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Mecânica Quântica: uma abordagem (quase) conceitual Carlos Eduardo Aguiar Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física Instituto de Física - UFRJ IF-UFRJ, fevereiro de 2014

Mecânica Quântica: uma abordagem (quase) conceitual

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Mecânica Quântica: uma abordagem (quase) conceitual. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física Instituto de Física - UFRJ. Carlos Eduardo Aguiar. IF-UFRJ, fevereiro de 2014. Sumário. Dificuldades na aprendizagem de mecânica quântica Fenômenos quânticos em sistemas simples - PowerPoint PPT Presentation

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Mecânica Quântica:uma abordagem (quase) conceitual

Carlos Eduardo Aguiar

Programa de Pós-Graduação em Ensino de FísicaInstituto de Física - UFRJ

IF-UFRJ, fevereiro de 2014

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C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 2

Sumário

• Dificuldades na aprendizagem de mecânica quântica

• Fenômenos quânticos em sistemas simples• Uma abordagem conceitual dos princípios

da mecânica quântica• Aplicações a sistemas simples• Comentários finais

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Ensino e aprendizagem de mecânica quântica

• Dificuldades conceituais– Superposição quântica – Probabilidade subjetiva x objetiva– Complementaridade – O problema da medida– Realismo vs. localidade

• Dificuldades matemáticas– Vetores– Números complexos– Espaços vetoriais complexos– Operadores, autovalores, autovetores– Dimensão infinita, operadores diferenciais, funções especiais

C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014

Carlos Eduardo
- Dificuldades não se esgotam na lista apresentada: interpretações da MQ, análise funcional, ...
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Ensino e aprendizagem de mecânica quântica

• Entre os alunos as dificuldades matemáticas ganham proeminência pela necessidade de adquirir um domínio operacional da teoria, essencial a aplicações.

• Como veremos, é possível expor a teoria quântica – sem descaracterizá-la – reduzindo as ferramentas matemáticas a vetores e um pouco de números complexos. Com isso, torna-se viável dar mais atenção aos aspectos conceituais.

• Tal abordagem pode ser de interesse a alunos para os quais o aspecto operacional não é o mais importante (licenciandos em física, por exemplo).

C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014

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Charles Addams, New Yorker, 1940

Fenômenos Quânticos

Carlos
Charles Addams foi o autor da Família Addams.
Carlos Eduardo
O objetivo é apresentar alguns fenômenos essenciais (o coração da MQ segundo Feynman) que mais tarde serão descritos pelo formalismo a ser desenvolvido.
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Um experimento com a luz

feixe luminoso pouco intenso

semiespelho (50-50%)

espelho

espelho

detectores de luz D1

D2

Carlos Eduardo
Os dois espelhos são desnecessários. Estão aí por causa da próxima montagem, o interferômetro.
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Resultado do experimento

• Os detectores nunca disparam ao mesmo tempo: apenas um, ou D1 ou D2, é ativado a cada vez.

D1

D2

D1

D2

ou

50% 50%probabilidade

P. Grangier, G. Roger, A. Aspect, Experimental evidence for a photon anticorrelation effect on a beam splitter: A new light on single-photon interferences, Europhysics Letters 1, 173 (1986)

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Se a luz fosse uma onda

... os detectores deveriam disparar ao mesmo tempo.

D1

D2

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Se a luz é composta por partículas

... ou D1 dispara, ou D2 dispara.

ou

D1

D2

D1

D2

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Conclusão

• A luz é composta por partículas: os fótons.

• O detector que dispara aponta “qual caminho” o fóton tomou.

caminho 2

caminho 1

D2

D1

Carlos Eduardo
Colocando um segundo semiespelho num dos caminhos (mas não na interseção), a divisão em 50-50% ocorre novamente. Há um "cara ou coroa" a cada espelho.Se o segundo semiespelho for colocado na interseção, algo completamente novo acontece.
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Mais um semiespelho

semiespelho

25%

25%

50%

semiespelho

Novamente: não há coincidências no disparo dos detectores; experimento fácil de entender com os fótons.

