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Mega- cidades Relatos locais analisam quatro cidades

Megacidades

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Quatro jornalistas relatam seus pontos de vista e experiências em São Paulo, Guanzhou (China), Jacarta (Indonésia) e Mumbai (Índia). São retratos realistas destas cidades, com soluções apresentadas pela BT que ajudam a colocá-las no caminho do futuro.

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Mega-cidadesRelatos locais analisam quatro cidades

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dos EUA)? E que os usuários indonésios da rede, têm muitos amigos on-line, uma média de 200 contatos cada um?

“Os indonésios adoram se reunir, não importa como” disse a consultora financeira Ligwina Hananto a Jeremy Wagstaff. Portanto, as empresas deverão fazer uso de sua natureza fundamentalmente sociável ou sairão perdendo nesse mercado.

Por fim, vamos à Índia. Se São Paulo nos mostra uma transição econômica, Mumbai nos apresenta as mudanças sociais trazidas pela revolução digital. Abalada por uma série de ataques terroristas, Mumbai reagiu utilizando as redes sociais – de formas sucessivamente mais criativas a cada ataque – para divulgar informações sobre os acontecimentos e para coordenar as ações de socorro e o trabalho de voluntários.

Levamos os textos jornalísticos aos nossos country managers, e eles gostaram das ideias e da oportunidade de um diálogo mais realista – e você poderá ver também neste paper os comentários que fizeram.

Todos concordamos que essas cidades desempenharão um papel importante no futuro. A Frost & Sullivan, especialista em pesquisas de mercado, prevê que, em 2025, metade da população mundial viverá em megacidades, em mercados com alto potencial de crescimento. Isso trará grandes desafios, mas também, grandes oportunidades.

Portanto, megacidades – maiores, melhores e, mais fáceis com os serviços da BT – sejam bem-vindas ao futuro!

de inovação, beneficiando-se da revolução digital. No entanto, para ter sucesso nessas cidades, é preciso conhecê-las.

Do Brasil, Andrew Downie, cita Caio Bonilha, presidente da empresa estatal de telecomunicações, Telebrás: “Conheça as regras, conheça o mercado”. E nos conta as dificuldades enfrentadas pelos sócios, franceses, para estabelecer uma empresa em São Paulo.

Hoje com a empresa a pleno vapor, eles já fazem parte da história de sucesso de São Paulo. Na década de 50 se dizia: “São Paulo não pode parar”; hoje, a cidade é uma prova de como o país evoluiu para se tornar a sétima maior economia do mundo, ao ponto de poder emprestar dinheiro ao FMI e investir em infraestrutura – aeroportos e estradas – em preparação para a Copa do Mundo de 2014 e para as Olimpíadas de 2016.

Na China, visitamos Guanzhou, cuja história de crescimento assume proporções épicas. A cidade, que tem mais de 12 milhões de habitantes e é a capital da província de Guangdong, está na primeira região da China que enriqueceu com a abertura ao comércio internacional. Atualmente, a cidade se orgulha de oferecer conectividade 3G de alta velocidade até mesmo no metrô, e de ser escolhida para os testes da nova geração de conexão – 4G – que deverá dobrar a velocidade de download.

Na próxima parada, Jacarta. Bem-vindos à capital mundial do Facebook! Você sabia que a Indonésia tem a segunda maior base de usuários do Facebook do mundo (com mais de 40 milhões de usuários, atrás somente

De início, é possível que você se espante ao ler, em uma publicação de negócios, que o mundo lá fora não é perfeito.

No entanto, o mundo hoje enfrenta desafios econômicos que achamos que em momentos como esse é preciso falar com franqueza.

Muitas empresas voltam agora suas atenções para os mercados de maior crescimento e suas megacidades, mas sabemos que entrar nestes mercados nem sempre é uma tarefa simples.

Por isso, este white paper é um tanto provocador. Há aqui trechos cujas leituras não são muito agradáveis, principalmente no caso de empresas que desejam se estabelecer nas cidades que apresentamos.

Nossa mensagem para você é: nós conseguimos. Nós conhecemos as dificuldades, e nossos profissionais estão lá, prontos para trabalhar nessas megacidades junto com você.

Neste white paper apresentamos um retrato corajoso e realista da vida digital em quatro megacidades. Saímos um pouco dos limites do mundo dos negócios para recorrer à visão de jornalistas conceituados, cujos currículos incluem matérias para publicações como Wall Street Journal, Time, BBC e China Economic Review.

Eles nos levam às ruas de São Paulo, Guangzhou, Jacarta e Mumbai, onde ouvimos histórias reais de pessoas empreendedoras, que nos apresentam uma análise dos problemas e das vantagens que vêm encontrando. Estas megacidades são focos de crescimento, de oportunidades e

Este white paper é um pouco diferente

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No Brasil, negócios em ritmo acelerado no motor da economia 4

Um país de muitas facetas 8

O discreto charme do paraíso chinês das compras 10

Sempre um passo à frente das mudanças 15

Como a comunicação móvel contribui para o desenvolvimento da Indonésia 16

Paixão por negócios 21

Mumbai usa a tecnologia para contornar suas dificuldades 22

Menos correria, mais tempo 26

Índice

Como escolhemos nossas megacidades

A palavra megacidade se aplica a qualquer cidade que tenha uma população de mais de dez milhões de habitantes. Atualmente, há 21 cidades com esse perfil e, pelo menos metade delas em mercados hoje crescendo aceleradamente.

Existem discordâncias ao se definirem as maiores cidades do mundo. Uma das razões para isso é o fato de alguns países contarem apenas o número de pessoas que vivem dentro da área específica da cidade, e outros incluírem os habitantes das áreas urbanas e suburbanas ao redor da cidade.

A ONU identificou um grupo de cidades como sendo as maiores. No topo da lista aparece Tóquio, com incríveis 36,6 milhões de habitantes. A seguir vêm Deli, Mumbai, São Paulo e Cidade do México – todas elas bem atrás de Tóquio, cada uma com uma população de aproximadamente 20 milhões de habitantes.

Para este white paper, escolhemos duas das cidades que estão entre as cinco maiores segundo a ONU, Mumbai e São Paulo. Depois, selecionamos Jacarta, que está quase alcançando o status de megacidade – atingido se levada em consideração a população da cidade durante o dia, ou seja, acrescida do número de pessoas que viajam para trabalhar lá.

Escolhemos também Guangzhou, que, embora não figure nos números da ONU, declarou uma população de mais de 10 milhões de habitantes. Além disso, a cidade faz parte do novo fenômeno de mega-regiões. Em 2010, a agência Habitat da ONU, descreveu como as megacidades têm se fundido com outras cidades, formando o que chamou de mega-regiões. Estas “cidades sem fim” podem se estender por centenas de quilômetros, abrigando populações enormes. A maior mega-região é a que abrange as cidades de Hong Kong – Shenzhen – Guangzhou, com uma população de 120 milhões de habitantes.

São Paulo

Guangzhou

Jacarta

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No Brasil, negócios em ritmo acelerado no motor da economia

Por Andrew DownieSão Paulo, Brasil

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trabalhando no Boston Consulting Group – mas para quase qualquer empresa com visão de futuro, seja ela pequena ou grande. Dizer que o Brasil era o país do futuro – e sempre seria – foi piada durante décadas. Mas quem riu por último foram os brasileiros.

O Brasil é a sétima maior economia do mundo, a valorização do real frente ao dólar é a maior desde 1999, suas reservas chegaram a níveis mais altos do que nunca, e o país que, há nove anos pedia dinheiro ao FMI, agora é suficientemente rico para emprestar dinheiro à instituição em dificuldades. Suas commodities servem de combustível para a Ásia, e o Brasil, uma das únicas nações

que uma companhia telefônica cumpra a parte mais básica do contrato – a de fornecer um serviço que funcione – pode tornar sua vida bem difícil.

“Fazer negócio no Brasil é uma guerra”, diz Alexis Manach, um dos dois franceses que conceberam e dirigem o zarpo: “tudo leva dez vezes mais tempo do que deveria. É tudo uma bagunça”.

Apesar do veredito de Manach, o Brasil é atualmente um destino obrigatório não só para startups como o zarpo – que resultou de uma recomendação de Sales de Paiva, então

Os fundadores do site zarpo.com, uma startup, no Brasil, que oferece preços reduzidos em hotéis para viajantes, surpreenderam-se um dia, ao não conseguirem sinal de telefone celular em seu escritório no centro de São Paulo.

Os três sócios e sua equipe de cinco pessoas estavam usando os serviços de telefonia móvel de uma operadora brasileira. De repente, os celulares deixaram de funcionar. Do lado de fora do escritório, no corredor, eles funcionavam. Mas dentro do escritório de cinco salas, não havia sinal em nenhum ponto.

“Nosso escritório parecia um buraco negro,” diz Numa Sales de Paiva, um dos três sócios diretores da empresa. “Parecia que alguém havia, de repente, mudado a posição da antena”.Eles passaram horas ao telefone com a operadora tentando entender o que estava acontecendo e encontrar uma solução para os celulares funcionarem. Como milhões de pessoas ligam para essas operadoras, descobriram que essa tarefa toma tempo, é frustrante e inútil. Dias depois, as negociações não davam resultados, e eles decidiram mudar para a operadora concorrente.

Esta é uma história comum que demonstra como até as coisas mais básicas podem paralisar uma empresa no Brasil – um país onde se desenvolveu toda uma cultura para evitar a burocracia e onde o consumidor paga os impostos mais altos do mundo em desenvolvimento. É também um lugar em que uma questão tão simples quanto pedir

Andrew Downie vive no Brasil desde 1999, e tem escrito sobre o país como correspondente para publicações como a revista Time, o New York Times e o Christian Science Monitor. Atua também como consultor para o Fórum Econômico Mundial e para organizações empresariais.

ocidentais que não foram atingidas pela crise econômica, acaba de fazer uma das maiores descobertas de petróleo dos últimos anos. Além de tudo isso, para comemorar sua entrada no cenário mundial, será a sede da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016.

O empresário Leo Kuba, à frente de uma startup B2B chamada Inkuba, está surfando nessa onda. “Há muito mais espaço para crescimento por conta da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Há mais verbas. Marcas locais e globais investirão mais em função desses eventos”, observa ele.O fato de que o Brasil está em alta foi decisivo para o zarpo criar seu site. Aproximadamente 48,7 milhões de brasileiros passaram a fazer parte das classes média e alta desde 2003, de acordo com estimativas do governo e, com mais acesso ao

crédito do que nunca, eles têm dinheiro para gastar. O zarpo quer vender a eles reservas, a preços reduzidos, em hotéis de luxo não só no Brasil, mas também na Europa, na América do Norte, e até na Polinésia Francesa.

