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MARINES DD CARMO PILATO A IMPORTANCIA DO BRINQUEDO E DO BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DE CRIAN!;AS ENTRE 3 A 6 ANOS CURITIBA 2003

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MARINES DD CARMO PILATO

A IMPORTANCIA DO BRINQUEDO E DO BRINCAR NODESENVOLVIMENTO INTEGRAL DE CRIAN!;AS

ENTRE 3 A 6 ANOS

CURITIBA2003

MARINES DO CARMO PILATO

A IMPORTANCIA DO BRINQUEDO E DO BRINCAR NODESENVOLVIMENTO INTEGRAL DE CRIAN9AS

ENTRE 3 A 6 ANOS

Q' $Jd;J S 'I (-

VJ /\CURITIBA/

Y 2003

Trabalho de Conclusi':'lo de Curso,apresentado a Faculdade deCie!'ncias Humanas, Letras eArtes. Curso de Pedagogia daUniversidade Tuiuti do Parana.Professora: A.ngela Maria Soaresda Costa.

lINIVEllSII>ADE TlllllTIDO I',\RANAFAClILI),\I)E DE C1LNClAS IIII~IAN,\S. LETRAS E AnTES

Clinso DE I'EOAGOGI,\

TERMO DE APROV 1\\:;\0

NOME DO "UINO: ~IARINj,:S DO CAn~IO PILATO

TiTULO: A 1~IPOln~CIA DO URINeAI! NO lJESENVOLVI~mNTO INTEGnALDE CRIAN(:A ENTnEJ)A 6 ANOS.

TRAI3ALHO DE CONCLUSAO DE CURSO AI'ROVADO COMO REQUISITO PARCIAL

PARA A OBTEN!;:';'O DO GRAU DE L1CENCIADO HI PEDAGOG lA, CURSO DE

PEDAGOGIA DA FACULDADE DE CIENCIAS IIUMANAS. LETRAS E ARTES, DA

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA

MEMJ3ROS D." CO ,;Sr;~?tVALIADORA:PROF. Allp.:]a-M, w (lar~s <.lit CostnonmNTADOH .r

DATA: 19/ 1112003.

CURITIJ3A- PARANA2003

C,"""••, "'"J''' -" ,'~,.,.h ••:"r~~" 1.,',(:, '>P,"'rl :t;" ••..~. l:.'i·;. .••'lln"~.· CEI'';W)I~):"l . r·•..,..('1) 31' ••' ~If3' /.1.)}~I~;11C:lI1'f"" !,,.._-.:J'~" I";~ C' "".J.1i,,... •.1')', :."", H>r'1'" ,,",. e."Y.I~,i·cr" ':~T\·I.'· r,o'" 1") "!'; ~;~:!r",· "II l!~ ~:'JC~r"l-"'':!"",~a;"'" [lv. ·'.w~I,;",C!.w.;'''(l''"I.it';· '1",;' •. tr:"fC·I'J·:~- r.,,,u.(lll:~' :' /'I~a. 1"P>l ,,:'GC~"'4•••1"_"'~:l"' ••••.•..";K,",".I~I-r.: .••"",,"·CEI"tK('·l ...",,·r~~g.pllJ"FlU.Hlf .., l~I)"ln',C~'r~_':' r..,~I"'l·.I"T.~,J..litr.t. In·~t~~·CF"flNl~:ao. f_,(ll))!J45l-1/F •••(111J:)4~}1C-r'ust~ ""-1JoogeL>oo:".7XII.-... ••••c.''''''' •••.l:5.l.r.•..••Ntt'~·CEI'11100~XI·r...,..,(.1IllS1nl/~~. ('1)1)11:»1~;;:;:.~nJi~e~'·'....'!·' 1,.",••.1_· .•.•J-nBn.\o: - .-CEI'f':lli·f->1-r •••" (tI,:·'lt:,/F •••P')::<')J':'

'Vocl! pode aprender mais sobreuma pessoa em uma hora debrincadeira do que uma vida inteirade conversayt.o~

(Platao)

Agradecimento

A Deus,per me conceder a serenidadepara aceitar 0 que nao posso mudar,coragern para mudar 0 que posso mudare sabedoria para perceber a diferenva.

SUMARIO

Resumo ..

1. lntrodu930 ..

2. A Educa930 Infanti! e 0 significado do brinquedo ..

2.1. Hist6rico do brinquedo ...

2.2. Significado e func;ao do Brinquedo ..

2.3. Exemplos de brinquedos ..

3. A Importancia do brincar para a crianya pequena"

4. Considerac;oes Finais ...

5. Refer~ncias ...

. 7

..9

. 12

. 13

... 17

.......... 22

. 27

. 30

RESUMO

o presente trabalho aborda a importtmcia do brinquedo e do brincar nodesenvolvimento integral de crianc;as entre 3 a 6 anos. Essa faixa eta riacompreende a primeira fase da educaC;ao escolar, que teve sua expansao noBrasil, acompanhando a intensificac;ao de urbaniz8c;ao, a participac;:ao damulher no mercado de trabalho e as mudanc;as na organizac;ao das familias.Este trabalho vern abordar a utilizac;:ao de brinquedos estes estimulam acriatividade humana, promovendo a integrar;:30 entre as aspectos fisicos,cognitivos, afetivos e sociais. E sabido que 0 brinquedo e um objeto facilitadordo desenvolvimento das atividades hidicas, possibilitando a crianc;:a explorar 0mundo, se descobrir, se entender em relar;:ao a si e aos Qutros, alem de tergrande influ~ncia em a90es psico~afetivas e ffsico-motaras. Saba-se parem,que a brinqueda e um instrurnenta que facilita a ata de brincar - entretanta aaus~ncia do brinqueda naa impede as crianyas de brincarem- e quandobrincam as crianyas experimentam novas situacyoes, se socializam eestabelecem regras. 0 ata de brincar e uma atividade natural, espantanea enecessaria para a crian9a, canstituinda-se ern atividade importantissima na suafarmayaa. 0 seu papel transcede a mera cantrale de habilidades. Brinqueda ebrincar juntos poderaa passibilitar a crian9a liberdade de a~a e imagina9aa,possibilitanda a descoberta de inumeros falos e acontecimentos do mundo quea cerea, auxilianda em seu desenvolvimenta. E para que 0 usa de brinquedas ea ata de brincar tarnem-se efetiva no trabalha realizada com criancyaspequenas, e precisa que a educador tenha cansci~ncia dessa importancia paraque possa estimular e orientar as crian9as adequadamenle, sem carrer riscasde influenciar de maneira negativa e prejudicial no seu desenvolvimento.

Palavras~chave: educa9aa infantil, brincar, brinquedo.

