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Notícias do Tribunal Superior do Trabalho 05/10/2010 Trabalhador ganha adicional por hora diurna em prorrogação de jornada O comprometimento físico, psicológico e social do indivíduo que trabalha no período noturno tem sido tema de recentes estudos nas mais diversas áreas, que concluem ser por demais danoso ao trabalhador. Nesse sentido, um empregado do Hospital Nossa Senhora da Conceição S.A. obteve o reconhecimento de seu desgaste ao ver deferido seu pedido de que as horas diurnas que trabalhou após as 5h da manhã, em jornada das 19h às 7h, sejam pagas como se fossem trabalhadas à noite, com adicional noturno e tratadas como hora reduzida noturna. A Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho, ao rejeitar agravo de instrumento do hospital, manteve a decisão benéfica ao trabalhador. Ao empregado que cumpre integralmente sua jornada de trabalho no período noturno, prorrogando-a no horário diurno, é devido o adicional no tocante à prorrogação, conforme a Súmula 60, II, do TST. Segundo o relator do agravo, ministro Maurício Godinho Delgado, embora a súmula faça referência ao adicional noturno, “entende-se ser devida, também, a hora reduzida no cálculo das horas prorrogadas no período diurno, ou seja, para aquelas prestadas após as 5h da manhã”. O ministro Godinho Delgado ressalta que a tendência do Direito do Trabalho sempre foi no sentido de “conferir tratamento diferenciado ao trabalho noturno”. O relator cita as restrições à prática do trabalho noturno - vedado a menores de 18 anos - e “o favorecimento compensatório no cálculo da jornada noturna”, ou seja, do trabalho entre 22h e 5h. Este favorecimento ocorre com a chamada redução ficta (em que a hora noturna é calculada como de 52 minutos e 30 segundos) e o pagamento do adicional noturno. Se assim é para aqueles que cumprem jornada noturna normal, considerando-se as consequências maléficas do trabalho das 22h às 5h, entende o relator que, “com muito mais razão, há de ser para aqueles que a prorrogam, porque o elastecimento do trabalho noturno sacrifica ainda mais o empregado”, concluindo que “com mais razão a prorrogação dessa jornada, após a labuta por toda a noite, deve ser quitada de forma majorada”. Em sua fundamentação, o ministro Maurício demonstrou sua preocupação com o desgaste apresentado pelo trabalhador, que, no caso, exercia suas funções em regime de 12 horas em atividade por 36 de descanso. Para o relator, “o trabalho noturno provoca no indivíduo agressão física e psicológica, por supor o máximo de dedicação de suas forças físicas e mentais em período em que o ambiente físico externo induz ao repouso”. O ministro considerou, ainda, os problemas enfrentados pelo trabalhador quanto a inserção pessoal, familiar e social. A Sexta Turma negou provimento ao agravo de instrumento em recurso de revista, acompanhando, por maioria, o voto do relator. Ficou vencido o ministro Aloysio Corrêa da Veiga em relação à hora ficta após as 5h da manhã. (AIRR - 34741- 31.2008.5.04.0008) (Lourdes Tavares) Notícias do Tribunal Superior do Trabalho 05/10/2010

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  • Notcias do Tribunal Superior do Trabalho 05/10/2010 Trabalhador ganha adicional por hora diurna em prorrogao de jornada O comprometimento fsico, psicolgico e social do indivduo que trabalha no perodo noturno tem sido tema de recentes estudos nas mais diversas reas, que concluem ser por demais danoso ao trabalhador. Nesse sentido, um empregado do Hospital Nossa Senhora da Conceio S.A. obteve o reconhecimento de seu desgaste ao ver deferido seu pedido de que as horas diurnas que trabalhou aps as 5h da manh, em jornada das 19h s 7h, sejam pagas como se fossem trabalhadas noite, com adicional noturno e tratadas como hora reduzida noturna. A Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho, ao rejeitar agravo de instrumento do hospital, manteve a deciso benfica ao trabalhador. Ao empregado que cumpre integralmente sua jornada de trabalho no perodo noturno, prorrogando-a no horrio diurno, devido o adicional no tocante prorrogao, conforme a Smula 60, II, do TST. Segundo o relator do agravo, ministro Maurcio Godinho Delgado, embora a smula faa referncia ao adicional noturno, entende-se ser devida, tambm, a hora reduzida no clculo das horas prorrogadas no perodo diurno, ou seja, para aquelas prestadas aps as 5h da manh. O ministro Godinho Delgado ressalta que a tendncia do Direito do Trabalho sempre foi no sentido de conferir tratamento diferenciado ao trabalho noturno. O relator cita as restries prtica do trabalho noturno - vedado a menores de 18 anos - e o favorecimento compensatrio no clculo da jornada noturna, ou seja, do trabalho entre 22h e 5h. Este favorecimento ocorre com a chamada reduo ficta (em que a hora noturna calculada como de 52 minutos e 30 segundos) e o pagamento do adicional noturno. Se assim para aqueles que cumprem jornada noturna normal, considerando-se as consequncias malficas do trabalho das 22h s 5h, entende o relator que, com muito mais razo, h de ser para aqueles que a prorrogam, porque o elastecimento do trabalho noturno sacrifica ainda mais o empregado, concluindo que com mais razo a prorrogao dessa jornada, aps a labuta por toda a noite, deve ser quitada de forma majorada. Em sua fundamentao, o ministro Maurcio demonstrou sua preocupao com o desgaste apresentado pelo trabalhador, que, no caso, exercia suas funes em regime de 12 horas em atividade por 36 de descanso. Para o relator, o trabalho noturno provoca no indivduo agresso fsica e psicolgica, por supor o mximo de dedicao de suas foras fsicas e mentais em perodo em que o ambiente fsico externo induz ao repouso. O ministro considerou, ainda, os problemas enfrentados pelo trabalhador quanto a insero pessoal, familiar e social. A Sexta Turma negou provimento ao agravo de instrumento em recurso de revista, acompanhando, por maioria, o voto do relator. Ficou vencido o ministro Aloysio Corra da Veiga em relao hora ficta aps as 5h da manh. (AIRR - 34741-31.2008.5.04.0008) (Lourdes Tavares) Notcias do Tribunal Superior do Trabalho 05/10/2010

