Manual “Aspetos Ergonómicos no Pré-Hospitalar” - INEM

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  • ASPETOS ERGONMICOS

    PR-HOSPITALAR

  • ASPETOS ERGONMICOS NO PR-HOSPITALAR

    PREFCIO

  • GABINETE DE QUALIDADE

    Caro Tcnico de Ambulncia de Emergncia A actividade do TAE realizada em condies imprevisveis e, por isso, tem associados riscos com impacto nas condies de sade, quando os princpios ergonmicos no so considerados.Os aspectos da ergonomia tm grande importncia no mbito da Segurana e Sade no Trabalho. Neste sentido, este documento surge pela necessidade de alertar os Tcnicos para os aspectos ergonmicos durante a sua actividade , promover uma actividade segura e mitigar os principais riscos associados. Este documento teve a participao de TAEs na transferncia de conhecimentos adquiridos durante a sua actividade, e atravs da vertente acadmica, numa lgica de confiana e reforo da relao entre produtores e utilizadores do conhecimento. Esta articulao fundamental, e necessria, na medida em que se aproxima das necessidades efectivas e das expectativas dos profissionais. No pretende ser um documento final, e perfeito, mas antes um instrumento de trabalho que permita ser melhorado continuamente recolhendo os contributos mais actualizados.

    Pedro LavinhaCoordenador Gabinete de Qualidade

    Aspetos ergonmicos no pr-hospitalar

  • ASPETOS ERGONMICOS NO PR-HOSPITALAR

  • GABINETE DE QUALIDADE

    AUTORES

    Pedro Lavinha, INEM, Gabinte de Qualidade, Enfermeiro

    Lus Meira, INEM (Departamento de Formao Emergncia Mdica), Mdico (Anestesiologia)

    Miguel Valente, INEM (Departamento de Formao Emergncia Mdica), Enfermeiro

    Ruben Viana, INEM (Delegao Regional do Norte), TAE

    DESIGN E PAGINAODavid Rafachinho

    fIChA TCNICA

    Aspetos ergonmicos no pr-hospitalar

    Verso 1.11 Edio, 2013

  • ASPETOS ERGONMICOS NO PR-HOSPITALAR

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    notas:

    A movimentao manual de cargas pode ser definida como qualquer operao de transporte ou sustentao de uma carga que, devido s suas caractersticas ou a condies ergonmicas desfavorveis, comporte riscos para a segurana e sade dos trabalhadores. Est intrinsecamente associada a todos os sectores de atividade, no entanto, h alguns onde assume um papel de destaque, como por exemplo: rea da sade, armazenamento, metalomecnica, indstria txtil, construo civil.

    Os riscos decorrentes da movimentao manual de vtimas podem gerar efeitos semelhantes s patologias dos movimentos manuais de carga, no entanto no h comparao possvel. As cargas transportadas, apesar de poderem ter um efeito patolgico semelhante a uma carga na indstria/servio tm um fator de risco associado mais elevado, pois a carga neste caso no tem uma pega bem definida, pode no colaborar com o movimento e no tem o peso uniformemente distribudo pela superfcie de contato.Por este motivo, o presente captulo focalizar-se- no problema das leses msculo-esquelticas relacionadas com o trabalho - LMERT no pr-hospitalar, permitindo ao leitor obter a informao de sensibilizao necessria relativamente aos procedimentos bsicos a serem cumpridos, de forma a evitar acidentes e consequentes leses associadas, quando se desloca ou levanta vtimas e/ou equipamentos auxiliares de socorro.

    pode variar se forem accionados meios suplementares. A movimentao manual de uma vtima, caso seja necessria, feita normalmente em equipa de dois, no entanto contrariamente aco em meio hospitalar o doente deslocado desde o cho at altura da cintura, correspondendo elevao da maca no final das operaes. Antes de se proceder elevao da maca muitos procedimentos so realizados no local onde a vtima se encontra, que podem apresentar uma grande diversidade de cenrios e constrangimentos sua ao e mobilizao.