1.INTRODU<;:AO

A Questao que gerou esse trabalho, foi em razelo de perceber que desde

a (ase pre-escolar n6s adultos trabalhamos cada vez mais cedo com as

crianyas, em atividades dirigidas, sempre vigiadas e guiadas por projetos que

devem atingir as resultados determinados. Com isso, 0 brinear na escola fica

restrito a pequenos intervalos entre urna atividade e Dutra au quando concluida

toda programayao do plano de aula. A preocupa9a.O esta em perceber que

brinquedo e brincadeira sao postas de lado. Na escola as atitudes de

expresst!o do ser sao comprometidas pela necessidade de executar ordens jil.

determinadas em prazos estabelecidos.

Assim, diminuern as possibilidades da crianc;a descobrir sua propria

maneira de ser, construir sua afetividade e fazer suas pr6prias deseobertas por

meio do brinear.

Sabe~se que nos dias de hoje, a crianc;:a dispOe de poueo tempo e

espac;:o para brincar e e na escola que muitas vezes ela passa a maior parte do

seu tempo. Portanto, a escola deve contribuir para uma formac;:ao integral;

possibilitande a erian<;:a usar seu corpe, sua percep<;:a.o, seus conceitos, sua

emoyAo e sua intuiyaa, atraves de propostas que oportunizem atividades

ludieas, jogos e brincadeiras, confecgao dos pr6prios brinquedos, atividades

que aproveitem a espontaneidade natural da erian9CI em todos os momentos.

Refletindo acerca dessa realidade e de consideravel importtlncia a

neeessidade de oferecer as crianyas brinquedos e brincadeiras na fase pre~

escolar (que compreende a faixa eta ria de tr~s a seis anos de idade), como

elemento fundamental para 0 desenvolvimento integral da crianc;:a em sua

expressao, em sua aprendizagem, em sua criatividade, em sua socializa9ao,

enfim em todos os ambientes e circunstancias de sua vida: no lar, na escela e

na comunidade.

Com isse, este trabalho buscou respostas para a seguinte questao: qual

a importtmcia do brinquedo e do brincar no desenvolvimento integral da

crian9CI. Para dar eonta em responder essa questao foi necessario recorrer a

liIeratura especializada que abordasse 0 brinquedo e 0 brincar como forma de

expressao.

o trabalho foi estruturado em tr~s capitulos. 0 primeiro traz

considerayOes sobre a Educac;~o Infantil, com base nos conceitos de Moyses

Kuhlmann Jr, que traz urn breve hist6rico sobre a educac;ao infantil,

estabelecendo relac;Oes com a surgimento dessa etapa fora e dentro do Brasil.

Para ele, no Brasil, fica claro que a criac;ao de espac;os especializados no

atendimento infantil surge pela necessidade de uma nova realidade, em que a

rnulher necessita contribuir para a manutenC;:io e 0 sustento do tar, ern fun«;;ao

disso essas institu;<;6es v~m desempenhar 0 papel de assistir a crianc;a.

o segundo capitulo apresenta a significado do brinquedo no contexto

atual da EducaC;ao InfantH, enfatiza que 0 brinquedo sempre esteve presente

na vida da crianc;a, desde os tempos passados ate os dias de hoje. Sua figura

e peya. de fundamental importtlncia na construc;ao do mundo infantil. A partir do

nascimento, au mesmo antes, 0 desenvolvimento do beb~ e influenciado pela

qualidade de relac;Oes e reaC;Oes estabeJecidas a partir da presenc;a da mae.

Depois disso, a influencia vira das relac;oes com 0 meio e seus objetos, dentro

dos quais podemos destacar os brinquedos.

No terceiro capitulo destacamos a importtlncia do brincar para a crianc;a

pequena, pois no ato de brincar, a criancya tem a oportunidade de desenvolver-

se integralmente. Ela experimenta, descobre, inventa e confere suas

habilidades. Brincar e indispensavel a saude fisiea, emocional e intelectual da

crianc;a. E um ato natural que, quando bem cultivado, contribuira futuramente

para a efici~ncia e equilibria do adulto.

Enfim, com isso entende-se que as atividades escolares devem afastar a

monotonia e refon;ar a tend~ncia natural do aluno. A proposta curricular deve

respeitar 0 direito da crianc;a de falar, agir, ler consci~ncia de sua aC;ao e do

ambiente que a cerca. A criancya tern 0 direito de brincar, exercitar suas

necessidades psicol6gieas, buscar a solU(~ao de problemas e ter urn local

seguro e efetivo para desenvolver-se.

2. A EDUCA<;AO INFANTIL E 0 SIGINIFICADO DO BRINQUEDO

De acordo com Moyses Kuhlmann Jr.(2000), a educa9Ao infantil envolve

lada e qualquer forma de educac;:a.o da crianya na familia, na sociedade e na

cultura em que vive.

Para ele, as instilui¢es de educa9aO infantil surgem na primeira

metade do seculo XIX, em varios parses do continente europeu. A grande

expansc!lo das rela¢es internacionais, na segunda metade do seculo XIX,

oferece a difusao das inslitui90es de eduC8c;:aO infantil, que comec;:am a chegar

ao Brasil na decada de 1870.

Nc Brasil a sua ex pan sao tern ocorrido de forma crescente nas ultimas

decadas, acompanhando a inlensificayao da urbaniz8yao, a partlcipac;ao da

mulher no mercado de trabalho e as mudan98s na organiz8gao e estrutura das

famllias. Por Qutro lado, a sociedade esta mais consciente da importancia das

experi~ncias na primeira infimcia, ° que mativa demand as p~r uma educat;aa

institucianal para crianc;as de zero a seis anas.

A primeira creche que se tern infarmar;6es segundo Kuhlmann fai

inaugurada pela Campanha de Fia~o e Tecidas Carcovado, no Rio de Janeiro,

em 1899, ana em que tambem fora criada naquele estado da Federat;ao 0

Instituto de Pratega.o e Assist~ncia a Inrtmcia. Em Parto Alegre, na decada de

40, ha a criat;a.o dos jardins de infAncia inspirada em Froebel e localizada em

prat;as publica, para atendimenta de criant;as de 4 a 6 anos.

Mais tarde segundo ele, vinculado ao recem-criado Departamento de

Cultura, surge 0 Parque Infantil que comeya a se estruturar no municipio de

sao Paulo, com a nomeac;ao de Mario de Andrade para a sua dire~o, em

1935. Com a criayao do DC (Departamento de Cultura), a Parque InfanlH e

regulamentado e inicia sua expansao em 1940. As ideias de Marlo de Andrade

sobre a criant;a e 0 Parque Infanti! valorizam uma nova referencia para a

nacionalidade, como elementos do folclore, da produt;Ao cultural e artistica, das

brincadeiras e dos jogos infantis.

Tendo como refer~ncia Heloisa Marinho, Moyses enfatiza que, a

recreag8.o e outro ponto fundamental, pela atividade ludica, pelo exercicio das

atividades espontAneas, a crianya entra em cantato com 0 ambiente e se lorna

10

mais objetiva e observadora, aprende a manipular as objetos, desenvolve 0

equilibria e a habilidade neuro-muscular.

