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Materiais de Moldagem Anelásticos Godiva As godivas para moldagem são materiais rígidos ou anelásticos que se plastificam sob ação do calor e solidificam-se quando resfriadas, sem a ocorrência de nenhuma reação química , por isso, são classificadas como material termoplástico . Godiva tipo I: usada para impressão. É plastificada pelo calor, inserida em uma moldeira e comprimida contra os tecidos moles, antes de seu endurecimento. Godiva tipo II: usada para moldeiras. É utilizada como moldeira individual, a qual será carregada com outros tipos de material de moldagem que reproduzirão os tecidos bucais. Comparando com a godiva tipo I, a godiva tipo II é mais viscosa quando plastificada e mais rígida quando endurecida, além de apresentar menor escoamento. Temperatura de fusão: Sendo a godiva uma substância amorfa, não apresenta, portanto, um ponto de fusão, mas sim, uma zona de fusão. A temperatura de fusão indicada é de 43,5°C, porém esta temperatura não corresponde com a temperatura de solidificação, pois a temperatura de transição vítrea da godiva é de 39°C. O significado prático da temperatura de fusão é que ela é indicativa de uma grande redução da plasticidade durante o resfriamento.

Materiais Dentários

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Materiais de Moldagem Anelásticos

Godiva

As godivas para moldagem são materiais rígidos ou anelásticos que se

plastificam sob ação do calor e solidificam-se quando resfriadas, sem a ocorrência de

nenhuma reação química, por isso, são classificadas como material termoplástico.

Godiva tipo I: usada para impressão. É plastificada pelo calor, inserida

em uma moldeira e comprimida contra os tecidos moles, antes de seu endurecimento.

Godiva tipo II: usada para moldeiras. É utilizada como moldeira

individual, a qual será carregada com outros tipos de material de moldagem que

reproduzirão os tecidos bucais. Comparando com a godiva tipo I, a godiva tipo II é mais

viscosa quando plastificada e mais rígida quando endurecida, além de apresentar

menor escoamento.

Temperatura de fusão: Sendo a godiva uma substância amorfa, não apresenta,

portanto, um ponto de fusão, mas sim, uma zona de fusão. A temperatura de fusão

indicada é de 43,5°C, porém esta temperatura não corresponde com a temperatura de

solidificação, pois a temperatura de transição vítrea da godiva é de 39°C. O significado

prático da temperatura de fusão é que ela é indicativa de uma grande redução da

plasticidade durante o resfriamento. Acima desta temperatura há maior plasticidade

da godiva amolecida, de forma que ela se torne uma massa plástica, lisa e suave,

permitindo a realização de uma moldagem, possibilitando reproduzir fielmente cada

detalhe dos tecidos bucais. Após o posicionamento da moldeira carregada na boca, ela

deve ser mantida firmemente em posição até que a temperatura de fusão seja

atingida.

Escoamento: o material deve escoar facilmente copiando cada detalhe da

região a ser moldada. Para a godiva tipo I, o escoamento máximo permitido é de 6% à

temperatura da boca e não deve ser inferior a 85% quando a temperatura for de 45°C.

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Plastificação: pode ser plastificada na estufa ou sobre uma chama. Se for

necessário a plastificação de uma grande porção de material o meio mais adequado é

a imersão da godiva em um banho de água. A imersão prolongada ou o

superaquecimento não é recomendável, pois a godiva pode tornar-se quebradiça ou

granulosa.

Requisitos para uma godiva:

Os requisitos desejáveis para uma godiva são os seguintes:

1. Não deve ser irritante para os tecidos bucais;

2. Deve tomar presa à temperatura da boca do paciente ou ligeiramente

acima desta;

3. Deve estar convenientemente plástica à temperatura em que não cause

desconforto para o paciente, não sendo assim lesiva para os tecidos moles da boca;

4. Deve endurecer uniformemente quando resfriada, sem deformações ou

distorções;

5. Quando plastificada, deve ter uma consistência tal que permita a reprodução

perfeita de pequenos pormenores das superfícies a serem moldadas e deve manter

esses pormenores depois da solidificação;

6. Deveria ser de natureza tal que, quando o molde é removido da boca, não se

deformasse ou fraturasse, reproduzindo perfeitamente os pormenores;

7. Sua superfície deve exibir lisura, com uma aparência brilhante, depois de ter

sido passada sobre uma chama;

8. Depois de sua solidificação, deve permitir o corte com um instrumento

afiado, sem fraturar-se;

9. Não deve apresentar alterações dimensionais durante ou depois de sua

remoção da boca, mantendo-se dimensionalmente estável indefinidamente e sob

formas de armazenamento não muito complicadas.