“Quando você analisa a Europa, a curva de crescimento está estagnada, mas a do Brasil está em franca ascensão,” diz Manach. “O Brasil é um dos lugares certos para se estar hoje”. O zarpo conquista clientes rapidamente, mas também enfrenta problemas, alguns dos quais particularmente graves na visão de um estrangeiro. Não só é muito mais fácil conseguir alguma coisa com contatos pessoais, o que é complicado se você não conhece ninguém, como também há obstáculos tão notórios que são conhecidos como “custo Brasil”.

O Brasil é atualmente um destino obrigatório não só para startups, mas para qualquer empresa com visão de futuro, seja ela pequena ou grande.

Numa Sales de Paiva (acima) e Alexis Manach, do zarpo

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“As três grandes dificuldades no Brasil são a burocracia, a carga tributária excessiva e uma legislação que atrapalha o empreendedor,” diz Leo Kuba. “O Brasil está na capa da Time e da The Economist, mas a diferença de se iniciar uma empresa aqui e nos EUA é enorme”.

Talvez o maior desafio para o Brasil seja construir a infraestrutura necessária à rápida elevação do padrão de vida e a eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. O dinheiro existe, mas o planejamento é ruim e a construção é lenta. E a corrupção leva a perdas financeiras e morais.

A grande abertura da Copa do Mundo, por exemplo, deveria ocorrer no estádio do Morumbi, com capacidade para 80.000 pessoas. Mas o Morumbi foi descartado em função de alguns conflitos de personalidade, e agora os organizadores esperam realizar a abertura no campo do maior clube de São Paulo, o Corinthians.

O problema é que o Corinthians não tem estádio. O clube fez um projeto no ano passado, depois de haverem rejeitado o Morumbi, e a construção começou em maio de 2011. O estádio está tão atrasado que não ficará pronto a tempo do torneio de aquecimento, a Copa das Confederações de 2013, e é tão pequeno que terão de ser colocados assentos extra, temporários, para comportar o público da Copa.

A falta de planejamento também é evidente no que diz respeito a aeroportos,

hotéis, transportes públicos e, é claro, telecomunicações. Segundo a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base, o Brasil investiu 76,7 bilhões de dólares em infraestrutura de telecomunicações entre 2003 e 2010, e deve investir mais 55,9 bilhões até 2015. Este ano, espera-se que as empresas injetem 11,3 bilhões em suas redes de banda larga, o maior investimento anual desde 2001.

Mas isso ainda está aquém do necessário para suprir a crescente demanda, de acordo com João Moura, presidente da Telcomp – Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas. Na Europa e nos Estados Unidos, as empresas em geral investem aproximadamente 15% da receita na atualização e expansão de suas redes, diz Moura. No Brasil, investe-se apenas 10%.

“Tem havido um grande atraso na expansão das redes nos últimos anos”, afirma ele. “As pessoas que querem banda larga, estão comprando smartphones. No entanto, embora a demanda seja grande o investimento tem sido pequeno”.

Como se isso não bastasse, as linhas existentes são de baixa qualidade e de custo alto. O zarpo tem uma linha operada pela firma espanhola Telefónica – a mais importante operadora no centro de São Paulo – mas optou por basear seus servidores nos EUA, por ser mais fácil do que de lidar com a burocracia brasileira.

O empresário Leo Kuba conhece muito bem esse tipo de problema: “a infraestrutura não cresce ao ritmo do mercado. Temos problemas de custo, de desempenho e principalmente de confiabilidade”.

Não só é muito mais fácil conseguir alguma coisa com contatos pessoais, como também há obstáculos tão notórios que são conhecidos como “custo Brasil”.

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O Brasil se prepara para a Copa do Mundo de 2014 .

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E embora o governo tenha prometido melhorar a banda larga, muitos brasileiros devem desconfiar dessas promessas. O governo prometeu um trem bala conectando São Paulo e Rio de Janeiro pronto para a Copa do Mundo, e o projeto ainda não saiu do papel. A Infraero, empresa brasileira que opera os aeroportos no país, prometeu acesso Wi-Fi gratuito nos principais aeroportos, mas mudaram de ideia e deixaram os passageiros desconectados. E, o fato mais gritante de todos, o Rio ganhou o direito de sediar os Jogos Pan-americanos de 2007 prometendo construir um sistema de anel viário, uma nova via expressa estadual e uma nova linha de metrô de 54 km, e nada disso foi feito.

Os empresários à frente do zarpo estão perfeitamente cientes destas limitações. E estão ainda mais cientes de que, em 2011, o Brasil parece ser o lugar certo, na hora certa. No momento, estão alegremente travando suas batalhas diárias, na esperança de vencer a concorrência.

São Paulo

Renda média por habitante 39Nova York = 100

Custo de vida 110Nova York = 100

Índice de habitabilidade 96Ideal = 100

Aluguel de escritório por m2 USD $725

Extensão da rede de transporte coletivo n/dEm termos da área da cidade, km/km2

Rede de transporte público de melhor qualidade n/dkm/km2

Telefones fixos por 100 habitantes 21,6

Assinantes de celulares (país) 202.944.033Pós e pré-pagos

Assinantes 3G (país) 35.000.000

Velocidade 3G Alta

Assinantes de banda larga fixa (país) 14.540.937

Usuários de serviços bancários on-line (país) 14.436.580

Usuários de Facebook 4.068.940

Usuários de Tweeter 2.940.000

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Diversidade por toda parte

São Paulo é a nossa maior cidade. É também o centro da maior região metropolitana, formada por 39 cidades que, juntas, têm 20 milhões de habitantes. Assim como o Rio de Janeiro, outra importante cidade no Brasil, São Paulo possui bairros ricos e regiões muito carentes, chamadas favelas, nas quais as pessoas vivem em extrema pobreza. Todos nós compartilhamos a mesma infraestrutura urbana. A vida cultural é vibrante e alguns serviços são muito bons, mas o transporte público, por exemplo, é deficiente em relação à demanda.

Como conectar 190 milhões de pessoas?

Um grande número de brasileiros têm acesso à banda larga apenas no trabalho ou em LAN houses, primitivos cybercafés com acesso de alta velocidade, que são importantes centros sociais em regiões mais pobres do país. Pesquisas recentes do Centro de Inclusão Digital apontam que 45% de todo o acesso à Internet é feito a partir de LAN houses, e esta cifra aumenta para 75% entre os menos favorecidos.

O governo tem um plano para fornecer acesso em banda larga a 72% das comunidades brasileiras até 2014. No entanto, esses números são ambiciosos, e até mesmo o governo, através do IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, reconheceu que o serviço atualmente oferecido é de baixa qualidade, especialmente fora das grandes cidades.

“As discussões anteriores ao lançamento do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) revelaram um cenário em que, no Brasil, o uso da banda larga é inferior não somente ao das economias desenvolvidas, mas também a dos vizinhos da América Latina”, observa um relatório do IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. “O diagnóstico demonstrou que o acesso à banda larga no Brasil é caro, que as

velocidades estão muito abaixo das oferecidas em países desenvolvidos e que a concentração de serviços nos maiores centros urbanos reflete a desigualdade da distribuição de riquezas e infraestrutura no país”.

Algo semelhante ocorre com a telefonia celular. Poucas empresas controlam o mercado e oferecem serviços de qualidade inferior a preços abusivos. Mesmo o uso moderado do celular custa até oito vezes mais que nos países vizinhos, e o equivalente a três vezes a média do preço nos países membros da OCDE (Organização para Cooperação

e Desenvolvimento Econômico), de acordo com um estudo feito em 2009 pelo Diálogo Regional sobre la Sociedad de la Información. O custo do roaming é, nas palavras do Ministro de Comunicações Paulo Bernardo, “ridiculamente alto”. Por essa razão, muitos brasileiros mais pobres compram os telefones (ou chips) mais baratos de cada provedora e os usam para ligar para outras pessoas na mesma rede. Isto explica por que há mais de 220 milhões de linhas de telefone celular em operação em um país de 192 milhões de habitantes.

Até agora, apenas 23 milhões destas linhas são 3G, mas espera-se que esse número cresça exponencialmente nos próximos anos. A Telefônica, a maior operadora de telefonia móvel no Brasil (através da Vivo) diz esperar que a banda larga represente 25% de suas receitas em 2013, contra 15% em 2010.

Recentemente, o governo prometeu abrir licitação para o serviço 4G em abril de 2012 e afirma que a tecnologia, capaz de oferecer conexões de Internet móvel até 180 vezes mais rápidas que o atual sistema 3G, estará em funcionamento pelo menos um ano antes da Copa do Mundo. Prometeu, ainda, investir 113,3 milhões de dólares para garantir que as 12 cidades sede tenham conexões de Internet de até 100 Mbps.

Quero lhes falar sobre como estamos fazendo diferença no Brasil. Como temos utilizado a computação em nuvem (cloud computing) para superar as dificuldades de infraestrutura que afetam as maiores empresas no Brasil. Como os satélites e as redes de fibra ótica têm ajudado o correio do Brasil a prestar serviços às camadas mais pobres da população. Antes, porém, quero contextualizar nosso trabalho.

Reconheço um pouco do meu país na matéria de Andrew Downie, mas a história não termina por aí. Em primeiro lugar, o Brasil é um país de contrastes e de heterogeneidade.

Um país de muitas facetas

Por Sergio Paulo GallindoDiretor Geral, BT Brasil

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Convivendo com um ambiente complexo

A heterogeneidade está incorporada à atividade empresarial no Brasil. E é aproveitando esta característica que podemos agregar valor às empresas que venham se estabelecer aqui.

Em 2001, uma das primeiras coisas que fizemos quando começamos a trabalhar com clientes internacionais, foi gerenciar para eles os serviços prestados pelas operadoras de telecomunicações. Desde a quebra do monopólio estatal brasileiro de telecomunicações e sua privatização, na década de 1990, empresas privadas oferecem diferentes serviços. E graças a uma regulamentação aberta, favorecendo a competitividade, nossos clientes puderam delegar o gerenciamento de suas comunicações à BT, responsável por entregar o alto nível de desempenho necessário a suas operações.

Hoje, dez anos depois, nós crescemos e prestamos serviços como MPLS e Internet pública a partir de uma infraestrutura própria. Projetamos e fornecemos soluções de comunicação unificada para os nossos clientes globais. Atualmente, há 15.000 ramais de telefonia IP fornecidos como serviços gerenciados. Há dois anos lançamos o serviço de telefonia fixa no Brasil, e também prestamos serviços de datacenter. Temos no país um dos três centros globais de serviço da BT, com certificação ISO 9000, prestando serviços gerenciados para contas multinacionais. Nossa equipe é altamente qualificada em ITIL e nas tecnologias de ponta de nossos principais fornecedores, e o centro conta, ainda, com as certificações ISO 9001 e ISO 27001.

A diversidade também se aplica a algumas áreas da economia. Grandes empresas, como as do setor financeiro, operam em excelente nível. Pequenas e médias empresas já costumam ter mais dificuldades.O sistema bancário no Brasil, por exemplo, é bastante avançado, e opera em pé de igualdade com os de países de primeiro mundo. A maioria das transações são feitas eletronicamente. As regulamentações são aceitas e cumpridas. As maiores instituições financeiras não foram muito afetadas pela crise de 2008 e o setor mantém um alto nível de solvência.

