Marion Zimmer Bradley e Os Amigos de Darkover - As Amazonas Livres de Darkover- Contos

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    Sabedoria e lenda das Amazonas...

    Dos contos de Dama Bruna Leynier, que defendeu o controle do Domnio de Alton

    com sua prpria lmina... para um desesperado resgate de mulheres escravizadas por bandidosdas Cidades Secas... da caa de um bansheesedento de sangue por uma Renunciante... parauma Amazona lutando para dominar a tecnologia dos Terranan... da construo de umadistante Casa da Guilda... para uma Amazona em misso nas estrelas... aqui esto dezoitohistrias sobre incrveis mulheres encontrando o desafio de um mundo comandado porhomens, mulheres orgulhosas de carregar o nome de:

    AMAZONAS LIVRES DE DARKOVER

    Uma Antologia

    deMARION ZIMMER BRADLEYe os

    AMIGOS DE DARKOVER

    Editado por Marion Zimmer BradleyTraduo: Gisele

    http://groups-beta.google.com/group/digitalsource

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    Introduo: Sobre as Amazonas

    Eu no tinha noo, quando primeiro criei atravsde um sonho as Amazonas Livresde Darkover, que elas se tornariam as mais atrativas e controversas de minhas criaes,trazendo mais cartas de fs que todos os personagens juntos. No so apenas cartas comuns defs femininas, h ao menos uma dzia de mulheres que eu sei (fora as que eu no sei) quemudaram legalmente seus nomes para o estilo das Amazonas Livres; tambm h um nmerode Casas da Guilda em vrias cidades onde mulheres tentam viver em alguma verso dasAmazonas, ou do Juramento das Renunciantes.

    As Amazonas Livres tm passado por considerveis mudanas desde que aquele sonho(meados de 1962) criou uma Amazona Livre, Kyla, como uma guia de montanha em OsSalvadores do Planeta,Ace Books, 1962. Eu mesma dificilmente reconheo, em Kyla nhaRaineach, a personagem pela qual tudo comeou.

    Na introduo Gregg Edition of the Darkover Books, eu comento a seguir:Eu tenho perguntado muitas vezes como, em uma sociedade tradicional e patriarcal

    como Darkover, conseguiria evoluir uma sociedade como a das Amazonas Livres. A resposta que elas no conseguem. No tempo que eu escrevi Os Salvadores do Planeta, agoraconhecido com o ttulo de Projeto de Jason, eu no tinha noo da criao de uma sociedadeem Darkover; eu simplesmente tinha que dar ao protagonista do livro uma experinciarazovel, e um problema. Uma boa base para qualquer bom trabalho de fico que o

    personagem principal deve ter a oportunidade de crescimento e mudana. Eu precisava dar aJay/Jason um problema. Jason poderia aceitar uma mulher como lder de uma expedio? E seele pudesse, poderia sua alternada personalidade submersa, Jay Allison, misgina e

    provavelmente homossexual, aceit-la e cooperar com ela? Kyla caminhou para fora da minhasubconscincia como um problema para Jason; uma mudana de sua comandante, no mais.

    (Este problema no limitado nos dias de pr-liberao em torno de 1960. Em seu

    excelente livro sobre as mulheres em expedies de escalada no Himalaia, Annapurna: AWomans Place, o qual serviu como experincia para mais tarde no livro sobre AmazonasLivres, Cidade da Magia,Arlene Blum comenta sobre a composio de homens machistas nasexpedies de escalada nas montanhas. Para aqueles que pensam que eu exagero, eu sugiro lero livro de Blum; a uma candidata a escaladora se disse - em 1977! - que ela no poderia entrar

    para a expedio, a menos que aceitasse dormir entre todos os outros membros homens,enquanto uma candidata a uma expedio ao Everest foi avisada que poderia ir comocozinheira ou tomar conta do campo, mas no sairia da Base. A insensatez dessa atitude foidemonstrada quando a primeira expedio japonesa ao Everest colocou cinco mulheres notopo do mundo, e mais tarde quando quatro membros da expedio Annapurna de Blumescalaram aquela montanha de oito mil metros, apesar de dois deles nunca retornarem.)

    A primeira de muitas das Amazonas Livres de Darkover ser descrita a seguir, pelonarrador da histria, Jason.

    E eu quase desisti quando vi o guia. Pois o guia era uma mulher.Ela era pequena para uma darkovana, uma compleio pequena, o tipo de corpo

    que poderia ser de um menino, mas certamente no, primeira impresso, feminino. Cabelosencaracolados cortados bem curtos, castanhos e ralos, moldando o mais lvido dos traos

    sobre um rosto queimado de sol, e seus olhos eram to grandes, com pestanas grossas enegras que eu no pude adivinhar sua cor. Sua boca era larga e seu queixo redondo. Elaestendeu sua mo e disse sombriamente: Kyla Raineach, Amazona Livre, guia licenciada demontanha.

    ... A Guilda das Amazonas Livres entra em qualquer rea, mas aquela guia pareciaum pouco esquisita, mesmo para uma Amazona. Ela parecia resistente e gil o suficiente,debaixo do pesado manto, seu corpo de quadris estreitos e peito to liso quanto o meu.

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    uma gerao), eu pessoalmente vejo isso como uma fuga para criar uma sociedade onde todosos cromossomos Y convenientemente desaparecem ou morrem. (Apesar disso eu recebi ummanuscrito de uma mulher que props, eu acredito seriamente, uma teoria que na atualidade atecnologia existe para mulheres terem filhas de criao independente e que essa ditatecnologia tem sido oprimida por homens que desejam conciliar isso, para as mulheres

    precisarem dos homens ao menos para reproduo.) Eu no consigo imaginar como ummundo unissex poderia atrair qualquer um; pura parania. Pessoalmente eu penso que doissexos so uma excelente idia. Um mundo onde todos so iguais seria pior do que umasociedade comandada por um Big Brother.

    Poucos anos depois, eu dei a Kindra uma histria s para ela, criando uma lembranapara Camilla n'ha Kyria, a emmasca que foi uma personagem benquista em A Corrente.ToKeep the Oath (1979) tratou das restries do recrutamento de Amazonas Livres na sociedadede Darkover; uma sociedade restrita pode durar muito mais se fugas honorveis forem

    permitidas e eu resguardei as Amazonas como uma honorvel alternativa.Depois de A Corrente Partida, muitos fs de Darkover consideraram as Amazonas

    como a parte mais interessante das sries. Os Amigos de Darkover comearam ento a

    receber mais cartas e histrias amadoras sobre as Amazonas do que de qualquer outropersonagem. Algumas mulheres tomaram, e procuraram viver atravs disso, uma verso doJuramento, ou at mudaram seus nomes legalmente para nomes de Amazonas. Um grupo de

    pessoas da SCA (Sociedade para Anacronismo Criativo, um grupo dedicado a reviver omedievalismo) de fato tentou obter permisso para organizar seu grupo de uma Casa daGuilda como um reino, e uma pequena comunidade de mulheres organizou uma Casa daGuilda por si prpria. Ela dura at hoje; e isso raro onde algumas pretendentes a Amazonasfalharam ao pedir a mim para aceitar seu Juramento de Amazona. Eu normalmente questionoseriamente mulher se elas esto a par do nmero de restries e renncias nisto envolvido ese elas me parecerem levar a srio eu aceito seu juramento. Isso uma fantasia, eu suspeito,

    pelo menos no mais prejudicial do que adoo das bonecas de Cabbage Patch(repolhinhos).

    Havia muitos leitores que queriam saber mais sobre o dia-a-dia dentro de uma Casa daGuilda das Amazonas, e assim, quase pela demanda popular, nasceu A Casa de Thendara,continuando as histrias de Magdalen Lorne e de Jaelle, que trocaram de lugar no Imprio.Feito isto, claro, ambas aumentaram os limites de seus eus anteriores.

    Depois de A Casa de Thendara, examinando o Juramento da Amazona, uma de minhasAmazonas adotivas foi mais longe, at criar uma verso do Juramento para cada mulhervivendo em uma avanada sociedade tecnolgica. A existncia dessa verso do Juramento(impressa no final do livro) na verdade deflagrou o pensamento da Sociedade da Ponte, a qualse tornou o centro do mais recente livro sobre Amazonas Livres, Cidade da Magia, e tambm

    personagens como Vanessa ryn Erin.Desde A Corrente Partidamuitas mulheres tm desejado escrever pequenas histriassobre Amazonas Livres. Por um tempo ns recebemos mais histrias sobre Amazonas Livresdo que todos os outros personagens juntos. Duas das melhores histrias no primeiro volumede pequenas histrias de Darkover foi O Resgate de Linda McKendrick, uma engraadahistria atacando srios problemas: entre um homem que respeita a independncia da mulhere uma mulher que no respeita, quem est mais prximo do esprito do Juramento? A outra,

    por Patrcia Mathews Sempre h uma alternativa, uma cruel histria sobre o desesperoque algumas mulheres devem passar para abandonar sua sociedade.

    Foi Patrcia Mathews, no livro escrito por fs Darkover, o qual ela escreveu maistarde, entrando num mundo prprio, quem criou a Irmandade da Espada. Eu gostei da idia e

    Pat me deu permisso para usar a Irmandade, o que fiz em Dois para Conquistar, junto comoutra tendncia de honorveis alternativas para as mulheres. Mesmo na Idade Mdia aqui

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    na Terra, mulheres optaram foi ficar fora de sua sociedade entrando em conventos; e todacultura sem excees parecem ter suas feiticeiras e irmandades de curandeiras. Ento eu criei,como um contra-ataque, as Sacerdotisas de Avarra e essas duas foram, no final de Dois paraConquistar, o comeo da aliana. Mais tarde em A Dama do Falco, a personagem principal,Romilly, entra para a Irmandade da Espada. As Amazonas continuaram a ser as mais

    populares facetas de Darkover; quando ns estvamos publicando o Boletim de Darkover euma revista de fico sobre Darkover chamada Pedra da Estrela,as nossas maiores vendasforam duas colees chamadas Contos das Amazonas Livres e acompanhada de Mais Contos.

    Ns simplesmente no conseguamos manter essas duas em estoque, mesmo quando eramcomercializadas em livrarias femininas locais. Contudo, uma total e irrealista poltica de

    preos nos foraram a refaz-las para publicao; e quando se tornou possvel fazer umaterceira antologia dos Amigos de Darkover, ns decidimos reeditar o melhor das duasedies, ao mesmo tempo solicitando um pouco mais de profissionalismo ao escreverhistrias para o volume.

    A cada dois meses eu recebo uma carta de algum (geralmente homem) f quemreclamando que estou perdendo o rumo da real Darkover, e escrevendo apenas sobre

    assuntos de mulheres. Essas cartas me deprimem por alguns minutos at eu perceber que separa cada carta dessas, eu receber dez ou doze de mulheres, agradecendo por eu estarescrevendo para elas, sobre os seus problemas e suas vidas. H tantos livros de ficocientfica escritos exclusivamente para homens que eu receio no ter muita simpatia por essesfs masculinos. Eu recomendo a todos eles escritores de Anderson a Zclazny.

    Eu posso honestamente olhar para minha primeira personagem Amazona Livre, Kyla,e dizer a ela Voc tem um longo caminho, criana.E, guiada por ela, ento, eu penso, queeu tambm tenho.

