MEIO AMBIENTE · 2019-12-19 · » Conhecer os conceitos de meio ambiente e seus princípios . » Definir Ecologia e conhecer os principais conceitos relacionados ao tema . » Identificar

CURSO DE PEDAGOGIA A DISTÂNCIA

Educação eMEIO AMBIENTE

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CEAD/UDESC/UAB

Universidade do Estado de Santa Catarina

Centro de Educação a Distância

Universidade Aberta do Brasil

FLORIANÓPOLIS UDESC/CEAD/UAB

Educação_MeioAmbiente.indb 1 14/12/2018 15:30:54

Governo Federal

Governo do Estado de Santa Catarina

UDESC

Centro de Educação a Distância (CEAD/UAB)

Presidente da República | Dilma Rousseff

Ministro de Educação | Aloizio Mercadante Oliva

Secretário de Regulação e Supervisão da Educação Superior | Jorge Rodrigo Araújo Messias

Diretor de Regulação e Supervisão em Educação a Distância | Hélio Chaves Filho

Presidente da CAPES | Jorge Almeida Guimarães

Diretor de Educação a Distância da CAPES/MEC | João Carlos Teatini de Souza Clímaco

Governador | João Raimundo Colombo

Secretário da Educação | Eduardo Deschamps

Reitor | Antonio Heronaldo de Sousa

Vice-Reitor | Marcus Tomasi

Pró-Reitor de Ensino de Graduação | Luciano Hack

Pró-Reitor de Extensão, Cultura e Comunidade | Mayco Morais Nunes

Pró-Reitor de Administração | Vinícius A. Perucci

Pró-Reitor de Planejamento | Gerson Volney Lagemann

Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação | Leo Rufato

Diretor Geral | Marcus Tomasi

Diretora de Ensino de Graduação | Fabíola Sucupira Ferreira Sell

Diretora de Pesquisa e Pós-Graduação | Lucilene Lisboa de Liz

Diretora de Extensão | Vera Márcia Marques Santos

Diretor de Administração | Ivair de Lucca

Chefe de Departamento de Pedagogia a Distância CEAD/UDESC | Isabel Cristina da Cunha

Subchefe de Departamento de Pedagogia a Distância CEAD/UDESC | Vera Márcia Marques Santos

Secretária de Ensino de Graduação | Rosane Maria Mota

Coordenadora de Estágio | Lidnei Ventura

Coordenador UDESC Virtual | Luiz Fabiano da Silva

Coordenador Geral UAB | Estevão Roberto Ribeiro

Coordenadora Adjunta UAB | Gabriela Maria Dutra de Carvalho

Coordenadora de Curso UAB | Carmen Maria Cipriani Pandini

Coordenadora de Tutoria UAB | Ana Paula Carneiro

Secretaria de Curso UAB | Elizabeth Maes Savas

1ª edição - Caderno Pedagógico Educação e Meio Ambiente

Copyright © UDESC/ CEAD/UAB <2012>

Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.


Isabel Cristina da Cunha (Org.)

Ana Waley Mendonça

Daniela Viviani

Caderno Pedagógico

1ª edição

Florianópolis

Diretoria da Imprensa Oficial e Editora de Santa Catarina

2012


Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da UDESC

C972e Cunha, Isabel Cristina da

Educação e meio ambiente: caderno pedagógico / Isabel Cristina da Cunha (org.), Ana Waley Mendonça, Daniela Viviani; design instrucional Carla Peres Souza – Florianópolis : UDESC/CEAD/UAB, 2012.

130 p. : il. ; 28 cm

Inclui BibliografiaISBN: 978-85-64210-41-7

1. Educação – estudo e ensino. – 2. Meio Ambiente. – 3. Educação a distância. – I. Mendonça, Ana Waley. – II. Viviani, Daniela. – III. Souza, Carla Peres. – IV.Título.

CDD: 304.25 - 20 ed.

Professoras autorasIsabel Cristina da Cunha (Org.)

Ana Waley MendonçaDaniela Viviani

Design instrucionalCarla Peres Souza

Professoras pareceristasAna Paula Netto Carneiro

Lidiane Goedert

Projeto instrucional Ana Cláudia Taú

Carla Peres SouzaCarmen Maria Pandini Cipriani

Daniela VivianiMelina de la Barrera AyresRoberta de Fátima Martins

Projeto gráfico e capaElisa Conceição da Silva Rosa

Sabrina Bleicher

DiagramaçãoAline Bertolini de Lauro

Elisa Conceição da Silva RosaSabrina Bleicher

Revisão de textoRoberta de Fátima Martins


Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9Programando os estudos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

CAPÍTULO 1 Interação Ser Humano-Natureza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15Seção 1 - O desenvolvimento do ser humano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16Seção 2 - Meio ambiente: conceitos e princípios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21Seção 3 - Fundamentos da Ecologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

CAPÍTULO 2Ciência, Tecnologia, Ambiente Social e Natural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37Seção 1 - As Revoluções Científica e Industrial e suas relações com a natureza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38Seção 2 - A Sociedade Pós-Moderna: globalização e a crise ambiental . . 46

CAPÍTULO 3 Visão Sistêmica e Interdisciplinar na Abordagem das Questões Ambientais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61Seção 1 - A visão sistêmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62Seção 2 - A interdisciplinaridade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 Seção 3 - A Educação e a perspectiva do desenvolvimento sustentável . 70

CAPÍTULO 4 Abordagens Metodológicas e Práticas de Educação Ambiental . . . . . 81Seção 1 - Breve histórico da Educação Ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82Seção 2 - Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 Seção 3 - Projetos ambientais na escola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102

Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115Conhecendo as professoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117Comentários das atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123Referências das figuras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127

Sumário



Apresentação

Prezado(a) estudante,

Você está recebendo o Caderno Pedagógico da disciplina de Educação e Meio Ambiente . Ele foi organizado, didaticamente, a partir da ementa e objetivos que constam no Projeto Pedagógico do seu Curso de Pedagogia a Distância da UDESC .

Esse material foi elaborado com base na característica da modalidade de ensino que você optou para realizar o seu percurso formativo – o ensino a distância . É um recurso didático fundamental na realização de seus estudos; organiza os saberes e conteúdos de modo que você possa estabelecer relações e construir conceitos e competências necessárias e fundamentais a sua formação .

Esse Caderno, ao primar por uma linguagem dialogada, busca problematizar a realidade aproximando a teoria e prática, a ciência e os conteúdos escolares, por meio do que se chama de transposição didática - que é o mecanismo de transformar o conhecimento científico em saber escolar a ser ensinado e aprendido .

Receba-o como mais um recurso para a sua aprendizagem, realize seus estudos de modo orientado e sistemático, dedicando um tempo diário à leitura . Anote e problematize o conteúdo com sua prática e com as demais disciplinas que irá cursar . Faça leituras complementares, conforme sugestões e realize as atividades propostas .

Lembre-se que na educação a distância muitos são os recursos e estratégias de ensino e aprendizagem, use sua autonomia para avançar na construção de conhecimento, dedicando-se a cada disciplina com todo o esforço necessário .

Bons estudos!

Equipe CEAD\UDESC\UAB



Introdução

Olá, acadêmicos(as), vamos iniciar mais uma disciplina!

Contaminação dos cursos de água, poluição atmosférica, devastação de florestas, caça indiscriminada, uso excessivo de agrotóxicos, falta de gerenciamento adequado para o lixo produzido . . . Você já notou algumas dessas agressões ao meio ambiente em sua cidade ou região? Provavelmente, sim! E as soluções para essas questões ambientais, são percebidas com a mesma facilidade? O nosso relacionamento com a natureza, que teve início com um mínimo de interferência nos ecossistemas, hoje está baseado em uma forte pressão exercida sobre os recursos naturais . Assim, torna-se indispensável nossa mudança de comportamento em relação à natureza . Neste contexto, a Educação Ambiental (EA) surge como uma ferramenta ou estratégia para enfrentarmos a crise ambiental, e porque não dizer, social e cultural que estamos vivendo .