Entretanto, se o segundo semiespelho for colocado na intersecção dos feixes, algo novo e surpreendente acontece.

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O interferômetro de Mach-Zehnder

D2

D1

segundosemiespelho

feixe luminoso“fóton a fóton”

Carlos Eduardo
Não é mais possível determinar o caminho do fóton.
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Resultado do experimento:

0%

100%

D1

D2

P. Grangier, G. Roger, A. Aspect, Experimental evidence for a photon anticorrelation effect on a beam splitter: A new light on single-photon interferences, Europhysics Letters 1, 173 (1986)

Carlos Eduardo
É sempre possível balancear o inteferômetro para que isso ocorra. O caso geral será tratado mais à frente.Enfatizar o 0% -- a abertura de um novo caminho diminui o número de partículas em D2.
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Difícil de entender se os fótons seguem caminhos definidos

caminho 1 caminho 2

1

25%

25%2

25%

25%

Se o fóton segue um caminho definido, ele deveria ser capaz de chegar a qualquer um dos dois detectores.

Carlos Eduardo
Esse comportamento também é observado em elétrons, nêutrons, átomos, moléculas ...
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Por onde vai o fóton?

• Experimentalmente, a resposta “por um dos dois caminhos” é falsa.

• Se os dois caminhos forem fechados, os fótons não chegam aos detectores. Logo, “nenhum dos dois caminhos” também não é aceitável.

• Parece restar apenas a opção “pelos dois caminhos”: o fóton segue os dois caminhos ao mesmo tempo.

Carlos Eduardo
Passa pelas 2 fendas:- Bohm: a função de onda faz isso.- Everett: uma fenda em cada universo?
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Uma resposta melhor

• Não faz sentido falar sobre o caminho do fóton no interferômetro, pois a montagem experimental não permite distinguir os caminhos 1 e 2.

• A pergunta “qual o caminho do fóton?” só faz sentido frente a um aparato capaz de produzir uma resposta.

Quando alguém deseja ser claro sobre o que quer dizer com as palavras “posição de um objeto”, por exemplo do elétron (em um sistema de referência), ele deve especificar experimentos determinados com os quais pretende medir tal posição; do contrário essas palavras não terão significado.

- W. Heisenberg, The physical content of quantum kinematics and mechanics

(o artigo de 1927 sobre o princípio da incerteza)

Carlos Eduardo
Ver a ótima discussão em:C. N. Villars, Observables, states and measurements in quantum physics, Eur. J. Phys. 5 (1984) 177A citação de Heisenberg é do artigo sobre o princípio da incerteza: W. Heisenberg (1927), The Physical Content of Quantum Kinematics and Mechanics, reimpresso em J.A. Wheeler e W.H. Zurek, Quantum Theory and Measurement, p.62
Carlos Eduardo
Experimentos de escolha retardada e o apagador quântico mostram que esse é uma opção melhor que a dos "2 caminhos".Momento certo para discutir esses experimentos.
Carlos Eduardo
Pelo menos para Bohr e Heisenberg
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Fácil de entender num modelo ondulatório

D1

D2

interferênciaconstrutiva

interferênciadestrutiva

Carlos Eduardo
A onda segue os dois caminhos.Por isso é tão tentador (e comum) dizer que o fóton segue os dois caminhos. Mas isso deve ser interpretado com cuidado.
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Princípios da Mecânica Quântica

Carlos Eduardo
A mecânica quântica não é estranha e pouco intuitiva por opção de seus criadores.A natureza é que estranha e pouco intuitiva, como mostraram os experimentos anteriores.
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Princípios da Mecânica Quântica

• Vetores de estado e o princípio da superposição

• A regra de Born

• Complementaridade e o princípio da incerteza

• Colapso do vetor de estado

• Evolução unitária

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Vetores de Estado e o

Princípio da Superposição

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Sistemas de dois estados

cara coroa

fóton refletido

fóton transmitido

Carlos Eduardo
Clássico (moeda): ou 1 ou 2Quântico (fóton): pode ser 1 e 2
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Sistemas de dois estados

A = ? a2a1

2

1

a

aAgrandeza física observável:

a2a1

a2a1medidor de “A”

ou

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Sistemas clássicos

• Sistema clássico de dois estados, A = a1 e A = a2.

