Marxismo Nas Dissertações Da UFSCAR

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    INTRODUO

    Interessados em conhecer a forma de aplicao do marxismo na universidade,uma vez que a nossa formao nessa corrente de pensamento havia sido realizada nombito da militncia de esquerda marxista, realizamos uma pesquisa sobre as disser-taes defendidas na rea de Fundamentos da Educao do Programa de Ps-Gradu-ao em Educao da Universidade Federal de So Carlos (PPGE/UFSCar). Com estepropsito, analisamos as dissertaes produzidas desde a primeira defesa, ocorridaem abril de 1979, adotando a seguinte metodologia: (A) levantamento das disserta-es em Fundamentos da Educao defendidas entre 1979 e 1993; (B) leitura dessasdissertaes para coleta de dados, como: objeto de estudo; referencial terico utiliza-do ou anunciado; tipo de pesquisa (bibliogrfica; de campo; uso ou no de fontes

    primrias etc.).Tomamos tal iniciativa em 1993 logo que ingressamos na UFSCar, pois desej-

    vamos conhecer de maneira mais sistemtica a produo cientfica do Programa noqual mais tarde iramos atuar. Ao mesmo tempo, vivamos a crise do marxismoaps a queda do Muro de Berlim (1989) e o fim da URSS (1991). Neste contexto,em meio decretao do fim da histria e ao turbilho de axiomas neoliberais

    O marxismo como referencial terico

    nas dissertaes de mestrado em

    educao da UFSCar (1976-1993)

    Amarilio Ferreira Jr.

    Marisa Bittar1

    1 Professores do Departamento de Educao da Universidade Federal de So Carlos (UFSCar) e doutores em

    Histria Social pela Universidade de So Paulo (USP-SP).

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    que inundaram a sociedade informtica, ouvamos que o marxismo teria perdido asua capacidade terico-metodolgica de perscrutar o mundo fenomnico da reali-dade social capitalista.

    Foi nesse ambiente de refluxo dos movimentos sociais e de niilismo poltico nocampo das esquerdas que elaboramos o projeto de pesquisa O Mestrado em Funda-mentos da Educao da UFSCar e as influncias tericas de seu tempo: 1976-19932 . Parans, que havamos aderido ao marxismo na militncia partidria de esquerda duran-te a luta contra a ditadura militar, e cientes da sua influncia nos meios acadmicos, oprojeto tinha o objetivo de apreender o modo pelo qual a teoria do conhecimentomarxista havia sido aplicada na UFSCar, durante as dcadas de 1970 e 19803 .

    Contrariando a onda dos denominados novos paradigmas, fomos procurar res-postas para as nossas inquietaes nas prprias obras marxianas. No somente para

    entender o significado da dramtica crise que assolava a filosofia da prxis, mas,sobretudo, para buscar elementos tericos que pudessem respaldar a nossa futuraatuao na ps-graduao como pesquisadores e orientadores filiados corrente epis-temolgica marxista.

    OSPRESSUPOSTOSMETODOLGICOSDAPESQUISA

    Primeiramente devemos salientar que, do total de 63 dissertaes analisadas, 48utilizaram o referencial terico marxista4 . Mas aqui exporemos apenas um dos aspec-tos alcanados pela pesquisa: o nexo dialtico manifesto entre teoria do conhecimen-to e histria. A existncia dessa relao insofismvel: os objetos de investigao nocampo educacional so oriundos das complexas e contraditrias relaes sociais queos homens estabelecem entre si e a natureza no processo de produo tanto da vida

    2 Amarilio Ferreira Jr. e Marisa Bittar, Teoria do Conhecimento, Histria e o Mestrado em Fundamentos da Edu-

    cao do PPGE (1976-1993). Informando: Informativo do Programa de Ps-Graduao em Educao da

    UFSCar. So Carlos, (4): 2-3, nov.-dez., 2000.

    3 Uma panormica da influncia do marxismo na Ps-Graduao em Educao no Brasil, durante as dcadas de

    1970 e 1980, pode ser encontrada em: Silvio Ancizar Sanchez Gamboa, A dialtica na pesquisa em educa-

    o: elementos de contexto. In: Ivani Fazenda (Org.). Metodologia da pesquisa educacional. So Paulo, Edi-

    tora Cortez, 1989. p. 91-115.

    4 A exigidade de espao impede-nos de mencionar cada uma das dissertaes analisadas, cujos dados encon-

    tram-se disponveis em nossos arquivos.