Por outro lado, para pequenas e médias empresas, a burocracia e a tributação são questões desafiadoras. Em muitos países, em uma semana se consegue abrir uma empresa, com toda a documentação necessária. No Brasil, isso pode levar dois meses. Iniciativas federais recentes reduziram a carga burocrática, mas ainda há muito que melhorar.

Um país com infraestruturas diferentes

A heterogeneidade também está presente em nossas infraestruturas.

A maior parte da população se concentra no sudeste brasileiro, onde estão as melhores estradas. Na Amazônia, na região norte, as pessoas vivem à beira dos rios, e não no interior, onde se encontra a floresta. As poucas estradas lá são muito piores, e isso dificulta e encarece o transporte de cargas. Algumas comunidades daquela região só têm acesso a serviços bancários em um barco, uma vez a cada 21 dias.

A situação das telecomunicações é semelhante. Se uma empresa precisa de um serviço de banda larga em São Paulo, nós podemos oferecer uma conexão Internet de 100 Mbps através de uma rede de fibra ótica. No interior, isso não é viável nem com fibra ótica nem com outro tipo de rede cabeada. Mesmo no estado de São Paulo, o estado mais rico do país, responsável por 33% do PIB brasileiro, há aproximadamente 200 escolas que não estão conectadas a nenhum tipo de rede.

E como no Brasil nesse momento se constrói muito, é possível haver cabos cortados por caminhões ou máquinas na construção de uma estrada, por exemplo.

Fornecemos a rede de TI para as casas lotéricas do Brasil, conectando 11.000 sites, e assinamos um contrato com os Correios para conectar 7.200 sites.

Engarrafamentos em São Paulo tornam os serviços em nuvem ainda mais importantes para os clientes corporativos

Assumindo responsabilidades

Atualmente podemos hospedar toda a infraestrutura de TI de nossos clientes e, no ano passado, lançamos a oferta de computação em nuvem (cloud computing). Um dos primeiros clientes desse serviço é um grande conglomerado de empresas do Brasil, que começou atuando em logística e hoje tem negócios que incluem postos de gasolina, restaurantes e construção civil. Seu CIO nos falou da economia que o grupo fez ao transferir os sistemas de seu datacenter para o nosso serviço baseado em cloud computing.

Esse serviço é flexível – os clientes contam com a capacidade de computação exata para suas necessidades. Em vez de comprar mais computadores, por exemplo, eles podem comprar mais caminhões. O nosso datacenter é suficientemente resiliente para manter altos níveis de serviço – nós temos geradores de energia, gerenciamento 24 horas e back-up. Além disso, nossa rede é global e, por isso, alcançamos 150 países.

Nós nos orgulhamos também do nossos negócios com empresas e instituições brasileiras. No ano passado, fechamos um contrato com um banco estatal, a Caixa Econômica Federal, possibilitando que comunidades carentes em 5.600 localidades tenham acesso a serviços bancários através das nossas redes satelitais. Fornecemos a rede de TI para as casas lotéricas do Brasil, conectando 11.000 sites com uma combinação de tecnologias que inclui linhas fixas, 3G e satélite para a acesso transparente a uma rede MPLS. Este ano, assinamos um contrato com os Correios para levar nossos serviços a 7.200 sites em todo o país.

Para mim, tudo isso mostra a heterogeneidade brasileira, com companhias multinacionais e empresas nacionais atuando lado a lado. Nosso papel, no Brasil, é fornecer serviços uniformes e eficientes, alinhados à visão e às capacidades globais da BT, com o apoio de uma equipe experiente e altamente qualificada. Assim, atingimos o objetivo de fazer negócios de maneira descomplicada.

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O discreto charme do paraíso chinês das compras

Por Pete SweeneyGuangzhou, China

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varejo chegou a antigos abrigos antibombas e linhas de metrô: hoje, lojas como 7-Eleven e comércio de lingerie ocupam as escadas de acesso às catracas.

A maior parte das vendas é de artigos baratos, sem marca ou de marcas desconhecidas. As marcas de luxo são admiradas nas vitrines, mas raramente compradas. Não porque não

haja dinheiro para comprar Prada, mas por conta da proximidade com Hong Kong. Hong Kong fica a apenas a duas horas de trem de Guangzhou e, por isso, muita gente rica prefere ir até lá para comprar artigos de luxo, fugindo, assim, dos impostos estratosféricos da China continental. Quando o trem de alta velocidade ficar pronto, o tempo de viagem será reduzido a aproximadamente meia hora, tornando viável até mesmo trabalhar em Hong Kong.

acompanhavam a música, cantando junto, mas os outros chineses – a maioria não fala cantonês – se concentravam em suas cervejas.

A capital do varejo

Embora a vida social seja lenta, Guangzhou tem gente bastante animada. Anthony Tartaglia, fundador de uma empresa de marketing de mídia digital em Xangai que se mudou para Guangzhou para trabalhar na UT Starcom atendendo a conta da Procter & Gamble, enumera as vantagens: “eles investiram muito dinheiro na limpeza de várias áreas da cidade para os Jogos Asiáticos. Com este investimento, a gente tem toda uma série de lojas na área urbana, lojas de qualidade. Os preços dos imóveis são absurdos, mas as pessoas continuam vindo para cá”. Ele observa que a província de Guangdong foi uma das primeiras a se abrir para o comércio exterior – através da Zona Econômica Especial de Shenzhen, próxima a Hong Kong – e uma das primeiras a se acostumar a ganhar e a gastar dinheiro.

Ainda que os bares sejam silenciosos à noite, durante o dia ouve-se o zumbido de centros comerciais como o mega shopping de Tianhe, e bairros históricos, antigos e muito verdes, como Liuyun Erjie, têm agora seus apartamentos térreos tomados por pequenas empresas: lojas de DVD, camisetas importadas e restaurantes. Como em outras cidades da China, a explosão do

Numa sexta-feira de agosto à noite, Guangzhou estava quente, úmida e... silenciosa. O motorista do táxi que peguei no aeroporto ia me mostrando várias construções e, de vez em quando, citava preços estratosféricos por metro quadrado. Este aqui custa 3.100 dólares, aquele ali custa 3.900. “No centro da cidade é pior,” dizia. “Você pode economizar durante toda sua vida e mesmo assim nunca terá dinheiro para comprar uma casa”.

Para um visitante de Xangai ou de Pequim isso não é novidade. O que é diferente, bem diferente, é o silêncio. Uma cidade de mais de 12 milhões de habitantes, a capital da província de Guangdong, no sul da China, é o centro administrativo da província e na prática o terminal de controle de tráfego do imenso centro de exportação do país, o Delta do Rio das Pérolas, (também conhecido pelos estrangeiros como PRD – Pearl River Delta), alvo de aproximadamente um quarto do investimento estrangeiro direto na China em 2010. Quando alguém desce do táxi, tenta, em vão, ouvir o som de uma buzina. Há bastante tráfego e há bastante gente, mas todos se movem sem fazer barulho. Guangzhou tem fama de ser um lugar onde se corre perigo de ter a bolsa roubada por um motociclista, e de ser um lugar onde se serve um excelente dim sum e onde se encontram moças ideais para casar. Mas, se nada mudou, isso não se ostenta ou se apregoa.

Quando se entra no Hooley’s, bar de Guangzhou frequentado por estrangeiros residentes, o volume aumenta. Uma banda, formada por estrangeiros e cantoneses, tocava blues – e alto. Percebia-se a diversidade da plateia em dois níveis: estrangeiros e chineses; chineses de várias partes do país. Em uma das mesas, um jovem casal acompanhava a música, sorrindo e tomando cerveja. O rapaz era de Hunan, a moça, de Henan; eles se conheceram em Guangzhou e lá se apaixonaram. “Eu gosto daqui”, ela me disse, enquanto a banda começava a cantar uma balada em cantonês. Os cantoneses

Pete Sweeney é o editor do China Economic Review, que traz notícias e análises dos negócios na China. Ele escreve sobre tecnologia, mídia e telecomunicações na China e foi bolsista da Fulbright, realizando pesquisa na área de políticas empresariais na China. Ele mora em Xangai e viajou 1.200 km até Guangzhou para fazer esta matéria.

A província de Guangdong foi uma das primeiras a se abrir para o comércio exterior. E também uma das primeiras a se acostumar a ganhar muito dinheiro e, consequentemente, a gastar.

Os ricos vão comprar artigos de luxo em Hong Kong para evitar os impostos da China continental

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enquanto na China as pessoas preferem fazer suas transações e pagamentos pelo celular, especialmente porque os sistemas móveis de pagamento são, de certa forma, mais seguros que os cartões de banco – os usuários não podem ter sua conta bancária esvaziada através de um celular pré-pago. A densidade dos caracteres chineses também ajuda, porque a legibilidade é maior em uma tela pequena. O resultado disto é um paraíso de compras tanto on-line como off-line.

A história de Zhang Qinqing é, de certo modo, exemplar no que toca à evolução do comércio em Guangzhou. Em primeiro lugar, Zhang Qinqing não é de Guangzhou. Ela veio do gelado nordeste chinês – mas não imigrou para Guangzhou só por causa do clima. Em segundo lugar, como tantos outros em Guangzhou, Zhang começou exportando calçados em OEM (Original Equipment Manufacturer). O negócio progrediu, e ela passou as operações para o seu irmão. Seu maior mercado estava na Itália, e em uma viagem à Lombardia, ela descobriu o vinho italiano. “No início era um hobby,” diz ela. “Mas os italianos me disseram que compravam tanto dos chineses que nós deveríamos comprar algo deles, também. É bom para a balança comercial!”Zhang Qingqing não dirige uma empresa high-tech. Como a maioria dos chineses de certo nível social, ela tem um iPhone e um iPad. E como a maioria dos chineses de seu nível, ela os usa mais para jogos.

Sua empresa de calçados funciona com telefonemas e faxes para representantes.

Guangdong Mobile sempre foram mais rápidas e mais estáveis; é maior a busca pelo serviço e a população aqui usa muito a telefonia celular. A Guangdong Mobile acertou em cheio com os pacotes de serviço e preços que oferece... Fizeram tudo muito bem feito”. Os serviços da Guangdong Mobile incluem conectividade 3G de alta velocidade disponível ao longo do metrô de Guangzhou – e a cidade está preparada para ser uma das primeiras plataformas de testes do novo protocolo 4G da China Mobile, o LTE, que deverá dobrar a velocidade de downloads: a mídia estatal tem vazado rumores de que os testes começam ainda este ano.