    De acordo com a OIT (Organizao Internacional do Trabalho), a movimentao manual de cargas associada adoo de posturas inadequadas nos locais de trabalho uma das causas mais frequentes de acidentes de trabalho, constituindo uma percentagem de sensivelmente 20 a 25% das ocorrncias verificadas.No seguimento dos fatos apresentados pela OIT, a Agncia Europeia para a Segurana e Sade no Trabalho (OSHA), conclui tambm que as leses msculo esquelticas relacionadas com o trabalho LMERT, continuam a ser a doena profissional mais comum na Unio Europeia, podendo afetar trabalhadores de todos os sectores e profisses.Na Europa, aproximadamente, 24% dos trabalhadores sofrem de lombalgias e 22% queixam-se de outras leses musculares. Nos novos Estados-Membros estas patologias ocorrem ainda com mais frequncia, 39% e 36%, respetivamente.Cerca de 50% das reformas antecipadas na Europa so causadas por alteraes patolgicas nas costas, 15% dos casos de incapacidade para o trabalho esto relacionados com leses dorso-lombares. Este tipo de leses constitui uma das principais causas de absentismo na maioria dos Estados-Membros da UE. No s provocam sofrimento, incapacidade para o trabalho e perda de rendimento aos trabalhadores, como tambm representam pesados custos para os empregadores e as economias nacionais (Inqurito Europeu sobre as Condies de Trabalho, Fundao Europeia para a Melhoria das Condies de Vida e de Trabalho, 2005).

    As condies de trabalho do pr-hospitalar so imprevisiveis, na medida em que o tripulante de ambulncia obrigado a exercer as suas funes nos mais variados locais e ambientes (ex. habitaes degradadas, pisos escorregadios e irregulares, a chuva e o sol intenso, o espao exguo de certas

    No caso particular das ambulncias de socorro, afetas ao INEM ou bombeiros, as aes em equipa so sempre garantidas em virtude da imposio legal, pela presena mnima de dois tripulantes. Este nmero

    Figura 1

    Figura 2

    Figura 3

  • 7notas:

    GABINETE DE QUALIDADE

    ambulncias, espaos confinados ou com demasiada inclinao, presses temporais e dos familiares dos doentes, entre outras).

    As leses msculo-esquelticas constituem um risco para todos os profissionais que realizam tarefas de movimentao manual de cargas.No entanto muitas vezes a atividade do tripulante de ambulncia desvalorizada em termos ergonmicos e de segurana no trabalho pelo prprio, no que concerne mobilizao de doentes, alguns completamente dependentes e outros com grande dificuldade na sua locomoo. Alm da mobilizao e transporte do doente, o tripulante de ambulncia de socorro v-se na necessidade de transportar todo o equipamento de socorro para uma primeira abordagem, desde o local onde se encontra parqueada a ambulncia at ao local onde se encontra a vtima, sendo que, a movimentao dessa carga um fator de risco para leses msculo esquelticas.

    CONSEqUNCIAS PARA A SEGURANA E SADE O risco associado s ms prticas ergonmicas do tripulante de ambulncia no pr-hospitalar, so: Aumento do nmero de acidentes e incidentes; Problemas de sade, Elevada incidncia de traumatismos msculo-

    esquelticos; Aumento do absentismo; Menor eficincia e pior qualidade do trabalho

    possibilidade de perder o emprego; Uma ameaa para a situao financeira do

    trabalhador e da sua famlia; Sofrimento estar constantemente com dores

    diminui a alegria de viver; Incapacidade estigmatizao e sensao de ser

    um fardo para o empregador, a famlia e a sociedade; Isolamento social; Aparecimento de patologias, nomeadamente:

    hrnias Discais consistem na projeo da parte central do disco intervertebral para alm dos seus limites normais, exercendo um efeito de compresso sobre as razes nervosas adjacentes, provocando dor;Lombalgias - situao dolorosa da regio lombar ocorrida aps um esforo brusco. muitas vezes considerada como a consequncia do deslocamento do ncleo do disco intervertebral. So uma das queixas frequentes que na sua maioria so consequncia da adoo de posturas desconfortveis com esforos elevados, estando muito associadas a tarefas que envolvam fora, posturas desconfortveis;Citica dor na perna devido irritao do nervo citico. Essa dor geralmente sente-se desde a parte posterior da coxa e pode estender-se at anca e aos ps. Para alm da dor, pode haver entorpecimento e dificuldade de movimentao e controle da perna.

