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 Material de Direitos Humanos Os direitos fu nda me nta is são fruto de gra nde evo luç ão histórica e social, que le vou a sua consagração ao que se apresenta hoje, logo, pensarmos direitos fundamentais, como “simples direitos”, não reflete a realidade, sendo que até os dias atuais, inúmeras foram às mobilizações sociais, e mutações sofridas, a sociedade sofreu mutações assim como suas necessidades, e por certo os direitos fundamentais a acompanharam. Ao longo do tempo, a sociedade deparou-se com a necessidade de proteção de alguns direitos inerentes ao ser humano, compreendendo que sem a proteção destes direitos, jamais haveria uma sociedade, justa , que pudesse perdurar ao longo dos anos, logo, compreendeu-se acima de tudo que, dever-se-ia proteger um bem que deveria estar acima de todos os outros, e ainda mais, que tal bem  jurídico protegido, deveria servir de norte a todos os demais direitos constantes do ordenamento  jurídico, sendo este bem tão precioso, denominado bem da vida, e vida esta com dignidade , e com isso a dignidade da pessoa humana ganha relevo, por certo fundada nas transformações sociais, e nas exigências de uma sociedade que clamou tal proteção. Assim, temos que o reconhecimento de direitos humanos, assim como a positivação dos direitos fundamentais apenas foi possível através da evolução histórica, ou seja, tais direitos não surgiram todos de uma vez, mas foram sendo descobertos, declarados conforme as próprias transformações da civilização humana, sendo a luta pela limitação do poder político um dos principais fatores para o acolhimento destes direitos (COMPARATO, 2003, p. 40). A primeira manifesta ção de limitação do poder político deu-se no século X a.C. quando se instituiu o reino de Israel, tendo por Rei Davi, que se proclamava um delegado de Deus, responsável pela aplicação da lei divina e não como faziam os monarcas de sua época proclamando-se ora como o  ppr io deus ora co mo um le gi slador qu e po de ri a di ze r o qu e é ju sto e o qu e é in ju sto (COMPARATO, 2003, p. 40). A Grécia Antiga também lançou bases para o reconhecimento dos direitos humanos, sendo que sua  primeira colaboração foi no sentido de colocar a pessoa humana como centro da questão filosófica, ou seja, passou-se de uma explicação mitológica da realidade para uma explicaçã o antropocentrista (MARTINS, 2003, p. 21) possibilitando então refletir sobre a vida humana. Aristóteles afirma ser o homem um animal político (ARISTÓTELES, 2004, p. 146), ou seja, que se relaciona com os de mai s, que est á in teg rado a uma comunidade, pod en do alg uns inc lusive  parti ci pa r do go ve rn o da cidade, se nd o es ta uma ou tr a co nt ri buição do s po vo s gr egos, a  possibili dade de limitaçã o do poder através da democracia que se funda na participação do cidadão nas funções do governo e na superioridade da lei (COMPARATO, 2003, p. 41). Ainda na Grécia começa-se a surgir a idéia de um direito natural superior ao direito positivo, pela distinção entre lei particular sendo aquela que cada povo da a si mesmo e lei comum que consiste na  possibilidade de distinguir entre o que é justo e o que é injusto pela própria natureza humana, essa distinção feita por Aristóteles tem como exemplo a peça Antígona onde se invoca leis imutáveis contra a lei particular que impedia o enterro de seu irmão (LAFER, 1998, p. 35). Os estóicos colaboraram com o reconhecimen to de direitos inerentes a própria condição humana ao defenderem uma liberdade interior inalienável (ISRAEL, 2005, p. 53) a do pensamento que se encontra em todas as pessoas, idéia depois continua da através de Cícero (ANDRADE, 1998, p. 12).  Na Roma clássica também existiu o ius gent ium que atribuía alguns direitos aos estrangeiros embora em quantidade inferior aos dos romanos (MIRANDA, 2000, p. 16) e a própria possibilidad e de participação do povo nos assuntos da cidade serviram de limitação para o exercício do poder 

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Material de Direitos Humanos

Os direitos fundamentais são fruto de grande evolução histórica e social, que levou a suaconsagração ao que se apresenta hoje, logo, pensarmos direitos fundamentais, como “simplesdireitos”, não reflete a realidade, sendo que até os dias atuais, inúmeras foram às mobilizaçõessociais, e mutações sofridas, a sociedade sofreu mutações assim como suas necessidades, e por certo os direitos fundamentais a acompanharam.

Ao longo do tempo, a sociedade deparou-se com a necessidade de proteção de alguns direitosinerentes ao ser humano, compreendendo que sem a proteção destes direitos, jamais haveria umasociedade, justa, que pudesse perdurar ao longo dos anos, logo, compreendeu-se acima de tudo que,dever-se-ia proteger um bem que deveria estar acima de todos os outros, e ainda mais, que tal bem

 jurídico protegido, deveria servir de norte a todos os demais direitos constantes do ordenamento jurídico, sendo este bem tão precioso, denominado bem da vida, e vida esta com dignidade, e comisso a dignidade da pessoa humana ganha relevo, por certo fundada nas transformações sociais, enas exigências de uma sociedade que clamou tal proteção.

Assim, temos que o reconhecimento de direitos humanos, assim como a positivação dos direitosfundamentais apenas foi possível através da evolução histórica, ou seja, tais direitos não surgiramtodos de uma vez, mas foram sendo descobertos, declarados conforme as próprias transformaçõesda civilização humana, sendo a luta pela limitação do poder político um dos principais fatores parao acolhimento destes direitos (COMPARATO, 2003, p. 40).

A primeira manifestação de limitação do poder político deu-se no século X a.C. quando se instituiuo reino de Israel, tendo por Rei Davi, que se proclamava um delegado de Deus, responsável pela

aplicação da lei divina e não como faziam os monarcas de sua época proclamando-se ora como o  próprio deus ora como um legislador que poderia dizer o que é justo e o que é injusto(COMPARATO, 2003, p. 40).

A Grécia Antiga também lançou bases para o reconhecimento dos direitos humanos, sendo que sua primeira colaboração foi no sentido de colocar a pessoa humana como centro da questão filosófica,ou seja, passou-se de uma explicação mitológica da realidade para uma explicação antropocentrista(MARTINS, 2003, p. 21) possibilitando então refletir sobre a vida humana.

Aristóteles afirma ser o homem um animal político (ARISTÓTELES, 2004, p. 146), ou seja, que serelaciona com os demais, que está integrado a uma comunidade, podendo alguns inclusive

  participar do governo da cidade, sendo esta uma outra contribuição dos povos gregos, a

 possibilidade de limitação do poder através da democracia que se funda na participação do cidadãonas funções do governo e na superioridade da lei (COMPARATO, 2003, p. 41).

Ainda na Grécia começa-se a surgir a idéia de um direito natural superior ao direito positivo, peladistinção entre lei particular sendo aquela que cada povo da a si mesmo e lei comum que consiste na

 possibilidade de distinguir entre o que é justo e o que é injusto pela própria natureza humana, essadistinção feita por Aristóteles tem como exemplo a peça Antígona onde se invoca leis imutáveiscontra a lei particular que impedia o enterro de seu irmão (LAFER, 1998, p. 35).

Os estóicos colaboraram com o reconhecimento de direitos inerentes a própria condição humana aodefenderem uma liberdade interior inalienável (ISRAEL, 2005, p. 53) a do pensamento que seencontra em todas as pessoas, idéia depois continuada através de Cícero (ANDRADE, 1998, p. 12).

  Na Roma clássica também existiu o ius gentium que atribuía alguns direitos aos estrangeirosembora em quantidade inferior aos dos romanos (MIRANDA, 2000, p. 16) e a própria possibilidadede participação do povo nos assuntos da cidade serviram de limitação para o exercício do poder 

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 político (COMPARATO, 2003, p. 43).

O surgimento do cristianismo também lançou bases para os reconhecimentos dos direitos humanosao limitar o poder político, através da distinção entre o que é de “César” e o que é de “Deus”, e dofato da salvação através de Jesus Cristo ser possível a todas as pessoas de todos os povos.

Segundo Jorge Miranda (2000, p. 17):“É com o cristianismo que todos os seres humanos, só por o serem e sem acepção de condições, sãoconsiderados pessoas dotadas de um eminente valor. Criados a imagem e semelhança de Deus,todos os homens e mulheres são chamados à salvação através de Jesus, que, por eles, verteu o Seusangue. Criados à imagem e semelhança de Deus, todos têm uma liberdade irrenunciável quenenhuma sujeição política ou social pode destruir.”

Entretanto embora a antiguidade tenha prestado inúmeras contribuições ao reconhecimento dedireitos relativos à pessoa humana, durante este período, práticas como a escravidão, diferenciação

 por sexo ou classe social era comum, o que não acaba com sues méritos, pois como já afirmado taisdireitos não nascem como uma revelação, mas são poupo a pouco acompanhando o própriocaminhar da civilização humana.

Direitos Humanos na Idade Medieval.

A sociedade medieval foi caracterizada pela descentralização política, ou seja, a existência de várioscentros de poder, pela influência do cristianismo e pelo feudalismo, decorrente da dificuldade de

 praticar a atividade comercial. Estava dividida em três estamentos (clero e nobreza), o clero, com afunção de oração e pregação, os nobres com o objetivo de vigiar e proteger e o povo com aobrigação de trabalhar para o sustento de todos.

A partir da segunda metade da Idade Média começa-se a difundir documentos escritosreconhecendo direitos a determinados estamentos, a determinadas comunidades, nunca a todas as

 pessoas, principalmente através de forais ou cartas de franquia (FERREIRA FILHO, 1998, p. 11).