Pasta Zinco-Enólica

Page 3: Materiais Dentários

É usada com finalidade corretiva e na moldeira individual. Pode ser classificada

como material para impressão rígido ou anelástico e que endurecem por uma reação

química.

Tempo de Presa: o tempo de presa inicial é o período que vai desde o início da

espatulação até o momento em que o material perde a pegajosidade. Varia entre 3 e 6

minutos para as pastas do tipo I (dura) e até 15 minutos para as pastas do tipo II

(mole). Após a presa final o molde pode ser removido da boca. O tempo de presa

diminui com a elevação da temperatura e da umidade. Pode acontece de, num dia

quente e com alta umidade relativa, a pasta venha a endurecer enquanto está sendo

manipulada.

Controle do tempo de presa:

Diminuir o tempo de presa: adicionar acetato de zinco (acelerador),

adicionar uma gota de água na pasta contendo eugenol, diminuir a

quantidade da pasta que contém o óxido de zinco, aumentar o tempo de

espatulação.

Aumentar o tempo de presa: resfriamento do material, da espátula e da

placa de manipulação (tomar cuidado para que, com este resfriamento, não

haja a condensação de água na placa ou espátula, para não surtir efeito

inverso), aumentar a quantidade da pasta que contém o óxido de zinco,

adição de certos óleos ou ceras durante a manipulação (óleo de oliva, óleos

minerais).

Consistência e Escoamento: uma pasta espessa e viscosa comprimirá os

tecidos, já uma pasta fluida possibilitará uma moldagem dos tecidos em posição de

repouso, isto é, com pequena ou nenhuma compressão. As pastas para moldagem

devem exibir uma resistência ao escoamento à temperatura bucal igual ou superior à

das godivas.

Estabilidade Dimensional: é altamente satisfatória. Durante o endurecimento

pode ocorrer uma contração menor que 0,1%.

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Materiais de Moldagem Anelásticos(Elastômeros)

Gessos Odontológicos

Cimentos OdontológicosPara um desempenho aceitável em cimentação e aplicações restauradoras, o

cimento tem que ter resistência adequada à dissolução no ambiente oral. Também

tem que desenvolver uma resistência adequada às forças mecânicas e adesão. Altas

resistências à tração, compressão e cisalhamento são requeridas, assim como boa

resistência à fratura para resistir às tensões na interface dente/restauração. Boas

propriedades de manipulação, como tempos adequados de trabalho e de presa, são

essenciais para uso próspero. A manipulação, inclusive o proporcionamento dos

ingredientes, deveria permitir alguma margem de erro em prática. O material deve ser

biologicamente aceitável.

CIMENTO DE FOSFATO DE ZINCO

O cimento de fosfato de zinco é apresentado na forma de pó e líquido, em dois

recipientes separados.

Composição: Os principais componentes do pó são o óxido de zinco (90%) e o óxido de

magnésio (10%). O líquido é essencialmente ácido fosfórico, água, fosfato de alumínio

e, em alguns casos, o fosfato de zinco.

Tempo de trabalho e de presa: O tempo de trabalho é o tempo medido desde o início da

espatulação, quando a viscosidade da mistura é tal que ela pode fluir rapidamente sob

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pressão, de modo a formar uma película fina. Por outro lado, o tempo de presa significa

que a formação da matriz atingiu um ponto onde distúrbios físicos externos não causarão

alterações dimensionais permanentes. Varia de 5 a 9 minutos. É este o tempo em que o

excesso de cimento deve ser removido das margens da restauração.

Fatores que interferem no tempo de presa

Relação Pó/Líquido: O tempo de trabalho e o de presa podem ser aumentados pela

redução da relação pó/líquido. Este procedimento, entretanto, não é um meio

aceitável para prolongar o tempo de presa, porque prejudica as propriedades físicas,

resultando em um pH inicial mais baixo.

Velocidade de Incorporação do Pó: A adição do pó ao líquido em pequenos

incrementos irá aumentar o tempo de trabalho e de presa, pela redução da

quantidade de calor gerado, permitindo que mais pó seja incorporado à mistura. Assim

sendo, este é um procedimento recomendável.

