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ESTADO DE GOIÁS SECRETARIA DA FAZENDA SUPERINTENDÊNCIA DE CONTROLE INTERNO MANUAL PARA OS GESTORES DE CONTRATOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTADUAL GOIÂNIA, OUTUBRO DE 2010. 1ª EDIÇÃO

Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública

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Page 1: Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública

ESTADO DE GOIÁS SECRETARIA DA FAZENDA

SUPERINTENDÊNCIA DE CONTROLE INTERNO

MANUAL PARA OS GESTORES DE CONTRATOS

DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTADUAL

GOIÂNIA, OUTUBRO DE 2010. 1ª EDIÇÃO

Page 2: Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública

ESTADO DE GOIÁS SECRETARIA DA FAZENDA

SUPERINTENDÊNCIA DE CONTROLE INTERNO

Alcides Rodrigues Filho

Governador do Estado

Célio Campos de Freitas Júnior

Secretário de Estado da Fazenda

Sinomil Soares da Rocha

Superintendente de Controle Interno

André da Silva Goes

Gerente de Ação Preventiva

Gilson Geraldo Valério do Amaral

Coordenador de Orientação Preventiva e Procedimento s Administrativos

Antônio Fábio Jubé Ribeiro

Gestor de Finanças e Controle

Thalyssa Braga Ribeiro

Gestora Jurídica

Sérgio Gomes de Carvalho

Coordenador de Convênios e Contratos

Altair Lopes Gomes de Almeida

Analista

Ladyanne Vieira do Carmo Lopes

Gestora de Planejamento e Orçamento

Page 3: Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública

ESTADO DE GOIÁS SECRETARIA DA FAZENDA

SUPERINTENDÊNCIA DE CONTROLE INTERNO

Elaboração

Thalyssa Braga Ribeiro

Gestora Jurídica

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

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APRESENTAÇÃO

A Superintendência de Controle Interno da Secretaria da Fazenda do Estado

de Goiás – SCI tem como missão proporcionar economicidade, eficiência, eficácia,

efetividade e eqüidade à gestão governamental, avaliando o cumprimento das

metas, comprovando a legalidade e a legitimidade dos atos, pautada pela ética e

transparência, com o objetivo de garantir a otimização dos gastos públicos e, assim,

alcançar o desenvolvimento econômico e social.

Partindo dessa premissa e considerando que a agilidade dos procedimentos

de análise, fiscalização, controle e avaliação proporcionam aos gestores públicos

uma melhor aplicação do dinheiro público, torna-se imprescindível uma maior

atenção e cumprimento aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,

publicidade e eficiência.

Instituído constitucionalmente, o Sistema de Controle Interno objetiva

fiscalizar, acompanhar, orientar e auxiliar os órgãos e entidades da Administração

Pública do Estado de Goiás, bem como disponibilizar elementos suficientes para que

as execuções orçamentária, financeira, contábil e patrimonial sejam desenvolvidas

segundo os mencionados princípios.

Para consecução desses objetivos a SCI pauta suas ações em três vertentes:

PREVENÇÃO – por meio de orientações preventivas e expedições de atos

normativos referentes a procedimentos administrativos de planejamento,

programação, execução, fiscalização, controle e avaliação.

FISCALIZAÇÃO – através de inspeções contínuas efetuadas nos órgãos e

entidades da Administração Pública utilizando-se das técnicas de acompanhamento

e verificação de procedimentos administrativos, com expedição de despachos e

manifestações de caráter detectivo e corretivo.

AUDITORIA – por meio de ações de auditoria devidamente planejadas com

intuito de verificação da legalidade e regularidade dos atos administrativos em

Page 5: Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública

Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

5

relação ao planejamento, programação, execução, fiscalização, controle e avaliação

da gestão pública.

Nesse contexto, foi desenvolvido o presente Manual para os Gestores de

Contratos da Administração Pública Estadual, voltado para a utilização pelos

servidores especialmente designados para acompanhar a execução dos contratos

administrativos no âmbito dos diversos órgãos e entidades da Administração Pública

estadual, bem assim por todos os agentes que atuam no âmbito do Controle Interno

do Poder Executivo estadual, em suas ações específicas, e pelos demais agentes da

Administração Pública estadual.

Page 6: Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública

Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

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SUMÁRIO

I. GESTÃO DE CONTRATOS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ... ....................10

1.1. Gestão de Contratos da Administração Pública ....... .......................................10

1.2. O Gestor de Contrato... .....................................................................................11

1.3. Deveres do Profissional ou Empresa Contratada pela Administração ..............11

1.4. Atribuições do Gestor de Contrato ...................................................................14

1.5. Responsabilidades do Gestor de Contrato ........................................................18

II. CONSIDERAÇÕES SOBRE OS CONTRATOS ADMINISTRATIVO S ...........21

2.1.Formalização........................................................................................................21

2.1.1. Dos elementos necessários aos contratos administrativos ...................23

2.1.2. Publicação .............................................................................................25

2.1.3. Termo aditivo .........................................................................................26

2.1.4. Termo de apostilamento ........................................................................26

2.2 Das Garantias ......................................................................................................28

2.2.1. Das Modalidades de Garantia ...............................................................29

2.2.2. Garantia de Natureza Técnica ..............................................................31

2.3. Duração dos Contratos .......................................................................................31

2.3.1. Prorrogação ...........................................................................................33

2.4. Renovação Contratual ........................................................................................35

2.5. Cláusulas Exorbitantes .......................................................................................36

2.6. Alterações Contratuais ........................................................................................36

2.7. Equilíbrio Econômico-Financeiro ........................................................................38

2.7.1. Reajuste Contratual..............................................................................39

2.7.2. Atualização Monetária .........................................................................41

2.7.3. Revisão para Recomposição de Preços (ou realinhamento)................42

2.7.4. Repactuação .........................................................................................43

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

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2.8. Recebimento do Objeto ...................................................................................44

2.9. Ilícitos Penais e Administrativos ......................................................................46

2.10. Sanções Administrativas Contratuais ..............................................................49

2.10.1. Advertência .........................................................................................51

2.10.2. Multa ....................................................................................................52

2.10.3. Suspensão Temporária de Participação em Licitação e Impedimento

de Contratar com a Administração e a Declaração de Inidoneidade ..............53

2.11. Extinção do contrato ........................................................................................56

2.11.1. Conclusão do objeto ............................................................................56

2.11.2. Término do prazo ................................................................................56

2.11.3. Rescisão ..............................................................................................57

2.11.3.1. Rescisão Administrativa ........................................................59

2.11.3.2. Rescisão Consensual.............................................................61

2.11.3.3. Rescisão de Pleno Direito .....................................................61

2.11.3.4. Rescisão Judicial ...................................................................61

2.11.4. Anulação .............................................................................................62

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................... ................................................64

Page 8: Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública

Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

8

PREFÁCIO

Este manual trata das atribuições dos gestores de contratos da Administração

Pública estadual e contém importantes aspectos relacionados à formalização e execução

dos contratos administrativos.

Os temas abordados foram conduzidos nos termos da Lei nº 8.666/1993 – que

instituiu normas gerais de licitações e contratos para a Administração Pública – da Lei

Estadual nº. 16.920, de 08 de fevereiro de 2010 – que dispôs sobre licitações, contratos,

convênios e outros atos administrativos pertinentes a obras, serviços, compras,

alienações, locações e utilização de bens públicos por terceiros, no âmbito do Estado de

Goiás – além de lições da doutrina e jurisprudência pátrias sobre os temas, embora não

substitua o conhecimento da legislação afeta à matéria.

Registramos, nos termos dos artigos 83 e 89 da Lei Estadual nº. 16.920 que,

respeitada a independência dos Poderes e sem prejuízo da autonomia e atribuições dos

órgãos constitucionais e das entidades, compete precipuamente à unidade central de

aquisições e contratações expedir instruções técnicas quanto às atividades de aquisições,

contratações e outros ajustes que impliquem execução orçamentário-financeira, bem

como padronização dos procedimentos licitatórios em geral e das dispensas e

inexigibilidades.

Segundo disposição do § 2º do art. 83 da Lei Estadual, a unidade central de

aquisições e contratações funcionará, no âmbito do Poder Executivo estadual, como

unidade central do Sistema de Gestão de Aquisições e Contratações Governamentais,

sendo vinculada à Secretaria da Fazenda, e as funções de licitação, bem como as de

estruturação e padronização das regras de negócio dos ajustes e seus aditivos, sempre

que estes implicarem em programação, reprogramação ou execução orçamentário-

financeira, serão de competência de suas unidades básica, complementares e auxiliares,

com a denominação de Central de Aquisições e Contratações – CENTRAC.

Não pretendemos esgotar os assuntos aqui abordados, mas estar abertos a uma

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

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manutenção constante do manual, em parceria com nossos leitores, com vistas a uma

melhoria contínua e atualização em face da legislação que rege os temas.

Espera-se que a experiência decorrente da aplicação deste manual possa promover

importantes ajustes, sobretudo na necessidade de desenvolvimento de instrumentos para a

modernização da gestão dos contratos da Administração Pública estadual.

A versão atualizada deste manual estará disponibilizada no sítio:

www.sefaz.go.gov.br, no menu “Controle Interno”, submenu “Biblioteca”, em seguida

“Manuais”. As críticas e sugestões ao manual poderão ser encaminhadas ao email:

[email protected].

GECONI - www.controleinterno.goias.gov.br. As críticas e sugestões ao manual poderão ser encaminhadas, também, por meio do referido site.

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

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I. GESTÃO DE CONTRATOS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1.1. Gestão de Contratos da Administração Pública

A gestão de contratos na Administração Pública compreende o

gerenciamento, o acompanhamento e fiscalização da execução dos ajustes, desde a

concepção do edital da licitação até a entrega e o recebimento do objeto contratado.

Nesse sentido, a gestão de contratos, por envolver o acompanhamento e o

controle sobre atividades diversas, tais como prazos de vigência; execução do

objeto; pagamentos efetuados; é exercida, no âmbito da Administração Pública, por

agentes em inter-relação com várias unidades, inclusive por meio dos sistemas

informatizados desenvolvidos para proporcionar o registro das informações e auxiliar

nas atividades de gerenciamento, fiscalização e controle.

A Lei nº 8.666/1993, que estabeleceu normas gerais sobre licitações e

contratos da Administração Pública no âmbito dos Poderes da União, Estados,

Distrito Federal e Municípios, dispôs, em seu art. 67 que “a execução do contrato

deverá ser acompanhada e fiscalizada por um representante da Administração

especialmente designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e

subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição”. No mesmo sentido previu

a Lei Estadual nº. 16.920/2010, que dispôs sobre licitações, contratos, convênios e

outros ajustes administrativos no âmbito do Estado de Goiás, em seu art. 164.

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

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1.2. O Gestor de Contrato

O gestor de contrato é o representante da Administração designado para a-

companhar a execução do ajuste.

Como o objetivo de promover a continuidade na atividade de

acompanhamento da execução do contrato, deve ser designado como gestor

preferencialmente servidor público efetivo, o qual deve apresentar conhecimentos

técnicos relacionados com o objeto do contrato; conhecimento das

responsabilidades inerentes à atribuição; gozar de boa reputação ético-profissional

e disposição para atuar em inter-relação com superiores, colegas e subordinados,

prestando contas de sua atuação e avaliando os meios para obtenção da ótima

execução do objeto contratado.

A designação do gestor de contrato deve dar-se por portaria do dirigente do

órgão ou entidade, por ocasião do início do procedimento licitatório, para que o

gestor possa acompanhar a elaboração do edital no qual serão estabelecidos os

critérios de execução, fiscalização e avaliação do cumprimento do contrato.

Por outro lado, constitui obrigação da contratada manter, no local da obra ou

serviço, preposto, aceito pela Administração, para representá-la na execução do

contrato, devendo substituí-lo sempre que for exigido. É o que prevê os artigos 68 da

Lei nº. 8.666/1993 e 167 da Lei Estadual nº. 16.920/2010.

Deve o gestor do contrato reportar-se ao preposto da contratada quando

necessitar proceder orientações a respeito da execução do objeto contratado.

1.3. Deveres do Profissional ou Empresa Contratada pela Administração

Estabelece o art. 66 da Lei nº. 8.666/1993 e art. 162 da Lei Estadual nº.

Page 12: Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública

Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

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16.920/2010 que o contrato deverá ser executado fielmente pelas partes, de acordo

com as cláusulas avençadas e as normas das respectivas leis, respondendo cada

parte pelas conseqüências de sua inexecução, total ou parcial.

Prevê o art. 69 da Lei nº. 8.666 e art. 168 da Lei Estadual que o contratado é

obrigado a reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, a suas expensas, no

total ou em parte, o objeto do contrato quando se verificarem vícios, defeitos ou

incorreções resultantes da execução ou de materiais empregados.