Nesta disciplina, Educação e Meio Ambiente, você terá a oportunidade de estudar o desenvolvimento do ser humano; a evolução de sua relação com a natureza; os conceitos básicos da Ecologia; as relações entre sociedade e natureza e a influência dos avanços da ciência; as transformações socioambientais aliadas ao desenvolvimento econômico, conduzindo as empresas e o setor público a investirem em gestão ambiental e responsabilidade socioambiental; além da trajetória histórica e social das diferentes concepções teóricas que caracterizam a construção do conhecimento científico .

A partir de todos estes conhecimentos e algumas orientações e sugestões para práticas pedagógicas, você será capaz de compreender a Educação Ambiental como um meio/processo, o qual possibilita a formação de cidadãos mais críticos, sensibilizados e comprometidos individual e coletivamente com o meio ambiente .

As autoras



Programando os estudos

Estudar a distância requer organização e disciplina; assim como estudos diários e programados para que você possa obter sucesso na sua caminhada acadêmica . Portanto, procure estar atento aos cronogramas do seu curso e disciplina para não perder nenhum prazo ou atividade, dos quais depende seu desempenho . As características mais evidenciadas na EaD são o estudo autônomo, a flexibilidade de horário e a organização pessoal . Faça sua própria organização e agende as atividades de estudo semanais .

Para o desenvolvimento desta Disciplina você possui a sua disposição um conjunto de elementos metodológicos que constituem o sistema de ensino, que são:

» Recursos didáticos, entre eles o Caderno Pedagógico .

» O Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) .

» O Sistema de Avaliação: avaliações a distância, presenciais e de autoavaliação .

» O Sistema Tutorial: coordenadores, professores e tutores .

Ementa

Relação homem-natureza . Ciências, tecnologia e degradação ambiental . Ciência, tecnologia, ambiente social e natural . Abordagens metodológicas e práticas de educação ambiental . Visão sistêmica e interdisciplinar na abordagem das questões ambientais .


Objetivos de aprendizagem

Geral

Compreender como a educação ambiental contribui para a formação de sujeitos mais críticos, participativos, sensibilizados e responsáveis com o meio ambiente .

Específicos

» Compreender a evolução das relações entre o ser humano e a natureza .

» Conhecer os conceitos de meio ambiente e seus princípios .

» Definir Ecologia e conhecer os principais conceitos relacionados ao tema .

» Identificar as relações existentes entre os seres vivos e entre eles e o ambiente natural .

» Compreender que a noção de natureza foi se alterando nas diferentes culturas e períodos .

» Analisar as transformações socioambientais aliadas ao desenvolvimento econômico .

» Compreender as múltiplas razões da crise ambiental da atualidade, associadas às inter-relações entre as condições socioespaciais, políticas, econômicas e culturais .

» Compreender o significado da visão sistêmica e sua aplicação na prática educativa .

» Reconhecer a necessidade da mudança de percepção e de consciência do contexto, para garantir a sobrevivência humana e o desenvolvimento social .

» Reconhecer a interdisciplinaraidade como metodologia importante para o desenvolvimento da Educação Ambiental no ambiente escolar .

» Conhecer o surgimento da EA nos principais eventos mundiais .

» Compreender a relação entre a educação ambiental e o desenvolvimento sustentável .


» Identificar as etapas essenciais para a elaboração de projetos educativos que contemplam a Educação Ambiental .

» Conhecer os Temas Transversais e sua aplicação na prática pedagógica .

» Reconhecer que professor deve proporcionar e possibilitar a aplicação dos conhecimentos à realidade local para que o aluno se sinta capaz de contribuir com o meio .

» Identificar as diversas maneiras para trabalhar a temática ambiental nas atividades escolares que permita o envolvimento dos alunos como agentes ativos .

Carga horária54 horas/aula

Anote as datas importantes das atividades na disciplina, conforme sua agenda de estudos:

DATA ATIVIDADE


Conteúdo da disciplina

Veja, a seguir, a organização didática da disciplina, distribuída em capítulos os quais são subdivididos em seções, com seus respectivos objetivos de aprendizagem . Leia-os com atenção, pois correspondem ao conteúdo que deve ser apropriado por você e faz parte do seu processo formativo .

Capítulo 1 – Neste capítulo, você terá a oportunidade de estudar o desenvolvimento do ser humano e a evolução de sua relação com a natureza . Encontrará, também, os conceitos de meio ambiente e irá relembrar ou conhecer os conceitos básicos da Ecologia . Dessa forma, compreenderá o valor do papel da Educação Ambiental para a manutenção de um ambiente de suporte para os recursos naturais e consequentemente para nós .

Capítulo 2 – Já no segundo capítulo, você estudará o processo evolutivo das relações entre sociedade e natureza, verificando como o conceito de natureza foi sendo produzido, principalmente a partir dos avanços da ciência, resultando em significativas rupturas nas relações sociais e na relação sociedade-natureza . Além destes aspectos, você terá oportunidade de analisar as transformações socioambientais atreladas ao modelo de desenvolvimento econômico adotado e a consequente crise ambiental gerada a partir destas transformações .

Capítulo 3 – Este capítulo lhe ajudará a compreender a trajetória histórica e social das diferentes concepções teóricas que caracterizam a construção do conhecimento científico, favorecendo a formação de cidadãos comprometidos individualmente e socialmente com o meio ambiente .

Capítulo 4 – E no quarto e último capítulo, você compreenderá a Educação Ambiental como um meio/processo, que possibilita a formação de cidadãos mais sensibilizados com o meio ambiente . Bem como, conhecer as orientações e sugestões, para práticas pedagógicas, contempladas em documentos que norteiam o sistema de educação .


Interação Ser Humano-NaturezaDaniela Viviani

Objetivos gerais de aprendizagem

» Conhecer o processo de desenvolvimento do ser humano e a evolução de sua relação com a natureza, bem como estudar os conceitos de meio ambiente e relembrar e/ou conhecer os conceitos básicos da Ecologia, para perceber o alto grau de interdependência que existe entre os diversos componentes da Biosfera.

Seções de estudo

Seção 1 – O desenvolvimento do ser humano

Seção 2 – Meio ambiente: conceitos e princípios

Seção 3 – Fundamentos da Ecologia

Os seres humanos, a partir do momento que evoluíram em suas formas de produção, geraram uma mudança na sua relação com a natureza. Tomado por uma consciência individual, o ser humano afastou-se da natureza e adotou uma postura antropocêntrica, criando uma relação de dominação. Por esta razão, neste capítulo, convidamos você a refletir sobre o processo evolutivo das relações entre ser humano e natureza, bem como sobre a interdependência que existe entre eles.

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Antes de tentar compreender o desenvolvimento do ser humano, faremos algumas considerações sobre a formação do nosso planeta . A idade da Terra é calculada em cerca de 4,5 bilhões de anos . Se você comparar o tempo de existência do ser humano, aproximadamente 1,5 milhões de anos, com a idade da Terra, perceberá que a nossa presença, no que tange o tempo geológico, é insignificante . Por outro lado, ambientalmente falando, as ações promovidas pelo ser humano ao longo de seu processo evolutivo, são indubitavelmente significativas .

Ao longo deste capítulo, você terá a oportunidade de conhecer um pouco sobre o desenvolvimento do ser humano e a evolução de sua relação com a natureza . Entender a complexidade das relações ecológicas, entre os seres vivos e destes com o meio, torna-se fundamental para gerar mudança de atitude diante das questões ambientais e para a manutenção de um meio ambiente saudável e equilibrado .

Seção 1 O desenvolvimento do ser humano


» Conhecer o processo de desenvolvimento do ser humano .

» Compreender a evolução das relações entre o ser humano e a natureza .

O planeta Terra, ao longo da sua idade geológica, sofreu várias transformações e/ou acontecimentos . O espaço geográfico que conhecemos atualmente é resultado de um longo e intenso processo de transformação que ocorre e continua ocorrendo .

Você saberia identificar algumas dessas transformações? Pense um pouco sobre isso, antes de prosseguir a leitura!

