Mariana Souza Coutinho&Alexandre Farbiarz

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  • Universidade Federal de Pernambuco - Ncleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educao - 1 -

    Redes sociais e educao: uma viso sobre os nativos e imigrantes digitais e o uso de sites colaborativos

    em processos pedaggicos

    Mariana de Souza Coutinho1 (UFF) Alexandre Farbiarz2 (UFF)

    Resumo:

    Nossa pesquisa investiga o uso de redes sociais com propsitos

    educacionais, abordando o perfil de alunos e professores como nativos e

    imigrantes da era digital e a relao entre estes e as novas TDICs.

    Discutimos a conjugao de uma nova educao com os recursos da Web

    2.0. E acreditamos que os ambientes colaborativos virtuais podem ser um

    meio profcuo para discusso e reflexo, ao integrar hbitos culturais dos

    alunos contemporneos. Nessa perspectiva, o processo de ensino-

    aprendizagem se processa potencialmente de forma mais horizontalizada,

    prxima aos conceitos construtivistas de educao.

    Abstract:

    This article intends to analyze the uses of social media with pedagogical

    purposes. We use the concepts of Digital Natives and Digital Immigrants to

    understand the relations between students and teachers in the digital era,

    and their use of ICT. Our objective is to discuss how we could built a new

    kind of education using the Web 2.0. We believe that social network sites

    can be used to debate and reflection, because they integrate the cultural

    habits of contemporary students. In this perspective, the education

    process works in a horizontal way, closer to the constructivist concepts of

    education.

    Key words: ICT, Education, Social Media, Digital Natives, Digital

    Immigrants, Web 2.0

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    Introduo

    H quase 10 anos, Marc Prensky (2001) elaborou os conceitos de nativos e

    imigrantes digitais, descrevendo os estudantes que j comeavam a mostrar sinais

    de mudanas de comportamento devido era das novas Tecnologias da Informao

    e da Comunicao (TDIC). J naquela poca, em que a Web 2.0 dava seus primeiros

    passos, Prensky enxergava uma nova gerao, que pensa e se comporta diferente

    de seus pais e professores, e que tem uma nova forma de entender o mundo.

    Essa gerao, que nasceu na era digital, apreendeu o mundo de uma forma

    diferente. Eles dominam uma nova linguagem e at sua estrutura cerebral pode ser

    diferente, segundo o Dr. Bruce Perry da Baylor College of Medicine (PRENSKY,

    2001).

    Marc Prensky explicita uma diferena de geraes, mas os imigrantes e os

    nativos digitais no so necessariamente divididos por idade, e sim por seu contato

    com as novas tecnologias.

    Assim, podemos entender que estudantes da mesma faixa etria, mas de

    classes sociais diferentes que tem acesso e fazem usos diferentes das novas

    tecnologias podem tambm se dividir em nativos e imigrantes, ou mesmo entre os

    nativos e os que ainda no foram incluidos na era digital.

    Neste artigo, no entanto, procuramos entender como lidar com essa gerao

    conectada, e cada vez mais nativa, na sala de aula. E principalmente como usar os

    meios digitais nos processos de ensino-aprendizagem. Baseados na educao

    construtivista de Paulo Freire (1970), pensamos o uso das redes sociais como uma

    forma de aproximao entre os contedos ensinados e o repertrio dos jovens

    discentes.

    Acreditamos que o ambiente ldico e intuito dos sites colaborativos pode ser

    um espao eficiente para discusses e para uma horizontalizao do processo, j

    que o ensino no se d de um (professor) para muitos (alunos), e sim na interao

    de todos em um processo que incentiva a participao e a reflexo.

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    Nativos e Imigrantes

    Para Prensky, os nativos so aqueles que nasceram e cresceram cercados

    pelas novas tecnologias: Os alunos de hoje (...) passaram suas vidas interias

    cercados por e usando computadores, videogames, players de msica, cmeras de

    vdeo e celulares, alm de outros brinquedos e ferramentas da era digital

    (PRENSKY, 2001, p. 1). Os nativos pensam e processam informaes de uma forma

    diferente dos imigrantes, as diferentes experincias criaram neles diferentes

    interesses e diferentes formas de ver e entender o mundo.

    Os imigrantes, os pais e professores de hoje, no nasceram na era digital. Eles

    aprenderam a lidar com ela, mas ainda conservam restries. Prensky compara as

    restries dos imigrantes e seu p no passado ao sotaque de imigrantes que

    chegam a um novo pas, mas de alguma forma querem manter suas razes.