O parágrafo único do art. 168 da Lei Estadual, por sua vez, prevê que em

caso de descumprimento de obrigação prevista no artigo, poderá a Administração

executar, direta ou indiretamente, o objeto do contrato, cobrando as despesas

correspondentes, devidamente corrigidas, permitida a retenção de créditos do

contratado.

O art. 169 da Lei Estadual, nos termos disciplinados no art. 70 da Lei nº.

8.666, dispõe que o contratado é responsável pelos danos causados diretamente à

Administração ou a terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do

contrato, não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou o

acompanhamento pelo órgão ou entidade interessada.

Quanto aos encargos legais da execução do contrato, estabelece o art. 170

da Lei Estadual, à semelhança do conteúdo do art. 71 da Lei nº. 8.666, que o

contratado é responsável pelo cumprimento das exigências previstas na legislação

profissional específica e pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e

comerciais resultantes da execução do contrato.

Nos termos do § 1º do art. 170 da Lei Estadual, em semelhança com a

disposição do § 1º do art. 71 da Lei Geral, a inadimplência do contratado em relação

às exigências profissionais e aos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e

comerciais não transfere à Administração a responsabilidade pelo seu pagamento,

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

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nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das

obras e edificações, inclusive perante o registro de imóveis.

Cumpre registrar, entretanto, a disposição constante do § 2º do art. 71 da Lei

nº. 8.666, segundo a qual “a Administração Pública responde solidariamente com o

contratado pelos encargos previdenciários resultantes da execução do contrato”, nos

termos do art. 31 da Lei nº. 8.212/1991.

O art. 31 da Lei nº. 8.212/1991, por sua vez, trata do dever de retenção, pela

empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mão-de-obra,

inclusive em regime de trabalho temporário, de 11% (onze por cento) sobre o valor

bruto da nota fiscal ou fatura de prestação dos serviços, correspondente à

contribuição devida à seguridade social, a qual deve ser recolhida em nome da

empresa contratada cedente da mão-de-obra.

Quanto à responsabilidade pelos encargos trabalhistas, a despeito da

disciplina do § 1º do art. 71 da Lei nº. 8.666 e § 1º do art. 170 da Lei Estadual nº.

16.920, a orientação da jurisprudência tem sido no sentido de estender à

Administração Pública o entendimento adotado no âmbito das relações privadas de

trabalho, segundo o qual os débitos trabalhistas do particular contratado podem

conduzir à responsabilização da Administração.

Entende-se que tal responsabilização é de natureza subsidiária, eis que

somente é possível pretender a responsabilização da Administração Pública se e

quando o pagamento não tiver ocorrido devidamente por parte do contratado1.

Em sentido similar é o entendimento da jurisprudência quanto à

responsabilidade da Administração pelas obrigações previdenciárias decorrentes da

1 Tal entendimento encontra-se consolidado no inciso IV da Súmula nº. 331 do Tribunal Superior do Trabalho.

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

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execução do contrato, sendo possível responsabilizar-se a Administração Pública na

hipótese de inadimplemento da obrigação por parte do devedor contratado2.

Assim, cumpre à Administração adotar medidas preventivas para evitar

possível responsabilização ulterior, tais como: na fase licitatória, desclassificar

propostas que não comportem o cumprimento adequado dos encargos trabalhistas;

na fase da execução do contrato, fiscalizar o devido cumprimento pelo contratado

das obrigações laborais para com o pessoal empregado, inclusive a utilização de

equipamentos de segurança quando assim exigidos.

Em caso de não cumprimento das obrigações por parte do contratado, cumpre

à Administração apurar os fatos e, se for o caso, aplicar sanções ou mesmo

promover a rescisão do contrato, com fundamento na infração à legislação

trabalhista e nos riscos de responsabilização consequentes3.

1.4. Atribuições do Gestor de Contrato

A regular execução de um contrato relaciona-se diretamente com o

acompanhamento de sua execução. Assim, cumpre ao gestor do contrato verificar o

fiel cumprimento pelo contratado das condições pactuadas com a Administração,

bem como registrar todas as circunstâncias que influenciem na execução do objeto.

No exercício de suas atribuições, deve o gestor do contrato proceder às

orientações necessárias para correção da falhas observadas na execução do

contrato. As providências que ultrapassem a competência do gestor deverão ser

reportadas ao seu superior hierárquico, em tempo hábil, para adoção das medidas

oportunas cabíveis.

2 Nesse sentido, Marçal Justen Filho, in Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 13. ed., São Paulo: Dialética, 2009, p. 789. No mesmo sentido, jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça referida na obra. 3 Idem, p. 787.

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

15

O art. 165 da Lei Estadual nº. 16.920/2010 elenca, em seus incisos I a VII,

atribuições incumbidas, primordialmente, ao gestor de contrato, sob pena de

responsabilidade. Relacionamos, a seguir, tais atribuições, dentre outras atividades

correlatas a serem observadas para o acompanhamento da regular execução dos

contratos administrativos:

I - tomar conhecimento do conteúdo do edital da licitação, especialmente dos

termos do contrato onde devem ser estabelecidos os critérios de execução,

acompanhamento e fiscalização do objeto contratado;

II - verificar se a entrega de materiais, execução da obra ou a prestação do

serviço está sendo executada em conformidade com o pactuado, no tocante a prazo,

especificações, preço e quantidade;

III - anotar, em registro próprio, as ocorrências relativas à execução do

contrato, determinado as providências necessárias à correção das falhas ou defeitos

observados e adotando, junto a terceiros, as providências para a regularidade da

execução do contrato (incisos I e IV do art. 165);

IV - encaminhar à unidade competente da Administração pedido de alteração

em projeto de obra ou serviço contratado, acompanhado das justificativas,

observadas as disposições do art. 65 da Lei nº. 8.666/1993 e art. 154 da Lei

Estadual nº. 16.920/2010;

V - receber e atestar as notas fiscais ou faturas, promovendo, com a

presença do contratado, mediante termo circunstanciado, as medições das obras e a

verificação dos serviços e fornecimentos já efetuados, emitindo a competente

habilitação para o recebimento de pagamentos (inciso V do art. 165);

VI - rejeitar bens e serviços que estejam em desacordo com as especificações

do objeto contratado;

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

16

VII - manter controle dos pagamentos efetuados, atentando para que o valor

pactuado não seja ultrapassado;

VIII - controlar o prazo de vigência do contrato, comunicando à contratada e à

unidade competente da Administração eventuais atrasos e encaminhando, em tempo

hábil, expediente para a prorrogação do contrato ou para a abertura de nova

licitação, se for o caso;

IX – esclarecer dúvidas e transmitir instruções ao contratado, comunicando

alterações de prazos, cronogramas de execução e especificações do projeto,

inclusive solicitando ao setor competente da Administração, quando necessário,

parecer de especialistas (incisos II e VI do art. 165);

X – dar imediata ciência a seus superiores e ao órgão central de controle,

acompanhamento e avaliação financeira de contratos e convênios dos incidentes e

ocorrências da execução do contrato que possam acarretar a imposição de sanções

ou a rescisão contratual (inciso III do art. 165);

XI - fiscalizar a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução

do contrato, em compatibilidade com as obrigações assumidas, as condições de

habilitação e qualificação exigidas na licitação, bem como o regular cumprimento das

obrigações trabalhistas e previdenciárias (inciso VII do art. 165 da Lei Estadual);

XII - comunicar a seu superior hierárquico as providências que ultrapassem

suas atribuições e sua esfera de competência.

No que tange à atribuição incumbida ao gestor de contrato prevista no inciso

VII do art. 165 da Lei Estadual nº. 16.920, a saber: “fiscalizar a obrigação do

contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com

as obrigações assumidas, as condições de habilitação e qualificação exigidas na

licitação, bem como o regular cumprimento das obrigações trabalhistas e

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

17

previdenciárias”, cumpre registrar o dever do gestor de verificar, por ocasião dos

acompanhamentos à execução do contrato, a manutenção, pela contratada, de

condições de qualificação técnica como instalações e aparelhamento; pessoal

técnico habilitado para a execução do objeto contratado; não existência, na equipe

de trabalhadores da empresa, de menores de dezoito anos realizando trabalho

noturno, perigoso ou insalubre, ou de qualquer trabalho sendo realizado por menores

de dezesseis de anos, salvo na condição de aprendizes, a partir dos quatorze anos

(art. 27, V da Lei nº. 8666 e art. 118, V da Lei Estadual nº. 16.920).

No tocante à regularidade fiscal, referente à regularidade das obrigações

tributárias perante as Fazendas Federal, Estadual e Municipal do domicílio ou sede

do contratante, bem assim a regularidade perante o Instituto Nacional de Seguridade

Social – INSS e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, registre-se que

a comprovação de tais situações, efetuada mediante apresentação de certidões,

deverá ser realizada especialmente perante as unidades de controle da execução

orçamentária e financeira da Administração, por ocasião dos pagamentos a serem

efetuados à empresa contratada.

A esse respeito, prevê o § 2º do art. 170 da Lei Estadual que a Administração,

quando do pagamento das faturas aos contratados, procederá à retenção dos

tributos, na forma prevista na legislação específica.

A condição da regularidade perante a seguridade social decorre de vedação

constitucional a que o Poder Público contrate com pessoa jurídica em débito com

aquela (art. 195,§ 3º CF), devendo tal condição, vale reforçar, ser mantida ao longo

da execução do contrato.

Quanto à regularidade fiscal, segundo renomada doutrina, “não se trata de

comprovar que o sujeito não tenha dívidas em face da ‘Fazenda’ (em qualquer nível)

ou quanto a qualquer débito possível e imaginável. O que se demanda é que o

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

18

particular, no ramo de atividade pertinente ao objeto licitado, encontre-se em

situação fiscal regular” 4.

Na hipótese de empresa que possua matriz e filiais em diversas unidades da

federação, deve ser comprovada a regularidade fiscal do estabelecimento que

realizar a contratação e for executar a prestação contratual. Tais condições devem

vir expressas no instrumento convocatório.5

No caso de o particular, no curso da execução do contrato, deixar de atender

os requisitos de qualificação e habilitação exigidos, o contrato deverá ser rescindido.

Todavia, cumpre à Administração, previamente, avaliar a possibilidade de

recomposição da situação pelo contratado, devendo a decisão sobre a rescisão ser

definida em face do princípio da proporcionalidade, ponderando-se a providência

menos onerosa ao interesse estatal e os preceitos jurídicos que orientam a atuação

da Administração6.

1.5. Responsabilidades do Gestor de Contrato

O gestor de contrato, como os demais servidores públicos, em razão de seus

deveres, encontra-se sujeito, pelo exercício irregular de suas atribuições, à

responsabilização civil, penal e administrativa.

Dispõe o art. 166 da Lei Estadual nº. 16.920/2010 que o gestor do contrato

responderá aos órgãos de controle, em caso de omissão ou inexatidão na execução

das tarefas que lhe são atribuídas no art. 165 da Lei Estadual e, em especial, nos

casos de:

4 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 13. ed., São Paulo: Dialética, 2009, p. 403. 5 Idem, p. 408/409. 6 Ibidem, p. 687.

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

19

I - falta de constatação da ocorrência de mora na execução;

II - falta de caracterização da inexecução ou do cumprimento irregular de

cláusulas contratuais, especificações, projetos e prazos;

III - falta de comunicação às autoridades superiores, em tempo hábil, de fatos

cuja solução ultrapasse a sua competência, para adoção das medidas

cabíveis;

IV - recebimento provisório ou emissão de parecer circunstanciado pelo

recebimento definitivo do objeto contratual pela Administração, sem a

comunicação de falhas ou incorreções;

V - emissão indevida da competente autorização para o recebimento, pela

contratada, do pagamento.

O Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado de Goiás, Lei Estadual nº

10.460/1988, prevê, em seu art. 311, as penas disciplinares aplicáveis aos

servidores públicos em razão do exercício irregular de suas atribuições, sendo elas:

a) repreensão;

b) suspensão;

c) multa;

d) destituição de mandato;

e) demissão;

f) cassação de aposentadoria ou disponibilidade.

No mesmo sentido, estará o servidor público celetista sujeito às previsões

disciplinares estabelecidas na Consolidação das Leis Trabalhistas, em lei específica,

como a Lei nº. 6.404/1976, que trata das sociedades por ações, aplicável às

sociedades de economia mista integrantes da Administração Pública indireta, ou em

regulamento próprio que discipline a atuação do servidor.

A aplicação dessas penalidades só poderá ocorrer após regular processo

administrativo em que seja assegurado ao servidor o contraditório e a ampla defesa,

no qual serão consideradas: a natureza e a gravidade da infração; a circunstância

Page 20: Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública

Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

20

em que foi praticada; os danos dela decorrentes para o serviço público e os

antecedentes do servidor.

As sanções disciplinares poderão cumular-se com sanções civis e penais,

sendo independentes entre si. Nos termos do art. 306 da Lei Estadual nº.