Tempo de Espatulação: Quando o tempo de espatulação é prolongado, ocorre uma

destruição efetiva da matriz que estava se formando. A fragmentação da matriz

significa que um tempo extra é necessário para reconstruir o corpo da matriz.

Temperatura da Placa de Manipulação: O método mais efetivo para controlar o

tempo de trabalho e o de presa é o de regular a temperatura da placa de manipulação.

O resfriamento da placa retarda a reação química entre o pó e o líquido. Desta

maneira, a formação da matriz será retardada. Este procedimento permite a

incorporação de uma quantidade ótima de pó ao líquido, sem que haja um aumento

indevidamente alto da viscosidade.

Propriedades

Alta resistência à compressão e baixa resistência à tração, o que o coloca na

categoria dos materiais friáveis. A resistência à compressão tem uma grande

dependência da relação pó/líquido. A relação pó/líquido recomendada para os

cimentos fosfato de zinco é de aproximadamente 2 partes em peso, ou seja,

1,4g/0,5mL. Uma modificação da concentração de água no líquido, por perda ou

ganho, pode reduzir tanto a resistência à compressão como à tração do cimento.

Page 6: Materiais Dentários

O cimento fosfato de zinco tem um alto módulo de elasticidade. Assim, ele é

muito resistente e pode resistir a deformações elásticas. Mostra uma solubilidade

relativamente baixa na água.

Retenção

Não existe nenhuma adesão do cimento fosfato de zinco com a estrutura do

dente ou com qualquer material restaurador com que ele seja usado. Existe um

imbricamento mecânico entre as irregularidades do dente e da restauração que promove

a retenção da restauração ao dente. Por esta razão, restaurações com superfícies muito

polidas não apresentam uma retenção tão grande quando são cimentadas com cimento de

fosfato de zinco, como acontece com aquelas ligeiramente rugosas.

A retenção de uma restauração é controlada principalmente pelo desenho da

cavidade, pela espessura da película ou filme de cimento entre a restauração e o dente

e também está na dependência das alterações dimensionais que ocorrem durante a

presa do cimento.

Manipulação

1. O pó e o líquido devem ser proporcionados de maneira correta, segundo o uso

do material. Entretanto, deve-se utilizar uma quantidade de pó máxima, desde

que seja possível manipular de modo a conseguir um mínimo de solubilidade e

o máximo de resistência.

2. O líquido não deve ser dispensado na placa até o momento do início da

manipulação, uma vez que a água pode ser perdida para o ar por evaporação.

3. O líquido do cimento deve ser armazenado em um frasco vedado

hermeticamente e exposto ao ar o menor tempo possível. Se o líquido vier a

ficar turvo ou com deposição de cristais, ele deve ser descartado.

4. Deve-se utilizar para a manipulação uma placa resfriada. A placa resfriada

retarda a presa e permite que o operador incorpore uma quantidade máxima

de pó, antes que se processe a formação da matriz, chegando até um ponto em

que a mistura se torna rígida.

Page 7: Materiais Dentários

5. A manipulação é iniciada pela adição de pequenas porções do pó. Pequenas

quantidades de pó são adicionadas em intervalos de tempo, espatulando-se

vigorosamente. Deve-se usar o maior espaço da placa de manipulação, e cada

porção tem seu tempo exato de manipulação.

6. A fundição deve ser assentada imediatamente, antes que ocorra qualquer

formação da matriz. Após a restauração ter sido levada em posição, ela deve

ser mantida sob pressão até que o cimento endureça, isto para impedir o

aparecimento de bolhas de ar. O campo operatório deve ser mantido seco

durante todo o procedimento de cimentação.

Vantagens e desvantagens

As vantagens principais dos cimentos de fosfato de zinco são que eles podem

ser misturados facilmente e que eles formam uma massa relativamente forte a partir

de uma massa de consistência fluida.

Porém, desvantagens distintas do cimento de fosfato de zinco incluem irritação

de polpa, falta de ação antibacteriana, fragilidade, falta de adesão, e solubilidade em

fluidos orais.

Aplicações

Por causa da história longa deles, estes materiais têm a maior gama de

aplicações, que vão desde cimentação de restaurações metalocerâmicas fundidas e

bandas ortodônticas ao uso deles como um forramento para cavidades profundas para

proteger a polpa de estímulos mecânicos, térmicos, ou elétricos.