Na China, e-commerce e telefonia celular estão intimamente ligados. No Ocidente, o e-commerce se faz, geralmente, pelo computador,

Mas as vendas em Guangdong aumentam: de acordo com dados do governo, as vendas no varejo de bens de consumo na província subiram 17% em 2010. Em junho de 2011, as vendas de varejo em Guangzhou chegaram a 37 bilhões de dólares, 16% a mais que no ano anterior, mas muito menos que o recorde de 70,1 bilhões atingido em dezembro de 2010 (as vendas aqui são muito sazonais).

Sim, a vida é muito boa para os varejistas em Guangzhou, mas eles começam a enfrentar a concorrência de lojas on-line em plataformas como Taobao, uma resposta onipresente – dominante no mercado – do grupo Alibaba ao eBay. O e-commerce em Guangdong está em franco crescimento e isso se deve, em grande parte, ao fato de a cidade ter o status de capital chinesa da telefonia celular.

Tartaglia ressalta que, graças aos investimentos da Guangdong Mobile em infraestrutura de telefonia celular, a província é famosa pela qualidade das conexões móveis: “as redes da

Graças aos investimentos da Guangdong Mobile em infraestrutura de telefonia celular, a província é famosa pela qualidade das conexões móveis.

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O e-commerce, para exportadores, ainda é um nicho relativamente pequeno. Embora haja 9.987 fornecedores de Guangzhou listados no portal de exportação Alibaba.com (dados de outubro de 2011), a plataforma ainda é tecnologicamente simples, e é mais uma agenda telefônica on-line do que propriamente um sistema de compra e venda. O RFID (Radio Frequency Identification) ainda é pouco utilizado, e o sistema interno de frete, o desacreditado kuaidi é um caos fragmentado, que vem sendo consolidado por regulamentações. As operadoras de kuaidi são empresas pequenas com fama de entregar mercadorias com atraso, em endereços errados e até danificadas; recentemente, descobriu-se que algumas empresas, que usavam caminhões frigoríficos para transporte de produtos, desligavam a refrigeração ao saírem da cidade para economizar gasolina. A tecnologia por si só não pode superar problemas estruturais, e isto prejudica o desenvolvimento do e-commerce: um varejista on-line será tão confiável quanto sua empresa de entrega.

Até hoje isso não tem prejudicado muito os empresários chineses. E em se tratando de comércio, nem todos os produtos precisam de soluções high-tech. “Eu não preciso de uma página na Internet – não se pode provar vinho on-line,” argumenta Zhang. E esse é um desafio que enfrentam os distribuidores de vinhos italianos, pouco conhecidos aqui. Zhang adotou uma outra estratégia de marketing. Se ela fizer muita publicidade, acaba recebendo gente que vem, prova os vinhos e vai embora, deixando garrafas abertas de vinhos caros que certamente vão estragar. Em vez disso, ela usa o boca a boca; ela recebe amigos de amigos para degustação em uma das enormes mesas de jantar de sua loja, e, se tudo correr bem, vende caixas fechadas de vinho. De vez em quando, ela também fornece vinho para banquetes do governo.

Para algumas pessoas, o sucesso dela é uma situação anômala. O estereótipo do consumidor chinês de vinho pagaria 5.000 dólares por um vinho francês para depois misturá-lo com Coca-Cola. Zhang descobriu um tipo de consumidor: chineses tão ricos que podem se dar ao luxo de realmente desenvolver um gosto – e não apenas pelo status que isso proporcione – e de pagar um imposto absurdo para não ter de ir a Hong Kong.

Isso é fazer compras ao estilo de Guangzhou.

Guangzhou

Renda média por habitante n/dNova York = 100

Custo de vida 82Nova York = 100

Índice de habitabilidade 70Ideal = 100

Aluguel de escritório por m2 USD $319

Extensão da rede de transporte coletivo 2,24Em termos da área da cidade, km/km2

Rede de transporte público de melhor qualidade 0,07km/km2

Telefones fixos por 100 habitantes 21,9

Assinantes de celulares (país) 859.003.000Pós e pré-pagos

Assinantes 3G (país) 47.050.000

Velocidade 3G Alta

Assinantes de banda larga fixa (país) 103.641.000

Usuários de serviços bancários on-line (país) 141.135.000

Usuários de Facebook 522.920

Usuários de Tweeter n/d

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O boom econômico já chega ao fim em Guangzhou?

Guangzhou tem a vantagem de ser o centro administrativo do Delta do Rio das Pérolas, mas seu papel nas exportações é limitado. “Guangzhou é um centro automotivo, e em termos de cadeia de suprimento, a cidade está preparada para atender a esse setor. No entanto, em termos de exportação, Shenzhen e Hong Kong ainda são os principais centros do sul da China, e a situação não deve mudar até onde podemos prever o futuro”, diz Turloch Mooney, consultor de logística e diretor executivo da Supply Chain Asia. Contudo, ressalta ele, Guangzhou é importante no atendimento do mercado interno. O porto de Guangzhou, mesmo pequeno, presta bons serviços, e a cidade é também uma hub de transporte aéreo. Mas seu papel principal tem sido o de funcionar como centro de distribuição para a demanda interna – o que não é ruim, principalmente levando-se em conta as novas políticas de estímulo ao consumo doméstico e o fantástico ritmo

de urbanização da China, que constitui o maior movimento organizado de migração do campo para a cidade em toda a história da humanidade.

Apesar de tudo isso, é possível que Guangzhou passe por um período de adaptação que não será indolor. A economia do PRD (Pearl River Delta) vem sendo pressionada em várias frentes. Uma delas é o ‘bônus demográfico’ chinês, ou seja, o excesso de trabalhadores pobres dispostos a trabalhar na montagem de produtos para a exportação em troca de salários ínfimos acabou. A população com idade de 15 a 19 anos, que é a maior parte da mão de obra barata, esteve em seu ponto mais alto em 2005. Some-se a isso inflação e políticas governamentais, e o resultado é a um considerável aumento dos salários na China, com projeções indicando elevação de 20 a 30% nos próximos dois anos. Esses custos têm castigado as pequenas e médias indústrias responsáveis pela maior parte das exportações do PRD e, por extensão, pela maior parte de sua economia.

Há também questões externas: dada sua dependência da exportação, a persistente fragilidade das economias ocidentais atinge duramente a província

de Guangdong, e em particular a cidade de Guangzhou. Entretanto, mesmo com menor crescimento das exportações, Pequim adotou medidas para dificultar o empréstimo bancário criando bolhas nos preços dos ativos e uma inflação que tem estado acima de 5% ao mês – tornando impossível, na prática, que as fábricas obtenham o crédito de que necessitam para sobreviver a uma possível queda mais acentuada nas exportações.

Por fim, a maioria destas empresas não tem conseguido construir marcas bem sucedidas que possam competir nacional e internacionalmente. As empresas chinesas ainda competem unicamente em preço e isso é o inverso da força de marca. Dessa forma, a indústria, que é a base da economia de Guangzhou, está prestes a sofrer um baque. “As companhias que utilizam cadeias de suprimento menos sofisticadas – empresas de vestuário, por exemplo, como Adidas e Puma – estão todas buscando outras opções além da China. A China ainda é, de longe, o destino de sourcing mais procurado por estas empresas, mas Vietnã, Bangladesh e Camboja estão se tornando mais rentáveis para elas”, afirma Mooney. Segundo ele, o recente acordo de livre comércio entre a China e a ASEAN (Association of Southeast Asian Nations) facilitou ainda mais a mudança de fábricas para locais mais baratos.

As necessárias mudanças econômicas estão impulsionando o consumo nacional, em oposição ao crescimento fomentado por investimentos, e também indicam que o setor de serviços deverá tomar o lugar do setor industrial em importância no PRD, alterando o modelo atual.

É claro que ainda não se pode falar de crise. A China tem 3,2 trilhões de dólares em reservas e as empresas e consumidores de Guangdong ainda são, em sua maioria, abastados. Elevadas taxas de poupança deverão facilitar a transição econômica, e o coração do Delta continuará tranquilo em seu caminho rumo ao shopping.

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Nossos principais clientes também pertencem a um segundo grupo, que reúne empresas estrangeiras em expansão na China. Podem ser novas lojas de marcas da moda com produtos de luxo, ou novos restaurantes de cadeias internacionais. Quando abrem um novo ponto de vendas, necessitam de infraestrutura de TI para que possam operar, conectando-se a seus sistemas e à sua sede.

Além disso, nós atuamos como agentes, para os nossos clientes, junto às três provedoras de telecomunicações estatais: China Mobile, China UniCom e China Telecom. O mercado de telecomunicações não está aberto a companhias estrangeiras pois o governo trata essa área como de segurança nacional. Lidando com as tendências

Nos últimos 20 anos, a vida na China tem sido gerenciar mudanças. E isso não pára. Agora, a crise financeira está afetando a atuação das multinacionais e das companhias chinesas. Algumas empresas estrangeiras estão transferindo suas sedes na Ásia-Pacífico para a China. Enquanto isso, o governo chinês tem estimulado o desenvolvimento dos negócios de empresas chinesas no exterior. Na BT, temos expertise e experiência para lidar com ambas as situações. Guangzhou parece já ter previsto tudo isso há muito tempo. Em 200 a.C., a cidade já era um importante porto fluvial e marítimo, que prosperava recebendo comerciantes da Índia e Oriente Médio e, nos séculos XVI e XVII, também da Europa. O mundo de hoje trouxe um novo boom comercial, de um outro tipo, mas uma coisa que o povo de Guangzhou sabe fazer é se adaptar.

a Box. Às vezes, um varejista abre várias lojas na China. Estas lojas são pequenas e precisam se ligar por conexões básicas, fornecidas por alguém capaz de prestar serviços gerenciados. Assim, compramos serviços DSL de empresas locais de telecomunicações e vendemos ou alugamos os equipamentos para o cliente. Na BT, esse é um processo complexo, mas aqui nós o oferecemos como produto local, adaptado de forma a atender às necessidades de nossos clientes através de um só provedor. Temos uma joint venture com uma empresa chinesa que faz a integração de sistemas com alta qualidade, e isso nos permite customizar produtos e serviços, como é o caso também de nossa central de serviços no nordeste da China.

Para mudanças rápidas, respostas rápidas

Essa nossa abordagem, que consiste em oferecer repostas rápidas, se dirige aos dois tipos de clientes que temos na China. Um grupo de clientes é formado por grandes empresas chinesas voltadas para negócios internacionais, como a Haier, a maior indústria chinesa de produtos da linha branca, e uma das maiores empresas chinesas de petróleo e gás. Como uma marca global, nós compartilhamos a experiência acumulada em diferentes países em questões como regulamentação e infraestrutura. Nós colaboramos para nossos clientes construírem uma presença global por meio de serviços de rede e voz, contact centers e datacenters.

Nós também damos suporte a várias indústrias em Guangzhou, uma área em que a manufatura é a base das exportações. Quando uma companhia abre uma nova planta, nós podemos oferecer uma completa infraestrutura, incluindo LAN, WAN e todo o nosso portfólio de produtos e serviços.