10.460/1988, a responsabilidade civil decorre de procedimento omissivo ou

comissivo, doloso ou culposo, que importe em prejuízo para a fazenda pública

estadual ou terceiros.

A responsabilidade penal abrange os crimes e as contravenções imputadas

ao servidor nessa qualidade, como, por exemplo, os atos de improbidade

administrativa previstos na Lei nº. 8.429/1992 e as infrações penais descritas na Lei

nº. 8.666/1993. No caso de comissão de sindicância ou de processo administrativo

disciplinar concluir pela ocorrência de infração penal, os autos deverão ser

encaminhados ao Ministério Público para as providências competentes a esse.

Nesse sentido, prevê a Lei nº. 8.666/1993, a saber:

Art. 102. Quando em autos ou documentos de que conhecerem, os

magistrados, os membros dos Tribunais ou Conselhos de Contas ou os

titulares dos órgãos integrantes do sistema de controle interno de qualquer dos

Poderes verificarem a existência dos crimes definidos nessa Lei, remeterão ao

Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao oferecimento da

denúncia.

Não obstante, a prática de infração administrativa por parte de servidor deverá

objeto de apuração e, em sendo o caso, aplicação de sanção disciplinar por atuação

da própria Administração Pública.

A Constituição Estadual, por sua vez, estabelece o dever de os responsáveis

pelo controle interno, ao tomarem conhecimento da ocorrência de qualquer

irregularidade ou ilegalidade, dela darem ciência ao Tribunal de Contas do Estado,

sob pena de responsabilidade solidária (§ 1º do art. 29).

Page 21: Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública

Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

21

II – CONSIDERAÇÕES SOBRE OS CONTRATOS ADMINISTRATIV OS

2.1. Formalização

A Administração Pública, em obediência ao princípio da publicidade e com

vistas a assegurar o controle e a transparência sobre sua atuação, deve manter

registro sistemático dos atos referentes às suas contratações.

Prevê a Lei nº. 8666/1993 em seu art. 60, parágrafo único, que é nulo o

contrato verbal com a Administração, salvo o de pequenas compras de pronto

pagamento feitas em regime de adiantamento. No mesmo sentido dispõe o § 4º

do art. 142 da Lei Estadual nº. 16.920/2010, definidas como pequenas compras

as de valor não superior a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido para

compras e serviços que não sejam de engenharia, na modalidade convite.

Dispõe, por sua vez, o art. 143, caput e § 1º da Lei Estadual nº. 16.920,

semelhantemente à disposição do art. 62 da Lei nº. 8666, que o instrumento de

contrato é obrigatório nos casos de concorrência, tomada de preços, bem como

nas dispensas, inexigibilidades e pregão cujos preços estejam compreendidos

nos limites daquelas duas modalidades de licitação, sendo facultativo para os

demais casos em que puder ser substituído por outros instrumentos hábeis como

carta-contrato, nota de empenho da despesa, autorização de compra ou ordem

de execução de serviço.

Essa substituição será possível nos casos de aquisições com entrega

imediata e integral dos bens e serviços adquiridos, das quais não resultem

obrigações futuras, inclusive assistência técnica, ressalvadas as obrigações

decorrentes de garantia, legalmente prevista, dos bens ou serviços adquiridos (§

2º do art. 143 da Lei Estadual).

Page 22: Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública

Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

22

As minutas dos contratos, assim como as dos editais, devem ser

previamente examinadas e aprovadas por assessoria jurídica do órgão ou

entidade (parágrafo único do art. 38 da Lei nº. 8.666 e art. 94 da Lei Estadual nº.

16.920).

Nos termos do art. 144 da Lei Estadual, os instrumentos contratuais,

quando for o caso, obedecerão à minuta-padrão elaborada pelo órgão central de

aquisição e contratação e aprovada pela Procuradoria-Geral do Estado.

São competentes para celebrar contratos, convênios e ajustes de

qualquer natureza, ao teor do § 2º do art. 133 da Lei Estadual nº 16.920, com

redação dada pela Lei Estadual nº. 17.048/2010, os Chefes de Poder, os

Presidentes dos Tribunais de Contas, o Procurador-Geral de Justiça, o Defensor

Público-Geral, os Presidentes de autarquias e fundações ou quem deles receber

delegação.

Quanto aos órgãos da administração direta, dispõe o art. 47 da Lei

Complementar Estadual nº 58/2006 que a celebração de contratos, convênios e

ajustes de qualquer natureza pelos órgãos da administração direta do Poder

Executivo dependerá de prévia autorização do Governador do Estado –

ressalvadas as delegações de competência ou autorizações para prática de atos

porventura concedidas pelo Chefe do Executivo a determinados Secretários de

Estado – além da audiência e outorga da Procuradoria-Geral do Estado.

O parágrafo único do mesmo art. 47 acima mencionado, por sua vez,

estabelece que nos ajustes cujas licitações são dispensadas em razão do valor a

audiência e a representação previstas no caput do artigo poderão ser

dispensadas por ato da autoridade ali referida.

Com efeito, o Decreto Estadual nº. 6.759/2008, que instituiu o Sistema de

Gestão de Aquisições e Contratações Governamentais no âmbito da

administração direta do Poder Executivo, estabeleceu, no § 5º, inciso I, de seu

art. 6º, com redação dada pelo Decreto Estadual nº. 7.080/2010, que ficam

dispensadas a audiência e outorga da Procuradoria-Geral do Estado nos ajustes

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

23

cujos valores anuais não ultrapassem os limites previstos no art. 77, incisos I e II

e seu § 3º da Lei Estadual nº. 16.920/2010 – que tratam de hipóteses nas quais

é dispensável a licitação em razão do valor –, nos termos previstos no art. 47,

parágrafo único, da Lei Complementar Estadual nº. 58/2006.

Cumpre registrar, ademais, o disposto no art. 1º, II do Decreto Estadual

nº. 6.642/2007, que estabeleceu medidas de controle de gestão pública no

âmbito do Poder Executivo e deu outras providências, alterado pelo Decreto

Estadual nº. 7.130/2010, segundo o qual a celebração de contratos, convênios e

ajustes de qualquer natureza, bem como dos respectivos termos aditivos,

inclusive de prorrogação dos contratos de prestação de serviços a serem

executados de forma contínua, somente deverá efetivar-se mediante autorização

expressa do Governador do Estado, precedida de manifestação da Secretaria da

Fazenda, ainda que por meio eletrônico.

2.1.1. Dos Elementos Necessários aos Contratos Admi nistrativos

O art. 137 da Lei Estadual nº. 16.920, em semelhança com o art. 55 da

Lei nº. 8.666, arrola como necessárias nos contratos administrativos cláusulas

que estabeleçam:

I - o objeto e seus elementos característicos;

II - o modo de fornecimento ou forma de execução;

III - o preço e as condições de pagamento;

IV - os critérios, data-base e periodicidade do reajustamento de preços;

V - os critérios de atualização monetária entre a data de adimplemento

das obrigações e a do seu efetivo pagamento;

VI - os prazos de início de etapas de execução, de conclusão, de

entrega, de recebimento provisório, de observação para recebimento

definitivo, conforme o caso;

VII - o crédito pelo qual correrá a despesa, com indicação da

classificação funcional programática e da categoria econômica;

VIII - as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução,

quando exigidas;

IX - o sistema de fiscalização;

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

24

X - os direitos e as responsabilidades das partes, as sanções contratuais,

e os critérios de mensuração das multas;

XI - os casos de rescisão;

XII - o reconhecimento dos direitos da Administração, em caso de

rescisão administrativa por inexecução total ou parcial do contrato;

XIII - a responsabilidade pelos prejuízos decorrentes de paralisação de

obra, serviço ou fornecimento;

XIV - quando for o caso, as condições de importação e exportação, a

data e a taxa de câmbio para conversão ou o critério para a sua

determinação;

XV - o foro judicial;

XVI - a vinculação ao edital ou convite, ou ao termo que dispensou ou

inexigiu a licitação e à proposta do licitante vencedor;

XVII - a legislação aplicável á execução do contrato e especialmente aos

casos omissos;

XVIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do

contrato, em compatibilidade com as obrigações assumidas, todas as

condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação, inclusive de

apresentar o Certificado de Regularidade de Registro Cadastral sem

pendências;

XIX - a obrigação de apresentar relação de todos os sócios que compõem

seu quadro social, no momento da contratação e, durante a vigência do

ajuste, sempre que a Administração o requerer.

No que tange à previsão do inc. XVIII acima transcrito, registre-se que,

nos termos do § 2° do art. 124 da Lei Estadual nº 1 6.920, o Certificado de

Regularidade de Registro Cadastral – CRRC consiste em documento emitido por

órgão ou entidade da Administração Pública estadual, a partir de sistema

informatizado mantido e que contemple os dados de habilitação jurídica,

regularidade fiscal e qualificação econômica e financeira das empresas

contratadas e interessadas a contratar com a Administração.

Prevê o § 3º do art. 124 da Lei Estadual que o CRRC deverá ser feito em

obediência ao disposto na Lei e sua apresentação pela parte não a exime de

declarar, sob as penalidades legais, a superveniência de fato impeditivo à

habilitação.

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

25

Cumpre registrar, outrossim, orientação emanada da Central de

Aquisições e Contratações – Centrac, fundamentada, ademais, em

manifestação-resposta da Procuradoria-Geral do Estado, segundo a qual “a

necessidade de cláusula contratual que estabeleça a obrigação do contratado de

manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com as

obrigações assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação exigidas

na licitação, independerá da apresentação de CRRC sem pendências”; e que

“para efeito de liberação de pagamento pela Administração Pública, a

regularidade jurídica e fiscal poderá ser comprovada pelos documentos hábeis

ou por meio do CRCC”7.

2.1.2. Publicação

A publicação resumida do instrumento do contrato e de seus aditamentos

na imprensa oficial é condição indispensável para a eficácia do ajuste, conforme

disposição do parágrafo único do art. 61 da Lei nº. 8.666. No mesmo sentido

estabelece a Lei Estadual nº. 16.920, no § 1º do art. 142, prevendo que a

publicação deverá ocorrer preferencialmente até o quinto dia útil do mês

seguinte ao da outorga do ajuste, prazo esse limitado em 30 (trinta) dias da

assinatura.

Os casos de dispensa de licitação previstos nos incisos III a XXVII do art.

77 da Lei Estadual, as inexigibilidades referidas no art. 78 e seus incisos,

necessariamente justificadas, e o retardamento na execução de obra ou serviço,

referido no art. 17, § 1º, deverão ser comunicados à autoridade superior no 7 Orientação constante do Ofício Circular nº 676/2010 – Centrac, da Central de Aquisições e Contratações, enviado aos órgãos e entidades do Estado, fundamentado, também, no Parecer nº. 4091/2010–NNP, adotado pelos Despachos nº. 5479/2010 e 7766/2010, todos da Procuradoria Geral do Estado. No referido ofício circular constam também orientações para a utilização do certificado de regularidade de registro cadastral nos procedimentos licitatórios, segundo as quais “como condição para participação em pregão por meio eletrônico os licitantes deverão estar previamente cadastrados junto à unidade central de registro cadastral. Contudo, desde que previsto no edital, será assegurado ao licitante que apresente seu CRRC com status irregular, o direito de apresentar documentação atualizada e regular na própria sessão”. Consta, ademais, do referido ofício circular, orientação no sentido de que “nas demais modalidades licitatórias, bem como dispensas e inexigibilidades, o cadastramento será facultativo, podendo o licitante ou o contratado possuir o CRRC ou não. Caso apresente o CRRC com status irregular, será assegurado, desde que previsto no edital, o direito de apresentar documentação atualizada e regular na própria sessão.”

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

26

prazo de 3 (três) dias para ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo

de 5 (cinco) dias, como condição para eficácia dos atos (§ 1º do art. 82 da Lei

Estadual).

2.1.3. Termo Aditivo

Termo Aditivo é o instrumento utilizado para formalizar as alterações nos

contratos administrativos, previstas em lei, tais como os acréscimos ou

supressões no objeto e as prorrogações de prazos. O termo aditivo deve ser

firmado por ambas as partes contratantes e seu extrato publicado, nos mesmos

termos do ajuste original.

Estabelece o § 3º do art. 142 da Lei Estadual nº. 16.920 que “os aditivos

contratuais, salvo justificativa, serão formalizados em autos apartados do

processo originário da contratação e serão publicados nas mesmas condições

do contrato aditado, mencionando-se, obrigatoriamente, em caso de alteração do

seu valor, o que consta do instrumento originário, sob pena de responsabilidade

da autoridade signatária.”

A despeito da previsão da primeira parte do dispositivo transcrito, registre-

-se que, em sendo os termos aditivos formalizados em autos apartados do

processo da contratação original, deverão ser ambos apensados para que, no

decorrer de sua tramitação processual, seja possível a análise dos documentos

referentes à contratação original, a saber: projeto básico da obra ou serviço,

ocorrências relativas à execução do objeto contratado, dentre outros fatos cujo

conhecimento é relevante para a formalização e o acompanhamento da

execução do objeto de um termo aditivo ao contrato.

