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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES Professora: Cristiana Mendes MATERIAL DE APOIO. MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA. SEGUNDA PARTE. 1. MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA. A) EXISTÊNCIA DE OUTRO PROCESSO: Vínculos entre dois ou mais processos diferentes, mas que guardam entre si alguma relação ou liame. Relação de semelhança entre demandas. A.1) CONEXÃO; A.2) CONTINÊNCIA. Finalidade: Promover a eficiência processual, evitando a prolação de decisões contraditórias. B) VONTADE DAS PARTES: B.1) EXPRESSA: FORO OU CLÁUSULA DE ELEIÇÃO B.2) TÁCITA: NÃO ALEGAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA RELATIVA. Art. 54. A competência relativa poderá modificar-se pela conexão ou pela continência, observado o disposto nesta Seção. Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir. § 1o Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado. ATENÇÃO. Art. 55,§ 1º NCPC. REGRA PROCESSUAL COGENTE. ANTES, NO CPC/1973 ( Art. 105 ), falava-se: “o juiz pode ordenar a reunião”. FACULDADE DO MAGISTRADO. REGRA DISCRICIONÁRIA DO JUIZ. 2. Conexão somente incidirá na competência relativa. Se as causas conexas tramitarem em juízos com competências materiais distintas não será possível a reunião dos processos. Não se altera competência absoluta. Veja STJ AgRg no Ag 1.385.277/MS. 3. Exemplos de CONEXÃO: - Vários herdeiros em ações distintas pleiteiam a anulação do testamento por vício de consentimento. - Vários passageiros pleiteiam em ações distintas reparação civil em razão de acidente ocasionado pela empresa de ônibus.

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U N I V E R S I DA DE

CANDIDO MENDES

Professora: Cristiana Mendes

MATERIAL DE APOIO. MODIFICAÇÃO DE

COMPETÊNCIA. SEGUNDA PARTE.

1. MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA. A) EXISTÊNCIA DE OUTRO

PROCESSO: Vínculos entre dois ou mais processos diferentes, mas que

guardam entre si alguma relação ou liame. Relação de semelhança entre

demandas. A.1) CONEXÃO; A.2) CONTINÊNCIA. Finalidade: Promover

a eficiência processual, evitando a prolação de decisões contraditórias.

B) VONTADE DAS PARTES: B.1) EXPRESSA: FORO OU CLÁUSULA

DE ELEIÇÃO B.2) TÁCITA: NÃO ALEGAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA

RELATIVA.

Art. 54. A competência relativa poderá modificar-se

pela conexão ou pela continência, observado o

disposto nesta Seção.

Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais

ações quando lhes for comum o pedido ou a causa

de pedir.

§ 1o Os processos de ações conexas serão

reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles

já houver sido sentenciado.

ATENÇÃO. Art. 55,§ 1º NCPC. REGRA PROCESSUAL COGENTE. ANTES,

NO CPC/1973 ( Art. 105 ), falava-se: “o juiz pode ordenar a reunião”.

FACULDADE DO MAGISTRADO. REGRA DISCRICIONÁRIA DO JUIZ.

2. Conexão somente incidirá na competência relativa. Se as causas conexas

tramitarem em juízos com competências materiais distintas não será possível a

reunião dos processos. Não se altera competência absoluta. Veja STJ AgRg

no Ag 1.385.277/MS.

3. Exemplos de CONEXÃO:

- Vários herdeiros em ações distintas pleiteiam a anulação do testamento por

vício de consentimento.

- Vários passageiros pleiteiam em ações distintas reparação civil em razão de

acidente ocasionado pela empresa de ônibus.

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4. V. SÚMULA N. 235, STJ. A conexão não determina a reunião dos

processos, se um deles já foi julgado.

§ 2o Aplica-se o disposto no caput:

I - à execução de título extrajudicial e à ação de

conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico;

II - às execuções fundadas no mesmo título

executivo.

5. REGRA EXPRESSA NO NCPC: CONEXÃO ENTRE DEMANDA

EXECUTIVA E DEMANDA DE CONHECIMENTO E CONEXÃO ENTRE

DEMANDAS EXECUTIVAS.

§ 3o Serão reunidos para julgamento conjunto

os processos que possam gerar risco de

prolação de decisões conflitantes ou

contraditórias caso decididos separadamente,

mesmo sem conexão entre eles.