    Marion Zimmer Bradley

    Sobre Walter Breen e o Juramento das Amazonas Livres

    Quando A Corrente Partida foi publicada, um desiludido ex-f de Darkover criticou-osob o ttulo de O Sonho Partido, especificando que sua iluso sobre Darkover como uma

    boa sociedade foi destruda pelo feminismo radical e dio pelo homem de A CorrentePartida. Ele tambm especificou que possivelmente nenhum homem poderia aceitar este tipode relacionamento com nenhuma mulher. Contestando, eu apresento a anlise de meu prpriomarido do Juramento, o qual ele me ajudou a criar, o qual foi impresso em DarkoverConcordance (Grfica Pennyfarthing, 1979, hoje fora de funcionamento).

    Walter Breen um escritor perito em inventar personagens raros, um profissionalexemplar, que est na invivel posio de saber mais do que eu mesma sobre Darkover - elelembra de tudo que eu esqueci. Ns estamos casados desde 1964, e temos dois filhos, ambosno colgio agora.

    MZB

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    O JURAMENTO DA COMHI-LETZII DAORDEM DAS RENUNCIANTES

    Conhecidas como Amazonas Livres,com Comentrios Explicativos

    Deste dia em diante (Eu juro):

    Men dia prezbiuro (frmula ritual)

    Renuncio ao direito de casar

    Em casamentos arranjados pela famlia, representando a renncia e todas as regras eobrigaes familiares, incluindo a obrigao mtua entre as Amazonas e seus pais,implicando tambm na renncia da herana.

    a no ser como uma companheira livre.

    A exceo implica que a Amazona acerta a reteno do direito de tomar um parceiro decama ou amante dentro do status legal do casamento livre, obrigado por mtuas promessas.Companheiros livres dividem propriedades e a responsabilidade pela criao dos filhos.

    Nenhum homem me prender di catenas:

    Renunciando ento a privilgios, dotes, transferncias matrimoniais de terras e outraspropriedades, ou de ttulos, linhagem para si mesma ou seus filhos, e outros direitos

    conferidos para esta mais antiga forma de casamento. Com isto, renuncia tambm autoridade (ou proteo) do Lorde de Domnio (mesmo Lorde Hastur), que normalmentetranca as catenas das duas partes como uma unio aceita pelo Comyn pelo status conferido.

    e no habitarei em casa de nenhum homem como uma barragana,

    Da mais prestigiosa menos prestigiosa (salvo a prostituio) de todas esto rejeitadas. Asduas clusulas esto exatamente equilibradas na casta.

    Eu juro

    Eu estou preparada a me defender pela fora se for atacada pela fora,

    Mais duas clusulas equilibradas. O sentido a renncia de proteo normalmente esperadapor pai ou marido, eaceitando isso, ela pode e deve aprender a sobreviver sem isso .

    e que no recorrerei a nenhum homem em busca de proteo.

    Renunciando a qualquer direito porproteo da famlia mesmo em necessidades de vida oumorte. A partir da sua casa no mais a casa de seu pai, mas sua Casa da Guilda.

    Desde dia em diante eu juro: eu nunca mais serei conhecida de novo pelo nome de qualquer

    homem, seja ele pai, guardio, amante ou marido, mas apenas e exclusivamente como (nomedado) nikhya mic (nome da me).

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    Renunciando a qualquer identificao com casta, cl ou famlia de origem, tal como comfamlia adquirida por casamento. exemplo: Margali, filha de Ysabet. Vnculo me-filha, aligao biolgica fundamental, est afirmada neste grau limitado.

    Deste dia em diante juro:

    no me darei a qualquer homem a no ser por meu prprio prazer e no meu tempo e opo.

    O que est sendo renunciado so os vnculos sociais do casamento, no sexo ou at mesmoamor. Quer dizer ser dona do seu prprio corpo e o direito de us-lo como desejar, ao invsde ser objeto do desejo de um homem.

    Eu nunca ganharei meu po como objeto de desejo de nenhum homem.

    No apenas a prostituio est sendo renunciada, mas tambm ao status de barragana, no

    ainda o tipo de entretenimento baseado em mostrar corpo e caras bonitas para homens, mastambm qualquer ocupao onde a Amazona aparea, principalmente ou somente, como umobjeto sexual, por exemplo, aderindo s regras de vestimentas da Terra.

    Desde dia em diante eu juro: Eu no gerarei nenhuma criana para homem nenhum salvo pormeu prprio prazer e no meu tempo e opo; no gerarei nenhuma criana para homemnenhum por casa ou herana, cl ou linhagem, orgulho ou posteridade;

    Renunciando ao primeiro propsito de todas as formas de casamento em Darkover. Iguais ascausas na prxima sesso.

    Juro que somente eu determinarei a criao de qualquer criana que gerar, sem consideraopelo lugar, posio ou orgulho de qualquer homem.

    Afastar seus filhos de qualquer reivindicao de famlia ou cl - mesmo o Comyn - peladeciso do outro. Na prtica, no h limite em quem pode ser escolhido para criar a crianade uma Amazona; filhas so normalmente criadas da Casa da Guilda, filhos aps a idade decinco anos (no a idade mais fcil para a separao!) so mandados para serem criados

    por quem a me escolher, preferivelmente deve ser feito mais cedo tambm.

    Deste dia em diante (eu juro)

    renuncio fidelidadeRenunciando a qualquer forma de proteo daquelas mesmas instituies.

    a qualquer famlia, cl ou casa, guardio ou suserano, presto o juramento de que

    Reconhecendo at mesmo que a palavra de um Hastur no a lei.

    s devo fidelidade s leis da terra como uma cidad livre deve fazer:

    Declarando que ela no uma fora-da-lei. Cidad livre: como o status do homem.

    ao reino, coroa e aos Deuses.

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    A ordem aqui ascendente: o sistema social, suas regras e os Quatro Deuses estosucessivamente acima de seu prprio ser.

    (Deste dia em diante eu juro)

    No apelarei a qualquer homem pelo direito de proteo, apoio ou socorro;

    Normalmente uma mulher tem um apelo legal por proteo em sua famlia de origem ou nafamlia de seu marido; isso renunciado e a direo desse apelo ser acertada na prximaclusula.

    deverei fidelidade apenas minha me-de-juramento, s minhas irms na Guilda e ao meuempregador durante a durao do contrato.

    A me-de-juramento quem aceitou o Juramento da nova Amazona. Irms da Guilda

    significa principalmente aquelas em sua Casa da Guilda, mas tambm todas as outrasAmazonas. A meno de seu empregador quer dizer a antiga tradio de que o contrato detrabalho livremente combinado entre os envolvidos, seja ele escrito, verbal ou implcito,

    sobre as mtuas obrigaes para proteger os interesses de cada um.

    Juro tambm que todas as associadas da Guilda das Renunciantes sero para mim, cada umae todas, como minha me, minha irm ou minha filha, nascida do mesmo sangue, e quenenhuma mulher ligada por juramento Guilda apelar a mim em vo.

    Famlia por escolha, mas com as mesmas obrigaes que esto normalmente ligados osmembros de uma famlia de sangue. Assume a obrigao mtua da proteo quenormalmente existe entre pais e filhas ou entre marido e mulher.

    Deste momento em diante, eu juro

    Forma intensificada da frmula ritual.

    obedecer a todas as leis da Guilda das Renunciantes e a qualquer ordem legtima de minhame-de-juramento, das associadas da Guilda ou de meu lder eleito durante a durao de meucontrato.

    Em paralelo sesso anterior, direito implica deveres. A palavra chave aqui legtima.Apenas nessas circunstncias dever receber ordens.

    E se trair qualquer segredo da Guilda ou quebrar meu juramento, ento hei de me submeters Mes da Guilda para a disciplina que escolherem;

    e se eu falhar,

    Falhar em cumprir a clusula precedente, isto , em cumprir o estatuto da Amazona.

    que se vire contra mim a mo de cada mulher, que elas me abatam como a um animal e

    entreguem meu corpo sem sepulturaAo contrrio da execuo legal. Animais normalmente no so enterrados.

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    decomposio e (entreguem) minha alma merc da Deusa invocada aqui.

    Qualquer darkovano pode entender que Avarra foi aqui invocada.

    Sobre "A Lenda de Dama Bruna"

    Por um longo tempo eu no escrevi muito sobre as Amazonas Livres, eu escrevi sobreBruna Leynier, que, depois da morte de seu irmo, grvida de seu filho, pegou a espada e aposio hereditria de comandante da Guarda do Comyn. Esta histria brevementemencionada em A Torre Proibida (1977), mas anotaes de antes de 1955 sobre esse assuntoapareceram nos meus arquivos sobre Darkover. A seguinte verso do mito foi escrita para

    A Casa de Thendara (1983), mas foi retirada da verso final do livro como irrelevante paraas crises de identidades de Magda e Jaelle. Isso apareceu em uma pequena publicaochamada Lendas de Hastur e Cassilda, como parte do enorme arquivo de lendas do povo de

    Darkover. Alguns fs de Darkover tm escrito histrias sobre Dama Bruna, incluindo a de

    Jean Marie Verba This One Time, a qual apareceu mais tarde neste volume. Isso meocorreu como uma lenda do tipo que seria popular entre as mulheres da Casa da Guilda,como um prottipo da mulher independente e um modelo a seguir para as Renunciantes.

    Portanto estou incluindo-a aqui.MZB

    A LENDA DE DAMA BRUNApor Marion Zimmer Bradley

    ...Janetta trouxe um velho volume, com capa dura, couro avermelhado, e colocou nasmos de Me Lauria.

    Bem, minhas filhas a velha mulher disse satisfeita.o que eu poderia ler paravocs?

    A Dama Brunadisse Cloris. sobre Dama Bruna Leynier, que empunhou suaespada e comandou os homens da Guarda.

    Sim, sim disse Rafaella. Agora temos Margali na casa, e ela deve ouvir alenda da reputao de seu nome.

    Me Lauria deu uma olhada para Magda por cima do pesado livro. Ela perguntou:Onde voc conseguiu o nome dessa antiga lenda, Margali?Eu no seiMagda disse. Eu nunca ouvi a histria e eu no sei se minha me

    conhece.Ao mesmo tempo, ela refletiu, Elizabeth Lorne conhece todas as lendas e baladasdas Colinas Kilghard e das Hellers.

    Me Lauria abriu o livro e comeou a ler...

    Nos tempos antigos nas Colinas Kilghard, havia trs nobres famlias no Domnio deAlton; por um longo tempo eles mantiveram a paz, mas de algum modo uma rivalidade desangue surgiu entre eles. E, como bem conhecido, quando irmos brigam, os inimigosespreitam e ento por muitos anos a rivalidade de sangue assolou entre os parentes Lanarts e

    Leyniers de Armida e seus parentes Lindirs; ento, no reinado do rei Alaric, nos dias em queos Hasturs eram reis de Thendara, estas trs famlias determinavam o que devia ser feito;

    ento as Grandes Casas do Domnio de Alton no deveriam se extinguir. Neste tempo acabea do cl era Dom Kennard Leynier, um homem jovem; seu pai e av estavam mortos, e

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    seu bisav era Cathal Leynier, muito velho para manter o controle do cl. Kennard eracasado com Margali Lanar e depois do casamento, e o casal o consumou, como era costumenas montanhas, ento Domenic Lindir, que era primo de Margali (pois sua me era dalinhagem Lindir), veio at Dom Kennard e pediu Dama Bruna Leynier, irm de Kennard, emcasamento.