2.1.4. Termo de Apostilamento

Termo de apostilamento é o registro feito pela própria Administração ao

termo de contrato ou outros instrumentos que o substituam, sem necessidade

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

27

da interveniência do contratado, registro esse que pode ser efetuado por meio

de juntada de outro documento ao termo de contrato ou aos demais

instrumentos hábeis, para os casos de situações que não caracterizem

alteração ao ajuste firmado, como as exemplificadas no § 8º do art. 65 da Lei nº

8.666/1993 e previstas no art. 146 da Lei Estadual, a saber:

• variação do valor contratual para fazer face a reajuste previsto

no próprio contrato;

• atualizações, compensações ou penalizações financeiras

decorrentes de condições de pagamento previstas no contato;

• empenho de dotações orçamentárias suplementares até o limite

do valor corrigido do ajuste.

Quanto à disposição do inciso III do art. 146 da Lei Estadual, qual

seja, previsão da possibilidade de registro por simples apostila das alterações

de acréscimo ou supressão de quantitativos do objeto contratado, nos limites

previstos no § 1º do art. 154 da Lei Estadual8, registre-se ser recomendável o

registro formal da ciência e aquiescência a ser dada pelo contratado nessas

hipóteses, aquiescência essa que se opera validamente pela forma do termo

aditivo, inclusive estabelecendo o termo inicial para cumprimento do objeto a

partir das alterações realizadas. Isto porque das alterações contratuais

efetuadas de supressão ou acréscimo de quantitativo do objeto contratual

decorrerão responsabilidades por parte da Administração e do contratado

distintas das inicialmente pactuadas, inclusive quanto ao preço do objeto.

Com efeito, prevê o § 2º do art. 154 da Lei Estadual que,

“respeitados os limites e para os fins do § 1º, se o contrato não tiver estipulado

preços unitários para obras e serviços, esses serão fixados com base em

tabelas oficiais e, na sua falta, mediante acordo entre as partes”.

8 Art. 154. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, mediante justificação expressa, nos seguintes casos: (...) § 1º. O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem em obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do seu valor inicial atualizado, e, no caso particular de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% para os seus acréscimos.

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

28

2.2. Das Garantias

O art. 56 da lei nº. 8.666 e art. 147 da Lei Estadual nº. 16.920 prevêem

que, a critério da autoridade competente, em cada caso e desde que prevista

no instrumento convocatório, poderá ser exigida prestação de garantia nas

contratações de obras, serviços e compras.

Caso decida a Administração pela exigência de garantia da execução

de obra, fornecimento de bens ou prestação de serviço, o momento para fazê-

lo é por ocasião da habilitação no procedimento licitatório.

Estabelece o art. 31, III da Lei nº. 8.666 e art. 123, III da Lei Estadual

que a documentação relativa à qualificação econômico-financeira, no tocante à

garantia para participação no procedimento licitatório, quando exigida no edital,

limitar-se-á a 1% (um por cento) do valor estimado do objeto da contratação.

A exigência de índices deve limitar-se à demonstração da capacidade

financeira do licitante com vistas aos compromissos que terá que assumir caso

lhe seja adjudicado o contrato, sendo vedada a exigência de valores mínimos

de faturamento anterior, índices de rentabilidade ou lucratividade (§ 1º do art.

31 da Lei nº. 8.666 e § 1º do art. 123 da Lei Estadual).

Cumpre registrar disposição específica existente a respeito da

modalidade licitatória pregão, expressa no art. 5º, I da Lei nº. 10.520/2002 e art.

67, I da Lei Estadual nº. 16.920/2010, segundo a qual é vedada exigência de

garantia de proposta para participação em certames dessa modalidade,

permanecendo a possibilidade de exigência de garantia contratual da execução

do objeto, por ocasião da firmatura do contrato, se assim previsto no edital (art.

55, VI da Lei nº. 8.666 e artigo 137, VIII da Lei Estadual).

Faculta-se ao particular a escolha dentre as possibilidades de garantia

permitidas, cabendo à Administração verificar a idoneidade da mesma com

base em critérios objetivos.

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

29

2.2.1. Das Modalidades de Garantia

São modalidades de garantia, previstas no § 1º do art. 56 da Lei nº.

8.666 e § 1º do art. 147 da Lei Estadual: a caução em dinheiro; caução em

títulos da dívida pública; o seguro-garantia e a fiança-bancária.

A caução consiste em garantia em dinheiro, em títulos da dívida pública

(caução real) ou em responsabilidade de terceiro (caução fidejussória ou

fiança), oferecida para assegurar o cumprimento de determinada obrigação.

Estabelece o § 1º, inciso I do art. 56 da Lei nº. 8.666 e § 1º, inciso II do

art. 147 da Lei Estadual que, em se tratando de caução em títulos da dívida

pública, para que sejam regularmente aceitos, deverão ter sido emitidos sob a

forma escritural, mediante registro em sistema centralizado de liquidação e de

custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil e avaliados pelos seus

valores econômicos, conforme definido pelo Ministério da Fazenda.

A fiança bancária é garantia fidejussória oferecida por instituição

financeira para o cumprimento das obrigações do contratado. Segundo

renomada doutrina, trata-se de fiança de natureza comercial e onerosa e, por

isso, torna o banco solidário com o contratado até o limite da responsabilidade

afiançada9.

O seguro-garantia de obrigação contratual, por sua vez, conhecido na

linguagem empresarial por performance bond, é a garantia oferecida por

empresa seguradora decorrente de contrato firmado entre o particular

contratado e a instituição seguradora, em que conste como beneficiária a

pessoa da Administração. O seguro-garantia assegura a execução do contrato

firmado pelo particular com a Administração, seja pela realização, à custa da

seguradora, da obra, serviço ou fornecimento, ou pelo pagamento à

Administração do necessário para que esta recontrate ou conclua por si o

objeto inacabado. 9 Hely Lopes Meirelles, in Licitação e Contrato Administrativo,14. ed., Malheiros Editores, 2006, p. 226.

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

30

Prevê o § 2º do art. 56 da Lei nº. 8.666 e o § 2º do art. 147 da Lei

Estadual que a garantia contratual não excederá a 5% (cinco por cento) do

valor do contrato e terá seu valor atualizado nas mesmas condições dele.

Todavia, para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto, os quais

envolvam alta complexidade técnica e/ou riscos financeiros consideráveis,

demonstrados por parecer tecnicamente aprovado pela autoridade competente,

o limite de garantia acima referido poderá ser elevado para até 10% (dez por

cento) do valor do contrato (§ 3º dos arts. 56 da Lei nº. 8.666 e 147 da Lei

Estadual).

Registre-se que a garantia prestada pelo licitante vencedor poderá

converter-se em garantia do contrato, devendo ser complementada, quando

necessário, podendo, inclusive, ser exigido de uma só vez o complemento da

garantia como condição para assinatura do contrato (§§ 4º e 5º do art. 147 da

Lei Estadual).

Cumpre à Administração restituir ao contratado, após a execução do

contrato, a garantia prestada, atualizada monetariamente, quando em dinheiro.

Prevê a Lei Estadual que a garantia contratual terá seu valor atualizado nas

mesmas condições do valor da contraprestação ao contrato por parte da

Administração (§ 4º do art. 56 da Lei nº. 8.666 e §§ 6º e 8º do art. 147 da Lei

Estadual).

Estabelece o § 7º do art. 147 da Lei Estadual que a devolução da

garantia ocorrerá:

I - para os licitantes desclassificados e inabilitados, após o resultado da

classificação e da habilitação, respectivamente;

II - para os demais licitantes, logo após o que ocorrer primeiro: a

homologação ou o fim de validade da proposta;

III - para o contratado, após o recebimento definitivo do objeto do

contrato.

Dispõe o art. 148 da Lei Estadual que a garantia responderá pelo

inadimplemento das obrigações contratuais e pelas multas impostas ao

contratado, independentemente de outras cominações legais.

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

31

Prevê, por sua vez, o § 5º do art. 56 da Lei nº. 8.666 e art. 149 da Lei

Estadual que no caso de o contrato importar a entrega de bens pela

Administração, dos quais fique o contratado como depositário, ao valor da

garantia contratual prestada pelo contratado deverá ser acrescido o valor

desses bens.

2.2.2. Garantia de Natureza Técnica

Há, também, a figura da garantia técnica, correspondente aos casos em

que se exige do particular que preste garantia quanto à integridade do bem

fornecido ou serviço executado, por certo período de tempo. Tal hipótese,

muito utilizada do âmbito das contratações privadas, é também exigível nas

contratações administrativas.

A garantia técnica não se confunde com a garantia prevista no art. 56 da

Lei nº. 8.666 e arts. 147 a 149 da Lei Estadual nº. 16.920. Na lição de Justen

Filho, enquanto a “caução” é um contrato com existência própria, de natureza

acessória, a garantia técnica consiste em uma ampliação das obrigações

assumidas pelo contratado, abrangida no próprio contrato originário10.

2.3. Duração dos Contratos

Os contratos administrativos, como regra geral, têm sua duração adstrita

à vigência dos respectivos créditos orçamentários. É a previsão do art. 57,

caput da Lei nº. 8.666. Vedou-se a celebração de contratos administrativos

com vigência indeterminada (§ 3º do art. 57 da Lei nº. 8.666 e art. 150 da Lei

Estadual n°. 16.920).

10 JUSTEN FILHO, Marçal. Ob. cit., p. 694.

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

32

Como os créditos orçamentários vigoram por um exercício financeiro, a

duração dos contratos, em princípio, é limitada a doze meses11. A intenção do

legislador foi proibir licitação e a contratação sem previsão de recursos.

A Lei nº. 8.666, porém, admitiu exceções. Para projetos cujos produtos

estejam contemplados nas metas estabelecidas no plano plurianual, por

exemplo, a construção de uma obra, a duração do contrato deve ser

estabelecida em conformidade com o prazo fixado para a execução do projeto.

A esse respeito, segundo inteligência do art. 151, caput da Lei Estadual,

a duração de contratos de obras, cuja execução se dê por período superior ao

do exercício em que o ajuste for firmado, estará subordinada à previsão contida

no Plano Plurianual para a respectiva despesa.

No caso de prestação de serviços a serem executados de forma

contínua, por exemplo, os serviços de limpeza e vigilância, prevê a Lei nº.

8.666 que poderão ter a sua duração prorrogada por sucessivos períodos com

vistas à obtenção de preços e condições mais vantajosas para a

Administração, limitada a 60 (sessenta) meses, admitida, em caráter

excepcional, devidamente justificado e mediante autorização da autoridade

superior, a extensão por mais doze meses (art. 57, inciso II e § 4º). Em sentido

semelhante a disposição dos §§ 1º e 2º do art. 151 da Lei Estadual.

Para os aluguéis de equipamentos e utilização de programas de

informática, prevê o art. 57, IV da Lei nº. 8.666 que a duração dos contratos

poderá estender-se pelo prazo de até 48 (quarenta e oito) meses.

Sobre o tema, também estabeleceu a Lei Estadual, em seu art. 151,

caput que a duração de contratos de prestação de serviços a serem

executados de forma contínua e por período superior ao do exercício em que o

ajuste seja firmado, estará subordinada à previsão do Plano Plurianual para

despesas dessa natureza.

11 MEIRELLES, Hely Lopes. Ob. cit., p. 241.

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

33

Há casos excepcionais de contratos realizados pela Administração que

não estão sujeitos às regras de prazo previstas no art. 57 da Lei nº 8.666. São

eles os exemplificados no art. 62, § 3º da Lei Geral:

• contratos de seguro, financiamento, locação em que o Poder

Público seja locatário e demais contratos cujo conteúdo seja regido

predominantemente por norma de direito privado;

• contratos em que a Administração faça parte como usuária de

serviço público12.

2.3.1. Prorrogação

A prorrogação contratual consiste na ampliação do prazo de vigência

inicialmente pactuado, fixando-se um período de tempo mais longo para a

execução das obrigações contratadas.

Para os contratos que se extinguem pela conclusão do objeto, como no

caso da execução de obra, entende-se que ultrapassado o prazo sem a

conclusão do objeto, o contrato continua em execução. Deve-se, todavia, ser

formalizada a prorrogação da duração do ajuste, com a devida justificativa e a

autorização da autoridade competente.

Muito embora a literal disposição do art. 57, II da Lei nº. 8.666, o prazo

de prorrogação da vigência dos contratos pode ser igual, inferior ou até

superior ao ajustado inicialmente, observados os limites de duração contratual

mencionados no item anterior, a vantagem para a Administração e a

peculiaridade de cada caso13.

