido em

estudo inglês no início da década de noventa. Também pode ser definido como uma situação

de ameaça à vida que necessita intervenção médica urgente para prevenir uma provável morte

materna (1-2-3). Este termo é relativamente recente e existem grandes controvérsias sobre o seu

conceito e operacionalização.

Em 2009, o grupo de trabalho da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre

Mortalidade e Morbidade Materna desenvolveu um conjunto uniforme de critérios de

identificação dos casos baseados em critérios clínicos, laboratoriais e de manejo(7).

Além destes critérios, devem-se também identificar casos de near miss mediante

reconhecimento de situações potencialmente ameaçadoras da vida, que estão diretamente

ligadas a este desfecho, como aquelas de desordens hemorrágicas e hipertensivas(1).

Alguns autores recomendam caracterizar também como casos de near miss aqueles em

que as pacientes têm necessidade de transferência para unidades de maior complexidade(1).

A necessidade da implantação de um checklist sobre Morbidade Materna Grave se deu

a partir da escassez desses dados em um hospital de referência do Rio Grande do Norte. Por

não possuir nenhum sistema de notificação instituído, as pacientes portadoras de patologias

potencialmente causadoras de morbidade materna grave não são identificadas pelo serviço de

saúde. Tampouco são contra-referenciadas para a atenção primária, ação esta que seria de

extrema importância para o aprimoramento e capacitação das equipes da atenção básica e

prevenção dessas mesmas patologias nas gestações futuras.

Nesse sentido, construir e implantar um checklist justifica-se na medida em que

poderá contribuir para o diagnóstico das falhas na linha de cuidado na saúde da mulher.

Somado a isto, pode propiciar o monitoramento destes agravos nas regiões de abrangência

destas maternidades, aperfeiçoando esta dimensão do cuidado à mulher.

Assim, o objetivo do presente estudo foi construir e implantar um checklist em Saúde

sobre morbidade materna grave (“near miss”) para um hospital universitário de referência do

Sistema Único de Saúde no interior do Rio Grande do Norte, visando diminuir as taxas de

morbi-mortalidade materna-infantil.

METODOLOGIA

Local de estudo

O estudo foi desenvolvido no Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB), que é

referência para onze municípios na região do Trairi do estado do Rio Grande do Norte para o

cuidado da saúde materna, em especial à gestação, estando inserido na Rede Cegonha e em

seus objetivos. Está situado na Cidade de Santa Cruz, que conforme o último censo do IBGE

possui 35.797 habitantes, sendo um dos quatro hospitais da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte(8).

Etapas para realização do estudo

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Para a construção do checklist de Morbidade Materna Grave foi realizada uma revisão

de literatura sobre o tema, que objetivou identificar os principais eventos característicos da

morbidade materna grave.

Uma vez identificados os critérios de diagnóstico deste agravo, foram selecionados

estudos que discutiam sistemas de informações em near miss implantados(1-2,6-7,9). Baseados

nesses e nas especificidades do hospital e da região foi construído um checklist que pode ser

adaptado a qualquer hospital com características epidemiológicas semelhantes.

Para a confecção do checklist no Hospital Universitário Ana Bezerra foram

considerados os critérios clínicos, laboratoriais e de manejo, as condições potencialmente

ameaçadoras da vida e os casos com necessidade de transferência para a Maternidade Escola

Januário Cicco, localizada em Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte e unidade de

referência terciária para o HUAB dentro desta linha de cuidado.

O checklist pode ser utilizado apenas para as mulheres que vivenciaram estes

episódios descritos previamente. O preenchimento do mesmo deve ser feito por um membro

da Equipe de Saúde, preferencialmente o médico que atendeu as puérperas que apresentaram

agravos durante parto e puerpério.