Pode-se citar, por exemplo, as mudanças climáticas, as atividades vulcânicas, a presença de terremotos, alteração do nível do mar, glaciações, separação dos continentes, entre outras . Na verdade, essas são ocorrências cíclicas, que acontecem de tempos em tempos (bilhões, milhões ou milhares de anos) . Isso significa dizer que o planeta Terra é um planeta dinâmico, ou


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LO 1que a Terra é viva . Esses acontecimentos, sem dúvida, interferiram na

formação ou transformação da superfície terrestre, assim como, também influenciaram a origem e a distribuição dos seres vivos . Portanto, ao longo do processo evolutivo da Terra, muitas espécies surgiram, se transformaram e se adaptaram às mudanças climáticas ou simplesmente desapareceram .

Apesar de se saber da ciclicidade natural do planeta, não se pode negligenciar a ação antrópica, ou seja, a ação do ser

humano, que também influencia na antecipação ou intensidade de determinados fenômenos, como é o caso, por exemplo, do aquecimento global .

O ser humano, a partir do momento que se estabeleceu no planeta, passou a interferir na natureza de forma completamente diferente das demais espécies . Como você viu, a presença do ser humano no planeta é muito recente, representando aproximadamente 0,001% do tempo geológico . Todavia, os seres humanos geraram impactos significativos na natureza, principalmente quando deixaram de ser nômades e tornaram-se sedentários, ou seja, fixaram território . Enquanto nômades, não geravam impactos significativos no ambiente, pois se alimentavam principalmente de raízes, sementes, caça e pesca . Ademais, estavam em constante processo migratório . Contudo, a descoberta das técnicas de cultivo e a domesticação de alguns animais possibilitaram sua sedentarização e ampliação da produção do espaço geográfico .

Por meio das descobertas de fósseis, chegou-se a uma provável teoria: a origem e a disseminação dos grupos humanos iniciaram na África Oriental e, a partir daí, migraram para outras regiões . As migrações ocorreram em várias direções, associadas a vários fatores como, por exemplo, as secas prolongadas e as glaciações . Há aproximadamente 9,5 ou 10 mil anos atrás, os oceanos se elevaram, atingindo níveis similares aos atuais . (GASSÓS, 2007) . Assim, muitas populações ficaram isoladas . Nesse período, a disseminação dessas populações já tinha atingido a Europa, Ásia, Oceania e América .

O isolamento das populações ocasionou não só um desenvolvimento muito diferenciado entre elas, mas também, possibilitou uma diferenciação cultural . Observe no mapa

A ciência geológica para obter uma melhor compreensão, divide a História da Terra em Eras Geológicas, que correspondem a grandes intervalos de tempo divididos em períodos que, por sua vez, são subdivididos em épocas e idades. Cada uma dessas subdivisões corresponde a algumas importantes alterações ocorridas no processo evolutivo da Terra.

Figura 1.1 - Rotas de migração do Homo sapiens desde a África e a migração máxima do Homo erectus


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(Figura 1 .1) quais as rotas de migração do ser humano, partindo da África para os outros continentes .

Gradativamente as populações nômades tornaram-se sedentárias . Essa foi uma fase de transição cultural . Para alguns historiadores, essa fase corresponde à passagem do período Paleolítico (caracterizado pelas sociedades nômades) para o período Neolítico (caracterizado pelas sociedades sedentárias) . Neste último período, o ser humano passou a interferir decisivamente no meio ambiente . Diversas mudanças ocorreram, destaca-se a concentração de algumas inovações, o que caracterizou a chamada Revolução Neolítica . (GASSÓS, 2007) . Nesse Período, o ser humano conseguiu controlar melhor o uso do fogo, assim como, aprendeu a transformar argila em cerâmica . Mais tarde, desenvolveu técnicas para fundir e moldar metais, começando a utilizá-los como ferramentas, mais resistentes e eficientes, na realização de possíveis tarefas que asseguravam a sua sobrevivência . Observe o Esquema 1 .1 e veja o que aconteceu quando o ser humano controlou o fogo!

Esquema 1.1 – Controle do fogoFonte: Adaptado de Gassós (2007, p. 10)

A Revolução Neolítica transformou a vida do ser humano drasticamente . Devido à fixação das populações, ocorreram várias mudanças na forma de ser e agir da espécie humana . No Esquema 1 .2, observe os fatores que permitiram esta revolução .


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Esquema 1.2 – Fatores que permitiram a Revolução NeolíticaFonte: Adaptado de Gassós (2007, p. 14)

A fixação do homem possibilitou o desenvolvimento de importantes técnicas de subsistência . No que concerne à agricultura, acredita-se que as atividades tenham surgido nos vales e várzeas, principalmente nas margens do Rio Nilo, no Egito, nos Rios Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia, nos Rios Amarelo e Azul, na China e nos Rios Indo e Ganges, na Índia . (POINTING, 1995) . Aliás, as civilizações estabelecidas nessas áreas, eram denominadas de civilizações fluviais . (ARANHA, 2006) . Essas áreas eram consideradas privilegiadas para a fixação do ser humano e o consequente desenvolvimento da agricultura, isso porque as inundações frequentes auxiliavam na fertilidade do solo .

É possível concluir que a sedentarização de grupos humanos está diretamente associada ao desenvolvimento da agricultura, pois o ser humano passou a ampliar a produção do seu espaço, necessitando, cada vez mais, de áreas para o cultivo de produtos agrícolas e também para a criação de animais e desenvolvimento da pecuária . Esses novos hábitos foram gradativamente aprimorados, trazendo implicações de outras ordens para efetivação de mudanças significativas no modo de vida do homem . A invenção da cerâmica, por exemplo, surgiu como consequência direta do desenvolvimento da agricultura, pois os excedentes das colheitas necessitavam ser armazenados . As técnicas para a produção da cerâmica não seriam possíveis no nomadismo, pois a secagem das peças exigia um tempo maior de fixação em um determinado lugar . Aliás, seria difícil o


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transporte dos alimentos nesses recipientes, pois eram passíveis de quebrar e pesados para serem levados em seus deslocamentos .

Dessa forma, a natureza selvagem, ou natureza primeira, formada por objetos naturais, foi sendo substituída ou transformada pelas novas técnicas que surgiram com a evolução do ser humano, fazendo emergir a natureza artificial ou natureza segunda . Neste contexto,

[ . . .] a promoção do homem animal a homem social deu-se quando ele começou a produzir . Produzir significa tirar da natureza os elementos indispensáveis à reprodução da vida . A produção, pois, supõe uma intermediação entre o homem e a natureza, através das técnicas e dos instrumentos de trabalho inventados para o exercício desse intermédio . (SANTOS, 2004, p . 202) .

É claro que a partir do momento em que os grupos humanos evoluíram em suas formas de produção, ocorreu também uma mudança na relação da sociedade com a natureza . Esta, era vista de forma diferenciada em cada período histórico . As sociedades nômades viam a natureza como algo sagrado, na qual todos os seres vivos pertenciam ao mesmo mundo, não havia separação entre espírito e matéria, entre natureza animada e inanimada . (POINTING, 1995) . De acordo com este mesmo autor, essa ideia corresponde ao que se denomina hoje de visão sacralizada da natureza .

Algumas dessas sociedades, ainda que submetidas ao ritmo da natureza, provocaram uma mudança fundamental na maneira de se relacionar com ela . Isso significou uma mudança no modo de pensar, e, por conseguinte, outra ideia de natureza passou a ser construída a partir, principalmente, do momento em que se tornaram sedentários .

Assim, ao longo do processo de desenvolvimento do ser humano, sua relação com a natureza passou por muitas transformações . As leituras que se fazem da natureza têm, portanto, origem na sociedade, na conjuntura econômica, social, política, ou seja, no momento histórico vivido . A Educação Ambiental, tema abordado ao longo deste estudo, pode ser decisiva na construção de novas leituras do ambiente, contemplando as inter-relações dos meios naturais e sociais, com ênfase na sustentabilidade socioambiental e na cooperação entre as espécies . Para tanto, conhecer os conceitos de meio ambiente e ter uma noção básica sobre Ecologia são fundamentais . É isso que você estudará nas próximas seções .