Com efeito, prevê o § 5º do art. 79 da Lei nº. 8.666 e § 3º do art. 178 da

Lei Estadual nº. 16.920 que, ocorrendo impedimento, paralisação ou sustação

12 MEIRELLES, Hely Lopes. Ob. cit., p. 242. 13 Nesse sentido, Marçal Justen Filho, ob. cit., p.702.

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

34

do contrato, o cronograma de execução será prorrogado automaticamente por

igual período.

Dispõe o art. 152 da Lei Estadual nº. 16.920 que os prazos de início das

etapas de execução, de conclusão e de entrega admitem prorrogação,

mantidas as demais cláusulas do contrato e assegurada a manutenção de seu

equilíbrio econômico-financeiro, nos seguintes casos, devidamente registrados:

I – alteração do projeto ou de suas especificações pela Administração;

II – superveniência de fato imprevisível ou previsível com

conseqüências incalculáveis, alheio à vontade das partes, que altere

fundamentalmente as condições da execução do contrato;

III – retardamento na expedição da ordem de execução do serviço ou

autorização de fornecimento, interrupção da execução do contrato ou

diminuição do ritmo de trabalho, por ordem e interesse da

Administração;

IV – aumento das quantidades inicialmente previstas no contrato, nos

limites permitidos por esta Lei;

V – impedimento, total ou parcial, da execução do contrato por fato ou

ato de terceiro, reconhecido pela Administração em documento

contemporâneo à sua ocorrência;

VI – omissão ou atraso de providências a cargo da Administração,

inclusive quanto aos pagamentos previstos, de que resulte

impedimento ou retardamento na execução do contrato, sem prejuízo

das sanções legais aplicáveis aos responsáveis.

Certas condições devem ser observadas para que a Administração

proceda à prorrogação contratual:

• deverá ser informado e justificado o interesse na prorrogação;

• deverá ser comprovada a vantagem para a Administração na

prorrogação, que poderá ser dar por meio de pesquisa de mercado realizada

com pelo menos três empresas do ramo ou em órgãos da Administração

Pública que mantenham contratos semelhantes, confrontando-se os custos de

cada qual;

• manifestação da contratada em relação à prorrogação e ao

preço pactuado;

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

35

• o ato de prorrogação deverá ser autorizado pela autoridade

competente para a celebração do contrato (§ 2º do art. 57 da Lei nº 8.666).

Nos casos de dispensa e inexigibilidade de licitação, para que se

proceda à prorrogação deverá ser informado se a contratada continua

mantendo, em relação à execução do objeto, as condições que ensejaram sua

contratação por dispensa ou inexigibilidade.

A solicitação de prorrogação de contrato deverá ser encaminhada antes

da expiração da vigência do respectivo ajuste, recomendando-se antecedência

mínima de 60 dias.

Na impossibilidade de prorrogar-se a duração de contratação de

serviços contínuos em virtude de atingido o prazo limite de vigência, deverá ser

procedida abertura de novo procedimento licitatório, recomendando-se, nesses

casos, uma antecedência mínima de 90 dias.

É importante atentar-se para o prazo de antecedência na realização de

tais procedimentos, em razão do tempo demandado nos trâmites processuais

obrigatórios.

A prorrogação deve ser formalizada por termo aditivo analisado e

aprovado pela assessoria jurídica do órgão ou entidade e, uma vez aditado o

contrato, o resumo deverá ser publicado na imprensa oficial.

2.4. Renovação Contratual

O termo renovação contratual, segundo autorizada doutrina, consiste na

realização de nova contratação, de conteúdo similar a um contrato anterior,

para que tenha vigência por período posterior, mantendo-se as partes em

situação jurídica similar à decorrente do contrato que se extingue14. É a

14 JUSTEN FILHO, Marçal. Ob. cit., p. 700/701.

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

36

hipótese prevista no art. 57, II da Lei nº. 8.666, muito embora a utilização do

termo “prorrogação”.

2.5. Cláusulas Exorbitantes

As cláusulas exorbitantes constituem as prerrogativas especiais

conferidas à Administração na relação do contrato administrativo, em virtude de

sua posição de supremacia sobre a parte contratada, com vistas a assegurar o

atendimento do interesse público. Tais cláusulas, nos termos do art. 58 da Lei

nº. 8.666 e, semelhantemente, ao teor do art. 138 da Lei Estadual nº. 16.920,

permitem à Administração, em relação aos contratos administrativos:

• modificá-los unilateralmente para melhor adequação às

finalidades de interesse público, respeitados os direitos do contratado;

• rescindi-los unilateralmente, nos casos especificados no inciso I

do art. 79 da Lei nº. 8666;

• fiscalizar-lhes a execução;

• aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do

ajuste.

2.6. Alterações Contratuais

Os contratos administrativos podem ser alterados por interesse da

Administração, com vistas à satisfação do interesse público, ou pela

superveniência de fatos novos que dificultem ou agravem, de modo

excepcional, a execução do ajustado. Em qualquer caso, para que sejam

consideradas válidas, devem as alterações ser justificadas, evidenciada a

superveniência do fato motivador, e autorizadas pela autoridade competente

para celebrar o contrato.

As alterações unilaterais promovidas por interesse da Administração

podem ser (art. 65, I da Lei nº. 8.666 e art. 154, I da Lei Estadual nº. 16.920):

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

37

• alterações qualitativas: quando for necessário modificar o projeto

ou suas especificações, para melhor adequação técnica aos seus objetivos,

respeitados os direitos do contratado;

• alterações quantitativas: quando for necessária a modificação do

valor contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa do

objeto, nos limites permitidos na lei.

Prevê o § 1º do art. 65 da Lei nº. 8.666 e § 1º do art. 154 da Lei Estadual

nº. 16.920 que o contratado fica obrigado a aceitar os acréscimos e supressões

que se fizerem nas obras, serviços ou compras até o limite de 25% (vinte e

cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato e, no caso particular de

reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinquenta por

cento) para os seus acréscimos.

Acima de tais limites, somente serão admitidas as supressões

resultantes de acordo celebrado entre os contratantes (§ 2º, II do art. 65 da Lei

nº. 8666 e § 3º do art. 154 da Lei Estadual).

Estabelece o § 2º do art. 154 da Lei Estadual que, respeitados os limites

acima citados e para os fins dos acréscimos e supressões contratuais

admitidos, se o contrato não tiver estipulado preços unitários para as obras

e/ou serviços, esses serão fixados com base em tabelas oficiais e, na sua falta,

mediante acordo entre as partes.

Aponta a Lei nº. 8.666, em seu art. 65, II, e a Lei Estadual, no art. 154, II,

outras formas de alteração contratual que podem ser procedidas por acordo

entre as partes, como:

• quando for conveniente a substituição da garantia da execução ou

o reforço da mesma;

• quando necessária a modificação do regime de execução da obra

ou do serviço ou o modo de fornecimento, em razão de verificação técnica de

inadequação das condições contratuais originárias;

• quando necessária a modificação da forma de pagamento;

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

38

• quando for necessário restabelecer a relação inicialmente

pactuada entre os encargos do contratado e a remuneração da Administração,

com vistas à manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato,

na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis ou previsíveis mas de

consequências incalculáveis;

• quando possível a redução do preço ajustado para compatibilizá-

lo ao valor de mercado ou quando houver diminuição, devidamente

comprovada, dos preços dos insumos básicos utilizados na execução do objeto

do contrato.

2.7. Equilíbrio Econômico - Financeiro

O equilíbrio econômico e financeiro é a relação estabelecida entre as

partes, por ocasião do ajuste contratual, entre os encargos do contratado e a

justa remuneração da Administração pela obra, serviço ou fornecimento.

Essa relação deve ser mantida durante toda a execução do contrato.

Assim, havendo alterações por parte da Administração nas cláusulas relativas

ao objeto do contrato, as quais acarretem aumento dos encargos do

contratado, faz este jus ao restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro

inicial, o qual se dará por aditamento ao contrato (§ 6º do art. 65 da Lei nº.

8.666 e § 6º do art. 154 da Lei Estadual nº. 16.920).

Do mesmo modo, prevê o art. 65, II, “d” da Lei nº 8.666 e art. 154, II, “d”

da Lei Estadual a possibilidade de os contratos administrativos serem

alterados, por acordo entre as partes, na hipótese de sobrevirem fatos

imprevisíveis, ou previsíveis mas de conseqüências incalculáveis, que onerem

a execução do contrato, configurando situação econômica extraordinária e

extracontratual, que desequilibre a equação econômica estabelecida

inicialmente pelas partes, para o fim de restabelecer o equilíbrio econômico-

financeiro do contrato.

Para que possa ser concedido o reequilíbrio econômico e financeiro,

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

39

normalmente requerido pelo contratado, deverão ser verificados os custos da

proposta contratada com a planilha de custos que acompanhar o pedido de

reequilíbrio, seguida da evidenciação do fato motivador do desequilíbrio.

Nesse sentido, estabelece o § 10 do art. 154 da Lei Estadual que

somente se procederá a alteração contratual com o intuito de reequilíbrio

econômico-financeiro, nos termos do disposto no inciso II, “d”, do caput do art.

154, à vista de planilhas de composição de custos, sendo uma contemporânea

à apresentação da proposta adjudicada e a outra atualizada, simétrica com a

primeira, de modo a permitir a verificação e mensuração do desequilíbrio que

se pretende sanar.

Como inúmeros são os fatos que podem ensejar o rompimento do

equilíbrio econômico e financeiro do contrato, variadas também são as formas

permissivas do reequilíbrio. Vejamos, a seguir, essas formas e as

denominações utilizadas pela legislação e doutrina administrativa para designar

as maneiras de se promover o restabelecimento do equilíbrio econômico-

financeiro dos contratos administrativos.

2.7.1. Reajuste Contratual

O reajuste do contrato consiste na majoração dos valores unitários ou de

parte do valor global do objeto contratado para compensar os efeitos da

inflação e atender às elevações do mercado, decorrentes da desvalorização da

moeda ou do aumento geral dos custos no período da execução do contrato15.

Prevê o art. 98, XIII da Lei Estadual nº. 16.920, em semelhança com o

art. 40, XI da Lei n.º 8.666, que o edital deverá conter o critério de reajuste

anual, o qual deverá retratar a variação efetiva do custo de produção, com a

indicação, sempre que possível, de índices específicos ou setoriais, desde a

data prevista para apresentação da proposta ou do orçamento a que esta

referir.

15 Lição de Hely Lopes Meirelles, ob. cit., p. 210.

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

40

Dispõe a Lei Estadual, em seu art. 155, que no reajustamento dos

preços contratuais deverá a Administração optar pela adoção dos índices

específicos ou setoriais mais adequados à natureza da obra, compra ou

serviço, sempre que existentes. Na ausência dos índices específicos, deverá

ser adotado o índice geral de preços mais vantajoso para a Administração,

calculado por instituição oficial e que retrate a variação do poder aquisitivo da

moeda (art. 156).

No caso de o bem adquirido ou serviço contratado estar submetido a

controle governamental, previu a Lei Estadual que o reajustamento de preços

não poderá exceder aos limites fixados (parágrafo único do art. 156).

A Lei n.º 10.192/2001 vedou a estipulação de reajuste para períodos

inferiores a um ano. No mesmo sentido, estabeleceu a Lei Estadual nº. 16.920,

ao prever que o reajustamento de preços deverá ser efetuado na periodicidade

anual, considerando-se a variação ocorrida desde a data da apresentação da

proposta ou do orçamento a que esta se referir até a data do efetivo

adimplemento da obrigação (art. 157).

Estando o reajuste previsto e disciplinado no contrato, pode a

Administração aplicá-lo unilateralmente, podendo ser formalizado

independentemente de termo aditivo, por atuação da própria Administração,

por simples apostila ao instrumento contratual, indicando a ocorrência do

reajuste e os novos valores contratuais (§ 8º do art. 65 da Lei nº. 8.666/1993 e

146, II da Lei Estadual).

Oportunamente, previu a Lei Estadual, em seu art. 158, que em havendo

atraso ou antecipação na execução de obras, serviços ou fornecimentos,

relativamente à previsão do respectivo cronograma, que decorra da

responsabilidade ou iniciativa do contratado, o reajustamento obedecerá às

seguintes condições:

I – quando houver atraso, sem prejuízo da aplicação das sanções

contratuais devidas pela mora:

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

41

a) aumentando os preços, prevalecerão os índices vigentes na data

em que deveria ter sido cumprida a obrigação;

b) diminuindo os preços, prevalecerão os índices vigentes na data do

efetivo cumprimento da obrigação;

II – quando houver antecipação, prevalecerá o índice da data do

efetivo cumprimento da obrigação.

Por outro lado, na hipótese de atraso na execução do contrato por culpa

da Administração, prevalecerão os índices vigentes nesse período, se os

preços aumentarem, ou serão aplicados os índices correspondentes ao início

do respectivo período, se os preços diminuírem (art. 159 da Lei Estadual).

2.7.2. Atualização Monetária

A atualização monetária é o instrumento utilizado para preservar o valor

de pagamento a ser realizado pela Administração ao contratado que já prestou

o serviço ou entregou o bem e apresentou sua fatura.

