Material de Apoio - Apostila de Revisao Teorica e Modelos

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    SEJAM BEM VINDOS, MEUS CAROS!Vamos juntos!!!!

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    OS 10 PASSOS PARA RECEBER A CARTEIRA DA ORDEM

    Voc j conseguiu dar 100 passos at aqui, ou seja, conseguiu sua classificao na primeira fasedo exame de Ordem. Parabns!

    No entanto, os 10 prximos passos a serem percorridos so os mais difceis, e cabe somente avoc segui-los corretamente, para conseguir fechar esse ciclo em sua vida profissional, obtendo ato desejada Carteira da Ordem.

    Estudar para a segunda fase no tarefa fcil. Requer esforo e dedicao. Ademais, voccertamente vai necessitar de muita orientao e apoio. Ns da equipe de Civil do Portal Exameda Ordem estamos a sua disposio para o que preciso for!

    Com o intuito de ajud-Io, montamos estes 10 passos com base em nossa experincia e nosexemplos observados ao longo do tempo na dedicao aos alunos que j passaram por essafase.

    Importante ressaltar que os modelos aqui apresentados so meramente informativos. Como oDireito uma cincia humana ampla, impossvel seria determinar a forma e o valor das peas.Cada profissional tem estilo prprio de se expressar, e exigir que voc elabore sua pea seguindorigorosamente a forma adotada no modelo acabaria por prejudic-lo.

    Tenha em mente que, independentemente da pea solicitada na prova da segunda fase doexame da OAB, voc deve manter a calma e a serenidade, ler com ateno e entender o

    contedo do problema apresentado, identificar a pea e s ento comear a elabor-la.

    1 passo: prepare seu material de consulta e estudo Levando em considerao que a Ordempermite a utilizao de cdigos no comentados, adquira um bom Vademecum comantecedncia. necessrio estar familiarizado com eles no dia da prova. importante ler econhecer bem todo o material de apoio para que na realizao do exame (cujo tempo curtssimo) ele sirva apenas de amparo e de sustentao.

    2. passo:organize seu tempo de estudo

    Durante esse perodo, preciso muita dedicao e esforo. Isso requer tempo. Tente organizarsua vida com prioridades. No h como ser aprovado no exame de Ordem sem dedicar um bomtempo s atividades necessrias ao estudo e elaborao das peas e questes. Mesmo que voctenha de trabalhar, ser fundamental reformular seus horrios, priorizando o tempo para opreparo adequado que esse exame exige.

    No adianta apenas assistir s aulas. Para a segunda fase, o professor ser imprescindvel paragui-lo, corrigi-lo e dar dicas. Entretanto, 80% de sua aprovao est em sua capacidade de cap-tao, discernimento e explicao da matria. Somente um forte estudo introspectivo podertrazer bons resultados.

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    3. passo: no deixe de assistir s aulas

    Para seguir um curso e obter dele o resultado esperado, o mnimo que voc deve fazer assistir

    a todas as aulas, sempre com a mxima ateno, respeitando os horrios e participandoativamente em sala de aula, nos enviado perguntas pelo sua mensagem e/ou e-mail do professor.

    4. passo: faa um esquema de cada pea

    Desde o incio de seu estudo, comece a preparar esquemas que facilitem a elaborao decada pea. Saiba desde logo o que cada pea dever conter. Durante o estudo, tente cada vezmais elaborar as peas sem consultar um modelo.

    5. passo: siga a metodologia do "passo-a-passo"

    Aplicar uma metodologia especfica garante um projeto bem-sucedido.

    Essa planificao dar segurana, calma e organizao para a elaborao do exame. Tudoprecisa ser treinado antecipadamente. Como em uma prova que exige esforo fsico, sem odevido treino prvio, a atuao ser desastrosa. Analogicamente, aplica-se o mesmo princpioaos esforos intelectuais: organizao com mtodo e treino.

    O "passo-a-passo" para elaborao de cada pea ser:

    1.Analise o problema apresentado: voc deve atuar como advogado de qual parte, autor ou ru?

    Dessa maneira, voc j atentar para informaes passadas pelo problema com o enfoque dedefesa de "seu cliente". Imagine-se defendendo "o maior cliente em potencial de toda sua vida"durante o exame. Com isso, voc torna o exame mais atrativo.

    2.Leia o problema atentamente, fazendo um resumo (esqueleto) dos dados oferecidos de modoque no precise ficar lendo novamente o enunciado do problema. Anote somente o resumo doque importante, sem deixar nenhum detalhe passar em branco. Interpretar o que o problema diz fundamental para conseguir elaborar sua pea. Todos os termos so importantes para entendero que o problema diz. Comece a fazer uma leitura como se fosse um investigador procurando aspistas, dicas e armadilhas. Anote tudo com calma.

    3.Descubra o momento processual, valendo-se das regras que voc estudou, para determinarqual pea ser elaborada. No se esquea de que toda pea deve ser fundamentada,apresentando dispositivos legais e jurisprudenciais.

    4.Linha de defesa- Com base nos dados do problema, comece a pensar qual ser seu foco.

    Imagine um alvo que dever ser atacado e monte sua tese jurdica. Isso fundamental para noperder o caminho a ser traado, para determinar os pontos que devero ser fundamentados eargumentados.

    5.Procure as palavras-chave para auxili-lo na pesquisa a ser realizada nos ndices remissivos

    das leis e smulas. Tudo dever ser anotado: artigos (CF, CDC,CPC, CC) e smulas (STF eSTJ) .

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    Leia cada um deles para analisar quais podero ser utilizados em sua linha de defesa.

    6.Organize de maneira lgica e coerente as fundamentaes, para facilitar a montagem da pea.

    7.Elabore para cada fundamentao quantos argumentos sero necessrios. Comece a montarsua pea, ainda na forma de esqueleto, somente estruturas, sem ficar redigindo tudo, apenasanotando as principais diretrizes, lembrando-se sempre de que cada redao dever conterintroduo (explicar, definindo o assunto), enredo (mesclar com os dados do problema) econcluso (fazer a ligao das ideias para atingir seu foco de defesa).

    Para facilitar essa redao argumentativa, imagine o seguinte:

    a)Dando uma introduo com termos jurdicos, copie o fundamento legal, as principais partes doartigo, smula, precedente normativo ou outra base legal qual se refira.

    b)Depois, imagine um leigo perguntando: "O que quer dizer isso?".

    Essa ser a introduo de seu argumento, explicando com suas palavras o que quer dizer aqueleprincpio legal.

    c)Na seqncia, responda seguinte pergunta: "Em que isso me ajuda?". Comece a explicar quala ligao da lei ao problema em tela. Mescle as informaes fazendo com que haja clara

    coerncia com a lei, sua explicao (embasada em doutrinas) e os dados do problema.d)Como pergunta final, imagine: "Ser que isso convence?". Para encerrar sua narrao, concluaseu raciocnio. Chegue a uma concluso persuasiva. Mostre como faz sentido o que foiexplanado antes direcionando para o foco jurdico desejado.

    Essa a principal parte da pea, na qual est o maior ndice de reprovao. No um trabalhofcil, e obter essa capacidade de raciocinar e conduzir uma idia at sua concluso requer muitotreino. O principal conseguir colocar isso no papel, em um curto espao de tempo. Treinando,ficar cada vez mais fcil. O principal ter conhecimento prvio dos assuntos e saber colocar-se

    de cada lado.

    8.Termos jurdicos - Deixe separados os termos jurdicos que sero usados em sua pea,evitando, assim, a repetio de palavras para iniciar frases ou mesmo o uso de termos de ligaode idias. Saiba como usa-los para fazer sentido e no dar a idia de simplesmente jogarpalavras difceis ao ar.

    9.Faa um esqueleto da pea, tudo que a pea deve conter, de maneira resumida: como come-Ia, como fazer a qualificao das partes, se possui interposio e razes, quais os dados queprecisa conter, as frases bsicas que so repetidas, as provas, o valor da causa ou no. Enfim,monte um esqueleto do que a pea dever conter para no esquecer nenhum detalhe

    fundamental.

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    10.Por ltimo, respire fundo e comece a redigir sua pea com calma, seguindo toda a planificaofeita anteriormente. Voc ter tempo suficiente para fazer uma boa redao - letra clara e legvel,sem erros (leve o corretor caso necessrio), clareza de idias, ateno aos acentos, crases, pon-

    tuaes e preposies.

    6. passo: faa pelo menos uma pea de cada modelo

    Aproveite bem o contedo, elaborando pelo menos uma de cada pea apresentada.

    Refazer a pea a melhor maneira de aprimor-Ia e no cometer o mesmo erro novamente.

    7. passo: leia muito, tenha disciplina e regularidade no estudo

    No pense que, por levar legislao para consulta, tudo estar garantido. No haver temposuficiente para estud-Io no momento do exame.A matria j dever ter sido absorvida antecipadamente. O estudo em conjunto tambm indicado, pois ajudar a aprimorar seu raciocnio e poder de convencimento, alm de ampliar apercepo argumentativa de cada assunto.

    8. passo: redija a pea com capricho

    Ningum ser obrigado a fazer um curso de caligrafia, mas dever fazer o possvel para noescrever de maneira ilegvel. Capriche na letra; faa com que o examinador tenha gosto em lersua pea e no precise se esforar. Mostre o que escreveu para outras pessoas, alm de seu

    professor, para checar se eles entenderam o que voc escreveu, se faz sentido o que voc quisdizer. Procure fazer pargrafos curtos; assim, voc cometer menos erros.

    9. passo: use linguagem jurdica (tcnica profissional)

    Mesmo sendo um aluno que acabou de formar-se, o exame exige que voc demonstre ter tcnicaprofissional, o que ser demonstrado por sua clareza de idias, associada maneira como asconduz na elaborao da pea.

    10 passo: durante a fase da preparao, procure manter-se confiante e bem-humorado.

    Nunca desanime. Aceite as crticas, aprenda com elas e siga em frente. Ser um momento decrescimento rduo, porm muito enriquecedor.Esteja sempre aberto para enfrentar novas dificuldades e obstculos, que surgiro a cada novapea. Pense positivamente e no se pressione.Seguindo esses passos, o resultado ser apenas uma conseqncia.

    A advocacia e a comunicao escrita! A comunicao tem como objetivo a constante busca deentendimento.

    A linguagem representa o pensamento e funciona como instrumento mediador das relaes

    sociais.Do ponto de vista psicolgico, a linguagem , ainda, um organizador de cognio, explicando asidias por meio de comparaes e contrastes, provas e razes, causas e efeitos, entre outras

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    correlaes lingsticas, influenciando outros sistemas psicolgicos, como o da percepo e dopensamento.

