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  Publicação IPR XXX MANUAL DE VEGETAÇÃO RODOVIÁRIA VOLUME 1 2009

Manual de Vegetacao Rodoviaria - Volume 1

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Publicao IPR XXX

MANUAL DE VEGETAO RODOVIRIA

VOLUME 1

2009

MINISTRO DOS TRANSPORTESDr. Alfredo Pereira do Nascimento

DIRETOR GERAL DO DNIT Luiz Antonio Pagot DIRETOR EXECUTIVO DO DNITEng.o Jos Henrique Sadok de S Eng.o Chequer Jabour Chequer

INSTITUTO DE PESQUISAS RODOVIRIAS

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MINISTRIO DOS TRANSPORTES DEPARTAMENTO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES DIRETORIA EXECUTIVA INSTITUTO DE PESQUISAS RODOVIRIAS

Publicao IPR XXX

MANUAL DE VEGETAO RODOVIRIAVOLUME 1

IMPLANTAO E RECUPERAO DE REVESTIMENTOS VEGETAIS RODOVIRIOS

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EQUIPE TCNICA: Eng. Jos Lus Mattos Britto Pereira (Coordenador) Eng. Maria Lcia Barbosa de Miranda (Supervisora) Eng. Alvimar Mattos de Paiva (Consultor) COMISSO DE SUPERVISO Eng. Gabriel de Lucena Stuckert (DNIT / DIREX / IPR) Eng. Pedro Mansour (DNIT / DIREX / IPR) Eng. Elias Salomo Nigri (DNIT / DIREX / IPR) COLABORADOR: Bibliot. Tnia Bral Mendes (DNIT / DIREX / IPR) Tc. Luiz Carlos Aurlio (Tcnico em Informtica) Tc. Karen Fernandes de Carvalho (Tcnica em Informtica) Tc. Clia de Lima M. Rosa (Tcnica em Informtica)

Brasil. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Diretoria Executiva. Instituto de Pesquisas Rodovirias. Manual de vegetao rodoviria. - Rio de Janeiro, 2009. 2v. (IPR. Publ., xxx). v. 1: Implantao e recuperao de revestimentos vegetais rodovirios. v. 2: Flora dos ecossistemas brasileiros. 1. Rodovias Arborizao e ajardinamento. I. Srie. II. Ttulo. Reproduo permitida desde que citado o DNIT como fonte.

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DNIT

MANUAL DE VEGETAO RODOVIRIA

VOLUME 1

IMPLANTAO E RECUPERAO DE REVESTIMENTOS VEGETAIS RODOVIRIOS

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DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES DIRETORIA GERAL DIRETORIA EXECUTIVA INSTITUTO DE PESQUISAS RODOVIRIAS Rodovia Presidente Dutra, km 163 Vigrio Geral Cep.: 21240-000 - Rio de Janeiro - RJ Tel.: (21) 3545-4504 Fax.: (21) 3545-4482/4600 e-mail.: [email protected]

TTULO: MANUAL DE VEGETAO RODOVIRIA VOLUME 1: Implantao e recuperao de revestimentos vegetais rodovirios VOLUME 2: Flora dos ecossistemas brasileiros Elaborao: DNIT / ENGESUR Contrato: DNIT / ENGESUR 264 / 2007 IPR Aprovado pela Diretoria Colegiada do DNIT em xx / xx / xxxx

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

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APRESENTAOO Instituto de Pesquisas Rodovirias (IPR) do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT), em continuidade ao Programa de Reviso e Atualizao de Normas e Manuais Tcnicos, no qual se insere a elaborao de novos instrumentos, vem apresentar comunidade rodoviria e pesquisadores em geral o Manual de Vegetao Rodoviria. Trata-se da primeira verso de um documento, que pode estar inserido no chamado segundo estgio de um Programa de Elaborao e Aprimoramento do Instrumental de Meio Ambiente do DNIT, iniciado na dcada de 90. O seu objetivo orientar os profissionais do ramo no tratamento ambiental pelo revestimento vegetal das reas de uso e do canteiro de obras, nas quais so considerados os procedimentos e tcnicas de reabilitao ambiental, e em sua prpria faixa de domnio e nos acessos mesma, nos quais so implantados o paisagismo e a sinalizao viva, como reintegrao ao meio ambiente circundante, atividades estas inerentes ao empreendimento rodovirio, em qualquer de suas fases do seu ciclo de vida. Este Manual supre uma lacuna que o DNIT vinha sentindo j h algum tempo e, portanto, pode ser considerado um marco importante das interaes do rgo com a problemtica ambiental, por si s bastante evidente no setor rodovirio. Sendo um documento indito e passvel de aperfeioamento, est aberto a crticas, comentrios, sugestes e contribuies de usurios e leitores que podem, a seu critrio, entrar em contato com o IPR para os fins. Na oportunidade, solicita-se aos que utilizarem este Manual, que enviem suas contribuies e crticas, por carta ou e-mail, para: Instituto de Pesquisas Rodovirias IPR, Rodovia Presidente Dutra, Km 163 Centro Rodovirio Vigrio Geral Rio de Janeiro, RJ, CEP: 21240-000, e-mail: [email protected]

Eng Civil CHEQUER JABOUR CHEQUER Gerente de Projeto DNIT Instituto de Pesquisas Rodovirias - IPR

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLASABEMA Associao Brasileira de Entidades Estaduais do Meio Ambiente. ANA Agencia Nacional de guas. APA rea de Proteo Ambiental (Federal). APAE - rea de Proteo Ambiental Estadual. APP rea de Preservao Permanente. ARIE rea de Relevante Interesse Ecolgico. ARPA Programa de reas Protegidas da Amaznia. ASV Autorizao para Supresso de Vegetao. CDB Conveno sobre Diversidade Biolgica. CMBBC Projeto de Conservao e Manejo da Biodiversidade do Bioma Cerrado. CNRH Conselho Nacional de Recursos Hdricos. CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente. CONVIVER Programa de Desenvolvimento Integrado e Sustentvel do Semirido. DG Diretoria Geral do DNIT. DIREX Diretoria Executiva do DNIT. DMA Domnio da Mata Atlntica. DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. EE Estao Ecolgica (Federal). EEE Estao Ecolgica Estadual. EIA Estudo de Impacto Ambiental. EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria. ES Norma DNIT do Tipo Especificao de Servios. EVTEA Estudo de Viabilidade Tcnico - Econmica - Ambiental. FCP Fundao Cultural Palmares. FLONA Floresta Nacional. FUNAI Fundao Nacional do ndio. FUNBIO Fundo Brasileiro para a Biodiversidade. IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis. IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica. IME Instituto Militar de Engenharia.

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INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. IPHAN Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional. IPR Instituto de Pesquisas Rodovirias. IRI International Research Institute. IS 246 Instruo de Servios n 246/DNIT Elaborao do Componente Ambiental dos Projetos de Engenharia Rodoviria. ISA Instituto Socioambiental. MAPA Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento. MDA Ministrio de Desenvolvimento Agrrio. MIN Ministrio da Integrao Nacional. MMA Ministrio de Meio Ambiente. MT Ministrio dos Transportes. PAS Plano da Amaznia Sustentvel. PCBAP Plano de Conservao da Bacia Alto Paraguai. PE Parque Estadual. PN Parque Nacional. PNAP Plano Nacional de reas Protegidas. PNMA Plano Nacional do Meio Ambiente. PORTALBIO Portal Brasileiro sobre Biodiversidade (MMA). PP.G7 Subprograma Piloto para Proteo das Florestas Tropicais do Brasil. PPA Plano Plurianual. PRAD Plano de Recuperao de reas Degradadas. PRDS/MS Plano Regional de Desenvolvimento Sustentvel do Estado do Mato Grosso do Sul. PRO Norma DNIT do Tipo Procedimento. RBE - Reserva Biolgica Estadual. RE Reserva Ecolgica. REBIO Reserva Biolgica (Federal). REE - Reserva Ecolgica Estadual. RESEX Reserva Extrativista. RIMA Relatrio de Impacto Ambiental. RPAA Relatrio Preliminar de Avaliao Ambiental. RPPN Reserva Particular de Patrimnio Natural. SBPC Associao Brasileira para Progresso da Cincia.MT/DNIT/IPR

SISNAMA Sistema Nacional de Meio Ambiente. SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservao da Natureza. SUDAM Superintendncia de Desenvolvimento da Amaznia. TAC Termo de Ajustamento de Conduta. TI Terras Indgenas. UC Unidade de Conservao. ZEE Zoneamento Ecolgico - Econmico.

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LISTA DE ILUSTRAES FIGURAS Figura 1 Distribuio das Subreas Classes A, B e C ........................................................ Figura 2 Processo de Plantio............................................................................................... Figura 3 Sistema de Tiras para Plantio ............................................................................... Figura 4 Plantio de Arbustos .............................................................................................. Figura 5 Plantio de rvores ............................................................................................... 55 83 84 88 90

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LISTA DE ILUSTRAES TABELAS Tabela 1 Gramneas e Luminosas para as Subreas das Classes A e B........................... Tabela 2 Gramneas e Leguminosas para a Subrea da Classes B .................................. Tabela 3 Espcies para Plantio em Consorciao ............................................................ Tabela 4 Alternativas 1 a 6............................................................................................... Tabela 5 Espcies para Hidrossemeadura ........................................................................ Tabela 6 Espcies Arbustivas .......................................................................................... Tabela 7 Espaamentos entre Mudas ............................................................................... Tabela 8 Resumo da Restaurao por Adubao............................................................. 75 75 80 80 81 85 86 96

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SUMRIO

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SUMRIO VOLUME 1Apresentao ........................................................................................................................... 5 7 11 13 17 25 33 37 37 39 39 40 42 42 43 44 45 45 49 49 49 50 51 52 53 54 54 55 55 56 Lista de abreviaturas e siglas ........................................................................................................ Lista de ilustraes Figuras......................................................................................................... Lista de ilustraes - Tabelas ......................................................................................................... Sumrio 1. Introduo ........................................................................................................................... ...........................................................................................................................

2. Objetivos do manual .................................................................................................................. 3. Consideraes pertinentes.......................................................................................................... 3.1 Fundamento legal do revestimento vegetal nas reas Rodovirias .................................. 3.2 Conceitos bsicos sobre formaes florestais.................................................................... 3.2.1 3.2.2 3.2.3 3.2.4 Ecossistemas e biomas ........................................................................................... Matas ciliares ......................................................................................................... Florestas de encostas e baixadas ............................................................................ Corredores ecolgicos............................................................................................