Muito embora de natureza jurídica semelhante a do reajuste de preços,

por envolverem ambos a alteração nominal de valores destinada a compensar

os efeitos da inflação, o reajuste tem por fundamento índices setoriais

específicos, destinados a retratar a variação de custos do objeto contratado, ao

passo que a atualização monetária consiste numa compensação genérica pela

perda do valor monetário, baseada em índices gerais de preços, devida ao

contratado que já prestou o serviço ou entregou o bem e apresentou a sua

fatura, até a quitação desta.

Prevê o art. 55, III da Lei nº. 8.666 e art. 137, V da Lei Estadual nº.

16.920 que o contrato deverá prever os critérios de atualização monetária entre

a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento.

A atualização monetária dos pagamentos devidos pela Administração,

em caso de mora desta, será calculada considerando a data do vencimento da

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

42

fatura/nota fiscal ou outro documento que a substitua, devidamente atestada a

entrega do bem ou serviço, e a data do efetivo pagamento, de acordo com os

critérios previstos no ato convocatório e no contrato, procedendo-se ao registro

do pagamento com atualização monetária por simples apostila (arts. 160, 161 e

146, II da Lei Estadual).

2.7.3. Revisão para Recomposição de Preços (ou real inhamento)

A revisão do contrato para a recomposição de preços é prevista para os

casos de alteração do projeto ou das condições de execução do ajuste, ou na

ocorrência de fatos supervenientes ou imprevistos que onerem

extraordinariamente os encargos do contratado ou provoquem redução

excepcional dos preços.

Prevê o § 6º do art. 65 da Lei nº. 8.666 e o § 6º do art. 154 da Lei

Estadual nº. 16.920 que havendo alteração unilateral do contrato que aumente

os encargos do contratado, a Administração deverá restabelecer, por

aditamento, o equilíbrio econômico-financeiro inicial.

Assim, a revisão ou realinhamento de preços diferencia-se e independe

do reajustamento de preços16, visto estar destinada à restauração do equilíbrio

econômico e financeiro do contrato diante da ocorrência de eventos

supervenientes e imprevistos ou extraordinários.

A Lei nº. 8.666 dispôs, ademais, em seu art. 65, § 5º, que a criação,

alteração ou extinção de tributos ou encargos legais, ou a superveniência de

outras disposições legais, após a data da apresentação da proposta e que

repercutam nos preços anteriormente contratados, implicarão na revisão dos

mesmos para mais ou para menos, em conformidade com a variação dos

encargos do contratado. No mesmo sentido, a disposição do § 5º do art. 154 da

Lei Estadual.

16 Nesse sentido, Marçal Justen Filho, ob.cit., p. 760.

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

43

2.7.4. Repactuação

O termo repactuação, segundo apontado por Marçal, foi instituído no

âmbito federal tendo em vista especificamente as contratações de serviços

contínuos. Conforme relata, a Resolução nº. 10, de outubro de 1996, do antigo

Conselho de Coordenação e Controle das Empresas Estatais – CCE, vedou,

para os contratos de prestação de serviços, a previsão de cláusulas de

indexação (reajuste), determinando que nas contratações com prazo superior a

um ano ou quando houvesse renovação do contrato, ocorreria uma

“repactuação de preços”17.

Nesse sentido, a repactuação assemelha-se ao reajuste, ao ser prevista

para ocorrer a cada doze meses. Por outro lado, aproxima-se da revisão por se

tratar de uma discussão entre as partes quanto às variações de preço

ocorridas. Justifica-se pelo fato de que os índices gerais de preços podem não

refletir a efetiva variação de custos do particular na prestação do serviço

específico, que pode, inclusive, ser inferior à retratada no índice.

Generalizada para as contratações do art. 57, II da Lei nº. 8.666/1993,

verifica-se que a finalidade da repactuação é, ao invés de uma compensação

automática ao final de doze meses, promover uma reavaliação da relação entre

os encargos do particular e a remuneração pelo serviço contratado.

O termo repactuação é previsto no art. 98, XV da Lei Estadual nº.

16.920, ao prever, dentre os elementos que devem constar do edital da

licitação, a necessidade de os interessados em contratar apresentarem,

juntamente com a proposta de preços, “planilha de composição de custos, no

caso de obras e serviços, sob pena de, não o fazendo, inviabilizar a análise de

pedido de reequilíbrio econômico-financeiro, repactuação, recomposição, ou

outro tipo de alteração de valores contratuais que dependam de verificação

dessas variações”.

17 Ob. cit, p. 763.

Page 44: Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública

Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

44

2.8. Recebimento do Objeto

Constitui a entrega e o recebimento do objeto em uma das etapas finais

da execução dos contratos administrativos. O recebimento do objeto contratual

pela Administração far-se-á, segundo previsão legal, de forma provisória ou

definitiva.

Provisório é o recebimento que se efetua em caráter experimental, em

um período determinado, no qual se verifica a perfeita adequação do objeto

entregue às especificações contratadas, bem como a qualidade do mesmo.

Durante o período do recebimento provisório, ficam retidas as garantias

oferecidas à execução do contrato.

A regra é o recebimento definitivo, como registra Hely Lopes. Assim,

deve o recebimento provisório ser previsto expressamente no edital e no

contrato, sendo, igualmente, registrado no termo de recebimento respectivo18.

Transcorrido o prazo do recebimento provisório sem impugnação do objeto

pela Administração, converte-se o recebimento provisório em definitivo.

Em todo caso, nos termos do § 2º do art. 73 da Lei nº. 8.666 e art. 175

da Lei Estadual nº. 16.920, o recebimento provisório ou definitivo não exclui a

responsabilidade civil do contratado pela solidez e segurança da obra ou do

serviço, a responsabilidade ético-profissional pela adequada execução do

objeto, nos termos estabelecidos na legislação civil aplicável ou no instrumento

contratual. Pode ocorrer até eventual responsabilidade penal do contratado na

hipótese de culpa ou dolo na execução do contrato que venha causar lesão a

terceiros.

Uma vez recebido definitivamente o objeto do contrato, deve a

Administração restituir ao contratado as garantias prestadas, atualizadas

monetariamente, se em dinheiro.

18 Ob. cit., p. 238.

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

45

Prevê o art. 172 da Lei Estadual, semelhantemente ao disposto no art.

73 da Lei nº. 8.666 que, executado o contrato, o seu objeto será recebido:

I - em se tratando de obras e serviços:

a) provisoriamente, pelo responsável por seu acompanhamento e

fiscalização, mediante termo circunstanciado, firmado pelas partes, em

até 15 (quinze) dias da comunicação escrita do contratado, com a

duração máxima de 90 (noventa) dias do período de provisoriedade;

b) definitivamente, em razão de termo circunstanciado emitido por

servidor ou comissão designada pela autoridade competente, assinado

pelas partes, após o decurso de prazo de observação ou de vistoria,

comprovando a adequação do objeto ao ajuste, obedecido o disposto

no art. 168 desta Lei;

II - em se tratando de compras ou locação de equipamentos:

a) provisoriamente, para efeito de posterior verificação da

conformidade do material com a especificação, pelo prazo máximo de

15 (quinze) dias do período de provisoriedade;

b) definitivamente, após a verificação da qualidade e quantidade do

material e consequente aceitação.

§ 1º O recebimento far-se-á mediante termo circunstanciado, facultada

a emissão de simples recibo nos casos elencados no § 4º, até o limite

de dispensa de licitação por valor.

§ 2º O prazo a que se refere a alínea “b” do inciso I deste artigo não

poderá ser superior a 90 (noventa) dias, salvo em casos excepcionais,

devidamente justificados e previstos no edital.

§ 3º O recebimento definitivo de obras, compras ou serviços, cujo valor

do objeto seja superior ao limite estabelecido para a modalidade de

convite, deverá ser confiado a uma comissão constituída por, no

mínimo, 03 (três) membros, dos quais dois terços deverão ser

servidores efetivos.

(...)

Poderá ser dispensado o recebimento provisório, nos termos do art. 74

da Lei nº. 8.666 e § 4º do art. 172 da Lei Estadual, para os casos de gêneros

perecíveis e alimentação preparada; serviços profissionais e obras e serviços

de valor até o limite previsto para compras e serviços que não sejam de

engenharia, na modalidade de convite, desde que não se componham de

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

46

aparelhos, equipamentos e instalações sujeitos à verificação de funcionamento

e produtividade.

No caso de ensaios, testes ou demais provas exigidas por normas

técnicas oficiais para a boa execução do objeto do contrato, correm esses por

conta do contratado, salvo disposição em contrário constante do edital ou de

ato normativo (art. 75 da Lei nº. 8.666 e art. 173 da Lei Estadual).

Deve a Administração rejeitar, no todo ou em parte, obra, serviço ou

fornecimento em desacordo com as condições pactuadas (art. 76 da Lei nº.

8.666 e art. 174 da Lei Estadual).

2.9. Ilícitos Penais e Administrativos

Estabelece o art. 200 da Lei Estadual nº. 16.920/2010 que constitui ilícito

administrativo, sem prejuízo das sanções penais cabíveis, a prática dos atos

previstos nos artigos 81 a 85 e 89 a 99 da Lei nº. 8.666/1993 ou em

dispositivos de norma que vier a substituí-la.

Os dispositivos mencionados da Lei nº. 8.666 descrevem como condutas

sujeitas a penalidades:

Art. 81. A recusa injustificada do adjudicatário em assinar o contrato,

aceitar ou retirar o instrumento equivalente, dentro do prazo estabele-

cido pela Administração, caracteriza o descumprimento total da obriga-

ção assumida, sujeitando-o às penalidades legalmente estabelecidas.

Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos licitantes

convocados nos termos do art. 64, § 2o desta Lei, que não aceitarem a

contratação, nas mesmas condições propostas pelo primeiro adjudica-

tário, inclusive quanto ao prazo e preço.

Art. 82. Os agentes administrativos que praticarem atos em desacordo

com os preceitos desta Lei ou visando a frustrar os objetivos da licita-

ção sujeitam-se às sanções previstas nesta Lei e nos regulamentos

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

47

próprios, sem prejuízo das responsabilidades civil e criminal que seu

ato ensejar.

(...)

Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em

lei, ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à

inexigibilidade: Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.

Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo

comprovadamente concorrido para a consumação da ilegalidade,

beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ilegal, para celebrar

contrato com o Poder Público.

Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer

outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com

o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da

adjudicação do objeto da licitação: Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a

Administração, dando causa à instauração de licitação ou à celebração

de contrato, cuja invalidação vier a ser decretada pelo Poder Judiciário: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou

vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor do adjudicatário,

durante a execução dos contratos celebrados com o Poder Público,

sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação ou nos

respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatura com

preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade, observado o

disposto no art. 121 desta Lei: Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa.

Parágrafo único. Incide na mesma pena o contratado que, tendo

comprovadamente concorrido para a consumação da ilegalidade,

obtém vantagem indevida ou se beneficia, injustamente, das

modificações ou prorrogações contratuais.

Art. 93. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de

procedimento licitatório: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

48

Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em procedimento

licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa.

Art. 95. Afastar ou procurar afastar licitante, por meio de violência,

grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo: Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena

correspondente à violência. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abstém ou desiste

de licitar, em razão da vantagem oferecida.

Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licitação instaurada

para aquisição ou venda de bens ou mercadorias, ou contrato dela

decorrente: I - elevando arbitrariamente os preços; II - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou

deteriorada; III - entregando uma mercadoria por outra; IV - alterando substância, qualidade ou quantidade da mercadoria

fornecida; V - tornando, por qualquer modo, injustamente, mais onerosa a

proposta ou a execução do contrato: Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

Art. 97. Admitir à licitação ou celebrar contrato com empresa ou

profissional declarado inidôneo: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que, declarado

inidôneo, venha a licitar ou a contratar com a Administração.

Art. 98. Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a inscrição de

qualquer interessado nos registros cadastrais ou promover

indevidamente a alteração, suspensão ou cancelamento de registro do

inscrito: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Nos termos do art. 84, caput e § 1º da Lei nº. 8.666, considera-se servi-

dor público, para os fins da lei, aquele que exerce, mesmo que transitoriamente

ou sem remuneração, cargo, função ou emprego público em órgão ou entidade

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

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da Administração Pública, bem assim nas entidades sob controle direto ou indi-

reto do Poder Público.

Cumpre registrar disposição expressa no § 2º do art. 84 da Lei nº. 8.666,

segundo a qual a penalidade prevista será acrescida da terça parte quando os

autores das condutas infracionais forem ocupantes de cargo em comissão ou

função de confiança em órgão ou entidade da Administração Pública, ou em

entidade controlada direta ou indiretamente pelo Poder Público.

Conforme mencionado no item 1.5 deste Manual, a verificação da ocor-

rência de infração penal deve ser comunicada ao Ministério Público para as

providências competentes a esse.