6. QUESTIONAMENTO. Ação de Alimentos e Ação de Investigação de

Paternidade são ações conexas? Mesma relação jurídica discutida em ambos

os processos

7. A conexão das causas repetitivas. “Conexão por afinidade”. Um novo modelo

no Processo Civil. Causas repetitivas são aquelas em que se discute uma

mesma tese jurídica. São causas de massa. O regramento processual atual

(CPC/1973) não foi pensado para as causas repetitivas. EX: todas as causas

em que se discute correção das contas de FGTS são repetitivas. Casa um vai a

juízo pedir para reajustar a sua conta de FGTS. Há milhões de pessoas

pedindo isso, todas alegando que os planos econômicos do governo não as

corrigiram devidamente. Nessas ações, as iniciais são idênticas. Só muda o

autor. JULGAMENTO POR AMOSTRAGEM. STJ e STF. No modelo

tradicional de conexão, essas causas podem não ter conexão. Veja artigo 976

e ss. NPCP e arts. 1036-1041, NCPC. CAUSAS “PILOTO” E

SOBRESTAMENTO DAS DEMAIS.

8. CONEXÃO É UM CONCEITO JURÍDICO-POSITIVO. VÁRIAS “ESPÉCIES”

DE CONEXÃO. CONCEITO MULTIFACETADO.

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• Art. 61, NCPC.

• Art. 113, II, NCPC.

• Art. 343, NCPC.

• Art. 516, II, NCPC.

Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou

mais ações quando houver identidade quanto às

partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma,

por ser mais amplo, abrange o das demais.

Art. 57. Quando houver continência e a ação

continente tiver sido proposta anteriormente, no

processo relativo à ação contida será proferida

sentença sem resolução de mérito, caso

contrário, as ações serão necessariamente

reunidas.

Art. 58. A reunião das ações propostas em

separado far-se-á no juízo prevento, onde serão

decididas simultaneamente.

9. REGRA: Toda continência é uma conexão? Ou vice-versa? Sim, toda

continência é uma espécie de conexão, mas, não o contrário, porque conexão

é mais ampla.

10. NOVIDADE RELATIVA: TESE QUE JÁ TINHA SIDO ADMITIDA PELA

DOUTRINA E PELA JURISPRUDÊNCIA PÁTRIAS, EM RAZÃO DA REGRA

GERAL DE PREVENÇÃO DO JUÍZO.

Art. 59. O registro ou a distribuição da petição

inicial torna prevento o juízo.

CAUSA CONTIDA: MAIS RESTRITA. AÇÃO MENOR.

CAUSA CONTINENTE: MAIS AMPLA. AÇÃO MAIOR.

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• SE A AÇÃO CONTIDA FOI PROPOSTA ANTES: REUNIÃO

DAS AÇÕES.

• SE A AÇÃO CONTINENTE TIVER SIDO PROPOSTA

ANTES: AÇÃO CUJO OBJETO ESTIVER CONTIDO SERÁ

EXTINTA SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO.

Art. 60. Se o imóvel se achar situado em mais

de um Estado, comarca, seção ou subseção

judiciária, a competência territorial do juízo

prevento estender-se-á sobre a totalidade do

imóvel.

Art. 61. A ação acessória será proposta no juízo

competente para a ação principal.

Art. 62. A competência determinada em razão

da matéria, da pessoa ou da função é

inderrogável por convenção das partes.

Art. 63. As partes podem modificar a

competência em razão do valor e do território,

elegendo foro onde será proposta ação oriunda

de direitos e obrigações.

§ 1o A eleição de foro só produz efeito quando

constar de instrumento escrito e aludir

expressamente a determinado negócio jurídico.

§ 2o O foro contratual obriga os herdeiros e

sucessores das partes.

§ 3o Antes da citação, a cláusula de eleição de

foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de

ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos

autos ao juízo do foro de domicílio do réu.

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§ 4o Citado, incumbe ao réu alegar a

abusividade da cláusula de eleição de foro na

contestação, sob pena de preclusão.

11. FORO DE ELEIÇÃO É UM EXEMPLO DE NEGÓCIO JURÍDICO

PROCESSUAL REGRA ESCRITA. INADMITE-SE CLÁUSULA VERBALIZADA.

É ATO JURÍDICO INEXISTENTE. FORO DE ELEIÇÃO: O que se elege é o

foro e não o juízo.