    AS CAUSAS DAS LESES DA COLUNAEis agora alguns exemplos, retirados da prtica quotidiana do profissional de sade, que constituem fatores de riscos para a leso msculo-esqueltica.Caso algum destes exemplos de ms prticas seja identificado, convm que seja alvo de correo imediata. A sua continuidade ao longo do tempo pode provocar leses graves. A correo das referidas no conformidades deve pautar-se pela correta aplicao dos princpios ergonmicos com objetivo de otimizar a compatibilidade entre o homem, as mquinas e o ambiente fsico de trabalho. Isto conseguir-se- atravs do equilbrio entre as exigncias das tarefas, das mquinas e as caractersticas anatmicas, fisiolgicas, cognitivas do operacional.A posio em p, vertical, a posio de referncia: nesta posio que as presses e as tenses ao nvel do disco e dos ligamentos so mais fracas e mais equilibradas.

    No existe um manual perfeito de boas prticas de forma a garantir que as operaes de mobilizao manual de cargas sejam executadas em segurana. No entanto, trabalhar, dentro dos seguintes parmetros, atenuar o risco.

    Cada uma das atividades ilustradas a seguir, quando repetida muitas vezes ou durante perodos de tempo prolongados (postura esttica) pode ser perigosa para a sade, sobretudo para as regies inferiores da coluna vertebral em particular, para os ltimos discos lombares.

    Figura 4

    Aspetos ergonmicos no pr-hospitalar

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    notas: INCLINAR-SE PARA A fRENTE (COLUNA ARREDONDADA) Nesta postura, o trabalho provoca compresso da parte frontal dos discos intervertebrais e distenso da parte posterior (mais fina) do disco, podendo dar origem a danos nesta estrutura. A repetio excessiva destes movimentos pode provocar leses nos ligamentos e nos discos. Estas devem-se ao aparecimento dos seguintes fenmenos: inverso da curvatura da coluna vertebral (coluna

    arredondada para trs); aperto anterior do disco; estiramento dos ligamentos posteriores e da parte

    posterior do disco; aumento da presso no disco (efeito de alavanca).

    VIRAR-SE PARA O LADO INCLINANDO-SE PARA A fRENTEEsta posio de longe a mais nociva para a coluna vertebral. O maior risco para os discos e ligamentos quando se executa o trabalho torcendo e dobrando simultaneamente o tronco. Esta postura causa danos nos discos intervertebrais devido compresso simultnea da parte frontal e dos lados dos discos e distenso das partes opostas. Ela provoca as seguintes manifestaes ao nvel da coluna e dos discos em particular: inverso da curvatura da coluna vertebral (coluna

    arredondada para trs); compresso da parte anterior e lateral do disco; estiramento da parte posterior e lateral do disco (a

    mais frgil); corte das fibras do anel; aumento da presso no disco (efeito de alavanca).

    SEGURAR A CARGA ESTICANDO-SE fORTEMENTE PARA TRSDurante a execuo de trabalhos nesta postura o perigo para os discos intervertebrais consiste na compresso das suas partes posteriores e em carregar as articulaes intervertebrais situadas por trs dos discos. Quanto maior for a distncia da carga em relao ao tronco (para um peso igual) maior ser a fora de compresso no brao, provocando um aumento da presso nos discos. Esta posio tem os seguintes efeitos: aumento do arqueamento da coluna; compresso da parte posterior do disco e das

    articulaes posteriores; aumento da presso no disco (efeito de alavanca).Figura 5

    Figura 7

    Figura 8

    Figura 6

  • 9notas:

    GABINETE DE QUALIDADE

    PERMANECER MUITO TEMPO SENTADO NUMA CADEIRAA posio sentada inadequada tambm pode ser uma das consequncias das dores da coluna lombar. O problema resulta principalmente da falta de utilizao de apoio vertebral necessrio para manter a curvatura natural da coluna. A posio inadequada fora o manter das costas arredondadas e o aperto das estruturas vertebrais. Dificulta tambm a alimentao dos discos intervertebrais e provoca cibras constantes dos mesmos grupos musculares.

    trabalho pesado, provocando rapidamente fadiga com consequncias gravosas, nomeadamente aumentando o risco de ocorrncia de acidentes de trabalho ou de incidncia de doenas profissionais.Existem vrios fatores de risco que tornam a movimentao manual de cargas perigosa e aumentam o risco de leses, particularmente a nvel da coluna lombar.

    PERMANECER MUITO TEMPO DE jOELhOS OU AGAChADOEste gesto no s perigoso para as articulaes, mas tambm cansativo para a musculatura e o corao. Embora a flexo dos joelhos seja necessria para pegar numa carga no solo, esta flexo no deve ultrapassar um ngulo de 90. Enquanto executar tarefas nesta posio, sobretudo se for durante um perodo de tempo prolongado, sem equipamento de proteo apropriado assim como se no fizer perodos de descanso numa postura diferente, exerce uma carga significativa no s nas articulaes, mas tambm nos msculos e no corao. mais conveniente levantar a carga com as pernas ligeiramente fletidas porque se usam apenas msculos principais da coxa, mas temos de nos lembrar de no dobrar as pernas mais de 90 nas articulaes dos joelhos.

    AS CARACTERSTICAS DA CARGA Peso: da carga o fator mais frequentemente sentido

    como um constrangimento importante. Cargas com um peso superior a 20 Kg tornam-se difceis de sustentar pela maioria das pessoas. Segundo um estudo epidemiolgico relativo ao peso da populao portuguesa efetuado em 2003, concluiu-se que o peso mdio para os homens de 75,9 Kg e para as mulheres foi de 63,5 Kg, sendo que o limite mximo poder situar-se na casa dos 150 Kg;

    Dimenso: cargas muito grandes impossibilitam a adoo das regras bsicas de elevao e transporte, nomeadamente, manter a carga to prxima do corpo quanto possvel, originando um rpido cansao muscular;

    Pega: cargas difceis de agarrar, com extremidades aguadas ou com materiais perigosos podem condicionar o risco de acidente e a ocorrncia de leses aos trabalhadores;

    Estabilidade e Equilbrio: cargas desequilibradas ou instveis originam uma distribuio irregular do peso, condicionando o esforo muscular exigido na sua sustentao;

    Alcance: cargas cujo alcance exige a adoo de posturas extremas a nvel dos membros superiores e tronco (flexo, extenso ou rotao) condicionam um maior esforo muscular. O transporte de uma carga ou de um doente aumenta certamente a presso sofrida pelo disco intervertebral. A tenso sobre a parte inferior da coluna vertebral depende da distncia qual a carga agarrada. o princpio do "brao de alavanca": quanto maior a distncia a que se agarra a carga ou quanto mais inclinado para a frente for o tronco, maior a elevao do brao da alavanca e a presso a exercer.

    fATORES DE RISCO ASSOCIADOS MOVIMENTAO DE CARGASO transporte manual de cargas, envolvendo partes ou todo o corpo, e associado a uma baixa eficincia do sistema muscular humano, transforma-se num

    Figura 9

    Figura 11

    Figura 10

    Aspetos ergonmicos no pr-hospitalar

  • ASPETOS ERGONMICOS NO PR-HOSPITALAR

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    notas:

    AS CARACTERSTICAS DAS TAREfAS: Durao: tarefas realizadas com demasiada

    frequncia ou durante demasiado tempo; Posturas Adotadas: (ex. flexo/ rotao do tronco,

    elevao dos membros superiores, entre outros); Repetitividade.