Por outro lado, a ocorrência de infrações administrativas enseja apura-

ção e aplicação de penalidades por atuação da própria Administração Pública,

nos termos mencionados no item 1.5 e no item 2.10 adiante.

Não obstante, ao tomarem conhecimento da ocorrência de qualquer ir-

regularidade ou ilegalidade, devem os responsáveis pelo controle interno da-

rem ciência da mesma ao Tribunal de Contas do Estado, sob pena de respon-

sabilidade solidária, ao teor do § 1º do art. 29 da Constituição Estadual, em si-

metria com a disposição do § 1º do art. 74 da Constituição Federal.

2.10. Sanções Administrativas Contratuais

Prerrogativa decorrente da fiscalização da execução dos contratos é a

de poder a Administração aplicar sanções ao contratado em razão da

inexecução total ou parcial do ajuste (art. 58, IV da Lei nº. 8.666 e art. 138, IV

da Lei Estadual nº. 16.920).

A aplicação de tais penalidades, garantida a ampla defesa e o

procedimento legal adequado, é medida auto-executória de que se vale a

Administração uma vez constatada a inadimplência do contratado na execução

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

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do objeto pactuado, no cumprimento dos prazos ajustados ou no atendimento

de qualquer outra obrigação que lhe caiba, compreendida dentre as

penalidades desde a advertência e multa até a rescisão unilateral do contrato

pela Administração.

Sobre o tema, registramos lição de renomada doutrina, segundo a qual

“a omissão na aplicação das penalidades contratuais acarreta a

responsabilidade para a autoridade omissa, pois ao administrador público não

é lícito renunciar, sem justificativa, aos direitos do Estado”19. Assim, a

relevação na aplicação de penalidade deve ser motivada pela autoridade

competente.

Dispõe o art. 201 da Lei Estadual nº. 16.920 que ao candidato a

cadastramento, ao licitante e ao contratado que incorram nas faltas

mencionadas no item anterior aplicam-se, conforme a natureza e a gravidade

da falta, as sanções previstas nos artigos 86 a 88 da Lei nº. 8.666 ou em

dispositivos de norma que vierem substituí-la.

O artigo 87 da Lei Geral, por sua vez, disciplina que pela inexecução

total ou parcial do contrato a Administração poderá, garantida a defesa prévia,

aplicar ao contratado as seguintes sanções:

I - advertência;

II - multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou no

contrato,

III - suspensão temporária de participação em licitação e impedimento

de contratar com a Administração, por prazo não superior a 2 (dois)

anos;

IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a

Administração Pública enquanto perdurarem os motivos determinantes

da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante a própria

autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida sempre que o

contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e após

decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso anterior.

19 MEIRELLES, Hely Lopes. Ob. cit., p. 237/238.

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

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§ 1º Se a multa aplicada for superior ao valor da garantia prestada,

além da perda desta, responderá o contratado pela sua diferença, que

será descontada dos pagamentos eventualmente devidos pela

Administração ou cobrada judicialmente.

§ 2º As sanções previstas nos incisos I, III e IV deste artigo poderão ser

aplicadas juntamente com a do inciso II, facultada a defesa prévia do

interessado, no respectivo processo, no prazo de 5 (cinco) dias úteis.

§ 3º A sanção estabelecida no inciso IV deste artigo é de competência

exclusiva do Ministro de Estado, do Secretário Estadual ou Municipal,

conforme o caso, facultada a defesa do interessado no respectivo

processo, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de vista, podendo a

reabilitação ser requerida após 2 (dois) anos de sua aplicação.

A aplicação das sanções deve ser compatível com a gravidade da

infração e a dimensão do dano provocado à Administração, evitando-se as

punições excessivas em relação aos atos que as motivarem.

Como ressalta Marçal Justen Filho, “não se admite discricionariedade na

aplicação de penalidades”20. Assim, deve haver previsão no edital e no contrato

para aplicação das sanções, com a especificação das situações em que serão

aplicadas.

Estabelece a artigo 205 da Lei Estadual nº. 16.920 que qualquer

penalidade aplicada ao candidato a cadastramento, ao licitante ou ao

contratado deverá ser informada, imediatamente, à unidade central de registro

cadastral à qual esteja jurisdicionado o órgão ou entidade contratante.

Mencionamos, a seguir, cada uma das modalidades de penalidades

administrativas previstas.

2.10.1. Advertência

Consiste a advertência na sanção de menor severidade, cabível nos

20 In Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 13. ed. . São Paulo: Dialética, 2009, p. 845.

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

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casos de descumprimento de deveres pelo contratado sem que, contudo, as

falhas cometidas repercutam gravemente na execução do objeto do contrato.

A advertência apresenta dois efeitos. O primeiro é o de submeter a

atividade do contratado a uma fiscalização mais minuciosa, diante da

verificação do descumprimento de um dever.

O segundo efeito é o de cientificar o particular de que, em caso de

reincidência, seja em relação ao descumprimento do mesmo dever ou no que

respeita a outra obrigação, haverá a aplicação de sanção mais severa.

2.10.2. Multa

Prevê o art. 204 da Lei Estadual nº. 16.920, semelhantemente ao art. 86

da Lei nº. 8.666 que a inexecução contratual, inclusive por atraso injustificado

na execução do contrato sujeita o contratado à multa de mora, na forma

prevista no instrumento convocatório.

Estabelece o art. 204 da Lei Estadual que a multa será graduada,

conforme a gravidade da infração, de acordo com os seguintes limites:

I - 10% (dez por cento) sobre o valor da nota de empenho ou do

contrato, em caso de descumprimento total da obrigação, inclusive no

de recusa do adjudicatário em firmar o contrato, ou ainda na hipótese

de negar-se a efetuar o reforço da caução, dentro de 10 (dez) dias

contados da data de sua convocação;

II - 0,3% (três décimos por cento) ao dia, até o trigésimo dia de atraso,

sobre o valor da parte do fornecimento ou serviço não realizado ou

sobre a parte da etapa do cronograma físico de obras não cumprido;

III - 0,7% (sete décimos por cento) sobre o valor da parte do

fornecimento ou serviço não realizado ou sobre a parte da etapa do

cronograma físico de obras não cumprido, por cada dia subseqüente

ao trigésimo.

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

53

Deve haver previsão no edital e no instrumento contratual para aplicação

da multa, bem assim a especificação das condições em que será aplicada.

Nos termos dispostos nos §§ 2º e 3º do art. 86 da Lei nº. 8.666 e §§ 2º e

3º do art. 204 da Lei Estadual, a multa, aplicada após regular processo

administrativo, será descontada da garantia prestada pelo contratado. Se o

valor da multa exceder ao da garantia prestada, além da perda desta, o

contratado responderá pela sua diferença, que será descontada dos

pagamentos eventualmente devidos pela Administração ou, ainda, se for o

caso, cobrada judicialmente.

Assim, no caso de inexistência de garantia ou na impossibilidade de

desconto do valor da multa pela Administração, recusando-se o contratado a

efetuar, espontaneamente, o pagamento da penalidade pecuniária cuja

aplicação já se tornara definitiva, após o regular processo administrativo, deve

a Administração valer-se do procedimento judicial adequado para recebimento

da mesma, consistente, para os órgãos da administração direta, autarquias e

fundações públicas, na propositura de ação executiva fiscal, após regular

inscrição do débito em dívida ativa e emissão da respectiva certidão.

Registre-se que a aplicação de multa não impede a Administração de

rescindir unilateralmente o contrato e aplicar outras sanções previstas na lei (§

1 º do art. 86 da Lei Geral e § 1º do art. 204 da Lei Estadual).

2.10.3 Suspensão temporária de participação em lici tação e impedimento

de contratar com a Administração e a declaração de inidoneidade

Consistem as sanções de suspensão temporária de participar em

licitação e impedimento de contratar com a Administração e a de declaração de

inidoneidade, previstas nos incisos III e IV do art. 87 da Lei nº. 8.666, em

penalidades severas, as quais pressupõem a prática de graves condutas

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

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infracionais. Ambas as sanções apresentam efeitos que repercutem além dos

limites do contrato firmado entre a Administração e o particular.

Estabelece o inciso III do art. 87 da Lei nº. 8.666 que a sanção de

suspensão de participação em licitação e impedimento de contratar com a

Administração poderá ser aplicada por prazo máximo de 2 (dois) anos.

Quanto à sanção de declaração de inidoneidade, esta impedirá o acesso

do sancionado às licitações e contratações, nos termos do inciso IV do art. 87

da Lei Geral, enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição ou

até que seja promovida a reabilitação perante a autoridade que aplicou a

penalidade. O § 3º do mesmo art. 87, por sua vez, dispõe que o particular

sancionado com tal penalidade poderá requerer sua reabilitação após

decorridos 2 (dois) anos da aplicação.

A aplicação da sanção de declaração de inidoneidade, nos termos do §

3º do art. 87 da Lei n.º 8.666, é da competência exclusiva do Secretário

Estadual, assegurada ao particular a ampla defesa em regular processo

administrativo.

As sanções de suspensão de licitar e impedimento de contratar com a

Administração e a de declaração de inidoneidade podem ser cumuladas com

multa.

Quanto à rescisão do contrato administrativo, cumpre registrar que nem

toda rescisão de contrato pela Administração importará na aplicação das

penalidades previstas nos incisos III e IV do art. 87 da Lei nº. 8.666. Todavia, a

grave conduta infracional que acarrete a aplicação de penalidade de

suspensão de licitar e impedimento de contratar com a Administração ou a de

declaração de inidoneidade deve importar na rescisão do contrato

administrativo21.

21 Nesse sentido, Justen Filho, ob. cit., p. 858.

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

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Dispõe o artigo 88 da Lei nº. 8.666 que as sanções previstas nos incisos

III e IV do artigo 87 poderão também ser aplicadas às empresas e aos

profissionais que, em razão dos contratos regidos por esta Lei:

I - tenham sofrido condenação definitiva por praticarem, por meios

dolosos, fraude fiscal no recolhimento de quaisquer tributos;

II - tenham praticados atos ilícitos visando a frustrar os objetivos da

licitação;

III - demonstrem não possuir idoneidade para contratar com a

Administração em virtude de atos ilícitos praticados.

Por constituir a suspensão do direito de licitar e impedimento de

contratar com a Administração, por prazo de até dois anos, sanção menos

grave do que a de declarar o licitante inidôneo para contratar com a

Administração Pública, posiciona-se renomada doutrina pela aplicabilidade da

sanção de suspensão temporária de licitar e impedimento de contratar com a

Administração, nos casos de conduta do contratado que, por culpa, inviabiliza a

execução do contrato e, em geral, constrange a Administração a rescindi-lo22.

Entende-se por culposa a conduta caracterizada pela imprudência, negligência

ou imperícia.

O prazo de duração da sanção de suspensão do direito de licitar e

impedimento de contratar com a Administração deverá ser graduado “segundo

a gravidade da infração capaz de deixar pendente, total ou parcialmente, a

prestação acordada, com prejuízos ao interesse do serviço”23.

A declaração de inidoneidade, por sua vez, como a mais rigorosa das

sanções, aplicar-se-á nas hipóteses de inadimplência de má-fé do contratado,

reincidência, ou no caso em que, dolosamente, vale dizer, intencionalmente, o

particular, em razão do contrato ou do procedimento licitatório, pratique atos

ilícitos com o intuito de fraudar a Administração24.

22 Nesse sentido, Jessé Torres Pereira Júnior, in Comentários à Lei das Licitações e Contratações da Administração Pública – 6. ed. – Rio de Janeiro: Renovar, 2003, p. 797. 23 Idem, p. 797. 24 Nesse sentido, lição de Hely Lopes Meireles, ob. cit., p. 263.

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

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2.11. Extinção do Contrato A extinção do contrato consiste no fim do vínculo obrigacional entre as

partes contratantes, o qual pode se dar pela conclusão do objeto pactuado,

pelo termo final do prazo ajustado, pelo rompimento do contrato por meio da

rescisão ou pela anulação do ajuste.

2.11.1. Conclusão do objeto

A via normal para a extinção dos contratos é pela conclusão do objeto.

Ocorre quando as partes cumprem integralmente as obrigações pactuadas,

com a perfeita execução do objeto pelo contratado e o pagamento do preço

ajustado pela Administração.

Entregue o objeto do contrato, a Administração procederá ao seu

recebimento, mediante termo circunstanciado ou simples recibo, conforme

mencionado no item 2.8 deste Manual, seguindo-se o pagamento ao particular

contratado.

Tem-se, assim, o exaurimento do contrato, com a cessação dos

encargos do ajuste para ambas as partes e a liberação de eventuais garantias

prestadas.

2.11.2.Término do prazo Outra forma natural para a extinção dos contratos é pelo término do

prazo nos ajustes que forem firmados, por exemplo, para a prestação de

serviço contínuo por prazo determinado.