    O Direito uma cincia cuja prtica se resolve em palavras, disciplinando a conduta das pessoas.O ato comunicativo jurdico composto pelo conjunto de probabilidades lingsticas postas disposio do usurio, com o pensamento organizado luz das operaes do raciocnio. Exige aconstruo de um discurso que possa convencer da veracidade do que pretende provar.

    No mundo jurdico, o vocabulrio tem de ser rico, e as normas gramaticais, observadas em suaplenitude. O vocabulrio deve ser selecionado e adequado, formando um texto jurdico claro epreciso que atinja plenamente os seus fins.

    Terminologia e Iinguajar jurdico

    de suma importncia ao advogado o uso de um vocbulo rico, facilitando, assim, sua tarefacomunicativa, principalmente redacional, por ampliar o leque para a escolha da palavra maisadequada. Para tanto, a consulta freqcnte a dicionrios e a leitura de autores renomados soatividades imprescindveis. Apenas como orientao, seguem alguns termos que ajudam a nar-rativa de pargrafos jurdicos.

    Dicas de expresses condutoras do raciocnio

    Introduo do tema, de teses, de doutrinas e de idias

    Prefacialmente cabe ressaltar. ..Inicialmente faz-se necessrio analisar. ..Mister se faz assinalar. ..() cerne da questo est no() caso em tela refere-se a() assunto trazido bailaCumpre salientar que ...Com relao ao tema a que alude tal medida ... A ttulo de esclarecimento, importante definir. ..

    Introduo para uma base legal

    Com este entendimento, os legisladores avenaram o artigo ... Incisiva, no particular, a Smula...Neste diapaso, revela-se de suma importncia atentar para os dizeres do artigo ...Tal argumento improcede, conforme teor contemplado na clusula vergastada ...Explicita-se como equivocado tal argumento, uma vez que o caso em tela encontra-se lastreadona jurisprudncia ... clara a Constituio, em cujo bojo h clusula na qual ...Nos moldes dos dispositivos legais esculpidos na legislao processual civil ...Arrimando-se nos requisitos da norma jurdica ...Faz-se necessrio analisar a doutrina mais abalizada, da qual se extrai um princpio exegtico ...

    Reforo, persuaso, coeroDesta feita, resta plenamente cabvel ...

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    Destarte ...Neste raciocnio ...Corroborando, ainda h que se observar...

    Ademais, faa-se constar...Sublinhe-se que ...Oportuno se torna dizer que ...Podemos extrair a ilao clara e insofismvel... Concernentemente s razes de ...

    Oposio

    Inexiste, portanto, suporte ftico ...Entrementes, conforme se pode verificar...Houve uma descabida antinomia interpretativa em relao a ...Ao reverso, houve consentimento ...

    Ante a ausncia de supedneo legal ...

    Concluso

    Restando de sobejo comprovado ...Pugna finalmente pelo deferimento ...Diante do quanto exposto, resta incontroverso .Em suma, h de se perceber perfeitamente que .A vista do exposto, requer seja a presente ...A concluso, pois, exsurge clara e insofismvel. ..

    Importante !

    Cada candidato tem seu estilo prprio de escrita, porm o examinador tomar como parmetro oscritrios de clareza, conciso.

    "Determinao, coragem e auto confiana so fatores decisivos para o sucesso. Seestamos possudos por uma inabalvel determinao conseguiremos super-los.Independentemente das circustncias,devemos ser sempre humildes,recatados e

    despidos de orgulho." (Dalai Lama)"

    Bons estudos e sucesso!

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    FAZENDO UMA RPIDA REVISO TERICA

    NOES PRIMORDIAIS DA TEORIA GERAL DO PROCESSO

    JURISDIO E COMPETNCIA

    NOES GERAIS DA TEORA GERAL DO PROCESSO

    A fim de obter a to sonhada pacificao social, o Estado criou regras para a soluo dosconflitos, as quais, em seu conjunto denominam-se Direito Processual.

    Assim, o processo um instrumento a servio da paz social.

    As normas de direito processualdisciplinam o exerccio da jurisdio e, conforme a natureza dalide pode ser direito processual penal ramo que regulamenta a atuao da pretenso punitivado Estado, por intermdio da perda da liberdade imposta pessoa que praticou conduta violadorade norma considerada relevante para todo o corpo social; o direito processual do trabalho regula a atuao do Estado na apreciao de conflitos relativos relao de emprego, e, aps aEmenda Constitucional n. 45/2004, tambm s relaes de trabalho, caso das pessoas fsicas

    prestadoras de servio autnomo dentre outros; e o direito processual civil que regulam oexerccio da jurisdio quanto s lides de natureza civil.

    Quando se fala em regulamentao do exerccio da jurisdio, est-se a referir, entre outrascoisas, disciplina das atividades dos rgos jurisdicionais (juzes), das partes (autor e ru), dosauxiliares dos rgos jurisdicionais (escreventes, escrives, oficiais de justia, peritos etc.) e doMinistrio Pblico.

    Destarte, o Direito Processual Civil pode ser conceituado como o conjunto de princpios enormas que regulam a funo jurisdicional do Estado, responsvel pela soluo deconflitos. Possui natureza de direito pblico, pois sua funo imediata a aplicao da leiao caso concreto para restabelecer a ordem jurdica ditada pelo Estado de Direito. Afuno mediata a pacificao social.

    O direito processual pode ser definido, ainda, como o ramo da cincia jurdica que estuda eregulamenta o exerccio, pelo Estado, da funo jurisdicional.

    O Cdigo de Processo Civil dita a forma atravs da qual o estado vai compor os conflitos (art. 1,CPC).

    Art. 1oA jurisdio civil, contenciosa e voluntria, exercida pelos juzes,em todo o territrio nacional, conforme as disposies que este Cdigoestabelece..

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    O Estado tem trs rgos/funes diferentes:

    - Executivo (administra Funo tpica);

    - Legislativo (produz lei Funo tpica);- Judicirio (julga lide Funo tpica).

    Alm das funes tpicas de cada rgo, existem as funes atpicas, ou seja, o executivo legislae julga, o legislativo executa e julga, e o judicirio executa e legisla.

    Jurisdio no , apenas, o dizer do direito, no Brasil segundo o CPC h trs tutelasjurisdicionais:

    - Dizer direito (processo de conhecimento);- Satisfazer o direito (Processo de execuo);- Proteger bem, pessoa ou prova (processo cautelar).

    NOMENCLATURA

    A cincia processual recebeu ao longo da histria diversas nomenclaturas, dentre elas processocivil, direito judicirio e direito jurisdicional. Entretanto, a nomenclatura mais acertada e mais usualpara esta cincia a de DIREITO PROCESSUAL, o qual gnero das espcies: direitoprocessual civil, direito processual penal e direito processual do trabalho.

    AUTONOMIA DO DIREITO PROCESSUAL

    H autonomia do direito processual civil, ou direito instrumental, em face do direito civil, ou direitosubstancial, e perante outros ramos do direito, em razo da evidente diversidade da natureza ede objetivos.

    Contudo, esta autonomia no significa isolamento, uma vez que o direito processual civil faz partedo sistema maior, a cincia do direito, da qual apenas um dos seus vrios ramos. Destacando-se aqui o forte intercmbio e influncia do processo com a constituio.

    Processo e Constituio:

    Todo o direito processual, como ramo do direito pblico, tem suas linhas fundamentais traadaspelo Direito Constitucional. Nota-se, inicialmente, que a prpria Constituio brasileira se incumbede configurar o direito processual no mais como mero conjunto de regras acessrias deaplicao de direito material, mas, cientificamente, como instrumento pblico de realizao dajustia.

    A TRILOGIA ESTRUTURANTE DO DIREITO PROCESSUAL

    Jurisdio Ao

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    Processo

    Ajurisdio inerte, s podendo o Estado exercer esta funo se for provocado, tal provocao

    se d por meio da propositura da demanda. Ao ser proposta esta aoo Estado precisa de uminstrumento para que possa prestar a jurisdio e tal instrumento o processo.

    A ao provoca a jurisdio, que se exerce atravs de um complexo de atos, que oprocesso.

    MEIOS NO JURISDICIONAIS DE RESOLUO DE CONFLITOS

    AUTOTUTELA

    A autotutela, datada desde os primrdios da civilizao, consiste na defesa dos direitos atravsdo emprego de diversos instrumentos, tais como a fora brutae meios blicos. Esta modalidadede soluo de conflitos hoje, em regra, banida. Entretanto, ainda perdura entre ns atravs doesforo imediato constante do artigo 1210 do Cdigo Civil vigente, onde o possuidor turbado ouesbulhado tem direito de resistir por suas prprias foras, nas hipteses de legtima defesa,estado de necessidade, a greve e etc. desde que o exerccio da autotutela seja feita de formaimediata, no contrariando ou excluindo a adoo de medidas outras, possibilitadas pelajurisdio.

    AUTOCOMPOSIOUma das partes em conflito, ou ambas, abrem mo do interesse ou parte dele. So trs as formasde autocomposio:

    a) Rennciab) Submisso ou reconhecimentoc) transao (concesses recprocas).

    Todas essas solues tm em comum a caracterstica de serem parciais, no sentido de quedependem da vontade e da atividade de uma ou de ambas as partes envolvidas.

    No entanto, considerando que a autocomposio prestigia a vontade, a espontaneidade dedeciso dos prprios titulares do direito disputado, independente da fora ou da soluoda pendncia por terceiro desinteressado, representando, assim, meio dos maisdemocrticos de resoluo de conflitos, recepcionada por nosso ORDENAMENTOJURDICO VIGENTE, seno vejamos:

    Art. 269, II, III e V, CPC.

    Estmulos conciliao (exemplo de autocomposio):

    - arts. 125, IV, 277, 331 e 448, todos do CPC;

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    - arts. 847 e 850, ambos da CLT;- arts. 21, 22, 72 e 76 da Lei 9099/95.

    ARBITRAGEM

    Outra tcnica de soluo de conflitos a arbitragem, presente no ordenamento ptrio atravs daLei n. 9.307/96. Trata-se de um instrumento de soluo de contendas onde as prprias partes,de comum acordo, estabelecem/elegem um terceiro que decidir sobre a questo, exercendo emsimilitude a atividade jurisdicional. Todavia, a arbitragem no atinge a todos e quaisquer conflitos,possui limitaes e depende, pois, de autorizao legal. Tambm no exclui a atividadejurisdicional.

    JURISDIO

    O litgio coloca em perigo a paz social e a ordem jurdica, o que reclama a atuao do Estado,que tem como uma de suas funes bsicas, a tarefa f solucionar a lide. Dentro deste contexto,o Estado, por meio do Poder Judicirio, tem o poder-dever de dizer o direito, formulando normajurdica concreta que deve disciplinar determinada situao jurdica, resolvendo a lide epromovendo a paz social, este poder-dever do Estado de dizer o direito, resolvendo o conflito, oque a doutrina chama de jurisdio1.A jurisdio pode ser vista

    como funo do Estado de atuar a vontade concreta da lei com o fim de obter a justa composio da lide.