    AS CARACTERSTICAS DO AMbIENTE DE TRAbALhO: Espao insuficiente para a movimentao manual

    de cargas pode conduzir adoo de posturas inadequadas;

    Pavimento irregular, instvel ou escorregadio pode aumentar o risco de acidentes;

    Ambiente Trmico: o calor provoca cansao nos trabalhadores e o suor dificulta a manipulao de ferramentas, exigindo um esforo maior. O frio pode diminuir a sensibilidade das mos, tornando mais difcil agarrar objetos;

    Iluminao: quando insuficiente, pode aumentar o risco de acidentes ou obrigar os trabalhadores a colocarem-se em posies inadequadas para conseguirem ver o que esto a fazer.

    AS CARACTERSTICAS INDIVIDUAIS: Falta de experincia, formao ou familiaridade

    com a tarefa; Idade: o risco de leses sacrolombares aumenta

    com a idade e com a antiguidade de trabalho; Capacidade fsica do indivduo (altura, peso, fora,

    musculatura tnica e flexvel), facilita a adoo de movimentos que protegem a coluna vertebral;

    Antecedentes mdicos (nomeadamente a nvel de leses lombares);

    Stress: A relao entre o stress e a afeo dorsal frequentemente descrita pelos trabalhadores. "Tenho dores nas costas porque h algumas semanas que me sinto tenso e enervado". Os estudos cientficos

    Tabela 1: Resumo das especificidades associadas

    Figura 12 : Peso mximo transportvel mediante a altura da carga(criado pela Health and Safety Executive - HSE)

    ESPECIfICIDADES ASSOCIADAS MOVIMENTAO DE UMA CARGA INERTE

    ESPECIfICIDADES ASSOCIADAS AO TRANSPORTE DE DOENTES

    Instabilidade da carga Agitao do doente

    Peso sem relao aparente com o volume Falta de participao do doente

    Distribuio desigual do peso Estimativa difcil do peso do doente

    Agarrar difcil (ausncia de puxadores) Possibilidades de agarrar reduzidas

    Aspeto cortante, escorregadio ou sujo da superfcie da carga

    -

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    notas:

    GABINETE DE QUALIDADEAspetos ergonmicos no pr-hospitalar

    mencionam igualmente que o risco de sofrer de dores crnicas nas costas aumenta fortemente quando se confrontado regularmente com situaes de stress, nomeadamente quando se est insatisfeito com o trabalho. As repercusses do stress sobre o corpo e a mente so inmeras. Entre elas, encontram-se nomeadamente as tenses musculares. Este estado de contrao pode estar presente ao nvel dos msculos das costas e assim aumentar a presso sobre os discos intervertebrais, o que pode ter um efeito negativo sobre os mesmos.

    bOAS PRTICAS PARA AMObILIzAO MANUAL DE CARGAS Como j foi referido, a movimentao manual de cargas pode acarretar uma srie de riscos e patologias para os tripulantes, caso as condies de atuao no sejam as mais indicadas. No intuito de salvaguardar a segurana e sade do tripulante de ambulncia de emergncia, necessrio ter sempre em considerao as seguintes regras de boas prticas:

    PENSAR ANTES DE AGARRAR/TRANSPORTARPlaneie a elevao, interrogando-se e atuando da seguinte forma: Aonde vai colocar a carga? A rea para onde se dirige est desimpedida de

    obstculos? Pode agarrar firmemente a carga? As suas mos, a carga e eventuais pegas no esto

    escorregadias? Far falta ajuda para o levantamento e/ou transporte? Se vai levantar a carga com outra pessoa, ambos

    sabem como proceder antes de comearem? Para cargas de maior dimenso, ou mais pesadas

    coordenar os esforos em sintonia com o colega de equipa e/ou se possvel com populares;

    Promova a autonomia do doente se, no houver nenhum inconveniente relativo ao possvel agravamento do estado e sade da vtima.

    MANTER A CARGA PERTO DA CINTURADurante a elevao, manter o mais tempo possvel a carga prxima ao corpo.Manter o lado mais pesado da carga junto ao corpo. Se uma aproximao prxima carga no for possvel, tentar desliz-la ara o corpo antes de tentar levant-la.As cargas transportadas devem ser suportadas apenas pela coluna e membros inferiores, sendo a coluna apenas elemento esttico de transmisso e nunca de articulao.