Sempre um passo à frente das mudançasPor Sun JunDiretor de Estruturação de Negócios, BT China

Guangzhou é, com orgulho, um dos pilares do recente crescimento econômico da China. Há 30 anos, quando a China começou a abrir ao mundo seus mercados, Guangzhou era formada por um conjunto de 21 cidades, com uma população de cerca de quatro milhões de habitantes. A proximidade com Hong Kong e sua importância na região do Rio das Pérolas impulsionaram o desenvolvimento de Guangzhou, que é hoje a terceira maior cidade da China, atrás apenas de Pequim e Xangai, com uma população de 12 milhões de habitantes.

Simplificando a complexidade

Como Pete Sweeney mostra em seu texto, muita coisa está mudando, e de maneira muito rápida. As empresas aqui precisam se adaptar e mudar também rapidamente. Não há tempo para processos longos e tomadas de decisão demoradas, por isso, na China, a BT tenta simplificar o que é complexo.

Na China, somos provedores de serviços de TI. Um cliente que planeja abrir uma fábrica precisará, por exemplo, de uma rede, de conexões com as demais instalações da empresa, de um datacenter e de instalações para videoconferência. Tudo isso somado constitui um projeto grande e complexo, e como o mercado muda de maneira muito rápida, os requisitos podem mudar a qualquer momento. Por isso, nós dividimos estes processos em projetos menores, alinhados ao nosso portfólio de serviços.

Serviço local para necessidades locais

Se isso não for possível, nós tentamos criar um produto local. Um exemplo é o Retail in

Novos negócios demandam infraestrutura de TI para conexão a seus sistemas.

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Como a comunicação móvel contribui para o desenvolvimento da Indonésia

Por Jeremy WagstaffJacarta, Indonésia

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telecomunicações, muita gente não tinha telefone. Em 1991 o país tinha o mesmo número de linhas por habitante que a China – sete para cada mil pessoas. Uma década depois, havia na China 140 linhas para cada mil habitantes, e, na Indonésia, apenas um quarto disso. Assim, quando apareceram os celulares, no final da década, eles encontraram um excelente mercado na Indonésia.

Quando as mensagens de texto – SMS – surgiram, em 2000, foram também adotadas rapidamente: o telefone celular foi o primeiro dispositivo de comunicação para muitos indonésios, e eles queriam aproveitá-lo ao

máximo. De fato, os indonésios eram os segundos maiores usuários de SMS, atrás apenas dos filipinos.

Da mesma forma, o uso da Internet foi inicialmente prejudicado pelas limitações da rede cabeada no país, pois também aí não houve grandes investimentos. Assim, foi preciso esperar que a web estivesse pronta

corrupção, confusão de trânsito e paraíso das redes sociais – é preciso visitar Jacarta. Lá se poderá ter uma ideia de como os indonésios, há muito acostumados a superar as limitações impostas por governos, geografia e circunstâncias, adotam e adaptam a tecnologia.

Eugy Avriliawati é vendedora desde que estava na escola, trabalhando com produtos que iam de alfabetos que ela mesma desenhava até a lagartos de brinquedo. Hoje, aos 40 anos, ela vende roupas de design para meninas, com forte influência do estilo indonésio. E foi a tecnologia que tornou seus negócios eficientes – atrativos tanto para os

consumidores quanto para a ela própria, como empreendedora – e mais rentáveis.

A empresa é operada utilizando-se um BlackBerry e um Samsung Galaxy Tab. Seus canais de venda? Twitter, Blackbery Messaging (BBM), Yahoo Messenger e uma página no Facebook. Ela trabalha mesmo parada no trânsito. “Eu posso fazer tudo em minha empresa pelo BlackBerry”, diz. “Posso fotografar o produto, fazer o upload das fotos para o Facebook, receber pedidos, mandar e receber faturas, e assim por diante. A maioria dos meus clientes têm serviços bancários móveis em seus telefones e assim, fazem o pagamento pelo celular também”.Tudo isso foi possível para Avriliawati graças ao avanço das comunicações. Na década de 1990, a Indonésia estava muito atrasada e, devido aos baixos investimentos em

Em maio de 2011, a BBC divulgou o resultado de uma pesquisa sobre empreendedorismo. Perguntou-se a pessoas de 24 países – dentre os quais China, Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Austrália – se suas culturas valorizavam o empreendedor e se pessoas com boas ideias podiam colocá-las em prática. Resultado: os indonésios acreditam que seu país é o melhor lugar para criar uma empresa.

Esse resultado é totalmente surpreendente para as pessoas que conhecem a Indonésia.

Ou que pensavam conhecer.

Costuma-se dizer que a Indonésia não é um bom um lugar para negócios. O país ocupa o 110º lugar – num ranking de 178 posições – do Índice de Percepção de Corrupção publicado pela Transparência Internacional. A capital, Jacarta, está em último lugar, entre 23 cidades, com relação à facilidade de locomoção, segundo classificação da Frost & Sullivan; e em 125º lugar – num ranking de 140 posições – na lista de 2011 das cidades mais “habitáveis” do Economist Intelligence Unit. Apesar de mais de uma década de democracia e estabilidade, ainda é problemática a percepção que se tem de Jacarta. Em março, Gita Wirjawan, presidente do Conselho de Coordenação de Investimentos da Indonésia advertiu que o país estava correndo o risco de ser esquecido. “Não são muitas as pessoas”, disse ele ao entrevistador Charlie Rose, “que sabem onde fica a Indonésia”.

No entanto, por outros critérios, a Indonésia tem muita visibilidade. O país conta com a segunda maior base de usuários do Facebook (mais de 40 milhões, atrás somente dos Estados Unidos). Jacarta é, de longe, a cidade com o maior número de usuários do Facebook no mundo – com aproximadamente o dobro de usuários da segunda colocada, Istambul, de acordo com dados do SocialBakers.com. Segundo a ComScore, a Indonésia tem também o maior número de usuários do Twitter em todo o mundo (o relatório lista os países em termos de alcance, equivalendo a 52 milhões, cerca de sete milhões a mais que o Brasil), e, de acordo com números extraoficiais, o país é o maior mercado mundial do BlackBerry.

Para entender essas diferentes perspectivas – berço de empreendedorismo, foco de

Jeremy Wagstaff é escritor, comentarista, apresentador e consultor de mídia e tecnologia. Ex-correspondente da Reuters e do Wall Street Journal, ele vive em Cingapura, onde dirige uma empresa de consultoria em tecnologia chamada Loose Wire.

A Indonésia conta com a segunda maior base de usuários do Facebook (mais de 40 milhões, atrás somente dos Estados Unidos).

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do dinheiro público, o governo de Jacarta abandonou, no final de setembro de 2011, um projeto que previa a construção do primeiro monotrilho da cidade. As obras dos pilares e fundações chegaram a ser iniciadas, mas desde 2007 estavam suspensas. O governo diz que vai estudar alternativas, mas mesmo que o trabalho começasse amanhã, nada estaria pronto antes de 2016. Enquanto isso, Jacarta torna-se pioneira na mobilidade da força de trabalho. O jornalista e empresário Budi Putra, por exemplo, aceitou

um cargo executivo na Yahoo! mediante a condição de poder trabalhar a partir de qualquer lugar. “Muitas pessoas estão se tornando freelancers”, diz ele. “Se os empregadores não permitirem que elas trabalhem de maneira remota, elas podem trabalhar por conta própria”.

Mee Kim, uma coreana que dirige uma rede regional de salas de reunião e escritórios temporários com sede em Jacarta, diz que as empresas estão demorando a permitir que seus funcionários trabalhem com flexibilidade de horários e remotamente. Contudo ela percebe uma crescente demanda pelos seus serviços de escritórios virtuais, prestando suporte para empresas pessoais: ela pode fornecer um endereço para correspondência e uma secretário para atender chamadas, por exemplo. “Aluguel de escritório e salários são responsáveis pela maior parte dos custos operacionais. Os smartphones e a Internet são

levando em conta que cidade vive em perpétuo congestionamento de trânsito. Jacarta tem muito mais habitantes que seus planejadores imaginavam, e não há vias suficientes para acomodar um trânsito em que, durante o dia, se movimentam mais de 12 milhões de pessoas. À noite, quando muita gente já voltou do trabalho para suas casas em zonas próximas, a cidade ainda abriga 9,6 milhões de pessoas – o que a torna a décima maior cidade do mundo ultrapassando, hoje,

as projeções feitas para daqui a 14 anos. Se incluirmos os subúrbios e as regiões metropolitanas, temos uma população de aproximadamente 28 milhões de habitantes.O maior problema da cidade de Jacarta sempre foi a locomoção. De acordo com o Jakarta Globe, as vias de locomoção correspondem a 6,2% da área de Jacarta, contra 15 a 20% de cidades como Nova Iorque, Tóquio e Cingapura. E a situação está piorando: de acordo com números oficiais, a extensão disponível para tráfego deve aumentar apenas 25% entre 1994 e 2014, enquanto o número de veículos terá mais que dobrado. O resultado são enormes engarrafamentos: em 2000, levava-se 60% mais tempo para se ir de um ponto a outro no distrito empresarial, no centro da cidade, que 15 anos antes.

Não há mesmo sinais de melhoria. Depois de sete anos e investimentos de bilhões de rúpias

para o acesso sem fio, por telefones móveis mais inteligentes. Até 2007, a Indonésia esteve atrás de países menores como a Malásia e a Tailândia em número de usuários de Internet. Mesmo sendo um país mais rico, questões regulatórias dificultaram a implementação dos serviços 3G. Naquele ano, iniciaram-se as operações da Internet móvel, recebida com entusiasmo na Indonésia. Em dois anos, o acesso à Internet, na Indonésia, ultrapassou o de seus dois vizinhos do sudeste asiático – mesmo com um número irrisório de usuários de banda larga fixa (menos de um para cada 100 pessoas em 2008, em contraste com cinco para cada 100 pessoas na Malásia). Segundo dados da consultoria de Internet Nielsen, quase metade de todos os usuários de Internet na Indonésia acessam a rede a partir de seus celulares – em Cingapura, essa proporção é de 35%, e na Malásia de 21%. Parte da razão para isso é o preço: o empresário indonésio de telefonia móvel, Andy Zain diz que a Indonésia tem um dos menores custos – se não o menor – de transmissão móvel de dados móveis. Os indonésios aprenderam a superar as limitações impostas pela infraestrutura e por políticas governamentais, e utilizam bastante a tecnologia disponível – quando podem pagar por ela. Eles podem não ter computador em casa, e podem não ter conexão à Internet de banda larga. Podem nem ter o celular mais avançado do mercado: o empresário Zain reconhece que cerca de 80% dos telefones celulares vendidos custam menos de 120 dólares. Mas os indonésios estão acostumados a aproveitar o máximo daquilo que têm.

