Materiais de Moldagem Anelásticos
Godiva
As godivas para moldagem são materiais rígidos ou anelásticos que se
plastificam sob ação do calor e solidificam-se quando resfriadas, sem a ocorrência de
nenhuma reação química, por isso, são classificadas como material termoplástico.
Godiva tipo I: usada para impressão. É plastificada pelo calor, inserida
em uma moldeira e comprimida contra os tecidos moles, antes de seu endurecimento.
Godiva tipo II: usada para moldeiras. É utilizada como moldeira
individual, a qual será carregada com outros tipos de material de moldagem que
reproduzirão os tecidos bucais. Comparando com a godiva tipo I, a godiva tipo II é mais
viscosa quando plastificada e mais rígida quando endurecida, além de apresentar
menor escoamento.
Temperatura de fusão: Sendo a godiva uma substância amorfa, não apresenta,
portanto, um ponto de fusão, mas sim, uma zona de fusão. A temperatura de fusão
indicada é de 43,5°C, porém esta temperatura não corresponde com a temperatura de
solidificação, pois a temperatura de transição vítrea da godiva é de 39°C. O significado
prático da temperatura de fusão é que ela é indicativa de uma grande redução da
plasticidade durante o resfriamento. Acima desta temperatura há maior plasticidade
da godiva amolecida, de forma que ela se torne uma massa plástica, lisa e suave,
permitindo a realização de uma moldagem, possibilitando reproduzir fielmente cada
detalhe dos tecidos bucais. Após o posicionamento da moldeira carregada na boca, ela
deve ser mantida firmemente em posição até que a temperatura de fusão seja
atingida.
Escoamento: o material deve escoar facilmente copiando cada detalhe da
região a ser moldada. Para a godiva tipo I, o escoamento máximo permitido é de 6% à
temperatura da boca e não deve ser inferior a 85% quando a temperatura for de 45°C.
Plastificação: pode ser plastificada na estufa ou sobre uma chama. Se for
necessário a plastificação de uma grande porção de material o meio mais adequado é
a imersão da godiva em um banho de água. A imersão prolongada ou o
superaquecimento não é recomendável, pois a godiva pode tornar-se quebradiça ou
granulosa.
Requisitos para uma godiva:
Os requisitos desejáveis para uma godiva são os seguintes:
1. Não deve ser irritante para os tecidos bucais;
2. Deve tomar presa à temperatura da boca do paciente ou ligeiramente
acima desta;
3. Deve estar convenientemente plástica à temperatura em que não cause
desconforto para o paciente, não sendo assim lesiva para os tecidos moles da boca;
4. Deve endurecer uniformemente quando resfriada, sem deformações ou
distorções;
5. Quando plastificada, deve ter uma consistência tal que permita a reprodução
perfeita de pequenos pormenores das superfícies a serem moldadas e deve manter
esses pormenores depois da solidificação;
6. Deveria ser de natureza tal que, quando o molde é removido da boca, não se
deformasse ou fraturasse, reproduzindo perfeitamente os pormenores;
7. Sua superfície deve exibir lisura, com uma aparência brilhante, depois de ter
sido passada sobre uma chama;
8. Depois de sua solidificação, deve permitir o corte com um instrumento
afiado, sem fraturar-se;
9. Não deve apresentar alterações dimensionais durante ou depois de sua
remoção da boca, mantendo-se dimensionalmente estável indefinidamente e sob
formas de armazenamento não muito complicadas.
Pasta Zinco-Enólica
É usada com finalidade corretiva e na moldeira individual. Pode ser classificada
como material para impressão rígido ou anelástico e que endurecem por uma reação
química.
Tempo de Presa: o tempo de presa inicial é o período que vai desde o início da
espatulação até o momento em que o material perde a pegajosidade. Varia entre 3 e 6
minutos para as pastas do tipo I (dura) e até 15 minutos para as pastas do tipo II
(mole). Após a presa final o molde pode ser removido da boca. O tempo de presa
diminui com a elevação da temperatura e da umidade. Pode acontece de, num dia
quente e com alta umidade relativa, a pasta venha a endurecer enquanto está sendo
manipulada.