Dentre estes documentos, merece destaque a Magna Carta, outorgada por João Sem-Terra no séculoXII devido a pressões exercidas pelos barões decorrentes do aumento de exações fiscais parafinanciar campanhas bélicas e pressões da igreja para o Rei submeter-se a autoridade papal(COMPARATO 2003, p. 71 e 72).

Tal documento reconheceu vários direitos, tais como a liberdade eclesial, a não existência deimpostos, sem anuências dos contribuintes, a propriedade privada, a liberdade de ir e vir e adesvinculação da lei e da jurisdição da pessoa do monarca (COMPARATO, 2003, p. 79 e 80).

 No campo teórico foi de fundamental importância os escritos de São Tomás de Aquino ressaltando adignidade e igualdade do ser humano por ter sido criado a imagem e semelhança de Deus edistinguindo quatro classes de lei, a lei eterna, a lei natural, a lei divina e a lei humana, esta última,fruto da vontade do soberano, entretanto devendo estar de acordo com a razão e limitada pelavontade de Deus (MAGALHÃES, 2000, p. 18 e 19).

Dalmo de Abreu Dallari (2000, p. 54) afirma que:

“No final da Idade Média, no século XIII, aparece a grande figura de Santo Tomás de Aquino, que,tomando a vontade de Deus como fundamento dos direitos humanos, condenou as violências ediscriminações, dizendo que o ser humano tem direitos naturais que devem ser sempre respeitados,chegando a afirmar o direito de rebelião dos que forem submetidos a condições indignas.”

A prática jurídica, entretanto demonstrou uma prevalência do grupo sobre o indivíduo, nãoexistindo direitos humanos universais, ou seja, reconhecidos para toda e qualquer pessoa, mas simdireitos dirigidos a determinados estamentos aliados a uma limitação territorial (RUBIO, 1998, p.

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72).

Direitos Humanos na Idade Moderna.

A descentralização política, o predomínio do magistério da Igreja Católica, o estilo de vida feudal,que caracterizaram a idade média, deixam progressivamente de existir, dando azo para a criação deuma nova sociedade, a moderna.

Essa mudança comportamental é decorrente de vários fatores tais como o desenvolvimento docomercio que criou uma nova classe, a burguesia, que não participava da sociedade feudal; aaparição do Estado Moderno, ocorrendo a centralização do poder político, ou seja, o direito passa aser o mesmo para todos dentro do reino, sem as inúmeras fontes de comando que caracterizavam omedievo; uma mudança de mentalidade, os fenômenos passam a ser explicados cientificamente,através da razão e não apenas através de uma visão religiosa, ocorrendo portanto umamundialização da cultura (MARTINÉZ, 1999, p. 115-127).

Gregorio Peces-Barba Martinéz (1999, p. 139) entende que "[...] Primero, burguesía y monarquíafueron aliadas para acabar el universo medieval, y porque el neuvo poder centralizado

 proporcionaba la seguridad que la burguesía reclamaba inicialmente [...]".

Assim, o Estado Moderno nasce aliado a nova classe burguesa, que necessitava, em sua origem deum poder absoluto, único, para poder desenvolver sua atividade com segurança, eliminando pouco a

  pouco a sociedade estamental, para uma nova sociedade onde o indivíduo começará a ter  preferência sobre o grupo.

Outro ponto importante para o reconhecimento de direitos inerentes a pessoa humana foi a ReformaProtestante que contestou a uniformidade da Igreja Católica, dando importância a interpretação

 pessoal das Sagradas Escrituras, através da razão (LALAGUNA, 1993, p. 15).

Ressalta-se o Edito de Nantes onde o Rei Enrique IV da França proclamou a liberdade religiosa,num claro reconhecimento do direito que cada pessoal tem de participar, de acreditar em umareligião, ou também de não acreditar ou não participar de nenhuma. Embora seja reconhecido oavanço de tal documento, este direito era uma mera concessão real, tanto que foi revogado por LuisXIV (RUBIO, 1998, p. 73).

 Na Inglaterra outros documentos foram de fundamental importância como o  Petition of Rights, de1628 que reclama a necessidade de consentimento na tributação, o julgamento pelos pares para a

 privação da liberdade e a proibição de detenções arbitrárias (FERREIRA FILHO, 1998, p. 12).Também a Lei de habeas corpus, de 1679 que protegia a liberdade de locomoção e que inspirouordenamento do mundo todo (COMPARATO, 2003, p. 86).

Embora tenha existido grande avanço, neste período, não se pode falar ainda em direitosconsiderados universais, ou seja, comuns a toda e qualquer pessoa apenas por pertencer a raça

humana, pois os direitos eram meras concessões reais podendo ser revogadas, ou seja, nãoconstituíam um limite permanente na atuação do poder político.

As Revoluções Inglesa, Americana e Francesa.

  Não se pode negar a importância das Revoluções inglesa, americana e francesa para oreconhecimento de direitos inerentes a pessoa humana, cada uma é claro contribuindo da suamaneira, sendo as duas; últimas as que influenciaram as constituições do século XIX (RUBIO,1998, p. 82).

A Revolução Gloriosa, esta vinculada a própria evolução histórica de reconhecimento de direitosaos ingleses e de limitação do poder real que ocorria, desde a Carta Magna sendo, portanto, umaevolução pragmática, uma continuação de conquistas anteriores e não uma ruptura com o Antigo

Regime como a Revolução Francesa (MARTÍNEZ, 1999, p. 148).O Bill of Rights de 1689, reconheceu alguns direitos ao indivíduo o direito de liberdade, o direito asegurança e o direito a propriedade privada, direitos estes que já haviam sido consagrados em outros

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documentos, entretanto como eram constantemente violados pelo poder real foram recordados naesperança de que desta fez fossem respeitados (ARAGÃO, 2001, p. 32).

Também impôs limites ao poder real, pois deslocou para o Parlamento as competências de legislar ede criar tributos, e institucionalizou a separação de poderes, eliminando o Absolutismo pela

  primeira vez desde o Início da Idade Moderna sendo esta sua principal contribuição(COMPARATO, 2003, p. 90).

Entretanto, o documento inglês impôs, a todos os súditos, uma religião oficial numa clara ofensa aao direito de liberdade de crença, servindo sob este aspecto de um instrumento daqueles que detêmo poder para fazer valer sua vontade.

Fabio Konder Comparato (2003, p. 92) afirma que:

“A Revolução Inglesa apresenta, assim, um caráter contraditório no tocante as liberdades públicas.Se, de um lado, foi estabelecida pela primeira vez no Estado moderno a separação de poderes comogarantia das liberdades civis, por outro lado essa fórmula de organização estatal, no  Bill of Rights,constituiu o instrumento político de imposição, a todos os súditos do rei da Inglaterra, de umareligião oficial.”

Portanto embora de extrema importância para a limitação do poder real através da separação de poderes e da transferência da competência de legislar e de criar tributos da pessoa do monarca parao Parlamento, tal documento, foi refratário ao cometer tamanha atrocidade com relação aos direitoshumanos, impondo uma religião oficial aos ingleses e eliminando a possibilidade de praticar outrascrenças dentro de seu território.

Muitos ingleses, temerosos pela perseguição contra aqueles que não comungavam da religião oficialacabaram fugindo para a colônia americana buscando ali um novo estilo de vida baseado naliberdade e na tolerância, carregando consigo a idéia de que existem alguns direitos inerentes à

 pessoa humana que o poder político deve respeitar (RUBIO, 1998, p. 82).

Em 1765 os colonos americanos, devido a várias imposições fiscais impostas pela metrópole,reuniram-se tentando impugna-las, com nítida influência da no taxation without representation,reivindicando o mesmo direito que os súditos da matriz possuíam, procurando criar umaconfederação, encabeçada pelo Monarca e com uma assembléia representativa para cada unidadefederada, portanto inicialmente os colonos queriam continuar sob a proteção inglesa, entretanto estasolução não foi possível dificultando cada vez mais a relação entre a Inglaterra e a América(FIORAVANTI, 2003, p. 80 e 81).

Em 1773, na cidade de Boston, um grupo de 300 pessoas lançou ao mar caixas contendo chá devidoem protesto pelos impostos instituídos pela Coroa britânica sobre produtos nativos. Em 1774 criou-se um exército comum entre as colônias demonstrando que o respeito a Metrópole estava cada vezmais frágil abrindo caminho para a Independência (RUBIO, 1998, p. 83).

Em 1776 é elaborada a Declaração de Direitos do Bom Povo da Virgínia afirmando que todos osseres humanos são livres e independentes, possuindo direitos inatos, tais como a vida, a liberdade, a

 propriedade, a felicidade e a segurança, registrando o início do nascimento dos direitos humanos nahistória (COMPARATO, 2003, p. 49).

Declara ainda que o governo tem de buscar a felicidade do povo,a separação de poderes, o direito a participação política, a liberdade de imprensa e o livre exercício da religião (RUBIO, 1998, p. 84)de acordo com a consciência individual, corrigindo portanto a maior falha do   Bill of Rigths

 britânico.

Em quatro de julho de 1776 é elaborada a Declaração de Independência dos Estados Unidos

ressaltando que todos os homens são iguais perante Deus e que este lhes deu direitos inalienáveisacima de qualquer poder político, citando a vida, a liberdade, a busca pela felicidade e relacionandouma série de abusos cometidos pelo Rei da Inglaterra, explicando os motivos da separação política.

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Após tal separação o povo norte-americano passa a ser livre para seguir seu próprio destino,elaborando em 1787 a Constituição Federal dos Estados Unidos da América que estruturou o EstadoFederal e distribuiu competências, entretanto não fez qualquer menção a direitos humanos, estesapenas tornar-se-iam constitucionais em 1791 através de dez emendas, consagrado a liberdade, ainviolabilidade do domicílio, a segurança, o devido processo legal, a proporcionalidade da pena,constitucionalizando assim os direitos inerentes a pessoa humana (RUBIO, 1998, p. 85).