12. INEFICÁCIA DE ALGUMAS CLÁUSULAS DE FORO DE ELEIÇÃO.

ABUSIVIDADE. APRECIAÇÃO EX OFFICIO. NO NOVO SISTEMA

PROCESSUAL. Antes de remeter os autos para o juízo do foro do domicilio do

réu ( art. 63,§ 3º NCPC ), deverá ouvir o autor ( art. 10, NCPC ). Dimensão

substancial do contraditório. Garantia processual fundamental.

13. NOVIDADE: APRECIAÇÃO EX OFFICIO DE QUALQUER CLÁUSULA

ABUSIVA E NÃO APENAS A PROVENIENTE DOS CONTRATOS DE

ADESÃO. V. Art. 112, par. ún., CPC/1973.

PROCESSUAL CIVIL. CLÁUSULA ELETIVA

DE FORO LANÇADA EM CONTRATO DE

ADESÃO. VALIDADE, EM PRINCÍPIO.

CERCEAMENTO DE DEFESA

INOCORRENTE. ALEGAÇÃO DO PRÓPRIO

DEVEDOR. PREVALÊNCIA DA CLÁUSULA

DE ELEIÇÃO. RECURSO DESACOLHIDO.

I - A cláusula de eleição de foro inserida em

contrato de adesão é, em princípio, válida e

eficaz, salvo: a) se, no momento da

celebração, a parte aderente não dispunha

de intelecção suficiente para compreender o

sentido e as consequências da estipulação

contratual; b) se da prevalência de tal

estipulação resultar inviabilidade ou

especial dificuldade de acesso ao

Judiciário; c) se se tratar de contrato de

obrigatória adesão, assim entendido o que

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tenha por objeto produto ou serviço

fornecido com exclusividade por

determinada empresa.

II - A Segunda Seção deste Tribunal houve

por bem definir a competência, em se

tratando de contratos de adesão, sob a

disciplina do Código do Consumidor, como

absoluta, a autorizar, consequentemente, o

pronunciamento de ofício do juiz perante o

qual ajuizada a causa em primeiro grau, ao

argumento da prevalência da norma de

ordem pública que protege o consumidor e

garante sua defesa em juízo.

III - No caso, no entanto, de o próprio réu-

devedor postular pela validade da cláusula

de eleição do foro, alegando que não terá

dificuldades em sua defesa, deve a mesma

prevalecer.

(REsp 225.866/MS, Rel. Ministro SÁLVIO DE

FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA,

julgado em 09/11/1999, DJ 14/02/2000 p. 42).

NOVIDADES. COMPETENCIA

INTERNACIONAL. COOPERAÇÃO

INTERNACIONAL

1. Veja regra KompetenzKompetenz em decisão do TJRJ.

0032946-92.2011.8.19.0209 - APELACAO DES. JUAREZ

FOLHES - Julgamento: 04/02/2015 - DECIMA QUARTA

CAMARA CIVEL.

APELAÇÃO. AÇÃO DE COBRANÇA. CONTRATO

FIRMADO ENTRE AS PARTES PARA PRESTAÇÃO DE

SERVIÇOS DE COLETA DE DADOS GEOFÍSICOS

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SUBMARINOS, QUE PREVÊ CLÁUSULA ARBITRAL.