Controle do tempo de presa:
Diminuir o tempo de presa: adicionar acetato de zinco (acelerador),
adicionar uma gota de água na pasta contendo eugenol, diminuir a
quantidade da pasta que contém o óxido de zinco, aumentar o tempo de
espatulação.
Aumentar o tempo de presa: resfriamento do material, da espátula e da
placa de manipulação (tomar cuidado para que, com este resfriamento, não
haja a condensação de água na placa ou espátula, para não surtir efeito
inverso), aumentar a quantidade da pasta que contém o óxido de zinco,
adição de certos óleos ou ceras durante a manipulação (óleo de oliva, óleos
minerais).
Consistência e Escoamento: uma pasta espessa e viscosa comprimirá os
tecidos, já uma pasta fluida possibilitará uma moldagem dos tecidos em posição de
repouso, isto é, com pequena ou nenhuma compressão. As pastas para moldagem
devem exibir uma resistência ao escoamento à temperatura bucal igual ou superior à
das godivas.
Estabilidade Dimensional: é altamente satisfatória. Durante o endurecimento
pode ocorrer uma contração menor que 0,1%.
Materiais de Moldagem Anelásticos(Elastômeros)
Gessos Odontológicos
Cimentos OdontológicosPara um desempenho aceitável em cimentação e aplicações restauradoras, o
cimento tem que ter resistência adequada à dissolução no ambiente oral. Também
tem que desenvolver uma resistência adequada às forças mecânicas e adesão. Altas
resistências à tração, compressão e cisalhamento são requeridas, assim como boa
resistência à fratura para resistir às tensões na interface dente/restauração. Boas
propriedades de manipulação, como tempos adequados de trabalho e de presa, são
essenciais para uso próspero. A manipulação, inclusive o proporcionamento dos
ingredientes, deveria permitir alguma margem de erro em prática. O material deve ser
biologicamente aceitável.
CIMENTO DE FOSFATO DE ZINCO
O cimento de fosfato de zinco é apresentado na forma de pó e líquido, em dois
recipientes separados.
Composição: Os principais componentes do pó são o óxido de zinco (90%) e o óxido de
magnésio (10%). O líquido é essencialmente ácido fosfórico, água, fosfato de alumínio
e, em alguns casos, o fosfato de zinco.
Tempo de trabalho e de presa: O tempo de trabalho é o tempo medido desde o início da
espatulação, quando a viscosidade da mistura é tal que ela pode fluir rapidamente sob
pressão, de modo a formar uma película fina. Por outro lado, o tempo de presa significa
que a formação da matriz atingiu um ponto onde distúrbios físicos externos não causarão
alterações dimensionais permanentes. Varia de 5 a 9 minutos. É este o tempo em que o
excesso de cimento deve ser removido das margens da restauração.
Fatores que interferem no tempo de presa
Relação Pó/Líquido: O tempo de trabalho e o de presa podem ser aumentados pela
redução da relação pó/líquido. Este procedimento, entretanto, não é um meio
aceitável para prolongar o tempo de presa, porque prejudica as propriedades físicas,
resultando em um pH inicial mais baixo.
Velocidade de Incorporação do Pó: A adição do pó ao líquido em pequenos
incrementos irá aumentar o tempo de trabalho e de presa, pela redução da
quantidade de calor gerado, permitindo que mais pó seja incorporado à mistura. Assim
sendo, este é um procedimento recomendável.
Tempo de Espatulação: Quando o tempo de espatulação é prolongado, ocorre uma
destruição efetiva da matriz que estava se formando. A fragmentação da matriz
significa que um tempo extra é necessário para reconstruir o corpo da matriz.
Temperatura da Placa de Manipulação: O método mais efetivo para controlar o
tempo de trabalho e o de presa é o de regular a temperatura da placa de manipulação.
O resfriamento da placa retarda a reação química entre o pó e o líquido. Desta
maneira, a formação da matriz será retardada. Este procedimento permite a
incorporação de uma quantidade ótima de pó ao líquido, sem que haja um aumento
indevidamente alto da viscosidade.