    O marxismo como referencial terico nas dissertaes de mestrado em educao da UFSCar (1976-1993)

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    material quanto espiritual. Portanto, as problemticas de estudo esto sempre vincu-ladas aos contextos historicamente dados. Por conseguinte, a teoria do conhecimentonada mais do que uma expresso, no plano da racionalidade lgica, dessa realidadehistrica na qual os fenmenos educacionais so forjados. Em outras palavras, osfenmenos engendrados pela sociedade dos homens so sempre portadores das ma-nifestaes no s dos elementos objetivos oriundos do reino das necessidades mate-riais, mas, tambm, concebidos pela subjetividade desses mesmos homens.

    Ento, qual era o trao distintivo que historicamente caracterizava o Brasil da po-ca? Ora, a sociedade brasileira tinha sofrido um acelerado e autoritrio processo demodernizao das suas relaes capitalistas de produo aps o golpe de Estado de1964. No final do chamado milagre econmico (1968-1974), ela j era uma sociedadeurbano-industrial5 . O regime militar, ao mesmo tempo em que implementava o seu

    modelo econmico, introduzia profundas transformaes no campo educacional bus-cando, pela via prussiana, adequ-lo ao modelo de modernizao autoritria. Em 1968,patrocinou uma reforma universitria por meio da Lei n. 5540 e, em 1971, criou oensino de 1 e 2 graus mediante a adoo da Lei n. 5692. Com isso, introduziamudanas institucionais que significaram um ponto de inflexo na histria da educa-o brasileira, pois deu incio ampliao quantitativa do acesso das camadas popu-lares escola pblica. Alm disso, duplicou de quatro para oito anos a obrigatorieda-de do ensino fundamental.

    As conseqncias da advindas foram vrias, mas duas merecem destaque: a im-plantao sistemtica da pesquisa no mbito das universidades pblicas, por meio dosatuais programas de ps-graduao, e a ecloso de uma gama substantiva de novosfenmenos educacionais decorrentes da expanso quantitativa do ensino fundamental.Concomitantemente a este processo ocorreu a derrota da luta armada empreendidapor organizaes de esquerda contra o regime militar (1974) refletindo o recrudesci-mento da represso policial-militar sobre a sociedade civil6 . Neste mesmo contexto, umdos poucos espaos possveis para a veiculao do marxismo no Brasil passou a ser aprpria esfera acadmica, para onde, inclusive, muitos intelectuais de oposio haviamingressado. Esses quadros, alguns dos quais advindos daquela luta, passaram a atuar

    5 Maria Helena Moreira Alves, Estado e oposio no Brasil (1964-1984). 3 ed. Traduo: Clvis Marques.

    Petrpolis, Editora Vozes, 1985. p. 145 e seguintes.

    6 Idem, p. 160 e seguintes.

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    como professores e orientadores dos programas de ps-graduao, particularmente narea da educao. Aqui temos, pois, o ponto de interseco entre o marxismo, comoepistemologia, e a produo do conhecimento no campo educacional. Vale ressaltarque a presena desses intelectuais de esquerda na universidade revelava um aspectocontraditrio do processo poltico-educacional da poca, pois, ao mesmo tempo emque a ditadura pretendia manter o total controle sobre a educao (como aparelhoideolgico de Estado), no conseguia impedir que no seu interior se desenvolvesse acrtica mais radical contra a ditadura e contra o capitalismo: a crtica marxista.

    OSRESULTADOSDAPESQUISA

    Quanto ao mtodo marxista utilizado nas 48 dissertaes mencionadas, a leitura

    que realizamos permitiu-nos identificar duas formas distintas de sua aplicao nainvestigao da realidade educacional brasileira nos decnios de 1970 e 1980.1) O marxismo estruturalista7 . Tal abordagem coincide com o perodo mais re-

    pressivo do regime militar e tem como referncia terica os textos de Louis Althusserou as derivaes da leiturapor ele realizada das obras marxianas. A principal caracte-rstica dessa tendncia foi a tentativa de suprimir a influncia que a dialtica hegelianaexerceu no processo de formao do pensamento marxista. Para o estruturalismoalthusseriano, o marxismo reduzia-se a uma epistemologia cientfica de interpretaoda realidade concreta do mundo, ou seja, era desprovido de qualquer tipo de ideolo-gia8 . Nas dissertaes de mestrado analisadas, tal corrente, paradoxalmente, manifes-tou-se quase sempre por meio de uma ideologia estruturalista e no mediante aaplicao do mtodo estrutural. Nesses trabalhos percebemos uma recusa em investi-gar a realidade emprica do mundo educacional brasileiro da poca, uma vez que ainstituio escolar era pura e simplesmente concebida como um aparelho reprodutor

    7 Para uma ampla compreenso do marxismo estruturalista, conferir: Ren Ballet et al., Estruturalismo e mar-

    xismo. Traduo: Carlos Henrique de Escobar. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1968, p. 289.