Posteriormente, o sistema foi apresentado à equipe gestora do Hospital Universitário

Ana Bezerra, ao Núcleo de Vigilância Epidemiológica Hospitalar (NVEH), às equipes de

atenção primária e aos gestores municipais dos 11 (onze) municípios da região do Trairi (RN),

para conhecimento e ampla discussão acerca do fluxo e das ações provenientes das

notificações advindas deste novo instrumento, antes da implantação definitiva. Depois dos

ajustes propostos, o checklist foi testado de forma exploratória para calibração e validação,

passando a ser utilizado oficialmente para o HUAB e para toda a rede de saúde da região do

Trairi (RN).

Análise dos dados

Para tanto, contou com o programa estatístico SPPS e os dados utilizados na validação

e calibração foram analisados com a estatística descritiva.

RESULTADOS

O instrumento sobre Morbidade Materna Grave do HUAB foi construído com dois

formulários para coleta de dados.

O primeiro trata-se do “Formulário de Identificação de Near Miss Obstétrica do

HUAB/UFRN” o qual fica anexado ao prontuário transdisciplinar da usuária, devendo ser

preenchido preferencialmente pelo médico que a atendeu ou por outro membro da equipe.

Tem como função alertar durante o internamento ou a alta hospitalar sobre a presença de uma

ou mais condições que levam ao diagnóstico de near miss obstétrica, tanto para a equipe

multiprofissional como para os componentes do NVEH do HUAB, conforme quadro 1.

Quadro 1 - Formulário de Identificação de Near Miss Obstétrica do HUAB/UFRN. Brasil,

2012.

Critérios clínicos Sim Não

1- Cianose aguda

2- Gasping (respiração ofegante e instável)

3- Choque (hipotensão severa persistente, definida por pressão

sistólica <90 mmHg por um período ≥ 1 h, apesar da reposição

agressiva de volume)

4- Oligúria, que não responde a fluidos ou diuréticos (debito urinário

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<30ml/4h ou 400ml/24h)

5- Distúrbios de coagulação

6- Perda da consciência por período ≥12 horas

7- Perda da consciência e ausência de pulso ou batimentos cardíacos

8- Acidente vascular cerebral (déficit neurológico de causa vascular

cerebral que persiste por mais de 24 horas ou e interrompida com a

morte dentro de 24 horas)

9- Crises convulsivas recorrentes / Paralisia total

10- Icterícia na presença de pré-eclâmpsia (pré-eclâmpsia:

hipertensão e proteinúria a partir de 20 semanas de gestação em

mulheres previamente normotensas)

Critérios laboratoriais Sim Não

11- Saturação de Oxigênio < 90% por período ≥ 60 minutos

12- PaO2/FiO2 < 200mmHg

13- Creatinina ≥ 300 μmol ou ≥ 3,5mg/Ll

14- Bilirrubina > 100μmol/L ou 6,0 mg/dL

15- pH < 7,1

16- Lactato > 5

17- Trombocitopenia aguda (< 50 000 plaquetas)

18- Perda da consciência e presença de glicose e ácidos cetônicos na

urina

Critérios de manejo Sim Não

19- Uso de drogas vasoativas (uso contínuo de dopamina, epinefrina

e noraepinefrina)

20- Histerectomia por infecção ou hemorragia

21- Transfusão de ≥ 5 bolsas de concentrado de hemácias

22- Intubação ou ventilação por ≥ 60 minutos não relacionada à

anestesia

23- Diálise por falência renal aguda

24- Parada cardiorrespiratória

Complicações hemorrágicas Sim Não

25- Descolamento prematuro da placenta

26- Placenta prévia/ acreta/ increta/ percreta

27- Prenhez ectópica

28- Rotura uterina

29- Hemorragia grave por aborto

30- Hemorragia pós-parto

a) Atonia

b) Retenção placentária

c) Lacerações de trajeto

d) Coagulopatia

e) Inversão uterina

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Complicações hipertensivas Sim Não