    Assim, a jurisdio abrange trs poderes bsicos: deciso, coero e documentao. Peloprimeiro, o Estado-juiz tem o poder de conhecer a lide, colher provas e decidir; pelo segundo, oEstado-juiz pode compelir o vencido ao cumprimento da deciso; pelo terceiro, o Estado-juiz podedocumentar por escrito os atos processuais.

    As acepes da jurisdio so: Poder capacidade de decidir imperativamente e impor decises;atividade dos rgos para promover pacificao dos conflitos; funo complexo de atos dojuiz no processo.

    FINS DA JURISDIO

    De acordo com a concepo instrumentalista do processo, a jurisdio tem trs fins:

    1Segundo Giuseppe Chiovenda:

    Pode se definir jurisdio como funo do Estado que tem por escopo a atuao da vontade concreta da lei por meioda substituio, pela atividade de rgos pblicos, da atividade de particulares ou de outros rgos pblicos.

    A teoria de Chiovenda sobre a jurisdio parte da premissa de que a lei, norma abstrata e genrica, regula todas assituaes que eventualmente ocorram em concreto, devendo o Estado, no exerccio da jurisdio, limitar-se atuaoda vontade concreta do direito objetivo. Em outras palavras, limita-se o Estado, ao exercer a funo jurisdicional, adeclarar direitos preexistentes e atuar na prtica os comandos da lei. Tal atividade caracterizar-se-ia, essencialmente,pelo seu carter substitutivo, j enunciado.

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    a) o escopo jurdico, que consiste na atuao da vontade concreta da lei. A jurisdio tem por fimprimeiro, portanto, fazer com que se atinjam, em cada caso concreto, os objetivos das normas dedireito substancial;

    b) o escopo social consiste em promover o bem comum, com a pacificao, com justia, pelaeliminao dos conflitos, alm de incentivar a conscincia dos direitos prprios e o respeito aosalheios;

    c) o escopo poltico.- aquele pelo qual o estado busca a afirmao de seu poder, alm deincentivar a participao democrtica (ao popular, ao coletivas, presena de leigos nosjuizados etc.) e a preservao do valor liberdade, com a tutela das liberdades pblicas por meiodos remdios constitucionais (tutela dos direitos fundamentais).

    PRINCPIOS INERENTES JURISDIO:

    INRCIA

    O estado-juiz s atua se for provocado. Ne procedat iudex ex officio, ou seja, o juiz no procedede ofcio (de ofcio = por conta prpria). Esta regra geral, conhecida pelo nome de principio dademanda ou principio da inrcia, est consagrada no art. 2 do cdigo de processo civil, segundoo qual nenhum juiz prestar a tutela jurisdicional seno quando a parte ou o interessado arequerer, nos casos e formas legais.

    Tal principio probe, portanto, os juzes de exercerem a funo jurisdicional sem que haja a

    manifestao de uma pretenso por parte do titular de um interesse, ou seja, no pode haverexerccio da jurisdio sem que haja uma demanda.

    Assim a atividade jurisdicional, ou seja, a ao do Estado por meio da funo jurisdicional, se dse, e somente se, for provocado, quando e na medida em que o for.

    Ateno!Depois de proposta a demanda a inrcia dar lugar ao princpio do impulso oficial ( videart. 262,CPC).

    INVESTIDURA

    O Estado exerce a jurisdio por seus rgos constitucionalmente definidos e esse funojurisdicional exercida por agentes polticos que preencham rigorosos critrios legais (aprovaoem concursode provas e ttulos, trs anos de prtica jurdica, formao em direito; ou nomeadospelo chefe do Poder Executivo para ingresso pelo quinto constitucional ou em tribunaissuperiores).

    TERRITORIALIDADE

    Por se tratar de um ato de poder, o juiz exerce a jurisdio dentro de um limite espacial sujeito soberania do Estado. Alm desse limite ao territrio do Estado, sendo numerosos os juzes de umEstado, normalmente o exerccio da jurisdio que lhes compete delimitado parcela do

    territrio, conforme a organizao judiciria da Justia em que atua, sendo as reas de exerccio

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    da autoridade dos juzes divididas na Justia Federal em sees judicirias e na Justia Estadualem comarcas.Assim, se o juiz, em processo, precisa ouvir testemunha que resida em outra comarca, dever

    requisitar por meio de carta precatria ao juiz da outra comarca (juzo deprecado) que colha odepoimento da testemunha arrolada no processo de sua jurisdio (do juzo deprecante), umavez que sua autoridade adere ao territrio em que exerce a jurisdio. O mesmo ocorre com acitao por oficial de justia e a penhora de bem situado em comarca diversa daquela em quetramita o feito.

    Se o ato a praticar situar-se fora do territrio do Pas, dever ser solicitada carta rogatria autoridade do Estado estrangeiro, solicitando sua cooperao para a realizao do ato.

    EXCEES IMPORTANTSSIMAS!

    A desnecessidade da emisso de cartas precatrias para comarcas contguas ou situadas namesma regio metropolitana. Art. 230,CPC.Vide tambm a disposio do artigo 106,CPC.

    INDELEGABILIDADE

    Cada poder da Repblica tem as atribuies e o contedo fixados constitucionalmente, vedando-se aos membros de tais Poderes por deliberao, ou mesmo mediante lei, alterar o contedo desuas funes. Aplica-se a hiptese aos juzes, que no podem delegar a outros magistrados, oumesmo a outros Poderes ou a particulares, as funes que lhes foram atribudas pelo Estado, j

    que tais funes so do poder estatal, que as distribui conforme lhe convm, cabendo ao juizapenas seu exerccio.

    INEVITABILIDADEEste princpio traduz-se na imposio da autoridade estatal por si mesma por meio da decisojudicial. Quando provocado o exerccio jurisdicional, as partes sujeitam-se a ela mesmo contra asua vontade, sendo vedado autoridade pronunciar o non liquet em seu oficio jurisdicional. OEstado deve decidir a questo, no se eximindo de sentenciar alegando lacuna ou obscuridadeda lei (CPC, art. 126).

    INAFASTABILIDADE

    Consagrando expressamente o princpio da indeclinabilidade (ou da inafastabilidade, tambmchamado de princpio do controle jurisdicional por Cintra, Grinover e Dinamarco), dispe o artigo5, inciso XXXV, da Constituio Federal que a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirioleso ou ameaa a direito.Desta forma, a Lei Maior garante o acesso ao Poder Judicirio a todos aqueles que tiverem seudireito violado ou ameaado, no sendo possvel o Estado-Juiz eximir-se de prover a tutelajurisdicional queles que o procurem para pedir uma soluo baseada em uma pretensoamparada pelo direito. Conseqentemente, salienta Tourinho Filho, se a lei no pode impedirque o Judicirio aprecie qualquer leso ou ameaa a direito, muito menos poder o Juiz abster-sede apreci-la, quando invocado.

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    Em suma, apregoa o princpio da indeclinabilidade que o juiz no pode subtrair-se da funojurisdicional, sendo que, mesmo havendo lacuna ou obscuridade na lei, dever proferir deciso(art. 126, CPC).

    JUIZ NATURAL

    Juzo constitucional ou Natural, aquele pr-constitudo por lei para exercer validamente a funojurisdicional.Assegura expressamente a Constituio Federal que ningum ser processado nem sentenciadoseno pela autoridade competente (artigo 5, inciso LIII) e que no haver juzo ou tribunal deexceo (artigo 5, inciso XXXVII).Outrossim, determina a Lei Maior que a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirioqualquer leso ou ameaa a direito (artigo 5, XXXV).Dentro deste contexto, buscam os dispositivos constitucionais impedir que pessoas estranhas aoorganismo judicirio exeram funes que lhe so especficas (salvo, claro, quando houverautorizao da prpria Constituio Federal nesse sentido, p.ex., Senado artigo 52, incisos I eII) e proscrever os tribunais de exceo, aqueles criados post factum. Assim, nenhum rgo, pormais importante que seja, se no tiver o poder de julgar assentado na Constituio Federal nopoder exercer a jurisdio. Tem-se, salienta a doutrina, a mais alta expresso dos princpiosfundamentais da administrao da justia.

    Enfim, A atividade jurisdicional tem que ser prestada por atividade preexistente ao fato, aconstituio proibe tribunal de exceo. O juz deve ser imparcial, juz no pode ser impedido enem ser suspeito (art. 134 e 135 CPC). Impedimento critrio objetivo e a suspeio critrio

    subjetivo.

    CLASSIFICAO RELEVANTE DE JURISDIO PARA A PROVA

    A jurisdio civil, em sentido amplo, composta pelas demais espcies de pretenses denatureza civil, tributaria administrativa, trabalhista, comercial etc. a jurisdio civil exercida pela Justia Federal, pela Justia Trabalhista, pela Justia Eleitoral e pela Justiaestadual.

    Ressalte-se que, prevendo nosso ordenamento o duplo grau de jurisdio, tem-se a diviso emjurisdio inferior, composta pelas instancias ordinrias em primeiro grau, com julgamentosproferidos por juzes singulares, e jurisdio superior, composta pelas instancias superiores, emsegundo grau pelos tribunais de Justia dos estados, Tribunais regionais federais e Tribunais dasJustias Especializadas, bem como o Superior Tribunal de Justia, a zelar em ltima instnciapela correta aplicao da lei federal, e o Supremo Tribunal federal, ao qual compete, em ltimainstncia, zelar pelo respeito Constituio, sendo o julgamento proferido por um colegiado dejuzes.

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    A JURISDIO VOLUNTRIA E SUAS PECULIARIDADES

    A jurisdio voluntria, tambm conhecida como jurisdio graciosa ou administrativa, comumente definida como a administrao pblica de interesses privados; nela no se cuida dalide, mas de questes de interesse privado que por fora da lei devem ter a chancela do PoderPblico, tais como: nomeao de tutor ou curador, alienao de bens de incapazes, separaoconsensual, arrecadao de bens de ausentes etc. jurisdio voluntria aplicam-se as garantias fundamentais do processo, necessrias sobrevivncia do Estado de Direito, bem como todas as garantias da magistratura, asseguradasconstitucionalmente. Em relao aos poderes processuais do magistrado, a doutrina aponta duascaractersticas da jurisdio voluntria:

    Inquisitoriedade: vige nos procedimentos de jurisdio voluntria, o principio inquisitivo,podendo o juiz tomar decises contra a vontade dos interessados. O magistrado, em inmerassituaes, tem a iniciativa do procedimento: arts. 1.129, 1.142, 1.160, 1.171 e 1.190, CPC.