SENTENÇA DE EXTINÇÃO DO FEITO SEM

RESOLUÇÃO DO MÉRITO, NA FORMA DO ART. 267,

VII, DO CPC, RECONHECENDO COMO SENDO DO

TRIBUNAL ARBITRAL A COMPETÊNCIA PARA

JULGAMENTO DO PRESENTE FEITO, CONDENANDO

A PARTE AUTORA EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

DE R$ 5.000,00. INCONFORMISMO DE AMBAS AS

PARTES. APELAÇÃO DA PARTE AUTORA

OBJETIVANDO VER RECONHECIDA A INEFICÁCIA

DA CLÁUSULA QUE CONVENCIONOU A

ARBITRAGEM. APELAÇÃO DA PARTE RÉ

REQUERENDO A MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS

FIXADOS E A CONDENAÇÃO DA DEMANDANTE NAS

PENAS POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ POR TER

OMITIDO O COMPROMISSO ARBITRAL PARA

BUSCAR O AJUIZAMENTO DA AÇÃO DE

COBRANÇA. RECURSOS MANIFESTAMENTE

IMPROCEDENTES. 1. CLÁUSULA PRESENTE NO

CONTRATO FIRMADO ENTRE AS PARTES

PREVENDO ARBITRAGEM QUE ESTÁ EM PERFEITA

CONFORMIDADE COM O DISPOSTO NA LEI NO

9.307/96. Obrigatoriedade da solução do litígio pela

via arbitral, quando existente cláusula previamente

ajustada entre as partes (art. 4º da Lei 9.307/96). 2. A

opção pela via judicial não poderá evidentemente

prevalecer, tendo em vista que a convenção de

arbitragem trata-se de verdadeiro impedimento

processual, ou seja, uma vez instituída, qualquer

pendência contratual deve ser dirimida primeiramente

na esfera arbitral. Não incumbe ao Judiciário

pronunciar-se sobre a validade e eficácia de

convenções de arbitragem. APLICAÇÃO DO

PRINCÍPIO CONHECIDO COMO KOMPETENZ-

KOMPETENZ, POR FORÇA DO QUAL INCUMBE A

CADA ÁRBITRO (OU TRIBUNAL ARBITRAL)

PRONUNCIAR-SE ACERCA DE SUA PRÓPRIA

COMPETÊNCIA. PRECEDENTES DO STJ E DESTA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA. 3. HONORÁRIOS

ADVOCATÍCIOS FIXADOS NA SENTENÇA EM R$

5.000,00 (CINCO MIL REAIS) QUE DEVEM SER

MANTIDOS, eis que de acordo com a regra contida no

art. 20, § 4º, do CPC. Considerando que o feito foi extinto

sem julgamento de mérito em virtude da cláusula de

arbitragem pactuada entre as partes e que a causa não

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representa maior complexidade, entendo que o valor dos

honorários encontra-se adequado e bem fixado, não se

justificando sua majoração. 4. AUSÊNCIA DE

QUAISQUER DAS HIPÓTESES PREVISTAS NO

ARTIGO 17 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, A

JUSTIFICAR A APLICAÇÃO DA PENA POR LITIGÂNCIA

DE MÁ-FÉ À PARTE AUTORA (APELANTE 2). 5.

SENTENÇA MANTIDA. NEGATIVA DE PROVIMENTO

ÀS APELAÇÕES.

2. O Novo Código de Processo Civil nas relações internacionais.

COMPETÊNCIA INTERNACIONAL.

3. Imunidade da Jurisdição. Um Estado soberano não pode processar

outro Estado igualmente soberano, sem o consentimento deste. Atos de

império são protegidos e não podem ser julgados por outro País. Atos de

gestão podem. Teoria da imunidade relativa.

4. Três regras: a) Primeira regra: A grande novidade é a inclusão de um

relevante permissivo: agora, é inconteste a possibilidade de as partes

afastarem a competência da Justiça Brasileira por meio da eleição de

foro estrangeiro exclusivo em seus contratos. V. Art. 25; b) Segunda

regra: Dentre as novidades relevantes, destaca-se que a sentença

estrangeira de divórcio consensual passará a produzir efeitos no Brasil

independentemente de sua homologação. V. Art. 961,§ 5º, NCPC; c)

Terceira regra: Novas regras de competência concorrente da justiça

brasileira, nos casos de alimentos e consumidor.

5. JURISDIÇÃO INTERNACIONAL CONCORRENTE ou CUMULATIVA.

Art. 21, NCPC. Causas que também podem ser julgadas no estrangeiro.

6. Sentença estrangeira deverá ser homologada pelo STJ. Observância de

requisitos legais. V. Art., 963, NCPC.

7. Art. 22, NCPC. Outras hipóteses de competência internacional

concorrente ou cumulativa.

8. Definição de conflitos transfronteiriços. Conflitos transfronteiriços é o

termo preferencialmente utilizado na doutrina internacional. Cite-se a

título de exemplo: HILL, Jonathan. Cross-border Consumer Contracts.

Oxford: Oxford University Press, 2008.

9. Alimentos no Plano Internacional Ratificação pelo Brasil dos

termos da Convenção Interamericana sobre Obrigação Alimentar.

10. V. Convenção de Nova York de 1956 (promulgada pelo Decreto 56.826

de 02 de setembro de 1965) e da Convenção Interamericana sobre

Obrigação Alimentar, de 1989 (promulgada pelo Decreto 2428 de 17 de

dezembro de 1997). Mais recentemente, o Brasil assinou a Convenção

da Haia sobre prestação de alimentos no exterior, de 23 de novembro de

2007 em fase de ratificação.

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11. Foros concorrentes. Melhor interesse do Alimentando.

TJRJ AGRAVO DE INSTRUMENTO. DES. JOSE

CARLOS VARANDA - Julgamento: 09/04/2008 - DECIMA

CAMARA CIVEL.