Distinguem-se, assim, os contratos que se extinguem pela conclusão de

seu objeto dos que se findam pelo término do prazo de duração. Nos primeiros,

o fim público almejado com a contratação é, por exemplo, a execução de obra,

operando o prazo como limite de tempo estabelecido para consecução do

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

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objeto contratado. Nos segundos, o prazo é que delimita a legítima prestação

do serviço pelo particular à Administração, de forma que, expirado o prazo,

opera-se a extinção do contrato.

2.11.3. Rescisão

A rescisão consiste em forma excepcional de extinção dos contratos

administrativos. Pode dar-se pela via administrativa ou judicial, de forma

amigável ou de pleno direito, importando, em qualquer dos casos, em cessação

antecipada do ajuste pactuado, por razões diversas.

Em qualquer caso, a rescisão de contratos administrativos será

formalmente motivada e registrada, assegurando-se ao particular o

contraditório e a ampla defesa (parágrafo único do art. 78 da Lei nº. 8.666 e

parágrafo único do art. 177 da Lei Estadual nº. 16.920).

Prevê o artigo 77 da Lei nº. 8.666 e artigo 176 da Lei Estadual nº. 16.920

que a inexecução total ou parcial do contrato enseja sua rescisão, com as

consequências contratuais e as previstas em lei ou regulamento.

O artigo 78 da Lei Geral e o artigo 177 da Lei Estadual arrolam

circunstâncias ensejadoras de rescisão dos contratos administrativos. Nos

termos da Lei Estadual nº. 16.920:

Art. 177. Constituem motivos para rescisão dos contratos, sem

prejuízo, quando for o caso, da responsabilidade civil ou criminal e de

outras sanções:

I – razões de interesse público, de alta relevância e amplo conhecimen-

to, justificadas e determinadas pela máxima autoridade da esfera ad-

ministrativa a que está subordinado o contratante, exaradas no proces-

so administrativo a que se refere o contrato;

II – alteração social ou modificação da finalidade ou da estrutura da

empresa, se, a juízo da Administração, prejudicar a execução do con-

trato;

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

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III – não-cumprimento ou cumprimento irregular de cláusulas contratu-

ais, especificações, projetos ou prazos;

IV – atraso injustificado do início da execução do contrato;

V – atraso durante a execução contratual, levando a Administração a

comprovar a impossibilidade da conclusão de obra, serviço ou forneci-

mento, nos prazos estipulados;

VI – paralisação, total ou parcial, da execução de obra, serviço ou for-

necimento, sem justa causa previamente comunicada à Administração;

VII – subcontratação parcial do seu objeto, associação do contratado

com outrem, cessão ou transferência, total ou parcial, do contrato, bem

como fusão, cisão ou incorporação da contratada não admitidas no edi-

tal e no contrato;

VIII – desatendimento às determinações regulares da autoridade de-

signada para acompanhar e fiscalizar a sua execução, assim como às

de seus superiores;

IX – cometimento reiterado de faltas na execução contratual, anotadas

na forma do art. 165, inciso I, desta Lei;

X – falta de integralização da garantia nos prazos estipulados;

XI – descumprimento da proibição de trabalho noturno, perigoso ou in-

salubre a menores de 18 (dezoito) anos e de qualquer trabalho a me-

nores de 16 (dezesseis) anos, salvo na condição de aprendiz, a partir

de 14 (quatorze) anos;

XII – superveniência da declaração de inidoneidade para licitar e con-

tratar com a Administração;

XIII – perecimento do objeto contratual, tornando impossível o prosse-

guimento da execução da avença;

XIV – declaração de falência ou instauração da insolvência civil;

XV – dissolução da sociedade ou falecimento do contratado;

XVI – supressão, por parte da Administração, de obras, serviços ou

compras, acarretando a modificação do valor inicial do contrato além

do limite permitido no art. 154, § 1º, desta Lei;

XVII – suspensão da execução contratual, por ordem escrita da Admi-

nistração, por prazo superior a 120 (cento e vinte) dias, salvo em caso

de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra

ou, ainda, por repetidas suspensões que totalizem o mesmo prazo, in-

dependentemente do pagamento obrigatório de indenizações pelas su-

cessivas e contratualmente imprevistas mobilizações e desmobiliza-

ções e outras previstas, assegurado ao contratado, nesses casos, o di-

reito de optar pela suspensão do cumprimento das obrigações assumi-

das até que seja normalizada a situação;

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

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XVIII – atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos

pela Administração, decorrentes de obras, serviços ou fornecimentos,

ou parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de ca-

lamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, asse-

gurado ao contratado, nesses casos, o direito de optar pela suspensão

do cumprimento das obrigações assumidas até que seja normalizada a

situação;

XIX – não-liberação, por parte da Administração, de área, local ou obje-

to para execução da obra, serviço ou fornecimento, nos prazos contra-

tuais, bem como das fontes de matérias naturais especificadas no pro-

jeto;

XX – ocorrência de caso fortuito ou de força maior, regularmente com-

provada, impeditiva de execução do contrato;

XXI – impossibilidade de alteração do valor do ajuste por recusa da

contratada, nas hipóteses previstas no art. 154, II, alínea “e”, desta Lei.

Parágrafo único. Os casos de rescisão contratual serão formalmente

motivados nos autos do processo, assegurados o contraditório e a am-

pla defesa.

Importante registrar, quanto à aplicação de tais dispositivos, que des-

cumprimentos secundários por parte do contratado ensejam a imposição de

sanções pela Administração, mas não a promoção da rescisão do contrato. A

infração motivadora da rescisão contratual será aquela grave o suficiente para

provocar a lesão a interesses fundamentais da Administração, recomendando a

dissolução do ajuste e a realização de nova contratação para que a Adminis-

tração obtenha a prestação desejada.

2.11.3.1. Rescisão Administrativa

A rescisão administrativa é a que se dá por ato próprio e unilateral da

Administração, conforme previsto no art. 79, I da Lei nº. 8.666 e 178, I da Lei

Estadual nº. 16.920.

Poderá ocorrer nas hipóteses previstas nos incisos I a XV, XX e XXI do

art. 177 da Lei Estadual, em casos estabelecidos no contrato ou em situações

exigidas pelo interesse público.

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

60

Assim, a rescisão administrativa pode se dar por culpa do contratado,

por exemplo, em decorrência de inadimplência, ou por fato superveniente

desabonador da idoneidade do contratado, situações em que, nos termos do

art. 80 da Lei nº. 8.666 e 179 da Lei Estadual, está a Administração, ao por

termo à execução do contrato, autorizada a assumir, por ato próprio, o objeto

do ajuste, no estado e lugar em que se encontrar; a ocupar o local e utilizar-se

provisoriamente das instalações, equipamentos, inclusive do material e pessoal

empregados na execução do contrato, se necessários à continuidade do

serviço, em se tratando de serviços essenciais – art. 138, V da Lei Estadual –,

bem como executar a garantia contratual e cobrar os valores das multas e

indenizações, para ressarcimento da Administração, cobrança de indenização

essa que só poderá ocorrer após regular apuração e liquidação das perdas e

danos, quando então poderá reter créditos decorrentes do contrato até o limite

dos prejuízos causados à Administração.25

A rescisão administrativa poderá também ser motivada por interesse do

serviço público, sem culpa do contratado. É a hipótese prevista no inciso XII do

art. 78 da Lei nº. 8.666 e inciso I do art. 177 da Lei Estadual. Nesses casos,

deve a Administração, ao proceder a rescisão, providenciar a imediata

liberação da garantia oferecida pelo contratado, bem como efetuar o

pagamento dos créditos porventura existentes, em razão de serviços já

prestados, tendo o contratado o direito a ser indenizado dos custos de sua

desmobilização. (§ 2º do art. 79 da Lei nº. 8.666 e § 2º do art. 178 da Lei

Estadual nº. 16.920).

Em qualquer caso, conforme disposição do § 1º do art. 79 da Lei Geral e

§ 1º do art. 178 da Lei Estadual, deve a rescisão administrativa ser procedida

mediante manifestação fundamentada da autoridade competente, assim

entendida a autoridade pública que firmara o ajuste.

Deve o ato rescisório, que poderá se expressar num despacho ou

decreto, descrever o motivo e as disposições normativas que fundamentam a

25 Nesse sentido, Marçal Justen Fillho, ob. cit., p. 837/839.

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

61

rescisão, bem como o estado em que se encontrar a obra ou serviço objeto do

contrato, no intuito de evidenciar a legitimidade do ato administrativo de

rescisão e servir como parâmetro para fixação de eventual indenização devida

por alguma das partes.

2.11.3.2. Rescisão Consensual

Consiste a rescisão consensual ou amigável naquela que se efetiva por

mútuo acordo entre as partes, as quais ajustam a extinção do contrato e a

resolução dos direitos e obrigações de cada uma. Está prevista no art. 79,

inciso II da Lei nº. 8.666 e no art. 178, II da Lei Estadual nº. 16.920.

Igualmente, deve a rescisão consensual ser efetivada pela mesma forma

em que se deu a contratação inicial, reduzida a termo firmado pelas

autoridades competentes para celebração do contrato.

2.11.3.3. Rescisão de Pleno Direito

A rescisão de pleno direito é a que se opera independentemente da

manifestação de vontade de qualquer das partes, diante da ocorrência de

determinadas fatos extintivos da relação contratual previstos em lei,

regulamento ou no próprio contrato, tais como: o falecimento do contratado; a

dissolução da sociedade; o perecimento do objeto do ajuste.

Em situações dessa natureza, deve ser registrado formalmente o fato ou

ato extintivo da relação contratual, cessando-se automaticamente o contrato.

2.11.3.4. Rescisão Judicial

A rescisão judicial é a determinada pelo Poder Judiciário em ação

própria proposta pela parte que tiver direito ou interesse na rescisão. Encontra-

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

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se prevista expressamente no inciso III do art. 79 da Lei nº. 8.666 e inciso III do

art. 178 da Lei Estadual nº. 16.920.

Enquanto a Administração dispõe da rescisão administrativa e de outras

prerrogativas a ela inerentes para por termo à execução de um contrato

administrativo, dispõe o particular da rescisão judicial para rescindir o contrato,

por exemplo, diante de eventual inadimplência por parte da Administração.

A ação judicial para a rescisão de contrato administrativo admite

cumulação de pedidos de indenização, compensação e outros relacionados à

execução do contrato.

2.11.4. Anulação

A anulação também é forma excepcional de extinção dos contratos

administrativos. Deve ser declarada pela autoridade superior competente da

Administração, de ofício ou mediante provocação, na hipótese de constatada

ilegalidade na formação do contrato ou em cláusula essencial do conteúdo do

ajuste. É a disposição do art. 130, caput, da Lei Estadual n.º 16.920.

A nulidade da licitação induz à do contrato, conforme expresso no § 2º

do art. 49 da Lei nº. 8.666 e § 2º do art. 130 da Lei Estadual n.º 16.920. Assim,

será nulo o contrato quando firmado sem ser precedido do procedimento

licitatório devido, ou resultante de uma licitação em que se verificar fraude em

seu procedimento ou julgamento.

Nos termos do art. 139 da Lei Estadual n.º 16.920 e art. 59 da Lei n.º

8.666, a declaração de nulidade do contrato administrativo opera

retroativamente, desconstituindo os efeitos jurídicos já produzidos e impedindo

os que seriam ordinariamente produzidos.

Os casos de nulidade configuram-se quando há ofensa a norma que

tutele direitos fundamentais, de sorte que o decurso do tempo ou o silêncio dos

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

63

interessados não elimina o defeito. As normas que regulam a nulidade, todavia,

não se aplicam aos casos de mera irregularidade, caracterizada por pequenas

desconformidades formais que não gerem prejuízos às partes e ao interesse

público, sanáveis a qualquer tempo, nem às hipóteses de ofensa à norma que

tutele exclusivamente o interesse de particular, as quais dependem, para sua

pronúncia, da tempestiva manifestação do interessado.26

A declaração de nulidade de contrato pela Administração deverá ser

precedida de procedimento regular em que se assegure ao interessado a

ampla defesa.

A nulidade, todavia, não exonera a Administração do dever de indenizar

o contratado pelo que este houver executado até a data em que ela for

declarada e por outros prejuízos regularmente comprovados, contanto que não

sejam imputáveis ao particular, promovendo-se a responsabilização de quem

haja dado causa (parágrafo único dos artigos 59 da Lei n.º 8.666 e 139 da Lei

Estadual).

O dever de ressarcimento decorre da responsabilidade civil do Estado

por seus atos e da vedação ao enriquecimento sem causa, não sendo lícito ao

Estado incorporar ao seu patrimônio a prestação do particular sem a

correspondente contrapartida, uma vez verificada a vantagem auferida pela

Administração e não sendo imputável ao contratado o vício ocorrido.

26 JUSTEN FILHO, Marçal: ob. cit., p. 712.

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Manual para os Gestores de Contratos da Administração Pública Estadual

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