O telefone celular está, em suma, abrindo portas para os indonésios. São pequenos, portáteis, confiáveis e estão sempre conectados. E a massa crítica criou um ecossistema de outros serviços: os serviços bancários on-line cresceram consideravelmente no ano passado, de acordo com a comScore: entre janeiro de 2010 e janeiro de 2011, o número de acessos a sites de bancos on-line aumentou 72%, o que representa, de longe, o maior salto no sudeste asiático.

O blogueiro Rama Mamuaya, que escreve sobre negócios, estima que haja mais de 700 startups na Indonésia, entre as quais as mais notáveis são aquelas que se desenvolvem

Quase metade dos usuários de Internet na Indonésia acessam a rede a partir de seus celulares.

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O maior problema de Jacarta é a falta de vias de trânsito, o que torna difícil a ida ao trabalho. Assim, o trabalho remoto e os escritórios virtuais se tornaram imprescindíveis.

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as ferramentas mais poderosas e eficientes em operações unipessoais”.

E os próprios engarrafamentos criam oportunidades de negócio. Motoristas driblam a lei dos ‘três em um’ (segundo a qual um passageiro deve levar pelo menos três passageiros no carro, ao passar por áreas restritas) levando ‘jockeys’ – crianças, adolescentes e mães que ficam à beira da estrada, e cobram para completar o número necessário de passageiros. Motociclistas se oferecem para levar passageiros do ponto de ônibus até o escritório ou até suas casas. Vendedores cruzam as ruas vendendo de tudo – desde água mineral até cigarros e martelos – para motoristas presos em intermináveis congestionamentos. Atualmente há vários serviços via Twiter para que as pessoas informem umas às outras sobre os engarrafamentos. Koprol obteve tanto sucesso conectando usuários de seu serviço a pessoas à sua volta – no mesmo shopping, ou no mesmo bairro – que foi comprado pela Yahoo! em 2010. A desenvolvedora de aplicativos móveis, SeaTech Mobile, criou recentemente um programa para a maior e mais conceituada empresa de táxis de Jacarta, a BlueBird, permitindo não só que os usuários peçam um táxi, mas que possam utilizar o GPS do carro para rastrear sua localização.

Outro serviço relacionado ao trânsito é o GO-JEK, que, em parceria com 200 mototaxistas (chamados ojek) gerencia reservas por telefone e mensagens de texto para o transporte de passageiros, entrega de pacotes e de outros serviços. Enquanto os ojeks têm, em geral, uma aparência desleixada e não inspiram muita confiança, os da GO-JEK usam uma jaqueta com logo e capacete, além de cobrarem preços fixos. Mais uma diferença? Seus passageiros não são a tradicional clientela dos ojeks – pessoas que vão do ponto de ônibus para seus escritórios ou para suas casas – mas, em sua maioria, clientes corporativos. Isso mostra como o empreendedorismo em pequena escala, surgido de uma necessidade, migrou para a era digital e para o mundo empresarial.

“A minha empresa” diz o co-fundador Nadiem Makarim à agência de notícias AFP “existe porque falta infraestrutura”.

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Renda média por habitante 8,7Nova York = 100

Custo de vida 84Nova York = 100

Índice de habitabilidade 55Ideal = 100

Aluguel de escritório por m2 USD $142

Extensão da rede de transporte coletivo 0,19Em termos da área da cidade, km/km2

Rede de transporte público de melhor qualidade 0,19km/km2

Telefones fixos por 100 habitantes 15,8

Assinantes de celulares (país) 220.000.000Pós e pré-pago

Assinantes 3G (país) 10.000.000

Velocidade 3G Alta

Assinantes de banda larga fixa (país) 1.700.000

Usuários de serviços bancários on-line (país) n/d

Usuários de Facebook 17.484.300

Usuários de Tweeter 1.160.000

© 2011 Economist Intelligence Unit Ltd. Todos os direitos reservados. Embora tenham sido feitos todos os esforços para a verificação dessas informações, nem The Economist Intelligence Unit Ltd nem suas afiliadas podem aceitar responsabilidades ou arcar com prejuízos decorrentes do uso dessa informação por qualquer pessoa.

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Indonésios: sociáveis por natureza, mais ainda com a ajuda das redes

Não há dúvidas de que a sociabilidade faz parte da cultura da Indonésia. Assim, quando apareceram as mídias sociais, as mensagens de texto e os e-mails foram substituídos pelas formas mais novas – e mais “comunitárias” – de contato.

Dev Yusmananda, que trabalha como consultor de transformação tecnológica e telecomunicações em Jacarta, faz a seguinte análise: “ As pessoas na Indonésia já não começam sua comunicação com uma perspectiva bidirecional, mas considerando um meio público, passando à comunicação privada quando necessário. E isso não é uma característica padrão do e-mail e do SMS”.

Os indonésios não são somente a segunda maior população no Facebook do mundo, mas também são uma das populações mais sociáveis do planeta. O indonésio usuário do Facebook tem, em média, 199 amigos, de acordo com um relatório da TNS. E isso se deve em grande parte à telefonia móvel: de acordo com a Saling Silang, empresa de pesquisa com sede em Jacarta, 43% dos tweets na Indonésia são postados através do UberTwitter, um aplicativo muito popular entre os usuários do BlackBerry.

Redes sociais e telefones celulares que permitem acesso a elas são de uso obrigatório para todo cidadão de Jacarta que se preze. Diz Maryam Jamiella, 25 anos, funcionária pública: “Você tem que ter um BlackBerry, porque todo mundo tem e é através dele que as pessoas mantêm contato. Se você não tiver, ficará socialmente isolado, será um excluído. A primeira pergunta que as pessoas fazem é ‘qual é o PIN do seu BlackBerry?’São essas redes que permitem à população de Jacarta lidar com a imprevisibilidade e com as frustrações decorrentes de morar e

trabalhar na cidade. Representam também a chance de complementar os baixos salários que a maioria das pessoas que trabalham em escritórios recebe. Os grupos de mensagem do BlackBerry (BBM) são redes fechadas através das quais amigos de escola ou colegas de escritório podem manter contato. Mas também são redes que possibilitam vendas.

Astrid Anastasia, por exemplo, trabalha para a Nokia em Jacarta e mora em Bogor, uma cidade a 40 km ao sul. Durante suas viagens de ida para o trabalho e volta para casa, e também durante seu tempo livre, ela usa seu BlackBerry e seu netbook para venda de passagens aéreas on-line. Ela monitora promoções especiais através de aplicativos do seu BlackBerry e anuncia as ofertas para amigos e clientes através dos seus grupos BBM.

Seus colegas de escritório estão todos fazendo algo semelhante, conta ela. “Eles trabalham como revendedores de produtos como bolsas, roupas, sapatos e artigos para bebês, que anunciam ao lado de suas fotos no BBM ou no Facebook – onde postam as informações atualizadas dos produtos e sempre conquistam clientes”.

Para alguns, isso já se tornou mais do que uma atividade paralela. Ivan Chandra é advogado em uma empresa e baterista da Urban Vibe, uma banda de soul de três integrantes, mas a maior parte de sua renda vem da venda do cajón, um instrumento de percussão em formato de caixa, feito

por ele em uma oficina em Bogor. Ele administra todos os pedidos através de uma combinação de BlackBerry e iPhone. “Eu posso fazer quase tudo com o meu celular: ler e-mails; telefonar; atualizar o site; buscar informações relacionadas à minha área de atuação, como comparar preços; expor os produtos; informar custos de frete, se for necessário enviar o produto para o exterior. Eu posso atender a pedidos onde quer que eu esteja, através desses dois aparelhos”. A namorada dele também tem um negócio paralelo – vende peças de vestuário através de grupos BBM.

Algumas dessas atividades crescem e se tornam o principal meio de vida das pessoas. Ligwina Hananto, uma jovem usando hijab, formada pela Curtin University of Tecnology, da Austrália, usa o Twitter para promover sua empresa de consultoria financeira. Seus seminários têm as entradas esgotadas apenas pelos anúncios no Twitter. Quando escreveu um livro, tuitou sobre ele aos seus 40.000 seguidores: o livro desapareceu das livrarias e já foi reimpresso quatro vezes. Ela atribui seu sucesso aos pioneiros na adoção de tecnologias – como seu marido – aos problemas de infraestrutura que forçam os indonésios a se adaptar, e à cultura local. “Os indonésios adoram se reunir, não importa o meio”, diz ela. Costumava ser em cafés; depois veio o bate-papo via rádio e a época do IRC (Internet Relay Chat, uma primeira forma de bate-papo on-line). Então surgiriam o Faceboook e o Twitter. É por isso que as redes sociais crescem tão rapidamente aqui”

São essas redes que permitem à população de Jacarta lidar com a imprevisibilidade e com as frustrações decorrentes de morar e trabalhar na cidade. Representam também a chance de complementar salários relativamente baixos.

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depois de estudar nos Estados Unidos ou na Europa, querem iniciar aqui novos negócios, lançar seus blogs e seus websites.

Os indonésios tomaram conta das mídias sociais – como escreve Jeremy Wagstaff em seu artigo – e o país está em segundo lugar em número de usuários do Facebook. E é verdade que vários de meus familiares e amigos usam o Facebook. Os indonésios são pessoas muito sociáveis e gostam de pertencer a uma rede: nós já tínhamos a cultura, e agora temos também a tecnologia.

Na Indonésia ainda há, atualmente, uma visão negativa de governo e corrupção, mas, olhando de forma global, nossa economia é sólida. Há grande potencial no mercado nacional, exportamos para a China e para o Japão, e a crise nos EUA e na Europa não teve tanto impacto sobre nós. O banco central possui reservas, o sistema financeiro é forte, e podemos prever um bom crescimento nos próximos três a cinco anos.

Eu decidi fazer parte da BT para trabalhar com boas pessoas, com bons valores e crescer. Por isso, eu espero que você também se junte a nós.

Desejamos apresentar todos os valores da BT, para, assim, conquistar confiança e crescer na Indonésia. O primeiro valor da BT é sua confiabilidade: nós cumprimos aquilo que prometemos. O segundo é nossa paixão pelo que fazemos: trabalhamos em equipe para entender o cliente e seus pontos de vista. O terceiro é a inspiração, que permite alcançar nossas metas. E o quarto é sermos diretos: para mim, a BT é muito aberta e fácil de lidar.

Nosso potencial já está sendo reconhecido

Na Indonésia, há grande potencial para o desenvolvimento de negócios, e a expertise global trazida pela BT contribuirá para o desenvolvimento do país e de seu povo. Outros países podem fazer um uso mais sofisticado de tecnologia, mas nós temos também potencial para isso. A tecnologia aqui ainda é nova, mas as pessoas a recebem com entusiasmo.

Nas escolas, por exemplo, há muito poucos computadores. Os estudantes não têm grande acesso à tecnologia, mas ultimamente vemos indonésios formados no exterior, que

Paixão por negóciosPor Wibisono GumulyaDiretor Geral, BT Indonésia

Estamos em uma época animadora para a Indonésia e também para a BT. Como indonésio, eu realmente acredito que a BT e o país podem beneficiar um ao outro. E gostaria de dizer como.