Propriedades
Alta resistência à compressão e baixa resistência à tração, o que o coloca na
categoria dos materiais friáveis. A resistência à compressão tem uma grande
dependência da relação pó/líquido. A relação pó/líquido recomendada para os
cimentos fosfato de zinco é de aproximadamente 2 partes em peso, ou seja,
1,4g/0,5mL. Uma modificação da concentração de água no líquido, por perda ou
ganho, pode reduzir tanto a resistência à compressão como à tração do cimento.
O cimento fosfato de zinco tem um alto módulo de elasticidade. Assim, ele é
muito resistente e pode resistir a deformações elásticas. Mostra uma solubilidade
relativamente baixa na água.
Retenção
Não existe nenhuma adesão do cimento fosfato de zinco com a estrutura do
dente ou com qualquer material restaurador com que ele seja usado. Existe um
imbricamento mecânico entre as irregularidades do dente e da restauração que promove
a retenção da restauração ao dente. Por esta razão, restaurações com superfícies muito
polidas não apresentam uma retenção tão grande quando são cimentadas com cimento de
fosfato de zinco, como acontece com aquelas ligeiramente rugosas.
A retenção de uma restauração é controlada principalmente pelo desenho da
cavidade, pela espessura da película ou filme de cimento entre a restauração e o dente
e também está na dependência das alterações dimensionais que ocorrem durante a
presa do cimento.
Manipulação
1. O pó e o líquido devem ser proporcionados de maneira correta, segundo o uso
do material. Entretanto, deve-se utilizar uma quantidade de pó máxima, desde
que seja possível manipular de modo a conseguir um mínimo de solubilidade e
o máximo de resistência.
2. O líquido não deve ser dispensado na placa até o momento do início da
manipulação, uma vez que a água pode ser perdida para o ar por evaporação.
3. O líquido do cimento deve ser armazenado em um frasco vedado
hermeticamente e exposto ao ar o menor tempo possível. Se o líquido vier a
ficar turvo ou com deposição de cristais, ele deve ser descartado.
4. Deve-se utilizar para a manipulação uma placa resfriada. A placa resfriada
retarda a presa e permite que o operador incorpore uma quantidade máxima
de pó, antes que se processe a formação da matriz, chegando até um ponto em
que a mistura se torna rígida.
5. A manipulação é iniciada pela adição de pequenas porções do pó. Pequenas
quantidades de pó são adicionadas em intervalos de tempo, espatulando-se
vigorosamente. Deve-se usar o maior espaço da placa de manipulação, e cada
porção tem seu tempo exato de manipulação.
6. A fundição deve ser assentada imediatamente, antes que ocorra qualquer
formação da matriz. Após a restauração ter sido levada em posição, ela deve
ser mantida sob pressão até que o cimento endureça, isto para impedir o
aparecimento de bolhas de ar. O campo operatório deve ser mantido seco
durante todo o procedimento de cimentação.
Vantagens e desvantagens
As vantagens principais dos cimentos de fosfato de zinco são que eles podem
ser misturados facilmente e que eles formam uma massa relativamente forte a partir
de uma massa de consistência fluida.
Porém, desvantagens distintas do cimento de fosfato de zinco incluem irritação
de polpa, falta de ação antibacteriana, fragilidade, falta de adesão, e solubilidade em
fluidos orais.
Aplicações
Por causa da história longa deles, estes materiais têm a maior gama de
aplicações, que vão desde cimentação de restaurações metalocerâmicas fundidas e
bandas ortodônticas ao uso deles como um forramento para cavidades profundas para
proteger a polpa de estímulos mecânicos, térmicos, ou elétricos.
CIMENTOS DE ÓXIDO DE ZINCO E EUGENOL
Estes cimentos são usualmente apresentados na forma de um pó e um líquido,
ou algumas vezes como duas pastas. Uma grande variedade de formulações de óxido
de zinco e eugenol está disponível para uso como restaurações temporárias e
intermediárias, como forradores cavitários, como bases para isolamento térmico e
para cimentação temporária. Eles também podem ser utilizados para a obturação de
canais radiculares e como cimentos periodontais. O pH é aproximadamente 7, no
momento em que está sendo inserido no dente. Sendo assim, é um dos menos
irritantes entre todos os materiais dentários, além de proporcionar um excelente
selamento contra a microinfiltração.