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CIMENTOS DE ÓXIDO DE ZINCO E EUGENOL

Estes cimentos são usualmente apresentados na forma de um pó e um líquido,

ou algumas vezes como duas pastas. Uma grande variedade de formulações de óxido

de zinco e eugenol está disponível para uso como restaurações temporárias e

intermediárias, como forradores cavitários, como bases para isolamento térmico e

para cimentação temporária. Eles também podem ser utilizados para a obturação de

canais radiculares e como cimentos periodontais. O pH é aproximadamente 7, no

momento em que está sendo inserido no dente. Sendo assim, é um dos menos

irritantes entre todos os materiais dentários, além de proporcionar um excelente

selamento contra a microinfiltração.

Propriedades

1. O tempo de trabalho é longo porque é requerida umidade para endurecer.

2. A solubilidade é alta, aproximadamente 1.5%. O cimento desintegra

rapidamente quando exposto às condições orais.

Efeito biológico

A capacidade de selamento e ação antibacteriana parecem facilitar a

cicatrização pulpar; porém, quando em contato direto com tecido conjuntivo, o

material é irritante. O eugenol é um alérgeno em potencial.

Manipulação

Para cada indicação, uma consistência do material deve ser obtida. Quando o

material será colocado como restauração temporária, ele deve apresentar um aspecto

de “massa de vidraceiro”. Assim, será mais fácil a aplicação no preparo cavitário, as

propriedades físicas e mecânicas serão melhores e o efeito obtundente sobre a polpa

será o mais favorável.

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O óxido de zinco é lentamente molhado pelo eugenol; então, é necessária

espatulação prolongada e vigorosa, especialmente para uma mistura grossa. Uma

relação pó/líquido de 3:1 ou 4:1 deve ser usada para um máximo de resistência.

Vantagens e desvantagens

A vantagem principal destes materiais é o suave e obtundente efeito deles nos

tecidos da polpa, junto com a boa habilidade de selamento e resistência à penetração

marginal.

Desvantagens incluem baixa resistência, solubilidade e desintegração em

fluidos orais, e pouca ação anticariogênica.

CIMENTOS DE IONÔMERO DE VIDRO

Nome genérico de um grupo de materiais que usam pó de vidro de silicato e

uma solução aquosa de ácido poliacrílico, que contém grupos carboxílicos.

Aplicações

São usados para a cimentação de fundições metálicas, restaurações de porcelana e

bandas ortodônticas; como forramento de cavidade ou materiais de base; como

materiais restauradores, especialmente para lesões de erosão e como materiais para a

construção de núcleos de preenchimentos.

Classificação

Os cimentos de ionômero de vidro podem ser classificados quanto à sua

natureza em 3 categorias principais:

1. Convencionais: composto de pó de partículas vítreas e líquido de ácidos

polialcenóicos.

2. Reforçados por metais: constituído de líquido semelhante ao dos ionômeros

convencionais e pó composto de mistura convencional com partículas de liga

Page 10: Materiais Dentários

de amálgama ou partículas de ligas de prata sinterizadas com as partículas de

vidro.

3. Modificados por resina: parte do líquido do ácido polialcenóico é substituído

por hidroxietil metacrilato. Esses materiais podem apresentar duas ou três

presas.

Uma outra classificação sugerida por TAY & LINCH (1989) divide os cimentos de

ionômero de vidro em 4 grandes grupos:

TIPO FUNÇÃO

Tipo I Cimentação

TipoIIA Restaurador sem reforço

B Restaurador com reforço

Tipo IIIA Proteção Pulpar (quimicamente

ativados)

B Selante de fóssulas e fissuras

Tipo IVA Proteção Pulpar (resino-modificados e

fotopolimerizáveis)

B Restauradores (resino-modificados e fotopolimerizáveis)

Composição

Ionômeros de vidro convencionais

São compostos de pó e líquido. Nos pós dos ionômeros de vidro há três

constituintes que são essenciais: a sílica, a alumina e o fluoreto de cálcio. O flúor é um

dos componentes importantíssimos do pó dos cimentos ionoméricos. Entre suas

funções, ele melhora as características de trabalho e aumenta a resistência do

cimento, bem como sua liberação para o meio bucal confere propriedade anti-

cariogênica ao material. O líquido é uma solução aquosa de ácidos poliacrílicos com a

inclusão de aceleradores de presa.

Ionômeros de vidro modificados por metais

Page 11: Materiais Dentários

É feita a inclusão de liga para amálgama na proporção de 1:1 por peso ou de

1:7 por volume de liga e pó de ionômero, respectivamente, visando aumentar a

resistência final do cimento. A reação de presa é muito semelhante à anterior.