Mas foi em 26 de agosto de 1789, que surge a mais importante e famosa declaração de direitosfundamentais, a  Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, a qual foi marcada pelauniversalidade dos direitos consagrados, e que “[...] afirma solenemente que qualquer sociedade emque não esteja assegurada a garantia dos direitos fundamentais nem estabelecida a separação dos

 poderes não tem constituição[6]”.

Manoel Gonçalves Ferreira Filho (1998, p. 20) comparando a Declaração Francesa com asamericanas, afirma que a primeira tem a seu favor “esplendor das fórmulas e da língua, agenerosidade de seu universalismo”, por isso foi preferida e copiada ainda que muitas vezes seusdireitos permanecessem como letra morta. Enquanto que as norte-americanas têm uma preocupaçãovoltada para a efetivação dos direitos históricos ingleses.

Entretanto a principal diferença consiste no fato dos revolucionários franceses terem escolhido o poder legislativo como o principal poder limitando tanto a atuação do poder executivo tendo do poder judiciário, enquanto que a revolução americana devido a sua experiência histórica com o parlamento inglês desconfia do legislador confiando os direitos e as liberdades a Constituição,limitando o exercício do poder político a esta norma superior.

Segundo Maurizio Fioravanti (2003, p. 83):

“En pocas palabras, se puede afirmar que la revolución francesa confía los derechos y libertades a laobra de un legislador virtuoso, que es tal porque es altamente representativo del pueblo o nación,más allá de las facciones o de los intereses particulares; mientras que la revolución america

desconfía de las virtudes de todo legislador – también del elegido democráticamente ... y, así, confíalos derechos y libertades a la constitución, es decir, a la posibilidad de limitar al legislador con unanorma de orden superior.”

Embora existam diferenças, tanto a Declaração Francesa quanto as americanas e com menosintensidade o  Bill of Rights inglês contribuirão com o surgimento do Estado de Direito e com aconstitucionalização dos direitos inerentes à pessoa humana.

A consagração do artigo 16 da  Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão destacou,realmente a trajetória dos direitos fundamentais, “de modo que não há praticamente constituiçõesque não tenham dedicado espaço aos direitos ou liberdade fundamentais[7]”.

 Nesta esteira, podemos destacar a importância da Declaração Universal dos Direitos do Homem,

datada de 10 de dezembro de 1948, quando aprovada pela Assembléia Geral das Nações Unidas emParis, neste momento destacou-se a internacionalização dos direitos humanos, fixando-se agora emum contexto internacional os direitos fundamentais, o que naturalmente ensejaria uma maior 

 prevalência destes no contexto do ordenamento jurídico interno.

A partir daí, os direitos fundamentais, passaram a ganhar relevo, tanto na esfera internacional,quanto no ordenamento jurídico interno de cada Estado, passou-se a enxergar os direitosfundamentais sob outra ótica, uma ótica da necessidade, a isonomia passou a estar presente sempreladeando os direitos fundamentais, sua previsão sempre buscando a limitação do poder estatal, paraque pudesse prevalecer a liberdade individual.

Por certo o caminho foi longo, começou-se de forma tímida até atingir o momento atual, o cenáriotalvez ainda não seja o que almejamos, mas muito há que se fazer, a trilha foi percorrida, omomento é melhor, mas ainda longe de findar-se temos que como demonstrado neste brevecontexto histórico, trilhar nosso caminho, principalmente tentando efetivar estes direitos

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fundamentais.

Conceitos:

I. Direitos do homem

Direitos naturais, direitos de cunho jus naturalista. Sabe-se que temos, mas não sabemos porque temos.

Segundo a doutrina, a vida, a integridade, a liberdade a igualdade integram o chamadoDireito Natural, porque nascem com a pessoa, ou seja, pertencem ao indivíduo desde quenasce. O Direito Natural precede o Direito Positivo, porque o primeiro é do indivíduo,enquanto o segundo é elaborado para organizar grupos de indivíduos.

II. Direitos fundamentais

Direitos que estão positivados na constituição do Estado, é um direito escrito naconstituição, constitucionalizado. A ausência dos direitos fundamentais em umaconstituição torna-a inócua.

III. Direitos humanos

Expressão do direito internacional, não é uma expressão do direito constitucional. É própria dos tratados internacionais.

A constituição andou muito bem nessas definições (ver §§ 1 a 3ª do art. 5º).

Quais os pontos de divergência entre os direitos humanos e os direitos fundamentais? Qual 

categoria de direito é mais ampla?

O ponto de convergência é que protegem pessoas. Mas os direitos fundamentais protegem menos,haja vista que os direitos fundamentais não são exercitáveis por todas as pessoas, já os direitos

humanos são. Ex. o direito de voto é um direito fundamental, mas algumas pessoas não podemvotar (conscritos e estrangeiros). Os direitos humanos podem ser vindicados por qualquer cidadãodo planeta em qualquer situação.

 

Conteúdo e Fundamento dos DH

Direitos humanos têm conteúdo indivisível. Os direitos humanos, que se sucedem em gerações,seguindo a linha histórica: 1ª civis e políticos; 2º econômicos, sociais e culturais; 3º grupos e/oucoletividades. Nos direitos humanos não há essa divisão, um direito não sobrevive sem o outro. Nãoadianta ter direito à vida (civil) e não ter direito à educação (social). Os direitos se retroalimentam,têm conteúdo indivisível.

Além de indivisíveis, os DH são universais, interdependentes e interrelacionados. Basta a condiçãode ser humano para que se possa ter garantidos esses direitos (universalidade dos DH). Não existemais separação das gerações dos direitos, hoje um depende do outro, não há falar-se em gerações dedireitos, o que existem são direitos, independentemente da geração (interdependência do DH). Osvários sistemas internacionais de proteção dos DH conversam, se comunicam com a finalidade demelhor de amparar (interrelação dos sistemas de proteção aos DH).

O Brasil faz parte da OEA (sistema de proteção regional dos DH – sistema interamericano) e daONU (sistema global de proteção dos DH). Esses sistemas regionais se comunicam através de vasoscomunicantes existentes nos tratados internacionais de direitos humanos.

Ex. vc chegou até o Supremo e não consegui proteger o seu direito. É possível optar entre o sistemaregional e o sistema global, visando observar o tratado internacional que mais vai amparar. Osistema global é regido pelo Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (1966, Nova Iorque).

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O sistema regional é regido pela Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San Jose daCosta Rica, 1969). Mas, a rigor, o cidadão tem de esgotar os recursos internos.

 No PIDCP, a petição é remetida para o Comitê de direitos humanos das Nações Unidas. OBS: oBrasil não ratificou ainda esse protocolo facultativo ao PIDCP.

É possível propor uma ação contra o Brasil na CIDH, a qual, por sua vez, havendo violação desses

direitos, peticiona-se perante a comissão interamericada, que vai propor uma ação na corteinteramericada de direitos humanos (Washington, DC.), que vai condenar o Estado brasileiro a pagar uma indenização à vítima.

Características Fundamentais dos Direitos Humanos

I. Historicidade: os DH são um construído histórico, começaram a se desenvolver em 1945.

II. Universalidade: os DH são universais, basta a condição de ser pessoas para que se possa reclamar ou vindicar a sua proteção.

III. Essencialidade: são essenciais por natureza sob dois aspectos, são material e

formalmente essenciais. Pertencem ao bloco de constitucionalidade (Marcelo Novelinoensina que a expressão foi cunhada por Louis Favoreu, referindo-se a todas as normas doordenamento jurídico francês que tivessem status constitucional.Canotílio, por sua vez,ao tratar do bloco de constitucionalidade oferta-lhe sentido de referência, ou seja, apenasas normas que servem de parâmetro (referência) fariam parte deste bloco. Aqui aexpressão é tomada em sentido restrito. Existem outros autores, entretanto, que a tomamno sentido amplo. Para estes, o bloco de constitucionalidade engloba não apenas asnormas formalmente constitucionais, mas todas aquelas que versem sobre matériaconstitucional, alcançando, assim, a legislação infraconstitucional (como o TIDHTratado Internacional de Direitos Humanos, por exemplo).

OBS: o inciso IV do §4º do art. 60, ao prever que integram o núcleo rígido da CF osdireitos e garantias individuais, erro ao não mencionar os direitos coletivos. O incisodeve ser lido como direitos fundamentais, para também abranger os direitos coletivos(Ingo Sarlet).

Também são essencialmente formais, porque na topografia do texto, vêm antes daorganização do Estado.

IV. Irrenunciabilidade: os DH não podem ser desautorizados pelo seu titular. Aautorização do seu titular da violação do direito não justifica a sua violação.

V. Inalienabilidade: os DH não autorizam a sua desinvestidura e, portanto, a suacessão onerosa ou gratuita.

VI. Inexauribilidade: os DH são inesgotáveis, não terminam nunca, não acabam nunca.A cláusula de inexauribilidade está prevista no art. 5º, §2º, principalmente na expressão“não exclui” (§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição

 

não excluem outros

decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que

a República Federativa do Brasil seja parte.).

VII. Imprescritibilidade: direitos humanos previstos em tratados são imprescritíveis.

OBS: para a CF apenas alguns crimes são imprescritíveis[1].

Crimes perpetrados no regime da ditadura podem ser punidos atualmente? Tramita na

 justiça federal em São Paulo ação que visa punir esses crimes praticados pelos militares.O governo militar sancionou a lei de anistia. Sustenta o MPF que não tem a lei ordináriao condão de eximir de responsabilidade crime contra direitos humanos. A Argentina e oChile já condenaram seus ditadores. Para a CIDH as leis de autoanistia são nulas de

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 pleno direito.