• Representação dos estados: pontos no “eixo A”

Aa1 a2

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Sistemas quânticos: vetores de estado

• Sistema quântico de dois estados, A = a1 e A = a2.

• Representação dos estados: vetores ortogonais em um espaço de duas dimensões

1a

2a

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A notação de Dirac

vetor ↔

identificação

21 aa

direitaesquerda

10

exemplos:

Carlos Eduardo
O colchete |> tem papel semelhante à seta na notação vetorial usual.Dirac chamou esses vetores de ket.Existem também os vetores bra.
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O que muda?

Passar de dois pontos em uma reta para dois vetores perpendiculares não parece ser mais do mudar o sistema de “etiquetagem” dos estados.

1a

2a

Aa1 a2

O que muda é o seguinte:

?

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O Princípio da Superposição

Qualquer combinação linear dos vetores |a1 ñ e |a2ñ representa um estado físico do sistema.

2211 acac

1a

2a

Carlos Eduardo
Qualquer vetor do plano varrido por |a1> e |a2> representa um estado físico do sistema.Estado físico quer dizer um estado que pode ser preparado por um dado aparato experimental.
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Significado de | ñ

• A = a1 e A = a2 ?

• esquerda e direita?• horizontal e vertical?• sim e não?• 0 e 1?1a

2a

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Alguns detalhes ‘técnicos’

• As constantes c1 e c2 podem ser números complexos.

• O espaço de estados é um espaço vetorial complexo.

• Os vetores |a1 ñ e |a2ñ são uma base do espaço de estados (bidimensional, no caso).

• Precisamos de um produto escalar para tornar precisa a noção de ortogonalidade (e norma).

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A Regra de Born

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A Regra de Born

2211 acac

1a

2a

c2

c1

A probabilidade de uma medida da grandeza física A resultar em A = an é

2

2

2

1

2

nn

cc

c)a(P

(n = 1, 2)

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A Regra de Born

2211 acac

| a2a1

a2a1

a2a1

medidor de “A”

2

2

2

1

2

11

cc

c)a(P

2

2

2

1

2

22

cc

c)a(P

Carlos Eduardo
Impossível prever o resultado de uma única medida.Podemos prever apenas a probabilidade de dado valor de A ser encontrado.
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Normalização do vetor de estado

2211 acac 2211 acac

| ñ e |ñ têm normas diferentes mas representam o mesmo estado físico!

)a(Pcc

c

cc

c)a(P n2

2

2

1

2

n2

2

2

1

2

nn

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Normalização do vetor de estado

Todos os vetores ao longo de uma dada direção representam o mesmo

estado físico.

Podemos trabalhar apenas com vetores “normalizados”:

1cc,acac2

2

2

12211

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2

nn c)a(P

Vetores normalizados: a Regra de Born

2211 acac

a2a1

a2a1

a2a1

medidor de “A”

2

11 c)a(P

2

22 c)a(P

(normalizado)

|

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Amplitude de probabilidade

cn amplitude de probabilidade

probabilidade = |amplitude de probabilidade|2

nn c)a( “função de onda”:

2

nn )a()a(P

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Valor médio

N medidas de A (N )

N1 a1 , N2 a2

valor médio de A no estado |

NaNaN

A 2211

a2a1

a2a1

a2a1

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Valor médio

2211 acac

21112211 a)a(Pa)a(P

NaNaN

A

2

2

21

2

1 acacA

probabilidades:NN

)a(P 11

NN

)a(P 22

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Incerteza

2211 acac

possível prever o resultado(probabilidade = 100%):

valor de A “bem definido”