    ADOTAR UMA POSIO ESTVELOs ps devem estar afastados, com um deles ligeiramente adiantado de forma a garantir estabilidade e facilitar o arranque (ao lado da carga, se estiver no cho). O tripulante de ambulncia de socorro deve estar preparado para mover os ps durante a elevao para manter o equilbrio. Evitar roupa apertada ou calado inadequado pois dificultaro a tarefa.

    TER UMA bOA PREENSOQuando possvel, a carga deve ser abraada to perto quanto possvel do corpo. Isto pode ser melhor do que prend-la, mesmo firmemente, somente com as mos.

    Figura 13

    Figura 14

    Figura 15

  • ASPETOS ERGONMICOS NO PR-HOSPITALAR

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    notas: COMEAR COM UMA bOA POSTURANo incio da elevao da carga, flita os joelhos, com as ancas para trs; conveniente flexionar significativamente os joelhos (inclinar-se) ou completamente (agachar-se). Use a fora das pernas para levantar a carga.

    NO fLExIONAR MAIS AS COSTAS AO EfETUAR O LEVANTAMENTOIsto pode acontecer se as pernas comearem a endireitar antes de iniciar o levantar da carga. Recolher o queixo e manter a cabea direita ao efetuar o levantamento.

    EVITAR MOVIMENTOS DE TORO OU INCLINAO LATERALMENTE AS COSTASEspecialmente quando estas estiverem curvadas, pois causam tenses indesejveis e cargas assimtricas nas vrtebras. Os ombros devem ser mantidos direitos e alinhados com os quadris. Rodar movendo os ps melhor do que torcer o tronco levantando ao mesmo tempo. Se a rotao for necessria, dever ser feita atravs da movimentao dos ps.

    MANTER A CAbEA ERGUIDA DURANTE O TRANSPORTEOlhar para a frente, e no para baixo para a carga, caso esta esteja segura com firmeza.Sempre que possvel manter os braos esticados.Suspender cargas iguais em cada uma das mos, quando possvel.Para uma elevao longa, considerar ponto de descanso a meio caminho para mudar a posio de amarrao

    MOVIMENTAR SUAVEMENTEA carga no deve ser sacudida ou ligada bruscamente porque pode dificultar o transporte, fazer perder o controlo e aumentar o risco de leses.

    NO LEVANTAR OU TRANSPORTAR MAIS PESO DO qUE AqUELE qUE PODE SER fACILMENTE SER CONTROLADOH uma diferena entre o que uma pessoa pode levantar e o que pode faz-lo com segurana. Na dvida, procurar conselho ou pedir ajuda.

    POUSAR PRIMEIRO, AjUSTAR DEPOISSe for necessrio posicionar a carga com preciso, pous-la primeiro fazendo-a depois deslizar para a posio desejada.Evitar esforos em que a carga esteja acima dos ombros ou demasiado afastada.

    importante relembrar que apesar de todas estas recomendaes, ser necessrio ter sempre em considerao que o desempenho do operacional, vai depender diretamente da sua aptido fsica, sexo, idade e estado psicolgico. Promover o exerccio fsico e o reforo dos msculos que participam mais ativamente na movimentao de cargas. Sempre que seja tecnicamente possvel, utilize as ajudas mecnicas, tais como transferes, por forma a auxiliar a mobilizao dos doentes, ou se no existirem contraindicaes, promova a autonomia do doente.

    Figura 16

    Figura 17

    Figura 18

    Figura 19

  • 13

    notas:

    GABINETE DE QUALIDADE

    MOVIMENTAO E TRANSfERNCIA DE VTIMAS/DOENTES:ASPETOS POSTURAISE ERGONMICOSOs procedimentos que envolvem a movimentao e o transporte de doentes so considerados os mais penosos e perigosos para os operacionais.

    Inicialmente, deve-se efetuar uma avaliao: das condies fsicas da pessoa que ser

    movimentada; da sua capacidade de colaborar; avaliar a presena de soros, sondas e outros

    equipamentos instalados.