31- Pré-eclâmpsia grave

32- Eclâmpsia

33- Hipertensão grave

34- HELLP síndrome

35- Fígado gorduroso

Outras complicações Sim Não

36- Edema pulmonar

37- Convulsões

38- Sepse grave

39- Trombocitopenia < 100 mil

40- Crise tireotóxica

41- Choque

42- Insuficiência respiratória aguda

43- Acidose

44- Cardiopatia

45- AVC

46- Distúrbios de coagulação

47- Tromboembolismo

48- Cetoacidose diabética

49- Icterícia/ disfunção hepática

50- Meningite

51- Insuficiência Renal Aguda

Indicadores de manejo de gravidade Sim Não

52- Transfusão de hemoderivados

53- Acesso venoso central

54- Transferência/Admissão em UTI

55- Hospitalização prolongada (>7 dias)

56- Intubação não relacionada à anestesia

57- Retorno à sala cirúrgica

58- Intervenção cirúrgica maior (histerectomia, laparotomia)

59- Uso de sulfato de magnésio

O “Formulário de Notificação de Near Miss Obstétrica” (quadro 2) está vinculado ao

NVEH do HUAB, ficando sob responsabilidade da equipe do núcleo fazer a busca ativa diária

para preenchimento completo e, se necessário, investigação complementar com a própria

paciente ou com outras fontes, como familiares, equipe de plantão e equipe da atenção básica

a que a paciente está vinculada.

Quadro 2 - Formulário de notificação de Near Miss Obstétrica NVEH/HUAB/UFRN. Brasil,

2012.

Dados Sócio-Demográficos

1- Nome:

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2- Data de Nascimento:

3- Idade em anos completos:

4- Cor: □ Negra □ Branca □ Indígena □ Amarela □ Outro □ Não Consta

5- Escolaridade:

□ Analfabeta □ Fundamental Incompleto □ Fundamental

□ Médio Incompleto □ Médio □ Superior

□ Superior □ Não consta Incompleto

6- Estado Civil:

□ Casada/ em união estável □ Solteira □ Separada/divorciada

□ Viúva □ Não consta

7- Peso em Kg:

8- Altura em m:

9- Data de internação no hospital:

10- A paciente fazia pré-natal no serviço: □ Sim □ Não □ Sem pré-natal □ Não consta

11- Como foi o acesso da mulher ao hospital:

□ Procura espontânea

□ Transferência por serviço de resgate/emergência

□ Transferência inter-hospitalar programada

□ Transferência inter-hospitalar não programada

□ Encaminhamento de outro serviço

□ Não consta

12- Qual a cobertura financeira majoritária do pré-natal:

□ Público □ Privado □ Seguro saúde/financeiro □ Sem pré-natal

□ Não consta

13- Qual a cobertura financeira majoritária da internação?

□ Público □ Privado □ Seguro saúde/financeiro □ Não consta

Dados obstétricos

14- Número de gestações?

15- Número de partos?

16- Número de abortos?

17- Número de cesáreas prévias?

18- Número de Nascidos vivos?

19- Ano desde o último parto?

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20- A mulher teve alguma gravidez de risco anterior? □ Sim □ Não □ Não Consta

21- A mulher possui cirurgia uterina prévia (excluindo cesária seg transv)?

□ Sim □ Não □ Não Consta

22- Número de consultas pré-natal?

23- A mulher estava grávida quando foi admitida? □ Sim □ Não □ Não Consta

24- Idade gestacional na internação?

25- Forma de início de trabalho de parto?

□ Espontâneo □ Induzida □ Sem trabalho de parto □ Aborto □ Continua grávida

□ Não consta

26- Data da resolução da gestação?

27- Idade gestacional na resolução?

28- Como foi a ultimada a gestação?

□ Parto vaginal

□ Parto Vaginal operatório

□ Parto cesáreo antes do início do trabalho de parto

□ Parto cesáreo após início do trabalho de parto

□ Aborto

□ Prenhez ectópica

□ Continua Grávida

□ Não Consta

Aborto

29- Como se iniciou o aborto? □ Espontâneo □ Induzido □ Não Consta

30- O aborto foi mais provavelmente seguro ou inseguro ?