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Seção 2 Meio ambiente: conceitos e princípios

Objetivo de aprendizagem

» Conhecer os conceitos de meio ambiente e seus princípios .

Ao longo deste estudo, você terá oportunidade de perceber que a maioria dos problemas ambientais vivenciados atualmente estão fundamentados na falta de uma conscientização ou alfabetização ecológica na formação das gerações passadas e atuais .

Conforme foi visto, o ser humano foi produzindo, transformando e construindo o espaço geográfico sem se sentir parte integrante deste meio . Com isso, hoje a destruição ambiental e o uso irracional dos recursos naturais ocasiona uma série de problemas socioambientais que afetam a comunidade global . A compreensão do conceito de meio ambiente cria condições para uma mudança de postura neste contexto, pois favorece o sentimento de responsabilidade na busca pela saúde e proteção da natureza .

A este respeito, a Constituição Federal de 1988 estabelece como direito constitucional fundamental um meio ambiente saudável . Em seu Art . 225º, capítulo VI, traz que todos “têm direito ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo para presentes e futuras gerações” . (BRASIL, 1988, Art . 225) .

Mas, afinal, qual o conceito de meio ambiente?

Algumas definições abrangem somente os componentes naturais, já outras, refletindo uma concepção mais atual, consideram o meio ambiente um sistema amplo no qual há a interação de fatores físicos, biológicos, econômicos, sociais e culturais . Para Silva (2002, p . 20), meio ambiente “é a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas” .

De acordo com a Lei nº 6 .938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), em seu Art . 3º, entende-se por meio ambiente “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química

Processo de aprendizagem dos princípios de organização dos ecossistemas. Implica em conhecer as múltiplas relações que se estabelecem entre os seres e o ambiente onde vivem, além de compreender como tais relações se configuram na teia que sustenta a vida no planeta.


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e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” . Os PCNs ressaltam que ao conceber esse conceito deve-se considerar que

[ . . .] envolva não só os elementos naturais do meio ambiente, mas também os elementos construídos e todos os aspectos sociais envolvidos na questão ambiental . Dentro dessa visão, o homem é um elemento a mais que, porém, tem extraordinária capacidade de atuar sobre o meio e modificá-lo – o que pode, às vezes, voltar-se contra ele próprio . (BRASIL, 2000, p . 73) .

Portanto, ao pensar no termo meio ambiente, deve-se relacioná-lo ao espaço (físico e biológico) em que vivem os seres vivos e no qual se desenvolvem, estabelecem relações, transformam e são transformados, somado ao espaço sociocultural (no caso dos seres humanos) .

Você sabia que existe uma data em que se comemora o dia do meio ambiente? Leia o quadro a seguir e observe a importância desta data e quais são os objetivos desta comemoração .

É preciso, cada vez mais, mobilizar toda a comunidade, seja ela escolar ou não, para datas como estas . No ambiente escolar, temas como: meio ambiente, proteção e preservação ambiental, Educação Ambiental, alfabetização ecológica, entre outros devem ser trabalhados de forma transdisciplinar, ou seja, com o grau máximo de relações entre as disciplinas, o que supõe uma integração global dos temas .

Na próxima seção, você estudará os componentes do meio ambiente e as relações que ocorrem entre eles . Trata-se de uma abordagem necessária não só para você se familiarizar com alguns conceitos ecológicos, mas também

No dia 05 de junho, comemora-se o Dia Mundial do Meio Ambiente. Esta data foi estabelecida pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1972, marcando a abertura da Conferência de Estocolmo sobre Ambiente Humano. De acordo com o site do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), 2011, o Dia Mundial do Meio Ambiente catalisa a atenção e ação política de povos e países para aumentar a conscientização e a preservação ambiental. Os principais objetivos das comemorações são:

1. Mostrar o lado humano das questões ambientais.2. Capacitar as pessoas a se tornarem agentes ativos do desenvolvimento sustentável.3. Promover a compreensão de que é fundamental que comunidades e indivíduos mudem atitudes em relação ao uso

dos recursos e das questões ambientais.4. Advogar parcerias para garantir que todas as nações e povos desfrutem um futuro mais seguro e mais próspero.


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LO 1para ter uma base teórica sobre essas relações . Este estudo o conduzirá

para a compreensão da íntima correlação existente entre educação, meio ambiente e qualidade de vida .

Seção 3Fundamentos da Ecologia


» Definir Ecologia e conhecer os principais conceitos relacionados ao tema .

» Compreender a interdependência que existe entre os componentes bióticos e abióticos de um ecossistema .

» Identificar as relações existentes entre os seres vivos e entre eles e o ambiente natural .

Para compreender a relação que há entre o ser humano e a natureza é importante que você faça um estudo sobre os fundamentos da Ecologia a fim de conhecer seus principais conceitos e, a partir deles, tomar consciência que você também faz parte do meio ambiente .

A Ecologia é uma área que está em pleno desenvolvimento e torna-se cada vez mais importante devido à interferência humana sobre os ecossistemas . Ela ocupa-se em estudar as relações existentes entre os seres vivos e destes com o meio ambiente . Mas, você sabe o que significa Ecologia e ecossistema? Atente para esses dois conceitos importantes!

Derivada de duas palavras gregas: óikos (casa) e logos (estudo), Ecologia significa literalmente o “estudo da

casa” . Já ecossistema é uma unidade ecológica importante, pois equivale ao somatório dos componentes bióticos (seres vivos) mais os componentes abióticos (fatores que atuam sobre os seres vivos, tais como: luz, temperatura, tipo de solo, salinidade, variações de pressão da água e do ar, entre outros) .

Em meados do século XX, o meio ambiente e a Ecologia passaram a ser uma preocupação em todo o mundo . Porém, ainda no século XIX, por


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volta de 1869, foi que o biólogo alemão Ernst Haeckel propôs pela primeira vez o termo ecologia . Dessa forma, a Ecologia pode ser descrita como o estudo científico das interações entre organismos e deles com o ambiente . (TOWNSEND; BEGON; HARPER, 2006) .

Atualmente, muito se ouve e lê sobre os problemas ambientais e, nesse momento, você deve ter se lembrado de vários, certo? Porém, pouco se tem feito efetivamente para solucionar ou, pelo menos, amenizar tais problemas . É preciso mudar as atitudes e entender que a preservação dos ecossistemas e dos recursos naturais está intimamente ligada à sobrevivência humana . Sob esta ótica, torna-se imprescindível compreender que exercemos um papel importante sobre os ecossistemas, seja como agentes transformadores ou conservadores dos recursos naturais .

Níveis de organização

A Ecologia, assim como as demais ciências, subdivide seu objeto de estudo para, dessa forma, facilitar a compreensão das partes que compõe o todo . Para Odum e Barret (2007), talvez, a melhor maneira de delimitar a Ecologia Moderna seja considerar o conceito de níveis de organização .

Em cada nível, ocorrem interações com o ambiente físico, formando sistemas funcionais característicos . Para Ricklefs (2003, p . 2), “cada sistema

ecológico menor é um subconjunto de um próximo maior, e assim, os diferentes tipos de sistemas ecológicos formam uma hierarquia de tamanho” . Observe a Esquema 1 .3 e veja um exemplo de níveis de organização biológica .

Os principais objetos de estudo da Ecologia são: população, comunidade, ecossistema e biosfera . (ODUM; BARRET, 2007) . A partir deles é que ocorre a análise dos níveis de organização . Se você parar por alguns instantes para observar a natureza a sua volta, perceberá que os organismos não existem de forma isolada, estabelecem uma série de relações entre si e com o meio em que vivem .

Conjunto de entidades sejam elas, moléculas,

genes, células, tecidos, órgãos, ou mesmo,

espécies agrupadas, de forma hierárquica com

uma escala crescente de complexidade.

Esquema 1.3 – Níveis de organização


25

CAPÍTU

LO 1O conjunto destes indivíduos da mesma espécie e que vivem em uma

determinada área forma uma população . Esta população, por sua vez, também não se encontra totalmente isolada de outras, sendo que, um conjunto de populações forma uma comunidade . Essas comunidades interagem com fatores físicos, químicos e climáticos do meio onde vivem para formar os ecossistemas . Por fim, o conjunto de todos os ecossistemas forma a Biosfera .