O que é efeito cliquet   [2] ?   Nome que se dá ao princípio da vedação do retrocesso.Atualmente, mesmo o poder constituinte originário, não pode retroceder para suprimir direitos fundamentais. A CIDH revogou o excerto da constituição chilena que proibia aexibição de filme anticristianismo.

Gerações

1ª) Direitos de liberdade (lato senso)

São compostos pelos direitos civis e políticos. São direitos do Século XVIII, quando o povo passoua participar do processo decisório do Estado por meio das assembléias.

2ª) Direitos de igualdade

Surgida no Século XIX, os direitos não individuais ou dos grupos, representa no plano estrito odireito à igualdade econômica, à igualdade social (trabalho, lazer, cultura, educação, previdênciasocial) e à igualdade cultura (educação, instrução).

OBS: a declaração universal de 1948 reúne essas duas gerações.3ª) Direitos da fraternidade

Direitos de grupos e/ou coletividades, como direito ao desenvolvimento, à paz e ao meio ambiente.

4ª) Direitos da solidariedade

Paulo Bonavides coloca na sua obra uma quarta geração de direitos. São os direitos que resultam daglobalização dos direitos fundamentais. Ex, direito à democracia, direito à informação, direito ao

 pluralismo, direito à ordem. Direitos que são mais que programáticos, são direitos meta.

5ª Direitos da Esperança

Direito de porvir, direito do amanhã, direito de ir à lua e fazer o que quizer, direito à solidariedadeuniversal, os Estados devem ter compaixão, múltuo desenvolvimento econômico.

OBS: os autores de direito humanos e a teoria dos direitos humanos condenam essa sucessãogeracional de direitos, os direitos se cumulam, um não é melhor que o outro, em razão de doisfundamentos: a teoria geracional dos direitos está historicamente incorreta (em 1919 nasceu a OIT,surgimento de direitos sociais. Os direitos civis e políticos só nasceu com mecanismos internacionalem 1966, pacto de nova iorque); é uma teoria juridicamente infundada (René Cassan criou a tríadeliberdade, igualdade e fraternidade que foi adotado pela Doutrina)

Gênese e Origens Histórias / Marcos do Processo Internacional dos Direitos Humanos

A proteção internacional nasce do século XIX e XX, com três primeiros marcos históricos:

1) Direito Humanitário

O surgimento do direito humanitário, que só existe em caso de conflito armado internacional,impede que civis, mulheres sejam mortos, militares presos sejam devolvidos, veda o saqueamento.A ajuda humanitária é prevista, o estado que bombardeia tem de promover a ajuda humanitária.

2) Liga das Nações

A liga das nações, que nasceu depois da I Guerra Mundial, para tentar impedir a eclosão de umsegundo confronto armado. Ela teve o propósito de impedir uma segunda guerra mundial. Essafinalidade já bastou para reafirmar a existência de direitos que suplantam a soberania. A liga dasnações antecedeu à ONU.

3) As convenções da OIT

OBS: denúncia de um tratado é um distrato, ou seja, desvinculação de um tratado. Em regra, é

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cabível a denúncia dos tratados e convenções. Artur Bernardes, Presidente, em 1926, denunciou otratado por não ter sido aceito no Conselho da ONU apoiado no parecer de Bebé. Clóvis Beviláqua,supostamente por corrupção, admitiu a denúncia. Em 1996, Fernando Henrique denunciou aconvenção da OIT que admite a estabilidade no emprego privado com base no mesmo parecer.Sucede que a denúncia do FHC, via decreto, não teve aprovação do Congresso. A CONTAG

ingressou com uma ADI em 1997 afirmando que da mesma forma que o Presidente da República precisou a autorização do CN para ratificar, precisa da autorização da ratificação (ADI-1625[3]). Segundo a doutrina, é inconstitucional denunciar tratado sem o consentimento do legislativo.

OBS: A Carta Internacional De Direitos Humanos é o resultado desses três marcos, é a junção dacarta da ONU, da DUDH e os dois pactos de nova Iorque de 1966. O direito das nações, as ligas dasnações e as convenções da OIT são os precedentes históricos do processo de internacionalizaçãodos DH.

Contribuições dos três precedentes

1) Colocaram os indivíduos na condição de sujeitos de direito internacional público

O indivíduo passou a ter direitos, deixando os tratados de estabelecer obrigações, não havia o TPI.O indivídio tem capacidade postulatória processual ativa, podem demandar e também temcapacidade processual passiva, ou seja, podem ser demandados por um TPI, e ser punido não emnome do Estado para o qual agia, mas pessoalmente (Cançado Trindade, Hildebrando Acioly).

 

2) Flexibilizou do conceito tradicional de soberania absoluta

O Estado, apesar de ser soberano, pode aceitar submissão a tribunais internacionais.

 

3) Mudança interna de mentalidade das agendas governamentaisOs governos passaram a tratar os direitos humanos de uma forma diferente, ou seja, se até meadosdo século XX, 90% das questões eram de questão técnica (fiscal, moeda, alfadegária, economia),hoje a tônica são as questões afetas a direitos humanos.

Surgimento da Carta Internacional dos Direito Humanos

Esse direito só vai se formar a partir da II Guerra (1939-1945).

 

 Nasce em 1945 os DireitosHumanos.

 Na II Guerra ocorreu o genocídio dos judeus, 11 milhões levados aos campos de concentração com6 milhões de morte. Não existia a vedação do genocídio pelo Estado no plano internacional, o

Estado alemão destituiu a nacionalidade dos judeus, passando os judeus a serem pessoasindesejadas, tirando a cidadania dos judeus. Fatos que levaram a necessidade de um sistema de proteção a direitos fundamentais.

Passos concretos para criação de um sistema que impedisse esse tipo de violação:

1. Instituir Tribunais

1) Criação de tribunais internacionais. Primeiro foram criados os tribunais primitivos,tribunais de vencedores contra vencidos: a) tribunal de Nuremberg; b) tribunal deTóquio.

2) Sob o poder de vigilância da ONU, foram criados mais dois tribunais, tribunais ad 

hoc, também de exceção: tribunal para crimes cometidos na ex-Iugoslávia (Haia, 1993) etribunal para crimes cometidos em Ruanda (Tanzânia, 1994). Criados por resolução daassembléia-geral da ONU, para cuja instituição não se quer mais do que 9 votos dosmembros do Conselho de Segurança, incluído o dos 5 permanentes, dentre os 15.

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3) Criação do tribunal permanente, de caráter também penal: TPI (criado em 1992, e emvigor em 2002). O TPI foi instituído pela modalidade tratado internacional, só écompetente para apurar crimes ocorrido a partir da sua instituição.

 

2. Arquitetura de um sistema internacional de proteção

 Nasce a partir da Carta das Nações Unidas de 1945, se desenvolve com a DUDH, chegando a suamaturidade com os dois pactos de Nova Iorque de 1966 (Pacto Internacional dos Direito Civis ePolíticos e Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais).

 

3. Instituição de Sistemas Regionais

A CADH é o instrumento mais importante.

Organização das Nações Unidas

Criada em 1945, pela Carta de São Francisco. Foi inicialmente firmada por 51 Estados, hoje são

193.Buscavam esses Estados como propósitos e finalidades:

I. Preservar as gerações vindouras dos flagelos da guerra;

A ONU foi criada para evitar uma terceira guerra mundial.

II. Igualar, soberanamente, Estados grandes e pequenos, fortes e fracos;

III. Impor sanções aos Estados que recorrerem à guerra como forma de soluçãode suas contendas internacionais;

IV. Manter a paz e a estabilidade das relações internacionais;

Direito de soberania e ingerência externaDentro da carta da ONU tem o art. 2 (7) existe o princípio de não ingerência em assuntos internos.Esse princípio é a base da teoria da soberania. Todos os atos praticados dentro da jurisdição doEstado é competência do Estado. Excepcionalmente, a ONU pode se ingerir em assuntosdomésticos quando se tratar de direitos humanos lato senso.

7. Nenhum dispositivo da presente Carta autorizará as Nações Unidas a intervirem em assuntos quedependam essencialmente da jurisdição de qualquer Estado ou obrigará os Membros asubmeterem tais assuntos a uma solução, nos termos da presente Carta; este princípio, porém, não

 prejudicará a aplicação das medidas coercitivas constantes do Capitulo VII.

Direitos humanos são assuntos da humanidade. Não depende essencialmente da jurisdição interna,autorizando a ONU a intervir nos assuntos domésticos.

Órgãos das Nações Unidas

É composta por seis órgãos básicos:

I. Assembléia-Geral

Órgão principal da ONU, grande foro sobre os problemas da humanidade. Em razãodisso a votação é igualitária. Todos os Estados participam. São 193 votos e votam por maioria.

A Assembléia trata de todos os assuntos que envolverem problemas afetos à carta das

nações únicas, exceto o que envolver segurança coletiva, que é reservada ao Conselho deSegurança.

A AG se manifesta por resoluções e recomendações.

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II. Corte Internacional de Justiça

Judiciário das Nações Unidas, composta por 15 juízes de notável saber jurídico, eleitos pela AG e indicados pelos Estados-membros. O candidato a juiz tem de satisfazer osmesmos requisitos da mais alta corte do seu país. Isso pode causar uma certaincongruência no sistema internacional.

Ex. é possível ter um juiz com 20 anos de idade ou com 70 anos de idade. No Brasil temde ser entre 35 e 65 anos.

 Não existe uma regra específica, mas sempre teve um juiz americano, um frances, umrusso, um chinês, um inglês.

A CIJ só julga Estados, é um tribunal cível. Não tem competência sobre pessoas físicas.Para julgar pessoas físicas só o TPI.