    O sotaque do imigrante digital pode ser visto em coisas como recorrer a Internet para buscar informao em segundo lugar, e no em um primeiro momento, ou em ler o manual de um programa ao invs de assumir que o prprio programa vai nos ensinar a us-lo. As pessoas mais velhas se socializaram de uma forma diferente de seus filhos, e esto em processo de aprendizagem de uma nova lngua. E uma lngua aprendida mais tarde, os cientistas confirmam, vai para uma parte diferente do crebro (PRENSKY, 2001, p.2)

    Inicialmente, Prensky assume os mais jovens como os nativos e os mais velhos

    como imigrantes. Nessa perspectiva, em alguns anos os nativos j seriam maioria e

    assumiriam o papel de instrutores nos processos pedaggicos.

    No entanto, no se pode assumir que todo o jovem nativo da era digital.

    Est claro que h uma tendncia para que os mais jovens usem cada vez mais a

    tecnologia e tenham mais facilidade e agilidade para tanto. Mas o que se presencia

    hoje, especialmente no Brasil, que entre os jovens existem nativos, imigrantes e

    excludos da era digital.

    Jovens de classe mdia e mdia alta tem acesso a internet mais cedo e

    utilizam coneces de melhor qualidade. Esses jovens realmente cresceram na era

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    digital. Estudantes de classes mais baixas, no entanto, acessam muitas vezes a

    internet na escola ou em lan houses e tem mais dificuldade para lidar com as novas

    tecnologias porque tm acesso a elas mais tarde. Portanto, no se pode assumir

    que todos os jovens sejam nativos da era digital, embora essa seja a tendncia

    para os prximos anos.

    Em entrevista revista brasileira poca (2010), Marc Prensky explica que essa

    diviso etria na verdade nunca existiu Nativos e imigrantes digitais so termos

    que explicam as diferenas culturais entre os que nasceram na era digital e os que

    no. (...)Nos Estados Unidos quase todas as crianas em idade escolar cresceram na

    era digital. Pode ser que em alguns lugares os nativos sejam separados dos

    imigrantes por razes sociais.

    No entanto, mesmo que o acesso aos meios digitais seja precrio, essa nova

    gerao de estudantes passou grande parte da vida em frente televiso, ou

    jogando videogames. Felipe Gil (2010) conta a histria de seu primo Pep em um

    artigo sobre a gerao transmedia. Pep tem 13 anos de idade e mora na regio da

    Catalonia, na Espanha. Apesar de dividir o computador com os pais e com a irm, e

    no ter coneco com a internet em casa, ele facinado por ferramentas

    audiovisuais e as usa para fazer pardias de seus vdeos favoritos, edit-las e posta-

    las no site colaborativo YouTube.

    Alm disso, Pep se diverte com o jogo Spore, em que se pode desenvolver

    espcies de animais e observar sua evoluo. O garoto descobriu um site chamado

    Game Maker, e agora produz seu prprio videogame com ele. Apesar de no ter

    nem acesso a internet em casa, Pep um nativo digital, ele conhece as novas

    tecnologias, se interessa e aprende com elas. Em uma sociedade de caa, as

    crianas brincam com arcos e flechas. Em uma sociedade de informao, as

    crianas brincam com informao. H um Pep em cada um de ns, s temos de

    acord-lo. Ns somos a gerao transmedia. (GIL, 2010, p.5)

    A cultura participativa um fenmeno global. Jovens de todo o mundo esto abraando os recursos de expresso e distribuio dos computadores para criar e compartilhar seu prprio material cultural. Em todo o planeta, eles esto misturando suas tradies folclricas com as, agora globalmente

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    acessveis, formas de acesso s expresses digitais que no poderiam ser imaginadas pelas geraes anteriores (JENKINS, 2010, p.1)

    Em relao educao, a principal crtica de Prensky a de que os

    professores no se preparam para ensinar essa nova gerao e no entendem

    porque os antigos mtodos muitas vezes no funcionam com os novos alunos: Os

    professores imigrantes digitais assumem que os educandos so os mesmos que

    sempre foram, e que os mesmos mtodos que funcionaram com os professores

    quando eram estudantes iro funcionar com seus alunos agora. (PRENSKY, 2010,

    p.3) nessa perspectiva que o uso de redes sociais e sites colaborativos em

    processos pedaggicos pode ser interessante.