Ricklefs (2003) considera a Biosfera como sistema ecológico final, no qual os ecossistemas estão todos interligados . A partir disto, pode-se concluir que a Biosfera é o lugar onde se encontra vida no planeta, é o maior sistema biológico .

Componentes estruturais de um ecossistema

Ao estudar os níveis de organização, se percebe que a Biosfera é formada pelo conjunto dos ecossistemas . Um ecossistema pode apresentar dimensões muito variáveis, como, por exemplo, o sistema ecológico a Floresta Amazônica ou uma lagoa . Independentemente do tamanho, os fatores bióticos e abióticos são os componentes estruturais básicos de qualquer ecossistema e estão intimamente inter-relacionados . Em todos eles, ocorre troca de matéria e energia . Além disso, cada ecossistema faz intercâmbio de matéria e energia com ecossistemas vizinhos . Para Ricklefs (2003, p . 3):

A importância da troca de matéria entre os ecossistemas dentro da biosfera é acentuada pelas consequências globais das atividades humanas . Por exemplo, os rejeitos agrícolas e industriais se espalham para bem longe dos seus pontos de origem, afetando todas as regiões da terra .

Veja mais sobre os dois componentes estruturais básicos de um ecossistema!

Os componentes bióticos são formados por todos os seres vivos e podem ser divididos em dois grandes grupos, de acordo com o modo pelo qual se alimentam ou obtêm energia:

» Autótrofos: são capazes de sintetizar seu próprio alimento e são representados pelos seres fotossintetizantes e quimiossintetizantes, sendo considerados os produtores dos ecossistemas .

É um conjunto de indivíduos capazes de se reproduzir gerando descendentes férteis.


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CAPÍ

TULO

1

» Heterótrofos: não são capazes de sintetizar seus próprios alimentos e são representados pelos consumidores e decompositores .

Portanto, os componentes bióticos de um ecossistema em equilíbrio podem ser produtores, consumidores ou decompositores . A seguir são apresentados com maiores detalhes .

Os produtores, na maioria vegetais, são seres vivos que conseguem produzir seu próprio alimento a partir de compostos inorgânicos obtidos do meio ambiente .

Você já deve ter ouvido falar no processo da fotossíntese, certo? É por ele que as plantas sintetizam seu próprio alimento orgânico, a partir de compostos inorgânicos simples (gás carbônico, água e sais minerais) em presença de luz (fonte de energia) .

Os consumidores, seres heterótrofos, se alimentam de produtores ou de outros consumidores, ainda, podem ser classificados em:

» primários, quando se alimentam de produtores, como é o caso dos herbívoros;

» secundários, quando se alimentam de consumidores primários, como os carnívoros;

» terciários, quando se alimentam de consumidores secundários e assim sucessivamente .

Os decompositores, importantes componentes dos ecossistemas, são consumidores que se nutrem de animais e plantas mortos . Representados por organismos microscópicos como, por exemplo, algumas espécies de bactérias e fungos, sua função é a reciclagem da matéria orgânica através da decomposição . Por meio deste processo, esses recicladores da natureza restituem compostos inorgânicos ao meio ambiente, tornando-os novamente disponíveis para os produtores .


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CAPÍTU

LO 1 » Heterótrofos: não são capazes de sintetizar seus próprios

alimentos e são representados pelos consumidores e decompositores .

Portanto, os componentes bióticos de um ecossistema em equilíbrio podem ser produtores, consumidores ou decompositores . A seguir são apresentados com maiores detalhes .

Os produtores, na maioria vegetais, são seres vivos que conseguem produzir seu próprio alimento a partir de compostos inorgânicos obtidos do meio ambiente .

Você já deve ter ouvido falar no processo da fotossíntese, certo? É por ele que as plantas sintetizam seu próprio alimento orgânico, a partir de compostos inorgânicos simples (gás carbônico, água e sais minerais) em presença de luz (fonte de energia) .

Os consumidores, seres heterótrofos, se alimentam de produtores ou de outros consumidores, ainda, podem ser classificados em:

» primários, quando se alimentam de produtores, como é o caso dos herbívoros;

» secundários, quando se alimentam de consumidores primários, como os carnívoros;

» terciários, quando se alimentam de consumidores secundários e assim sucessivamente .

Os decompositores, importantes componentes dos ecossistemas, são consumidores que se nutrem de animais e plantas mortos . Representados por organismos microscópicos como, por exemplo, algumas espécies de bactérias e fungos, sua função é a reciclagem da matéria orgânica através da decomposição . Por meio deste processo, esses recicladores da natureza restituem compostos inorgânicos ao meio ambiente, tornando-os novamente disponíveis para os produtores .

Os níveis tróficos representam os elos de uma cadeia alimentar . A classificação (I, II, III . . .) está diretamente relacionada segundo a fonte de energia assimilada . Observe o esquema a seguir!

Esquema 1.4 – Componentes bióticos e níveis tróficos

Já os componentes abióticos são fatores químicos ou físicos que atuam diretamente sobre os seres vivos . São exemplos: a água, a temperatura, a salinidade, a luminosidade, o tipo de solo, o pH etc . Em resumo, são os fatores “sem vida” presentes no meio ambiente . Segundo Ricklefs (2003, p . 23):

Frequentemente falamos do vivo e do não vivo como opostos . Mas embora possamos facilmente distinguir entre esses dois grandes reinos do mundo natural, eles não existem isoladamente um do outro . A vida depende do mundo físico . Os seres vivos também afetam o mundo físico: solo, atmosfera, lagos e oceanos, e muitas rochas sedimentares devem suas propriedades em parte às atividades das plantas e animais .

Nesta interdependência que ocorre entre os componentes bióticos e abióticos, os seres vivos vivem em uma busca constante das condições adequadas a sua sobrevivência . Sendo necessário, muitas vezes, tolerar extremos de temperatura, luminosidade e outros fatores físicos que influenciam seu crescimento, reprodução, características, além de sua distribuição por diferentes locais .

O termo trofismo ou trófico é de origem grega (trophe) e significa alimentação.


28

CAPÍ

TULO

1

Cadeia, teia alimentar e fluxo de energia

A energia e a matéria, necessárias para que um ser vivo realize suas atividades vitais, são basicamente obtidas dos alimentos . Assim, a “[ . . .] sequência das relações tróficas pela qual a energia passa através do ecossistema é chamada de cadeia alimentar” . (RICKLEFS, 2003, p . 118) . O fluxo energético que ocorre em uma cadeia alimentar é sempre no sentido:

Esse fluxo é estabelecido porque são os produtores os únicos capazes de produzir alimento, conforme foi visto anteriormente . Em um ecossistema, existem várias cadeias alimentares que se interconectam . Perceba que as relações tróficas que ocorrem na natureza formam verdadeiras teias alimentares; a cadeia alimentar, menos complexa, pode ser vista como uma parcialidade da teia alimentar, somente para fins didáticos . Observe no Esquema 1 .5 um exemplo de teia alimentar!

Esquema 1.5 - Teia alimentar

Para melhor compreensão deste processo de fluxo de energia, analise o Esquema 1 .6 na página a seguir .

Com base no que você estudou, é possível perceber que o fluxo de energia é decrescente (diminui a cada nível trófico) e unidirecional, pois a energia liberada não é reaproveitada .


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CAPÍTU

LO 1

Até agora, você teve oportunidade de conhecer vários conceitos importantes da Ecologia e, desde o início deste estudo, viu ressaltada a importância de compreender as relações existentes entre os seres vivos e destes com o meio onde vivem . É fato que os organismos não vivem de maneira isolada nos ecossistemas, muito pelo contrário, estabelecem uma série de relações . A seguir, você conhecerá importantes interações que podem ser observadas entre os seres vivos .