3.3 Avaliao tcnica e econmica .......................................................................................... 3.3.1 3.3.2 3.3.3 4 Projetos de Engenharia........................................................................................... Quantitativos envolvidos ....................................................................................... Custos envolvidos .................................................................................................

reas rodovirias com revestimento vegetal ........................................................................... 4.1 reas de intervenes e recuperao ambiental ................................................................ 4.1.1 4.1.2 reas de uso e do canteiro de obras....................................................................... reas de passivo ambiental....................................................................................

4.2 reas de novas implantaes de revestimento vegetal ...................................................... 4.3 reas de implantao de revestimento vegetal na faixa de domnio ................................ 4.3.1 4.3.2 4.3.3 Subrea Classe A da faixa de domnio ................................................................. Subrea Classe B da faixa de domnio................................................................... Subrea Classe C da faixa de domnio...................................................................

4.4 Anlise comparativa das espcies vegetais em relao s subreas da faixa de domnio . 4.4.1 4.4.2 Subrea Classe A da faixa de domnio ................................................................. Subrea Classe B da faixa de domnio...................................................................

4.4.3 5

Subrea Classe C da faixa de domnio...................................................................

56 60 60 60 60 61 61 62 62 66 66 67 67 68 69 69 70 71 75 78 81 84 88 94 94 94 95 96 97 98 98 99

Procedimentos para implantao do revestimento vegetal ...................................................... 5.1 Medidas corretivas gerais................................................................................................... 5.2 Medidas corretivas especficas........................................................................................... 5.2.1 5.2.2 5.2.3 5.2.4 5.2.5 Remoo da camada superficial de solo ................................................................ Preparo de reas para reabilitao ambiental......................................................... Limpeza do terreno ................................................................................................ Conformao de taludes ou modelagem do terreno............................................... Espalhamento ou distribuio do solo orgnico ....................................................

6

Tcnicas usuais de revestimento vegetal ................................................................................. 6.1 Consideraes iniciais........................................................................................................ 6.2 Fatores ambientais intervenientes no revestimento vegatal............................................... 6.2.1 6.2.2 6.2.3 6.2.4 Fatores climticos .................................................................................................. Fatores edficos...................................................................................................... Fatores devidos fitofisionamia regional .............................................................. Fatores intervenientes na seleo das espcies vegetais ........................................

6.3 Tcnicas de plantio de revestimentos vegetais .................................................................. 6.3.1 6.3.2 6.3.3 6.3.4 6.3.5 6.3.6 7 Revestimento vegetal por placas ou leivas de gramneas (enleivamento) ............ Revestimento vegetal de gramneas pelo processo de plantio por estoles........... Revestimento vegetal pelo plantio de gramneas por sementes............................. Revestimento vegetal pelo processo de plantio de gramneas por mudas ............. Revestimento vegetal pelo plantio de arbustos ...................................................... Revestimento vegetal pelo plantio de rvores........................................................

Recuperao e manuteno de revestimentos vegetais ........................................................... 7.1 Recuperao de revestimentos vegetais herbceos (gramas) ............................................ 7.1.1 7.1.2 7.1.3 Classificao das reas para a recuperao............................................................ Servios de recuperao da vegetao herbcia (gramados) por adubao........... Servios de restaurao pelo plantio de leguminosas ............................................

7.2 Manuteno do revestimento vegetal................................................................................. 7.2.1 7.2.2 7.2.3 Manuteno intensiva ............................................................................................ reas tratadas com herbicidas ............................................................................... Manuteno espordica..........................................................................................

7.3 Manuteno de reas reflorestadas .................................................................................... 100MT/DNIT/IPR

7.4 Manuteno de plantas ornamentais .................................................................................. 101 Anexos ........................................................................................................................... 103

Anexo A: Documentrio Fotogrfico Barreira de Capim Vetiver .................................. 105 Anexo B: Quadros das espcies arbreas recomendadas para o revestimento vegetal...... 111 Anexo C: Descrio das espcies arbreas utilizadas no revestimento vegetal................. 115

VOLUME 2Lista de Abreviaturas e Siglas ....................................................................................................... 133 Lista de Ilustraes Figuras......................................................................................................... 137 Lista de Ilustraes Fotos............................................................................................................ 139 Lista de Tabelas ........................................................................................................................... 141 Sumrio 8 ........................................................................................................................... 145

Ecossistemas Brasileiros ......................................................................................................... 151 8.1 Definies .......................................................................................................................... 151 8.2 Classificao dos ecossistemas .......................................................................................... 155 8.2.1 8.2.2 8.2.3 8.2.4 8.2.5 8.2.6 8.2.7 Floresta Amaznica................................................................................................ 156 Floresta Atlntica ................................................................................................... 157 Cerrado................................................................................................................... 157 Caatinga ................................................................................................................. 158 Pantanal.................................................................................................................. 158 Mata de Araucria ou Pinheiral ............................................................................. 158 Campos .................................................................................................................. 159

8.3 Ecossistema Floresta Amaznica....................................................................................... 159 8.3.1 8.3.2 8.3.3 8.3.4 8.3.5 8.3.6 8.3.7 8.3.8 Abrangncia territorial ........................................................................................... 159 Plano da Amaznia Sustentvel - PAS .................................................................. 166 Infraestrutura rodoviria regional .......................................................................... 167 Caracterizao ambiental da regio ....................................................................... 169 Caractersticas peculiares das espcies vegetais .................................................... 173 Experincia de revegetao.................................................................................... 179 Estudos de hidrossemeadura .................................................................................. 190 Levantamento fitofisionmico da Regio Amaznica ao longo da rodovia BR-319/AM............................................................................................................ 191 8.4 Ecossistema da Mata Atlntica ......................................................................................... 193MT/DNIT/IPR

8.4.1 8.4.2 8.4.3 8.4.4 8.4.5 8.4.6 8.4.7 8.4.8 8.4.9

Consideraes gerais.............................................................................................. 193 Abrangncia territorial ........................................................................................... 196 Sustentabilidade da Mata Atlntica........................................................................ 201 Infraestrutura rodoviria regional .......................................................................... 213 Sntese da legislao de proteo da Mata Atlntica ............................................. 214 Unidades de conservao e terras indgenas ......................................................... 217 Caracterizao ambiental da regio ....................................................................... 219 Caractersticas peculiares das espcies vegetais .................................................... 224 Distribuio espacial da cobertura vegetal............................................................. 228

8.5 Ecossistema Complexo Brasil Central - Cerrado............................................................... 229 8.5.1 8.5.2 8.5.3 8.5.4 8.5.5 8.5.6 8.5.7 8.5.8 8.5.9 Consideraes gerais.............................................................................................. 229 Principais problemas scio-ambientais.................................................................. 231 Abragncia territorial ............................................................................................. 232 Infraestrutura rodoviria regional .......................................................................... 234 Distribuio espacial da vegetao ........................................................................ 234 Unidades de conservao ....................................................................................... 235 Planos e programas de sustentabilidade do Cerrado.............................................. 235 Caracterizao ambiental da regio ....................................................................... 237 Caractersticas peculiares das espcies vegetais .................................................... 243

8.6 Ecossistema Caatinga......................................................................................................... 249 8.6.1 8.6.2 8.6.3 8.6.4 8.6.5 8.6.6 8.6.7 8.6.8 Consideraes gerais.............................................................................................. 249 Abrangncia territorial ........................................................................................... 251 Sustentabilidade da Caatinga ................................................................................. 253 Infraestrutura rodoviria regional .......................................................................... 256 Caracterizao ambiental da regio ....................................................................... 257 Unidades de conservao e terras indgenas .......................................................... 265 Flora e fauna........................................................................................................... 265 Caractersticas peculiares das espcies vegetais .................................................... 268

8.7 Ecossistema Pantanal ......................................................................................................... 268 8.7.1 8.7.2 8.7.3 8.7.4 Consideraes gerais.............................................................................................. 268 Histrico regional da ocupao do Pantanal .......................................................... 270 Abrangncia territorial ........................................................................................... 271 Comunidades indgenas ......................................................................................... 272MT/DNIT/IPR

8.7.5 8.7.6 8.7.7 8.7.8

Planos e programas de sustentabilidade do Pantanal ............................................. 272 Infraestrutura rodoviria regional .......................................................................... 276 Caracterizao ambiental da regio ....................................................................... 277 Composio da vegetao...................................................................................... 286

8.8 Ecossistema Pampas .......................................................................................................... 287 8.8.1 8.8.2 8.8.3 8.8.4 8.8.5 8.8.6 8.8.7 Anexos Consideraes gerais.............................................................................................. 287 Abragncia territorial ............................................................................................. 288 Participao do bioma pampas nas divises do Estado ......................................... 289 Planos de sustentabilidae ....................................................................................... 290 Infraestrutura rodoviria regional .......................................................................... 294 Caracterizao ambiental da regio ....................................................................... 295 Composio da Vegetao ..................................................................................... 298 ........................................................................................................................... 303

Anexo D: Gramneas de melhor comportamento no 1 experimento ................................ 305 Anexo E: Leguminosas de melhor desempenho no 1 experimento.................................. 309 Anexo F: Espcies e linhagens originrias da Regio Amaznica .................................... 311 Anexo G: Testes de hidrossemeadura BR 319/AM ........................................................ 315 Anexo H: Mapeamento das |Regies Fitoecolgicas do Pantanal ..................................... 319 Referncias Bibliogrficas ............................................................................................................. 323