    Possibilidade de deciso fundada na equidade: permite-se (art. 1.109, CPC) ao juiz noobservar a legalidade estrita na apreciao do pedido, facultando-lhe o juzo por eqidade, que sefunda em critrios de convenincia e oportunidade. O juzo de equidade excepcional; somentese poder dele valer o juiz quando expressamente por lei autorizado (art. 127 do CPC).

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    COMPETNCIA

    CONCEITO

    O Estado tomou para si a funo de dizer o direito em todo o seu territrio. Para tanto, crioudentro da alada do Poder Judicirio, uma grande organizao, composta por diversos rgosjurisdicionais (STF, STJ, STM, TSE, TRF etc.), repartindo a jurisdio entre eles, embora se devaressaltar que a jurisdio, enquanto poder-dever do Estado una, sendo que a mencionadarepartio apenas para fins de diviso do trabalho.

    Deste modo, competncianada mais do que a fixao das atribuies de cada um dos rgosjurisdicionais, isto , a demarcao dos limites dentro dos quais podem eles exercer a jurisdio.Neste sentido, juiz competente aquele que, segundo limites fixados pela Lei, tem o poder paradecidir certo e determinado litgio (art. 86, CPC).

    MOMENTO QUE DEMARCA A FIXAO DE COMPETNCIA; EXCEES REGRA DAPERPETUATIO JURISDICTIONIS

    Segundo dispe o art. 87 do CPC, a competncia, em regra, determinada no momento em quea ao proposta com a sua distribuio (art. 263 c/c art. 251 do CPC) ou com o despachoinicial, sendo irrelevantes as modificaes do estado de fato (ex. Mudana de domiclio do ru) oude direito (ex. ampliao do teto da competncia do rgo em razo do valor da causa) ocorridas

    posteriormente (perpetuatio jurisdictionis), salvo se suprimirem o rgo judicirio cujacompetncia j estava determinada inicialmente - por exemplo, a extino de uma vara cvel; ouquando as modificaes ocorridas alterarem a competncia em razo da matria ou da hierarquia- porque so espcies de competncia absoluta, fixadas em funo do interesse pblico, razopela qual outras modalidades de competncia absoluta devem estar abrangidas.

    Por exemplo, suponha-se a hiptese de vir a ser modificada, na lei de organizao judiciria, acompetncia de uma das Varas Cveis da capital, que deixou de ter atribuies para conhecer deaes que envolvam direitos reais. O juiz dessa vara perder a competncia sobre todas ascausas dessa espcie, j em curso naquela Vara, embora se trate de competncia ditada pelamatria.

    PRINCIPAIS CRITRIOS DE FIXAO DA COMPETNCIA

    Os critrios que o legislador levou em conta para a distribuio de competncia so o dasoberania nacional, o da hierarquia e atribuies dos rgos jurisdicionais (critrio funcional), o danatureza ou valor da causa e o das pessoas envolvidas no litgio (critrio objetivo), e os doslimites territoriais que cada rgo judicial exerce a atividade jurisdicional (critrio territorial).

    REGRAS DE COMPETNCIA INTERNACIONAL

    A jurisdio fruto da soberania do Estado e, por conseqncia natural, deve ser exercida dentrodo seu territrio. Entretanto, a necessidade de convivncia entre os Estados, independentes e

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    soberanos, fez nascer regras que levam um Estado a acatar, dentro de certos limitesestabelecidos em tratados internacionais, as decises proferidas por juzes de outros Estados.Diante dessa realidade, o legislador nacional definiu casos em que a competncia exclusiva

    do Poder Judicirio brasileiro (art. 89, CPC), e casos em que a competncia concorrente,sendo que a deciso proferida no estrangeiro pode vir a gerar efeitos dentro do nosso territrio,aps ser homologada pelo STJ (arts. 88, 89 e 483, CPC).

    Logo, elas se dividiram em:

    - Absoluta/exclusiva: Art. 89, CPC. Algumas matrias para ter validade/eficcia no territrio temque serem julgadas no Brasil. Trata de imveis situados no Brasil ou de proceder inventrio oupartilha de bens situados no Brasil.

    Art. 89. Compete autoridade judiciria brasileira, com excluso de

    qualquer outra:I - conhecer de aes relativas a imveis situados no Brasil;II - proceder a inventrio e partilha de bens, situados no Brasil, ainda queo autor da herana seja estrangeiro e tenha residido fora do territrionacional.

    - Concorrente/cumulativa: Art. 88, CPC. A sentena extrangeira para ter validade ou eficcia temque ser homologada pelo STJ. Trata de casos em que: O ru domiciliado no Brasil, ou aobrigao deve ser cumprida no Brasil, ou Ao de fato/ato praticado no Brasil.

    Art. 88. competente a autoridade judiciria brasileira quando:I - o ru, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no

    Brasil;II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigao;III - a ao se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil.Pargrafo nico. Para o fim do disposto no n I, reputa-se domiciliada noBrasil a pessoa jurdica estrangeira que aqui tiver agncia, filial ousucursal..

    Litispendncia

    Duas demandas com os mesmos elementos (partes, pedido e causa de pedir). Extingue osegundo.Segundo o art. 90, CPC, ao extrangeira no induz litispendncia. No h litispendncia

    internacional. Vale a que for homologada primeiro.

    Art. 90. A ao intentada perante tribunal estrangeiro no induzlitispendncia, nem obsta a que a autoridade judiciria brasileira conheada mesma causa e das que Ihe so conexas.

    Dicas importantes para determinar a competncia:

    - Territorial:Circunscrio geogrfica. o critrio de foro. Encontrado no CPC.- Material: o objeto litigioso, o objeto que estar sendo discutido. Exemplo: causa de famlia,ou de trnsito, etc. Encontrado nas LOJs dos estados federativos.

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    - Valor da causa:Poder ser um critrio de determinao de competncia, um dos motivosda obrigatoriedade do valor da causa na inicial. Encontra-se nas LOJs.- Funcional ou hierrquico: Gerar a competncia originria. Em razo da funo ou

    hierarquia move-se a causa no tribunal, por exemplo. Encontra-se na Constituio Federalpara a competncia do STJ e STF e para os Tribunais de Justia encontra-se nas LOJs.

    As competncias territoriais e em relao ao valor da causa so de competncia relativa eas competncias material, funcional e em razo das pessoaos so de competnciaabsoluta.

    A competncia relativa pode ser modificada pela vontade das partes, a competnciaabsoluta no pode.

    Se o juzo incompetente julgar e for competncia absoluta invalido o julgamento,

    competncia absoluta no preclui, pois matria de ordem pblica. Eis a chamadaMATRIA MOP.

    Ateno!!!!

    Precluso pode ser:

    - Temporal: tem haver com o prazo.

    - Consumativa: J praticou o ato. As Excees so: A modificao da petio inicial semautorizao do ru at o saneamento (art. 264, CPC) e o aditamento aps a citao do ru

    (art. 294, CPC).Art. 264. Feita a citao, defeso ao autor modificar o pedido ou a causade pedir, sem o consentimento do ru, mantendo-se as mesmas partes,salvo as substituies permitidas por lei.Pargrafo nico. A alterao do pedido ou da causa de pedir em nenhumahiptese ser permitida aps o saneamento do processo.

    Art. 294. Antes da citao, o autor poder aditar o pedido, correndo suaconta as custas acrescidas em razo dessa iniciativa..

    - Lgica: No pode praticar o ato pois j praticou um ato incompatvel.

    - Pro-Judicato: Para o julgador, no pode julgar duas vezes a mesma matria.

    A competncia relativa preclui, h a prorrogao se no for argida no prazo. Deve ser alegadana Exceo de competncia e a absoluta em preliminar de contestao, essa porm pode serdada de ofcio. Na relativa h uma possibilidade de declarao de incompetncia de ofcio que nos casos de foro de eleio nos contratos de adeso.

    A competncia relativa matria de ordem privada.

    Se o ru alegar incompetncia aps a preeliminar de contestao, o ru vai pagar as custas do

    processo em razo da demora, MESMO QUE GANHE A CAUSA.

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    CRITRIOS OBJETIVOS

    Competncia em razo da pessoa (partes); a fixao da competncia tendo em conta as partes

    envolvidas (intuitu personae) pode ensejar a determinao da competncia originaria dostribunais, para aes em que a Fazenda Pblica for parte etc;Competncia em razo da matria (ratione materiae) - causa de pedir; considera-se, ao fixar acompetncia, a natureza da relao jurdica controvertida, definida pelo fato jurdico que lhe densejo, por exemplo: para conhecer de uma ao de separao, ser competente um dos juizesdas Varas da Famlia e Sucesses, quando os houver na Comarca;Competncia em razo do valor da causa (pedido); muito menos usado, serve para delimitar,entre outras hipteses, competncia de varas distritais, ou, quando houver organizado, dosTribunais de Alada.

    CRITRIO TERRITORIAL

    Importante para a sua segunda fase!!!

    Sob o ngulo da parte, a competncia territorial em princpio determinada pelo domicilio do ru,para as aes fundadas em direito pessoal e as aes fundadas em direito real sobre bensmveis. (art. 94, CPC). Se o ru tiver domiclios mltiplos, poder ser demandado em qualquerdeles ( 1); se incerto ou desconhecido, ser demandado no local em que for encontrado, ou noforo de domiclio do autor ( 2), facultando-se ao autor ajuizar a ao no foro de seu domiclio, seo ru no residir no Brasil e se o prprio autor tambm no tiver residncia no Pas ( 3). Serainda no foro de domiclio de qualquer dos rus no caso de litisconsrcio passivo ( 4).

    Alm dessas regras, existem outras, seja no CPC, seja em leis extravagantes, que estabelecemregras especficas para certas aes, por exemplo: I ao de inventrio, competente o foro doultimo domicilio do autor da herana (art. 96, CPC; art. 1.785, CC/02);

    II ao declaratria de ausncia, competente o foro do ultimo domiclio do ausente (art. 97,CPC);

    III ao de separao, divrcio, converso de separao em divorcio e anulao de casamento,competente o foro do domiclio da mulher (art. 100, I, CPC);

    IV ao de alimentos, competente o foro do domiclio do alimentado, isto , aquele que pede osalimentos (art. 100, IICPC); MESMO QUE A AO DE ALIMENTOS ESTEJA CUMULADA COMINVESTIGAO DE PATERNIDADE SER COMPETENTE O FORO DO DOMICLIO DOALIMENTANDO. Marque a smula 01 do STJ.