A CIJ e a CIDH tem uma semelhança, as duas são cíveis. Só que a CIJ só julga relaçãoEstado-Estado (não são raros os processos). Na CIDH tem duas possibilidades: Estado-Estado (nunca houve um processo) e indivíduo-Estado (todos são dessa espécie).

 No TPI, o litígio é entre a Justiça Pública Internacional contra o indivíduo. O procurador  processará o indivíduo.

III. Conselho de Segurança

Zela pela segurança do planeta, impede ataques armados, guerra de conquista, invasõesarbitrárias. É composto por 15 membros, dentre os quais 5 são permanentes (fixos) e 10são não-permanentes, com mandato de 2 anos cada um.

Os não-permanentes são escolhidos de acordo com a disposição geográfica do planeta.

As deliberações só podem ser aprovadas com a concordância dos 5 membros permanentes, ainda que seja interessado na decisão (não há regra de impedimento), e

mais 4 membros não-permanentes. Em razão disso os EUA não foi proibido de invadir oIraque. Dessa forma, se um dos membros do permanente discordar da decisão podevetar. Nessa ótica se um dos permanentes comete um crime, ele só pode ser condenadose não vetar a decisão dos 4 permanentes e dos outros 5 não permanentes.

OBS: o cidadão de Estado permanente não é imune ao TPI.

ARTIGO 23 - 1. O Conselho de Segurança será composto de quinze Membros das Nações

Unidas. A China, a França, a Russia, o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do norte e osEstados unidos da América serão membros permanentes do Conselho de Segurança. A AssembléiaGeral elegerá dez outros Membros das Nações Unidas para Membros não permanentes do Conselhode Segurança, tendo especialmente em vista, em primeiro lugar, a contribuição dos Membros das

 Nações Unidas para a manutenção da paz e da segurança internacionais e para osoutros propósitosda Organização e também a distribuição geográfica equitativa.

2. Os membros não permanentes do Conselho de Segurança serão eleitos por um período de doisanos. Na primeira eleição dos Membros não permanentes do Conselho de Segurança, que se celebredepois de haver-se aumentado de onze para quinze o número de membros do Conselho deSegurança, dois dos quatro membros novos serão eleitos por um período de um ano. Nenhummembro que termine seu mandato poderá ser reeleito para o período imediato.

3. Cada Membro do Conselho de Segurança terá um representante.

IV. Conselho Econômico e Social (ECOSOC, em inglês)

O nome deveria ser conselho econômico, social e culturais. É o conselho que tutela asegunda geração dos direitos humanos (direitos econômicos, sociais e culturais).

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É dentro desse conselho que o tema direitos humanos está dentro da ONU.

O CES possui dois órgãos: 1) Conselho de Direitos Humanos; 2) Comitê de DireitoInternacional. Todos os tratados de direitos internacional técnicos nasceram de estudosda CDI da CES.

V. Conselho de Tutela

Deixou de existir praticamente em 1994. Criado para os territórios sob tutela parafomentar o espírito de independência. Um dos últimos países assessorados foi Timor Leste. Hoje quase não existem territórios tutelados.

 

CAPÍTULO XIII

CONSELHO DE TUTELA

COMPOSIÇÃO

ARTIGO 86 - 1. O Conselho de Tutela será composto dos seguintes Membros das Nações

Unidas:a) os Membros que administrem territórios tutelados;

 b) aqueles dentre os Membros mencionados nominalmente no Artigo 23, que não estiverem

administrando territórios tutelados; e

c) quantos outros Membros eleitos por um período de três anos, pela Assembléia Geral, sejam

necessários para assegurar que o número total de Membros do Conselho de Tutela fique

igualmente dividido entre os Membros das Nações Unidas que administrem territórios tutelados e

aqueles que o não fazem.

2. Cada Membro do Conselho de Tutela designará uma pessoa especialmente qualificada para

representá-lo perante o Conselho.

FUNÇÕES E ATRIBUIÇÕES

ARTIGO 87 - A Assembléia Geral e, sob a sua autoridade, o Conselho de Tutela, no

desempenho de suas funções, poderão: a) examinar os relatórios que lhes tenham sido

submetidos pela autoridade administradora; b) Aceitar petições e examiná-las, em consulta com

a autoridade administradora; c) providenciar sobre visitas periódicas aos territórios tutelados em

épocas ficadas de acordo com a autoridade administradora; e d) tomar estas e outras medidasde conformidade com os termos dos acordos de tutela.

ARTIGO 88 - O Conselho de Tutela formulará um questionário sobre o adiantamento político,

econômico, social e educacional dos habitantes de cada território tutelado e a autoridade

administradora de cada um destes territórios, dentro da competência da Assembléia Geral, fará

um relatório anual à Assembléia, baseado no referido questionário.

VOTAÇÃO

ARTIGO 89 - 1. Cada Membro do Conselho de Tutela terá um voto. 2. As decisões do Conselho

de Tutela serão tomadas poruma maioria dos membros presentes e votantes.

PROCESSO

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ARTIGO 90 - 1. O Conselho de Tutela adotará seu próprio regulamento que incluirá o método de

escolha de seu Presidente. 2. O Conselho de Tutela reunir-se-á quando for necessário, de

acordo com o seu regulamento, que incluirá uma disposição referente à convocação de reuniões

a pedido da maioria dos seus membros.

ARTIGO 91 - O Conselho de Tutela valer-se-á, quando for necessário,da colaboração doConselho Econômico e Social e das entidades especializadas, a respeito das matérias em que

estas e aquele sejam respectivamente interessados.

VI. Secretariado

Em regra o secretário-geral é originário de país pobre.

CAPÍTULO XV

O SECRETARIADO

ARTIGO 97 - O Secretariado será composto de um Secretário-Geral e do pessoal exigido pela

Organização. o Secretário-Geral será indicado pela Assembléia Geral mediante a recomendação doConselho de Segurança. Será o principal funcionário administrativo da Organização.

ARTIGO 98 - O Secretário-Geral atuará neste caráter em todas as reuniões da Assembléia

Geral, do Conselho de Segurança, do Conselho Econômico e Social e do Conselho de Tutela edesempenhará outras funções que lhe forem atribuídas por estes órgãos. O Secretário-Geral fará umrelatório anual à Assembléia Geral sobre os trabalhos da Organização.

ARTIGO 99 - O Secretário-Geral poderá chamar a atenção do Conselho de Segurança para qualquer assunto que em sua opinião possa ameaçar a manutenção da paz e da segurança internacionais.

ARTIGO 100 - 1. No desempenho de seus deveres, o Secretário-Geral e o pessoal do Secretariado

não solicitarão nem receberão instruções de qualquer governo ou de qualquer autoridade estranha à organização. Abster-se-ão de qualquer ação que seja incompatível com a

sua posição de funcionários internacionais responsáveis somente perante a Organização. 2.

Cada Membro das Nações Unidas se compromete a respeitar o caráter exclusivamente

internacional das atribuições do Secretário-Geral e do pessoal do Secretariado e não procurará

exercer qualquer influência sobre eles, no desempenho de suas funções.

ARTIGO 101 - 1. O pessoal do Secretariado será nomeado pelo Secretário Geral, de acordo com

regras estabelecidas pela Assembléia Geral. 2. Será também nomeado, em caráter permanente,

o pessoal adequado para o Conselho Econômico e Social, o conselho de Tutela e, quando for 

necessário, para outros órgãos das Nações Unidas. Esses funcionários farão parte do

Secretariado. 3. A consideração principal que prevalecerá na escolha do pessoal e na

determinação das condições de serviço será a da necessidade de assegurar o mais alto grau de

eficiência, competência e integridade. Deverá ser levada na devida conta a importância de ser a

escolha do pessoal feita dentro do mais amplo critério geográfico possível.

 

Direitos Humanos da ONUA carta das nações, não obstante ter pretendido proteger todos os direitos humanos e liberdadesfundamentais para todos, sem distinção ..., ela não disciplinou em qualquer de seus dispositivos o

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que se entendem por “direitos humanos e liberdades fundamentais”.

ARTIGO 1 - Os propósitos das Nações unidas são:

1. Manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim: tomar, coletivamente, medidas

efetivas para evitar ameaças à paz e reprimir os atos de agressão ou outra qualquer ruptura da

 paz e chegar, por meios pacíficos e de conformidade com os princípios da justiça e do direitointernacional, a um ajuste ou solução das controvérsias ou situações que possam levar a uma

 perturbação da paz;

foi esse o motivo que levou a CDH, com a autorização da CES, a contratar um professor dauniversidade de paris, 1945, Dr. Renê Cassin (lê-se cassam), para redigir um documento ondeficassem positivados o que se entende por direitos humanos e liberdades fundamentais. Essedocumento foi a interpretação autêntica do conceito de direitos humanos. O professor apresentouem 10.12.1948 um documento, com 30 artigos e precedidos de um preâmbulo de 7“considerandos”, que recebeu o nome de Declaração Universal dos Direitos Humanos. A DUDHsupriu a lacuna legislativa da carta das nações unidas.

René Cassan, professor da Sorbene, com base no lema da revolução francesa, liberdade, igualdade efraternidade, ele escalonou os direitos humanos em duas gerações: direitos da liberdade (civis e

 políticos); direitos da igualdade (sociais, culturais e econômicos). Assegurou o princípio daindivisibilidade dos direitos humanos, os direitos se cumulam.

DUDH/1948Introdução e princípios

Finalidade

A DUDH/1948 veio ser a interpretação autêntica da carta da ONU em relação a expressão direitoshumanos constante em vários dispositivo dessa última norma.

Firmada em 10.12.1948, e a partir dessa data passaram a surgir tratados internacional sobre direitoshumanos no âmbito da ONU.