    Tambm importante, para um planeamento cuidadoso do procedimento, uma explicao, ao doente, do modo como se pretende mov-lo, como pode cooperar, para onde ser encaminhado e qual o motivo da locomoo. Vale a pena salientar que o doente deve ser orientado a ajudar, sempre que for possvel, que no deve ser mudado rapidamente de posio e deve usar chinelos ou sapatos com sola antiderrapante. A movimentao e o transporte de obesos precisa de ser cuidadosamente avaliada e planeada, usando-se, sempre que possvel, auxlios mecnicos.

    TRANSfERNCIA DA CAMA PARA A CADEIRA DE RODAS/CADEIRO: Primeiro, posicionar o doente na cama em posio

    de sentado e com os ps assentes no cho; Calar o doente com sapatos ou chinelos

    antiderrapantes; Colocar a cadeira de rodas ao lado da cama. Retirar

    o pedal da cadeira do lado junto cama e travar as rodas da mesma;

    O tripulante deve colocar-se de frente para o doente, segurando-o pelas calas ou cinto;

    Travar os joelhos do doente com os seus joelhos; Ajudar o doente a levantar-se fazendo presso com

    os seus joelhos nos dele e segurando-o pelo cinto/calas at ficar de p (o doente pode apoiar a mo na cadeira, para ajudar);

    O tripulante roda e faz rodar o doente sobre o p saudvel (ex. uma vtima com AVC, pode no ter fora e/ou conseguir apoiar o p do lado afetado), sentando-o na cadeira.

    SENTAR O DOENTE NA bEIRA DA CAMA: Colocar o doente em decbito lateral, sobre um

    plstico deslizante, e de frente para o lado em que vai se sentar;

    Elevar a cabeceira da cama, caso seja possvel; Uma pessoa apoia a regio dorsal e o ombro do

    doente e a outra segura os membros inferiores.

    De uma forma coordenada, elevar e girar o doente at ele ficar sentado;

    O membro inferior sem alteraes deve ser colocado por baixo do membro afetado arrastando as pernas at se encontrarem fora da cama (ex. no caso de se tratar de vitima com hemiparesia ou hemiplegia);

    Uma outra alternativa levantar o doente, apoiando no cotovelo, como descrito anteriormente. Depois, mover os seus membros inferiores para fora da cama.

    Figura 20

    Figura 21

    Figura 22

    Aspetos ergonmicos no pr-hospitalar

  • ASPETOS ERGONMICOS NO PR-HOSPITALAR

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    notas:

    TRANSfERIR O DOENTE DA CAMA PARA UMA MACA:No existe uma forma segura para realizar uma transferncia manual da cama para uma maca. Existem equipamentos auxiliares (ex. transferes, lona), que devem ser utilizados de forma a minimizar o esforo exercido pelo tripulante.Nesse caso, o doente deve ser lateralizado para que se acomode o material por baixo da vtima. Volta-se o doente para a posio supina, puxando-o para a maca com a ajuda do material ou do lenol. Devem participar neste procedimento tantas pessoas quantas pessoas forem necessrias, dependendo das condies e do peso do doente. Nunca esquecer de travar as rodas da cama e da maca e (se possvel) ajustar a sua altura.

    TRANSPORTE MANUAL DO EqUIPAMENTO DE EMERGNCIASegundo diretrizes elaboradas pelo departamento de emergncia mdica do INEM, qualquer equipa de socorro (meio INEM SBVD) que se ausenta da viatura de emergncia para se dirigir ao encontro da vtima, deve fazer-se acompanhar pelo seguinte equipamento de primeiros socorros: 1 Saco de 1 abordagem (via area); 1 Aspirador; 1 Bala de oxignio porttil; 1 Desfibrilhador Automtico Externo - DAE (caso

    possuam).

    O tripulante de ambulncia de socorro, por vezes, v-se na necessidade de se deslocar dezenas de metros por vezes, centenas de metros, para conseguir chegar perto da vtima. Essa deslocao pode ser efetuada em passo acelerado, podendo encontrar escadas ou mesmo pavimentos em mau estado. Deste modo essencial que o tripulante de ambulncia de socorro adote uma postura correta ao transportar o material obrigatrio e necessrio para o socorro sem que para isso coloque a sua segurana e sade em risco.

