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Toyota lidera mercado com 'produção sem desperdícios' A liderança da companhia japonesa é resultado direto do "toyotismo" - um método que foi copiado em todo o mundo, até mesmo pelas concorrentes diretas da empresa. O "toyotismo" - que prevê a produção em times pequenos, com um líder, e visa a eliminação de todos os tipos de desperdício - também foi aos poucos adotados por indústrias no Brasil. A partir de uma série de técnicas e métodos, o sistema de produção da Toyota procura eliminar desperdícios do processo de produção, como forma de atingir a melhor qualidade, o menor custo e o menor tempo de produção, explica o engenheiro de produção. Além disso, só é construído o carro que já tiver sido vendido. A base desse sistema é a produção enxuta: todo processo que não agrega valor ao produto oferecido ao cliente deve ser eliminado . Esse pensamento passa pelo estoque - que deve ser mantido reduzido -, transporte e processos produtivos. "No caso de um produto que seja feito do outro lado do mundo (de onde os fornecedores de peças estão) não dá para eliminar o transporte, mas o objetivo é esse". 'Modelo mental' Com resultados positivos , o toyotismo tem sido implementado por diversas empresas em todo o mundo. No Brasil, a siderúrgica Alcoa foi pioneira no processo. Ninguém, entretanto, atingiu ainda o nível de excelência da própria Toyota. As empresas esbarram no modelo cultural de administração. "Há anos a GM e a Ford tentam copiar esses processos. Mas falta o modelo mental (japonês)". Segundo o Lean Institute Brasil, um dos produtos da Ford que usaram, com certo sucesso, elementos do sistema produtivo da Toyota, foi a linha EcoSport. O modelo da Toyota se apoia na melhoria contínua dos processos, a partir do desenvolvimento de todos os envolvidos, num movimento que engloba produção, administração, relacionamento com clientes e fornecedores. O papel dos executivos na empresa é diferente da maioria das empresas: "Um líder da Toyota não dá respostas, ele faz perguntas ". Perguntas essas que, por meio de sugestões, podem ser respondidas pelo funcionário de chão de fábrica, que é encorajado a "palpitar" no processo produtivo.

Matérias toyotismo

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Page 1: Matérias toyotismo

Toyota lidera mercado com 'produção sem desperdícios'

A liderança da companhia japonesa é resultado direto do "toyotismo" - um método que foi copiado em todo o mundo, até mesmo pelas concorrentes diretas da empresa. O "toyotismo" - que prevê a produção em times pequenos, com um líder, e visa a eliminação de todos os tipos de desperdício - também foi aos poucos adotados por indústrias no Brasil.

A partir de uma série de técnicas e métodos, o sistema de produção da Toyota procura eliminar desperdícios do processo de produção, como forma de atingir a melhor qualidade, o menor custo e o menor tempo de produção, explica o engenheiro de produção. Além disso, só é construído o carro que já tiver sido vendido. 

A base desse sistema é a produção enxuta: todo processo que não agrega valor ao produto oferecido ao cliente deve ser eliminado. Esse pensamento passa pelo estoque - que deve ser mantido reduzido -, transporte e processos produtivos. "No caso de um produto que seja feito do outro lado do mundo (de onde os fornecedores de peças estão) não dá para eliminar o transporte, mas o objetivo é esse". 'Modelo mental'

Com resultados positivos, o toyotismo tem sido implementado por diversas empresas em todo o mundo. No Brasil, a siderúrgica Alcoa foi pioneira no processo. Ninguém, entretanto, atingiu ainda o nível de excelência da própria Toyota. As empresas esbarram no modelo cultural de administração. "Há anos a GM e a Ford tentam copiar esses processos. Mas falta o modelo mental (japonês)". Segundo o Lean Institute Brasil, um dos produtos da Ford que usaram, com certo sucesso, elementos do sistema produtivo da Toyota, foi a linha EcoSport. 

O modelo da Toyota se apoia na melhoria contínua dos processos, a partir do desenvolvimento de todos os envolvidos, num movimento que engloba produção, administração, relacionamento com clientes e fornecedores. O papel dos executivos na empresa é diferente da maioria das empresas: "Um líder da Toyota não dá respostas, ele faz perguntas". Perguntas essas que, por meio de sugestões, podem ser respondidas pelo funcionário de chão de fábrica, que é encorajado a "palpitar" no processo produtivo.

Page 2: Matérias toyotismo

Sistema toyotista de trabalho adotado pelo TRT-23 desagrada Servidores Públicos

O toyotismo - sistema de trabalho adotado pelo TRT-23 desde agosto do ano passado, de modo não oficial -

vem suscitando críticas e preocupação entre os Servidores. Apresentado como um modelo inovador de

organização do trabalho, já se avalia que, na prática, o toyotismo simplesmente proporcionou um aumento da

carga de trabalho dos Servidores. Os técnicos passaram a desempenhar funções de analistas sem nenhum

retoque no salário, aumentando e contribuindo para o desvio de função. Depois da terceirização, do trabalho

voluntário e de outras práticas adotadas pelo Tribunal Regional do Trabalho da 23ª Região, os Servidores já

avaliam que o toyotismo foi a última maneira encontrada pelo Tribunal para atender à demanda crescente de

trabalho nas varas de sua jurisdição, sem desembolsar nenhum dinheiro a mais por isso e forçando os

Servidores a um regime de produtividade, através de metas.