Estrutura da declaração

A DUDH/1948 tem uma estrutura bipartite. A parte 1, do art. 1º ao 21, cuida dos direitos de primeira geração (direitos de liberdade); a parte 2, do art. 22 ao 30, versa sobre os direitos desegunda geração (direitos da igualdade). Não existe uma parte 3 para versar sobre direitos dafraternidade na DUDH, estão em textos exparsos.

Os direitos constantes na DUDH/1948 são os direitos conquistados no século XVIII (direitos civis e políticos) e no século XIX (direitos sociais, econômicos e culturais).

OBS: Os direitos da fraternidade no âmbito internacional. Em 1948 não se conheciam os direitos dafraternidade. A partir de 1972, I Conferência das NU sobre meio ambiente humano em Estocolmo,onde chegou a conclusão de que o mundo estaria em perigo. Em 1992 foi realizada a II conferenciadas NU sobre meio ambiente e desenvolvimento no Rio de Janeiro. Nasce aqui o conceito dedesenvolvimento com sustentabilidade. No Rio foram firmados dois tratados: convenção da

 biodiversidade biológica; convenção sobre mudança climática, essa com dois protocolos – sobrecamada de ozônio (Montreal) e sobre o efeito estufa (kioto). O Brasil participa de todos eles. Em2002 foi realizada a III conferência em Joahnesburgo (Rio +10).

OBS: a DUDH deu o direito , mas não fixou as garantias, que foram instituídas no Pactointernacional dos direitos civis e políticos e no Pacto internacional dos direitos sociais, econômicose culturais (ambos de 1966).

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Texto da DUDH/1948

Direitos Civis e Políticos

Artigo I

Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciênciae devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.

Artigo II

Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração,sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou deoutra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

Artigo III

Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo IV

 Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão

 proibidos em todas as suas formas.Artigo V

 Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.

[A CF/88 copiou esse dispositivo no art. 5º]

Artigo VI

Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei.

Artigo VII

Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todostêm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contraqualquer incitamento a tal discriminação.

Artigo VIII

Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais competentes remédio efetivo para os atosque violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.

Artigo IX

 Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo X

Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de umtribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento dequalquer acusação criminal contra ele.

Artigo XI

1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que a suaculpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenhamsido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.

2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíamdelito perante o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta pena mais forte do que

aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.Artigo XII

 Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua

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correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da leicontra tais interferências ou ataques.

Artigo XIII

1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cadaEstado.

2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.Artigo XIV

1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países.

Asilo não é para proteger pessoa perseguida por nacionalidade, sexo, cor, língua, religião etc., mas  para proteger chefe de Estado vítima de perseguição política. Existem duas espécies de asilo políticos: 1) diplomático: entrada na embaixada autorizada pelo chefe de Estado da nação amiga. Ésempre temporário, pois o perseguido pede ao chefe de Estado sucessor salvo-conduto. 2)territorial: ingresso efetivo dentro do território do estado amigo.

2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de

direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas.Artigo XV

1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.

2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar denacionalidade.

Artigo XVI

1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião,têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao

casamento, sua duração e sua dissolução.2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes.

Artigo XVII

1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.

2.Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.

Artigo XVIII

Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui aliberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo

ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.

Artigo XIX

Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, seminterferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

Artigo XX

1. Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas.

2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

Artigo XXI

1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de sue país, diretamente ou por intermédio

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de representantes livremente escolhidos.

2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.

3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente queassegure a liberdade de voto.

 Direitos Econômicos, Sociais e Culturais

Artigo XXII

Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforçonacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado,dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livredesenvolvimento da sua personalidade.

Artigo XXIII

1.Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveisde trabalho e à proteção contra o desemprego.

2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.

3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure,assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que seacrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.

4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus interesses.

Artigo XXIV

Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e

férias periódicas remuneradas.Artigo XXV

1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bemestar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociaisindispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ououtros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle.

2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as criançasnascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

Artigo XXVI

1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares efundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessívela todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.

2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e dofortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução

 promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais oureligiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.

3. Os pais têm prioridade de direito n escolha do gênero de instrução que será ministrada a seusfilhos.

Artigo XXVII1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir asartes e de participar do processo científico e de seus benefícios.

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2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer  produção científica, literária ou artística da qual seja autor.

Artigo XVIII

Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdadesestabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.

Artigo XXIV1. Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno desenvolvimento de sua

 personalidade é possível.

2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às limitaçõesdeterminadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeitodos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública edo bem-estar de uma sociedade democrática.

3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e princípios das Nações Unidas.

Artigo XXX  Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento aqualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer atodestinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.

 

Relativismo VS. Universalismo Cultural

Corrente universalista: os direitos humanos são universais e devem prevalecer à sua cultura, se asua cultura estiver violando direitos humanos.

Corrente relativista: os direito chamados são relativos e cedem às práticas culturais.Mutilação clitoriana de recém-nascidos. Cultura de derminados países na Africa. Na ConvençãoViena entendeu-se que as particularidades dos Estados devem ser respeitadas, mas não pode sesobrepor aos direitos.

Novos Princípios de Direitos Humanos

5. Todos os Direitos do homem são universais, indivisíveis, interdependentes e interrelacionados. Acomunidade internacional tem de considerar globalmente os Direitos do homem, de forma justa eequitativa e com igual ênfase. Embora se devam ter sempre presente o significado dasespecificidades nacionais e regionais e os antecedentes históricos, culturais e religiosos, competeaos Estados, independentemente dos seus sistemas político, económico e cultural, promover e

 proteger todos os Direitos do homem e liberdades fundamentais.(Conferência de Viena/1993)

 

I. Universalidade

Os direitos humanos se aplicam a todas as pessoas de forma igual. Pertencem aouniverso das pessoas. Basta que se possa ser humano para que se possa vindicar osdireitos humanos.

II. Indivisibilidade

Os direitos humanos são indivisíveis, uma categoria depende da outra. uma geraçãodepende da outra. Por isso que se diz a indivisibilidade não se dividem os direitoshumanos em gerações.

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 Não existe fundamento histórico para a geração dos direitos. Os direitos civis e políticos,no plano internacional, só aparecem com o pacto de Nova Iorque em 1966, sendo queem 1919 já tinha a OIT, que elabora convenções internacionais do trabalho, que tutelamdireitos de segunda geração. Essa geração não faz sentido. A teoria geracional cria umaescala de valores, imprimido mais importância aos direitos de primeira geração aos dasgerações posteriores.

III. Interdependência

Os sistemas internacionais de direitos humanos são dialógicos, os sistemas coexistemuns com os outros. Assim, não há prevalência de normas superiores, posteriores ou maisespecíficas (monólogos). no caso concreto não se pensa na interpretação tradicional, masna norma mais favorável ao homem (princípio pro homine).

IV. Interrelacionariedade

Os indivíduos que sofrerem lesões a direitos humanos, é possível escolher o aparatomais benefício, sem passar por regras de processo. É possível ir direto para o sistemaglobal.

Os sistemas internacionais de proteção dos direitos humanos (global e regionais) não seexcluem mutuamente, mas, ao contrário, coexistem, permitindo à vítima escolher oaparato mais benéfico à proteção do seu direito violado.

Do sistema que o meu país participa eu posso escolher o aparato mais benéfico.

Impacto da DUDH

 A DUDH impactua no direito interno estatal e no direito internacional?

Impacto interno

A DUDH tem servido de paradigma e referencial ético a vários textos constitucionais

contemporâneos, que inclusive copiaram vários dispositivos da declaração universal em seus textos.Ex. o art. V da DUDH/48 que fala da tortura foi literalmente copiado pelo inciso III do art. 5º daCF/88.

Impacto internacional

Depois da DUDH quase todos dos tratados de direitos humanos fazem referência a ela no seu preâmbulo.

Grande maioria dos tratados regionais também se referem à DUDH/48 em seu preâmbulo.

A DUDH/48 tem servido de modelo para conclusão dos tratados internacionais modernos sobredireito humanos.

 Nos julgamentos internacionais fazem referência rotineiramente os tribunais.

Regulamentação processual da DUDHA DUDH não previu as garantias, estas instituídas pelos pactos de Nova Iorque.

O sistema global é formado basicamente por 4 instrumentos:

1) Carta das nações unidas de 1945;

2) Declaração universal dos direitos humanos de 1948;

3) I Pacto internacional de nova Iorque (pacto internacional de direitos civis e políticos de 1966);

4) II Pacto internacional de nova iorque (pacto internacional de direitos econômicos, sociais e

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culturais);

OBS: A somatória desses instrumentos é conhecida por  Carta Internacional dos DireitosHumanos. Perceba que a CIDH é a junção de vários textos internacionais.

Criação dos mecanismos de proteção

Vieram para criar instrumentos processuais que permitam fazer valer os direitos da DUDH em um

Tribunal internacional.Também vieram para ampliar os direitos humanos previstos na DUDH.

PIDCP de 16.12.1966 (vigor em 26.3.1976)

1) Criados para proteger os direitos da primeira geração (vida, liberdade, consciência, crença,sufrágio).

2) Duplicou o rol de direitos civis e políticos da DUDH;

3) Trouxe os mecanismos de monitoramento dos direitos humanos;

a. Mecanismo da queixa interestatal: se algum país do sistema que ratificou o pacto

 perceber que outro país que ratificou está violando direitos humanos pode informar àONU.

 b. Mecanismo dos relatórios estatais: uma vez por ano, os estados-parte tem devoluntariamente apresentar um relatório circunstanciado expondo todas as violações adireitos humanos e propondo as medidas.

c. Mecanismo de petições individuais: Foi feito um protocolo facultativo adicional aoPIDCP em 1966 para permitir que o cidadão demande o Estado perante o sistema dasnações unidas.

OBS1: O Brasil ratificou o PIDCP em 1992, ao lado do PIDESC, mas não ratificou o

 protocolo facultativo ao PIDCP que prevê o mecanismo de petições individuais (apesar de ter assinado).