As orientar:;:Oes existentes na legisla<;Ao educacional de estados como 0

de Sao Paulo desde a decada de 20, hoje se fazem nacionais e correspondem

as exig~ncias da legislayao trabalhista. Logo com 0 crescimento na procura

pela educagi10 infantil a Lei de Diretrizes e Bases da Educar:;:ao 4.024 de 1961

nos artigos 23 e 24, reafirma que crianr:;:as de idade inferior a 7 anos

receberiam educar:;:ao em escolas maternais au jardins de infancia, ah~m de

estimular as empresas a manter instituiyOes do gl!nero para as filhos de suas

trabalhadoras.

Em 1966, a Secreta ria do Bem-Estar Social em Sao Paulo promoveu urn

"Seminario sobre Creche~ que se refere aos cuidados e a educac;:ao

proporcionada pela instituilfaO, onde a mesma, desempenha 0 papel de assistir

a crianlfa que fica privada dos cuidados da mae em razao do trabalho fora do

lar. E sao elas, as mulheres nos congressos, nas associa<;:Oes de bairro, nos

sindicatos e grupos feministas e tambem os movimentos socia is e profissionais

dos 6rga05 publicos que se solidarizam pela reivindica<;!lo per creches.

A Constituic;:ao de 1968 estabeleceu que as creches e pre-escolas

passariam 3 compor as sistemas educacionai5. Essa determinac;:ao

constitucional ganha estatuto legal mais definido apenas oito anos depois, com

a Lei de Diretrizes e Bases da EduC3c;:aO9.394/96. Entre as instrumentos legais

que garantem os direitos de cidadania das crianc;:as brasileiras de 0 a 6 anos,

destacamos: Constituic;:ao Brasileira de 1988; lei de Oiretrizes e Bases da

Educayao Nacional - LOB (Lei 9394196); Diretrizes Curriculares Nacionais para

a Educa<;ao Inlanti! - (DCNEI/99) parecer CEB/CNE n. 22198, aprovado em

17/12/98, Resolu<;lio CEB/CNE n. 1/99. Diorio Olicial, Brasilia, 13/4/99, Se<;ao

1,p.18; Estatuto da Crian<;a e do Adolescente - ECA (Lei 8069/90); Lei

Organica da Assistencia Social - LOAS (Lei 8742/93); Conven<;Oes

Internacionais e Constituic;:Oes Estaduais e Leis Orgi1nicas Municipais e 0

Referencial Curricular Nacional para Educac;:ao Infantil.

Na realidade encontramos uma serie de instrumentos legais que

garantem as direitos de cidadania das crian<;:as brasileiras, mas certamente enecessaria conhecer a mundo da crianya e todo a seu desenvolvimenlo

cognitivo.

II

Na verdade, muito antes de entrar na escola, a crianc;:a ja vern

desenvolvendo hip6teses e construindo um conhecimento sabre 0 mundo, a

mesma mundo que as conteudos escolares procuram interpretar.

a compromisso de ensinar, em nos sa sociedade, nao esta concentrado

apenas nas maos do professor. 0 aluno naD aprende apenas na escola, mas

tambem atraves da familia, dos amigos, de pessoas que ele considera

significativas, dos meios de comunicac;:ao de massa, das experiencias de

cotidiano, dos movimentos sociais.

Faz-se relevante ainda se discutir a importancia da estimulac;;ao no

desenvolvimento do ser humano. E necessaria, que professores de Educayao

Infantil, ten ham consciemcia que a estimulag2lo e fundamental para 0

desenvolvimento das crianc;:as, principal mente nesta faixa eta ria em que atuam.

Quanta maior 0 nOmero de estimulos recebidos pela crianya, mais esta se

tomara inteJigente.

E pela possibilidade de formular suas proprias questoes , buscar

respostas, imaginar soluyoes, formular explicayoes, confrontar seu modo de

pensar com 0 de outras crianc;:as e professores, que a crianya pod era construir

conhecimentos mais elaborados, esses conhecimentos nao sao, porem,

proporcionados diretamente as crianc;:as.

Dentro dessa vi sao, a crianya se desenvolve enquanto aprende e

aprende enquanto se desenvolve.

o importante e 0 sentido que as coisas e os fatos tem para a crianc;:a.

Ninguem aprende 0 que nao the faz sentido. A escola precisa deixar claro 0

sentido do que ens ina para a crianya.

A pre-escola pode alfabetizar, mas esse nao deve ser seu principal

objetivo, pais 0 trabalho com a leitura e escrita e tao importante para a crianr;:a,

nesta fase, quanta 0 trabalho com a pintura, com 0 desenho, com 0 canto, com

as dramatizar;:oes, com 0 brincar e os brinquedos. Porem, a mais importante e

sempre realizar estas atividades dando sentido a elas e nao simplesmente

usando-as apenas para ocupar 0 tempo da crianc;:a.

o ambiente de ensina infantil precisa ser um local de prazer. Prazer em

descobrir, prazer em aprender. Onde a crianya sinta-se protegida, segura e

feliz. 0 trabalho na educar;:ao infantil deve ser levado a serio. Proporcionando

as crianyas continuas descobertas, criayoes, dialogos e respeito a mesma.

12

2.1. Hist6rico do Brinquedo

Segundo a Arqueologia ja se encontravam nas tumbas funerarias, ha

mais au menos 2000 AC., no Eglto, miniaturas de barco e bonecos de

madeira, possivelmente utilizados como brinquedos.

Dentre todos as brinquedos conhecidos, supOe-.se que 0 primeiro a

encantar a crianr;:3 tenha side 0 chocalho, que acompanlla a humanidade

desde 0 ben;o. Segundo alguns historiadores, as pais davam chocalhos aos

filhos com a fun9ilo de espantar as maus espiritos.

o bilboque tambem parece ter sido oferecido as crian93s pelos adultos

como urn instrurnento de magia, ate hOje, desafia a destreza de garotos em

algumas regiOes do Brasil. A bola e as bonecas chegaram as maos das

crianryas, inicialmente como elementos de culto e magia.

A grande diversao das crian~s indigenas do Brasil colonial era

justamente correr as florestas com arcos, flechas e taeapes, imitando os

instrumentos que seus pais usavam para eac;ar animais, pescar e abater aves.

Tralava--se de visivel atividade utilitaria, animada pelo pai, formando 0 futuro

cac;ador e pescador.

Estes exemplos citados acima, ilustram que os primeiros brinquedos

surgiram no proprio ambiente familiar. Eram bonecas de palha, argila ou pan~,

cavalinhos de madeira, bolas rudimentares e carrinhos de lata confeccionados

artesanalmente.

Com 0 passar do tempo a produvao de brinquedos que era toda

artesanal, pouco a pouco, cedeu lugar as maquinas. Os brinquedos passaram

a ser feitos em serie para alender a demanda de consumo. As materias prim as

naturais foram substituidas por materiais sinteticos e os brinquedos tornam~se

cada vez mais sofisticados.