    Para isso ele disse. nossas trs casas acertaro duas alianas e nsdeveremos ser amigos daqui em diante.Pareceu que isso traria paz para o Domnio de Alton, ento o casamento foi acertado

    perante todas as pessoas, mas quando o dia chegou, Dama Bruna Leynier disse:Isso no deve acontecer; eu no devo vestir braceletes com nenhum homem vivo e

    certamente com nenhum homem com as mos sujas com o sangue de meus parentes.Ento Domenic Lindir deixou a casa dos Leynier muito nervoso e a aliana se

    quebrou novamente; eles guerrearam por mais um ano, mais violentamente do que nunca;eles lutaram at que nenhum homem adulto dos Lanarts ou Leyniers estivesse vivo, masapenas alguns poucos garotos. E neste mesmo tempo Kennard Leynier morreu, foi enterradono lugar sagrado em Hali e, ao lado de sua sepultura, Margali revelou que estava esperando

    a criana de Kennard, que nasceria ento dali a meio ano.E quando Kennard estava descansando na terra, Domenic Lindir foi novamente a

    Armida e disse ao velho Cathal Leynier, que havia assumido a Regncia do Domnio porMargali, mesmo estando perto dos cem anos e no podendo comandar a Guarda como osLeyniers de Armida faziam naquele tempo.

    Eu assumirei Dama Bruna se ela me aceitar agora. E jurarei que seu filho maisvelho ser o Herdeiro do Domnio de Alton de Armida e comandar a Guarda quando chegar maioridade, mas neste meio tempo, eu devo comandar a Guarda e ser Regente do Domniode Alton.

    Dama Bruna no olhou para Domenic, apenas para o velho Cathal e disse:Eu fiz um juramento de que no usaria as catenas por nenhum homem vivo; e me

    espanto pelo senhor, Tio, que pensa em trazer para nossa famlia, um homem cujas mosesto sujas com o sangue de todos os nossos parentes e tambm de meu irmo Kennard.

    Domenic Lindir disse, olhando para Bruna: Mesmo pela Regncia de Alton eu no casaria com esta intrometida de lngua

    comprida que presume poder falar entre os homens; ela deve viver e morrer virgem sedepender de mim.

    Este destino eu aceitarei satisfeita.disse Dama Bruna, jurando pelas suas mosestendidas nos fogos de Hali.

    Domenic Lindir falou: J que a irm de Kennard jurou no casar com homem algum que pudesse

    contestar a Regncia de Alton, ento eu me tomarei a viva de Kennard como minha esposa ejurarei que, quando seu filho nascer, ser adotado por mim; ele dever comandar a Guardaquando crescer, e meu filho mais velho ser o segundo a ele sempre.

    Este me parece um acordo justo.disse o velho Cathal e fez a barganha.Mas a mulher ficou de fora e quando Margali foi trazida perante Domenic para o

    casamento, ela disse:Voc rpido em querer casar quando Armida ser seu dote, mas eu no casarei

    com nenhum homem cujas mos carreguem o sangue da morte de meu marido. Voc,Domenic, estenderia suas mos nos fogos de Hali e juraria para mim que no teveenvolvimento, nenhuma maldade na morte de meu marido e pai do filho que voc tem tanta

    pressa em adotar?

    Ento Domenic olhou com raiva e perguntou ao velho Cathal: Deixar voc sua casa ser comandada por estas mulheres? Pois a voz de

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    Margali, mas as palavras so de Dama Bruna, e eu no serei comandado pela sua vontade!Cathal perguntou a ele:Ento voc no ir jurar que no teve parte na morte de meu bisneto, que est

    livre de seu sangue?Eu no estou aqui para fazer juramentos forados disse Domenic.mas para

    fazer uma oferta justa para melhorar esta terra. Eu no farei nenhum juramento por ordemde nenhuma mulher.Mas jurar pela minha disse Cathal Leynier. ou no se casar com Dama

    Margali, nem hoje e nenhum outro dia.Domenic riu e puxando a barba do velho, disse:Voc me impedir, velho? E para voc, Domna Margali, se no se casar comigo,

    ento eu a casarei com algum dos meus homens; e por voc ter recusado deixar o filho deKennard ser meu, ele ficar de lado e meu filho mais velho dever comandar a Guarda emseu lugar.

    Isto nunca ir acontecer Cathal Leynier disse. pois o filho de Kennardcomandar a Guarda e herdar Alton do ventre de sua me.

    Ento Domenic Lindir riu e puxou de novo a barba do velho, cuspiu em seu rosto eatirou-o no cho, dizendo:

    Como manter o Domnio para ele, seu velho grisalho? Ele me desafiar de dentrodo tero de sua me, ou uma dessas mulheres desregradas o far por voc?

    Ele riu e foi embora. Ento, quando ele j tinha ido, Margali e Bruna levantaramCathal e limparam seu rosto, secando suas lgrimas e confortando-o, dizendo:

    Bisav, ns nos vingaremos desse homem.E como faro isso, sendo duas mulheres e uma est pesada com criana? Vocs

    deixaro, as duas, que o comando do Domnio de Alton passe para as mos dos Lindir? Euimploro, Margali, reconcilie-se com Domenic e case-se com ele, pelo bem do Domnio e pelobem do filho de Kennard.

    Pelo bem do filho de Kennard, disse Margali. No me casarei com nenhumhomem que tenha cuspido nos grisalhos cabelos de seu respeitvel bisav.

    Isso no honra em um tmulo disse Cathal.eu devo repousar em breve. Euapenas imploro que vocs, vocs mulheres, que de algum modo faam com que o filho de

    Kennard no esteja l repousando ao meu lado! E no h ningum para comandar a Guardaat ele alcanar a maioridade.

    No diga que no h ningum para comandar a Guardadisse Bruna.pois eumesma empunharei a espada e comandarei; ficarei no lugar de meu irmo at que o filho de

    Kennard que Margali carrega se torne adulto. E quando este dia chegar, eu entregarei ocomando da Guarda a ele e ele dever pegar a espada de seu pai de minhas mos e de

    ningum mais.E Cathal Leynier disse, lamentando:Que assim seja, Bruna, pois voc forte e corajosa como qualquer homem de seu

    cl.E com suas prprias mos ele guardou, na cintura dela, a espada de Kennard.Agora ele disse s resta dar Margali em casamento a algum parente que

    possa proteg-la e a seu filho, e desde que no seja Domenic Lindir, ns devemos encontraralgum, e rpido, no podendo atrasar em escolher, pois at que Margali esteja casada,

    ficar a merc de Domenic, sem nenhum marido para proteg-la.Margali olhou para Bruna, que usava a espada de seu marido e se jogou em seus

    braos, chorando e disse:

    Poupe-me deste destino, minha irm, voc que Regente de Alton e tem o direitode dizer sim e no aos casamentos dentro deste cl!

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    Eu gostaria Bruna disse. mas voc jovem e um dia vir, pois agora vocainda est lamentando a morte de Kennard, e voc desejar o amor novamente, ou ummarido; e ento conspirar com ele para tirar o Domnio de minhas mos.

    Isso nunca ir acontecer disse Margali. e eu juro a voc, que nenhumhomem vivo quebrar nossos juramentos.

    Ento isso? Ento deixe ser como queira.Bruna disse isso e juntas rumaram para Hali antes que ningum pudesse impedi-las, el, no lugar sagrado, ante as coisas sagradas, elas juraram juntas. Margali jurou que nuncatomaria nenhum homem como marido, salvo se ele reconhecesse Lady Bruna como sua

    suserana e Regente de seu Domnio.Pelo que eu bem sei ela disse.nenhum homem vivo faria esse juramento. Se

    eu jurar no tomar nenhum marido de qualquer jeito, este poderia ser comparado a umjuramento de uma viva em desgraa; mas se eu jurar no tomar nenhum marido salvo pelasminhas condies, ento ser um juramento leal, e hei de mant-lo at a morte.

    E ela jurou. E na sua vez, Bruna jurou que manteria Margali sob sua proteo nostermos do casamento livre, e jurou criar o filho de Margali como Herdeiro de Alton.

    Mas quando se tornou conhecido que Dama Bruna tomou Margali pelo juramento docasamento livre, todos os Hasturs de Thendara disseram:

    Isso um escndalo, que duas mulheres jurem uma para outra como se estivessemcasadas; devemos ser comandados por mulheres que no sejam controladas pelos seusmaridos? Pois se permitirmos esse juramento, que mulheres iro querer casar?

    Ento chamaram as mulheres at Hastur em Thendara e pediram por seu julgamento.Dama Bruna disse:Eu sou Regente de Alton, e estou acima do controle da lei. E por voc, Margali,

    voc deseja se ver livre de seu juramento?Eu a livrarei ela queira ou no disse Domenic Lindir.Ela recusou-se a casar

    comigo, mas digo que apenas uma louca faria tal juramento com outra mulher. E assim, ojuramento de uma louca no tem valor aqui.

    Tem para mimdisse Margali.no precisa de nenhuma loucura para recusaro casamento que me props. Quem seno uma louca casaria com o assassino de seu marido?

    Com isto Domenic se enervou e a teria golpeado, se Bruna, com a espada deKennard, no tivesse ficado entre eles e dissesse:

    Sou a Regente de Alton; se voc tiver que duelar com uma Alton, dever duelarcomigo.

    Eu no duelo com mulheres, loucas ou ss disse Domenic. se h um homemdo Domnio de Alton para agir como Regente, eu disputarei com ele, no com voc.

    Eu no sou um homemdisse Bruna.mas sou uma Alton, e se devo provar ser

    um homem melhor do que o assassino de meu irmo, eu provarei.E ela empunhou sua espada, chamou Domenic para um duelo naquele lugar e eleslutaram, e num curto tempo, ela o matou rapidamente. E ento ela fez com que seus irmos

    jurassem manter a paz, no que eles fizeram, dizendo:Esta mulher to boa espadachim quanto qualquer homem.

    E daquele dia em diante, os Lindirs se tornaram pacficos e servis a Alton.E todos os Hasturs decidiram que Dama Bruna tinha ganhado o direito do comando

    da Guarda, de reinar como Regente de Alton e a criar o filho de Kennard.E quanto a estas mulheres? eles perguntaram. No est dentro da lei que

    uma mulher pode tomar outra em casamento.Por que no? perguntou Dama Bruna Pelo que um casamento... mas eu

    posso guard-la com minha espada, cuidar de seu bem-estar e proteg-la contra qualqueroutro casamento que possam obrig-la por razes polticas ou questes de famlia e

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    linhagem. Eu no posso lhe dar crianas, mas ela j carrega o filho de Kennard e quem sabese uma ou outra de ns pode algum dia querer gerar uma criana com sangue Alton para oDomnio? Eu pergunto agora, na frente dos Hasturs e dos Deuses; voc deseja se ver livre doseu juramento, minha irm?

