Max Gehringer - A Habilidade de Raul

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  • 7/21/2019 Max Gehringer - A Habilidade de Raul...

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    Gesto de Pessoas, por Max Gehringer

    A habilidade de Raul

    Durante minha vida profissional, eu topei com algumas figuras cujo sucesso surpreende muita gente.

    Figuras sem um vistoso currculo acadmico, sem um grande diferencial tcnico, sem muito networking ou

    marketing pessoal.Figuras como o Raul.

    Eu conheo o Raul desde os tempos da faculdade. !a poca, n"s tnhamos um colega de classe, o #ena, $ueera um gnio. !a hora de fa%er um tra&alho em grupo, todos n"s $ueramos cair no grupo do #ena, por$ue o#ena fa%ia tudo so%inho. Ele escolhia o tema, pes$uisava os livros, redigia muito &em e ainda desenhava a capado tra&alho ' com tinta nan$uim. () o Raul nem dava palpite. Ficava ali num canto, di%endo $ue seu papel nogrupo era um s", apoiar o #ena. *ual$uer coisa $ue o #ena precisasse, o Raul j) estava providenciando, antes$ue o #ena conclusse a frase.

    Deu no $ue deu.

    + #ena se formou em primeiro lugar na nossa turma. E o resto de n"s passou meio na carona do #ena ' $ue,alm de nos dar uma colher de ch) nos tra&alhos, ainda permitia $ue a gente colasse dele nas provas. !o diada formatura, o diretor da escola chamou o #ena de paradigma do estudante $ue eno&rece esta institui-o deensino. E o Raul ali, na terceira fila, s" aplaudindo.

    De% anos depois, o #ena era a estrela da )rea de planejamento de uma multinacional. rilhante como sempre,ele fa%ia admir)veis proje/es estratgicas de cinco e de% anos.E $uem era o chefe do #ena0 + Raul.

    E como $ue o Raul tinha conseguido chegar 1$uela posi-o0

    !ingum na empresa sa&ia e2plicar direito.

    + Raul vivia repetindo $ue tinha su&ordinados melhores do $ue ele, e ningum ali parecia discordar de talafirma-o. 3lm disso, o Raul continuava a fa%er o $ue fa%ia na escola, ele apoiava. 3lgum tinha umpro&lema0 Era s" falar com o Raul $ue o Raul dava um jeito.

    4eu 5ltimo contato com o Raul foi h) um ano. Ele havia sido transferido para 4iami, onde fica a sede daempresa.

    *uando conversou comigo, o Raul disse $ue havia ficado surpreso com o convite. #or$ue, ali na matri%, o mais&urrinho j) tinha sido astronauta.

    E eu perguntei ao Raul $ual era a fun-o dele. #ergunta in"cua, por$ue eu j) sa&ia a resposta. + Raul apoiava.Direcionava da$ui, facilitava dali, essas coisas $ue, na teoria, ningum precisaria mandar um &rasileiro at4iami para fa%er.

    Foi $uando, num evento em 6-o #aulo, eu conheci o vice'presidente de recursos humanos da empresa do Raul.E ele me contou $ue o Raul tinha uma ha&ilidade de valor inestim)vel7... ele entendia de gente.

    Entendia tanto $ue n-o se preocupava em ficar 1 som&ra dos pr"prios su&ordinados para fa%er com $ue eles sesentissem melhor, e fossem mais produtivos.E, para me e2plicar o Raul, o vice'presidente citou 6amuel utler, $ue eu n-o sei ao certo $uem foi, mas $uetem uma frase "tima7

    *ual$uer tolo pode pintar um $uadro, mas s" um gnio consegue vend'lo.

    Essa era a ha&ilidade aparentemente simples $ue o Raul tinha, de facilitar as rela/es entre as pessoas. #ertodo Raul, todo comprador normal se sentia um e2pert, e todo pintor comum, um gnio.