□ Inseguro □ Seguro □ Não Consta

31- Quais os procedimentos que foram realizados?

□ Dilatação e/ou curetagem □ Ocitocina □ Vácuo aspiração □ Prostaglandinas

□ Outros □ Nenhum □ Não Consta

32- Se outro procedimento especifique?

Dados do RN

33- Número total de nascidos vivos?

34- Qual era a apresentação fetal ao nascimento?

□ Cefálico □Pélvico □Outro □ Não Consta

35- Sexo: □ Feminino □ Masculino □ Indeterminado □Não Consta

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36- Condição de Nascimento:

□ Vivo □ Natimorto Intra-parto □Natimorto anteparto □ Não consta

37- Qual foi o Apgar no 1º minuto?

38- Qual foi o Apgar no 5º minuto?

39- Peso em gramas?

40- Desfecho Neonatal? □ Alta □ Internada □ Óbito neonatal precoce □ Óbito neonatal

tardio □ Transferido □ Não Consta

41- Se gemelar, informe os dados do outro RN:

Condições Maternas preexistentes

□ Hipertensão arterial crônica

□ Anemia

□ Obesidade

□ HIV

□ Baixo peso

□ Tireoidipatias

□ Diabetis Mellitus

□ Doenças Neurológicas

□ Tabagismo

□ Colagenoses

□ Doenças cardíacas

□ Neoplasias

□ Doenças respiratórias

□ Drogadição

□ Outro: Especifique_____________________

Condições potencialmente ameaçadoras a vida

42- Houve alguma complicação hemorrágica? □ Sim □ Não □ Não Consta

43- Qual a complicação hemorrágica que ocorreu no período?

□ Deslocamento prematuro de placenta

□ Placenta prévia/ acreta/ increta / percreta

□ Prenhez ectópica complicada

□ Rotura uterina

□ Hemorragia grave por aborto

□ Hemorragia pós parto

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□ Outra hemorragia grave

□ Não Houve/ Não consta

44- Se Hemorragia pós-parto, especifique:

□ Atonia □ Retenção placentária □ Laceração de trajeto □

Coagulopatia □ Inversão uterina □ Outra causa obstétrica

A partir da notificação feita pelo NVEH do HUAB são emitidas três vias de

notificação que têm o seguinte destino: a primeira é enviada para a coordenação da Atenção

Primária do município a que a paciente está vinculada; a segunda é enviada para a equipe

multiprofissional de vigilância do near miss obstétrico do HUAB, composta por um obstetra,

um pediatra, um enfermeiro, um farmacêutico, um psicólogo, um assistente social, um

fisioterapeuta e um integrante do NVEH do HUAB; e a terceira via fica no NVEH do HUAB,

obedecendo-se ao fluxo exposto na figura 1.

OCORRÊNCIA DE NEAR

MISS OBSTÉTRICA HUABDIAGNÓSTICO

NOTIFICAÇÃO PELA BUSCA

ATIVA

NVEH EQUIPE MP

MONITORAMENTO

DO NM

COORD AB

MUNICÍPIO

Vª URSAP

SMS

SIST. VIG.

ESTAD.

SIST. NAC.

VIGIL.

Coleta

Consolidação

Análise

Elaboração de Relatórios

Disseminação de informações

Figura 1 - Fluxograma do Sistema de Informação sobre Morbidade Materna Grave

HUAB/UFRN. Brasil, 2012

As informações são analisadas tanto pela equipe de monitoramento do near miss do

HUAB como pela equipe gestora do núcleo de vigilância e, trimestralmente, publicadas em

um relatório para toda a comunidade com os resultados epidemiológicos referentes a este

sistema de informação.