Todo brinquedo deve ser escolhido com relacyao a faixa eta ria da

criam;a. Pais para Cunha (1994, p.32), os brinquedos "devem estar adequados

ao interesse, as necessidades e as capacidades da etapa de desenvolvimento,

na qual ela se encontraH• Em func;ao disso deve-se respeitar os interesses e

aptidOes das crianc;as.

No perfodo de 0-24 meses, os brinquedos devem promover a facilitac;ao

da evoluc;ao motora, como os de encaixe, cavalinhos e velocipedes. Ja dos 2

13

aos 3 anos, e estabelecido 0 periedo de operag6es concretas. e as brinquedos

mais indicados nessa fase sao: encaixe. modela,gem e construc;a.o. Dos 3 aos 5

anos a crian.ya atravessa urn periedo de grande criatividade, ela dramatiza 0

seu dia-a-dia e coloca a fantasia em quase todas as situa¢es reais. Nessa

fase as carrinhos, bonecas e utensilios sao as personagens do brincar. Ja nas

idades de 5 a 7 anos, inicia-se urn acumulo de conhecimentos. Aqui as

brinquedos sao acess6rios da criac;ao, como as de construyao, com peyas

pequenas, materiais de desenho e modelagem, jogos e ferramentas.

Segundo Kishimoto:

2.2. Significado e Funyao do Brinqueclo

•...se considerarmos que a crianya pre-escolar aprende de modo intuitivo.adQuire nO<;6es espontaneas, em processos interativo5, envolvendo 0 serhumano inteiro com suas cogni¢es, afetividade, corpo e intera90es socia is, 0brinquedo desempenha um papel de grande relevAncia para desenvolve-Io. Aopermitir a a~o intencional (afetividade), a manipul!u;io de objetos e 0desempenho de at;6es sens6rio-motoras (fisico) e as trocas nas intera¢es(social), 0 jogo contempla varias formas de representa90es da crian~ ou suasmultiplas inteligencias, contribuindo para a aprendizagem e 0 desenvolvimentoinfanti!". (KtSHtMOTO, 1996, p.36)

o brinquedo e um objeto que facUita 0 desenvolvimento das atividades

ludicas e esle estabelece uma retac;ao intima com a crianc;a, mesmo quando

oferece re9ras para sua utilizac;ao. Brougere (2000, p.67), ainda afirma que:

~embora a brlnquedo evoque a brincadeira, a interac;:ao ludica nao e a unico

modo de relaC;ao possivel com esse objeto. Ele e pertador de urna

rnultiplicidade de relay6es em potenciar.

Ass;rn 0 brinquedo, e um objeto que desperta a curiosidade, exercita a

intelig~ncia, permite a invenc;ao e a imaginaC;ao, contribuindo com que a

crianc;a descubra suas pr6prias capacidades de apreensao da realidade. Ele

permite que a crianc;:a teste situ8c;Oes da vida real ao seu nivel de

com preen sao, sem riscos e com controle pr6prio.

14

Ao se trabalhar com crian~as e entendendo-se que a educaC;ao, interfere

em seu desenvolvimento, naD podemos ficar alheios a importancia, do jogo e

das brincadeiras. Pois essas atividades sa.o 0 veiculo de seu cresci mento,

possibilitando a crianya explorar 0 mundo, se entender, se descobrir e se

posicionar em relac;ao a si mesma e a sociedade de uma forma natural. 0

brincar e uma atividade natural, esponltmea e necessaria para a crianc;a,

constituindo-se por isso, em pec;a importante na sua formac;ao. Sua importancia

e notavel, ja que atraves dessas atividades a crian93 constr6i seu proprio

munda.

"A funyao dos jogos e dos brinquedos naa se limita ao vasto mundo dasemoc;6es e da sensibitidade. Ela aparece ativ3 tambem no dominic dainteligencia e coopera, em linhas decisivas, na evolut;ao do pensamento e detodas as outra, fun90es mentais superiores. Fosse a sua area de influ!nciarestrita aos pianos fisico4motor e psjco~fetjvo do individuo, as brincadeiras eos brinquedos teriam por si 56 extraordinaria importancia na vida da crianya.Entretanto, sua fun9:'O eo tambem basicamente social e esse fato indiscutivelpermite ao brinquedo, como objeto de atividade ludica, extravasar suaimportancia para alem do individuo." (RODRIGUES, 1976, p. 76)

De acordo com Cunha (1994,p.19), "as primeiras atividades ludicas do

ser humano s~o at;:6es explorat6rias. 0 8ebf! comet;:a por explorar a si mesmo,

suas possibilidades de movimento (...) de uso do espat;:o e de comunicat;:aoM

De acordo com esse conceito, percebe4se que a atividade explorat6ria e

fundamental para fomentar 0 processo de construt;:ao e de construyao das

diferentes formas de brincar.

Por exemplo, a brincadeira de faz-de-conta que aparece com maior

freqOencia entre os dois e quatro anos, e e considerada uma das fases mais

marcantes da fantasia infanti!. Nela a criantya envolve papeis da vida adulta,

proporcionando-Ihe a mediayao entre 0 real e 0 imaginario.

A criant;:a seleciona e apropria~se de elementos da cultura incorporando-

05 ao seu universo infantil dando-I he a forma de brincadeiras e numa

encantada forma de faz-de-conta, copia modelos e vivencia, a seu modo, 0

mundo adulto, desta forma preparando-se para ° futuro, experimentando as

alividades e realidades de sell meio.

15

Quando a crjan~, atraves do "brincar de faz~de contaM

, apropria-se de

papeis que observa no seu conv[vio com as Qutros, estara nao 56 brincando,

mas sim, fazendo a decodifica~o dessa relac;:a:ocom as futuros papeis que

assumira na sua jornada. Sem esse ·colocar-se no lugar deM fica dificil para as

crianc;:as se identificarem com os Qutros e pois, conseguinte, consigo mesmas.

£: assim que a identidade de cada urn comec;:a a ser construida.

Esse processo de socializac;:30 que se da com estruturas de pad rOes

estabelecidos na sociedade, propicia nesla fase a forma9aO da rnatriz de

identidade, resultando dar tad a a base dos relacionamentos futuros do

individuD. Portanto, criangas que n30 tern aces so ao faz-de-conta, au que n30

tenham contato com adultos que desempenham seus papeis de maneira clara,

com certeza essas crianr;;:as terao dificuldades em relacionar·se com esses

papeis na vida adulta.