    No disse Margali. Ningum alm de voc, minha irm, poder criar a

    criana de meu corpo, esta ou qualquer outra.Ento Bruna e Margali se deram as mos perante o Conselho em Thendara e juraramjuntas que se amariam perante Cassilda e Camilla por toda a vida; dali em diante notomariam homem algum para marido e adotariam uma criana; estenderam as mos sobre o

    fogo e as retiraram sem queim-las; ento Hastur legalizou o juramento.Da ento Dama Bruna Leynier comandou a Guarda por quinze anos, e quando o

    filho de Margali completou a maioridade, ela lhe entregou a espada de Kennard, mas foiRegente e Conselheira de Alton por toda sua vida. E quando o filho de Kennard estava comvinte e cinco anos, Bruna morreu em batalha contra habitantes das Cidades Secas; Margali

    ficou sozinha em Armida, lamentou sua irm ao longo da vida, sem se casar, e era uma velhamulher quando morreu. E todas essas coisas se passaram no reinado de Gabriel Segundo,

    quando os reis Hastur habitavam em Elhalyn.Me Lauria fechou o livro. Ela perguntou:Gostou da lenda de seu nome, Margali?Magda foi tocada pela histria; ela pensou como ela derrubou os bandidos que tinham

    ameaado Jaelle. Ela perguntou:Essa uma histria verdadeira ou apenas uma lenda?Eu no sei. disse Me Lauria. mas verdade que no reinado de Alaric, que

    foi sucedido por seu filho Gabriel Segundo, houve uma Dama Bruna que comandou a Guardadepois que seu irmo morreu; e que ela derrubou trs homens que a desafiaram para uma luta.E verdade que os Hasturs permitiram que ela tivesse a esposa de seu irmo sob sua proteoat que seu filho se tornasse adulto; ento nenhum outro casamento pde ser forado mulher. Se foi como a histria disse entre Bruna e Margali, ningum pode dizer; elas devemestar mortas h tanto tempo que at seus ossos viraram cinza, e o que elas fizeram nas suasvidas no nada mais do que crenas e lendas antigas. Eu gosto de pensar que esse amor no mais um contado em histrias, mas ser sempre conhecido at o fim dos tempos e comeoda Eternidade, e que ento nada mais importar.

    Sobre Margaret Silvestri e Arranque suas Correntes

    Desde o comeo os dois extremos na sociedade de Darkover tem sido as AmazonasLivres e as mulheres das Cidades Secas, literalmente acorrentadas como propriedades de

    seus maridos. H tempos que temos vrias histrias escritas sobre este tema - mulheres dasCidades Secas x Amazonas - que tem sido as mais populares e foram includas em Contos dasAmazonas Livres.

    Margaret Silvestri uma enfermaria formada, divorciada com uma filha pequena; seuprincipal envolvimento com a fico cientfica foi com a Spellbinders, uma organizao localque faz convenes de caridade atravs da fico cientfica. Ela tambm uma cantora

    popular e escreve msicas quando a inspirao bate, que nunca to frequente quanto eugostaria.

    MZB

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    ARRANQUE SUAS CORRENTESpor Margaret Silvestri

    Eu quero ver o deserto.

    O pedido pareceu peculiar na Casa da Guilda, mas ento ela ouvira falar que todasessas terranan eram peculiares. Assim mesmo estranhou a idia; a mulher tinha a autorizaooficial de ambos os governos, terrqueo e darkovano, e sua generosa remunerao monetria

    parou com qualquer pergunta a mais. Mas antes da longa jornada a cavalo pelas montanhas edois dias no deserto, as perguntas inquietantes voltaram.

    Gilda n'ha Camilla deu uma breve olhada na mulher terrquea. Ela tinha vestido aroupa de uma Amazona Livre para esconder sua identidade, mas seus trejeitos trairiam seudisfarce. Com sorte, elas no encontrariam ningum prximo o suficiente das AmazonasLivres para perceber a diferena, pois os terrqueos no eram bem quistos pelo povo damontanha. Gilda repensou o pouco que sabia sobre sua empregadora. Seu nome era MarissaDel Gado. Mesmo sendo terrquea, ela se passava facilmente por uma darkovana com sua cor

    escura. Como muitas pessoas do espao-porto nunca aprenderam a linguagem, ela sesurpreendeu, pois Marissa falava fluentemente o cahuenga e um pouco de casta.Evidentemente ela tinha algum interesse pelo mundo que estava morando temporariamente.

    Marissa no havia falado muito, mas agora ela parecia mais ainda introspectiva.Seus olhos constantemente procuravam a terrquea sem graa at que as suspeitas de

    Gilda se concretizaram. Quando montaram acampamento, Gilda determinou obter algumasrespostas antes de seguir em frente.

    Enquanto a Amazona armava a barraca, Marissa retirou a sela dos cavalos,enxugando-os enquanto bebiam do pequeno lago insalubre. Ela assistiu fascinada enquanto aAmazona suavemente armava o acampamento com um mnimo de esforo. Ela escolheu bemao escolh-la para sua guia. Com os cavalos cuidados e amarrados, ela pegou um pouco de

    gua para si mesma. Estava morna e tinha gosto de sal, mas era gua e a nica queencontrariam.

    Dentro da tenda, Marissa se despiu at a cintura, limpando seu corpo sujo e suado comuma roupa molhada. Mesmo tendo feito pouca diferena com a limpeza, a morna umidadereavivara seu esprito. Quando a Amazona entrou na tenda, Marissa inconscientemente cobriuseus pequenos seios, mas como Gilda ignorou, rapidamente terminou, pondo uma tnicalimpa. Ento tabus com o nu diferem aqui tambm. Ela nunca seria capaz de entender essacultura.

    Voc quer continuar entrando no deserto?A pergunta despertou Marissa e ela olhou para os penetrantes olhos cinzas.Sim... Por que pergunta?

    Voc disse que queria ver o deserto. Temos visto dois dias disso at agora. Odeserto muda pouco. Se a razo desta jornada for verdadeira, eu no vejo razo paracontinuar.

    O que a faz pensar que eu tenho outro motivo?Voc olha o horizonte como se estivesse procurando algo. Voc quer continuar

    quando no tem necessidade.a Amazona encarou-a duramente.Se devo continuar, devosaber o por que.

    Marissa analisou gravemente a situao, nervosamente batendo na adaga presa em suacintura. Ela no poderia arriscar perder a guia.

    Est bem, eu revelarei a voc. Estou procurando por minha irm, Teri. Ela estavafazendo pesquisa sociolgica em um pequeno vilarejo nas Cidades Secas e eu perdi contato.Teri sempre manda anotaes para mim em suas cartas... H dois meses ela parou. Desdeento eu no soube mais nada e estou preocupada.

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    Dois meses no tanto tempo, considerando a rea. Caravanas so irregulares... eh tambm bandidos, ataques... Certamente voc no est fazendo esta longa viagem s porisso.Gilda se manteve imvel.

    No, eu no me preocupei at os sonhos comearem. Sonhos com minha irm emperigo... Eu no poderia dizer o que estava errado, apenas que ela precisava de ajuda. Depois

    que eu cheguei na Casa da Guilda eles pioraram... Ela estava morrendo. Isso provavelmentesoa um pouco insano, mas eu sei que ela est em perigo.Voc uma leronis?Marissa estranhou quando sua mente traduziu leronis como feiticeira. Esta palavra era

    realmente cheia de superstio; agora a Amazona pensava que ela era uma bruxa. Ela nopodia explicar muito bem o conceito de premonio e percepo extra-sensorial para algumque acreditava em bruxas.

    No, mas ela no apenas minha irm... Ns somos gmeas, e s vezes possosentir seus pensamentos.

    A Amazona concordou com a cabea, mas Marissa duvidou que ela realmente tivesseentendido. Mas no importava; o que importava era sua misso.

    Voc continuar a me guiar?Por que no?Eu menti pra voc. Eu no te culparia se fosse embora imediatamente.Agora era a vez de Gilda se espantar com a estranheza da terrquea. Poderia realmente

    uma terrquea deixar outra perdida no deserto? Mesmo assim, Hastur estava certo em limitara influncia do Imprio em Darkover.

    Teria sido melhor se voc tivesse sido sincera, mas eu concordo em gui-la.Mesmo que eu quisesse romper nosso acordo, eu no poderia. Isso traria um grande problema Casa da Guilda se eu deixasse uma doida terranan sozinha no deserto.

    Marissa silenciosamente aceitou o adjetivo. Ela provavelmente deve ter parecido louca mulher darkovana, com seu assunto sobre sonhos, mas enquanto Gilda continuasse comosua guia, faria tudo que ela desejasse. Aparentemente a Amazona considerou encerrada adiscusso; ela entrou em outro assunto.

    A partir daqui, viajaremos a noite e dormiremos durante o calor do dia. Em qualdireo viajaremos?

    Marissa no sabia ao certo. O mesmo caminho. Eu no tenho certeza onde... apenas que estamos chegando

    perto.

    As duas mulheres viajaram pelo deserto, cavalgando luz do luar, sua nica direouma linha intangvel de emoo. Elas no viram nada alm de areia, arbustos de especiarias e

    algum rptil ocasional. Marissa estava segura aos olhares ilcitos da Amazona, pois Gildaagora acreditava realmente ser ela uma louca.Talvez fosse sorte ou algum incompreensvel sentimento interior as guiando, pois no

    quarto dia avistaram uma pequena vila. Vinte ou trinta casas circundadas por um aglomeradode paredes, e canteiros de folhagens sombreadas marcavam cuidadosamente jardins cobertos.Enquanto as duas mulheres cavalgavam para dentro da praa, sentiram olhares curiosos sobreelas. Olharam rapidamente para o lado, Marissa percebeu olhares de algumas crianasespiando excitadamente de uma porta, mas quando ela olhou para eles, recuaram assustados.Gilda tinha desmontado ao lado do poo e Marissa rapidamente se juntou a ela, dando guaaos cavalos.

    A terrquea espiou em volta as ruas desertas.

    Onde est todo mundo?Ns somos estranhosGilda explicou.Nas Cidades Secas, qualquer estranho

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    suspeito. Eles se mostraro quando virem que ns somos inofensivas. Vejo que est certa... A vem algum. Marissa indicou um homem de barba

    grisalha cruzando a praa at elas.Boas-vindas a vocs, estranhas. Eu sou Drocar, e ofereo a hospitalidade de nossa

    pobre vila.

    Gilda curvou-se respeitosamente para o homem mais velho.Ns agradecemos sua hospitalidade, e desejo retribuir sua generosidade.No, no podemos aceitar.Drocar disse reservadamente.A Amazona insistiu polidamente. Aps poucos minutos de polida discusso, o velho

    aldeo aceitou as moedas, como Gilda sabia que faria.Sua generosidade apreciada. Agora diga como podemos servir-te, domna?Gilda silenciou, deixando Marissa falar.Estamos procurando por minha irm, Teresa. Pensei que ela poderia estar aqui. Ela

    pequena e de cabelos pretos. Sim, sim... a Dama Teresa. Ela est hospedada na casa de Arturin. Por favor,

    venham.o homem mais velho caminhou num ritmo que permitia sua aparncia curvada.

    Marissa o seguiu rapidamente para uma grande casa de tijolos de barro fora da praa.Drocar falou apressado com uma mulher rechonchuda num dialeto estranho. Seguindo-os paradentro, Marissa teve pouco tempo para observar o ambiente, mas o que ela viu era simples,quase austero. Eles passaram atravs de vrios quartos e salas at a empregada batergentilmente em uma porta. Ela deve ter recebido alguma resposta, pois conduziu Marissa paradentro, indo embora com Drocar.

    Uma pequena figura vestida de branco descansava apoiada em travesseiros, bempequena perto da enorme cama que dominava o quarto. Longos cabelos castanho-escuroscaam sobre seus ombros estreitos. Mesmo antes de ver o rosto, Marissa sabia que haviaachado sua irm.

    Teri...

    Mari? a voz perguntava enquanto a garota virava incrdula na direo do som.Alguns hematomas davam uma colorao acinzentada em suas bochechas e testa. realmente voc, Marissa? No estou sonhando?

    No um sonho, Teri... mas um sonho me trouxe aqui. Marisa descreveu suajornada.