    V ao de cobrana, competente o foro do lugar onde a obrigao deveria ter sido satisfeita(art. 100, IV, d, CPC);

    VI ao de despejo, competente o foro da situao do imvel (art. 58, II, Lei n 8.245/91);

    VII ao de responsabilidade do fornecedor de produtos e servios, competente o foro domiclio

    do autor (art. 101, Lei n 8.078/90-CDC);

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    VIII ao de adoo, competente o foro do domiclio dos pais ou responsveis (art. 146, Lei n8.069/90 ECA);

    IX aes movidas no Juizado Especial Cvel, competente o foro do domiclio do autor (art. 4,Lei n 9.099/95 JEC).

    CRITRIO FUNCIONAL

    Enquanto nos outros critrios busca-se estabelecer o juiz competente para conhecer dedeterminada causa, no critrio funcional reparte-se a atividade jurisdicional entre rgos quedevam atuar dentro do mesmo processo.

    Como o procedimento se desenvolve em diversas fases, pode haver necessidade dedeterminados atos se realizarem perante rgos diversos; o caso da carta precatria paracitao ou intimao e oitiva de testemunha que esteja domiciliada em comarca diversa daquelaem que tramita o processo, para a realizao de penhora de bem situado em comarca diversa.

    Essa competncia alterada tambm de acordo com o grau de jurisdio. Normalmente sedesloca a competncia para um rgo de segundo grau, um tribunal, para reapreciar processodecidido em primeira instancia por meio de recurso.

    CLASSIFICAO DE COMPETNCIA

    A competncia classifica-se em:

    Competncia do foro (territorial) e competncia do juzo

    Foro o local onde o juiz exerce as suas funes; a unidade territorial a qual se exerce o poderjurisdicional. No mesmo local, segundo as leis de organizao judiciria podem funcionar vriosjuizes com atribuies iguais ou diversas.

    De tal modo, para uma mesma causa, constata-se primeiro qual o foro competente, para depoisaveriguar ojuzo, que em primeiro grau de jurisdio, corresponde s varas, o cartrio, a unidade

    administrativa.

    Nas Justias dos Estados o foro de cada juiz de primeiro grau o que se chama comarca; naJustia Federal a subseo judiciria. O foro do Tribunal de Justia de um estado todo oEstado; o dos Tribunais Regionais Federais a sua regio, definida em lei (art.107, par. nico,CF); o do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justia e de todos os demaistribunais superiores todo o territrio nacional (CF, art.92, pargrafo nico). Portanto,competncia de foro, sinnimo de competncia territorial, e Juzo de rgo judicirio. Acompetncia do juzo matria pertinente s leis de organizao judiciria; j a de foro regulada pelo CPC.

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    Competncia originria e derivada:

    A competncia originria atribuda ao rgo jurisdicional diretamente, para conhecer da causa

    em primeiro lugar; pode ser atribuda tanto ao juzo monocrtico, o que a regra, como aotribunal, em algumas situaes, como por exemplo, ao rescisria e mandado de seguranacontra ato judicial. Enquanto que a competncia derivada ou recursal atribuda ao rgojurisdicional destinado a rever a deciso j proferida; normalmente, atribui-se a competnciaderivada ao tribunal, mas h casos em que o prprio magistrado de primeira instancia possuicompetncia recursal, por exemplo, nos casos dos embargos infringentes de alada, cabveis naforma do art. 34 da lei de Execuo Fiscal, que sero julgados pelo mesmo juzo prolator dasentena.

    Incompetncia relativa x Incompetncia absoluta

    Importante!

    As regras de competncia submetem-se a regimes jurdicos diversos, conforme se trate de regrafixada para atender somente ao interesse publico, denominada de regra de incompetnciaabsoluta, e para atender predominantemente ao interesse particular, a regra de incompetnciarelativa.

    A incompetncia defeito processual que, em regra, no leva extino o processo, mesmotratando-se de incompetncia absoluta, salvo nas excepcionais hipteses do inciso III do art.51 da

    Lei n.9.099/95 (juizados Especiais Cveis), da incompetncia internacional (arts. 88-89 do CPC) edo 1 do art. 21 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.

    A incompetncia quando absoluta pode ser alegada a qualquer tempo, por qualquer das partes,em sede de preliminar contestao, e, quando relativa, mediante exceo. Se absoluta, o juizpoder reconhec-la de ofcio (CPC, art. 113), independentemente da alegao da parte,remetem-se os autos ao juiz competente e reputam-se nulos os atos decisrios j praticados, e,se relativa (CPC, art. 112), somente se acolher a exceo de incompetncia, remeter o juiz oprocesso para o juzo competente para apreciar a questo, que ter duas opes: reconhecer suacompetncia ou divergir, declarando-se igualmente incompetente, suscitando o conflito decompetncia (CPC, art. 115, II), e no se anulam os atos decisrios j praticados.

    Na incompetncia absoluta, responder integralmente pelas custas, a parte que deixar de alegarna primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos responder integralmente pelascustas, na relativa, o juiz no pode reconhec-la de ofcio (Sumula 33 do STJ).

    MODIFICAO DE COMPETNCIA

    - Legal: Conexo continncia, imperativo constituicional e o juzo universal.

    + Conexo: Art. 103, CPC. Quando houver duas aes com mesmo pedido e causa depedir.

    Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais aes, quando Ihes for comum o objeto ou a causa de pedir.

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    + Continncia: Art. 104, CPC. As mesmas partes e mesma causa de pedir e o pedido de umtem que ser maior que o do outro.

    Art. 104. D-se a continncia entre duas ou mais aes sempre que hidentidade quanto s partes e causa de pedir, mas o objeto de uma, porser mais amplo, abrange o das outras.

    + Imperativo Constitucional: Art. 109, CF. Toda vez que a Unio intervir no processo acompetncia da justia federal.

    Art. 109. Aos juzes federais compete processar e julgar:- as causas em que a Unio, entidade autrquica ou empresa pblicafederal forem interessadas na condio de autoras, rs, assistentes ouoponentes, exceto as de falncia, as de acidentes de trabalho e as

    sujeitas Justia Eleitoral e Justia do Trabalho;

    + Juzo universal: a vis atractiva, a vara se torna competente para julgar todas ascausas, como acontece no caso da Falncia, que a vara que julga a falncia vira um polo deatrao dos demais processos da empresa falida.

    - Voluntria: Divide-se em:

    + Expressa: o foro de eleio. a circurnscrio geogrfica escolhida pelas partes.Escolhe apenas o territrio, no pode escolher a vara e nem o juz.+ Tcita: Tinha incompetncia relativa e essa no fora alegada pelo ru acarretando assim a

    prorrogao.

    Na conexo e na continncia pode haver unio dos processos, e quando h um conflito decompetncia art. 115, CPC) o Tribunal de Justia decide.

    Art. 115. H conflito de competncia:I - quando dois ou mais juzes se declaram competentes;II - quando dois ou mais juzes se consideram incompetentes;III - quando entre dois ou mais juzes surge controvrsia acerca da reunioou separao de processos.

    MAIS DETALHES DA CONEXO E A CONTINNCIA

    A regra geral a da perpetuatio jurisdictionis(CPC, art. 87), que veda a alterao de competnciano curso da ao, sendo ela fixada no momento da propositura.

    No obstante a regra geral, o CPC, permite a modificao da competncia aps a propositura daao nos casos de conexo ou continncia (art. 102, CPC). Assim, segundo o art. 103 doCPC, reputam-se conexas duas ou mais aes quando lhes for comum o objeto, ou seja, o

    pedido, por exemplo, nas aes entre as mesmas partes pedindo reviso do valor da pensoalimentcia, e a causa de pedir , isto , o fato jurdico que d arrimo ao pedido, como nas aescom fundamento no mesmo contrato ou no mesmo fato, um acidente, por exemplo. A continncia,

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    que uma espcie de conexo, segundo o art. 104 do CPC d-se entre duas ou mais aessempre que h identidade quanto s partes e causa de pedir, mas o objeto de uma, por sermais amplo, abrange o das outras, como por exemplo nas aes entre as mesmas pessoas,

    relativas a um contrato de mtuo , sendo que em uma delas cobra-se uma prestao; na outra,cobra-se todo o valor do mtuo.

    PREVENO

    Preveno um critrio de confirmao e manuteno da competncia do juiz que conheceu acausa em primeiro lugar, perpetuando a sua jurisdio e excluindo possveis competnciasconcorrentes de outros juzos.Por se tratar de matria de ordem pblica, no se sujeita precluso, podendo ser alegada aqualquer tempo. Sendo juzes de mesma competncia territorial, considerar-se- prevento o quedespachou em primeiro lugar (CPC, arts. 106 e 263), e sendo de competncia territorial diversa(comarcas distintas), considerar-se- prevento o juiz do processo que realizou a citao emprimeiro lugar (CPC, art. 219).Entretanto, essa reunio s ser possvel se no ocorrer hiptese de competncia absoluta dosrgos julgadores e se as aes ainda estiverem pendentes de julgamento, tramitando no mesmograu de jurisdio.

    EM SUMA:

    Vai unir no juzo prevento, o que decide o juzo prevento a citao vlida, conforme o art. 219

    do CPC.Art. 219. A citao vlida torna prevento o juzo, induz litispendncia e fazlitigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constituiem mora o devedor e interrompe a prescrio. 1oA interrupo da prescrio retroagir data da propositura da ao. 2o Incumbe parte promover a citao do ru nos 10 (dez) diassubseqentes ao despacho que a ordenar, no ficando prejudicada pelademora imputvel exclusivamente ao servio judicirio. 3o No sendo citado o ru, o juiz prorrogar o prazo at o mximo de90 (noventa) dias. 4oNo se efetuando a citao nos prazos mencionados nos pargrafosantecedentes, haver-se- por no interrompida a prescrio.

    5o

    O juiz pronunciar, de ofcio, a prescrio. 6oPassada em julgado a sentena, a que se refere o pargrafo anterior,o escrivo comunicar ao ru o resultado do julgamento.

    O art. 106 do CPC traz uma exceo a regra da citao vlida, que quando as aes conexasencontram-se na mesma competncia territorial(mesma comarca), no caso em tela acompetncia ser de quem primeiro despachou.

    Art. 106. Correndo em separado aes conexas perante juzes que tm amesma competncia territorial, considera-se prevento aquele quedespachou em primeiro lugar.

    Em resumo, mesma comarca: quem despachou primeiro; e comarca diferentes: primeiracitao vlida.

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    OBSERVAO IMPORTANTE:

    A incompetncia relativa no pode ser declarada de oficio pelo juiz (compete ao ru levantar a

    questo, atravs de pea em separado, chamadaexceo de incompetncia), salvo, segundo opargrafo nico do art. 112 do CPC, acrescentado pela Lei n 11.280, de fevereiro de 2006, noscasos que envolvam litgios que tenham arrimo em contratos de adeso, vez que neste caso licito ao juiz ex officio reconhecer a nulidade da clusula de eleio de foro e declinar de suacompetncia para o juzo de domicilio do ru.