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Manual de Vegetao Rodoviria

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1. INTRODUO

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Manual de Vegetao Rodoviria

1. INTRODUOO Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (DNIT), fundamentado no Programa de Criao, Ampliao ou Aprimoramento de seu instrumental tcnico e normativo de cunho ambiental, e dando continuidade ao processo de desenvolvimento e aperfeioamento tcnico/cientfico de suas atividades rodovirias, vem apresentar comunidade rodoviria este Manual de Vegetao Rodoviria. Almeja o DNIT suprir lacunas existentes no tratamento ambiental pelo revestimento vegetal das reas de uso, do canteiro de obras e do passivo ambiental, nas quais so considerados os procedimentos e tcnicas de reabilitao ambiental, e em sua prpria faixa de domnio e nos acessos mesma, nos quais so implantados o paisagismo e a sinalizao viva, como reintegrao ao meio ambiente circundante, atividades estas inerentes ao empreendimento rodovirio, em qualquer de suas fases do seu ciclo de vida. Em observncia aos ditames das Diretrizes Ambientais do DNIT, os empreendimentos rodovirios, em qualquer das etapas de seu ciclo de vida, quer construtivas, quer operacionais, devero cumprir em suas atividades a conformidade concernente legislao ambiental vigente, atravs da insero nos projetos da engenharia, em qualquer de suas fases ou formas, de seu Componente Ambiental regulamentado pela Instruo de Servio IS-246: Componente Ambiental dos Projetos de Engenharia Rodoviria das Diretrizes Bsicas para Elaborao de Estudos e Projetos Rodovirios, associando-se o mesmo s atividades de gesto ambiental do empreendimento. Este conjunto de atividades rodovirias, que constituem o ciclo de vida da rodovia, necessita do uso ou afetam de modo direto ou indireto os recursos naturais da regio onde se insere, alterando de modo preponderante o equilbrio do relacionamento dos fatores ambientais dos meios fsico, bitico e antrpico, quanto a sua funcionalidade ou sustentabilidade, constituindo, portanto, um conjunto de alteraes ambientais que evoluem para um panorama de perdas ambientais e, em especial, da biodiversidade regional devido perda de patrimnio bitico e, consequentemente, seus reflexos sobre a fauna regional. Este conjunto de alteraes ambientais retratado na supresso da vegetao nativa, alteraes da drenagem natural e concentrao dos fluxos pluviais em determinados talvegues, alteraes do relevo pela movimentao de solos e de materiais de construo e interceptao de corredores ecolgicos da fauna regional. Para suprimir ou mitigar este conjunto de perdas ambientais e buscar o cumprimento de metas e objetivos da gesto ambiental do DNIT, bem como objetivar o bom desempenho ambiental de suas atividades, o Componente Ambiental da Engenharia Rodoviria se fundamenta em dois pilares bsicos, os Estudos Ambientais e o Projeto Ambiental. No Projeto Ambiental destaca-se o atendimento aos Programas Ambientais do Plano Bsico Ambiental - PBA, com relevncia para os de combate ao processo erosivo, a recuperao do passivo ambiental, a reabilitao ambiental das reas degradadas pelo uso de reas e do canteiro de obras, a reintegrao da rodovia ao meio ambiente circundante e a sinalizao viva de seus dispositivos de proteo e segurana rodoviria, todos eles alicerados no revestimento vegetal herbceo, arbustivo e

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Manual de Vegetao Rodoviria arbreo e fundamentados nos processos da tcnica de plantio agronmico, para atingir a eficcia da medida de proteo ambiental almejada. Os recobrimentos vegetais arbreo, arbustivo ou herbceo so considerados os processos mais eficientes para recuperao da bio-estrutura dos solos expostos, os quais constituem o processo natural para se atingir os efeitos desejados na reabilitao ambiental das reas afetadas pelas atividades rodovirias. Entretanto, as reabilitaes ambientais devidas s perdas do patrimnio bitico (supresso de vegetao) se distribuem ao longo da malha rodoviria nacional, a qual se estende e se insere em diversos ecossistemas do territrio brasileiro, os quais possuem caractersticas peculiares de seus ambientes naturais, exigindo do projetista rodovirio uma ateno especial na seleo das espcies vegetais que devem ser plantadas de acordo com o Projeto Ambiental, respeitando-se as fitofisionomias regionais. Com base nos descritivos dos ecossistemas, almeja-se sensibilizar os tcnicos rodovirios para a importncia de se elaborar pesquisa ou mesmo proceder o levantamento fitofisionmico da regio onde sero desenvolvidas as atividades rodovirias, buscando-se o melhor desempenho das espcies vegetais selecionadas para o sucesso da reabilitao ambiental. Este Manual de Vegetao Rodoviria est sendo apresentado em 02 (dois) Volumes, assim identificados: Volume 1: Implantao e Recuperao de Revestimentos Vegetais Rodovirios Seo 1: Introduo Seo 2: Objetivos do Manual Seo 3: Consideraes Pertinentes Seo 4: reas Rodovirias com Revestimento Vegetal Seo 5: Procedimentos para Implantao do Revestimento Vegetal Seo 6: Tcnicas Usuais de Revestimento Vegetal Seo 7: Recuperao e Manuateno de Revestimentos Vegetais Volume 2: Flora dos Ecossistemas Brasileiros Seo 8: Ecossistemas Brasileiros Considerando-se a dinmica da vegetao em relao ao meio no qual ela se desenvolve (fatores fsicos) e a necessidade contnua de melhoramento das tcnicas, materiais e insumos recomendados, haver a necessidade de atualizaes e aprimoramentos do presente Manual, fundamentando-se em novos e constantes estudos ditados pela boa tcnica do monitoramento das atividades de revegetao. Os resultados esperados na aplicao das diretrizes sugeridas para implantao, manuteno e recuperao dos revestimentos vegetais no so infrutferos e constituiro, basicamente, os pontos de partida para o incio de uma nova era no campo da vegetao rodoviria e a dedicao daqueles que, direta ou indiretamente, colaboram na consecuo das pesquisas.

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Manual de Vegetao Rodoviria Tem-se a certeza de que, uma vez com os dados obtidos nas pesquisas e das recomendaes resultantes, associados ao aproveitamento desses conhecimentos racionalmente utilizados, haver uma alterao radical na linha de conduta no aspecto de revestimento vegetal em rodovias. Srios problemas de manuteno e conservao podem ser significativamente sanados ou diminudos na mesma magnitude em que foram utilizados os conhecimentos adquiridos na prtica da vegetao rodoviria. Eroses, outrora generalizadas e frequentemente problemticas, podem deixar de ocorrer, reduzindo sensivelmente o custo de manuteno. A adoo de critrios de plantio e manuteno adequados para as reas planejadas de vegetao, associadas s operaes interrelacionadas, possibilita no mnimo, a reduo substancial no custo da manuteno que vem sendo realizada. O uso da consorciao de espcies de gramneas e leguminosas na vegetao herbcea, alm da reduo ou eliminao radical das adubaes de manuteno, reduz ainda mais os custos de manuteno, para nveis condizentes com a realidade econmica nacional. Apesar da pouca significncia dos resultados atuais obtidos na implantao da vegetao rodoviria, aliado aos aspectos diversos que complementaro os conhecimentos adquiridos em pesquisas e no contnuo monitoramento das atividades ambientais rodovirias, almeja-se a continuidade desta vivncia para o constante aprimoramento deste Manual. Quanto ao desenvolvimento temtico deste Manual para atender aos objetivos almejados, alm desta Seo 1 Introduo, o documento est estruturado em mais sete Sees, na forma que se segue: Seo 2 Objetivo - O Manual de Vegetao Rodoviria objetiva trazer aos engenheiros rodovirios alm das tcnicas usuais de revestimento vegetal, de acordo com os melhores procedimentos agronmicos, apresentar as caractersticas dos ecossistemas brasileiros onde est inserida a malha rodoviria, bem como, informar sobre as experincias bem sucedidas na reabilitao ambiental de reas degradadas. Seo 3 Consideraes pertinentes, neste tpico abordam-se os Aspectos Legais vinculados implantao do revestimento vegetal, em especial, concernentes Supresso de Vegetao para a implantao rodoviria em reas de Proteo Permanente (APP) e a implantao das espcies vegetais em reas da Mata Atlntica, os Conceitos Bsicos sobre Formaes Florestais, abordando-se Ecossistemas e Biomas, Matas Ciliares e Florestas de Encostas e Baixadas, Corredores Ecolgicos, as Justificativas Tcnicas e Econmicas baseadas nas quantidades de vegetao envolvidas nos ltimos grandes empreendimentos rodovirios implantados ou em curso no Brasil, associadas ao percentual em relao ao custo total da Engenharia. Seo 4 - reas rodovirias com revestimento vegetal, na qual so abordados os aspectos do revestimento vegetal em reas de Intervenes das Atividades de Construo e Manuteno Rodoviria e suas Recuperaes Ambientais, bem como as reas de Novas Implantaes de Revestimento Vegetal com destaque para a Recuperao de Matas Ciliares; e reas de Implantao do Revestimento Vegetal na Faixa de Domnio, em especial, a implantao do Paisagismo e Sinalizao Viva. 27MT/DNIT/IPR

Manual de Vegetao Rodoviria Seo 5 Procedimentos para implantao do revestimento vegetal, na qual so descritos os procedimentos para a implantao do revestimento vegetal atravs de medidas corretivas gerais e de medidas corretivas especficas. a) Seo 6 - Tcnicas usuais de revestimento vegetal, na qual so enfocadas as tcnicas de plantio da revegetao herbcea, arbustiva e arbrea, sob o aspecto manual ou mecanizado, apresentando-se ainda a seleo das espcies vegetais recomendadas, seguindo-se com a exposio da manuteno e recuperao dos revestimentos vegetais. b) Seo 7 Recuperao e manuteno de revestimentos vegetais, na qual so discriminados os servios de recuperao do revestimento vegetal, por adubao e com leguminosas, e de manuteno do revestimento vegetal (intensiva e espordica), manuteno de reas reflorestadas e manuteno de plantas ornamentais. c) Seo 8 Flora dos ecossistemas brasileiros e suas caractersticas gerais, na qual so descritos em itens especficos os componentes dos Ecossistemas Brasileiro, constitudos pela Floresta Amaznica; Floresta Atlntica; Complexo do Brasil Central (Cerrado); Complexo da Caatinga; Complexo do Meio Norte; Complexo do Pantanal; Complexo da Restinga; Complexo do Pinheiral; Campos do Alto Rio Branco; Campos da Plancie Riograndense, sendo que, em cada um deles, apresentada sua Abrangncia Territorial, Caracterizao Ambiental da Regio, Caractersticas Peculiares das Espcies Vegetais, Experincias de Revegetao. Considerando-se a vinculao deste Manual com o restante da documentao tcnica do DNIT concernente s questes ambientais relacionadas com as atividades rodovirias e sujeitas legislao ambiental vigente, j aprovada pelo DNIT e divulgada pelo IPR, recomenda-se, ao manusear este Manual, a consulta ou o apoio nestes documentos, que so relacionados a seguir: Manual de Atividades Ambientais Rodovirias Publicao IPR n 730 (2006); Diretrizes Bsicas para Elaborao de Estudos e Programas Ambientais Rodovirios, Escopos Bsicos e Instrues de Servio Publicao IPR n. 729 (2006); Manual para Ordenamento do Uso do Solo nas Faixas de Domnio e Lindeiras das Rodovias Federais, Publ. IPR 712 (2005); Instruo de Proteo Ambiental das Faixas de Domnio e Lindeiras das Rodovias Federais, Publ. IPR 713 (2005); Manual de Conservao Rodoviria. Publ. IPR 710 (2005). Normas de Especificaes de Servios e Procedimentos Ambientais: Norma DNIT 070/2006 PRO Condicionantes Ambientais das reas de Uso de Obras Procedimento. Norma DNIT 071/2006 ES - Tratamento ambiental de reas de uso de obras e do passivo ambiental de reas consideradas planas ou de pouca declividade por vegetao herbcea Especificao de Servio.