1a

2a

c2

c1

c1, c2 0

impossível prever o resultado de uma medida

0c,1ca 211 ouSe

1c,0ca 212

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Incerteza

2211 acac

A = incerteza de A no estado |

2222 AAAA)A(

1aou

2aA = 0

Carlos Eduardo
Desvio padrão das medidas.
Carlos Eduardo
Demonstração:Delta_A = |c1| |c2| |a1-a2|
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Complementaridade e o

Princípio da Incerteza

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Complementaridade

a2a1

B

A

b2b1

1a

2a

2b

1b

duas grandezasfísicas: A e B

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Grandezas compatíveis e incompatíveis

1a

2a

1b

2b

2b

1b

2a

1a

A e B compatíveis

A e B incompatíveis

A e B complementares: incompatibilidade “máxima”

Carlos Eduardo
Estados degenerados complicam essa caracterização de (in)compatibilidade.
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O Princípio da Incerteza

2b

1b

2a

1a

A e B incompatíveis nenhum estado | com A = 0 e B = 0

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Resumo da “cinemática” quântica

estado físicovetor no espaço

de estados

grandeza físicasistema de “eixos” no

espaço de estados

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Resumo da “cinemática” quântica

probabilidade de uma medida da grandeza A resultar em A = a1

ou A = a2

grandezas físicasincompatíveis

(complementares)

diferentes sistemas de eixos no espaço

de estados

2a

1a

projeção do vetor de estado no eixo |an

probabilidade damedida resultar

em A = an

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• “Colapso” durante uma medida• Evolução unitária (equação de

Schroedinger)

Como o vetor de estado muda com o tempo?

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Colapso do Vetor de Estado

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Colapso do vetor de estado

a2a1

a2a1 2a

antes damedida

depois damedida

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C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 50

Colapso do vetor de estado

1a

2a

resultado

A = a2

resultado

A = a1

medida de A resulta em an logo após a medida o vetor de estado do sistema é |an

Carlos Eduardo
Postulado
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Evolução Unitária

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C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 52

A equação de Schroedinger

• Evolução temporal do vetor de estado:

|(0) |(t)

• Dinâmica quântica: determinada pela energia do sistema (o conceito de força é pouco relevante).

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C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 53

A (solução da) equação de Schroedinger

2E

1E

Sistema de dois estados

Dois níveis de energia: E1, E2

2211 EcEc)0t(

2/tEi

21/tEi

1 EecEec)t( 21

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C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 54

• ћ = constante de Planck ( 2) 110-34 Js

• Números complexos são inevitáveis. Mesmo que as componentes do vetor de estado sejam reais em t = 0, para t 0 elas serão complexas:

• A evolução |(0) |(t) ditada pela equação de Schroedinger é contínua (sem ‘saltos quânticos’) e determinista (sem elementos probabilísticos).

/tEinn

nec)t(c

A (solução da) equação de Schroedinger

Carlos Eduardo
Primeira aparição da constante de Planck.Dinâmica: tempo, energia (grandezas dimensionais)[h] = Joule x segundoA constante de Planck separa sistemas quânticos de clássicos.
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• Determinismo• Continuidade• Linearidade• Conservação da norma• Conservação de ângulos

Propriedades da equação de Schroedinger

“evolução unitária”

Carlos Eduardo
Implementada matemáticamente por matrizes unitárias.
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C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 56

Eq. de Schroedinger x Processos de medida

• Equação de Schroedinger:– contínua– determinista– válida enquanto não se faz uma medida

• Colapso do vetor de estado:– descontínuo– probabilístico– ocorre durante a medida

Carlos Eduardo
Eq. de Schroedinger: só vale quando não se está olhando.Reversível X irreversível.
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C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 57

Eq. de Schroedinger x Processos de medida

Duas dinâmicas?