OBS2: Existe um segundo protocolo facultativo é relativo à abolição da pena demorte, o qual o Brasil sequer assinou.

PIDESC de 1966

1) Ampliou os direitos humanos;

2) Demandam uma atuação positiva do Estado; a aplicação desse tratado tem aplicação dificultada por depender da atuação do Estado.

3) A diferença entre um pacto e outro é a aplicabilidade: o primeiro (sobre DCP), que trata dedireitos de primeira geração, tem aplicação imediata; o segundo (sobre DESC), que trata de direitosde segunda geração, tem aplicação protraída;

4) A semelhança é que ambos vinculam os Estados-parte;

Quando um TIDH ingressa no ordenamento como Emenda, ele passa a ser paradigma de controle deconstitucionalidade. O controle de convencionalidade tem como paradigma os demais tratados econvenções internacionais.

 

Sistema Regional Interamericano

Além do sistema global, existem sistemas regionais de proteção dos direitos humanos (s. europeu, s.asiático, s. africano e s. interamericano).

Instrumentos que forma o sistema regional interamericano

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1. Carta da OEA de 1948;

2. Declaração americana dos direitos e deveres do homem de 1948;

3. Convenção Americana sobre Direitos Humanos (correspondente do PIDCP, apelidada de Pactode San Jose da Costa Rica);

Ratificado pelo Brasil em 1992.

4. Protocolo à CADH em matéria de DESC (celebrado na capital de El Salvador: San Salvador, em1988, apelidado de Protocolo de San Salvador);

Ratificado pelo Brasil em 1999.

Sistema global Sistema interamericano

Carta da ONU (1945) Carta da OEA (1948)

DUDH (12/1948) DADDH (10/1948)

PIDCP (1966) CADH (1969)

PIDESC (1966) Protocolo de San Salvador (1988) 

O Pacto de San José não preve o ingresso automático no sistema interamericano. Só em 1998 oBrasil aceitou a jurisdição do sistema interamericado (decreto legislativo 89/98).

A rigor, só se pode ir à Corte Interamericana por fatos posteriores ao ingresso do Brasil.Recentemente, a Corte Interamericana vem admitindo por fatos anteriores que produziram efeitos

 para depois do ingresso.

CADH (Pacto de San José da Costa Rica)

Adotada e aberta à assinatura na Conferência Especializada Interamericana sobre Direitos

Humanos, em San José de Costa Rica, em 22 de novembro de 1969 e ratificada pelo Brasil em 25de setembro de 1992.

Estrutura do Pacto

Embora tenha capítulo sobre DESC, a CADH não prevê esses direitos, mas um dispositivogenérico, programático. O Protocolo de San Salvador (1968) implementou o art. 26.

Capítulo III

Direitos Econômicos, Sociais e Culturais

Artigo 26

Desenvolvimento progressivo.Os Estados Membros comprometem-se a adotar as providências,tanto no âmbito interno, como mediante cooperação internacional, especialmente econômica etécnica, a fim de conseguir progressivamente a plena efetividade dos direitos que decorrem dasnormas econômicas, sociais e sobre educação, ciência e cultura, constantes da Carta da Organizaçãodos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de Buenos Aires, na medida dos recursosdisponíveis, por via legislativa ou por outros meios apropriados.

 

 Na parte I tem-se os DCP; na parte II tem-se o processo internacional de direitos humanos da primeira parte.

A parte II cria dois órgãos:I. Comissão IDH

A comissão nasceu com a carta da OEA, em 1948, com o fim de “processar” os Estados-

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  parte, mas sem caráter jurisdicional. O Pacto de San Jose recriou a comissãointeramericana de direitos humanos, desdobrando-a para servir como órgão da OEA; ecomo órgão do Pacto. Só ainda serve como órgão da OEA enquanto existirem Estadosque não ratificaram o Pacto.

 

O exercício da comissão enquanto órgão da OEA ocorre quando:1) Na hipótese de o Estado não ter ratificado o pacto;

2) Quando o Estado ainda não aceitou a jurisdição da Corte.

O problema só vai para a Corte quando a Comissão não resolver o problema.

Artigo 34

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos compor-se-á de sete membros, que deverão ser  pessoas de alta autoridade moral e de reconhecido saber em matéria de

Direitos Humanos.

Artigo 35A Comissão representa todos os Membros da Organização dos Estados Americanos.

Artigo 36

§1. Os membros da Comissão serão eleitos a título pessoal, pela Assembléia Geral da

Organização, a partir de uma lista de candidatos propostos pelos governos dos Estadosmembros.

A comissão européia é integrada por Estados, situação que enseja lobiees. Nesse ponto o

§2. Cada um dos referidos governos pode propor até três candidatos, nacionais do Estado que os propuser ou de qualquer outro Estado-membro da Organização dos Estados Americanos. Quando

for proposta uma lista de três candidatos, pelo menos um deles deverá ser nacional de Estadodiferente do proponente.

Artigo 37

§1. Os membros da Comissão serão eleitos por quatro anos e só poderão ser reeleitos uma vez, porém o mandato de três dos membros designados na primeira eleição expirará ao cabo de doisanos. Logo depois da referida eleição, serão determinados por sorteio, na Assembléia Geral, osnomes desses três membros.

§2. Não pode fazer parte da Comissão mais de um nacional de um mesmo país.

Artigo 38

As vagas que ocorrerem na Comissão, que não se devam à expiração normal do mandato, serão preenchidas pelo Conselho Permanente da Organização, de acordo com o que dispuser o Estatuto daComissão.

Artigo 39

A Comissão elaborará seu estatuto e submetê-lo-á à aprovação da Assembléia Geral e expedirá seu próprio Regulamento.

Artigo 40

Os serviços da Secretaria da Comissão devem ser desempenhados pela unidade funcionalespecializada que faz parte da Secretaria Geral da Organização e deve dispor dos recursosnecessários para cumprir as tarefas que lhe forem confiadas pela Comissão.

Funções da comissão

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Artigo 41

A Comissão tem a função principal de promover a observância e a defesa dos Direitos Humanos e,no exercício de seu mandato, tem as seguintes funções e atribuições:

§1. Estimular a consciência dos direitos humanos nos povos da América.

§2. Formular recomendações aos governos dos Estados Membros, quando considerar conveniente,

no sentido de que adotem medidas progressivas em prol dos direitos humanos no âmbito de suasleis internas e seus preceitos constitucionais, bem como disposições apropriadas para promover odevido respeito a esses direitos.

§3. Preparar estudos ou relatórios que considerar convenientes para o desempenho de suas funções.

§4. Solicitar aos governos dos Estados Membros que lhe proporcionem informações sobre asmedidas que adotarem em matéria de direitos humano.

§5. Atender às consultas que, por meio da Secretaria Geral da Organização dos EstadosAmericanos, lhe formularem os Estados Membros sobre questões relacionadas com os direitoshumanos e, dentro de suas possibilidades, prestar-lhes o assessoramento que lhes solicitarem.

§6. Atuar com respeito às petições e outras comunicações, no exercício de sua autoridades, deconformidade com o disposto nos "artigos 44 a 51" desta Convenção.

Cansado Trindade diz que a comissão existe basicamente para atuar com respeito às petições.

§7. Apresentar um relatório anual à Assembléia Geral da Organização dos Estados Americanos.

Artigo 42

Os Estados Membros devem submeter à Comissão cópia dos relatórios e estudos que, em seusrespectivos campos, submetem anualmente às Comissões Executivas do Conselho InteramericanoEconômico e Social e do Conselho Interamericano de Educação, Ciência e Cultura, a fim de queaquela zele para que se promovam os direitos decorrentes das normas econômicas, sociais e sobre

educação, ciência e cultura, constantes da Carta da Organização dos Estados Americanos,reformada pelo Protocolo de Buenos Aires.

Artigo 43

Os Estados Membros obrigam-se a proporcionar à Comissão as informações que esta lhes solicitar sobre a maneira pela qual seu direito interno assegura a aplicação efetiva de quaisquer disposiçõesdesta Convenção.

 No sistema da CADH a pessoa tem que ingressar na comissão, que exerce juízo deadmissibilidade e, entendendo cabível a petição atuará como legitimado extraordinário.

Artigo 44

Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidades não governamental legalmente reconhecida emum ou mais Estados Membros da Organização, pode apresentar à Comissão petições que contenhamdenúncias ou queixas de violação desta Convenção por um Estado Membro.

Artigo 45

§1. Todo Estado Membro pode, no momento do depósito do seu instrumento de ratificação destaConvenção, ou de adesão a ela, ou em qualquer momento posterior, declarar que reconhece acompetência da Comissão para receber e examinar as comunicações em que um Estado Membroalegue haver outro Estado Membro incorrido em violações dos Direitos Humanos estabelecidosnesta Convenção.

§2. As comunicações feitas em virtude deste artigo só podem, ser admitidas e examinadas se foremapresentadas por um Estado Membro que haja feito uma declaração pela qual reconheça a referidacompetência da Comissão. A Comissão não admitirá nenhuma comunicação contra um Estado

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Membro que não haja feito tal declaração.

§3. As declarações sobre reconhecimento de competência podem ser feitas para que esta vigore por tempo indefinido, por período determinado ou para casos específicos.

§4. As declarações serão depositadas na Secretaria Geral da Organização dos Estados Americanos, aqual encaminhará cópia das mesmas aos Estados Membros da referida Organização.