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Manual de Vegetao Rodoviria Norma DNIT 072/2006- ES - Tratamento ambiental de reas de uso de obras e do passivo ambiental de reas ngremes ou de difcil acesso pelo processo de revegetao herbcea Especificao de Servio. Norma DNIT 073/2006 - ES - Tratamento ambiental de reas de uso de obras e do passivo ambiental de reas consideradas planas ou de pouca declividade por revegetao arbrea e arbustiva Especificao de Servio. Norma DNIT 074/2006 - ES - Tratamento ambiental de taludes e encostas por intermdio de dispositivos de controle de processos erosivos Especificao de Servio. Norma DNIT 075/2006 ES - Tratamento ambiental de taludes com solos inconsistentes Especificao de Servio. Norma DNIT 076/2006 ES - Tratamento ambiental acstico das reas lindeiras da faixa de domnio Especificao de Servio. Norma DNIT 077/2006 ES - Cerca viva ou de tela para proteo da fauna Especificao de Servio. Norma DNIT 078/2006 PRO - Condicionantes ambientais pertinentes segurana rodoviria na fase de obras Procedimento.

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2. OBJETIVOS DO MANUAL

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2. OBJETIVOS DO MANUALObjetiva o Manual de Vegetao Rodoviria suprir as lacunas mencionadas anteriormente e trazer aos tcnicos rodovirios alm das Tcnicas Usuais de Revestimento Vegetal, de acordo com os melhores procedimentos agronmicos, o descritivo das caractersticas dos ecossistemas onde se insere a malha rodoviria, o conhecimento das experincias vegetais agronmicas bem sucedidas de Reabilitao Ambiental de reas degradadas vinculadas regio, tanto no setor rodovirio como em outros setores congneres. As instituies pblicas e privadas, governamentais e no governamentais (ONG), vm executando, h muitos anos, um conjunto de experincias vegetais agronmicas, para suprir a conformidade legal de suas atividades quanto legislao ambiental, em atendimento aos diversos tipos de reabilitaes ambientais de seus projetos, os quais, em suas publicaes tcnicas, ficaram restritas ao conhecimento dos tcnicos circunscritos aos empreendimentos realizados. Existe, portanto, a necessidade de se buscar estas experincias comprovadas, monitoradas e documentadas, e divulg-las ao conhecimento dos tcnicos projetistas rodovirios e das empresas de superviso de obras, objetivando a otimizao de suas tarefas, atravs de um sumrio das mesmas ou de referncias para consulta. Em cada Ecossistema devero ser pesquisados os Planos e Programas existentes ou em elaborao, com destaque para o zoneamento ecolgico - econmico (ZEE), planos de sustentabilidade do ecossistema, reas privilegiadas pela legislao ambiental pertencentes ao Sistema Nacional de Unidades de Conservao da Natureza (SNUC). Deve-se ressaltar que uma criteriosa e econmica seleo de espcies vegetais para o revestimento vegetal fator decisivo para o sucesso da reabilitao ambiental almejada atravs do controle dos processos erosivos e o estabelecimento de um menor escoamento superficial, associado a uma boa infiltrao no solo das guas das chuvas. Constitui, tambm, objetivo deste Manual incentivar a tcnica do monitoramento das atividades de reabilitao ambiental atravs do processo vegetativo, para que se possa alcanar patamares de otimizao de custos e de eficcia dos mtodos de plantio.

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3. CONSIDERAES PERTINENTES

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3. CONSIDERAES PERTINENTES 3.1. FUNDAMENTO LEGAL DO REVESTIMENTO VEGETAL NAS REAS RODOVIRIAS

O revestimento vegetal, constitudo pelo plantio de espcies herbceas, arbreas e arbustivas, constantes do Componente Ambiental da Engenharia Rodoviria, em atendimento basicamente atravs de cinco Programas Ambientais do Plano Bsico Ambiental, constitui a conformidade legal das atividades de construo e conservao rodoviria, bem como o que preceituam as Diretrizes Ambientais do DNIT, retratados no cumprimento Instruo de Servio IS-246/DNIT, quanto mitigao dos danos e perdas ambientais ocorridos na supresso da vegetao nativa das reas de uso e do canteiro de obras, da faixa de domnio e seus acessos s reas lindeiras e no uso das reas de Preservao Permanente (APP), em especial as que margeiam os cursos dgua transpostos pela rodovia. Os cinco Programas Ambientais acima mencionados se consubstanciam no controle do processo erosivo, recuperao de reas degradadas e do passivo ambiental, paisagismo, sinalizao viva e proteo da flora. Legislao Ambiental

A supresso de vegetao regulamentada pelo novo Cdigo Florestal constitudo pela Lei n. 4771, de 15/09/65, e alteraes posteriores, como a Lei n. 7.803 de 18/07/89 e a Lei n. 7.875/89, e tambm, o Decreto n. 6.600, de 21/11/08, que regulamenta a Lei N 11.428, de 22/12/06, que dispe sobre o corte e a supresso de vegetao da Mata Atlntica. Da mesma forma, complementando a Legislao supracitada, o CONAMA, atravs das Resolues n 369, de 28/03/06, n 392, de 25/06/07 e n 388, de 23/02/07, dispe sobre os casos excepcionais de utilidade pblica, de interesse social ou de baixo impacto ambiental, que possibilitam a interveno ou supresso de vegetao em rea de Preservao Permanente (APP), bem como a definio e a convalidao das Resolues que caracterizam a vegetao primria e estgios sucessionais da vegetao secundria retratados em inicial, mdio e avanado de regenerao da Mata Atlntica em vrios Estados da Federao, para fins do disposto no art. 4o 1 da Lei n 11.428, de 22/12/06. As reas de Preservao Permanente (APP) so consideradas bens de interesse nacional e espaos territoriais especialmente protegidos, cobertos ou no por vegetao, com a funo ambiental de preservar os recursos hdricos, a paisagem, a estabilidade geolgica, a biodiversidade, o fluxo gnico da fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populaes humanas, com destaque para a singularidade e o valor estratgico destas reas de preservao permanente. Os pedidos de autorizao para supresso de vegetao (ASV) devem ser apresentados ao IBAMA, sendo os requisitos bsicos para a instruo desse pedido a apresentao de laudo florestal (levantamento ou cadastro fitofisionmico) sobre a rea objeto do pedido e sua localizao em base cartogrfica oficial, incluindo-se, portanto, a faixa de domnio, reas de uso e do canteiro de obras (jazidas, caixas de emprstimo de solo etc.) e a proximidade ou insero em reas constituintes do Sistema Nacional de Unidades de Conservao - SNUC, com destaque para as APP. 37MT/DNIT/IPR

Manual de Vegetao Rodoviria Da mesma forma, a Lei n. 9.985/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservao da Natureza, em seu artigo 36, 3, regula que o empreendimento a ser licenciado, afetando uma Unidade de Conservao ou sua zona de amortecimento, exige como condio prvia, para tanto, a autorizao do rgo responsvel por sua administrao, e a Unidade afetada dever ser uma das beneficirias da Compensao Ambiental prevista na Legislao Ambiental. rea de Preservao Permanente - APP aquela definida pelo artigo 1 do Cdigo Florestal - Lei n. 4.771/65, com as alteraes da Medida Provisria n. 2166/67, de 24/08/2001, como "rea protegida nos termos dos artigos 2 e 3 dessa Lei, coberta ou no por vegetao nativa, com a funo ambiental de preservar os recursos hdricos, a paisagem, a estabilidade geolgica, a biodiversidade, o fluxo gnico da fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populaes humanas". A supresso de vegetao em rea de Preservao Permanente APP somente deve ser autorizada em caso de utilidade pblica ou de interesse social (construo rodoviria), devidamente caracterizado e motivado em procedimento administrativo prprio, quando inexistir alternativa tcnica e locacional ao empreendimento proposto, como determinado no artigo 4 do Cdigo Florestal, com as alteraes introduzidas atravs da Medida Provisria n. 2166/67. O mesmo Cdigo, em seu artigo 1, pargrafo 2, estabelece como de utilidade pblica: as atividades de segurana nacional e proteo sanitria; as obras essenciais de infra-estrutura destinadas aos servios pblicos de transporte, saneamento e energia; e demais obras, planos, atividades ou projetos previstos em Resoluo do Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA. Estabelece ainda como de interesse social, as atividades imprescindveis proteo da integridade da vegetao nativa, as atividades de manejo agroflorestal sustentvel praticadas na pequena propriedade ou posse rural familiar, que no descaracterizem a cobertura vegetal e no prejudiquem a funo ambiental da rea; e as demais obras, planos, atividades ou projetos definidos em Resoluo do CONAMA. Os rgos ambientais podem autorizar a supresso eventual e de baixo impacto ambiental, assim definido em regulamento, da vegetao em rea de Preservao Permanente, conforme 3 do artigo 4 do Cdigo Florestal. Devem ser observados tambm: a Resoluo CONAMA n 12, de 04/5/1994, que aprova o Glossrio de Termos Tcnicos elaborado pela Cmara Tcnica Temporria para Assuntos da Mata Atlntica; as Resolues CONAMA que definem vegetao primria e secundria nos estgios inicial, mdio e avanado de regenerao da mata atlntica, a fim de orientar os procedimentos para licenciamento de atividades florestais nos estados (Resolues CONAMA nos 31/1994, 34/1994 etc); a Resoluo CONAMA n 3, de 18/4/1996, a qual estabelece que a vegetao remanescente de mata atlntica expressa no pargrafo nico do artigo 4 do Decreto n 750, de 10/2/1993, abrange a totalidade da vegetao primria e secundria em estgio inicial, mdio e avanado de regenerao; a Resoluo CONAMA n 303, de 20/3/2002, que dispe sobre parmetros, defnies e limites de reas de Preservao Permanete; e a Resoluo CONAMA n 317, de 04/12/2002, que regulamenta a Resoluo n 278, de 24/5/2001, que dispe sobre o corte e explorao de espcies ameaadas de extino da flora da mata atlntica.

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Manual de Vegetao Rodoviria Cabe ressaltar, que na elaborao dos projetos e ma execuo dos servios deve ser observado o que estabelecem as Normas DNIT de Especificaes de Servio ES e de Procedimento PRO citadas na Seo 1 Introduo. O Decreto n. 227/67 (Cdigo de Minas), que regulamenta as atividades de extrao mineral de acordo com as Classes de minerais I a IX, entre as quais se inserem as jazidas de solo e cascalhos, etc, conjugados com as Resolues CONAMA n. 009/90 e 010/90, estabelecem a necessidade de reabilitao ambiental das reas afetadas pela explorao mineral, exigindo a reconstituio vegetativa nos moldes da vegetao original.

3.2.3.2.1.