    CONFLITO DE COMPETNCIA

    A questo da competncia ou incompetncia tambm pode ser levantada por um outroprocedimento prprio, denominado conflito de competncia, regulado nos arts. 115 a 124 doCPC. O conflito pode ser suscitado por qualquer das partes, pelo Ministrio Pblico ou pelo juiz(art. 116), e decido pelo tribunal que designa qual juiz o competente para decidir o conflito,pronunciando-se sobre a validade dos atos praticados pelo incompetente (art. 122).

    Instaura-se mediante petio dirigida ao presidente do tribunal, instruda com os documentos quecomprovem o conflito, ouvindo o relator, com a distribuio, os juzes em conflito. Sobrestar oprocesso, caso o conflito seja positivo; se o conflito for negativo, o sobrestamento no sernecessrio, pois no haver juzo praticando atos processuais. Dever ainda o relator designarum juiz para solucionar as questes urgentes.

    Assim, h conflito de competncia quando dois ou mais juzes se declaram competentes (conflito

    positivo) ou incompetentes (conflito negativo) e tambm no caso de controvrsia sobre reunio ouseparao de processos (CPC, art. 115, I, II e III).

    O conflito entre autoridade judiciria e autoridade administrativa, ou s entre autoridadesadministrativas, chama-se conflito de atribuies e no conflito de competncia.

    CONCEITO DE DEMANDA

    Demanda a pretenso levada a juzo. aquilo que se vai buscar ao judicirio, o que se almejaperante o juzo. um direito subjetivo que instrumentalizado atravs da petio inicial.

    ELEMENTOS DA AO

    PARTES a compreendidos o autor e o ru;

    CAUSA DE PEDIR corresponde aos fatos e fundamentos jurdicos da demanda;

    PEDIDO: revela a pretenso do autor.

    ATENO! ESTES ELEMENTOS SO MUITOS IMPORTANTES PARA A CONSTRUO DA

    SUA INICIAL NA PROVA DA SEGUNDA FASE.

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    AS CONDIES DA AO

    So elas: interesse processual, legitimidade das partes, possibilidade jurdica do pedido.Elas representam requisitos impostos ao autor para que este consiga um pronunciamento quantoao mrito do seu pedido.

    Assim, faltando qualquer dessas condies, o autor ser declarado carecedor de ao,extinguindo-se o feito sem resoluo de mrito (art. 267, VI, CPC).

    Interesse processual ou interesse de agir

    Como vimos, a ao visa obter uma providncia jurisdicional quanto a uma pretenso e, quanto aum bem jurdico pretendido pelo autor. Assim, h na ao, como seu objeto, um interesse dedireito substancial, consistente no bem jurdico, material ou incorpreo, pretendido pelo autor,cognominado interesse primrio.

    Todavia, h outro interesse que move a ao - o interesse na obteno de uma providnciajurisdicional quanto quele interesse, ou seja, h o interesse de agir, de reclamar a atividadejurisdicional do Estado, para que este tutele o interesse primrio ou direito material.

    Profere-se que o interesse de agir um interesse secundrio, instrumental, subsidirio, denatureza processual, consistente na necessidade de obter uma providncia jurisdicional paraalcanar o resultado til previsto no ordenamento jurdico em seu benefcio. Para tanto, preciso

    que em cada caso concreto, a prestao jurisdicional solicitada seja necessria e adequada.O interesse processual se traduz no binmio necessidade/utilidade (arts. 3 e 4, CPC). Comefeito, a pessoa no pode usar da ao para fazer uma consulta ao Poder Judicirio. necessrio que a atuao judicial seja imprescindvel para a obteno do direito, seja porque odevedor, ou obrigado, se recusa a cumprir a obrigao ou reconhecer o direito do autor (negativado devedor), seja por imposio legal, isto , s por meio do ajuizamento da ao possvelobter a pretenso (v.g., divrcio, adoo, interdio etc.).

    Legitimao das partes (legitimatio ad causam)

    Regra geral, a ao s pode ser ajuizada por quem se declara titular do direito material em facedo obrigado ou devedor, na chamada legitimao ordinria, uma vez que somente assim possvel realmente solucionar a lide. De fato, ningum pode pedir o que no seu, e de nadaadiantaria o ajuizamento de uma ao em face de quem no o obrigado.

    Em circunstncias excepcionais, a lei permite (art. 6, CPC), na chamada substituioprocessual, ou legitimao extraordinria, que uma pessoa demande em nome prprio direito deoutrem, vejamos alguns exemplos:

    (v.g., consorte que reivindica a coisa comum que se encontra na posse de terceiros, art. 1.314,CC/2002; credor solidrio, art. 267, CC/02; Ao Popular, art. 5, LXXIII, CF; Ao Civil Pblica,

    arts. 1 e 5 ), Lei n 7.347/85- LACP; Mandato de Segurana, Lei n 1.533/51-LMS; Ministrio

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    Pblico, art. 81 do CPC, que substituto processual sempre que autorizado por Lei, como nocaso do CDC, art. 81, CPP, art. 68, Lei n 8.560/92, art. 2 etc.)

    Possibilidade jurdica do pedido

    No obstante, o direito de ao seja distinto do direito material a que visa tutelar, a proposta daobteno de uma providncia jurisdicional sobre uma pretenso tutelada pelo direito objetivo, ouseja, o pedido dever consistir numa pretenso que, em abstrato, seja tutelada pelo direitoobjetivo, isto , admitida a providncia jurisdicional solicitada pelo autor.

    Alis, nem todos os conflitos so tutelados pelo direito (v.g., questes morais, religiosas e de forointimo), e outros, ainda, so expressamente proibidos. Assim, o pedido do autor possvelquando no for direta ou indiretamente vedado pelo ordenamento jurdico. Em outros termos, opedido ser juridicamente impossvel quando o juiz, ao receber a exordial, constatar de plano asua inviabilidade (v.g., autor requer a priso civil do devedor por divida no alimentcia; autorrequer a penhora de bens pblicos; cobrana de divida de jogo etc.).

    ATENO!

    FUNO DO CURADOR ESPECIAL

    A curadoria especial, ou curador de ausentes, mnus pblico imposto pelo juiz a terceirapessoa para que, dentro do processo, represente uma das partes. Com efeito, dispe o art. 9 do

    CPC que o juiz dar curador especial: I ao incapaz, se no tiver representante legal, ou se osinteresses deste colidirem com os daquele; II ao ru preso, bem como ao revel citado por editalou com hora certa.A nomeao do curador especial tem como propsito proteger os interesses da parte curatelada,razo pela qual ele dever necessariamente responder ao pedido do autor, apresentando,conforme as circunstancias do caso, contestao, exceo, reconveno, impugnaes eembargos, sendo-lhe vedada a prtica de qualquer ato que implique disposio do direito materialdo curatelado, como confisso, transao ou reconhecimento do pedido. Na falta de elementosque possam fundamentar a contestao, o curador especial deve faz-la por negao geral (art.302, pargrafo nico, CPC), que tem o efeito de tornar controvertidos os fatos narrados napetio inicial, afastando os efeitos da revelia e impondo ao autor o nus de provar os fatos

    constitutivos de seu direito.

    CLASSIFICAO AS AES

    Quanto ao tipo de provimento pedido pelo autor, as aes so ordinariamente classificadas emaes cautelares, de conhecimento e de execuo. As aes cautelares so as que suscitammedidas jurisdicionais preventivas, a fim de acautelar interesses das partes em perigo pelademora da tutela jurisdicional nas aes de conhecimento ou de execuo. J as aes deconhecimento, ou cognio, so aquelas que invocam uma tutela jurisdicional de conhecimento,em que o Estado-juiz, aps tomar conhecimento pleno do conflito, prolata deciso que resolve alide. Ressalve-se que a Lei n 11.232, de 22 de dezembro de 2005, com vigncia para 24 de

    junho de 2006, transformou a ao de execuo fundada em titulo judicial em fase da ao deconhecimento, que no mais termina com a sentena, estendo-se at a efetiva realizao do

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    direito (atos executivos), salvo quando a executada for a Fazenda Pblica (arts. 730 e 731,CPC).

    Por ltimo, as aes de execuo so aquelas que invocam uma tutela de execuo (foraestatal), que procuram realizar praticamente o direito j reconhecido em certos ttulosextrajudiciais com eficcia executiva (art. 585, CPC), e em decises proferidas nas aes deconhecimento em desfavor da Fazenda Pblica (arts. 730 e 731, CPC).

    Como j vimos, a tutela jurisdicional se manifesta por meio de deciso, ou meio de atos deexecuo, ou por meio de medidas cautelares ou preventivas. A tutela jurisdicional sob forma dedeciso do mrito da causa pressupe um processo de conhecimento. A tutela de execuoreclama atos executrios que realizem praticamente a sentena proferida em ao deconhecimento ou ttulos extrajudiciais a que a lei atribui eficcia executiva. A tutela jurisdicionalcautelarvisa a acautelar interesses das partes em perigo pela demora da providncia jurisdicionalde conhecimento ou de execuo.

    Conforme se trate de tutela jurisdicional de conhecimento, de execuo, preventiva ou cautelar,se classificam as aes em aes de conhecimento, aes de execuo e aes cautelares.

    Aes de Conhecimento:

    O processo, de que se vale o rgo jurisdicional, se diz de conhecimento, porque atravs dele seconhecer com segurana no s a pretenso do autor comoa resistncia que lhe ope o ru,

    isto , a lide posta em juzo. Assim, as aes de conhecimento podem ser:a) meramente declaratria aquela em que o pedido do autor se resume declarao deexistncia ou de inexistncia de uma relao jurdica ou autenticidade ou falsidade dedocumento (CPC, art. 4.)2;b) condenatria declara-se a violao ao preceito legal e impe-se uma sano ao infrator, e c)c)constitutiva Ex. Separao Judicial por injria grave: declara-se a existncia de uma injriagrave e decreta a extino do vnculo conjugal. Resciso de contrato: declarado oinadimplemento contratual, segue-se a decretao da resciso do contrato.

    Aes Executivas:

    Visam um provimento satisfativo. Provocam providncias jurisdicionais de execuo. Podeacontecer que, proferida a sentena, na ao condenatria, o ru, isto , o devedor, satisfaa aobrigao. Caso no satisfaa espontaneamente a obrigao poder o credor utilizar-se do ttuloexecutivo para solicitar da jurisdio providncias indispensveis para realizar efetivamente aregra sancionadora contida na sentena.

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    Aes Cautelares:

    So aes preventivas que visam a providncias urgentes e provisrias, tendentes a assegurar

    os efeitos de um provimento principal, em perigo por eventual demora na soluo do processo.Em verdade, atravs do processo de conhecimento e de execuo, a jurisdio cumpre o ciclo desuas funes principais. Mas, para assegurar o xito dessas atividades, no raro, necessita-se daatividade cautelar.