Relações ecológicas

As relações ecológicas podem ser classificadas em harmônicas, quando não há prejuízo para nenhum dos indivíduos da associação; ou desarmônicas, onde pelo menos um indivíduo da associação sofre algum tipo de desvantagem . As relações harmônicas e desarmônicas podem ocorrer entre indivíduos da mesma espécie, sendo classificadas como intraespecíficas ou, entre indivíduos de espécies diferentes, classificadas como interespecíficas . Verifique, no infográfico a seguir, alguns exemplos de relações ecológicas a partir das classificações acima descritas .

Esquema 1.6 – Fluxo de energia ecológico


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CAPÍ

TULO

1

Nas relações harmônicas não há

prejuízo para nenhum dos indivíduos da associação!

SociedadesAssociação de indivíduos da mesma espécie, separados anatomicamente. Podemos citar como exemplos os insetos sociais, como as abelhas, as formigas e os cupins.Comensalismo

Nesta associação, assim como no inquilinismo, apenas um organismo se beneficia, sem causar prejuízo ao outro. A diferença é que o comensalismo sempre ocorre em busca de alimento. Um exemplo é a relação entre o tubarão e a rêmora que se aproveita dos restos da presa atacada pelo tubarão.

RELAÇÕES ECOLÓGICASHARMÔNICAS

INTERESPECÍFICAS

INTRAESPECÍFICAS

MutualismoOs organismos se beneficiam e mantêm uma relação de dependência. Um exemplo desta associação são os líquens (alga + fungo).

ProtocooperaçãoAssim como no mutualismo, nesta associação ambos os organismos se beneficiam, entretanto podem viver separadamente. Um exemplo dessa relação é o pássaro palito que se alimenta dos restos de alimentos e parasitas nos dentes do crocodilo africano enquanto este dorme, fazendo a digestão de boca aberta.

Colônias

Associação de indivíduos da mesma espécie unidos anatomicamente. Podemos citar como um exemplo os corais.

É uma relação harmônica. Uma das espécies se fixa ou se abriga na outra sem lhe causar prejuízo.

Inquilinismo ou Epifitismo

Atenção para não confundir! As plantas epífitas, como as bromélias, não podem ser confundidas com as plantas parasitas, como o cipó-chumbo.


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CAPÍTU

LO 1

Nas relações desarmônicas pelo menos um indivíduo da

associação sofre algum tipo de desvantagem.

RELAÇÕES ECOLÓGICASDESARMÔNICAS

INTERESPECÍFICAS

INTRAESPECÍFICAS

Ocorre quando um indivíduo captura e mata outro de uma espécie diferente para se alimentar.

Predação

Parasitismo

O parasita vive dentro ou sobre o corpo de um hospedeiro (indivíduo de outra espécie) do qual retira seu alimento. Alguns exemplos são: cipó-chumbo, carrapato, vírus, e vermes em humanos.

AmensalismoNesta relação, os indivíduos de uma população secretam substâncias que inibem o crescimento de indivíduos de outras espécies. Como exemplo, podemos citar os Fungos do gênero Penicillium notatum que secretam uma substância (penicilina) que impede o desenvolvimento de bactérias.

O indivíduo mata o outro da mesma espécie para se alimentar.

Canibalismo

Competição interespecíficaNesta relação, duas ou mais populações de espécies diferentes apresentam nichos ecológicos semelhantes e disputam os mesmos recursos do meio quando ele não é suficiente para todos.

É o conjunto de atividades que um organismo desempenha no ecossistema, suas relações alimentares, como se reproduz, seus hábitos, estratégias de sobrevivência etc., ou seja, é o seu papel no sistema ecológico.

Assim como na competição interespecífica, nesta relação, os indivíduos da mesma espécie competem por recursos naturais (alimento, luz e espaço) não disponíveis em quantidades suficientes no seu hábitat.

Competição intraespecífica

É o lugar específico onde uma determinada espécie pode ser encontrada.


32

CAPÍ

TULO

1

Nesta seção, foram resgatados os principais conceitos da Ecologia, desde o início da utilização do termo até as relações que ocorrem entre os organismos . Você estudou que o mundo vivo se organiza em níveis e que o ecossistema, unidade básica no estudo da Ecologia, é constituído por componentes bióticos (seres vivos) e abióticos (fatores químicos e físicos que atuam diretamente sobre os seres vivos) . Além disto, pode observar que as relações alimentares que ocorrem entre os organismos são bastante complexas, formando verdadeiras teias alimentares e que, enquanto o fluxo de matéria é cíclico na natureza, o de energia é decrescente e unidirecional .

Perceba que os assuntos que foram abordados não se esgotam com as informações e conhecimentos tratados neste capítulo . Se esta leitura despertou seu interesse, busque mais informações! Veja as referências que foram citadas ao longo do texto, consulte o ‘Aprenda mais . . .’ e, por meio de novas leituras, construa seu conhecimento .

» O ser humano foi produzindo, transformando e construindo o espaço geográfico sem se sentir parte integrante desse meio .

» Compreender o conceito de meio ambiente é criar condições para que os seres humanos sintam-se moralmente responsáveis pelo seu comportamento em relação à natureza .

» Algumas definições para o termo meio ambiente abrangem somente os componentes naturais já outras, refletindo uma concepção mais atual, o consideram um sistema amplo no qual há a interação de fatores físicos, biológicos, econômicos e sociais .

» Ecologia pode ser definida como o estudo científico das interações entre organismos e deles com o ambiente .

» Ecossistema é uma unidade ecológica importante, pois equivale à somatória dos componentes bióticos (seres vivos) mais os componentes abióticos (fatores que atuam sobre os seres vivos, tais como luz, temperatura, tipo de solo, salinidade, variações de pressão da água e do ar, entre outros) .

» Autótrofos são seres capazes de sintetizar seu próprio alimento sendo considerados os produtores dos ecossistemas .

Síntese do capítulo


33

CAPÍTU

LO 1 » Heterótrofos são seres incapazes de sintetizar seus próprios

alimentos . São representados pelos consumidores e decompositores .

» Relações ecológicas harmônicas, quando não há prejuízo para nenhum dos indivíduos da associação .

» Relações ecológicas desarmônicas, pelo menos um indivíduo da associação sofre algum tipo de prejuízo .

» As relações ecológicas que ocorrem entre indivíduos da mesma espécie são classificadas como intraespecíficas.

» As relações ecológicas que ocorrem entre indivíduos de espécies diferentes são classificadas como interespecíficas .

Você pode anotar a síntese do seu processo de estudo nas linhas a seguir:


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CAPÍ

TULO

1

1 . Em relação ao desenvolvimento do ser humano, assinale a alternativa CORRETA .

a) ( ) A presença do homem no planeta é muito antiga, representando 0,001% do tempo geológico .

b) ( ) Os seres humanos quando deixaram de ser nômades e tornaram-se sedentários passaram a não gerar muitos impactos significativos na natureza .

c) ( ) Por meio das descobertas dos fósseis, chegou-se a uma provável teoria de que a origem e a disseminação dos grupos humanos iniciou-se na Ásia e, a partir daí, tenha migrado para outras regiões .

d) ( ) A sedentarização de grupos humanos está diretamente associada ao desenvolvimento da agricultura . O ser humano passou a ampliar a produção do seu espaço, necessitando cada vez mais de áreas para o cultivo de produtos agrícolas e também para a criação de animais .

2 . Como você definiria o termo meio ambiente?

Atividades de aprendizagem


35

CAPÍTU

LO 1

3 . Construa duas cadeias alimentares, em uma você participará como consumidor primário e na outra como consumidor terciário . Em qual delas você obtém maior quantidade de energia? Por que isso ocorre? Justifique sua resposta, com base no conteúdo do Caderno Pedagógico .

1ª cadeia (você como consumidor primário):

2ª cadeia (você como consumidor terciário):


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CAPÍ

TULO

1

O filme “A guerra do fogo” mostra um estudo profundo e delicado sobre a descoberta do fogo na pré-história . A trama refere-se a dois grupos de hominídeos pré-históricos: um que cultuava o fogo como algo sobrenatural e outro que dominava a tecnologia de fazer o fogo .Diretor: Jean-Jacques AnnaudAno: 1981País: França/ Canadá/ EUA

NUNES, Ellen Regina Mayhé . Alfabetização Ecológica: um caminho para a sustentabilidade . Porto Alegre: Editora do autor, 2005 .