CONCEITOS BSICOS SOBRE FORMAES FLORESTAISEcossistemas e biomas

As reabilitaes ambientais, devidas s perdas do patrimnio bitico e propostas nos diversos Programas do Plano Bsico Ambiental, se distribuem ao longo da malha rodoviria nacional, a qual se estende e se insere, nos diversos ecossistemas do territrio brasileiro. Os ecossistemas so definidos como um sistema aberto, que abriga, em certa rea, todos os atores fsicos e biolgicos do ambiente e suas interaes, resultando uma diversidade bitica com estrutura trfica claramente delineada e definida, e possuindo troca de energia e matria entre os seus fatores ambientais. Da mesma forma, a unidade funcional de base em ecologia, porque inclui, ao mesmo tempo, os seres vivos e o meio onde vivem, com todas as interaes recprocas entre o meio e os organismos (Dajos, 1973). Em cada ecossistema do territrio brasileiro, as caractersticas bsicas dos ambientes naturais so peculiares, as quais devem ser consideradas e analisadas nos estudos ambientais rodovirios, respeitando-se as condies de vulnerabilidade e fragilidade dos mesmos. Pelo exposto, a eficcia e a eficincia de uma revegetao planejada, com fins de reabilitao ambiental para o setor rodovirio, devem atentar de modo objetivo para as espcies vegetais nativas de cada ecossistema, ou mesmo alguma espcie extica, desde que devidamente testada e comprovada ou adaptada naquele ecossistema. Entretanto, a falta de divulgao sistemtica de experincias bem sucedidas e devidamente monitoradas nos diversos ecossistemas atravs de plantios de espcies vegetais, tem-se constitudo em uma grande lacuna e grande dificuldade para os projetistas rodovirios na elaborao dos citados Programas de Revestimento Vegetal e na otimizao do processo vegetativo, em especial, a seleo adequada das espcies vegetais, assim como as fontes de fornecimento de mudas (hortos florestais e viveiros), suas disponibilidades e potencial de oferta das referidas espcies vegetais. Partindo-se da delimitao das reas constituintes dos ecossistemas, identificam-se as rodovias federais inseridas nas mesmas, associadas s caractersticas e particularidades biticas do ecossistema, bem como as espcies vegetais nativas e exticas adaptadas, as disponibilidades atuais em sementes ou mudas e as fontes de fornecimento com suas capacidades de oferta, bem como os meios de contato via internet ou comercial.

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Manual de Vegetao Rodoviria Da mesma forma, para cada ecossistema so apresentadas as experincias de revegetao de reas degradadas, quantitativos e espcies vegetais aplicadas, desenvolvidas pelas diversas instituies federais, estaduais, municipais, empresas privadas etc. Em especial, para cada ecossistema, devem ser pesquisados os Planos e Programas existentes ou em elaborao, tais como Zoneamento Ecolgico Econmico (ZEE) e Planos de Sustentabilidade do Ecossistema, associados aos links de pesquisa pela Internet, fontes de consulta etc. No descritivo das caractersticas dos ecossistemas foi adotada a Classificao de Rizzini (l963), por ser considerada como a que mais se aproxima da linguagem usual e de simples compreenso, a qual relaciona os Ecossistemas Brasileiros aos seus tipos de vegetao, quais sejam: Floresta Amaznica; Floresta Atlntica; Complexo do Brasil Central; Complexo da Caatinga; Complexo do Meio Norte; Complexo do Pantanal; Complexo da Restinga; Complexo do Pinheiral; Campos do Alto Rio Branco; e Campos da Plancie Riograndense.

Os tipos de vegetao correspondentes so: Mata ou Floresta Amaznica, Mata ou Floresta Atlntica, Cerrado, Caatinga; Babaual; Mata de Palmeiras, Palmeiral; Pantanal, Restinga e Manguezal; Mata de Araucria ou de Pinheiros; Campos Gerais; e Campos do Sul. 3.2.2. Matas ciliares

As matas ciliares ou de galeria so de fundamental importncia para manuteno dos recursos hdricos, j que possuem funes relacionadas manuteno do equilbrio ecolgico nas bacias hidrogrficas, atravs da proteo dos cursos dgua contra o assoreamento causado pela eroso laminar ou superficial das encostas, devido ao escoamento das guas pluviais, assim como regulando estes fluxos de guas superficiais e subsuperficiais, que carreiam sedimentos, das partes mais altas da bacia para o sistema aqutico. So fundamentais para o restabelecimento da biodiversidade de ecossistemas de matas ciliares as seguintes condies, de acordo com KAGEYAMA et alii. (1989): Proteo das reas ribeirinhas, de modo a evitar as exploraes florestais, agricultura e pastagem, fogo, caa e outras perturbaes antrpicas, possibilitando a sua renovao natural atravs de fragmentos florestais adjacentes; Estabelecimento de plantaes, no caso de ausncia de banco de sementes e/ou de fonte de sementes, ou para a reintroduo de espcies localmente extintas. 40MT/DNIT/IPR

Manual de Vegetao Rodoviria O plantio de espcies pioneiras e no pioneiras deve fornecer material bsico para a sucesso, visando colaborar com e acelerar esse processo. Os ajustes mais finos devem ficar por conta da prpria natureza com seu efeito estocstico e com suas interaes mltiplas e complexas. Importncia das matas ciliares nos ciclos hdricos

a)

A relao da floresta com os recursos hdricos pode ser compreendida por sua influncia no ciclo hidrolgico, pois a chuva que cai numa floresta parte interceptada pelas copas das rvores (ramos e folhas), para ser evaporada depois para a atmosfera. Contudo, a maior parte da precipitao penetra atravs das copas, atingindo a camada superficial para se infiltrar e abastecer o aqfero. A parcela de chuva que no penetra no solo escoa superficialmente para os canais, com velocidade reduzida devido presena das razes e da cobertura morta. A ausncia da cobertura vegetal propicia o aumento do escoamento superficial, maior desagregao das partculas do solo e conseqente acrscimo da eroso. Tambm ocorre uma reduo substancial na taxa de infiltrao da gua que deveria realimentar o aqfero e promover a regularizao da vazo dos cursos dgua (dependendo da pujana do aqfero e de sua relao com as guas superficiais), uma vez que o fluxo subterrneo bem mais lento que o superficial. Alm da alimentao da fauna aqutica, a mata ciliar tambm proporciona energia fauna silvestre e um ambiente para refgio e desenvolvimento de pequenos animais, isto , a manuteno do ecossistema. Outra utilizao da mata ciliar nativa como fonte econmica alternativa, como, por exemplo, a apicultura ou obteno de ervas medicinais. Reconhece-se que a utilizao de florestas ou o reflorestamento uma prtica de conservao do solo, que deve fazer parte de um plano global de conservao, ligada a outras prticas e sistemas de manejo. No entanto, como as matas ciliares e as reas vertentes esto regulamentadas por lei, pode-se desencadear a partir delas o processo de recuperao ambiental de pequenas bacias hidrogrficas, envolvendo tcnicos, a comunidade e o poder pblico. Desta maneira, o estudo da mata ciliar como um Ecossistema envolve um trabalho interdisciplinar. b) Objetivos da recomposio das matas ciliares

A recomposio das matas ciliares tem por objetivo a conservao dos recursos hdricos de superfcie, manuteno e melhoria dos nveis de qualidade ambiental nos ecossistemas ribeirinhos; portanto, devem-se recompor as matas ciliares nos segmentos junto s pontes dos rios transpostos pelas rodovias, introduzindo espcies nativas da regio, objetivando a conservao e proteo natural dos solos contra a eroso e assoreamento, tambm a sua funcionalidade em permitir a manuteno de corredores de disperso da flora e fauna regional. Ressalta-se, ainda, a importncia de se plantar nas bordas dos corpos dgua que se apresentam devastadas, devido vegetao proporcionar controle da eroso e, conseqentemente, reduzir o assoreamento, devido aos seguintes fatores: Constitui barreira fsica ao transporte de material; Proporciona uma estruturao mais slida ao solo, devido ao sistema radicular; Amortece o impacto das guas de chuva sobre o solo;

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Manual de Vegetao Rodoviria Eleva a porosidade do solo, aumentando a capacidade de absoro da gua. Florestas de encostas e baixadas

3.2.3.

As principais funes das florestas na proteo de encostas so citadas a seguir, de acordo com Valcarcel apud JESUS (1992): Melhoria das propriedades fsico-hidrolgicas dos solos, no que se refere estrutura, infiltrao e percolao; Regularizao do regime hdrico das bacias hidrogrficas, atravs da perenizao dos cursos dgua e das nascentes, controle de enchentes, recarga do lenol fretico e melhor administrao do recurso gua nas bacias; Estabilizao das encostas, pela ao do sistema radicular nas camadas superficiais do solo, diminuindo a probabilidade de deslizamento e a minimizao dos processos erosivos nos solos e assoreamento dos rios e reservatrios. Corredores ecolgicos

3.2.4.

Tradicionalmente, a estratgia orientada para a conservao da biodiversidade tem enfatizado a necessidade da criao de reas protegidas, imunes ao humana, na tentativa de preservar amostras significativas de habitats naturais. Este modelo foi adotado pelo Brasil a partir da criao do primeiro parque nacional na dcada de 1930, sendo estabelecidas dezenas de Unidades de Conservao desde ento, com pico notvel durante os anos 80. O conhecimento cientfico acumulado nos ltimos anos no ramo da biologia da conservao tem indicado que grandes reas so necessrias manuteno de processos ecolgicos e evolutivos. No cenrio atual, os parques e reservas existentes no sero suficientes para cumprir a meta da preservao da diversidade biolgica dos Biomas florestais. Outras reas, sujeitas a nveis variados de manejo e uso da terra, devem tambm fazer parte da equao global da conservao. Assim sendo, foi criado o Sistema Nacional de Unidades de Conservao SNUC, onde o solo deve ser manejado sistemicamente, de modo a cumprir o seu papel de preservar a diversidade biolgica em longo prazo, e cuja regulamentao est declarada na Lei n 9.985, de 18/7/2000. Um dos principais desafios enfrentados pelos parques e reservas o seu crescente isolamento de outras reas naturais, constituindo-se o sistema rodovirio como um dos instrumentos deste isolamento. Alm disso, como a conservao da diversidade biolgica envolve no somente a preservao, em nvel de espcies, mas tambm diversidade gentica contida em diferentes populaes, essencial proteger mltiplas populaes da mesma espcie. Por fim, comunidades isoladas esto mais susceptveis a eventos estocsticos, de natureza gentica ou demogrfica, fazendo com que as populaes tenham maior probabilidade de se extinguirem localmente. 42MT/DNIT/IPR

Manual de Vegetao Rodoviria O planejamento para conservao deve, portanto, deixar de lado os enfoques que privilegiam reas isoladas em favor de abordagens que levem em considerao a dinmica da paisagem e as interrelaes entre reas protegidas. A aplicao de modelos biogeogrficos revela claramente que a preservao de extenses mais amplas dos ecossistemas naturais essencial para tornar o sistema ecologicamente vivel. Buscando enderear essa questo, o Projeto dos Corredores Ecolgicos das Florestas Neotropicais vem sendo desenhado por pesquisadores brasileiros, por solicitao Ministrio do Meio Ambiente, IBAMA e Banco Mundial, atravs do Subprograma Piloto para a Proteo das Florestas Tropicais do Brasil (PP-G7). Este projeto tem como objetivo mudar o paradigma das "ilhas ecolgicas" para "corredores evolutivos", que abrangem reas de regies biologicamente prioritrias na Amaznia e na Mata Atlntica, ao mesmo tempo fortalecendo o sistema de reas protegidas do Pas atravs de modelos inovadores de manejo e gesto. Esses modelos levam em considerao a necessidade de lidar adequadamente com as necessidades e aspiraes das populaes humanas e dos mltiplos atores, vistos como elementos-chave na equao geral da conservao, obtendo dessa forma apoio para a sustentabilidade a longo prazo dos parques e reservas. Assim sendo, tais consideraes devem ser estendidas a todos os ecossistemas naturais, em especial a rea de convergncia ecolgica, como a regio do Pantanal sul-mato-grossense, que recebe o aporte de espcies amaznicas, atlnticas, savnicas e chaquenhas.