    Gilda havia entrado discretamente, mas Marissa notou a presena da Amazona e virouem sua direo.

    Esta minha irm, Teresa... Gilda foi minha guia. Sem ela, eu nunca poderia tervindo.

    A Amazona agradeceu a apresentao.

    Nos ofereceram quartos aqui. Os cavalos j esto no estbulo.Marissa concordou pensativa.Agora me diga o que aconteceu com voc, Teri. Os sonhos me mostraram apenas

    que estava em perigo. O vilarejo em que eu estava foi invadido por bandidos das Cidades Secas. Eu

    percebi que era uma ocorrncia razoavelmente comum. Fui capturada na invaso junto comvrias outras jovens mulheres. Fomos levadas Punjar para sermos escravas. Ento fuivendida a um bandido chamado Ulric... como uma concubina.

    Marissa mordeu os lbios.Voc foi violentada?A plida jovem deu uma curta risada amarga antes de replicar:

    Eu no consegui esses hematomas por estar cheia de amor.Eu no permitiria que nenhum imundo me violentasse. a voz da Amazona era

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    zombeteira.Os olhos escuros de Teresa se prenderam nos de Gilda.Eu tinha poucas chances nessa situao.Voc no tinha nenhuma adaga?Foi tirada de mim.

    A Amazona falou agora cheia de desprezo.Eu teria usada a lmina contra mim mesma antes de permitir que o verme tocasse

    em mim. Teria, Amazona? Ento ainda bem que eu no sou voc. Porque eu deveria ser

    punida pelo crime de um bandido das Cidades Secas? a terrquea foi inflexvel. Queproveito haveria na minha morte? Minha perda nada significaria para Ulric, exceto a pequenainconvenincia em comprar uma nova escrava. Esperando, eu tramei minha fuga e agoratenho uma vida inteira para tramar vingana.

    Este o jeito terrqueo?No sei. Este o meu jeito.Marissa se recuperou do choque e estava mais preocupada com a fuga de Teresa do

    que com a discusso filosfica.Mas como voc escapou?Punjar no to bem guardada quanto muitas cidades. Quando houve chance, eu

    corri com toda vontade de escapar por dentro do deserto. Teresa pausou refletindo. Odeserto foi mais meu inimigo do que os habitantes das Cidades Secas. No houve procura,nem necessidade de caadores. O sol fazia seu trabalho. Eu teria morrido no deserto se nofosse por esses aldees. Alguns dos seus homens me acharam no deserto e me trouxeram aqui.A esposa de Arturin, Alana, me trouxe de volta a sade.

    Voc est bem o suficiente para viajar?Sim. Alana bem precavida.Bom. Ento devemos voltar imediatamente para Thendara. Farei os preparativos.

    No! a ordem abrupta deixou Marissa em confuso silncio. Eu no voltareipara o espaoporto. Eu perteno a este lugar.

    Aqui? Depois do que aconteceu voc quer ficar aqui pra correr todo o risco denovo? Por qu?Marissa perguntou com raiva.

    Porque algum tem que ajudar aquelas mulheres, e eu desenvolvi um plano paraajud-las a escapar.

    Escapar! Aquelas mulheres no desejam escapar. Elas gostam de sua priso. Gilda zombou com desprezo. Duvido que elas partissem, mesmo se voc deixasse os

    portes bem abertos e as forasse para fora! Talvez voc tenha razo sobre a maioria delas, mas h aquelas que foram

    capturadas como eu fui; arrancadas de suas casas e famlias. Elas no tiveram escolha. Euplanejo dar a elas a escolha.Mas como? As cidades so guardadas.Muitas das cidades cresceram desatentas em sua luxria, deve ser fcil entrar e sair.

    os olhos de Teresa brilharam pensando na idia. Meu plano resgatar aquelas quequerem sua liberdade... ajudar uma ou duas de cada vez... para no causar alarme... e sumircom elas rapidamente das Cidades Secas.

    Como a antiga estrada subterrnea na Terra que ajudou os negros escravos aescapar.Marissa entendeu a idia, mas ela ainda desconfiava.

    Exatamente. Por enquanto, esta ser minha vingana para Ulric... eu devolverei avida s mulheres de seu reino de escravido.

    Marissa viu o profundo comprometimento nos olhos de sua irm, mas a idia aassustava.

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    Ns a levaremos... me ouviu? Mas temos que ir esta noite. Voc estar ocupada?Teri foi direto raiz do problema.

    Eu ganhei um dia livre para ver a caravana. Kantol no perguntar por mim, entono estarei ocupada... ao menos no at a noite.

    At l, estaremos milhas de distncia. na sua prpria mente, Teri completou a

    frase. Se tivermos muita sorte.

    Fora da cidade, Gilda esperava e observava o sol. Estava baixo no horizonte agora e asombra do crepsculo a deixava preocupada. Ela no gostava de estar to prxima s CidadesSecas. Nervosamente, ela se arrastou at o canto da rocha, seus olhos procurando por sinaisdas Terranan. Elas bancariam as tolas, numa situao que seria melhor morreremacorrentadas em um bordel das Cidades Secas. O luar logo apareceria, mas Gilda no gostavada idia de deixar as terrqueas para trs. Com certeza isso causaria problemas na Casa daGuilda.

    Nem mesmo o movimento de um gro de areia escapava dos ouvidos da Amazona estanoite e embora as trs mulheres pensassem no silncio da fuga, Gilda estava a postos quando

    elas apareceram de trs da rocha. mira da Amazona, a arma apontada assustou Elys, mas elarapidamente se ajustou nova agitao. As mulheres terrqueas j estavam vestidas nasroupas de montaria. Teresa guardou suas correntes dentro do alforje e assistiu num silnciodivertido enquanto Marissa arrancava os braceletes de seus prprios pulsos e os atirava comraiva no cho. Ela convenceria Mari; uma parte da batalha j estava ganha.

    Pegue as correntes. Ns precisaremos delas na prxima vez; eu repetirei a faanha.a voz de Teri no era de reprimenda. Ela entendia a repugnncia de Marissa.

    Durante a conversa, Elys e a Amazona ficaram paradas, como se plantadas no lugar,silenciosamente fitando uma outra. Finalmente Gilda caminhou at os cavalos, arrumandoos fardos.

    Os cavalos esto prontos. Quem ela? o olhar de Gilda era de crtica. Estajornada foi cuidadosamente planejada para minimizar os riscos, e agora a Terranan colocavatodas em perigo pegando estranhas nas Cidades Secas.

    Nossa primeira fuga. Ela montar o animal de carga. Vamos dar o fora daqui. Teresa se encaminhava para a montanha, subindo vagarosamente pra longe da cidade.

    Gilda tomou a frente, guiando-as com a segurana da prtica ou instinto; Marissa nosabia como, mas j havia visto a Amazona em ao antes, o suficiente para respeitar asdirees da guia enquanto viajavam pelo deserto abandonado. Elas cavalgaram em silncio,ansiosas apenas em aumentar a distncia entre elas e Punjar. Apenas algumas horas depoisdiminuram o ritmo. Mesmo assim, continuaram com cuidado, olhando apreensivas sobre seusombros, alertas a qualquer sinal de perseguio.

    Quanto o sol apareceu vermelho e sangrento sobre as areias do deserto, Gilda ordenouuma pausa. Alguns arbustos de especiarias por perto providenciavam a nica sombra e aAmazona avisou que deveriam descansar ali durante o calor do dia. O cheiro picante detempero se espalhava em todo ar que elas respiravam. Tendo amarrado os cavalos, Gildadistribuiu as raes, mas seus olhos sempre paravam sobre Elys. Teresa parou diante dagarota, pacientemente mexendo nos braceletes at abrir as trancas, e as correntes caram nocho.

    Marissa assistiu, em silncio, enquanto a garota esfregava os pulsos, esticando osbraos, maravilhando-se com sua nova luminosidade. Ela odiou perturbar o tocante momentoenquanto Elys realizava sua volta liberdade, mas um repentino pensamento lhe ocorreu.

    Teri... o que acontecer com Elys agora?

    Eu... eu ainda no pensei nisso. Essa uma deciso um pouco repentina... a nicacoisa em que eu ainda no tinha pensado... o que fazer com as mulheres que escapassem.

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    Teresa olhou, distrada, para Elys.Ela poderia voltar para sua famlia? Marissa perguntou. Esta parecia a soluo

    mais lgica.Eu no tenho famlia. Elys no tirava os olhos do cho. E se tivesse, no

    poderia voltar... no depois da minha desgraa. Eu envergonharia a todos. Seria melhor

    morrer como escrava.No. Teresa disse firmemente. Ela no podia deixar Elys para trs agora, no

    depois de sentir o gostinho da liberdade. Deve haver algum lugar que voc possa ir, ondeseu passado no importasse... onde voc pudesse recomear sua vida.

    Um silncio dolorido seguiu a frase de Teri; o nico som foi o da Amazona voltandodepois de checar os cavalos. De repente uma pequena esperana apareceu no rosto de Elysenquanto esta observava Gilda sentar.

    Eu ouvi falar das Amazonas Livres, que andam livremente por entre os homens...que ganham seu prprio po. Me leve com voc para as Amazonas!

    Voc? Gilda olhou para a garota, em dvida. Voc pensa em se tornar umaRenunciante? primeira dificuldade voc quebraria seu voto implorando a ajuda de algum

    homem.No! negou Elys bruscamente -Eu tenho pedido por ajuda de algum homem

    aqui? No foram essas mulheres que me resgataram da servido? Eu no tenho famlia pararecorrer. Tenho ganhado meu po desde a minha infncia como servial e no me assusto comtrabalho pesado. Voc me mandaria de volta escravido? Ento me coloque as correntesvoc mesma! ela jogou as correntes aos ps da Amazona. Quem voc que valorizatanto a liberdade para me negar a escolha?

    Gilda sorriu aprovadoramente. Aqui certamente estava o esprito de uma Amazona.Eu a levarei Casa da Guilda, mas voc receber instrues e ento, se desejar,

    far seus votos. Eles no so feitos para serem jurados facilmente, sem entendimento.O olhar de intenso alvio e gratido trouxe lgrimas aos olhos de Marissa. Teresa

    estava certa. Isto valia o risco. isto! Esta a resposta!a exclamao de Teri assustou as outras, que olharam

    para a mulher em total excitao.Vocs no entendem? Ns precisamos de um lugar paramandar as mulheres... um lugar onde recomear, onde o passado no importa. As Amazonasas aceitariam todas?

    As Amazonas aceitam qualquer mulher disposta a fazer os votos. Gilda pensouno que a terrquea estava propondo.

    Antes que Teri pudesse falar, Elys disse:Muitas delas fariam os votos, agradecidas pela chance de um trabalho honesto. Sem

    ajuda, elas no teriam outra escolha alm de vender-se novamente. Se as Amazonas apenas

    oferecerem-nos a chance, ns trabalharemos felizes.

    Elys sorria, seus olhos transbordandouma felicidade que pensava ter perdido.Observando as trs, Marissa viu o sonho crescer e tomar forma diante delas. Eram to

    diferentes - terrquea, escrava liberta das Cidades Secas e Amazona - o sonho unindo-astodas. Um sonho de liberdade que ela veria se tornar realidade. Teri libertaria as mulheres desua desprezvel escravido e as Amazonas as ajudariam a construir novas vidas dentro darestrita famlia da Casa da Guilda. Este seria um longo e lento processo, mas talvez os

    prximos passos trouxessem verdadeira liberdade para as mulheres das Cidades Secas, umtempo em que todas elas arrancariam suas correntes para sempre.