    Construtivismo e redes sociais

    Para essa nova gerao, que pensa hipertextualmente, o contedo sozinho

    no basta, preciso estmulo, complemento e reflexo. Paulo Freire (1970) props

    um novo tipo de educao que se contrapunha ao que ele chama de Educao

    Bancria. Nesse tipo de ensino criticado por Freire, os contedos so passados de

    forma descontextualizada. O educador no considera a realidade do aluno e espera

    que ele receba o conhecimento passivamente, no lhe propondo qualquer tipo de

    discusso, questionamento ou reflexo. Nesse contexto, o saber uma doao dos

    que se julgam sbios aos que julgam nada saber (FREIRE, 1970, p. 33).

    A contraposio de Freire prope a Educao Libertadora, em que o processo

    de ensino-aprendizagem no imposto, mas ocorre por meio do dilogo em uma

    troca de experincias entre professor e alunos:

    Ambos [educador e educando], assim, se tornam sujeitos do processo em que crescem juntos e em que os argumentos de autoridade j no valem. Em que, para ser-se, funcionalmente, autoridade, se necessita de estar sendo com as liberdades e no contra elas(FREIRE, 1970, p.39)

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    Nessa linha, o aluno considerado individualmente, com seu repertrio e

    particularidades, e constroi seu prprio conhecimento. As redes sociais se

    apresentam, nesse contexto, como um meio para que esse novo processo de

    ensino-aprendizagem acontea. Nos sites colaborativos a comunicao se despe, de

    certa forma, de autoridade. Nesses ambientes os alunos podem trocar ideias

    livremente entre si e com o professor. E o professor, como imigrante, pode ficar

    mais prximo realidade de seus alunos nativos da era digital.

    Pierre Levy (1999, apud, SOUZA & BORGES, 2009) define as redes sociais como

    uma srie de participantes autnomos que unem recursos e ideias em torno de

    interesses comuns, independente de proximidade geogrfica ou filiaes

    institucionais. As redes sociais virtuais, portanto, so espaos para interao e

    compartilhamento de informaes. Nelas as relaes se do de uma forma

    horizontal, em que todos tem praticamente o mesmo poder de comunicao.

    Os alunos, nativos da era digital, em geral no tm dificuldades para lidar

    com os sites colaborativos e normalmente sentem-se vontade desses ambientes.

    Com a simplicao dos softwares na web 2.0 ficou muito mais simples publicar,

    editar e consumir contedo na internet:

    (...) com a introduo da Web 2.0 as pessoas passaram a produzir os seus prprios documentos e a public-los automaticamente na rede, sem a necessidade de grandes conhecimentos de programao e de ambientes sofisticados de informtica (COUTINHO & BOTTENTUIT, 2007, p.1)

    Facebook: atividade e percepes

    No segundo semestre de 2010, 25 alunos da disciplina Planejamento Visual

    Grfico, do segundo perodo do curso de graduao em Comunicao Social,

    habilitao Jornalismo, da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niteri, Rio

    de Janeiro, participaram de atividades online na rede social Facebook. Os alunos se

    inscreveram no grupo de discusses da disciplina no site, e postaram seus trabalhos

    no lbum de fotos, depois todos puderam comentar os trabalhos dos colegas.

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    A proposta inicial era que os alunos fizessem dowload de modelos de

    propagandas, sem os textos, postados no Facebook e editassem em programas de

    editorao eletrnica incluindo os dizeres da propaganda na tipografia que

    achassem mais adequada. A ideia era treinar a escolha de fontes em um trabalho

    grfico. Depois de editadas, as propagandas deveriam ser postadas pelos alunos no

    lbum de fotos do grupo de discusso. A partir de ento, todos poderiam discutir os

    trabalhos acrescentando comentrios em cada imagem.

    O trabalho foi profeitoso, os alunos se empenharam e comentaram os

    trabalhos dos colegas. Ao final da tarefa foram enviados questionrios aos

    estudantes, em que eles eram perguntados sobre seus hbitos em relao s

    NTDICs, e suas percepes sobre a atividade e os recursos do Facebook.