3.3.

AVALIAO TCNICA E ECONMICA

O potencial de plantio de espcies vegetais (herbceas, arbustivas e arbreas) ao longo da malha rodoviria, constituinte dos Programas Ambientais, pode ser avaliado no documento Diagnstico do Componente Ambiental dos Projetos de Engenharia Rodoviria, elaborado pelo Convnio IME/DNIT (2003), o qual quantificou a revegetao projetada em sete grandes empreendimentos rodovirios do Pas, totalizando 6.225,39 km de restaurao ou duplicao de rodovias. A abrangncia deste Diagnstico considerou os projetos elaborados desde o ano de 1994, com o financiamento dos Organismos Multilaterais BID/BIRD para o Programa de Descentralizao e Restaurao de Rodovias Federais, no qual foram elaborados os documentos bsicos ambientais do extinto DNER, que fundamentaram a internalizao das questes ambientais nos projetos de engenharia rodoviria, culminando em 1997 com a elaborao da IS-246, a qual consubstancia os termos de referncia dos editais do programa anteriormente mencionado, denominado CARR Componente Ambiental da Recuperao de Rodovias, estendendo-se a pesquisa at o ano de 2002, procurando-se ampliar a mesma pelo maior universo possvel, de modo a ter os resultados boa representatividade. Na pesquisa dos projetos de engenharia dos trechos rodovirios mencionados a seguir na subseo 3.3.1, destacaram-se os quantitativos do Componente Ambiental nos vrios servios de reabilitao ambiental pelo processo de revestimento vegetal das reas de uso e do canteiro de obras e a recuperao do passivo ambiental, assim como o paisagismo e sinalizao viva da faixa de domnio. 43MT/DNIT/IPR

Manual de Vegetao Rodoviria 3.3.1. a) Projetos de engenharia

Projeto de Engenharia para Duplicao da Rodovia BR-381/MG/SP - Trecho Belo Horizonte (MG) So Paulo (SP), com extenso de 563,2 km e perodo de implantao a partir de 1994. Neste segmento foram considerados os quantitativos de revegetao somente do trecho mineiro, o qual foi construdo em duas etapas, totalizando 473,2 km, nos quais foram plantados 24.217.733 m2 de vegetao herbcea (enleivamento, hidrossemeadura e plantio a lano) e 760.660 unidades arbreas e arbustivas.

b)

Projeto do Corredor Mercosul BR-116/SP/PR, BR-376/PR, BR-101/SC, Trecho: So Paulo (SP) Curitiba (PR) Florianpolis (SC), com extenso de 702,2 km e perodo de implantao a partir de 1995. Nestes segmentos foram considerados os quantitativos de revegetao a serem plantados, sendo 11.948.741 m2 de vegetao herbcea (enleivamento, hidrossemeadura e plantio a lano) e 160.093 unidades arbreas e arbustivas.

c)

Projeto do Mercosul Rodovia BR-101/SC/RS Trecho Florianpolis (SC) Osrio (RS), extenso de 347,1 km e perodo de implantao a partir de 2003. Nestes segmentos foram considerados os quantitativos de revegetao a serem plantados, sendo 9.941.166 m2 de vegetao herbcea (enleivamento, hidrossemeadura) e 421.594 unidades arbreas e arbustivas.

d)

Projeto de Engenharia para Adequao de Capacidade, Duplicao e Melhorias Operacionais da Rodovia BR-101/RN/PB/PE - Trecho Natal (RN) Palmares (PE), extenso de 389,9 km e implantao a partir de 2006. Nestes segmentos foram considerados os quantitativos de revegetao a serem plantados, sendo 11.059.143 m2 de vegetao herbcea (enleivamento, hidrossemeadura e plantio a lano) e 815.828 unidades arbreas e arbustivas.

e)

Programa de Restaurao e Descentralizao de Rodovias Federais (BID/BIRD N. 1046/OC BR), amostra em 44 lotes de projetos, com extenso total de 2.666,49 km e implantao a partir de 1995. Nestes segmentos foram considerados os quantitativos de revegetao, sendo 19.071.493 m2 de vegetao herbcea (enleivamento, hidrossemeadura e plantio a lano) e 751.537 unidades arbreas e arbustivas.

f)

Recuperao do Passivo Ambiental da BR-174/AM, com extenso de 254 km. Neste segmento foram considerados os quantitativos de revegetao plantados, sendo 2.196.700 m2 de vegetao herbcea (enleivamento, hidrossemeadura e plantio a lano).

g)

Programa de Restaurao de Rodovias do Estado de So Paulo (BID), com extenso de 1.200 km e implantao a partir de 2003. Neste segmento foram considerados os quantitativos de revegetao da amostra apresentada ao BID, constituda de sete segmentos, que totalizam 392,7 km, nos quais foram planejados os

44MT/DNIT/IPR

Manual de Vegetao Rodoviria plantios de 786.755 m2 de vegetao herbcea (enleivamento, hidrossemeadura e plantio a lano). 3.3.2. Quantitativos envolvidos

Ao longo dos 5.225,6 km de rodovias, sendo 1.912,4 km em duplicaes de rodovias e 3.307,2 km em restauraes de pavimentos, adequao de capacidade e melhorias operacionais, foram planejadas as reabilitaes ambientais das reas de uso e do canteiro de obras e do passivo ambiental, associadas integrao da rodovia ao meio ambiente em que se insere, por intermdio da revegetao herbcea, que totaliza 79.221.731 m2 e revegetao arbustiva e arbrea, no total de 2.909.712 unidades vegetais. As quantidades pesquisadas fornecem o unitrio de 15.160 m2/km de revegetao por gramneas e leguminosas, bem como 636 unidades arbreas e arbustivas por quilmetro (descontados os dois ltimos projetos). Atravs destes unitrios pode-se aquilatar o potencial que representa estes dois valores em qualquer plano ou programa governamental. As variaes destes quantitativos unitrios mostram a preocupao maior ou menor dada pelos projetistas s questes ambientais, conforme suas ticas particulares, carecendo os mesmos de uma metodologia mais explcita para elaborao do componente ambiental de seus projetos, de modo a uniformizar os procedimentos e otimizar os custos envolvidos. Assim, na BR-381/MG/SP, na BR-101/SC/RS e na BR-101/RN/PB/PE, as reas de jazidas e emprstimos foram contempladas no somente com a revegetao herbcea, mas tambm com uma revegetao de sucesso com espcies arbreas e arbustivas, tornando mais eficiente o processo de reabilitao ambiental. Para a regio de plancie martima do Sul (BR-101) e regio do Nordeste (BR-101), tem-se uma rea mdia unitria por quilmetro de 27.126 m/km de revegetao, enquanto nos relevos acidentados de Minas Gerais (BR 381/MG) tem-se quase o dobro, 51.501 m/km, mostrando certa coerncia dos quantitativos. O mesmo no se deu no projeto de revegetao arbrea e arbustiva pois na BR-381/MG a mdia nas duas etapas da duplicao da ordem de 1096 u/km, enquanto na ligao Mercosul SP/PR/SC (So Paulo Florianpolis) o projeto foi de 151 u/km, na BR-101/SC/RS (Florianpolis Osrio), da ordem de 916 u/Km e na BR-101/Nordeste (RN/PB/PE) foi de 2045 u/Km. 3.3.3. Custos envolvidos

Considerando-se que os Projetos Ambientais supracitados foram elaborados em pocas diferentes e com perodos de paralisaes ou suspenso contratual, inclusive as respectivas implantaes, adotouse como referncia de custo do revestimento vegetal, o percentual do mesmo em relao ao oramento do empreendimento constante do projeto de engenharia, concluindo-se que o mesmo se encontra entre os percentuais de 1,0% e 3,0%.

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Manual de Vegetao Rodoviria

4. REAS RODOVIRIAS COM REVESTIMENTO VEGETAL

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Manual de Vegetao Rodoviria

4. REAS RODOVIRIAS COM REVESTIMENTO VEGETALCabe ressaltar, que na elaborao de projetos e na execuo de servios deve ser observado o que estabelecem as Normas DNIT-PRO 070/2006, DNIT-ES 071/2006, DNIT-ES 072/2006, DNIT-ES 073/2003, DNIT-ES 074/2006, DNIT-ES 075/2006, DNIT-ES 076/2006, DNIT-ES 077/2006, DNIT-PRO 078/2006 e DNIT-ES 102/2009, o Estudo Ambiental (EIA ou outro), os Programas Ambientais pertinentes do PBA e as exigncias dos rgos ambientais..

4.1.