Este fingimento da realidade distingue-.se di1 imita~o. Constitui uma recriatyaodas percep<;Oesda criantya. Ela gassimilan a realidade a 5i pelo ge510 e aIransforma e a faz ser 0 que nao e e, em certa medida, desprende-.se dela.Representll silua~6e5 brincando com elas. (RODRIGUES, 1976, p. 78)

!: necessario considerar entao, que 0 brincar e um ate de grande

importtlncia, que oportuniza a crianr;;:a a escolha entre os multiplos tipos de

brinquedos oferecidos na sociedade. Pode·se afirmar que tanto as brincadeiras

de roda cantadas, as dramatizar;;:Oes como os brinquedos sao, todos

importantes na vivencia infanti!. A aus~ncia do brinquedo, entretanto, nao as

impede de brincar, pOis elas usam a imaginar;;:ao. Contudo, sabe~se que 0

brinquedo racilita 0 ate de brincar.

Vygotsky ressalta tres aspectos importantes no brinquedo:

MO primeiro e 0 da sua importAncia para 0 desenvolvimenlo, pois contemcondensamente lodas as suas lend~ncias e, criando uma area dedesenvolvimento proximal", isla e, entre a jii existente e a lalente, propicia 0aparecimento de novas possibilidades. 0 segundo e de que 0 desenvolvimenlodo brinquedo contem a possibilidade de progressiva realizayao eonseienle deum propOsito. Da eondiyao inietal de rnem6ria em ayiio, surgem paulatinllmenteas regras, a necessidade de aten~:io e a regula~ao da atividade. 0 terceiro

16

aspecto e a de possibilitar 0 pensamento abstrato, decorrente da criayao desitua<;:oes imaginaria-s. Diz ele: "a essl!ncia do brinquedo e a cria~o de umanova rela9ao entre 0 significado e 0 campo da perce~o visual, au seja, entresitu390es no pensamento e situa¢es reaisn (VYGOTSKY, 1988, p.118)

Estes tr~s aspectos que Vygotsky ressalta, fieam evidentes na pratiea,

quando observamos 0 brinquedo nas maos das crian~s, fica claro as estagios

do mesmo na relac;ao do brincar com a desenvolver. ~ este urn instrumento

liidico, valioso e imporiantissimo para 0 desenvolvimento integral da crianc;a,

sendo utilizado por ela de maneira prazerosa.

Atraves do brinquedo, a crianya entre em cantata com um discurso culturalsabre a sociedade, realizado para ela, como e feito, ou foi feito, nos contos,nos livros, nos desenhos animados. Sao produ¢es que propoern urn olharsobre a mundo, olhar que leva em conta 0 destinatario especial, que e acriant;il. Nesse aspecto, a especificidade do brinquedo esta no fato de tervolume, de propor situa¢es orj~jnais de apropria'rao e sobretudo em convidara manipula'r:ilo ludica. (BROUGERE, 2000, p.65)

A crianya representa no brinquedo 0 que eta observa no seu cotidiano e

este , nada mais e do que uma parte da totalidade. Faz-se necessaria, no

entanto, que a educador se colaque nas interayOes que vivencia com as alunos

nas brincadeiras, como mediador do conteLJdo historico, a tim de que sejam

elaboradas na crianya, form as de pensar capazes de teorizar sabre a realidade

do ser human~. Assim, nao podemos deixar de falar sabre as brinquedos

tradicionais, que sao aqueles que par suas caracteristicas de facit assimilayao,

desenvolvem de forma prazerosa, aspectos ludicos e em tunyao de seu

contexto, (oram aceitos coletivamente e preservades atraves dos tempos,

transmitidos de uma geraytlo a outra. 0 brinquedo tradicional geralmente ecriado eu confeccionado pela crianya para a crianya, dentro da concepyao

infantil de objeto de brincar. Tambem e produto da expressao artesanal do

hemem do povo que, em sua simplicidade, reproduz as form as que

aprenderam com as geray6es que 0 precederam. Ja 0 brinquedo

industrializado e projetado pelo adulto para a crianc;:a, conforme a concepyao

que 0 adulto possui, nao cabendo a crianya cfiar au acrescentar nada e, em

17

muitos momentos, del/ida a custo muito alto, nem mesmo brincar com

liberdade. Percebe-se que quando 0 brinquedo e oferecido para salisfazer a

vaidade do adulto, as recomenda90es para seu usa sao tantas, que restringem

a atividade ludica.

Enlendido como recurso que ensina, desenvolve e educa de forma

prazerosa, 0 brinquedo materializa-se no quebra-cabeya, destinado a ensinar

formas au cores, nos brinquedos de tabuleiro, que exigem a compreensao do

numero e das operayOes matematicas, nos brinquedos de encaixe. que

trabalham nOyCles de seq(i~ncia, de tamanho e forma, nos multiples brinquedos

e brincadeiras, cuja concep~o exigiu urn olhar para 0 desenvolvimento infantil

e a materializa9ao da fun9aO psicopedag6gica; m6biles destinados a

percepyao visual, sonora au matara, carrinhas munidas de pinos que se

encaixam para desenvalver a coordenay:lo motora. oai a necessidade do

professor de ampliar, cada vez mais, as viv~ncias da crianya com a ambiente

fisico e seus brinquedos, tornanda a espayo escolar em um local de

descobertas, imaginay:!lo, criatividade, lugar onde as crianyas desenvolvam-se

integralmente.

2.3. Exemplos de Brinquedos

Como ilustratyao serao apresentados alguns brinquedos que tanto

podem ser industrializados au confeccionados pelos alunos com auxilio do

adulto, os exemplos foram extraidos da obra de Santa Marli Pires dos Santos

(1999). Os mesmos possuem objetivos que podem ir alem da pro pasta quando

utillzado pelas crianyas.

Criany8S de 0 a tr~s anos - M6bile Visual

Oescrigao: 0 material visual e um conjunto de objetos coloridos e perfeitamente

equilibrados, pres as ao teto ou no bergo e se movimentam por correntes de ar.

Material: Un1cabide, pedayos de arames ou varetas de madeira; fio de nylon;

pequenos objetos ou figuras coloridas.

Objetivo: Oesenvolver a perce~o visual.

o mobile tarnb~m e importante por desenvolver a perce~ao atentiva do

bebe, onde 0 mesrno passara bons momentos observando as rnovimentos das

formas e cores, se colocado ao alcance de suas maos ele podera tambem

provocar movimentos.

Crian<;as de 4 a 6 rneses - Espelho

Material: Urn espelho de 20X20cm, que pode seu com prado pronto, com urn

cabo para segurar. facilitando °manejo.

19

Objetivo: Desenvolver 0 conhecimento de si mesmo. 0 espelho tambem

importante par trabalhar com imital):ao de modelos, esquema corporal e

lateralidade

Crian.;as de 7 a 12 meses - Encaixe

Descrir;30: Este brinquedo consiste nurn conjunto de caixas com tamanhos

diferentes, que possam encaixar-se facilmente.

//,

,/ &. >' I // ./

0 Ii"\ I / /1'f£

V/./

Material: papelao, fita, papel colorido, papel branco, papel contact

transparente.

Objetivo: Oesenvolver a coordenayao viso-manual, as noC;:Oesde dentro/fora,

alem, de proporcionar seqO~ncia l6gica, experit!ncia com cores e farmas,

seriaC;ao, espessura, textura e lateralidade.