    Figura 23

    Figura 24

    Figura 25

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    notas:

    GABINETE DE QUALIDADE

    Tabela 2: Peso indicativo do diverso material de socorro presente nos meios INEM de SBV e SIV

    AMbULNCIA DE SUPORTE bSICO DE VIDA - SbV

    MATERIAL DE SOCORRO PESO ObSERVAES

    Saco 1: 6 Kg Via area

    Saco 2: 6 Kg Trauma

    DAE: 4 Kg LifePack 500

    Aspirador (Laerdal/Weinmann): 4/5,3 Kg LSU/Accuvav

    Computador Porttil: 2 Kg Panasonic

    Bala Oxignio porttil (3L): 6 Kg Acail

    Bala Oxignio fixa (20L): 34 Kg Acail

    Cadeira de Roda: 9,3 Kg Auto Ribeiro

    Plano duro adulto: 8 Kg Spencer

    Plano duro peditrico: 4,5 Kg -

    Colete de extrao: 2,5 Kg -

    Maca Scoop: 10 Kg -

    Maca de vcuo 7 Kg coquile

    PESO TOTAL: 105 Kg

    AMbULNCIA DE SUPORTE IMEDIATO DE VIDA - SIV

    MATERIAL DE SOCORRO PESO ObSERVAES

    Mochila 1: 14 Kg Via area

    Mochila 2: 9,5 Kg Trauma

    Monitor de sinais vitais: 11 Kg LifePack 12

    Aspirador (Weinmann): 5,3 Kg Accuvav basic

    Computador Porttil: 2 Kg Panasonic

    Bala Oxignio porttil (3L): 6 Kg Acail

    Bala Oxignio fixa (20L): 34 Kg Acail

    Cadeira de Roda: 9,3 Kg Auto Ribeiro

    Plano duro adulto: 8 Kg Spencer

    Plano duro peditrico: 4,5 Kg -

    Colete de extrao: 2,5 Kg -

    Maca Scoop: 10 Kg -

    Maca de vcuo 7 Kg coquile

    PESO TOTAL: 123 Kg

    Aspetos ergonmicos no pr-hospitalar

  • ASPETOS ERGONMICOS NO PR-HOSPITALAR

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    BIBLIOGRAFIA

    ASPETOS ERGONMICOS

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    GABINETE DE QUALIDADE

    Manual de TAS: Normas, Emergncias Peditricas e Obsttricas. INEM, 1 edio, 2012

    Gtowczynska-Woelke, Karolin, Wzorek, Roman - Campanha Europeia de Inspeo e Informao. Movimentao Manual de Cargas. Varsvia: Studio 27, 2008, traduzido pela ACT.

    Alexandrel, Rogantell. Escola de Enfermagem, Universidade de So Paulo. So Paulo [Consultado 18 Setembro 2012] disponvel na internet URL http://www.ee.usp.br/reeusp/upload/html/510/body/v34n2a06.htm

    Alivie a carga! Preveno das lombalgias no sector dos Cuidados de Sade. Lisboa: IGT/CARIT, 2007

    Manual handling: Solutions you can handle HSG115. England: HSE Books 1994, ISBN 0 7176 0693 7

    Viana. Manual de segurana e boas prticas para o profissional TAE do INEM. Escola Superior de Tecnologia e Gesto (Ps-graduao em "Segurana e Higine no Trabalho"). 2010

    IMAGENS (obtidas de diversas fontes): Algumas imagens presentes neste manual foram retiradas de pginas eletrnicas de acesso livre, sendo, por este facto, dficil

    reconhecer a sua autoria. Neste sentido, o INEM encontra-se disponvel, atravs do contato [email protected], para em futuras re-edies fazer o devido crdito de autor, ou retirar as mesmas, caso seja solicitado;

    Fotografia (INEM); Desenho dos autores/colaboradores.

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