EXECUCAO DE DIVIDA DE ALIMENTOS. FUGA PARA

O EXTERIOR. PENHORA DE IMOVEL. CARTA

ROGATORIA. INEFICACIA EXECUTIVA.

DESNECESSIDADE DE INTIMACAO PESSOAL.

Agravo de Instrumento. Execução de Alimentos. Penhora

de imóvel. Réu revel citado por hora certa. Fuga posterior

para o exterior. Desnecessidade de intimação pessoal.

Réu devedor de alimentos que foge do Brasil sem

fornecer endereço e deixa vultosa dívida para trás.

Aplicação do artigo 322 do Código de Processo Civil.

Decisão do magistrado que vai de encontro às normas

que visam a acelerar o processo de execução. Remessa

de carta rogatória para os EUA que resultará em

completa ineficácia do processo executório. Legislador,

ao acrescentar o art.475-J do CPC, não previu a hipótese

de o devedor escapar para o exterior. Provimento do

recurso. Ementário: 40/2008 - N. 9 - 30/10/2008

0075125-98.2002.8.19.0001 (2003.001.19369) –

APELACAO. DES. JORGE LUIZ HABIB - Julgamento:

14/10/2003 - DECIMA OITAVA CAMARA CIVEL.

OFERECIMENTO DE PENSAO ALIMENTICIA. MENOR

DOMICILIADO NO EXTERIOR. EXTINCAO DO

PROCESSO SEM JULGAMENTO DO MERITO.

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OFERECIMENTO DE

ALIMENTOS. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM

JULGAMENTO DO MÉRITO. AÇÃO DE ALIMENTOS

PROPOSTA NO EXTERIOR PELOS MENORES, ONDE

RESIDEM AMBAS AS PARTES. MELHOR INTERESSE

EM FAVOR DA PARTE MAIS FRACA DA DEMANDA.

DESPROVIMENTO DO RECURSO.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DES. LUIS FELIPE

SALOMÃO - Julgamento: 06/02/2007 – DECIMA OITAVA

CAMARA CIVEL

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AÇÃO DE SEPARAÇÃO CUMULADA COM

ALIMENTOS E ARROLAMENTO DE BENS. DECISÃO

IMPUGNADA QUE FIXA ALIMENTOS PROVISIONAIS

NO VALOR DE R$ 5.000,00 EM FAVOR DA AUTORA.

PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS ENTRE CÔNJUGES

QUE SE FUNDA NO DEVER DE ASSISTÊNCIA

MÚTUA, SUBSISTINDO AINDA QUE SEPARADOS

(ARTIGO 1694, CC/02). RECORRENTE QUE RESIDE

NOS ESTADOS UNIDOS, ONDE EXERCE A

PROFISSÃO DE PEDREIRO OU MESTRE DE OBRAS.

CASAL QUE, NA CONSTÂNCIA DO CASAMENTO,

CONSTITUIU VASTO PATRIMÔNIO, DEMONSTRADO

O ÊXITO PROFISSIONAL E O PADRÃO DE VIDA DO

RECORRENTE. RECORRIDA QUE, POR SEU TURNO,

DEDICAVA-SE AS ATIVIDADES DOMÉSTICAS.

COMPROVAÇÃO DE DIVERSOS DEPÓSITOS

REALIZADOS NO EXTERIOR, EM FAVOR DA

RECORRIDA, EM VALORES ELEVADOS. PRESENÇA,

EM COGNIÇÃO SUMÁRIA, DA NECESSIDADE DA

PRESTAÇÃO ALIMENTAR PRETENDIDA E DA

POSSIBILIDADE DO RECORRENTE. VALOR

ARBITRADO QUE SE AFIGURA ADEQUADO AO

PADRÃO DE VIDA DAS PARTES. QUESTÃO QUE

PODERÁ SER REAPRECIADA PELO JUÍZO, EM

COGNIÇÃO EXAURIENTE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA

58 DESTA EGRÉGIA CORTE. RECURSO

DESPROVIDO.

12- Relações de Consumo. Facilitação dos Direitos de Defesa do Consumidor.

Propositura no domicilio do autor ( CDC art. 101, I ). APLICAÇÃO DO CDC

AOS CONFLITOS INTERNACIONAIS DE CONSUMO. Efeitos extraterritoriais

à lei nacional brasileira. Enfatiza-se o surgimento de um novo ramo do Direito,

o Direito Internacional Privado de Proteção ao Consumidor, nascido a

partir do Direito do Consumidor e do Direito Internacional Privado. Entre

outros exemplos, está o caso da “Panasonic”, leading case em matéria de

consumo internacional. Recurso Especial n. 63.981-SP, julgado em 11 de abril

de 2000, publicada no D.J. de 20.11.2000.