    8 Sobre o significado da dialtica hegeliana no pensamento de Marx, conferir: Louis Althusser, Anlise crtica

    da teoria marxista. Traduo: Dirceu Lindoso. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1967, p. 140 e seguintes.; Louis

    Althusser, Sobre a relao de Marx com Hegel. In: DHont, Derrida, Althusser et al. Hegel e o pensamento

    moderno. Porto, Rs Editora, 1979. p. 110 e seguintes; Louis Althusser. O marxismo no um historicismo.

    In: Althusser et al. Ler O Capital. Traduo: Nathanael C. Caixeiro. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1980. v. II, p.

    65 e seguintes.

    O marxismo como referencial terico nas dissertaes de mestrado em educao da UFSCar (1976-1993)

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    da ideologia gerada nas entranhas do regime militar9 . As dissertaes, via de regra,preocupavam-se em estabelecer o que seria o verdadeiro mtodo cientfico marxistacom base na pesquisa bibliogrfica sobre Marx, Engels, Lnin, Althusser, Lukcs eGramsci, realizando uma espcie de escolstica marxista com longas citaes, e,no raro, com enquadramento dogmtico da realidade teoria.

    Observamos, tambm, o anncio do referencial terico na Introduo das disser-taes ou no primeiro captulo, e, paradoxalmente, a ausncia ou quase ausncia da sua aplicao no corpo do trabalho, evidenciando, nesses casos, uma desarticula-o entre teoria anunciada e abordagem do objeto. Geralmente, a preocupao dosautores traduzia-se em longas citaes sobre o capital monopolista, o modo de produ-o capitalista, a ideologia burguesa etc. Quanto educao escolarizada, quase nomereceu a ateno desses pesquisadores j que, pelo prisma althusseriano, ela servia

    exclusivamente para reproduzir e perpetuar o modo de produo capitalista.Tal postura, como dissemos, justificava-se pela opo terica e pelo momento po-ltico brasileiro, a ditadura militar, uma vez que, sendo a educao aparelho ideolgi-co de Estado, a escola estaria fadada a reproduzir o autoritarismo. Assim, a dennciada ditadura e das contradies do modo capitalista de produo nessas pesquisas soaspectos mais importantes do que o estudo das condies e das contradies da pr-pria realidade educacional brasileira10.

    2) O marxismo dialtico11. Essa interpretao corresponde ao processo da transi-

    9 Sobre o conceito de aparelho ideolgico de Estado, conferir: Louis Althusser,Aparelhos ideolgicos de Esta-

    do: notas sobre os Aparelhos Ideolgicos de Estado. Traduo: Walter Jos Evangelista et al. 4 Ed. Rio de

    Janeiro, Edies Graal, 1989, p. 66 e seguintes.

    10 Trs textos crticos em relao ao marxismo althusseriano, produzidos no Brasil, so dignos de nota: Miriam

    Limoeiro Cardoso, A ideologia como problema terico. In: Miriam Limoeiro Cardoso, Ideologia do desenvol-

    vimento Brasil: JK-JQ. 2 Ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1978. p. 39-84.; Caio Prado Jr., O marxismo de Louis

    Althusser. In: Caio Prado Jr., Estruturalismo de Levi-Strauss. Marxismo de Louis Althusser. So Paulo, Edito-

    ra Brasiliense,1971. p. 71-108.; Carlos Nelson Coutinho, O estruturalismo e a misria da razo. Rio de Janei-

    ro, Paz e Terra, 1972, p. 224.

    11 Sobre a importncia da dialtica hegeliana no pensamento de Marx, consultar: Karl Marx. Carta a Ludwig

    Kugelmann, de 27 de junho de 1870. In: Karl Marx, O 18 Brumrio. Cartas a Kugelmann. Rio de Janeiro, Paz e Terra,

    1977 . p. 276-278.; Friedrich Engels. Carta a Conrad Schmidt, 27 de outubro de 1890. In: Marx e Engels, Obras

    escolhidas em trs tomos. Traduo: Jos Barata-Moura et al. Lisboa-Moscovo, Editorial Avanti! - Edies Pro-

    gresso, 1985, p. 549-556.; Antonio Gramsci. A filosofia de Benedetto Croce. In: Antonio Gramsci, Cadernos do

    crcere. Traduo: Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro, Civilizao Brasileira, 1999. v. I, p. 275 e seguintes.