Há muito que avançar em TI na Indonésia. Mesmo hoje em dia, poucas empresas realmente compreenderam que a TI deve estar no centro de seus negócios. E eu acredito que isso cria oportunidades para a BT e para o país.

Ingressei na BT em abril, para ajudar a lançar serviços de TI, e já estamos conquistando grandes clientes. Estamos trabalhado, por exemplo, com a terceira maior empresa de telecomunicações e projetamos um data center ‘verde’ para um dos maiores bancos da região.

Contribuindo para o sucesso dos negócios

Sabemos que nossos clientes serão as empresas que encaram sua rede de TI como fundamental para os negócios. São empresas profissionais e bem administradas que querem se desenvolver. Nós podemos identificar o que necessitam para suas operações – segurança e armazenamento de dados, por exemplo – apresentando uma proposta detalhada de como atendê-las, não somente com hardware, mas também com serviços de TI.

....olhando de forma global, nossa economia é sólida. A crise que atingiu os Estados Unidos e a Europa não teve grande impacto sobre nós.

A BT contribui para que as empresas da Indonésia integrem a TI a seus negócios.

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Mumbai usa a tecnologia para contornar suas dificuldades

Por Sidin VadukutMumbai, Índia

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de redes sociais documentando, em tempo real, os acontecimentos. Moradores usaram o Twitter e o Flickr para trocar informações sobre os dez atentados a tiros e bombas na cidade. Algumas das primeiras imagens foram feitas por Vinukumar Ranganathan e postadas no Flickr, e os bloggers da Índia postaram atualizações ao vivo.

Referindo-se ao grande número de registros eletrônicos dos ataques em fotos, vídeos e gravações telefônicas, o New York Times disse que os atentados terroristas de Mumbai em novembro de 2008 “foram provavelmente os ataques terroristas mais bem documentados do mundo”.

Durante a última série de ataques a bomba em Mumbai, em julho, a resposta da população foi ainda mais sofisticada. Além de transmitirem notícias e desfazerem rumores, os moradores de Mumbai também utilizaram as redes sociais para organizar o transporte de pessoas isoladas e o trabalho de voluntários, além de coordenar as ações de socorro. As hashtags #needhelp e #here2help foram utilizadas para concentrar os pedidos e ofertas de ajuda.

Tudo isso indica que o governo deveria considerar o uso de plataformas como o Messenger e a telefonia móvel para divulgação de informações, prestação de assistência e auxílio aos cidadãos. Mas, até o momento, as perspectivas não são as melhores.

“A segurança é, atualmente, uma grande prioridade para o governo, em nível nacional”, diz Lloyd Mathias, Presidente da área de monitoramento corporativo da Tata Teleservices, uma das maiores operadoras de telecomunicações do país. “E o governo vem buscando maneiras de utilizar a regulamentação para aprimorar a inteligência e a segurança”.

Diante da atual situação, tem havido um recuo dos que defendem a privacidade e surgido alguns problemas para as empresas de telecomunicações. Lloyd explica: “Ao contrário dos países ocidentais, onde os governos possuem equipamentos para rastrear chamadas, aqui o governo quer que as provedoras assumam o serviço. E isso requer investimento”.

e a forma de utilizar o telefone.Berges lembra com certa nostalgia os velhos tempos – ou seja, 2003 – , quando ele ganhou seu primeiro laptop. Naquela época, ele usava o Yahoo Messenger com apenas dez amigos e passava a maior parte do tempo conversando com um primo nos EUA.Depois, ele passou para o Google Talk, e em 2008 ele ganhou seu primeiro telefone, um aparelho Nokia, E-Series, com um plano de transferência ilimitada de dados. “Isso mudou tudo”, diz. “O Messenger deixou de ser algo que eu fazia às vezes com um pequeno grupo de amigos e passou a ser meu principal meio de comunicação. Eu raramente utilizo minhas franquias de SMS e chamadas no celular; eu mando menos de cinco mensagens de texto por dia”.

A partir de uma pequena base de assinantes, há mais ou menos uma década, a Índia vem registrando uma explosão no número de conexões e usuários de Internet, e também no uso de redes sociais. Como Berges, os jovens moradores das cidades indianas vem incorporando as redes sociais a suas vidas.Um serviço de estatísticas de mídias sociais estima que a Índia tenha aproximadamente 35 milhões de usuários de Facebook, e que 10% deles estão em Mumbai. Dado que apenas 2% da população do país mora nessa cidade, o número é significativo. E às vezes o papel dessas redes sociais vai além da troca de fotos e atualização de perfis.

Nos últimos dez anos, Mumbai foi atingida por uma série de atentados a bomba e, a cada um deles a resposta da cidade foi completamente diferente, devido ao uso das novas tecnologias. Os ataques terroristas em novembro de 2008, que mataram mais de 160 pessoas, são um dos primeiros exemplos

Para Berges, um estudante de ciência política de 22 anos, SMS é lento. E-mail, então, é Neandertal. Ele fica direto no aplicativo de mensagem instantânea (Instant Messenger).

Ele está sempre conectado, sempre disponível: “Sempre que meu telefone vibra, eu atendo”, diz ele. Berges conta que a maioria dos seus amigos faz o mesmo e que todos eles gostam de usar o Messenger, mesmo enxergando alguns pontos negativos: “Eu nunca converso com uma só pessoa de cada vez”, conta. “Estou sempre falando com alguém na vida real e com outra pessoa pelo telefone. Sempre que encontro com meus amigos, nós nos falamos usando o telefone ao mesmo tempo”.

Até seu pai aprendeu que o Messenger é a melhor maneira de estar em contato com o filho, desde que Berges o convenceu a usar o Whatsapp no seu telefone com plataforma Android (o Whatsapp permite que você leia mensagens de pessoas que utilizam telefones com plataformas diferentes).

Berges é um perfeito representante da geração Y – pessoas com idade de 15 a 34 anos que cresceram usando a tecnologia digital. De acordo com a Frost & Sullivan, empresa global de consultoria em pesquisas, até 2020 esse grupo responderá por um terço da população mundial. E 37% dos integrantes da geração Y vivem na Índia e na China.

Que o mundo deles será diferente não há dúvida, e Berges e seus amigos estão agora criando a diferença. Em seu curto tempo de vida, Berges já viu o surgimento de planos de transferência de dados, redes confiáveis e bons softwares transformarem sua vida social

Sidin Vadukut é um escritor indiano e atualmente trabalha como editor chefe do Livemint.com, um serviço premium de noticias empresariais on-line, lançado em colaboração com o Wall Street Journal. Nascido numa pequena cidade de Kerala, ele mora em Mumbai há 11 anos. Vadukut é, ainda, colunista e blogger.

Segundo o New York Times, os atentados terroristas de Mumbai em novembro de 2008 “foram provavelmente os ataques terroristas mais bem documentados do mundo”.

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No dia 11 de julho de 2006, por exemplo, sete bombas explodiram, em 11 minutos, ao longo da rede, matando 209 passageiros e ferindo 700. A última bomba explodiu às 18h35. Os trens voltaram a funcionar às 22h45.

Quando os trens param, a cidade também para. Por isso eles não podem parar. No entanto, eles operam em condições extremas. Composições de nove carros, projetadas para transportar 1.700 pessoas, frequentemente transportam até 4.500, uma situação que é denominada na Índia “Super Dense Crush Load”, ou “lotação de compactação super densa”. Os passageiros que vão dependurados nas portas e sentados em cima do trem ficam expostos a acidentes. Números extraoficiais dão conta de que, em média, dez pessoas morrem diariamente na rede ferroviária.

O estudante de ciência política Berges, acredita que a situação poderia e deveria ser melhorada: “o sistema ferroviário se orgulha do GPS instalado nos trens. Por que, então, eles não colocam estas informações à disposição das pessoas, como se faz em lugares como o Reino Unido?”

Mathias, da Tata Service, está igualmente ávido por informações: “ Por que não posso chegar ao ponto de ônibus, enviar uma mensagem de texto e saber quando o próximo ônibus vai passar? Isto poderia ajudar a reduzir a superlotação e o pânico”.

Face a dificuldades tão assombrosas, as pessoas de Mumbai e arredores têm aprendido a contornar problemas. A telefonia móvel foi um sucesso espetacular na Índia porque, até seu lançamento, dependia-se do moroso setor público para que se instalasse os fios de cobre e equipamentos necessários para a instalação de uma linha telefônica. E a espera por um telefone, muitas vezes, se arrastava durante anos.

As conexões móveis, sem fio, surgiram como uma libertação. O boom da telefonia celular na Índia começou em 1994, quando o governo lançou a Política Nacional de Telecomunicações (NTP – National Telecommunications Policy). Em dez anos, isto é, no final de 2004, o número de celulares na Índia superou o de telefones fixos, chegando a um total de quase 50 milhões.

O governo respondeu com uma série de leis, como a do Registro Nacional de Números Para Não Ligar – um banco de dados, em que as pessoas podem incluir seu nome e número de telefone, supostamente optando por não receber spam por meio de ligações ou mensagens de texto. Até agora, estas medidas não vem funcionado muito bem.

Lloyd Mathias, da Tata Teleservice diz que há, neste caso, mais do que somente o vazamento de dados. “Muitas vezes, as pessoas deixam cartões de visita ou informações de contato em restaurantes e lojas. Esses dados podem facilmente ser reunidos e vendidos para empresas de marketing pouco idôneas. Quando vendemos bancos de dados, nós temos o controle. Mas quando eles são obtidos indiretamente cria-se um problema. É possível haver benefícios em deixar contatos em lojas, mas os clientes devem estar cientes da possibilidade de uso indevido destas informações”.

Diante do problema do spam via mensagens de texto, a TRAI (Autoridade Reguladora de Telecomunicações da Índia – Telecom Regulatory Authority of India) determinou que a partir de 27 de setembro de 2011 nenhum usuário poderá enviar mais de 100 mensagens de texto por dia. A TRAI espera inibir, dessa forma, a atuação dos spammers. (Embora tal medida levante a seguinte questão: e se o seu 101º e-mail se relacionar a uma emergência?)

O aspecto de sua vida que Anupam mais gostaria de mudar é a viagem que ele tem que fazer para trabalhar: “tem que haver um jeito de acabar com este sofrimento ou, pelo menos, de torná-lo mais suportável”, desabafa.

Com uma população de mais de 12 milhões de habitantes, e mais 10 milhões que vivem nos arredores e dependem da cidade para a sua sobrevivência, o transporte público de Mumbai é complicado. Entretanto, existem esforços notáveis – e os trens suburbanos já se tornaram uma lenda. Mesmo quando há desastres naturais ou ataques terroristas, o sistema de trens é o último a parar e o primeiro a retomar o funcionamento.