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    Sobre Serry Kramer e O Banshee

    Serry Kramer uma f local de Darkover que usa um nome de Amazona e publicou,com dois amigos que montaram a Casa da Guilda Valle d'Oro, uma revista circular das

    Amazonas Livres. Ela vive em um rancho ao norte de Sacramento com um alarmante

    grande nmero de animais - vivem aqui 110 seres vivos, e apenas dois deles so humanos.Ela fez a conta de 7 ces, 3 gatos, 8 cabras, 2 cavalos, 26 galinhas, 22 patos, 2 gansos, 7peixinhos dourados, 22 peixes tropicais, 7 ratos, 1 iguana e 1 cobra. Se isso inspirasseinveja ou espanto (eu soube de dois casos) ns ainda acharamos um pouco incrvel quealm de ensinar obedincia aos cachorros, ordenhar e domesticar as cabras, montar ecuidar das necessidades de todas as outras criaturas, eu ainda ache tempo para escrever devez em quando. At onde sabemos no h banshees ou aves-de-carnia no rancho. O

    Banshee foi de incio publicado em Contos das Amazonas Livrese apenas perdeu a inclusono primeiro volume das histrias dos Amigos, The Keeper's Price; na verdade, eu pensei quetinha sido includo, e expressei meus sentimentos Sherry de que poderia no serconsiderado para este volume, no qual parecia mesmo combinar mais. Sherry me lembrou

    que ele no tinha aparecido em Keeper's Price; eu chequei as pginas da antologia e elaestava certa. Eu evidentemente o confundi na memria com O Resgatede Linda McKendrick,uma das melhores histrias de Amazonas Livres no primeiro volume. Estou feliz em remediaraquela omisso e apresentar O Banshee aqui.

    MZB

    O BANSHEEpor Sherry Kramer

    Se voc apenas tivesse observado o inverno de seu canto aquecido, voc poderia t-lo como amante, mas no poderia conhec-lo como uma esposa.

    A vai ento o provrbio darkovano. Aps quase um ano em Darkover, eu no precisomais observar o inverno. Eu posso ouvi-lo claro o suficiente, uivando e lamentando em voltada pedra achatada do forte. Logo que a tempestade clarear, ns devemos descer a montanha evoltar Thendara. O inverno foi meu carcereiro. Deveria ter ido embora semanas atrs. Euno observei o inverno e no o amei como amante ou coisa parecida. Eu j havia tido osuficiente de inverno, tanto quanto de Darkover.

    Ouvi o suave arrastar das botas de Darla no cho de pedra e me virei para fit-la.Como est o tempo? perguntei. Ir melhorar logo, no acha? Desde que

    tinha a Amazona Livre como guia, aprendi a respeitar sua sensibilidade ao tempo.A nevasca parou ela disse. mas apenas uma pausa. Quando o vento sopra

    assim, devemos esperar por mais. Ela pegou uma taa de pedra da mesa e serviu umabebida da jarra que Mhari havia trazido alguns minutos atrs. Ns tivemos sorte dealcanar o forte.Aqui muito mais confortvel do que um abrigo de viajantes seria. E melhorestocado. Podemos esperar o fim do inverno aqui, se pudermos.

    Pea a permisso de Eduin e Mhari.Darla me olhou, surpresa:Voc realmente pensa que algum anfitrio deixaria seus hspedes ir embora com

    esse tempo? No seria nada menos do que um assassinato. Voc julga nosso povo damontanha to inferior?

    No, no, claro que no. Como disse uma vez um filsofo: Hspedes e peixecomeam a feder depois de trs dias....

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    no por ela t-lo convencido.Imediatamente aps o desjejum fomos dar uma olhada em seus ces de caa. Eles

    eram altos, animais magros com o plo grosso e felpudo, branco e com manchas vermelhas.Seus focinhos eram curtos e largos, seus olhos pequenos e profundos. Pareciam o resultado deuma mistura entre um Bull Terrier, um So Bernardo e um Wolfhound Irlands. Eduin estava

    dizendo algo rapidamente em Cahuenga, mas seu dialeto era um dos que eu tinha problemaspara acompanhar.Ele disseDarla traduziu.que no tem ces de ataque, Sharra Terriers ele quer

    dizer, mais precisamente, mas j que esses ces so abre-trilhas, devemos fazer tudo certo. Osabre-trilhas latem na trilha, ento haver menos perigo de perd-los. Ces que no latem

    podem ser pegos pelos banshees e mortos antes dos caadores ach-los, a no ser se elesestiverem juntos com ces de ataque, para atac-los e mant-los ocupados. Esses ces sorpidos o suficiente para peg-los, mas devagar demais para sair da trilha, se a coisa voltar.Incidentalmente, este o melhor conjunto de ces de caa surdos que voc jamais ver.

    Ces de caa surdos?Sim. Eles so deliberadamente selecionados por serem surdos, s assim o banshee

    no poder amedront-los com seu grito.Entendo.eu disse.E o que os impede de assustar-nos?Ahela disse.este o esporte!Humm. Bem, eu no quero estragar a diverso... mas, depois dos ces cerc-lo, e o

    pegarmos antes dele dilacer-los em pedaos...Sim?O que faremos ento com ele?Ela sorriu brincalhona.Ns poderamospedir a ele para ficar por perto para o Festival do Inverno. Mas

    sugiro tentar mat-lo.Com o que?

    Oh!ela riu, depois tornou a dizer algo Eduin.O que quer que ela disse deve ter soado engraado tambm, pois ele ria

    disfaradamente enquanto saa. Eu no vejo o qu to engraado eu disse irritada. Este no um jeito

    educado de sair para uma captura, e ser um inferno de aguentar. Aquilo um pouco maiorque um coelho-de-chifres, eu percebi. No estou acostumada a caar coisas que ficariammuito perto de me caar.

    Eduin retornou, carregando algumas lanas compridas. Entregou uma para cada umade ns e usou sua prpria para demonstrar um movimento particularmente perigoso.

    Voc terranam fala demaisDarla disse.Apenas fique com o grupo, certo?

    Ficarei to perto que voc ficar pensando qual de ns voc.

    eu disse.Eu pensava que estava em boa forma, depois de meses de subidas sobre rochas

    colocando armadilhas, escalando penhascos para pegar ovos de pssaros e amostras deplantas, montando cavalos at onde pudessem ir e andando onde no podiam.

    Depois da primeira meia hora tentando manobrar as botas para neve, eu estavatranspirando no frio abaixo de zero. Minhas pernas, braos e costas doam. Eu no podia dizerse era o desejo de aumentar a reputao terrquea que me fez continuar, ou apenas o

    pensamento de que, se eu parasse, provavelmente congelaria at a morte.Tornou-se mais fcil depois de um tempo, mas eu j estava exausta. Os ces estavam

    abrindo a trilha e Eduin e seu ajudante estavam correndo para mant-los por perto. Eduin me

    viu caindo para trs e chamou o outro homem, mas Darla disse algo e os impediu. Ela voltoue segurou meu brao.

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    Venha por aqui ela disse, e me guiou para um lugar seguro entre duas rochasque de algum modo tinha ficado livre da neve. Agora sente. ela pegou alguns pedaossoltos de galhos e ramos secos e acendeu um fogo.

    Me desculpe.eu disse.No sua culpa, minha. Jaelle, minha me-de-juramento, sempre disse que eu era

    uma valente idiota. Muito impetuosa. Voc devia conhec-la. Ela dizia que ningum era toimpetuosa, por Evanda e Avarra! Que idiota eu fui de trazer uma Terranan... no, de trazerqualquer pessoa das terras baixas aqui pra cima e esperar que ela acompanhe os passos dealgum nascido e criado para isso.

    Eu peguei o jeito dessas botas pra neve agora. Posso aguentar.No, no pode.ela disse, encarando os fatos.Nem Hastur em pessoa poderia,

    se viesse pra c despreparado. Levante-se e ande um pouco ou ir congelar. Arrumarei umfogo adequado em um momento.

    Eduin deve estar me achando uma tola. eu disse, andando em crculosobedientemente.Aps resolvido o problema, devemos convenc-lo que devo continuar...

    Voc no a primeira pessoa das terras baixas a aprender que as Hellers tm seu

    nome com razo. Tambm no ser a ltima. Eduin no deve estar pensando menos de vocpor isso, e isso dar a ele mais motivos para se gabar de suas montanhas. Elas so, para opovo da montanha, como os cavalos de Armida: bestas bem fortes, belas, impossveis deesquecer... e apenas um pouco perigosas para os poucos cautelosos! Mas, se ele levar para ooutro lado, bem, o que temos com isso? No somos homens para ficar brincando de kihar...

    jogos de honra.ela colocou nossas botas do outro lado da neve bem longe do fogo, e tirouum pequeno pote de metal e um pacote de ervas secas de seu alforje.

    O fogo estava bem forte agora, eu estava comeando a ficar quente e confortvel.Darla...Hum? ela olhou por cima do ch da montanha que tinha preparado com neve

    derretida.

    O jeito que falou sobre as montanhas... voc Cahuenga?Eu sou Com'hi letzii. Darla n'ha Margali. Essa toda a linhagem que eu preciso.

    Mas por voc ser Terranan, e assim curiosa, sim, eu nasci a no muitas milhas daqui. Mharia filha de minha me.

    Mhari? A Mhari de Eduin? Como, se ela nem mesmo falou com voc?Me atrevo a dizer que ela no me aprova.Mas vocs so irms!Ns apenas temos uma me em comum. Mas no somos irms, e nunca seremos,

    bredini. ela fez uma pausa. Me perdoe se a ofendi, Janna, mas voc e eu, aps poucotempo juntas, somos mais prximas do que eu e ela nunca seremos.

    Eu estava olhando fixamente alm dos vales e montanhas enevoando-se pela distncia.Eu no me sentia insultada. Sim, eu era Janet Rhodes, do Servio Espacial, nascida emMeadow (mas, como Darla havia dito, terranan assim mesmo). Darkovanos continuavam,depois de todos esses meses, um enigma para mim. Evitando um toque num momento eexuberantemente emocionais no outro; frios, afastados, remotos como as prprias Hellers,ento subitamente oferecendo inesperada intimidade. Eu no tinha a definio certa.

    Ah ela disse depois de um momento. eu disse a coisa errada de novo. Euqueria dizer se algum darkovano ir um dia entender algum Terranan.

    Suas palavras estavam to prximas de meus pensamentos que dei um sorriso.Se algum conseguireu disse.ser algum como voc. Vocs das montanhas

    so mais parecidos conosco do que os das terras baixas, eu acho.

    Agora eu que devo me perguntar se foi elogio ou insulto. ela disse, mastambm estava sorrindo. Janna, ns somos todas irms na Casa da Guilda, mas ns

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    sentimos... h um ditado: Orgulho demais, pode ser. Cavalos demais, talvez. Mas nuncaamor demais ou irms demais.

    No temos nenhum ditado similar.eu disse. No, suponho que no tenham. ela mudou de assunto. Est descansada

    agora? Acho que ainda podemos continuar a caada. Podamos ouvir os ces em algum

    lugar.Nos no temos nenhum ditado similareu repeti.mas talvez devssemos ter...

    breda. Oh, breda, estou to feliz! ela pegou minhas mos. Havia uma curiosa

    intimidade no gesto que eu achei de algum modo estranha. Eu queria dizer isso h tantotempo. Agora voc no precisar mais partir. ela soltou minhas mos e deu-me um abrao.Ento ela se afastou.Qual o problema?