Crianyas de 1 a 2 anos - Fantoche de dedo

Oescric;:ao: as fantoches sao minipersonagens que ganham vida atraves de

dialogo e historias que as criam;as criam no ata de brincar.

20

Material: pedar;:os de meia, pan~, la, linha e agulha, botOes e enfeites.

Objetivo: Desenvolver a express2Io oral, a imaginar;:tlo, a improvisayao e as

atividades de faz-de-conta.

o fantoche de dedo tamrem e importante por trabalhar com a

coordenar;:ao da criancya, esquema corporal, lateralidade e musicalizac;:ao. Esle

brinquedo nao apresenta regras para sua utilizac;:ao.

Crianr;:as de 2 a 3 anos - Casinha de boneca

Descrir;:2Io: a casinha de boneca e a representar;:ao em miniatura de uma casa

de verdade.

Material: caixas grandes de papel:io, fila adesiva, papel colorido e outros

objetos para enfeitar, cola.

Objetivos: Desenvolver a imaginayao. Facilitar as brincacleiras de faz-de-conta.

Importante ressaltar que este brinquedo nao tem regras fixas. As

crianc;:as escolhem seus companheiros all brincam sozinhas. Sua imaginac;:ao

determina as mais divers as situaCOes, trabalhando com a coordenayao motora,

percepc;::io visual e papel social familiar.

Crianyas de 4 a 6 anos - Bau da fantasia

Descric;:a.o: consiste num brinquedo com capacidade para guardar varias

abjetos. Pede ser um bau comurn ou uma caixa com tampa, on de a crian98

sempre encontrara objetas interessantes para suas brincadeiras.

Material: Ba(J au caixa grande, objetos - suparte para as brincadeiras como:

sapato, bolsa, 6culos, mascaras, capas, bigode postir;o, luvas, botas e outros.

Este brinquedo e importante por envolver ° teatro. danc;:a. musicalizar;:ao,

imaginar;ao, faz-de-conta, papeis sociais e familiares, acuidade visual/atentilla,

o pens amen to logica, a mem6ria.

Numa sociedade em que somas infillenciados a "ter" mais e melhores

produtos manufaturados, devemos estar atentos, principalmente como

professores, a desenvolver cada vez mats e desde cedo a criatividade e a

capacidade de aproveitar recursos que estao dispaniveis a todos. Alem de

estarmos estimulando 0 potencial criador, ainda estarernos valorizando 0 IlJdico

como forma de desenvolvimento integral da crianya.

22

3. A IMPORTANCIA DO BRINCAR PARA A CRIANCA PEQUENA

~a brin~deirct e urns sitllscyao privilegiada de aprendizagem infantil onde 0desenvolvimento pode alcanc;:ar niveis mais oomplexos, cxaiamente pelapossibilidade de intera~o entre as pares em ullla situac-Ao imaginaria e pelaneQocia~ao de regras de convivencia e de conteudos tematicos. AD definirpapeis a serem representados, auferindo significados difercntes aos objetosp~Ha uso no brinquedo e no proceHO de administrayao do tempo e do espa90em que vAG definindo as diferentes lemas dos jogo'S. as crianC;21s tern apossibitidade de levantar hip6te$es, resolver problemas e ir 3cedendo, a partirda const(U~o de sistemas de representay6es, ao mundo mais amplo aa qualntio teriam Qcesso no seu cotidiano jnt-antil. {WAJSKOP, 1995, p.3S'

A pr6pria tlist6ria da humanidade nos mostra que todas as crianyas do

mundo sempre brincaram, brincam tloje e, ceriamente continuarao brincando.

A crianya brinca porque 905ta de brincar, e quando isso nao acontece, alguma

coisa nao esta bern com ela. Segundo Winnicott {1971, p.63), a brincadeira epr6pria da saOde, pois brincar facilita 0 crescimento saudAve1.

Para Santa Marli Pires dos Santos (1999), 0 brincar pade ser enfocada

tanto como fen6mena sociol6gico como filas6fico, psical6gico, criativa,

psicoterap~utico, pedag6gico; vamos abordar os principais pontos de cada

enfoque. Para a fen6rneno sociol6gico, 0 brincar tern sido vista como a forma

mais pura de inser9:10 da crianya na sociedade. Se 0 conhecimento social e a

base sobre a qual os grupos sociais chegarn a lJ/11 acordo a respeito das

conven90es estabelecidas pelo pr6prio grupe, as valores, cren~as, tlabitos,

costumes, regras, leis, moral, etica, sistema de Iinguagem e modos de

produ~ao sa.o conhecimentas as.similados pela criarH;:a atraves da brincadeira e

do uso do objeto brinquedo. que pade ser produzido pelo homem e colocado a

disposiva,o da crianc;:a. As pessoas sornente pod em produzir materiais de sua

cultura, por isso 0 brinquedo e dotado de imagens, significados e simbologias

pr6prias de uma determinada cultura. Nesse sentido a apropriayao da cultura eresultado das intera90es Illdicas, que se da entre a criarwa, ° brinquedo e as

outras pessoas.

o fen6meno filos6fica, entende que uma caracteristica que define 0 ser

humano e a razao e a emocao, mas foi a racionalidade que perdurou durante

23

seculos como a instrumento de autodelerminal)::'o da pessoa e proclamada

como a sua especificidade, em detrimento da em<>yao.

o mundo mudou, ha rapidos avanr;os cientfficos e tecnol6gicos, asnovas tend~ncias socia is e cutturais apresentam transformayees, e "as

verdades· ratificadas pela racionalidade come9am a nao ter forc;as necessarias

para enfrentar as desafios desse novo mundo. A partir dal a emrn;ao

desempenha um papel fundamental, fornecendo 0 equilibria necessaria aplenitude do homem.

Ha que se repensar um novo tempo em que intelecto e espirito, razao e

emo9ao se integrem como parametres na busca de um novo paradigma para a

exist~ncia humana, consolidando as potencialidades pessoais as exig~ncias

das relac;Oes socia is.

A express:.o ludica tem a capacidade de unir raz:'o e emoc;:a:o,

conhecimento e sonho, formando um ser humano mais completo e pleno.

o fenomeno pslcol6gico, aborda que 0 brincar esta presente em todo 0

desenvolvirnento da crianya nas diferentes formas de rnodificayao de seu

comportamento; pois na forrnac;:ao da personalidade, nas motiva90es,

necessidades, emoc;:Oes, valores, as intera<;:Oes crianc;alfamilia

crianya/sociedade estao associadas aos efeitos do brincar.

Sabe-se que 0 brinquedo facilita 0 desenvolvimenlo da crian<;:a. Isso nao

significa que os brinquedos possam acelerar 0 processo de aprendizagem, mas

se nada for oferecido na area ludica, a crianya tera serios problemas de

socializayao e oulros.