Propriedades
1. O tempo de trabalho é longo porque é requerida umidade para endurecer.
2. A solubilidade é alta, aproximadamente 1.5%. O cimento desintegra
rapidamente quando exposto às condições orais.
Efeito biológico
A capacidade de selamento e ação antibacteriana parecem facilitar a
cicatrização pulpar; porém, quando em contato direto com tecido conjuntivo, o
material é irritante. O eugenol é um alérgeno em potencial.
Manipulação
Para cada indicação, uma consistência do material deve ser obtida. Quando o
material será colocado como restauração temporária, ele deve apresentar um aspecto
de “massa de vidraceiro”. Assim, será mais fácil a aplicação no preparo cavitário, as
propriedades físicas e mecânicas serão melhores e o efeito obtundente sobre a polpa
será o mais favorável.
O óxido de zinco é lentamente molhado pelo eugenol; então, é necessária
espatulação prolongada e vigorosa, especialmente para uma mistura grossa. Uma
relação pó/líquido de 3:1 ou 4:1 deve ser usada para um máximo de resistência.
Vantagens e desvantagens
A vantagem principal destes materiais é o suave e obtundente efeito deles nos
tecidos da polpa, junto com a boa habilidade de selamento e resistência à penetração
marginal.
Desvantagens incluem baixa resistência, solubilidade e desintegração em
fluidos orais, e pouca ação anticariogênica.
CIMENTOS DE IONÔMERO DE VIDRO
Nome genérico de um grupo de materiais que usam pó de vidro de silicato e
uma solução aquosa de ácido poliacrílico, que contém grupos carboxílicos.
Aplicações
São usados para a cimentação de fundições metálicas, restaurações de porcelana e
bandas ortodônticas; como forramento de cavidade ou materiais de base; como
materiais restauradores, especialmente para lesões de erosão e como materiais para a
construção de núcleos de preenchimentos.
Classificação
Os cimentos de ionômero de vidro podem ser classificados quanto à sua
natureza em 3 categorias principais:
1. Convencionais: composto de pó de partículas vítreas e líquido de ácidos
polialcenóicos.
2. Reforçados por metais: constituído de líquido semelhante ao dos ionômeros
convencionais e pó composto de mistura convencional com partículas de liga
de amálgama ou partículas de ligas de prata sinterizadas com as partículas de
vidro.
3. Modificados por resina: parte do líquido do ácido polialcenóico é substituído
por hidroxietil metacrilato. Esses materiais podem apresentar duas ou três
presas.
Uma outra classificação sugerida por TAY & LINCH (1989) divide os cimentos de
ionômero de vidro em 4 grandes grupos:
TIPO FUNÇÃO
Tipo I Cimentação
TipoIIA Restaurador sem reforço
B Restaurador com reforço
Tipo IIIA Proteção Pulpar (quimicamente
ativados)
B Selante de fóssulas e fissuras
Tipo IVA Proteção Pulpar (resino-modificados e
fotopolimerizáveis)
B Restauradores (resino-modificados e fotopolimerizáveis)
Composição
Ionômeros de vidro convencionais
São compostos de pó e líquido. Nos pós dos ionômeros de vidro há três
constituintes que são essenciais: a sílica, a alumina e o fluoreto de cálcio. O flúor é um
dos componentes importantíssimos do pó dos cimentos ionoméricos. Entre suas
funções, ele melhora as características de trabalho e aumenta a resistência do
cimento, bem como sua liberação para o meio bucal confere propriedade anti-
cariogênica ao material. O líquido é uma solução aquosa de ácidos poliacrílicos com a
inclusão de aceleradores de presa.
Ionômeros de vidro modificados por metais
É feita a inclusão de liga para amálgama na proporção de 1:1 por peso ou de
1:7 por volume de liga e pó de ionômero, respectivamente, visando aumentar a
resistência final do cimento. A reação de presa é muito semelhante à anterior.
Ionômeros de vidro modificados por resinas A principal diferença entre os cimentos convencionais e os modificados por
resina é a adição de componentes resinosos e iniciadores de polimerização a esses
últimos, o que além de melhorar algumas propriedades físicas do material, ainda
possibilita um endurecimento imediato logo após a polimerização da resina.