Ionômeros de vidro modificados por resinas A principal diferença entre os cimentos convencionais e os modificados por

resina é a adição de componentes resinosos e iniciadores de polimerização a esses

últimos, o que além de melhorar algumas propriedades físicas do material, ainda

possibilita um endurecimento imediato logo após a polimerização da resina.

Eles podem apresentar 3 sistemas diferentes de ativação do componente

resinoso: foto-ativado, de presa dual e quimicamente ativado.

Sistema foto-ativado: Apresentam típica reação ácido-base e também uma

reação de fotopolimerização do monômero presente.

Sistema Dual: Além da reação ácido/base e da fotopolimerização, ainda

possuem iniciadores químicos para polimerizar os componentes metacrilatos

que existem no material. Essa característica permite que ocorra polimerização

na ausência de luz.

Sistema quimicamente ativado: Ocorre a reação ácido/base do ionômero

convencional e a polimerização química dos componentes resinosos.

Propriedades

Para os materiais de cimentação, o tempo de presa é em torno de 6 a 9

minutos. Os materiais de forramento em 4 a 5 minutos, e os materiais restauradores

em 3 a 4 minutos.

Os materiais de forramento têm resistências à compressão e à tração na

mesma intensidade que alguns materiais fotopolimerizáveis.

Adesividade

Cimentos de ionômero de vidro exibem união ao esmalte, dentina e ligas. Para

que ocorra uma adesão adequada é importantíssimo que a superfície a ser restaurada

Page 12: Materiais Dentários

esteja limpa e que a energia de superfície seja diminuída para que o cimento, que

apresenta alta energia possa molhar completamente as paredes da cavidade.

O profissional deve estar muito atento à consistência da mistura que deve se

apresentar plástica e brilhante, denotando a disponibilidade de líquido suficiente para

que ocorra a adesão ao dente. Não deve ser desperdiçado tempo entre a manipulação

e a inserção do cimento para que não haja perda de adesividade.

Liberação de Flúor

A liberação de flúor dos cimentos ionoméricos ocorre com maior intensidade

nas primeiras 24-48 horas, e permanece em menor concentração. A presença

constante de flúor no meio bucal confere aos cimentos ionoméricos propriedades

anticariogênicas, promovendo uma inversão no processo de desmineralização e

favorecendo a remineralização do dente.

Manipulação

O material deve ser proporcionado cuidadosamente e os componentes recém

dispensados aglutinados rapidamente em 45 segundos a 1 minuto. A relação

pó/líquido 3:1 em peso (1 porção de pó para 1 gota do líquido) para os tipos

convencionais de cimento de ionômero de vidro.

As superfícies do dente devem estar limpas e devem estar livres de saliva mas

não devem estar desidratadas. As superfícies da restauração devem estar livres de

resíduos e contaminação. O cimento endurece lentamente e deve ser protegido de

perda ou ganho de umidade quando endurecido clinicamente.

Vantagens e desvantagens

As vantagens dos cimentos de ionômero de vidro incluem manipulação fácil,

alta resistência e dureza, liberação de fluoreto, boa resistência à dissolução ácida,

características potencialmente adesivas, e translucência.

As desvantagens incluem colocação inicial lenta e sensibilidade à umidade,

pouca diversidade de cores para materiais restauradores e possível sensibilidade

pulpar.

Page 13: Materiais Dentários

CIMENTOS DE HIDRÓXIDO DE CÁLCIO

Tem sido reconhecido há muito tempo o valor do hidróxido de cálcio como um

material protetor da polpa que facilita a formação de dentina reparadora. Esta ação

parece ser largamente atribuível a seu pH alcalino e conseqüente efeito

antibacteriano.

Aplicações

Este material é usado como um forrador de cavidades profundas, para limpeza

de cavidades, capeamento pulpar e para cimentação provisória.

Formas de apresentação

Os cimentos de hidróxido de cálcio podem ser apresentados comercialmente

em diversas formas:

Pó ou Pasta: Normalmente na característica de pró-análise, quando

misturado com água destilada em pequena quantidade, até obter-se uma pasta, pode

ser utilizada nos casos de proteção pulpar direta para diminuir o sangramento.

Solução: Obtida pela mistura de 10g de pó de hidróxido de cálcio pa (pró-

análise) em 200 mL de água destilada. Após a mistura, o pó é decantado no fundo do

vidro e, para sua utilização, não de deve agitar o frasco. Utilizada para limpeza de

cavidades.