Para 0 fenOmeno da criatividade tanto 0 alo de brincar como 0 ate

criatlvo est:to centrad os na busca do 'eu" ~ uma busca con stante para

descobrir algo novo. E no brincar que se pede ser criativo, e e no criar que se

brinca com as imagens, simbolos e signos, fazendo uso do pr6prio potencial,

livre e integralmente. Brincando ou sendo criativo, 0 individuo descobre quem

realmente e.As condic;6es favoraveis ao ate de brincar assemelham-se as condic;Oes

do ate de criar. Para ambos e necessario ter a coragem de errar e lanc;ar-se

numa alividade de forma descompromissada, e necessario ter iniciativa e

autonomia de pensamento.

24

A crian~ que e estimulada a brincar com liberdade tera grandes

possibilidades de se transformar num adulto criativo.

o fenOrneno psicoterap~utico rnostra que a brincar tern fun~o de

entender a crian93 nos seus processos de crescimento e de remo~o dos

bloqueios do desenvolvimento, que se tarnam evidentes. Para as

psicoterapeutas a brincar e universal, e uma forma de comunicaC;ao consigo

mesma e com as outros.

Nessa !inha de trabalho 0 brincar representa a atividade principal da

crianc;a. Mesma quando esta de alguma forma debilitada, persiste nela a

vontade de brincar.

A psicolerapia busca resgatar no brinquedo 0 lado sadie e positivo da

crianc;a. 0 brincar assume uma funyao terapeutica porque nessa atividade a

crianc;a pode exteriorizar seus medos, angustias, problemas internos e revelar-

se inteiramente, resgatando a alegria, a afetividade e 0 entusiasmo.

o fen6meno pedagogico, revela 0 brincar como uma estrah~gia

poderosa para a crianya aprender. Sendo importante utilizar 0 brincar como

pe.;a fundamental na forma.;30 da personalidade, nos dominios da inteligencia,

na evolu.;ao do pensamento e de todas as fun.;6es mentais, transformando-se

num meio viavel para a construyao do conhecimento.

A partir dos anos 80, a valorizay30 dos jogos e brinquedos, resultou na

criay30 de brinquedotecas, principal mente nas escolas, com 0 objetivo de

suprir as necessidades materiais, construir acervos, oferecer espa.;os para

brincar e proporcionar a crianya 0 aces so a urn maior numero de brinquedos,

promovendo seu desenvolvimento e aprendizagem.

Percebe-se que os fenOrnenos abordados acirna mostram que 0 brincar

esta presente em todas as dimens6es da existencia do ser humano e, muito

especial mente, na vida das crianyas, elas brincam porque esta e uma

necessidade basica, assim como a nutriyao, a habitayao e outros.

Na brincadeira, as crianyas podem pensar e experimentar situay6es

novas ou mesmo de seu colidiano. E uma atividade social infantil, cujo aspecto

imaginativo e diverse do significado cotidiano da vida fornece uma

oportunidade educativa (mica para as crian<,;:as.A brincadeira se transforma ern

momentos de intera1;30 e confronto de diferentes crianl;as com diferentes

ponlos de vista

25

Portanto 0 brincar no ensino infantil, impOe uma reflexao sabre atitudes e

praticas educativas. Envolve, a elabora9~o de um programa claro e organizado,

do espa90 e tempo, das atividades, dos materiais e brinquedos que sao

propostos. E necessaria tambem que haja uma articulac;30 com as diferentes

atividades e conhecimentos a serem trabalhados com as crianc;as, bern como a

organiza<;ao do trabalho na institui<;ao. Por meie das interayOes, facilita-se a

criaC;ao de um vinculo com 0 trabalho nas diferentes areas do conhecimento.

A brincadeira e uma experiencia fundamental para qualquer idade

especial mente para crian.yas com idade entre 3 e 6 anos. Ao brincar a crian<;a

interage com 0 real, descobre 0 mundo que a cerea, se organiza, se socializa.

Assim, percebe~se que e preciso valorizar 0 brincar e 0 brinquedo, pois os

mesmos n:io devem ser vistos como aquelas atividades utilizadas pelo

professor apenas para passar 0 tempo.

Sabe~se que e 0 brincar e um meio de expressao, e forma de integrar-

se ao ambiente que 0 cerca. Atraves das atividades ludicas a crianc;:a assimila

valores, adquire comportamentos, desenvolve diversas areas de conhecimento,

exercita~se fisicamente e aprimora habilidades motoras. No convivio com

outras crianc;:as aprende a dar e receber ordens, a esperar sua vez de brincar,

a emprestar e tamar como emprestimo 0 seu brinquedo, a compartilhar

momentos bans e ruins, a fazer amigos, a ler toler~ncia e respeito, enfim, a

crianc;:a desenvolve a sociabilidade. 0 brincar tambem e indispensavel a saude

fisica, emocional e intelectual da crianc;:a. E uma arte, um dam natural que,

quando cultivado ira contribuir no futuro para a eficiencia e 0 equilfbrio quando

adulto.

Essas brincadeiras proporcionam situa<;6es em que a crianc;:a refiete,

ordena, desorganiza, deslrei e reconstr6i a mundo a sua maneira. E tam bern

urn momento onde a crian9a pede expressar, de modo simb6lico, suas

fantasias, seus desejos, medos, sentimentos agressivos e as conhecimentos

que vai construindo a partir das experiencias que vive. Portanto 0 brincar

possibi!ita a percepy:io total da crianc;:a, em seus aspectos motores, afetivos,

sociais ou morais.

Sabe-se que a brincadeira e tambem 0 jogo tern um carater recreativ~ e

socia!izante, permitindo que todo 0 grupo possa se estruturar. As pr6prias

crianc;:as podern estabeleeer re!ac;:6es de troea, etas aprendem a !idar com

26

regras observando que poderao algumas vezes ganhar, outras vezes perder.

~A crian<;:a vive para brincar e e atraves do jogo que se manifesta plena mente e

se desenvoive. (VELASCO, 1996, p.. 30)", e ainda, (...) ",; brincando que a

crianc;a pode ser chefe, pal, professor e general.~ (VELASCO, 1996, p. 32)

Assirn ao observar as crian9as brincando e as inter-relar;6es que elas

estabelecem, e passive] verificar quais sao as interesses e habilidades,

podendo, assim programar atividactes que au)(Hiem no desenvo]vimento de

alguns conceitos que elas ja possuem, fazendo com que elas conversem sabre

as atividades. refletincio sobre os papeis que elas assumiram e os materiais e

as brinquedos utilizados. Desta forma, 0 professor estara auxiliando as

crian<;:as a organizarem seus pensamentos e suas emo¢es, criando condic;:oes

para enriquecer 0 brincar.