Eles podem apresentar 3 sistemas diferentes de ativação do componente
resinoso: foto-ativado, de presa dual e quimicamente ativado.
Sistema foto-ativado: Apresentam típica reação ácido-base e também uma
reação de fotopolimerização do monômero presente.
Sistema Dual: Além da reação ácido/base e da fotopolimerização, ainda
possuem iniciadores químicos para polimerizar os componentes metacrilatos
que existem no material. Essa característica permite que ocorra polimerização
na ausência de luz.
Sistema quimicamente ativado: Ocorre a reação ácido/base do ionômero
convencional e a polimerização química dos componentes resinosos.
Propriedades
Para os materiais de cimentação, o tempo de presa é em torno de 6 a 9
minutos. Os materiais de forramento em 4 a 5 minutos, e os materiais restauradores
em 3 a 4 minutos.
Os materiais de forramento têm resistências à compressão e à tração na
mesma intensidade que alguns materiais fotopolimerizáveis.
Adesividade
Cimentos de ionômero de vidro exibem união ao esmalte, dentina e ligas. Para
que ocorra uma adesão adequada é importantíssimo que a superfície a ser restaurada
esteja limpa e que a energia de superfície seja diminuída para que o cimento, que
apresenta alta energia possa molhar completamente as paredes da cavidade.
O profissional deve estar muito atento à consistência da mistura que deve se
apresentar plástica e brilhante, denotando a disponibilidade de líquido suficiente para
que ocorra a adesão ao dente. Não deve ser desperdiçado tempo entre a manipulação
e a inserção do cimento para que não haja perda de adesividade.
Liberação de Flúor
A liberação de flúor dos cimentos ionoméricos ocorre com maior intensidade
nas primeiras 24-48 horas, e permanece em menor concentração. A presença
constante de flúor no meio bucal confere aos cimentos ionoméricos propriedades
anticariogênicas, promovendo uma inversão no processo de desmineralização e
favorecendo a remineralização do dente.
Manipulação
O material deve ser proporcionado cuidadosamente e os componentes recém
dispensados aglutinados rapidamente em 45 segundos a 1 minuto. A relação
pó/líquido 3:1 em peso (1 porção de pó para 1 gota do líquido) para os tipos
convencionais de cimento de ionômero de vidro.
As superfícies do dente devem estar limpas e devem estar livres de saliva mas
não devem estar desidratadas. As superfícies da restauração devem estar livres de
resíduos e contaminação. O cimento endurece lentamente e deve ser protegido de
perda ou ganho de umidade quando endurecido clinicamente.
Vantagens e desvantagens
As vantagens dos cimentos de ionômero de vidro incluem manipulação fácil,
alta resistência e dureza, liberação de fluoreto, boa resistência à dissolução ácida,
características potencialmente adesivas, e translucência.
As desvantagens incluem colocação inicial lenta e sensibilidade à umidade,
pouca diversidade de cores para materiais restauradores e possível sensibilidade
pulpar.
CIMENTOS DE HIDRÓXIDO DE CÁLCIO
Tem sido reconhecido há muito tempo o valor do hidróxido de cálcio como um
material protetor da polpa que facilita a formação de dentina reparadora. Esta ação
parece ser largamente atribuível a seu pH alcalino e conseqüente efeito
antibacteriano.
Aplicações
Este material é usado como um forrador de cavidades profundas, para limpeza
de cavidades, capeamento pulpar e para cimentação provisória.
Formas de apresentação
Os cimentos de hidróxido de cálcio podem ser apresentados comercialmente
em diversas formas:
Pó ou Pasta: Normalmente na característica de pró-análise, quando
misturado com água destilada em pequena quantidade, até obter-se uma pasta, pode
ser utilizada nos casos de proteção pulpar direta para diminuir o sangramento.
Solução: Obtida pela mistura de 10g de pó de hidróxido de cálcio pa (pró-
análise) em 200 mL de água destilada. Após a mistura, o pó é decantado no fundo do
vidro e, para sua utilização, não de deve agitar o frasco. Utilizada para limpeza de
cavidades.