Prospectivamente, pretende-se realizar um monitoramento destes agravos a curto,

médio e longo prazo objetivando cumprir a função do próprio sistema de informação

proposto, que busca além do acompanhamento da morbimortalidade materno infantil,

possibilitar correções no próprio sistema de coleta, fornecendo assim subsídios para a

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avaliação, planejamento e implementação de melhorias na gestão hospitalar e da atenção

primária voltada à atenção integral da saúde materno infantil.

DISCUSSÃO

A exemplo do SISPRENATAL(10-11) que é utilizado no monitoramento e avaliação da

atenção ao pré-natal e ao puerpério prestada pelos serviços de saúde a cada gestante e recém-

nascido, desde o primeiro atendimento na unidade básica de saúde até o atendimento

hospitalar de alto risco, a implementação de um sistema de vigilância direcionado às mulheres

com morbidade materna grave pode desencadear caminhos de melhoria na atenção e

assistência às mulheres nesta linha de cuidado. Somado a estes fatores, um sistema de

informação nesta área possibilitaria uma maior contribuição para a construção e

fortalecimento da Rede de Assistência Materno Infantil – Rede Cegonha da Região do Trairi,

e consequentemente a diminuição da mortalidade materno-infantil no Rio Grande do Norte,

contribuindo para a co-responsabilização dos níveis de atenção a que a usuária esteja tendo

acesso.

Malta et al(5) afirmam que as causas de mortes evitáveis podem ser prevenidas por

serviços de saúde que estejam acessíveis e que essas devem ser investigadas e revisadas à luz

da evolução do conhecimento e tecnologia para a prática da saúde. Desde junho de 2011

todas as unidades de saúde vinculadas ao SUS monitoram e avaliam a atenção ao parto,

puerpério e nascimento por meio do SISPRENATAL(10-11). Porém sabe-se que as patologias

que levam ao adoecimento grave e morte materna ainda são pouco notificadas nacionalmente.

Fora do Brasil as fontes de dados utilizadas para identificação de near miss têm sido as

dos sistemas hospitalares e de registros vitais e dos comitês de mortalidade materna, que além

de investigar o óbito, funcionam como um sistema de coleta de informações(1). No Brasil, a

proposta é que se passe a usar de forma mais rotineira as fontes do Ministério da Saúde

(DATASUS), porém existem empecilhos, que têm na inadequação dos registros a causa

principal do seu não uso.

Entende-se, porém, que as principais causas desencadeantes de óbito materno devem

ser consideradas como eventos sentinelas deste óbito, servindo não só para condutas clínico-

epidemiológicas hospitalares, mas também como uma ferramenta para identificação de fatores

predisponentes a estas morbidades e que sejam próprios da intervenção da atenção primária à

saúde(2).

Assim, o tipo de sistema de informação proposto possui como principal justificativa

servir de amparo para o diagnóstico precoce e intervenção eficiente a ponto de evitar o

desencadeamento do óbito materno e infantil e assim interferir nos quase óbitos, contribuindo

para a melhoria da qualidade da assistência ao binômio tanto dentro do hospital como na rede

de atenção à saúde da mulher e da criança.

É importante ressaltar que para a construção e implementação deste sistema de

informação serão necessárias medidas adjuvantes que contribuirão substancialmente para o

sucesso e o cumprimento dos objetivos deste sistema. Dentre estas medidas cita-se a

aproximação da equipe hospitalar das equipes vinculadas à estratégia saúde da família, no

sentido de implementar dispositivos de co-responsabilização e co-gestão pelo cuidado do

binômio mãe-filho.

Pretende-se também prover equidade no atendimento a esta mulher a qual, portadora

de uma patologia que predispõe ao óbito, por vezes até com mal passado gestacional, não é

“enxergada” e assim não é classificada para o pré-natal de alto risco. Em função disto, não é

acompanhada multiprofissionalmente pela equipe da atenção básica e nem é identificada para

busca ativa, caso deixe de frequentar a unidade básica de saúde. Muitas vezes, por

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desconhecer o risco ao qual esta mulher está submetida, a Unidade de Saúde deixa de

referenciá-la.