    SUJEITOS PROCESSUAIS

    Os sujeitos do processo so pessoas, fsicas ou jurdicas, que participam da relao processual(partes), quais sejam: autor e ru. Diz-se do autor aquele que formula o pedido ao juzo, enquantoo ru aquele em face de quem o autor faz o pedido; juiz sujeito imparcial do processo,investido de autoridade para dirimir a lide; e terceiros interessados - poder ingressar como parteprincipal.

    PARTES E SEUS PROCURADORES

    Partes so pessoas, fsicas ou jurdicas, que participam da relao processual, ou seja, ossujeitos do processo. De forma geral, no processo de conhecimento so chamadas de autor eru. Diz-se autor aquele que formula o pedido ao juzo, enquanto o ru aquele em face de quemo autor faz o pedido. Note-se, no entanto, que esta denominao das partes varia conforme o tipode processo, a espcie do procedimento ou mesmo de acordo com a fase processual.

    DEVERES DA PARTES

    Embora o processo seja um jogo, todo aquele que dele participa (partes, procuradores,serventurios, auxiliares, terceiros etc.) deve proceder com probidade e lealdade, isto , sustentarsuas razoes dentro dos limites da tica, da moralidade e da boa f (princpio da probidadeprocessual), expondo os fatos conforme a verdade e evitando provocar incidentes inteis e/ouinfundados que visam apenas procrastinao do feito. Neste sentido, declara o art. 14 do CPCque so deveres das partes e todos aqueles que de qualquer forma participam do processo: I expor os fatos em juzo conforme a verdade; II proceder com lealdade e boa-f; III noformular pretenses, nem alegar defesa, cientes de que so destitudas de fundamento; IV no

    produzir provas, nem praticar atos inteis ou desnecessrios declarao do direito; V cumprircom exatido os provimentos mandamentais e no criar embaraos efetivao de provimentosjudiciais, de natureza antecipatria ou final.

    COMENTRIOS AOS ARTS. 36 A 40 DO CPC

    Conforme o art. 3do CPC, o primeiro requisito para o ingresso em Juzo consiste em que apessoas esteja no exerccio do direito da ao, isto , que lhe assista o direito de agir e quetenha, ainda, qualidade para agir, alem da possibilidade jurdica do seu pedido, ou seja, que apretenso seja suscetvel de acolhimento judicial, por estar prevista em lei. Reunindo esses trsfatores que constituem o primeiro requisito para o ingresso em juzo, a pessoa estar apta a exigir

    a prestao jurisdicional do Estado, isto , a requerer que o Estado, por via do Poder Judicirio,intervenha na contenda e a decida.

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    Todavia, para que o ingresso em juzo se concretiza, a parte interessada dever fazer-serepresentar por advogado legalmente habilitado, conforme expressa exigncia do artigo 36, CPC.Entende-se por advogado legalmente habilitado o bacharel em direito regularmente inscrito na

    Ordem dos Advogados do Brasil e em dia com suas contribuies a essa entidade de classe.O documento pelo qual se constitui um procurador a procurao, que pode ser pblica ouparticular. Pblica, quando passada em cartrio, no livro de notas do tabelio, da qual se extrai otraslado (cpia) que acompanhar a petio para o ingresso em juzo. Particular, quandoimpressa, datilografada, digitada ou manuscrita, e, de qualquer forma, assinada de prprio punhopelo outorgante, com a firma reconhecida por tabelio, conforme exigncia expressa do artigo 38,CPC. Portanto, s podem outorgar procurao particular as pessoas alfabetizadas e que estejamem condies de assinar de prprio punho.

    A pessoa capaz para ingressar em juzo deve, portanto, constituir um advogado seu procurador,outorgando-lhe a competente procurao, seja pblica ou particular. Se se tratar de pessoaabsolutamente incapaz, a procurao dever ser outorgada pelo pai ou pela me, pelo tutor oupelo curador, e, nesse caso, o incapaz ser representado; se se tratar de relativamente incapaz,ele prprio assinar a procurao, porm juntamente com o pai ou a me, o tutor ou o curador, e,nessa hiptese, o incapaz ser representado, mas apenas assistido.

    Deste modo, nenhum advogado sem estar munido de procurao poder ser admitido em juzopara tratar de causas em nome de outrem. O prprio Cdigo, porm, no mesmo artigo 37, abrindouma exceo, permite o ingresso do advogado em juzo, sem procurao, a fim de evitardecadncia ou prescrio, bem como intervir, no processo, para praticar atos reputados urgentese falte-lhe tempo para munir-se do mandato. Nesse caso, expondo a situao ao juiz, o advogado

    se comprometer a apresentar a procurao no prazo que lhe for concedido, prazo este que serde 15 (quinze) dias, prorrogvel por mais 15(quinze).

    Caso a procurao no seja apresentada no prazo, ficaro nulos e considerados de nenhumefeito todos os atos at ento praticado pelo advogado, que ficar, ainda responsvel por todasas despesas e perdas e danos que ocorrerem. (pargrafo nico, art. 37, CPC).

    Se a pessoa que pretende ingressar em juzo bacharel em direito e est com o seu diplomaregularizado, inclusive com a inscrio na Ordem dos Advogados do Brasil e quitao com ascontribuies devidas a essa instituio, pode postular diretamente em juzo, defendendo os seusprprios interesses. o que expressamente dispe o artigo 36 do CPC.

    Todavia, mesmo no sendo bacharel em direito ou no estando com seu diploma regularizado, apessoa poder ingressar pessoalmente em juzo, em defesa de seus direitos como se depreendedo artigo 36, se no lugar no houver advogado devidamente habilitado, ou se os existentesestiverem impedidos ou recusarem o patrocnio da causa. Em casos tais, o interessado deverprovar as circunstancias que ocorrerem, juntando, inclusive, declarao do advogado impedido ourecusante, conforme o caso.

    Segundo o artigo 39do CPC, cumpre o advogado, ou parte, quando postular em causa prpria:1) declarar, na petio inicial ou na contestao, o endereo em que receber as intimaes; 2)comunicar ao escrivo do processo qualquer mudana. Se tal no for feito, no primeiro caso, o

    juiz, antes de ordenar a citao, conceder prazo de 48 horas para que seja declarado o

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    endereo, sob pena de indeferimento da petio; e, no segundo caso, sero tidas como vlidasas intimaes feitas por carta registrada, para o endereo constante dos autos.

    Para evitar que nas procuraes se inscrevam, pormenorizadamente, todos os poderesconferidos ao advogado e necessrios ao acompanhamento eficiente do processo, admite a lei aoutorga demandato para o foro em geral, a que faz referencia o artigo 38, e que vem a ser aprocurao ad judicia.

    Trata-se de clusula que habilita o advogado a praticar todos os atos necessrios ao andamentodo feito e em defesa de seu constituinte. Quaisquer outros poderes, alm dos estritamentereferentes a atos do processo, devem constar expressamente da procurao, conforme determinao mesmo artigo 38.

    Da porque se inserem nas procuraes os poderes inerentes clusula ad judicia e mais osespeciais que venham a ser necessrios, tais como os de transigir, desistir, receber, dar quitao,firmar compromisso etc.

    Conforme preceitua o artigo 40, o advogado tem direito: 1) de examinar, em cartrio ou secretariade Tribunal, autos de qualquer processo, salvo os que correm em segredo de justia, a saber: osque o interesse pblico exigir sigilo; os que dizem respeito a casamento, filiao, separao decnjuges, converso desta em divrcio, alimentos e guarda de menores. Tais processos podemlivremente ser consultados e deles serem pedidas certides, quando se tratar das prprias partesou de seus advogados. As demais pessoas que demonstrarem interesse jurdico em consult-losou deles obter certides devem requere ao juiz; 2) de requerer, como procurador, vista dos autos

    de qualquer processo pelo prazo de cinco dias; 3) de retirar os autos do cartrio ou secretariapelo prazo legal, sempre que lhe competir falar neles por determinao judicial ou nos casosprevistos em lei.

    Quando o advogado retirar autos do cartrio, deve firmar recibo no livro prprio, que se denominalivro de carga, no qual o escrivo dar a respectiva baixa, por ocasio da devoluo.Se o prazo da consulta ao processo for comum s partes, somente em conjunto ou medianteprvio ajuste por petio nos autos podero os procuradores retirar os autos do cartrio.

    CAPACIDADE PROCESSUAL; DIFERENA DA CAPACIDADE CIVIL E DA CAPACIDADEPOSTULATRIA OU TCNICA

    Capacidade processual a aptido para ser sujeito, ativo ou passivo, da relao jurdicaprocessual. Embora toda pessoa possa estar em juzo, no importando a sua idade ou estadocivil, somente tm capacidade processual aquelas que possuem a chamada capacidade deexerccio ou de fato . Em outras palavras, capacidade processual a capacidade para exercitaros direitos atuando processualmente, e no apenas figurar como parte no processo.

    Capacidade civil a aptido da pessoa para exercer direitos e assumir obrigaes. Em outraspalavras, trata-se de capacidade jurdica, ou capacidade de gozo, regulada pelo direito civil.Assim, todo homem capaz de direitos e deveres processuais, isto , de ser sujeito da relaoprocessual, e, pois, tem capacidade de ser parte. (v.g. arts. 1 ao 5 do CC/02 e 8 do CPC).

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    Capacidade postulatria ou tcnica a aptido para promover aes judiciais, elaborar defesas epraticar outros atos processuais. No deve ser confundida com a capacidade processual, que,como j se disse, aptido para estar em juzo. S tm capacidade postulatria, segundo o art.

    36 do CPC e o art. 8 da Lei n 8.906/94 (EA), o bacharel em Direito regularmente inscrito noquadro de advogados da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Ministrio Pblico, noscasos expressamente autorizados pela lei (art. 81, CPC).

    Como visto, diferencia-se capacidade civil da capacidade postulatria, uma vez que esta acapacidade de pleitear em juzo os seus direitos, atravs de seu representante legal. Enquantoaquela a aptido que a pessoa tem de gozar de seus direitos civis, a partir do nascimento comvida, vez que j podem figurar como sujeito ativo e passivo de obrigaes.

    PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS

    Pressupostos processuais so todos os elementos de existncia, os requisitos de validade e ascondies de eficcia do procedimento, aspecto formal do processo, que ato de formaosucessiva, ou seja, so os requisitos necessrios para a constituio e o desenvolvimento regulardo processo. Subdividem-se em:

    Pressupostos de existncia do processo: subjetivos: Para o juiz: Investidura e para as partes :capacidade de ser parte; objetivo existncia de demanda.