  • Acompanhante de idoso, em 3 dias na semana, obtm vnculo de emprego Acompanhante que cuidou por quatro anos de idoso e que trabalhava apenas trs dias por semana obteve reconhecimento de vnculo de emprego, com direito a todas as verbas trabalhistas, como frias e 13 salrio. O direito foi confirmado pela Subseo I Especializada em Dissdios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho (SDI-1) que no conheceu recurso dos patres e manteve deciso da Quinta Turma do TST favorvel ex-empregada. Os familiares do idoso, que contrataram e demitiram a acompanhante, alegaram no processo, entre outras coisas, que o trabalho dela era independente, e, principalmente, no existia continuidade na prestao de servio, pois era realizado apenas algumas vezes por semana. Por isso, no existiria o vnculo de emprego pretendido. De acordo com o julgamento da Quinta Turma do TST, o trabalho prestado trs vezes na semana, isoladamente, no afasta o elemento continuidade exigido pelo artigo 1 da Lei n 5.859/72, desde que fique demonstrada a periodicidade com que prestado, e, por sua repetio, j se extraia a continuidade. o que se v no caso concreto. Inconformados com a deciso da Quinta Turma, que manteve julgamento anterior do Tribunal do Trabalho da 17 Regio (ES), os patres recorreram SDI-1 do TST. O juiz convocado Flvio Portinho Sirangelo, relator do processo na SDI-1, ao no conhecer o recurso da famlia do idoso, argumentou que a divergncia jurisprudencial indicada no atende Smula n. 296, I do TST, pois as decises apresentadas no tinham teor idntico ao do processo. No caso, tratavam de trabalho domstico realizado duas vezes por semana, e no trs vezes, como a situao do processo. (RR-27700-44.2003.5.17.0002) (Augusto Fontenele) Notcias do Tribunal Superior do Trabalho 01/10/2010 Universidade pagar em dobro frias remuneradas fora do prazo legal Por no ter recebido a remunerao de frias at dois dias antes do incio do perodo (artigo 145 da CLT), uma trabalhadora da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) teve reconhecido o direito de receber dobrado o valor dessa remunerao. A deciso foi da Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho que acolheu o recurso de revista da trabalhadora contra deciso do Tribunal Regional do Trabalho da 12 Regio (SC). A trabalhadora havia proposto ao trabalhista contra a Universidade requerendo, dentre outros direitos, o pagamento em dobro das frias relativas aos anos de 1998 a 2002, em que prestou servio instituio. Para a autora da ao, a Unisul efetuou o pagamento das frias somente aps a fruio efetiva desse perodo de descanso, em contrariedade ao disposto no artigo 145 da CLT. Esse dispositivo determina que a remunerao das frias deve ser paga at dois dias antes do incio do respectivo perodo.

  • Ao analisar o pedido da trabalhadora, o juzo de primeiro grau condenou a instituio ao pagamento da remunerao em dobro. Com isso, a Unisul recorreu ao TRT que, por sua vez, afastou da condenao o pagamento em dobro. Para o Regional, o pagamento em dobro tem como causa nica a concesso das frias fora do prazo de 12 meses (artigo 134 da CLT), e no o pagamento da remunerao das frias fora do prazo legal. Inconformada, a trabalhadora interps recurso de revista ao TST. O relator do recurso, ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, deu razo trabalhadora. Segundo ele, o direito s frias deve ser entendido como um perodo de plena disponibilidade para o trabalhador. Para isso, o artigo 143 da CLT, com o objetivo de proporcionar o efetivo gozo das frias concedidas, estabeleceu que a remunerao total desse perodo, includo o tero constitucional, fosse quitado antecipadamente, at dois dias antes do incio dessa fase de descanso. O atraso do empregador em antecipar esse pagamento compromete o real usufruto do direito ao descanso anual e frustra a finalidade do instituto. Assim, para coibir tal prtica, aplica-se a sano do artigo 137 da CLT, qual seja, o pagamento em dobro da remunerao de frias, concluiu o relator. O ministro ainda destacou que esse o sentido da recente Orientao Jurisprudencial n 386 da SDI-1, segundo a qual devido o pagamento em dobro da remunerao de frias, includo o tero constitucional, com base no art. 137 da CLT, quando, ainda que gozadas na poca prpria, o empregador tenha descumprido o prazo previsto no art. 145 do mesmo diploma legal. Assim, a Primeira Turma, ao acompanhar o voto do relator, decidiu, por unanimidade, dar provimento ao recurso de revista da trabalhadora e deferir o pagamento da remunerao das frias em dobro. (RR-129300-58.2005.5.12.0041) (Alexandre Caxito)