REAS DE INTERVENES E RECUPERAO AMBIENTAL

As reas submetidas s intervenes das atividades de construo e manuteno rodoviria perdem parte de seus atributos ambientais, exigindo a legislao ambiental suas respectivas recuperaes ou reabilitaes ambientais. Atendendo conformidade legal, nestas reas so implantadas as revegetaes herbcea, arbustiva e arbrea, aplicadas em conjunto ou isoladas, desempenhando papel relevante nos Programas Ambientais, constituindo-se como fundamento dos mesmos, com destaque para o Programa de Controle do Processo Erosivo, Programa de Recuperao de reas Degradadas e do Passivo Ambiental, Programa de Paisagismo associado Sinalizao Viva da faixa de domnio da rodovia e Programa de Proteo Flora e Fauna, com destaque para a recuperao de matas ciliares. 4.1.1. reas de uso e do canteiro de obras

A reabilitao ambiental, atravs da revegetao, abrange todas as reas de uso e apoio s construes de obras, tais como os canteiros de obras constitudos de instalaes para alojamento de pessoal, administrao (escritrio, almoxarifado, oficina), atividades industriais (usinas de asfalto, fbrica de pr-moldados, britagem), ptio de estocagem, depsitos provisrios de materiais de construo ao longo do segmento rodovirio, posto de abastecimento, jazidas e caixas de emprstimo de solo, caminhos de servio, bota-foras de materiais inservveis, pedreiras, taludes de corte e aterro do corpo estradal, os quais devero ter suas condies originais alteradas pelas obras de construo. Todas essas reas, nomeadas genericamente de uso e do canteiro de obras, sem as aes de reabilitao ambientalmente corretas esto sujeitas ao processo erosivo nos perodos chuvosos, com conseqncias danosas ao meio ambiente, constituindo-se a implantao do revestimento vegetal herbceo o instrumento eficaz para o controle do mesmo. Da mesma forma, estas reas devero se reintegrar aos ambientes circundantes, buscando restaurar as fitofisionomias dominantes da regio, por intermdio da implantao da vegetao arbustiva e arbrea (vegetao de sucesso), atendendo legislao ambiental vigente, aos preceitos paisagsticos e objetivando um aproveitamento ou uso futuro das mesmas. A cobertura vegetal dos solos expostos pela construo rodoviria o processo natural para se atingir os efeitos desejados na reabilitao ambiental destas reas afetadas pela construo rodoviria. Nestas reas a estrutura frtil do solo quebrada pelas atividades da construo, tornando-se cada vez mais infrtil medida que se aprofundam as caixas de emprstimo e os taludes dos cortes ou jazidas concentradas de solos, onde os mesmos so bastante cidos e txicos pela presena do alumnio, ferro e outros metais. 49MT/DNIT/IPR

Manual de Vegetao Rodoviria O sistema radicular da revegetao (herbcea, arbustiva e arbrea) quebra a estrutura compacta e densa do solo, funcionando como mecanismos que regeneram a vida no solo estril, especialmente pelo constante estado de renovao das razes, onde a morte de algumas induz a germinao de outras, promovendo a adubao da estrutura do solo. Este ciclo de substituio incorpora ao solo boa quantidade de nutrientes, que alimentam as razes novas, promovendo a fertilidade do solo. As leguminosas tm por finalidade sustentar estas ltimas nas necessidades de nitrognio, atravs de fixao simbitica. O mtodo de plantio de herbceas, atravs da consorciao das gramneas e leguminosas com o sistema radicular bastante expansivo, produz grande quantidade de matria orgnica, aumentando no solo a capacidade de reteno do oxignio e da gua das precipitaes pluviomtricas. Alm do mais, este revestimento vegetal funciona como anteparo natural da incidncia solar e a quebra da velocidade das gotculas da chuva, protegendo a estrutura do solo do processo erosivo devido ao carreamento do mesmo ou variao brusca de temperatura. A reabilitao ambiental atravs do revestimento vegetal herbceo, descrito anteriormente, se complementa com o arbustivo e o arbreo, e considerado o processo mais eficiente para recuperao da bio-estrutura do solo, associado ornamentao das reas e o sustento da flora e da fauna do entorno. Os solos e subsolos dos taludes dos cortes, de modo geral, apresentam baixa fertilidade, com deficincias generalizadas de nitrognio, fsforo, potssio, clcio, enxofre, boro, mangans e zinco, exigindo-se naturalmente as anlises edfica e pedolgica dos mesmos. Estas anlises objetivam caracterizar os seus aspectos quanto fertilidade e porosidade (granulometria), associados aos ensaios sobre a toxidez e acidez dos mesmos, corrigindo-os por meio de calcrio dolomtico e adubos minerais. No detalhamento do projeto ambiental deve-se proceder pesquisa sobre a anlise edfica e pedolgica dos solos nos trechos em pauta, a fim de verificar a deficincia de nutrientes do solo e recomendar as dosagens de adubao necessrias para as espcies vegetais indicadas no projeto de revegetao. 4.1.2. reas do passivo ambiental

Apesar das exigncias da legislao ambiental, que atua nos empreendimentos rodovirios desde a dcada de 80, constatou-se, nas faixas de domnio das rodovias brasileiras e nas reas de uso e do canteiro de obras de suas implantaes, certa falta de preocupao com a conservao dos solos envolvidos e a preservao do patrimnio bitico existente nestas reas e no circundante s mesmas, originando perdas irrecuperveis da biodiversidade regional, gerando Passivos Ambientais. Para fins deste Manual, entende-se por Passivos Ambientais as reas degradadas pela construo da rodovia ou operao de conservao e manuteno da rodovia existente ou, ainda, por ao de usurios da via ou proprietrios lindeiros mesma; tratando-se, pois, de reas degradadas por ao anterior s atuais obras planejadas. Da mesma forma, incluem-se nesta categoria as reas que por

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Manual de Vegetao Rodoviria causa intrnseca da natureza do solo, ou causa externa, vieram a provocar escorregamento da encosta ou do talude. Geralmente os Passivos Ambientais so constitudos por externalidades geradas pela prpria existncia da rodovia sobre terceiros e por externalidades geradas por terceiros sobre a rodovia (embora os ltimos sejam passivos gerados por terceiros, nem sempre eles podero ser identificados ou responsabilizados, obrigando o DNIT ou outro rgo rodovirio a assumi-los em benefcio da rodovia ou de seus usurios). Como exemplos de externalidades que geram o Passivo Ambiental podem ser citados: Externalidades geradas por atividades de terceiros interferindo na operao da rodovia, tais como na implantao de loteamentos marginais, cujas obras de terraplenagem, quase sempre executadas sem o controle tcnico necessrio e adequao ambiental devida, causando assoreamentos na pista de rolamento e no sistema de drenagem; Externalidades geradas pela rodovia, agindo sobre terceiros, tal como uma caixa de emprstimo que aps o trmino das atividades exploratrias no foi beneficiada por servios de recuperao vegetativa da rea, dando origem a processos erosivos e conseqentes assoreamentos, prejudicando, alm do corpo estradal, propriedades lindeiras (perda de pastagens e reas agricultveis).

Os taludes de corte e de aterro sem aplicao de qualquer medida para o controle do processo erosivo e a ausncia do revestimento vegetal, resultam em deslizamentos constantes de solo, causando danos s vezes irreparveis ao corpo estradal podendo, inclusive, ocasionar srios acidentes e contribuir para o assoreamento dos corpos dgua e das obras-de-arte correntes, atravs do carreamento de solo erodido. A recuperao de um talude erodido acarreta, obviamente, custo muito maior do que o da sua proteo vegetativa inicial, na construo da rodovia, reafirmando o ditado de que prevenir sempre melhor do que remediar. Verifica-se uma reciprocidade de aes de proteo do corpo estradal entre o sistema de drenagem e o processo de revegetao do mesmo. Destaque especial deve ser dado ao Programa de Proteo Flora, pois este Programa Ambiental responsvel pela restituio do patrimnio bitico que ser suprimido nas reas de uso e do canteiro de obras, inclusive a recuperao do passivo ambiental bitico, com nfase na recuperao das matas ciliares. Neste Manual foram adotados alguns aspectos metodolgicos, resultados e recomendaes derivadas das diferentes etapas do estudo delineado no Programa para Proteo Vegetao da duplicao da rodovia BR-101/SC/RS, segmento Florianpolis (SC) Osrio (RS).

4.2.

REAS DE NOVAS IMPLANTAES DE REVESTIMENTO VEGETAL

As reas de novas implantaes de revestimento vegetal so constitudas tambm pela aplicao da vegetao arbrea e arbustiva, com o objetivo de melhoria da qualidade de vida das comunidades lindeiras da rodovia e de seus usurios, atravs da reduo dos rudos pela implantao de barreiras 51MT/DNIT/IPR

Manual de Vegetao Rodoviria acsticas, bem como a implantao de sinalizao viva ao longo da faixa de domnio e a recuperao das matas ciliares. Da mesma forma, as intersees e acessos se constituem em novas reas de implantao da vegetao arbrea e arbustiva sob o aspecto ornamental para destacar ou salientar a importncia daquele local. O tratamento aplicado nestas reas deve ser diferenciado do restante da faixa de domnio pelo acabamento esmerado, no somente no gramado, como tambm nos mdulos paisagsticos planejados. Nestas novas reas so planejados os plantios de rvores, arbustos e forraes ao longo da rodovia, com a finalidade de proteger e orientar os usurios, despertando reaes psicolgicas favorveis dos mesmos, em funo das curvas acentuadas, lombadas de pouca visibilidade, transposies dos cursos dgua, intersees e acessos. So propostas de modo determinado, estruturas vegetais com formas e cores repetidas ou isoladas e convenientemente dispostas, a fim de impressionar o usurio, tornando agradvel e seguro o trnsito na rodovia. O objetivo da sinalizao viva no substituir a sinalizao convencional mas, ecologicamente, reforar a segurana, alertar para a leitura das placas de sinalizao e a ateno no traado da rodovia. Para induzir o motorista a reduzir a velocidade, objetivando sua maior segurana, proposto o plantio de grupos de macios de arbreas ou arbustivas em linha e em ngulo de 45 graus com o eixo da rodovia, em forma de fileiras, no mnimo de trs, devendo estar espaadas de 20 m a 30 m entre si, e a primeira distando 50 m do incio da obra-de-arte especial (ponte ou viaduto). Esta disposio da vegetao visa proporcionar a sensao de afunilamento do acesso obra-de-arte, advertindo o motorista da sensao de estreitamento na pista e induzindo a necessidade de diminuir a sua velocidade, para sua segurana. A arborizao nas cabeceiras de pontes tem por finalidade alertar os motoristas para a presena da obra-de-arte, provocando a sensao de afunilamento pelo plantio de rvores e arbustos em fileiras, dispostas em diagonal em relao direo do trfego, levando o motorista a reduzir a velocidade e evitar ultrapassagens. Este recurso prope avisar aos usurios que um local de risco se aproxima, exigindo cautela e decrscimo da velocidade. O paisagismo nas reas das intersees em trevos e acessos deve ser planejado para os canteiros que compem as circulaes necessrias e com a implantao de mdulos paisagsticos de pequeno porte, de modo que no venham a prejudicar a viso dos motoristas.

4.3.