 Note que existe uma condição: aceitar a competência da comissão;Artigo 46

§1. Para que uma petição ou comunicação apresentada de acordo com os "artigos 44 ou 45" sejaadmitida pela Comissão será necessário:

a) Que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna, de acordo com os princípios de Direito Internacional geralmente reconhecidos.

 b) Que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a partir da data em que o presumido prejudicado em seus direitos tenha sido notificado da decisão definitiva.

c) Que a matéria da petição ou comunicação não esteja pendente de outro processo de soluçãointernacional.

d) Que, no caso do "artigo 44", a petição contenha o nome, a nacionalidade, a profissão, o domicílioe a assinatura da pessoa ou pessoas ou do representante legal da entidade que submeter a petição.

 

São 3 os requisitos de admissibilidade: 1) ter esgotado os recursos da jurisdição interna (princípiodo prévio esgotamento dos recursos internos); 2) prazo de 6 meses a partir da data da decisão final;3) inexistência de litispendência internacional com outro órgão internacional

§2. As disposições das alíneas "a" e "b" do inciso 1 deste artigo não se aplicarão quando:

a) Não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, o devido processo legal para a proteção do direito ou direitos que se alegue tenham sido violados;

 b) Não se houver permitido ao presumido prejudicado em seus direitos o acesso aos recursos da jurisdição interna, ou houver sido ele impedido de esgotá-los; e

c) Houver demora injustificada na decisão sobre os mencionados recursos.

Artigo 47

A Comissão declarará inadmissível toda petição ou comunicação apresentada de acordo com osartigos 44 ou 45 quando:

§1. Não preencher algum dos requisitos estabelecidos no artigo 46;§2. Não expuser fatos que caracterizem violação dos direitos garantidos por esta Convenção;

§3. Pela exposição do próprio peticionário ou do Estado, for manifestamente infundada a petição oucomunicação ou for e vidente sua total; improcedência; ou

§4. For substancialmente reprodução de petição ou comunicação anterior, já examinada pelaComissão ou por outro organismo internacional.

Seção 4 – Processo

Artigo 48

§1. A Comissão, ao receber uma petição ou comunicação na qual se alegue a violação de qualquer dos direitos consagrados nesta Convenção, procederá da seguinte maneira:

a) Se reconhecer a admissibilidade da petição ou comunicação, solicitará informações ao Governo

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do Estado ao qual pertença a autoridade apontada como responsável pela violação alegada etranscreverá as partes pertinentes da petição ou comunicação. As referidas informações devem ser enviadas dentro de um prazo razoável, fixado pela Comissão ao considerar as circunstâncias decada caso.

  b) Recebidas as informações, ou transcorrido o prazo fixado sem que sejam elas recebidas,verificará se existem ou subsistem os motivos da petição ou comunicação. No caso de não existiremou não subsistirem, mandará arquivar o expediente.

c) Poderá também declarar a inadmissibilidade ou a improcedência da petição ou comunicação, com base em informação ou prova supervenientes.

d) Se o expediente não houver sido arquivado, e com o fim de comprovar os fatos, a Comissão  procederá, com conhecimento das partes, a um exame do assunto exposto na petição oucomunicação. Se for necessário e conveniente, a Comissão procederá a uma investigação para cujaeficaz realização solicitará, e os Estados interessados lhe proporcionarão, todas as facilidadesnecessárias.

e) Poderá pedir aos Estados interessados qualquer informação pertinente e receberá, se isso for 

solicitado, as exposições verbais ou escritas que apresentarem os interessados; ef) Por-se-á à disposição das partes interessadas, a fim de chegar a uma solução amistosa do assunto,fundada no respeito aos direitos reconhecidos nesta Convenção.

g) Entretanto, em casos graves e urgentes, pode ser realizada uma investigação, mediante prévioconsentimento do Estado em cujo território se alegue houver sido cometida a violação, tão somentecom a apresentação de uma petição ou comunicação que reúna todos os requisitos formais deadmissibilidade.

Artigo 49

Se se houver chegado a uma solução amistosa de acordo com as disposições do inciso 1, "f", do

artigo 48, a Comissão redigirá um relatório que será encaminhado ao peticionário e os EstadosMembros nesta Convenção e posteriormente transmitido, para sua publicação, ao Secretário Geralda Organização dos Estados Americanos. O referido relatório conterá uma breve exposição dosfatos e da solução alcançada. Se qualquer das partes no caso o solicitar, ser-lhe-á proporcionada amais ampla informação possível.

Artigo 50

§1. Se não se chegar a uma solução, e dentro do prazo que for fixado pelo Estatuto da Comissão,esta redigirá um relatório o qual exporá os fatos e suas conclusões. Se o relatório não representar, notodo ou em parte, o acordo unânime dos membros da Comissão, qualquer deles poderá agregar aoreferido relatório seu voto em separado.

Também se agregarão ao relatório as exposições verbais ou escritas que houverem sido feitas pelosinteressados em virtude do inciso 1, "e", do artigo 48.

§2. O relatório será encaminhado aos Estados interessados, aos quais não será facultado publicá-lo.

§3. Ao encaminhar o relatório, a Comissão pode formular as proposições e recomendações que julgar adequadas.

Artigo 51

§1. Se no prazo de três meses, a partir da remessa aos Estados interessados do relatório daComissão, o assunto não houver sido solucionado ou [não houver sido]submetido à decisão da

Corte pela Comissão ou pelo Estado interessado, aceitando sua competência, a Comissão poderáemitir, pelo voto da maioria absoluta dos seus membros, sua opinião e conclusões sobre a questãosubmetida à sua consideração.[4]

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a) A Comissão fará as recomendações pertinentes e fixará um prazo dentro do qual o Estado devetomar as medidas que lhe competir para remediar a situação examinada.

  b) Transcorrido o prazo fixado, a Comissão decidirá, pelo voto da maioria absoluta dos seusmembros, se o Estado tomou ou não as medidas adequadas e se publica ou não seu relatório.

 

Terminado o processo na comissão, após lançar o primeiro relatório (primeiro informe), esta lançaum segundo relatório (segundo informe) e notifica a Assembléia-Geral da OEA sobre a desídia doEstado respectivo, que poderá tomar as seguintes medidas:

1) Embargos;

2) Sanções econômicas;

3) Impedimento de trânsito;

4) Proibição de venda, importação e exportação de mercadorias;

5) Intervenção no Estado terceiro e punição do Estado respectivo.

 II. Corte IDH

Enquanto na comissão tem um desdobramento funcional (órgão do parto e da comissão).A corte, criada em 1969, é órgão só do pacto, tem sede em San José na Costa Rica,

  possui duas competências: 1) competência consultiva; 2) competência contenciosa (oBrasil aceitou em 1998).

Artigo 52

§1. A Corte compor-se-á de sete juízes, nacionais dos Estados Membros da Organização, eleitos atítulo pessoal dentre juristas da mais alta autoridade moral, de reconhecida competência em matéria

de direitos humanos, que reúnam as condições requeridas para o exercício das mais elevadasfunções judiciais, de acordo com a lei do Estado do qual sejam nacionais, ou do Estado que os

 propuser como candidatos.

§2. Não deve haver dois juízes da nacionalidade.

Artigo 53

§1. Os juízes da Corte serão eleitos, em votação secreta e pelo voto da maioria absoluta dos EstadosMembros na Convenção, na Assembléia Geral da Organização, a partir de uma lista de candidatos

 propostos pelos mesmos Estados.

§2. Cada um dos Estados Membros pode propor até três candidatos nacionais do Estado que os

 propuser ou de qualquer outro Estado-membro da organização dos Estados Americanos. Quando se propuser uma lista de três candidatos, pelo menos um deles deverá ser nacional dos Estadosdiferente do proponente.

Processo internacional de direitos humanos

[1] 

Tratamento constitucional em crimes graves

Racismo Inafiançável Imprescritível

Ação de grupos armados, civis oumilitares, contra a ordem constitucionale o Estado Democrático

Inafiançável Imprescritível

Prática de tortura Inafiançável (prescreve) Insuscetível de graça, anistia ou indulto

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 Tráfico ilícito de entorpecentes e drogasafins

Inafiançável (prescreve) Insuscetível de graça, anistia ou indulto

 Terrorismo Inafiançável (prescreve) Insuscetível de graça, anistia ou indulto

Crimes hediondos Inafiançável (prescreve) Insuscetível de graça, anistia ou indulto

 

[2] Aparelho de alpinismo que se prende à cintura do alpinista que impede que ele deslize para

 baixo na corda.[3] O Tribunal retomou julgamento de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura -CONTAG e pela Central Única dos Trabalhadores - CUT contra o Decreto 2.100/96, por meio do qual o Presidente da República torna pública adenúncia, pelo Brasil, da Convenção 158 da OIT, relativa ao término da relação de trabalho por iniciativa do empregador — v. Informativos 323 e421. O Min. Joaquim Barbosa, em voto-vista,

 

 julgou o pedido integralmente procedente para declarar a inconstitucionalidade do decreto impugnado por entender não ser possível ao Presidente da República denunciar tratados sem o consentimento do Congresso Nacional. Salientou, inicialmente,que nenhuma das Constituições brasileiras tratou especificamente do tema relativo à denúncia de tratados internacionais e que os artigos 49, I e 84,VIII, da CF/88, embora não admitissem a participação do Congresso Nacional na denúncia dos tratados, também não seriam expressos ao vedar essa participação. Tendo isso em conta, reputou necessário analisar o papel que o Congresso Nacional possuiria historicamente na processualística dostratados internacionais. No ponto, ressaltou que o papel do Legislativo na história constitucional brasileira não se limitaria a uma postura meramente passiva de aprovação ou reprovação de tratados, e citou ocasiões em que o Poder Legislativo aprovou tratado com ressalvas, ou até mesmo oemendou. ADI 1625/DF, rel. orig. Min. Maurício Corrêa, 3.6.2009 (Informativo 549).

[4] A comissão não submete o relatório para a corte quando:

1) Na hipótese de o Estado não ter ratificado o pacto;

2) Quando o Estado ainda não aceitou a jurisdição da Corte.