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    o da ditadura para o Estado de direito democrtico e pauta-se principalmente pelaaplicao do marxismo gramsciano na investigao do fenmeno educativo. As pes-quisas deixaram de ser unicamente bibliogrficas e passaram a interpretar as proble-mticas produzidas pela realidade concreta do mundo educacional brasileiro, umavez que, segundo a contribuio terica de Gramsci, a escola, apesar de se constituirem aparelho ideolgico de Estado, ela prpria permeada por contradies, poden-do e devendo exercer a luta contra-hegemnica na perspectiva das classes subalter-nas. A epistemologia marxista, nessa vertente, foi empregada em larga medida conce-bendo o materialismo histrico e o materialismo dialtico como dois momentos deum mesmo mtodo e no ao contrrio, tal como fazia o estruturalismo althusseriano.Portanto, era utilizada tanto para se investigar o carter histrico quanto ideolgicodos fenmenos reais da educao brasileira.

    Os resultados a que chegamos permitem-nos duas concluses importantes: (A) arelativa correspondncia entre o perodo histrico e a aplicao das epistemologiasmarxistas. Enquanto o estruturalismo althusseriano foi empregado na fase autorit-ria, de estabilidade gerada pelo milagre econmico, o marxismo dialtico, especial-mente na verso gramsciana, mais aplicado para se compreender a iniciativa polticada sociedade civil contra a manuteno da ordem autoritria imposta pelo regimemilitar; (B) a distino nos padres de produo do conhecimento educacional. Oemprego da concepo estruturalista gerou um tipo de dissertao centrada na tenta-tiva de definir qual era o verdadeiro mtodo marxista de investigao esses traba-lhos, geralmente, eram tericos, isto , de pesquisa bibliogrfica. J com o marxismodialtico, a pesquisa tomou o sentido do real fundando o estudo em fontes empricasque contemplavam tanto o histrico quanto o ideolgico do objeto investigado. Emsntese, podemos afirmar que a primeira forma assumiu um carter mais ideolgicodo que a segunda.

    CONCLUSO

    Conforme apontamos, houve limites na aplicao do marxismo nas pesquisasrealizadas durante as dcadas de 1970 e 1980. Mas entendemos que tais limites, emgrande parte, originavam-se do contexto poltico da poca e do estgio em que seencontrava a pesquisa educacional no Brasil. Entretanto, se a ltima quadra do sculoXX, por um lado, consolidou a pesquisa educacional brasileira, por outro, em decor-rncia da derrocada da URSS, o marxismo deixou de ser a grande referncia episte-

    O marxismo como referencial terico nas dissertaes de mestrado em educao da UFSCar (1976-1993)

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    molgica no campo educacional. Em seu lugar, assumiram proeminncia os chama-dos novos paradigmas. Neste sentido, analisando tais influncias, Dermeval Savia-ni, um dos fundadores do PPGE/UFSCar, demonstrou a seguinte preocupao comos desafios de hoje:

    Eu acho que a rea atingiu certo nvel de consolidao institucional com a

    ANPED, uma entidade respeitvel perante as outras reas cientficas, ento, nes-

    se sentido, o quadro hoje mais favorvel, quer dizer, mais slido, mas, por

    outro lado, ele mais precrio em funo dessa onda dita neoliberal, desse mo-

    dismo, dessas tendncias irracionalistas. Ento, a pesquisa sofre o impacto des-

    sas tendncias e, nesse sentido, como essas tendncias so desagregadoras, a

    idia de totalidade se perdeu, ento a pesquisa educacional tambm alvo

    disso (...). Hoje interdisciplinaridade, multidisciplinaridade no cotidiano, nasdobras do cotidiano... noes que voc fica se perguntando de onde vieram e

    at se o prprio autor tem conscincia do que est sendo dito. s vezes mais

    modismo...dobras do cotidiano... no sei realmente o que isto! Ento esse

    o quadro hoje12.

    De fato, em 1995, em plena hegemonia do neoliberalismo, este era o quadro. Masa dialtica da histria mostrou os prprios limites da globalizao do capital financei-ro internacional e, com isto, a insuficincia daquelas interpretaes situadas nas do-bras do cotidiano! Assim, a crise do capitalismo global e os fenmenos da engendra-dos tm exigido o uso do marxismo como instrumental de anlise. Uma vez que oobjeto de estudo de Marx a sociedade burguesa no desapareceu, o seu mtodo deinvestigao continua vlido. Talvez isto explique a redescoberta do marxismo comoepistemologia, especialmente nos ltimos anos da dcada de 90 do sculo XX. Perce-bemos, enfim, a tendncia salutar de se buscar a leitura dos prprios textos marxia-nos como teoria explicativa dos novos fenmenos sociais e culturais engendradospelas transformaes estruturais que as relaes capitalistas de produo sofreramem escala mundial. No caso da UFSCar, essa tendncia pode ser aquilatada com aretomada dos estudos de Marx, Engels e Gramsci nas disciplinas e nas pesquisas emHistria e Filosofia da Educao.

    12Dermeval Saviani. Entrevista. Campinas, 19 junho de 1995.