Percebe-se com isso que as brincadeiras constituem um mecanismo

privilegiado para proll1~o do desenvolvimento e da aprendizagem e, portanto,

a nossa tarefa, enquanto educador, sera a de elaborar propostas de trabalho

que incorporem as atividades ludicas e, ao mesmo tempo, au)(iliem no

processo de aquisic;:ao de novas conhecimentos. 0 brincar e urn instrumento

importante para desenvolver a crianc;:a e e tambem instrumento para a

constru<;:ao do conllecimento infantil.

27

4. CONSIDERACOES FINAlS

A partir do estudo realizado pode-se constatar a importancia em se

incluir 0 brinquedo e 0 brincar, como ali ados na forma9C1o integral da crianga,

principalmente no que 58 refere ao contexto atual, cnde 0 valor expressiv~,

Iudice e cultural de determinadas atividades tern sido deixado de lado, devido a

interferencia de certas caracteristicas dos tempos modernos: falta de tempo e

espago, influencia maciga da industria cultural, a repeti<;8o tematica e a

submissao 16gica do consuma.

Ensinar e aprender devem se desenvolver de uma maneira alegre e

divertida atraves da utilizag30 de brinquedos, jogos, brincadeiras e atividades

ludicas, acompanhando 0 desenvolvimento do aluno passo a passo. Cabe ao

educador proporcionar uma maneira inovadora de aprender e um jeito mais

divertido de ensinar.

No entanto, sabe-se que a teoria e a pratica sao realidades distintas.

Ainda hoje, escolas, profissionais e pais, veem tanto 0 brinquedo como 0

brincar, como alividades ~menos importantes". 8aseados neste fata e tam bern

na falta de infermac;:ao e leituras sabre 0 assunto, educadores que trabalham

com a educac;:ao de crianc;:as pequenas insistem em massifica-las com

conceitos e informac;:oes, atividades de repetic;:ao; essas intervenc;:6es no

processo de criac;:ao acabam inibindo a expressao e a crialividade da crianc;:a.

Assim sendo questiona-se: Sera que 0 professor nao tern consciencia da

importancia em se trabalhar 0 IOdice com suas crianc;:as? Sera que a formac;:ao

do professor nao e adequada? Sera que ° professor recebe orientac;:8.o e apoio

da escola em que atua?

Entre as reflexoes realizadas, inclui-se, por exemplo, 0 usa da sucata,

para confecc;:ao de brinquedos. Para alguns ela ja leve seu auge, agora esla

ultrapassada. Sefre discriminac;:6es, porque quando surgiu a proposta de utiliza-

la como recurso em sala de aula, muitos educadores nao souberam orientar

propostas e frustrados com os resultados resolveram bani-lao

Enlende-se porem, no que se refere a sucata, esta lem possibilidades

educativas praticamente ilimitadas. Trabalhada com imaginac;:ao, transforma-se

em material didaticD de alta qualidade. Nas maDS das crianc;:as, libera

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descargas de criatividade. Pode ser usada sem preconceitos em escolas ricas

e pobres.

Assim, a escola deve refletir e retomar a questao quanta ao usa deste

recurso e sua positiva contribuiyao no trabalho com 0 aluno. Mas refletir sabre

seu trabalho munida de informac;Oes, tendo vivenciado a assunto, troeanda

ideias com profissionais que possuam urn pouca mais de experi~ncias au

ten ham sua formac;ao propria para lidar com essas questOes. 0 professor nao

precisa necessariamente ser polivalente. mas precisa estar aberto a novas

informac;Oes, entrar em contato em novas possibilidades de trabalho, discutir

ideias e nao receber tudo comodamente, escrito em um planejamento anual, 0

qual basta aplica-Io.

Outras questOes importantes a serem pensadas para esludos em

particular: 0 processo crialivo da crian.ya; a aprendizagem significaliva atraves

do brinquedo e do brincar; a posic;ao do educador de sala de aula em relayao a

esses lemas; a necessidade das escolas em desenvolver projetos que

valorizem 0 brinquedo e 0 brincar , pais estes lemas em parceria sao

"sementesR que denlro da escola resultam em bons frutos.

o trabalho realizado mostrou que a relevAncia do brinquedo e do brincar

como formas nalurais que estimulam a criatividade,a aprendizagem e 0

desenvolvimento humano, promovem a integrac;ao entre os aspectos fisicos,

cognilivos, afetivos e sociais, oonsiderando a crianya urn ser total e indivisivel.

o trabalho escolar deve permitir as crianc;as atividades onde os alunos

exponham suas ideias, assim lerao iniciativa para explorar a criatividade que

muitas vezes passa sufocada dentro de si. Assim em meio as brincadeiras e 0

brinquedo, os espa.yos favoraveis a crianya: esta internaliza 0 conhecimento

que Ihe e oferecido, relacionando-o com as viv~ncias do seu dia-a dia e

usando-os au transformando-os para melhorar a sua realidade.

A postura do professor possui grande relevancia, 0 mesmo pode

oonduzir suas atividades priorizando 0 ludico e 0 brincar. Uma pratica

pedag6gica a partir da atividade do brincar !raz mudan.yas significalivas para 0

processo de ensino-aprendizagem, pois envolve a transformac;ao do espac;o

escolar em urn espac;o integrador, dinamico, onde nao se prioriza apenas 0

desenvolvimento cognitiv~ da crian.ya, mas que ocorra urn desenvolvimento

integral da mesma. 1550 exige comprometimento do professor, pois a primeira

29

vista, brincar e facil, isso para a criam;:a, ja para 0 professor essa atividade

pode se tarnar urn desafio. Algumas vezes 0 que vemos na pra.tica sao

professores que oportunizam 0 ato de brincar, somente quando precisam

cumprir 05 horarios de entrada/safda no ambiente escolar au quando a classe

se comporia, ocorrendo uma troca, se voces obedecerem v~o brincar, caso

contrario nada feito, isso na fase pre-escolar e prejudicial. Situa96es assim v~m

mostrar que 0 professor nao da importancia para essas atividades, para ele

brinca-se par brincar, sem seu acompanhamento.

Respeilar as crianc;:as significa entender que cada uma delas brinca a

que vive, como vive e 0 que compreende viver. Jamais devemos impor

modelos a uma crian9G!, mas deixa-Ia livre para desenvolver a sua propria

imagina.yao criadora. Par outro lado, nao cruzemos as bra90s enquanto ela se

diverie. Oeve-se contribuir para a seu desenvolvimento, questionando-a sabre

a que ela realiza, ajudando-a a dirigir 0 raciocfnio na dlregao de uma reflexao

critica e questionadara da sua pr6pria realidade. Par isso que a brincadeira ecoisa seria, nela a crianga constr6i sua identidade e a mundo que a rodela. Ela

precisa de espago e tempo para "crescer" e 0 faz at raves do brincar.

30

5. REFERENCIAS

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SANTOS, Santa Marli Pires dos. Brinquedo e Infancia: um guia para pais eeducadores em creche. Petr6polis: Vozes, 1999.

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WINNICOTT, D. W. 0 Brincar e a Realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.