Suspensão: Obtida pela mistura de pó de hidróxido de cálcio em

metilcelulose. Esta é uma mistura mais viscosa e deve ser utilizada para o forramento

de cavidades médias e em casos de proteção pulpar direta.

Pasta/Pasta: Utilizada para casos de proteção pulpar indireta em casos de

cavidades médias a profundas. Uma pasta contém o hidróxido de cálcio e é chamada

de pasta base. A outra, tem os componentes que vão interagir com o anterior

produzindo uma reação de presa e conseqüente endurecimento da mistura. Esta é

chamada de pasta catalisadora.

Propriedades

O tempo de trabalho pode ser de 3 a 5 minutos, dependendo da

disponibilidade de umidade. Na boca, a presa é rápida, mais ou menos 1 ou 2 minutos.

Page 14: Materiais Dentários

São materiais pouco resistentes e quando acontece infiltração marginal, a

dissolução completa destes materiais pode acontecer.

Efeitos biológicos

O hidróxido de cálcio é um composto com um pH de aproximadamente 11.

Sendo assim, ele é irritante ao tecido pulpar vivo. Ele também tem ação bacteriostática

forte, o que significa que evita a propagação ativa da bactéria.

Devido às suas características, são capazes de estimular a formação de dentina

secundária, servindo de proteção ainda maior para a polpa. Isso se dá devido ao alto

pH do material, que continua alto por um longo período de tempo devido à capacidade

do material em se dissolver continuamente em meio aquoso (dentina), liberando íons

hidroxila. Esse estímulo constante é capaz de produzir uma necrose superficial das

células pulpares da camada mais próxima da junção entre a dentina e a polpa. Isso faz

com que as células mesenquimais diferenciadas do tecido conjuntivo da polpa se

diferenciem em odontoblastos para permitir uma reposição. Essas novas células serão

capazes de formar “pontes de dentina” quando usado para proteção da polpa em

exposição. Estes materiais também podem mostrar uma ação protetora à polpa

neutralizando e prevenindo a passagem de ácido e agindo como uma barreira à

penetração de outros agentes.

Vantagens e desvantagens

As vantagens destes materiais incluem a manipulação fácil, presa rápida em

camadas finas, boas características de selamento, e efeitos benéficos em dentina

cariosa e polpas expostas.

As desvantagens são que eles mostram baixa resistência até mesmo quando

completamente endurecidos, exibem deformação plástica, são fracos à exposição à

umidade e, sob condições ácidas dissolve-se ocorrendo infiltração marginal. Os dados

em propriedades físicas e experiência clínica sugerem que sejam requeridas melhorias

adicionais nestes materiais antes que eles possam ser utilizados como o forrador de

cavidades exclusivo em preparos cavitários profundos.

Solubilidade E Desintegração Dos Cimentos Odontológicos

Page 15: Materiais Dentários

Uma propriedade importante de um agente cimentante é a de que ele seja

resistente à solubilidade e à desintegração na cavidade oral. Com exceção dos

cimentos resinosos, todos os cimentos sobre os quais se discutiu apresentam um

potencial para degradação significativa nos fluidos orais. Se o cimento é dissolvido ou

se deteriora, os fragmentos são removidos das margens da restauração (Fig. 9-9),

passando a haver infiltração e invasão bacteriana com as suas conseqüências, como a

sensibilidade, a cárie ou ambas.

INDICAÇÃO DOS CIMENTOS

Muitos dos cimentos têm múltiplos usos. A seleção do material a ser utilizado,

deve levar em consideração 3 fatores principais:

Idade do paciente: Quando o paciente é jovem, tem um maior volume

pulpar. Sendo assim, uma mesma extensão de cavidade pode guardar uma relação

mais próxima ou mais distante com a polpa dentária.

Profundidade e extensão da cavidade: Segundo MONDELLI (1998), as

cavidades apresentam 5 níveis de profundidade - 1) superficial; 2) rasa; 3)média;

4)profunda; 5)muito profunda. Segundo a profundidade da cavidade, um material

protetor está indicado.

Tipo de material restaurador: A composição dos materiais restauradores

também interfere na escolha do material protetor. Cimentos de óxido de zinco e

eugenol não devem ser utilizados com restaurações de resina composta, pois esses

materiais podem sofrer interferência no seu processo de polimerização por aqueles.