» Neste livro, você encontrará discussões acerca da origem do desenvolvimento sustentável e da sustentabilidade, da relação necessária entre a alfabetização ecológica e a educação ambiental, do conhecimento de Gaia – entender, amar e respeitar o planeta Terra, a partir dos princípios da Ecologia e dos projetos de alfabetização ecológica, que trazem algumas sugestões de como organizar e elaborar um projeto.

RICKLEFS, R . E . A economia da natureza . 5 ed . Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003 .

» Esta obra segue três princípios para a condução dos estudos: primeiro por meio de uma sólida base em história natural, depois pela apreciação do organismo como a unidade fundamental da Ecologia e, por fim, pela posição central do pensamento evolutivo no estudo da Ecologia.

CAPRA, Fritjof . A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos . 6 ed . São Paulo: Cultrix, 2001 .

» Esta obra de Capra propicia uma síntese de descobertas científicas, como a teoria da complexidade, a teoria Gaia, a teoria do caos e outras explicações das propriedades de organismos, sistemas sociais e ecossistemas. Abandonando um pouco as análises metafísicas, Capra apresenta uma inspirada descrição dos processos biológicos, químicos, físicos e até sociais que regem a intrincada teia da vida. Com casos simples, exemplifica a complexa dinâmica envolvida nos processos de todos os seres vivos, inclusive o homem.

Aprenda mais...


Ciência, Tecnologia, Ambiente Social e NaturalDaniela Viviani

Objetivos gerais de aprendizagem

» Compreender como os conceitos de natureza e meio ambiente foram sendo produzidos, principalmente a partir dos avanços da ciência, bem como, analisar a crise ambiental por meio dos principais problemas ambientais.

Seções de estudo

Seção 1 – As Revoluções Científica e Industrial e suas relações com a natureza

Seção 2 – A Sociedade Pós-Moderna: globalização e a crise ambiental

O conceito de natureza foi evoluindo a partir dos avanços da ciência, os quais resultaram em significativas rupturas nas relações sociais e na relação sociedade-natureza. As transformações socioambientais sofrem influências do modelo de desenvolvimento econômico adotado pela sociedade moderna, que baseia seu crescimento na extração ilimitada de recursos naturais, na acumulação de capitais e na produção de bens de consumo. Este modelo de desenvolvimento provocou sérios problemas socioambientais e a consequente crise ambiental vivida hoje.

2


38

CAPÍ

TULO

2

A crise ambiental tem suas origens na ilusão de domínio sobre a natureza e na cultura exacerbada do ter sobre o ser com a qual a humanidade conduziu sua relação com meio ambiente e com seus próprios semelhantes . O conhecimento adquirido pelos homens ao longo dos tempos certamente trouxe importantes avanços científicos, tecnológicos e econômicos . Porém, ao mesmo tempo, ocorreu o aumento dos problemas socioambientais, resultantes do uso irracional e inconsequente dos recursos naturais . As agressões do ser humano sobre o meio ambiente vão desde contaminação dos recursos hídricos, poluição atmosférica excessiva, o que gera mudanças climáticas, até a destruição de áreas extensas de vegetação .

Dessa forma, torna-se evidente a emergência de um processo de conscientização e mudança de comportamento por parte da humanidade quando se trata, principalmente, da utilização dos recursos naturais . É preciso despertar para a conscientização ecológica . Agora que você conhece um pouco mais sobre os fundamentos da Ecologia, torna-se necessário que você também tenha conhecimento sobre a origem dos problemas ambientais que estão sendo enfrentados nos últimos tempos . Neste capítulo, você terá oportunidade de verificar como os conceitos de natureza e meio ambiente foram sendo produzidos, principalmente, a partir dos avanços da ciência, bem como, compreenderá a crise ambiental conhecendo suas causas e consequências .

Seção 1 As Revoluções Científica e Industrial e suas relações com a natureza


» Conhecer as principais transformações que determinaram a Revolução Científica .

» Entender as transformações socioambientais aliadas à Revolução Industrial e ao desenvolvimento econômico .

» Identificar a relação existente entre o desenvolvimento industrial, o crescimento exponencial da população, o uso dos recursos naturais e a consequente degradação ambiental .


39

CAPÍTU

LO 2Você estudou anteriormente que as sociedades primitivas entendiam a

natureza como algo sagrado . À medida que as sociedades evoluíram e, principalmente, com o avanço das técnicas de produção utilizadas, a relação com a natureza também foi alterada . Um período que pode ser considerado um exemplo de mudança sociocultural e econômica de algumas sociedades é o do Renascimento . Nele, ocorreu a retomada de valores da cultura greco-romana, ou seja, da cultura clássica . Por esse motivo, é considerado um importante período de transição, envolvendo as estruturas feudo capitalistas .

De acordo com Aranha (2006), o retorno às fontes da cultura greco-romana, sem a intermediação dos comendadores medievais, foi uma maneira de secularizar o saber, ou seja, desvinculá-lo da parcialidade religiosa, para torná-lo mais humano . Assim:

[ . . .] o olhar humano desvia-se do céu para a terra, ocupando-se mais com as questões do cotidiano . A curiosidade, aguçada para a observação direta dos fatos, redobrou o interesse pelo corpo e a natureza circundante . Nos estudos de Medicina, ampliaram-se os conhecimentos de Anatomia com a prática de dissecação de cadáveres humanos, até então proibidos pela Igreja . O sistema heliocêntrico de Copérnico construiu uma nova imagem de mundo . Nas artes em geral [ . . .] houve criação intensa, e a Itália se destacou como centro irradiador da nova produção cultural . Ainda quando persistiam assuntos religiosos, a visão adquiria um viés humanista, prevalecendo temas tipicamente burgueses . (ARANHA, 2006, p . 124) .

Na Renascença, acentuou-se a busca pela individualidade, caracterizada pela confiança no poder da razão para estabelecer os próprios caminhos . Este maior senso crítico, exigido pelo humanismo, possibilitou ao ser humano uma observação mais detalhada dos fenômenos naturais ao invés de delegá-los à interpretação da Igreja . “O individualismo, como nova forma de viver, deram um vigoroso impulso à oposição sociedade-natureza” . (BRÜGGER, 1994, p . 57) .

As transformações econômicas que vinham ocorrendo desde o final da Idade Média, com o desenvolvimento das atividades artesanais e comerciais dos burgueses, influenciaram a maneira de pensar do humanismo . (ARANHA, 2006) . Esta mesma autora, ainda, apresenta que a Revolução Comercial do século XVI caracterizou-se pelo novo modelo de produção capitalista, alavancando a decadência do feudalismo (riqueza baseada na posse de terras) e, de certa forma, alterou a relação do ser humano com a natureza .

O Renascimento é o nome que se dá a um movimento e/ou período de grandes mudanças culturais e científicas, que se intensificou na Europa entre os séculos XIV e XVI.


40

CAPÍ

TULO

2

Dessa forma, o espaço geográfico gradativamente sofreu alterações nas suas paisagens, ou seja, a natureza foi sendo substituída pela paisagem cultural e/ou humanizada .

No que tange as transformações que determinaram a Revolução Científica e consequentemente, a mudança na forma do ser humano ver e se relacionar com a natureza, pode-se citar a obra de Nicolau Copérnico (século XVI) . Na qual é apresentado matematicamente um modelo de cosmo em que o Sol é o centro do Universo, Teoria Heliocêntrica , e a Terra um astro que girava em torno dele . A Teoria Heliocêntrica de Copérnico rompeu com a teoria Geocêntrica de Cláudio Ptolomeu do século II, para quem a Terra era o centro do Universo . Tal mudança representou uma das rupturas mais marcantes daquele período, o que culminou com o início da Modernidade . Esta nova teoria estabelecida era contrária a uma teoria que reinava há aproximadamente 20 séculos, a qual constituía a maneira do ser humano medieval pensar e ver o mundo .