    Sinto muito. Eu... quero dizer, isto no muda nada. Ainda tenho que partir.Mas por que? Os terranan no mandam em si mesmos? Voc no pode escolher

    entre partir ou ficar? Algumas vezes, sim. Mas no sempre. Eu nunca esquecerei voc, Darla, ou do

    tempo em que passamos juntas. Mas eu devo ir. Esse o meu trabalho.Ela permaneceu quieta por um momento. At os latidos dos ces haviam cessado.Voc pode ficar. Outros Terrananj ficaram.Mas voc no entende? Para ficar, eu teria de desistir de tudo. Minha carreira, meu

    trabalho, Darla, isso tudo o que eu tenho e tenho trabalhado to duro.Mesmo assim, e se no for a escolha certa?Bem, e se eu pedisse a voc para escolher? Para vir comigo?Esta minha casa. Meu mundo. Mas voc no tem casa. Nem famlia. Voc me

    disse isso, breda ela disse calmamente. como voc pode pensar em partir? Vocpertence a este lugar.

    No, no perteno. Eu no perteno a nenhum maldito lugar. Como voc mesmadiz, eu sou uma terrquea.

    No, voc no ! Voc Janna... Janet Rhodes. ela repetiu, tropeando umpouco no estranho som de meu nome, tentando falar direito. Voc mesma! No umaterrquea. To impessoal! Como se diria um livro, uma pedra.

    Eu souuma terrquea.repeti inflexvel.Bem, ento, voc Terranan. E eu sou darkovana. E ambas somos mulheres, as

    duas humanas, e ns duas temos laran.O que? No!ela estava supondo, devia estar, eu achava.Negue isto, negue!Janna...No. Me deixe em paz. Eu no tenho, no serei... no sou uma aberrao!

    Claro que no. Eu no sou.

    ela hesitou.

    - Eu no mencionei isso antes, porque claramente voc no queria que eu o fizesse. Mas, est a. Janna, se voc vivesse em ummundo em que todos, exceto voc, fossem cegos e surdos, voc taparia seus ouvidos evendaria seus olhos? E se o fizesse, significaria que voc no teria mais olhos e ouvidos?Quando me tornei uma das Com'hi letzii, desisti de qualquer compromisso com o mundo ecom o passado, menos com o cumprimento do Juramento, ele prprio dedescomprometimento. Mas eu no poderia desistir do laran, no como eu tinha desistido deser tallo. Seu laran, protegido e bloqueado como est, um dom muito puro e poderoso paraesconder. Voc apenas tem de abri-lo para si mesma, breda.

    No. todos os anos de cuidado, as palavras to ponderadas para que no metrassem... e aqui, depois de to poucos meses, ela sabia. Isto ridculo eu disse.eu

    realmente no sei do que voc est falando.A confiana sempre to difcil para voc? Voc tem sido to magoada que deve

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    fariam. Ele os levava a uma fria insensata que os fazia se jogarem contra ele sempre, semmedo da dor e da morte. Eu podia sentir Darla tremendo ao meu lado. Ela se inclinou evomitou, ofegando com a nsia.

    Darla eu disse. No. Bloqueie. eu tinha falado entre os dentes, ao menoseu podia falar.Bloqueie! apenas um animal. Uma besta estpida.

    Ela olhou diretamente para mim, mas eu sabia que ela no ouvia o que eu dizia. Seusolhos estavam arregalados, olhando para o nada, a ris verde apenas uma fina linha em voltadas enormes pupilas negras.

    Sua respirao estava ofegante e eu podia sentir seu corao pulsando por trs de suascostelas. No sabia o que fazer, mas sabia que ela no podia continuar assim. Se o medo no amatasse, a enlouqueceria. Eu agarrei seus ombros e a sacudi. Ela estava rgida em minhasmos. Eu a esbofeteei, e de novo, mais forte, mas parecia estar batendo em uma boneca demadeira. Podia sentir o frio crescente de seu corpo, mesmo atravs de minhas luvas. Derepente ela parou de tremer. Era como se seu corpo tivesse desistido da batalha, deixando-asozinha em sua mente. Se ela estava respirando, era bem superficial. Eu no podia ter certeza.Arranquei uma luva e procurei pela pulsao em sua garganta. No instante em que minhas

    mos tocaram sua pele nua, toda a fora de seu pnico, a loucura inspirada pelo banshee,passou atravs de mim. Pensei que tinha gritado. Ento a... a cegueira... veio ao meu auxlio.Eu retirei minha mo e estava livre. Mas Darla no estava. Eu no podia deix-la assim. Eutinha tanto medo do que teria de fazer, como tive do prprio banshee. Rapidamente, antes queeu tivesse tempo para pensar sobre isso, eu tirei fora a outra luva e peguei seu rosto emminhas mos. O medo era mais tolervel agora, talvez por que eu j estivesse preparada.

    No.eu disse alto.Darla, oua. Voc tem que me escutar! Nada disso real.Isso algo que no existe. O que est l embaixo apenas uma besta, uma estpida, tola efeia besta.

    Procurei por algum sinal de compreenso em seu olhar. Ento veio e eu me lembrei derespirar. Darla deu um profundo suspiro, depois outro, facilmente, e levantou suas mos paracobrir as minhas. Ela fechou os olhos por um momento e pude sentir seus sentidos sefirmando. Quando ela olhou para mim novamente, era Darla, e era como se nada daqueleinferno tivesse acontecido.

    Abaixo de ns, os ces ainda morriam, o bansheeainda gritava, e ainda era medonho.Mas era um medo normal, no um pesadelo. Eduin e seus caadores haviam pegado obanshee, e correram em socorro dos ces. Darla se afastou de mim, ento deu um esboo deum sorriso e me deu as mos, para me ajudar a levantar.

    Obrigado, breda. ela disse. Agora vamos descer e ajudar a matar aquelerefugiado das Profundezas.

    Ela pegou sua lana e desceu sozinha pela pedra. Tambm no me dei tempo para

    pensar sobre aquilo. Eu a segui. Ns ramos, apesar de tudo, bredini.

    Sobre Brbara Armistead e Na trilha

    Brbara Armistead diz que nasceu no ano das uvas de 1929, editou sua revista nocolgio, escreveu as usuais poesias mrbidas, ento se casou, teve quatro filhos edivorciou-se em 1979. Ela credita seu interesse em escrever ao fato de seus filhosconvenceram-na a entrar no f clube de Star Trek. Tambm conseguiu seis netos ao longode seu caminho. Alguns dias sou 20 anos mais velha que Matusalm, em outros ainda tenhodezesseis. Assim, devo descrever um pouco mais sobre ns que escrevemos para essaantologia. Depois dela ter descido do topo na aceitao de sua primeira histria sugerida

    profissionalmente, Brbara relembrou-me de que nos encontramos no Worldcon em LosAngeles no vero de 1984, mas eu a corrigi corretamente de que eu encontrei tantas

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    pessoas, que eles acabaram numa confuso sem fim.Os personagens principais desta histria, Rima e Lori, so, como a maioria dos

    leitores relembraro, do grupo de Kindra em A Corrente Partida.MZB

    NA TRILHApor Brbara M. Armistead

    Apenas uma viagem!Rima apertou impacientemente a correia.Primeiro, umsapato perdido, depois um alforje rasgado, uma tempestade como um oceano invertido, eagora uma trilha perdida! O que vem depois?

    Lori riu e, cuidadosamente, devolveu o pnei ao seu lugar. Ela alinhava os animais decarga com cautela, e ento montou em seu prprio animal castrado.

    No reclame, Rima. Sei que voc impaciente, mas viajar pelas Hellers sempre

    uma incerteza.No ! to certa quanto a morte e as tempestades de inverno; voc pode sempre

    esperar problemas. Porque Lisa sempre escolhe um lugar bem fora de caminho para uma casade cura, s Evanda sabe!

    Provavelmente por que eles precisem mais do que algum lugar civilizado, voc noacha?

    Oh, Lori, eu s estou especulando. Vamos tentar achar aquela trilha de que vocme falou. Esta aqui no d mais.

    A volta deve dar uma hora de viagem. Eu acho que marquei a trilha na noitepassada, antes do abrigo de viajantes.

    Lori apontou o caminho de volta na trilha encharcada. As fortes chuvas depois do

    degelo da primavera transformaram as partes mais baixas em brejo, mas a paisagem deDarkover predominantemente vertical e drena rapidamente. Um degelo ocasional desce dasmontanhas e cai em turbulenta rapidez pelo rio abaixo. Umas poucas flores esperanosassorriem nos gramados e pssaros trabalham freneticamente para fazer ninhos para suasfamlias no curto vero das Hellers. Elas passaram pelo abrigo de viajantes onde haviam

    passado a noite e os pneis olharam felizes para as pilhas de forragem. Lori apertou as rdease passou direto com relutncia. Rima fazia a dianteira de sua pequena caravana, montadanuma imensa gua cinza.

    A trilha que Lori procurava estava com o mato crescido e obviamente sem uso. Elaentrou no emaranhado de arbustos e parou orgulhosa ao lado de uma estaca apontandodiretamente para um lado.

    Veja, meu pai me avisou sobre essa marcao. Espero que o resto da trilha aindaesteja em boas condies.

    Eu tambm espero. Estou ansiosa por uma boa cama e uma boa refeio. Raes deviagem so to... bem, to sem gosto, sempre a mesma coisa. o amor de Rima pela boacomida era evidente em suas curvas generosas e sua habilidade em fazer um acampamentoconfortvel em qualquer local era lendrio. Lori, por outro lado, era magra e musculosa, umamoleca criada por seu pai nas viagens de comerciantes pelas Hellers. Desconforto era umacoisa relativa para ela; qualquer abrigo servia e Rima s vezes reclamava que ela nem mesmonotava o que comia.

    A trilha comeava por um passo ngreme, e depois abruptamente partia para um valeestreito. Elas pararam para os animais descansarem em um local coberto perto do canto datrilha e almoaram pedaos de carne e frutas secas, engolidas junto com a gua gelada de umanascente. Campos de neve se estiravam acima delas, e abaixo havia uma queda assustadora. O

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    crrego corria em tiras indistintas para se juntar alegre cascata at o vale.Belo campo Rima estremeceu. Agora eu sei por que os viajantes usam a

    outra trilha.rea de bansheeacima, aposto. Vamos.Quem fez esta trilha, afinal? Alguma ideia?

    Claro. Bandidos. Costumava ter um bando que vivia no vale e atacava oscomerciantes e viajantes regularmente. O ltimo deles foi morto h apenas alguns anos atrs.No h mais muitos comerciantes aqui. A maioria dessas famlias das colinas morreu. Muitainfertilidade, idiotas, crianas doentes, tudo. E fome. Costumvamos ver muito isso quandoviajvamos. Um vale sem colheitas, com crianas famintas pedindo migalhas. Dois vales frente, plantaes de nozes carregadas, celeiros transbordando. Sem comunicao. Estecampo precisa de estradas! Alguma maneira do povo circular em volta um pouco. ela

    parou abruptamente, fazendo sinal para Rima parar.A trilha era muito estreita para Rima se mover e saber o por que de Lori ter parado, e

    ela teve de se contentar em esticar o pescoo e espiar o fim da trilha.O que aquilo?

    Cavalos, e homens. Eles esto subindo pelo vale, parecem locais. Sem bagagens.Muito longe para dizer. Vamos descer.