O toyotismo vem sendo implantado nas varas de trabalho de Cuiabá e do interior do estado desde agosto do

ano passado, sendo que alguns setores - como a quinta e a sétima varas da capital - já estão funcionando

neste regime ao 100%, e nas outras varas o processo está em andamento. Na primeira Vara o alcance do

toyotismo já chegou em 70%.

Impacto negativo

Entretanto, passado este tempo muitos Servidores Públicos não estão conseguindo evitar o atraso dos

trabalhos - não por falta de interesse, mas por acúmulo de serviço ou limitação de conhecimento.

Paralelamente a esta cobrança insistente de tarefas para o cumprimento das metas estabelecidas, os

Servidores não apenas não passaram a receber como analistas, como estão há mais de 5 anos sem

nenhuma reposição salarial.

A determinação do Tribunal é que todos os Servidores passem a despachar, fazendo minutas de sentenças,

embargos de declarações e outras atribuições que requerem maior conhecimento. Na teoria os assistentes

se tornaram chefes de equipes e passaram a desempenhar funções da competência dos analistas. Mas em

vez de ganharem mais por isso a única coisa que aumentou mesmo, conforme os Servidores, foi a carga de

trabalho.

Adaptação ao capitalismo

 A classe trabalhadora não é mais formada por operários especializados do tipo taylorista/fordista, e sim por

trabalhadores chamados de “polivalentes”, “multifuncionais” que trabalham em equipe, vivem uma intensa

exploração do trabalho - também se vivia essa exploração na época taylorista/fordista -, mas hoje ela é

marcada por uma competição entre Inter equipes e células de trabalhos.

"A individualização das relações de trabalho, a busca por participação dos lucros das empresas, a tendência

de quebrar o espírito de solidariedade de classe e a restrição para a atuação do sindicato combativo dentro

da fábrica são tentativas do capital para desestruturar e desorganizar ainda mais a classe trabalhadora. Essa

é a principal consequência negativa de tais mudanças. Com essa atitude, surge a ideia falaciosa de que os

trabalhadores não são mais operários e sim “colaboradores”, “parceiros”, “consultores”. Isso visa a dissimular

a contradição que existe entre a totalidade do trabalho social, de um lado, e a totalidade do capital, de outro".

Page 3: Matérias toyotismo

Ratoeiras do capital

Sintetizamos algumas conclusões sobre essas novas técnicas de dominação do capital:

1- Elas resultam num maior controle sobre os trabalhadores. Se antes, para impor o regime de exploração,

era necessária uma disciplina férrea na fábrica, agora o empresariado se utiliza também de métodos mais

requintados para manipular e envolver os explorados. O poder do patronato, que considera a empresa um

local sagrado, não é alterado. Pelo contrário. Ele é reforçado, permeando toda a estrutura da empresa. Como

afirma David Jenkins: “Ceder um pouco de poder aos trabalhadores pode ser um dos melhores meios para

aumentar a sua sujeição, se isso lhes der a impressão de influir sobre as coisas”. Esse é o objetivo maior dos

métodos participativos ou das ilhas de produção – as novas “ratoeiras do capital”.

Essas inovações visam aperfeiçoar os métodos de manipulação dos operários. Quanto a isso não pode haver

ilusão ou a crença de que essas técnicas são neutras. Toda a história da organização capitalista do trabalho

mostra que o patronato visa sempre basicamente dois objetivos: o econômico, que é o do crescimento e da

acumulação de capital; e o político, que é o de manter a submissão dos trabalhadores para garantir o

primeiro intento. Há inúmeros estudos que comprovam que muitas vezes a burguesia sacrifica a eficiência

econômica para conseguir desqualificar, desorganizar e envolver os trabalhadores, minimizando a

possibilidade do surgimento de conflitos do interior das fábricas.

2- Elas geram maior concorrência entre os trabalhadores, incentivando a disputa por melhores índices de

produtividade e absorvendo os conhecimentos retidos no contato diário com a máquina. Nesse rumo, elas

inclusive transferem certas funções de supervisão e inspeção para os próprios operários, dividindo-os e

criando um clima de vigilância permanente entre os companheiros de trabalho.

3- Na busca de maior produtividade e de menor custo de produção, elas resultam também no aumento do

desemprego e da desqualificação profissional. As sugestões dos CCQs, a eliminação do tempo dito ocioso

(porosidade) e exercício de dupla função (operação e supervisão) são usados para justificar as demissões.

Quanto à polivalência, estudos demonstram que as operações desenvolvidas são ainda mais padronizadas e

repetitivas. O operário “polivalente” alimenta mais de um tipo de máquina, o que não significa que seja

especializado em cada uma delas. A polivalência visa dar maior flexibilidade ao trabalho, possibilitando que o

trabalhador esteja sempre ocupado produtivamente.

4- Esses outros sistemas de gerenciamento são um pré-requisito para que a empresa introduza, com menos

risco e melhores resultados, máquinas de tecnologia mais avançada. São um meio caminho para elevar a

automação. Além de domesticar o trabalhador, sistemas como os das “ilhas de produção” redesenham as

fábricas, facilitando a troca de maquinário antigo por robôs e máquinas-ferramentas com CNC.

5- Por último, só para enfatizar, todas essas técnicas modernas visam aumentar a extração de mais-valia do

trabalhador, gerando maiores lucros para os capitalistas.