REAS DE IMPLANTAO DO REVESTIMENTO VEGETAL NA FAIXA DE DOMNIO

Segundo o tipo de vegetao utilizada na proteo do solo (herbceo, arbustivo ou arbreo), a mesma tem uma ao particular quanto ao comportamento dos mesmos: A vegetao herbcea implanta-se rapidamente e protege essencialmente o solo contra a eroso superficial (ravinamentos, dissecao, alterao de superfcie), tendo a funo de ligar as camadas 52MT/DNIT/IPR

Manual de Vegetao Rodoviria superficiais do solo, numa espessura varivel de 5 a 25 cm, atravs das razes das gramas e leguminosas, e participando muito na formao do hmus. A vegetao arbustiva liga as camadas de solos numa espessura de 0,50 a 1,00 m, e s vezes mais, tendo a funo de promover a evaporao das guas em excesso no terreno, o que pode ser importante; mas a superfcie do solo fica geralmente menos revestida. A vegetao arbrea, pela importncia das razes, permite a coeso das camadas de solos em profundidade e, tambm, a eliminao de grandes quantidades de gua subterrnea, sendo algumas rvores capazes de evaporar dezenas de litros de gua por dia.

So atingidos melhores resultados quando se utilizar, equilibradamente, esses trs tipos de vegetao na faixa de domnio. Com o objetivo de minimizar o custo de manuteno, fundamentando-se em princpios racionais de controle de eroso, aspecto visual, segurana do trfego e restaurao do meio ambiente bitico, pode-se dividir a rea abrangida pela faixa de domnio de uma rodovia em trs classes (A, B e C) ou subreas onde os trs tipos de vegetao, constitudas pela vegetao herbcea, arbustiva e arbrea, mostram-se distribudas em funo dos princpios acima mencionados. 4.3.1. Subrea Classe A da faixa de domnio

Enquadram-se na classe A as subreas em que o aspecto visual, paisagstico e a segurana dos usurios so primordiais, constituindo-se o primeiro plano de vista do usurio. Essas subreas se caracterizam por um nvel de manuteno intensiva e contnua, em virtude dos aspectos supracitados. Predomina nesta classe o gramado baixo ou forraes, intercalados, esporadicamente, por outras espcies, conforme as necessidades paisagsticas, desde que tomadas as devidas medidas visando segurana do trfego e manuteno. As subreas que se enquadram na classe A no devem ter a declividade do terreno superior a 18, a fim de permitir as operaes de implantao e manuteno mecanizadas dos revestimentos vegetais, pois esta declividade o limite para a segurana das operaes de tratores e ceifadeiras autopropulsoras. Integrando esta classificao, destacam-se as subreas laterais adjacentes pista e seu acostamento, incluindo-se a drenagem superficial e o canteiro central. O revestimento vegetal indicado para esta classe A a espcie gramnea, de preferncia estolonilfera, consorciada com leguminosas. Em locais crticos e sujeitos eroso, como valetas de drenagem do canteiro central, de taludes de corte etc, devem se utilizar placas de gramneas sempre da mesma espcie devido, principalmente, uniformidade do aspecto paisagstico e da manuteno. As espcies mais utilizadas na gramagem do canteiro central so a grama batatais ou forquilha (paspalum notatum) ou a grama missioneira (Oxonopus cupressus), por terem o porte rasteiro, serem resistentes, apresentarem tima adaptao s condies adversas das rodovias, aspecto esttico agradvel e maior facilidade na obteno de mudas.

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Manual de Vegetao Rodoviria Podem ser usadas, tambm, em casos especiais, a critrio dos responsveis pelos servios, as seguintes espcies: amendoim rasteiro (arachis sp), dorinha ou margaridinha (wedelia paludosa) e anileira perene (lndigofera hendecaphyla). Tendo em vista as finalidades e semelhanas das subreas A e B, so relacionadas as espcies de gramneas e leguminosas mais utilizadas nestas subreas A e B na subseo 6.3.1 Revestimento vegetal por placas ou leivas de gramneas. 4.3.2. Subrea Classe B da faixa de domnio

Classifica-se na classe B a maioria das subreas em que a manuteno , em geral, bastante onerosa e de difcil execuo, seja manual ou mecanizada. Esta subrea destaca-se pela ausncia de manuteno intensiva exigida para a Classe A, necessitando apenas de uma manuteno espordica com referncia eventual limpeza e adubao de cobertura. Nesta classe B devem predominar as gramneas e leguminosas em consorciao e complementadas com forraes e arbustivas. As espcies vegetais para plantio em consorciao mais utilizadas nas subreas classes A e B so apresentadas na subseo 6.3.3. Todas as espcies citadas na subseo 6.3.1 apresentam os requisitos exigidos para o revestimento vegetal para a Classe B. Entretanto, podero ocorrer dificuldades na obteno de mudas das espcies desejadas, nas quantidades necessrias, tornando-se, desta forma, os servios onerosos e de difcil execuo. Por esta razo o emprego da soja perene indicado, podendo ser plantada por sementes, facilmente encontrada no comrcio especializado. Nos taludes de corte, a formao da massa relativamente alta da soja perene pode apresentar inconveniente de ordem esttica. Entretanto, quando no houver rgidas imposies de ordem paisagstica, essa leguminosa poder ser usada tambm nos cortes, protegendo-os de forma positiva contra as eroses. 4.3.3. Subrea Classe C da faixa de domnio

Na classe C se enquadram as subreas da faixa de domnio mais afastadas das pistas da rodovia e delimitadas pelos limites da faixa de domnio, normalmente utilizadas para implantao do Paisagismo. A vegetao predominante nesta subrea deve ser arbustiva e arbrea, com um revestimento vegetal superficial complementar de gramneas consorciadas s leguminosas. Tambm so includos neste tipo de subrea os bota-foras, reas de jazidas e emprstimos de solo localizados e, usualmente, de acesso visual distante dos usurios da rodovia. Em casos especiais, em que os critrios paisagsticos assim requeiram, a vegetao desta subrea pode tomadas as devidas medidas de segurana, adentrar-se pelas subreas A e B podendo, inclusive, ser utilizada para maior controle da eroso nos taludes de aterro.

54MT/DNIT/IPR

Manual de Vegetao Rodoviria As espcies a utilizadas devem ser, de preferncia, nativas da regio, de modo a se manter a similaridade da fisionomia tpica da mesma com a da micro paisagem criada. Porm, espcies exticas bem adaptadas regio podem, tambm, ser utilizadas. Entre elas, as vrias espcies de eucaliptos, pinus e bambus. A manuteno desta subrea, aps o estabelecimento definitivo, praticamente desnecessria. A Figura 1 a seguir apresentada, mostra a distribuio das subreas classes A, B e C dentro da faixa de domnio de uma rodovia. Figura 1 Distribuio das subreas classes A, B e C

CLASSE C

CLASSE B

PAVIMENTO

CANTEIRO CENTRAL

PAVIMENTO

CLASSE A

CLASSE A

CLASSE A

CLASSE B

CLASSE A : GRAMNEAS-MANUTENO INTENSIVA CLASSE B : LEGUMINOSAS, GRAMNEAS E ARBUSTOS-MANUTENO ESPORDICA CLASSE C : REFLORESTAMENTO E ARBORIZAO NATURAL-SEM MANUTENO

4.4.4.4.1.

ANLISE COMPARATIVA DAS ESPCIES VEGETAIS EM RELAO S SUBREAS DA FAIXA DE DOMNIOSubrea classe A da faixa de domnio

Neste tipo de rea da faixa de domnio recomendada a implantao de gramas estolonferas, que se destacam em relao s outras espcies devido s seguintes caractersticas: Possibilitar uma rpida cobertura do solo, protegendo-o contra a eroso superficial em perodo de tempo aps 60 dias do plantio. As razes so profundas atingindo at 0,15 m de profundidade nos taludes de aterros e encostas, estruturando internamente estes locais, e evitando-se assim a eroso interna dos mesmos. As prprias reas j plantadas, e com timo rendimento quanto sua cobertura (100%), podero fornecer mudas para plantio de outras reas, reduzindo o custo das mesmas. Usualmente permite o plantio mecanizado, refletindo no custo de plantio bastante reduzido e dispensando a importao de sementes. As espcies selecionadas so agressivas suficientemente para controlar a invaso de ervas daninhas. Os gramados estolonferos possuem muito bom aspecto visual e permanecem verdes durante o inverno, principalmente digitaria diversinervis e as braquirias.

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CLASSE C

Manual de Vegetao Rodoviria Entretanto, existem restries para este plantio, no sendo consideradas exatamente como desvantagens, as quais so a seguir descritas: Os estoles necessitam ser incorporados no solo imediatamente, logo aps o corte e no mximo dentro de 24 horas seguintes. Considerando-se a dificuldade inicial de obteno do material vegetativo, necessitar-se- de uma programao para multiplicao ou aquisio das espcies.

Em lugares crticos, tais como as reas do canteiro central de uma rodovia duplicada ou as cristas dos aterros, h a necessidade de se utilizar, preferencialmente, as gramneas estolonferas, para controle imediato da eroso, dependendo se a poca de plantio no perodo chuvoso. 4.4.2. Subrea classe B da faixa de domnio

So consideradas vantagens, nesta classe de rea, o plantio de consorciaes de gramneas e leguminosas, pois evitam a manuteno dispendiosa em relao aos gramados, podendo-se destacar pela sua importncia, as seguintes vantagens: Eliminao radical das podas ou ceifas. Eliminao sumria da adubao nitrogenada. Favorece a renovao da vegetao outrora existente. O aspecto visual da vegetao agradvel, permanecendo verde o ano todo. Aps o estabelecimento inicial das leguminosas, a natureza se encarregar da manuteno e do desenvolvimento. A cobertura do solo ser completa, protegendo-o contra a eroso.

considerado, como desvantagem, o fato de se necessitar de adubao de cobertura, principalmente com P e K, durante trs anos subseqentes ao plantio e at o estabelecimento definitivo do revestimento, bem como alguns tratos culturais. 4.4.3. rea classe C da faixa de domnio

So consideradas como vantagens do plantio de arbustos e rvores nestas reas, alm da manuteno espordica, as seguintes: Reduo significativa ou total do custo de manuteno nessas reas aps o estabelecimento definitivo das rvores. Estabilizao dos taludes e bota-foras a custos relativamente baixos de implantao. Favorecimento do estabelecimento da vegetao arbrea nativa. Efeito visual de timo aspecto com o retorno das rvores na paisagem, eliminando o aspecto desfavorvel de relativo abandono dessas reas mais afastadas da pista.

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Manual de Vegetao Rodoviria considerada como desvantagem a necessidade de adubao em cobertura durante os trs anos subseqentes ao plantio at o es