Suspensão: Obtida pela mistura de pó de hidróxido de cálcio em
metilcelulose. Esta é uma mistura mais viscosa e deve ser utilizada para o forramento
de cavidades médias e em casos de proteção pulpar direta.
Pasta/Pasta: Utilizada para casos de proteção pulpar indireta em casos de
cavidades médias a profundas. Uma pasta contém o hidróxido de cálcio e é chamada
de pasta base. A outra, tem os componentes que vão interagir com o anterior
produzindo uma reação de presa e conseqüente endurecimento da mistura. Esta é
chamada de pasta catalisadora.
Propriedades
O tempo de trabalho pode ser de 3 a 5 minutos, dependendo da
disponibilidade de umidade. Na boca, a presa é rápida, mais ou menos 1 ou 2 minutos.
São materiais pouco resistentes e quando acontece infiltração marginal, a
dissolução completa destes materiais pode acontecer.
Efeitos biológicos
O hidróxido de cálcio é um composto com um pH de aproximadamente 11.
Sendo assim, ele é irritante ao tecido pulpar vivo. Ele também tem ação bacteriostática
forte, o que significa que evita a propagação ativa da bactéria.
Devido às suas características, são capazes de estimular a formação de dentina
secundária, servindo de proteção ainda maior para a polpa. Isso se dá devido ao alto
pH do material, que continua alto por um longo período de tempo devido à capacidade
do material em se dissolver continuamente em meio aquoso (dentina), liberando íons
hidroxila. Esse estímulo constante é capaz de produzir uma necrose superficial das
células pulpares da camada mais próxima da junção entre a dentina e a polpa. Isso faz
com que as células mesenquimais diferenciadas do tecido conjuntivo da polpa se
diferenciem em odontoblastos para permitir uma reposição. Essas novas células serão
capazes de formar “pontes de dentina” quando usado para proteção da polpa em
exposição. Estes materiais também podem mostrar uma ação protetora à polpa
neutralizando e prevenindo a passagem de ácido e agindo como uma barreira à
penetração de outros agentes.
Vantagens e desvantagens
As vantagens destes materiais incluem a manipulação fácil, presa rápida em
camadas finas, boas características de selamento, e efeitos benéficos em dentina
cariosa e polpas expostas.
As desvantagens são que eles mostram baixa resistência até mesmo quando
completamente endurecidos, exibem deformação plástica, são fracos à exposição à
umidade e, sob condições ácidas dissolve-se ocorrendo infiltração marginal. Os dados
em propriedades físicas e experiência clínica sugerem que sejam requeridas melhorias
adicionais nestes materiais antes que eles possam ser utilizados como o forrador de
cavidades exclusivo em preparos cavitários profundos.
Solubilidade E Desintegração Dos Cimentos Odontológicos
Uma propriedade importante de um agente cimentante é a de que ele seja
resistente à solubilidade e à desintegração na cavidade oral. Com exceção dos
cimentos resinosos, todos os cimentos sobre os quais se discutiu apresentam um
potencial para degradação significativa nos fluidos orais. Se o cimento é dissolvido ou
se deteriora, os fragmentos são removidos das margens da restauração (Fig. 9-9),
passando a haver infiltração e invasão bacteriana com as suas conseqüências, como a
sensibilidade, a cárie ou ambas.
INDICAÇÃO DOS CIMENTOS
Muitos dos cimentos têm múltiplos usos. A seleção do material a ser utilizado,
deve levar em consideração 3 fatores principais:
Idade do paciente: Quando o paciente é jovem, tem um maior volume
pulpar. Sendo assim, uma mesma extensão de cavidade pode guardar uma relação
mais próxima ou mais distante com a polpa dentária.
Profundidade e extensão da cavidade: Segundo MONDELLI (1998), as
cavidades apresentam 5 níveis de profundidade - 1) superficial; 2) rasa; 3)média;
4)profunda; 5)muito profunda. Segundo a profundidade da cavidade, um material
protetor está indicado.
Tipo de material restaurador: A composição dos materiais restauradores
também interfere na escolha do material protetor. Cimentos de óxido de zinco e
eugenol não devem ser utilizados com restaurações de resina composta, pois esses
materiais podem sofrer interferência no seu processo de polimerização por aqueles.