13- Fundamentos: a) Nos casos de competência concorrente (o do local de onde

adveio o produto e algum foro brasileiro) ocorre o que se denomina forum shopping,

cabendo ao Consumidor escolher onde quer demandar. Novidade: no seu domicílio ou

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residência; b) Globalização e acesso a diversos mercados de consumo; c)

Vulnerabilidade dos Consumidores no âmbito internacional; d)A nova regra do

artigo 22, I do NCPC independe se o prestador de serviço ou fornecedor de produto,

ou seja, se a pessoa jurídica estrangeira atua no Brasil através de filial, sucursal ou

agência.

TRANSPORTE AÉREO INTERNACIONAL. APELAÇÃO

CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. CONTRATO DE

TRANSPORTE AÉREO INTERNACIONAL. ATRASO DE

VOO. EXTRAVIO DE BAGAGENS. DEMORA DE 4

HORAS PARA RECUPERAREM AS BAGAGENS,

ENCONTRANDO-SE UMA, TOTALMENTE

DANIFICADA. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.

DANOS MATERIAIS E MORAIS CONFIGURADOS.

INCIDÊNCIA DO CÓDIGO DE DEFESA DO

CONSUMIDOR. NÃO APLICAÇÃO DA CONVENÇÃO

DE MONTREAL. SENTENÇA QUE JULGOU

IMPROCEDENTE OS PEDIDOS QUE SE REFORMA

DIANTE DE DOCUMENTOS QUE COMPROVAM A

CONTRATAÇÃO DA APELADA. RECURSOS A QUE SE

DÁ PARCIAL PROVIMENTO. 1 - Prevalência das normas

do Código de Defesa do Consumidor, em detrimento das

disposições insertas em Convenções Internacionais,

como a Convenção de Montreal, aos casos de falha na

prestação de serviços de transporte aéreo internacional,

por verificar a existência da relação de consumo entre a

empresa aérea e o passageiro. (...) 0258533-

43.2012.8.19.0001 - APELACAO -1ª Ementa DES.

ANTONIO CARLOS BITENCOURT - Julgamento:

06/08/2014 - VIGESIMA SETIMA CAMARA CIVEL

CONSUMIDOR.

14. Art. 23, NCPC. Competência Internacional Exclusiva.

Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira,

com exclusão de qualquer outra:

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I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no

Brasil;

II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à

confirmação de testamento particular e ao inventário

e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o

autor da herança seja de nacionalidade estrangeira

ou tenha domicílio fora do território nacional;

III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de

união estável, proceder à partilha de bens situados

no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade

estrangeira ou tenha domicílio fora do território

nacional.

15. Consequências: Eventual sentença estrangeira não poderá ser

homologada. Eventual sentença estrangeira não produz efeitos no Brasil. V.

Art. 964 e parágrafo único, NCPC.

16. Art. 23, inciso I. Tanto as AÇÕES REAIS IMOBILIÁRIAS, quanto às de

caráter OBRIGACIONAL ou PESSOAL fundadas em direito real, como o

contrato de locação. TEXTO AMPLIADÍSSIMO.

17. Art. 23, inciso III. A ação para pôr fim à sociedade conjugal, ao casamento

ou á união estável pode se dar em outro País, mas os bens situados no Brasil

devem ser partilhados exclusivamente na jurisdição brasileira. Exemplo:

Homologação de Divórcio por sentença estrangeira que determinou a partilha

de um bem imóvel situado no Brasil, ou seja, o incluiu como ativo conjugal. Só

se admite homologação, se as partes dispuserem sobre a divisão. Precedentes

do STJ.

18. Eleição da Jurisdição Nacional. Atualmente, a jurisprudência é controvertida

quanto à validade da cláusula de eleição de foro na escolha da jurisdição

brasileira. Passa a ser decorrente da convencionalidade entre as partes.

19. JURISDIÇÃO INTERNACIONAL EXCLUSIVA. Art. 23 NCPC. Escolha

pelas partes da jurisdição brasileira nos contratos internacionais. Atualmente, a

jurisprudência é controvertida quanto à validade da cláusula de eleição de foro

na escolha da jurisdição brasileira.

NOVA REGRA: Passa a ser decorrente da convenção entre as partes.