    Dos 25, 19 alunos responderam o questionrio. A mdia de idade desses alunos

    de 19 anos. Eles passam em mdia 3 horas e meia dirias em frente ao

    computador (as respostas variam de 1 a 6 horas). Quase todos acessam a internet

    por computador ou notebook e 17 deles dizem acessar mais em casa do que na

    faculdade, trabalho ou lan houses. Seus principais interesses na internet so e-

    mail, notcias e redes sociais. Mais de 80% deles tem contas no Facebook, Twitter e

    Orkut. Quase 70% gosta de ler pelo computador. Os que no gostam reclamam da

    falta de posio para ler muito tempo e dizem que a luz da tela irrita os olhos.

    Sobre a atividade, mais da metade dos alunos dizem que sentiram diferena

    em fazer a atividade online, em lugar de uma tarefa presencial. Quatro alunos

    disseram que atividade online lhes permite uma maior mobilidade, podendo

    realiz-la a hora que quiserem. Trs deles preferem atividades presenciais porque

    dizem perder a concetrao no computador quando esto realizando vrias

    atividades ao mesmo tempo. Cerca de 77% dos alunos gostariam de fazer mais

    atividades online. Os que gostaram da atividade lhe atribuiram adjetivos como

    interessante e divertida. Entre os alunos que no gostariam de fazer outras

    atividades online, um justificou que no gosta de manejar o computador, e outros

    dois disseram que lhes falta tempo para fazer atividades fora da sala de aula.

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    A maioria dos alunos j tinha perfil no Facebook, mas 7 deles criaram uma

    conta apenas para participar do grupo de discusses da turma e fazer a atividade.

    Sobre o manejo do site, 7 deles consideraram a realizao da atividade no

    Facebook fcil, outros 7 disseram ter tido dificuldades apenas no incio, um

    aluno disse no ter conseguido manejar as ferramentas.

    Pelas respostas do questionrio pudemos observar que os alunos que

    responderam passar mais tempo em frente ao computador, gostar de ler na tela e

    que enumeraram mais sites e redes sociais em seu uso dirio receberam melhor a

    tarefa online e tiveram menos dificuldade em realiz-la. Esses alunos podem ser

    considerados nativos digitais.

    Por outro lado, alguns pouco alunos, que responderam passar poucas horas

    dirias em frente ao computador (uma ou duas horas apenas), tiveram dificuldades

    em postar e comentar os trabalhos no Facebook. Esses alunos mostram maior

    resistncia em realizar outras atividades no mesmo modelo.

    Consideraes Finais

    Apesar de termos observado que nem todos os alunos esto totalmente

    inseridos na era digital, e que nem todos podem ser chamados de nativos, grande

    parte deles j se encaixa nessa categoria. A tendncia que nos prximos anos

    esse nmero aumente.

    Por isso, essencial que os professores procurem um ensino diferenciado,

    mais ligado a essa nova realidade dos alunos. Como imigrantes, muitas vezes os

    professores no entendem a falta de interesse dos estudantes por aulas meramente

    expositivas. preciso que eles pensem em novas formas de ensinar para essa

    gerao que j pensa e aprende de forma diferente.

    As redes sociais podem ser um caminho para que as aulas fiquem mais

    interativas e mais ldicas. Os sites colaborativos so de fcil manejo e j fazem

    parte do repertrio da maioria dos alunos. Introduzi-los no processo de ensino-

    aprendizagem o comeo de um processo que tende a crescer nos prximos anos.

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    Referncias Bibliogrficas

    BOTTENTUIT JUNIOR, Joo B. ;COUTINHO, Clara P. Blog e Wiki: Os Futuros Professores e as Ferramentas da Web 2.0. Anais do IX Simpsio Internacional de Informtica Educativa, Porto, Portugal, 2007, p.199-204.

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    PRENSKY, Marc. Digital Natives, Digital Immigrants. MCB University Press, 2001.

    _____________. Digital Natives, Digital Immigrants, Part II: Do They Really Think Differently?. MCB University Press, 2001.

    _____________. Marc Prensky:O aluno virou o especialista. Entrevista Revista poca (por Camila Guimares). Editora Globo, 2010. Disponvel em: Acesso em 22 out. 2010.

    SOUZA, Samuel Mercs; BORGES, Luzineide Miranda. As redes sociais virtuais, os nativos e imigrantes digitais. Anais do III Encontro Nacional Sobre Hipertexto. Belo Horizonte, 2009, p.2-9.

    1 Mariana de Souza COUTINHO, graduanda Universidade Federal Fluminense (UFF) Departamento de Comunicao Social [email protected] 2 Alexandre FARBIARZ, professor-doutor Universidade Federal Fluminense (UFF) Departamento de Comunicao Social [email protected]