Com esta aproximação e à medida que as notificações passarem a ser sistemáticas e

alvos de contra-referência para a atenção primária à saúde, necessário serão capacitações com

toda a equipe da atenção básica. Nesse sentido busca-se formar a equipe no diagnóstico e

pronto encaminhamento para a unidade de referência, impedindo que a doença evolua para

um estágio mais grave, o que pode culminar inclusive com o óbito materno e fetal.

Este sistema busca os mesmos princípios propostos por Waldman(12) ao entender que

o uso regular da vigilância como instrumento de saúde pública pressupõe a existência de

programas continuados de formação de recursos humanos, ao mesmo tempo em que é

indispensável a avaliação periódica do desempenho dos sistemas de vigilância, pois seu uso

só se justifica se demonstrada sua utilidade.

Desta forma, não há sentido na implantação deste sistema de informação sem uma

contrapartida de educação permanente para com os atores envolvidos na cadeia de atenção à

saúde da mulher e da criança da região do Trairi.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É nessa perspectiva de construção de uma rede de atenção integral de cuidados a

mulher, concordante com as ações desenvolvidas na Rede Cegonha, que este Sistema de

Informação sobre Morbidade Materna Grave vem contribuir. Visa acima de tudo detectar

agravos que culminem com a morte materna e neste diagnóstico, contribuir para a co-

responsabilização sobre o cuidado com a mulher gestante ou puérpera, unindo forças com a

atenção primária no sentido de fortalecê-la e contribuir para um futuro em que este termo near

miss entre em desuso.

REFERÊNCIAS

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Federal de Minas Gerais. 2011.

1. Viana RC, Novaes MRCG, Calderon IMP. Mortalidade Materna - uma abordagem

atualizada. Com Ciências Saúde. 2011; 22(Sup1): S141-52.

2. Amaral E, Luz AG, Souza JPD. A morbidade materna grave na qualificação da

assistência: utopia ou necessidade? RBGO. 2007; 29(9): 484-89.

3. Brasil. Ministério da Saúde. Datasus: informações de saúde 2011. Disponível em:

http://www.datasus.gov.br/tabnet/tabnet.htm.

4. Malta DC, Duarte EC, Almeida MF, Dias MAS, Neto OLM, Moura L, et al. Lista de

causas de mortes evitáveis por intervenções do Sistema Único de Saúde do Brasil. Epidemiol

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5. Morse ML, Fonseca SC, Gottgtroy CL, Waldmann CS, Gueller E. Morbidade Materna

Grave e Near Misses em Hospital de Referência Regional. Rev Bras Epidemiol. 2011; 14(2):

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6. Say L, Souza JP, Pattinson RC. Maternal near miss – Towards a standard tool for

monitoring quality of maternal health care. Best Pract Res Clin Obstet Gynaecol. 2009;

23(3): 287-96.

7. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico 2010. Disponível em:

http://www.censo2010.ibge.gov.br/resultados_ do_censo2010.php.

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8. Haddad SEMT. Do planejamento à prática: construindo a Rede Nacional de Vigilância de

Morbidade Materna Grave [dissertação]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas;

2009. 9. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações

Programáticas Estratégicas. Área técnica de Saúde da Mulher. Programa de humanização do

parto: Humanização no pré-natal e nascimento. Brasília; 2002.

10. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações

Programáticas Estratégicas. Área técnica de Saúde da Mulher. Pré-natal e Puerpério: atenção

qualificada e humanizada. Brasília; 2006.

11. Waldman EA. Vigilância como prática de saúde pública. In: Campos GWS, Minayo

MCS, Akerman M, Júnior MD, Carvalho YM. Tratado de Saúde Coletiva. 2a ed. São

Paulo/Rio de Janeiro: Editora Hucitec/Editora Fiocruz; 2009. p. 487-528.