    A trilha descia em voltas; Rima observou o grupo se aproximando em gruposenquanto progrediam. Tornou-se bvio que ao menos um cavaleiro do outro grupo estavaviajando sob coao. Parecia estar amarrado sela e um dos outros puxava seu pnei. Elesderam a volta por um precipcio aberto no vale e desapareceram de vista, aparentemente semnotar Lori e Rima.

    Eles no esperavam encontrar ningum nesta trilha, portanto no procuravam porningum.Lori sups.Parece trabalho sujo pra mim. Vamos investigar ou continuar?

    Oh, querida, a deusa sabe o quanto eu quero continuar, mas suponho que sejamelhor checar se deixamos alguma desordem na trilha atrs de ns. Eles devem ter visto agente e saram de vista at passarmos. Alguma idia?

    Acho que devemos ir em frente, como se no os tivssemos visto, s porprecauo. V aquele bosque de rvores-de-resina? um bom lugar para sair da trilha.Ningum pode dizer daquele precipcio se paramos ou continuamos. Eu voltarei devagar everei o que posso descobrir. Voc pode preparar alguma refeio, e no tire os olhos nosanimais.

    Por mim tudo bem. Vamos em frente, cavalo; h descanso frente.Pouco tempo depois, Lori estava agachada em uma bela rvore de nozes, observando o

    precipcio. Ela tinha alcanado seu ponto estratgico com mtodos elaborados e silenciosos,mas agora estava certa que podia se aproximar com batuques e pratos como um Lorde das

    Cidades Secas, que no seria notada. Trs homens descansavam em torno de uma fogueira emfrente a um tosco abrigo de pedra e palha, e partilhavam uma garrafa, obviamente no aprimeira do dia. Um truque do vento soprou a conversa at ela em rajadas e fragmentos.

    Bastardo estpido de cabelos vermelhos! Caiu em nossas mos como frutamadura... a famlia pagar bem... ele... ele... ele escrever a mensagem assim que descobrir oquo gelada pode ser a noite aqui... assim como Papai costumava fazer... o restodesintegrou-se em roucas risadas.

    Lori desceu a rvore e andou suavemente atravs do bosque. A noite estava seaproximando e ela comeou a pensar num plano.

    So seqestradores, aparentemente produto da escria que costumava operar nasredondezas. Dois deles parecem gmeos e o outro deve ser seu irmo mais novo. Nenhum

    deles parece muito esperto, mas um age como um verdadeiro profissional. Esto tentandoseguir os passos do Papai; surpreenderam algum estpido nobre local com suas calas arriadas

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    e esto carregando-o por um resgate.E ns vamos... o que? Ir at Ensendara como pessoas sensveis e dizer a alguma

    autoridade onde encontr-los? Ou talvez, como heris em uma balada, resgat-lo, ganhar asua eterna gratido e uma pele cheia de buracos.

    Se formos Ensendara, o estpido homem pode estar morto antes de qualquer um

    chegar at aqui. Eles tentaro congel-lo at que escreva um pedido de resgate. Acho que elesprprios no sabem escrever.E vo congelar, no vo? Ou quase. Oh, maldio, odeio essas coisas! Eu disse que

    viajar pelas Hellers era o melhor modo de encontrar problemas.Eles esto bbados, Rima. De umas trs garrafas, ou perdi meu instinto. Tudo o que

    temos que fazer esperar um pouco e quando eles cochilarem ns pegamos seu nobre epartimos. Sem luta, sem confuso. Eles no ouviriam um exrcito de malditos cralmacs emuma hora ou mais.

    Oh, est bem. Acho que nunca poderamos deixar um homem para morrercongelado.

    No, no poderamos. Ei, passe essa sopa pra c. Estou faminta, tambm!

    O crepsculo estava se tornando noite quando elas se aproximaram da rea doprecipcio. Amarraram bem os animais perto da barraca e, cuidadosamente, se arrastaram ato abrigo de rochas perto da clareira. Um rpido olhar e viram que no havia guardas postose os restos da fogueira no revelaram nenhum sinal dos seqestradores.

    E agora?Rima sussurrou. Acho que esto no abrigo, mas onde est o prisioneiro? No l dentro, bem e

    aquecido, a menos que j tenha concordado em escrever a mensagem. Vamos ver, ali atrsesto os pneis no estbulo, precisaremos de um para ele montar. Estou pensando se possoselar um sem fazer barulho.

    Tenha cuidado. Eu continuarei procurando-o.Rima, apesar de seu volume, era to silenciosa quanto um homem-gato quando

    precisava. Enquanto Lori movia-se at o estbulo, ouviu um ronco alto vindo do abrigo.Bbados como lordes. So um belo grupo de sequestradores. Talvez pensem que

    ningum se incomodar em procur-los.Ela escolheu o pnei maior e, cuidadosamente, colocou sela e freios, sussurrando uma

    orao para que no fosse um dos que reclamavam violentamente quando montados. Elatirou-o calmamente do estbulo e o amarrou perto dos outros cavalos. Quando retornou, Rimaestava esperando. Lori se agachou silenciosa ao seu lado.

    Est esfriando muito rpido e no consigo achar seu homem em nenhum lugar.Voc pegou o pnei?

    Sim. Aposto que est no abrigo. Estava l mais cedo e aposto que estavam muito

    bbados para remov-lo. o nico lugar que restou. Ento como vamos tir-lo de l?Acho que vou entrar e peg-lo. Voc est com o lampio?Estou. Aqui... tenha cuidado. Estarei perto da porta.Lori levantou o trinco e facilmente a frgil porta se abriu o suficiente para ela entrar.

    No havia nenhum fogo na pequena fogueira; trs montes pesados roncavam e fungavam nafrente da porta. Num lugar ao fundo, havia uma sombra escura. A luz do lampio de Lorirevelou um jovem, amarrado e amordaado, e s com as roupas de baixo. Enquanto Lori

    podia sentir o frio atravs de suas pesadas roupas de viagem, estava certa de que ele j deviaestar congelando. Passou cautelosa pelos sequestradores roncando e sacou uma de suas adagas

    para cortar as amarras. Ao seu toque, a figura tombou para o lado. Primeiramente ela pensou

    que estava morto, mas uma checagem rpida a fez sentir o pulso, fraco mas estvel. Ela cortouas cordas e colocou-o cuidadosamente nos ombros. Guardou sua adaga e agradeceu deusa

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    por ele ser to leve. Segurando o lampio, ela voltou com cuidado e parou na porta. Enquantodesviava dos bandidos, foi repentinamente pega pelo tornozelo.

    Eh, eh, eh, eh, peguei voc, seu filho-da-puta de cabelo vermelho! Como poderiaescapar, alis?um forte puxo balanou Lori, que caiu para o lado, derrubando o lampio.A chama aumentou enquanto o leo se espalhava pelo cho. Ei, voc no ele! Acorda,

    Lugo! Temos companhia.Lori lutava debaixo do peso do corpo desamparado, se esforando para alcanar aadaga, passar seu p por baixo e evitar as pequenas chamas que corriam pelo cho. O idiotaestava acordando e o outro se agitava para despertar, enquanto o atacante segurava seutornozelo e gritava num deleite embriagado. Ele parecia no notar o fogo perigoso, na suaalegria em capturar uma intrusa. Foi a que o sequestrador se distraiu e Lori alcanou a adagaem sua cintura. Virando seu corpo num crculo, ela atacou a mo que apertava seu tornozelo edali veio um grito e uma maldio. O tornozelo estava livre. Ela passou seu p por baixo,agachando-se para saltar. O idiota rolou no cho, espalhando lascas de palha pegando fogo

    por todo lado enquanto gritava em confuso e medo.O terceiro irmo se levantou, procurando desesperadamente por sua adaga. O irmo

    que tinha agarrado Lori estava cuidando de sua mo ferida, mas quando viu uma chance,investiu novamente contra Lori. Ela se esquivou e ele bateu com tudo no idiota que comeavaa esmurr-la com fora.

    Rima! Rima! Me d uma mo! Este homem est inconsciente!Lori sacou sua segunda adaga da bainha de trs de seu pescoo e voltou para enfrentar

    o irmo nmero trs, que j estava empunhando a sua. A confuso dos trs irmosatrapalhados e o bruxulear do fogo tornou impossvel uma luta real com facas, mas Lori sabiamuito bem como um deslize ou tropeo poderia ser fatal, mesmo lutando com bbados. A

    porta se abriu com um empurro de Rima e uma rajada de ar fresco deu nova vida s chamas.Qual deles?berrou Rima, examinando a confuso no cho.O que est sem roupas! Leve-o para fora e cubra-o; ele est congelando!

    Nada fcil, nesta baguna remarcou Rima, mas agarrou o corpo quase nu comrapidez e comeou a carreg-lo por cima dos irmos que tentavam se levantar do cho.

    Um deles desesperadamente avanou contra eles e Rima pisou com o p na sua mo,com toda sua fora, e continuou em direo porta. O grito de sua vtima resultou no uivo deraiva do terceiro irmo, enquanto este tentava atravessar o cho at Lori. Seria um pouco mais

    proveitoso se no tivesse tropeado num cobertor jogado e quase cado de cabea. Sua adagarasgou a tnica de Lori quando passou por ela. Ela deu um passo para o lado, se virou e enfioua adaga diretamente em seu ombro. Seu estado o deixava mais pesado, mas ele mesmo sesegurou antes de sua cara bater na parede. A bebida o tornava agressivo, mas sua coordenaohavia sumido. Quando voltou, Lori levantou seu p em um rpido golpe e ele se dobrou,

    berrando em raiva e dor. Foi a que o idiota percebeu que sua tnica estava pegando fogo e aatirou em uma grande mistura de cobertores, irmo e palha. Rima o acertou rapidamente e elej ia caindo de novo, mas sua perna pegou o tornozelo de Lori, desequilibrando-a. Ela foi parao cho, mas se segurou com uma s mo. O irmo nmero trs se atirou cegamente em suadireo e ela levantou sua mo esquerda para se defender. Sua adaga atravessou o peito e o

    brao dele, que caiu espatifando-se na parede de pedra. O primeiro irmo comeou a searrastar pelo cho e Rima bloqueou o movimento, segurando-o fortemente pela cabea comum banco quebrado.

    Lori se recuperou e amarrou seu atacante atrapalhado para ajudar Rima com o objetodo resgate. Ele mostrava sinais de estar acordando, com tanta violncia que Rima resolveuenrol-lo firme em alguns cobertores para que pudesse tir-lo daquela confuso. Sua face

    indignada logo as olhava como de um casulo.Seria melhor se fizesse algo com aquele fogo, Lori. sugeriu Rima suavemente.

  • 7/26/2019 Marion Zimmer Bradley e Os Amigos de Darkover - As Amazonas Livres de Darkover- Contos

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    Ao menos, claro, que voc queira tostar esses sapos vivos.Lori embainhou suas adagas e observou o pequeno abrigo. Percebendo um balde no

    canto, ela o pegou e derramou seu contedo sobre o idiota e pelo cho, que mostrava todos ossinais do conflito.

    Zandru a leve por ser to idiota! gritou um dos irmos, enquanto um incrvel

    fedor se espalhava pelo ar.Engasgando e cuspindo, elas correram para a porta, Rima arrastando sua pesada carga.Sua tola! Esse era o balde da latrina!Como eu poderia saber? Voc queria acabar com o fogo, no ? Bem, acabou!E ns tambm. Eu no voltarei l pra dentro. Prefiro congelar!Voc est corretss