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Manifesto pela aprovação da PEC 438/2001 contra o trabalho escravo Nós, abaixo assinados, associados do Movimento Humanos Direitos e parceiros na preocupação com um país melhor, no momento em que o Brasil completa 124 anos da lei Áurea e no vigésimo quarto aniversário da Constituição Cidadã, assim denominada por Ulisses Guimarães, manifestamos publicamente total e irrestrito apoio à aprovação da Proposta de Emenda à Constituição 438/2001, que expropria propriedades em atividades análogas ao trabalho escravo. A primeira lei abolicionista, de 1888, homologada pela Princesa Isabel, apesar de importante e útil, não resolveu o problema. O trabalho escravo ilegal, que já existia como demonstrou, em 1852, o colono suiço Thomaz Davatz, em livro publicado no Brasil com introdução de Sérgio Buarque de Holanda, persistiu e foi apontado na Amazônia por Euclides da Cunha, em 1922. Em 1940, foi necessária outra lei, aquela prevista pelo artigo 149 do Código Penal, que considerou crime o "trabalho análogo à de escravo". Também útil e necessária. Mas insuficiente. Não foi sem razão que o crime foi denunciado pelos romancistas Ferreira de Castro, em 1945, Bernardo Elis, na década seguinte; e pelo poeta e bispo Casaldáliga, em 1970. Além de ser denunciado por militantes dos direitos humanos, servidores públicos e intelectuais de diversas areas da ciência. De 1995 até o momento foram resgatados 42 mil brasileiros em situação de escravidão. A prática do trabalho escravo, embora minoritária no setor produtivo nacional, afronta os tratados internacionais, a Constituição do país, o ordenamento jurídico nacional e a dignidade da pessoa humana. Com nossas assinaturas manifestamos o sonho por um Brasil justo e fraterno para todos, onde o desenvolvimento econômico seja sustentável, com distribuição de renda e com inclusão social. Neste momento de afirmação e ampliação de nossa cidadania, apelamos aos deputados e deputadas federais do nosso País: votem sim pela aprovação da PEC 438/01. A aprovação desta emenda constitucional será mais um passo para a abolição da forma mais degradante de exploração humana: o trabalho escravo. Confiamos em nossos congressistas e acompanharemos atentos a Sessão de votação e e aplaudiremos os deputados e deputadas que votarem pela erradicação do trabalho escravo em nosso País. Abraçamos a todos, com afeto e esperança. Brasil, 1 de maio de 2012 ______________ Dira Paes, atriz Diretora do MHUD

Manifesto pela PEC 438

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Manifesto

pela aprovação da PEC 438/2001

contra o trabalho escravo Nós, abaixo assinados, associados do Movimento Humanos Direitos e parceiros na preocupação com

um país melhor, no momento em que o Brasil completa 124 anos da lei Áurea e no vigésimo quarto

aniversário da Constituição Cidadã, assim denominada por Ulisses Guimarães, manifestamos

publicamente total e irrestrito apoio à aprovação da Proposta de Emenda à Constituição 438/2001, que

expropria propriedades em atividades análogas ao trabalho escravo.

A primeira lei abolicionista, de 1888, homologada pela Princesa Isabel, apesar de importante e útil, não resolveu o problema. O trabalho escravo ilegal, que já existia como demonstrou, em 1852, o colono suiço Thomaz Davatz, em livro publicado no Brasil com introdução de Sérgio Buarque de Holanda, persistiu e foi apontado na Amazônia por Euclides da Cunha, em 1922. Em 1940, foi necessária outra lei, aquela prevista pelo artigo 149 do Código Penal, que considerou crime o "trabalho análogo à de escravo". Também útil e necessária. Mas insuficiente. Não foi sem razão que o crime foi denunciado pelos romancistas Ferreira de Castro, em 1945, Bernardo Elis, na década seguinte; e pelo poeta e bispo Casaldáliga, em 1970. Além de ser denunciado por militantes dos direitos humanos, servidores públicos e intelectuais de diversas areas da ciência. De 1995 até o momento foram resgatados 42 mil brasileiros em situação de escravidão. A prática do

trabalho escravo, embora minoritária no setor produtivo nacional, afronta os tratados internacionais, a

Constituição do país, o ordenamento jurídico nacional e a dignidade da pessoa humana.

Com nossas assinaturas manifestamos o sonho por um Brasil justo e fraterno para todos, onde o

desenvolvimento econômico seja sustentável, com distribuição de renda e com inclusão social.

Neste momento de afirmação e ampliação de nossa cidadania, apelamos aos deputados e deputadas

federais do nosso País: votem sim pela aprovação da PEC 438/01. A aprovação desta emenda

constitucional será mais um passo para a abolição da forma mais degradante de exploração humana: o

trabalho escravo.

Confiamos em nossos congressistas e acompanharemos atentos a Sessão de votação e e aplaudiremos

os deputados e deputadas que votarem pela erradicação do trabalho escravo em nosso País.

Abraçamos a todos, com afeto e esperança.

Brasil, 1 de maio de 2012 ______________

Dira Paes, atriz

Diretora do MHUD