• Equação de Schroedinger: – interação do sistema quântico com outros

sistemas quânticos.– A = a1 e A = a2

• Colapso do vetor de estado: – interação do sistema quântico com um aparato

clássico, o aparelho de medida (o “observador”).– A = a1 ou A = a2

Carlos Eduardo
Aparelhos de medida não têm superposições quânticas.
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58

Aplicações a sistemas simples

C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014

Instituto de Física

Quântica

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Aplicações a sistemas de 2 estados.
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Aplicações a sistemas simples

• Interferômetro de Mach-Zehnder– Interferência de uma partícula– Medida sem interação– O problema de Deutsch

• Química quântica– Molécula de H2

+

– Benzeno, amônia

• Polarização do fóton• Oscilação de neutrinos• Spin ½• Sistemas de 2x2 níveis: estados emaranhados

– Criptografia quântica– O experimento de Hardy (realismo x localidade)

Carlos Eduardo
Aplicações a sistemas de 2 estados.
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C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 60

O interferômetro de Mach-Zehnder

0%

100%

D1

D2

Carlos Eduardo
Impossível de entender com partículas.
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Descrição quântica do interferômetro

1

2

(caminho 1)

(caminho 2)

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Espaço de estados

2c1c 21

2

22

2

11

cP

cPprobabilidades:

2

1

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Semiespelho

22

11

21

1

22

11

21

2

1 1

2

1

2

2

• probabilidade de reflexão = probabilidade de transmissão = ½• o sinal de menos garante a ortogonalidade dos estados finais

evoluçãounitária

Carlos Eduardo
Eq. de Schroedinger = evolução unitária."Semiespelho de Hadamard":U = matriz de Hadamard = HEvolução "temporal" (t=0 ->1):U(t) = [raiz(1-f^2) I - i f H] exp(i pi/2 g)f(0), g(0) = 0f(1), g(1) = 1
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C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 64

Interferômetro

D1

D2

1

2

1

Carlos Eduardo
Apenas D1 registra luz.
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C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 65

Interferômetro

Primeiro semiespelho: 22

11

21

1

Estado inicial: 1

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C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 66

Interferômetro

Segundo semiespelho:

ou seja, o estado final é

2

21

12

12

12

21

12

12

12

21

12

1

1221

21

121

21

interferência destrutiva

interferência construtiva

P1 = 100%

P2 = 0%

Carlos Eduardo
Duas maneiras de chegar nos estados 1 e 2.
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C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 67

Comentários Finais

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C.E. Aguiar / Mecânica Quântica / 2014 68

Conexão com os operadores• Produto escalar: |• Projetores: ||• Operador associado à grandeza A:

• Autovalores e autovetores de A:

222111 aaaaaaA

A

22

11

a,a

ou

a,a

É mais fácil encontrar (postular) o operador A do que os “eixos” |an e valores an.

Carlos Eduardo
No sistema de dois níveis os valores de a1 e a2 são irrelevantes. Um é fixado pela referência (o zero) e o outro pelas unidades.Para 3 ou mais níveis isso não é mais verdade.
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Passos seguintes:

• Simetrias• Posição e momentum• Partícula em 1 dimensão: aplicações

– Partícula livre– Potenciais constantes por partes: estados ligados,

tunelamento, etc.– Oscilador harmônico

• Partículas idênticas• Soma sobre caminhos (?)• Descoerência (?)• Muitos-mundos, de Broglie-Bohm (?)

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Concluindo

• É possível apresentar alguns dos princípios básicos da mecânica quântica utilizando apenas matemática acessível a professores (e alunos?) do ensino médio.

• Essa abordagem permite descrever apropriadamente a mecânica quântica de sistemas simples.

• Aspectos pouco (ou nada) intuitivos da mecânica quântica podem ser discutidos sem interferência de dificuldades adicionais associadas à matemática.

• “Experimento didático” em desenvolvimento. Críticas e sugestões são bem-vindas.