    Pressupostos antecedentes, ou de existncia do processo, so aqueles que devero preexistir

    relao processual. So os requisitos necessrios para a instaurao do processo.Requisitos de validade:subjetivos: Para o juiz: capacidade e imparcialidade e para as partes(capacidade processual e capacidade postulatria);objetivos: extrnsecos(ou negativos) perempo, litispendncia, coisa julgada, conveno de arbitragem e intrnsecos ( ou positivos)-demanda apta e citao vlida.

    Destarte, os pressupostos processuais responsveis pela validade da relao processual podemser classificados sob dois aspectos distintos: os pressupostos positivos, que devem estarpresentes no processo, e os pressupostos negativos, cuja ausncia necessria para a validadeda relao processual.

    PETIO INICIAL

    Como o juiz no age de ofcio, a petio inicial " universalmente a pea preambular ou inauguraldo processo civil, independentemente do rito sobre o qual incidir, tornando-se responsvel, porconseguinte, pela instaurao da demanda e da tutela jurisdicional -pblica ou privada o instrumento, escrito, que contm o pedido do autor, assim como os demais requisitospertinentes individualizao subjetiva e objetiva da ao.

    Se ligue!!!

    Requisitos da Petio Inicial

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    O artigo 282 do CPC indica os requisitos da petio inicial.

    Indicao do juiz ou tribunal a que dirigida a petio (art. 282, I)

    Com o inciso I, aponta-se o rgo competente para conhecer da ao, em primeiro grau dejurisdio, primeira dificuldade com que se defronta o advogado, pois nem sempre de fcildeterminao.

    Nomes, prenomes, estado civil, profisso, domiclio e residncia do autor e do ru (art.282, II)

    Os incisos II, III e IV dizem respeito aos elementos da ao: partes, causa de pedir epedido.

    O inciso II exige a indicao do nome e da qualificao das partes. Contudo, em aes contramuitos rus, o nome e qualificao de cada um deles pode constar de documento anexo .

    ATENO!Em aes de reintegrao de posse, em casos como o de invases de terras porintegrantes do Movimento dos Sem Terra, tem-se com razo dispensado a indicao do nomede cada um dos invasores, sendo a ao movida contra os invasores ou ocupantes, citando-seos lderes do movimento, ou todos, com o uso de megafone. possvel, ainda em outros casos,que o juiz haja de se contentar com a descrio fsica do ru e indicao do lugar em que seencontre.

    O fato e os fundamentos jurdicos do pedido

    Determina-se a causa de pedir no apenas com a indicao da relao jurdica de que se trata(propriedade, por exemplo), mas tambm com a indicao do respectivo fato gerador (aquisioda propriedade por compra e venda, por doao, por sucesso mortis causa, etc.). Adotou, assim,o Cdigo, no a teoria da individualizao (bastaria a indicao da relao jurdicacorrespondente, especialmente nas aes reais causa de pedir imediata), mas a dasubstanciao (os fatos integram a causa de pedir causa de pedir mediata, ftica ou remota).

    Exige-se a indicao do fundamento jurdico do pedido (propriedade, por exemplo), no aindicao do dispositivo legal correspondente.

    O pedido, com as suas especificaes

    Distingue-se o pedido imediato do mediato. O pedido imediato indica a natureza da providnciasolicitada: declarao, condenao, constituio, mandamento, execuo. Pedido mediato obem da vida pretendido (quantia em dinheiro, bem que se encontra em poder do ru, etc.).

    O artigo 286 estabelece:

    Art. 286. O pedido deve ser certo ou determinado. lcito, porm, formular pedido genrico:I -nas aes universais, se no puder o autor individuar na petio os bens demandados;

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    II -quando no for possvel determinar, de modo definitivo, as conseqncias do ato ou do fatoilcito;III -quando a determinao do valor da condenao depender de ato que deva ser praticado pelo

    ru.O artigo 286 admite pedido mediato genrico nos casos que indica, provocando a prolao desentena ilquida, com remessa do autor ao procedimento de liquidao de sentena.

    facultado ainda ao autor, formular na inicial pedidos cumulativos, alternativos ou sucessivos.

    H pedidos cumulativos quando a inicial contm mais de um pedido. O artigo 292 estabelece:

    Art. 292. permitida a cumulao, num nico processo, contra o mesmo ru, de vrios pedidos,ainda que entre eles no haja conexo. 1 -So requisitos de admissibilidade da cumulao:I -que os pedidos sejam compatveis entre si;II -que seja competente para conhecer deles o mesmo juzo;III -que seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento. 2 -Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, admitir-se- acumulao, se o autor empregar o procedimento ordinrio.

    No caso de pedidos alternativos, o autor pede que o juiz acolha um ou outro dos pedidosformulados, o que pode ser necessrio em razo da natureza da obrigao afirmada. O artigo 288estabelece:

    O pedido ser alternativo, quando, pela natureza da obrigao, o devedor puder cumprir aprestao de mais de um modo.Pargrafo nico. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz lheassegurar o direito de cumprir a prestao de um ou de outro modo, ainda que o autor no tenhaformulado pedido alternativo.

    H pedidos sucessivos quando o autor formula um pedido principal e outro, para o caso de noser acolhido o primeiro.

    O valor da causa

    O valor da causa, a que se refere o inciso V, pode ser importante para fins de determinao dorgo competente, do procedimento a ser observado, dos recursos cabveis e do valor da taxajudiciria, das custas, da condenao em honorrios advocatcios e multas.O valor da causa " o 'quanto' representativo', precisado e estipulado pelo autor em moedacorrente nacional, ao tempo da propositura da ao, e atribudo na petio inicial, considerando-se, para sua fixao, regras ditadas na Lei Instrumental Civil (art. 295) ou fazendo-se suaestipulao criteriosamente, quando assim facultado"No constitui violao ao art. 282, V, do CPC a no extino de processo sem apreciao domrito, se a omisso em indicar o valor da causa no acarretar qualquer prejuzo s partes (STJ,

    1998).

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    As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados

    Na petio inicial, "dever o autor indicar de maneira especificada as provas que pretendedemonstrar o fato constitutivo do seu direito alegado, no bastando requerer ou muito menosprotestar genericamente pela 'produo de todos os meios de prova admitidos em direito'"A falta de indicao das provas que pretende produzir pode autorizar o julgamento antecipado dalide, dispensada a audincia de instruo.

    O requerimento para a citao do ru

    O requerimento de citao do ru atende fortemente ao princpio dispositivo. No o juiz quechama o ru a juzo, mas o autor, atravs do juiz.A circunstncia de no se ter requerido a citao no haver de conduzir nulidade do processose aquela foi feita e atendida pelo ru, no se podendo colocar em dvida que se postulavaprestao jurisdicional (STJ, 1994 ).Constitui nus do autor o adiantamento das custas referentes citao do ru, sem o que ela nose efetivar.

    Documentos indispensveis propositura da ao (art. 283)

    No se exige que o autor oferea, de imediato, todos os documentos em seu poder, mas apenasos indispensveis propositura da ao.

    O artigo 39,I, do CPC traz, ainda, a exigncia da indicao do endereo profissional doadvogado para onde devero ser remetidas as intimaoes.

    Como estruturar a PETIO INCIAL; Vamos a nossa oficina prtica.

    ENDEREAMENTO;

    QUALIFICAO DAS PARTES;

    NESTE TPICO NO ESQUEA DE; SIMULAR A JUNTADA DAPROCURAO E O ENDEREO PROFISSIONAL DO ADVOGADO.INDIQUE, AINDA O NOME DA DEMANDA E O RITOCORRESPONDENTE;

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    VERIFIQUE SE DEVE SER ABERTO UM TPICO PARA TRATAR DACONCESSO DOS BENEFCIOS DA GRATUIDADE JUDICIRIA,

    BEM COMO DE PRIORIDADE DE TRAMITAO;

    RESUMO DOS FATOS- SEJA BREVE E NO INVENTE DADOS. DICAMESTRA!!

    FUNDAMENTOS JURDICOS OU DO MRITOAQUI, CAPRICHE! CITE TODOS OS DISPOSITIVOS APLICVEIS AOTEMA PROPOSTO PELA BANCA;

    PEDIDOSNO ESQUEA DE REQUERER A CITAO DO RU, DE INDICAROS MEIOS DE PROVA DOS QUAIS O AUTOR IR SE SERVIR, BEMCOMO DO VALOR DA CAUSA.

    TERMINE COM:

    NESTES TERMOS,

    PEDE DEFERIMENTO.LOCAL, DATA E ANO.

    ADVOGADOOAB....

    FICA DE OLHO:

    PRAZOS RELACIONADOS A PETIO INICIALSuprir omisso da inicial (fornecer endereo para receber intimao) 48horas. Art. 39, pargrafo nico.

    Emenda em razo do no preenchimento dos requisitos dispostos nos arts.282 e 283: 10 dias. Art. 284

    Emenda em razo do no preenchimento do requisito disposto no art. 39, I: 48

    horas. Art. 39, nico.EMENDA

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    Deparando-se o juiz com petio inicial defeituosa, deve determinar que o autor a emende ou

    complete. o que dispe o artigo 284. No cumprindo o autor a diligncia, indefere a inicial (art.284, pargrafo nico), caso em que se extingue o processo, por sentena, apelvel.Ao determinar a emenda da inicial, deve o juiz indicar o defeito de que padece, para que o autorsaiba o que deve corrigir.

    INDEFERIMENTO DA INICIAL

    O artigo 295 estabelece:

    Art. 295. A petio inicial ser indeferida:

    I -quando for inepta;II -quando a parte for manifestamente ilegtima;III -quando o autor carecer de interesse processual;IV -quando o juiz verificar, desde logo, a decadncia ou a prescrio (art. 219, 5o);V -quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, no corresponder natureza da causa,ou ao valor da ao; caso em que s no ser indeferida, se puder adaptar-se ao tipo deprocedimento legal;

    VI -quando no atendidas as prescries dos arts. 39, pargrafo nico, primeira parte, e 284.Pargrafo nico. Considera-se inepta a petio inicial quando:I -lhe faltar pedido ou causa de pedir;II -da narrao dos fatos no decorrer logicamente a concluso;III-o pedido for juridicamente impossvel;IV-contiver pedidos incompatveis entre si.Recebida a inicial e citado o ru, j no cabe indeferimento da inicial, podendo, porm, decretar-se a extino do processo por inpcia da inicial.

    O Art. 285-A

    O art. 285-A foi inserido no CPC pela Lei n 11.277/06. Seu teor o seguinte:

    Art. 285-A. Quando a matria controvertida for unicamente de direito e no juzo j houver sidoproferida sentena de total improcedncia em outros casos idnticos, poder ser dispensada acitao e proferida sentena, reproduzindo-se o