A recente regulamentação denominada IT (Intermediary Guidelines) Rules 2011, do Ministério da Tecnologia da Informação, determina que hosts, ISPs, redes sociais, ferramentas de busca e outros meios não apenas processem reclamações como também monitorem conteúdos censuráveis.Assim, em momentos de emergência, a responsabilidade de resposta imediata, de gerenciamento de rumores e de coordenação fica nas mãos da população.

As coisas não são melhores no dia a dia, comenta Anupam, 29 anos, operador de bolsa de valores em Mumbai. “Nos últimos quatro ou cinco anos, os sites de órgãos do governo têm melhorado imensamente. Contudo, as informações ainda ficam armazenadas em seus servidores. Deve haver um meio de se tornar o processo mais dinâmico”.

Anupam gosta muito das novas formas de comunicação e diz que o celular tem transformado a sua vida. Todo dia de manhã ele acorda e, “às vezes antes mesmo de ir ao banheiro”, liga seu telefone e checa seus e-mails, notícias de negócios e tweets.

Quando ele começou a operar na bolsa, há sete anos, ele se lembra que o e-mail era o “padrão ouro” em comunicação. “Agora, quando algo acontece na bolsa, eu imediatamente envio uma mensagem de texto para os meus colegas. É assim que dou a notícia em primeira mão. A análise pode vir mais tarde por e-mail”, explica. “Já avançamos muito, para quem enviava fax da mesa de operações”.

No entanto, Anupam admite que não utiliza seu telefone celular e sua rede móvel para muita coisa além de comunicação. Ele diz que, em parte, isto se deve a questões de privacidade. “As provedoras de serviço aqui são extremamente descuidadas com relação à privacidade e à proteção dos dados. Não convém dar seu endereço e números de telefone”.

Ano passado, o Mint, um jornal diário de negócios, publicou uma reportagem sobre como centenas de milhares de números de celular, com informações pessoais dos usuários, foram colocados à venda por um preço barato. Em alguns casos as informações vazaram diretamente de empresas de telecomunicação.

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O serviço de entrega da cadeia Faaso’s, de fast food, usa a tecnologia para monitorar o trânsito.

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Hoje, há 851 milhões de conexões móveis no país, e o estado de Maharashtra, do qual Mumbai é a capital, tem 899 celulares para cada mil pessoas. As empresas foram rápidas em aderir a esta plataforma. Não só aprenderam a adaptar-se a ele, mas também rapidamente aderem aos serviços que ela proporciona. Jaydeep Barman é sócio da cadeia Faaso’s, que tem restaurantes em Mumbai e em Pune. Como oferece serviço de entrega, ele precisa, de alguma forma, transportar a comida pelo trânsito de Mumbai. Ele usa um BlackBerry para acessar e-mail e dados, e um Macbook para monitorar suas 16 rotas: “O trânsito na Andheri East está um caos. Não há a mínima condição de eu conseguir checar tudo. Por isso, eu uso o Macbook para acessar informes gerados em tempo real pelo meu sistema”.

Barman, que permanece conectado durante todo o tempo em que está acordado, afirma que seu restaurante foi o primeiro no mundo a receber pedidos via Twitter. “Já estamos presentes nas redes sociais, e as utilizamos também para gerar vendas”, explica.

Inicialmente, um funcionário da empresa conferia manualmente os pedidos feitos por clientes no Twitter, checando as atualizações. Mas depois, uma empresa de software da região foi contratada para desenvolver um aplicativo. O processo é simples. Os usuários se registram uma só vez no site da Faaso’s , com seu endereço. Depois, basta tuitarem para a Faaso’s com seus pedidos seguidos da hashtag #faasosnow. O software processa os pedidos e os informa à cozinha. “Isto nunca se tornará uma parte muito grande da nossa receita”, diz Barman. “O Twitter ainda é um nicho. Mas nós somos uma marca que não gosta de fazer muito marketing, e essa é uma boa forma de deixar nossos novos clientes curiosos. Quando eles vêem seus amigos postarem pedidos publicamente, podem acabar querendo testar também”.

Como o de toda cidade grande, o destino de Mumbai está ligado às novas tecnologias. Seja fazendo pedido de frango tikka da Faaso´s via Twitter, seja organizando uma equipe emergencial de socorro pelo BBM, os habitantes vêm moldando a vida da cidade a partir das novas formas de comunicação.

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Renda média por habitante 6,9Nova York = 100

Custo de vida 53Nova York = 100

Índice de habitabilidade 57Ideal = 100

Aluguel de escritório por m2 USD $1075

Extensão da rede de transporte coletivo 4,98Em termos da área da cidade, km/km2

Rede de transporte publico de melhor qualidade 0km/km2

Telefones fixos por 100 habitantes 2,9

Assinantes de celulares (país) 752.190.000Pós e pré-pagos

Assinantes 3G (país) 9.000.000

Velocidade 3G Baixa

Assinantes de banda larga fixa (país) 7.745.710

Usuários de serviços bancários on-line (país) 35.000.000

Usuários de Facebook 3.672.500

Usuários de Tweeter 1.172.766

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“Agora, quando algo acontece na bolsa, eu imediatamente envio uma mensagem de texto para os meus colegas. É assim que dou a notícia em primeira mão”.

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Menos correria, mais tempoPor Mridul SrivastavaDiretor de Marketing, BT Índiae Girish BhandarkarDiretor de Produtos, BT Índia

A tecnologia proporcionou a Mumbai uma abertura sem precedentes. Há muitos exemplos como o de Berges, citado no texto de Sidin Vadukut, que fez muitos amigos através do Messenger.

No entanto, Mumbai sabe que segurança é de fundamental importância. Tanto a segurança física, que foi ameaçada em uma série de atentados terroristas, como a segurança das informações.

Por receio de que a tecnologia tenha ajudado a coordenar os ataques, o governo da Índia é extremamente rigoroso com os serviços de comunicação. Na BT, uma das principais provedoras de serviços de TI em rede do país, temos acompanhado as novas leis e exigências quanto à interceptação e o monitoramento legal de nossos serviços e comunicações.

Escolhendo a melhor tecnologia

A situação geopolítica, as questões regulatórias e as limitações de infraestrutura indicam que fazer negócios na Índia é um desafio. E eu creio que, neste particular, a BT se destaca como uma provedora neutra. Nós podemos nos abstrair dos problemas nacionais e selecionar a melhor tecnologia e os melhores serviços para os nossos clientes.

Nós conhecemos o terreno. Sabemos como as coisas funcionam. Se, por exemplo, uma empresa multinacional deseja abrir uma loja na Índia, nossa equipe de especialistas pode prestar consultoria sobre a legislação local. Grandes empresas geralmente desconhecem as questões ligadas à regulamentação para redes. Nós auxiliamos nossos clientes na criação de redes aderentes à legislação local, na preparação de sua documentação e, ainda, na obtenção das aprovações necessárias ao início de suas atividades.

Além disso, nós somos confiáveis. Nós temos, por exemplo, contact centers multimídia hospedados fora da Índia, localizados em várias regiões, de modo que nossos serviços não sejam afetados em caso de emergência. Eles estão baseados em diferentes países e, assim, mesmo que a plataforma principal seja afetada, haverá sempre back-up disponível.

Menos viagens e mais conferências

Entendemos as dificuldades do corretor da bolsa, Anupam, quando ele diz que o aspecto de sua vida que mais gostaria de melhorar com a tecnologia seriam as viagens diárias até o trabalho e de volta para casa. Além das desagradáveis condições físicas do transporte público superlotado, há aqui uma questão de equilíbrio entre a vida profissional e a vida particular. As pessoas acordam às cinco da manhã, gastam entre uma hora e meia e duas horas viajando, trabalham até tarde e chegam em casa por volta das 10 da noite.Não que possamos resolver o problema de transportar grandes números de pessoas, mas podemos oferecer novas formas de contornar esta situação.

As conferências de áudio e vídeo, por exemplo, só agora estão se difundindo na Índia. Há empresas indianas que ainda desconhecem as vantagens desses serviços. Estão acostumadas com reuniões face a face e com longas viagens para cumprir compromissos. Estas empresas não conhecem o serviço e, quando ouvem falar dele, têm medo de que custe caro.

Piloto de uma nova cultura

Por essa razão, lançamos um serviço que é pago de acordo com a utilização, sem taxa mensal, e com total visibilidade, segurança e controle para o usuário a partir de um telefone celular ou de um computador. Ainda assim, nós notávamos que algumas pessoas não estavam abertas a essa nova forma de trabalho. Então, oferecemos um piloto com IDs de usuário em modo demonstração e dissemos: ‘Se gostar, use”. Assim, descobrimos que uma vez que a direção da empresa começasse a usar o serviço, ele se consolidaria.

Quaisquer receios iniciais quanto ao custo das conferências ser maior do que o das chamadas normais desaparece quando se experimentam suas vantagens, constatando-se a redução dos custos com reuniões presenciais e maior produtividade das pessoas.

Um só mundo, um só serviço

Cerca de 70 por cento dos nossos serviços são lançados mundialmente, embora utilizem provedoras locais de acesso em diversos países. Assim, quando as pessoas viajam para os EUA ou para o Reino Unido, elas podem utilizar a mesma tecnologia e fazer seu trabalho sem qualquer impacto em sua produtividade. Elas estarão familiarizadas com o produto, independentemente do provedor local... e ou da megacidade onde estiverem.

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Novas formas de trabalho tornam as empresas indianas mais produtivas.

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ConclusãoApresentamos um retrato da vida digital em quatro megacidades – todas elas vibrantes, complexas e dinâmicas.

Essas cidades têm muito em comum – milhões de habitantes, prédios fantásticos e muita cultura, além de congestionamentos de trânsito, infraestrutura deficiente e pobreza. Elas são também singulares, tanto se comparadas entre si como se comparadas com outras cidades em seus respectivos países. A sensação que se tem em Guangzhou não só é diferente da que se tem em São Paulo, Jacarta ou Mumbai, mas também é diferente do que se percebe em Pequim.

E nós estamos atentos a essas diferenças. Empregamos pessoas que vivem nessas cidades e as conhecem. Sabemos que as diferenças são importantes. São elas que determinam o sucesso ou fracasso de sua empresa nessas cidades.

Mas também oferecemos a segurança de uma companhia global, que fornece tecnologia em perfeita operação em escala global, com alto nível de expertise naquilo que fazemos. É por isso que nossos funcionários, em todo o mundo, gostam de trabalhar conosco – porque sabem que a BT pode fazer a diferença. A BT pode fazer sua empresa funcionar. E é isso que nós queremos.

Hoje em dia, uma nova força nos une – a tecnologia digital conectou o mundo de uma forma nunca antes imaginada. Utilizamos as mesmas aplicações – conferências, Messenger e Facebook, por exemplo – em todos os lugares. Mas em um universo de empresas multinacionais e de pensamento globalizado, as pessoas podem esquecer que o mundo não é homogêneo, que as diferenças são interessantes, e que podemos aprender uns com os outros.

E é nesta combinação do global com o local que está o futuro do nosso mundo.

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