Muitos foram os pensadores, astrônomos, teólogos, filósofos, matemáticos, que contribuíram com várias e diferentes ideias, responsáveis por profundas mudanças no que tange à visão científica do século XVII .

Pode-se dizer que duas grandes transformações determinaram a Revolução Científica:

» A primeira pode ser relacionada à cosmologia, com a qual Galileu conseguiu provar a Teoria Heliocêntrica de Copérnico, graças às observações feitas com o uso do telescópio .

» A segunda refere-se à ideia de ciência prática, ativa, oposta à ciência observadora dos antigos .

Muitas das teorias revolucionárias desta época influenciaram as profundas modificações na forma do ser humano “ver” a natureza . Uma das modificações científicas mais significativas que ocorreu nesta época foi a superação da cosmologia medieval e o estabelecimento do método (a observação e experimentação rigorosa e sistemática) como uma maneira essencial de “revelar” os segredos da natureza . “No Ocidente, um número crescente de pensadores sustentava que a natureza era um sistema mecânico, governado

Foi o astrônomo grego Aristarco de Samos

(no século III a.C.) que apresentou pela primeira

vez esta teoria. Porém, foi o astrônomo Nicolau

Copérnico (no século XVI) e, posteriormente, Galileu

Galilei (no século XVII) que desenvolveram e deram

sustentação científica a ela.

Galileu Galilei, por defender a Teoria do

Heliocentrismo, foi condenado à Inquisição. Para se livrar da morte,

Galileu negou sua convicção diante do

tribunal, porém não deixou de defender essa teoria e

continuou fazendo suas pesquisas.


41

CAPÍTU

LO 2

Dessa forma, o espaço geográfico gradativamente sofreu alterações nas suas paisagens, ou seja, a natureza foi sendo substituída pela paisagem cultural e/ou humanizada .

No que tange as transformações que determinaram a Revolução Científica e consequentemente, a mudança na forma do ser humano ver e se relacionar com a natureza, pode-se citar a obra de Nicolau Copérnico (século XVI) . Na qual é apresentado matematicamente um modelo de cosmo em que o Sol é o centro do Universo, Teoria Heliocêntrica , e a Terra um astro que girava em torno dele . A Teoria Heliocêntrica de Copérnico rompeu com a teoria Geocêntrica de Cláudio Ptolomeu do século II, para quem a Terra era o centro do Universo . Tal mudança representou uma das rupturas mais marcantes daquele período, o que culminou com o início da Modernidade . Esta nova teoria estabelecida era contrária a uma teoria que reinava há aproximadamente 20 séculos, a qual constituía a maneira do ser humano medieval pensar e ver o mundo .

Muitos foram os pensadores, astrônomos, teólogos, filósofos, matemáticos, que contribuíram com várias e diferentes ideias, responsáveis por profundas mudanças no que tange à visão científica do século XVII .

Pode-se dizer que duas grandes transformações determinaram a Revolução Científica:

» A primeira pode ser relacionada à cosmologia, com a qual Galileu conseguiu provar a Teoria Heliocêntrica de Copérnico, graças às observações feitas com o uso do telescópio .

» A segunda refere-se à ideia de ciência prática, ativa, oposta à ciência observadora dos antigos .

Muitas das teorias revolucionárias desta época influenciaram as profundas modificações na forma do ser humano “ver” a natureza . Uma das modificações científicas mais significativas que ocorreu nesta época foi a superação da cosmologia medieval e o estabelecimento do método (a observação e experimentação rigorosa e sistemática) como uma maneira essencial de “revelar” os segredos da natureza . “No Ocidente, um número crescente de pensadores sustentava que a natureza era um sistema mecânico, governado

por leis que podiam ser expressas matematicamente” . (PERRI, 2002, p . 282) . Portanto, a partir do Renascimento,

[ . . .] se consolidaram mais do que nunca as ‘leis da natureza’, que existem independentemente das paixões humanas . A natureza pode ser então tratada com objetividade e o ser humano se tornou o sujeito absoluto, em oposição à natureza, o objeto . (BRÜGGER, 1994, p . 57) .

O ser humano já não se via mais igual à natureza, e sim, oposto a ela, ou seja, passou a dominá-la . Essa mudança de modo de vida e de valores adotados é muito bem relatada por Franco (2005, p . 27), quando o autor descreve que:

O modo de vida e valores adotados encontram clara explicação diante da história da Civilização Ocidental, remontando a eras mais remotas, quando o homem via-se como parte da natureza, adotando outras formas de relacionamento com esta, considerando-a, em alguns casos, como sagrada e sua transição para uma concepção eminentemente antropocêntrica, onde o homem passa a entender-se como elemento externo e mais, para o qual tudo foi criado .

Outro grande momento histórico marcado por profundas transformações no espaço geográfico foi a Primeira Revolução Industrial, ocorrida por volta de 1750, que teve como emblemas a máquina a vapor, a indústria têxtil e as ferrovias .

Com o surgimento das fábricas, ocorreram profundas modificações nas relações de produção e de trabalho, assim como, nas relações socioeconômico-ambientais . Com a invenção da máquina a vapor, as fábricas, que se situavam anteriormente às margens dos rios (força hidráulica), puderam estabelecer-se em qualquer lugar . Além disso, deixaram de ser uma simples fábrica de manufatura para se tornarem maquinofaturas . Essa evolução gerou as chamadas indústrias, cuja produção sofreu grande ampliação .

Figura 2.1 – I Revolução Industrial


42

CAPÍ

TULO

2

Essa atividade industrial iniciou-se na Inglaterra e difundiu-se para outros países europeus, atingindo posteriormente os EUA e o Japão . Essas mudanças deram origem ao capitalismo que, nessa fase, foi marcado pela indústria e a livre concorrência . O contexto estabelecido gerou várias mudanças e conflitos de ordem social, influenciando nas relações do ser humano com a natureza e desencadeando a busca por novas tecnologias . Mamigonian (1982, p . 39) apresenta que a “concorrência entre as empresas capitalistas, as lutas operárias por aumentos salariais, a escassez de mão de obra assalariada (como nos EUA até a guerra civil), as guerras entre os países capitalistas determinaram os avanços tecnológicos” .

Nesse processo, a natureza primeira e/ou natural vai gradativamente sendo substituída pela natureza segunda e/

ou cultural .

No que concerne ainda ao período da Primeira Revolução Industrial, Rosenberg e Birdzell Júnior (1986) destacam que entre 1750 e 1880 ocorreram mudanças revolucionárias na indústria e nos transportes ocidentais e estas foram atribuídas a um fenômeno organizacional e a dois fenômenos tecnológicos .

O primeiro foi a mudança na organização da produção, da oficina do artesão para a fábrica, assumindo formas diferentes conforme a indústria .

Com relação aos dois fenômenos tecnológicos, o primeiro “foi o aumento enorme do uso do vapor e da energia hidráulica na produção fabril e a aplicação do transporte em terra e na água” . (ROSENBERG; BIRDZELL JÚNIOR, 1986, p . 154) . Nas indústrias de ferro e tecido, a Revolução Industrial foi marcada pela produção de bens, com emprego de energia tirada do carvão e aplicada através de motores e maquinaria movida a vapor . A segunda mudança tecnológica “foi a substituição da madeira pelo ferro e o aço, na fabricação de maquinaria e outros produtos . Essa substituição mudou o tamanho, duração, precisão e complexidade mecânica de larga variedade de produtos, desde máquinas de costura a navios” . (ROSENBERG; BIRDZELL JÚNIOR, 1986, p . 154) .

Para Santos (2004), a mecanização possibilitou que a ciência assumisse a feição de força produtiva, separada do trabalho e a serviço do capital . À medida que a indústria foi descobrindo esta nova possibilidade, foi submetendo a produção de conhecimentos à mesma divisão de trabalho a que estava sujeita a produção de mercadorias . O papel da ciência foi determinante no ritmo do progresso técnico .


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Nesse contexto, a natureza passa a ser vista como um “objeto” de exploração capitalista .

O processo de industrialização ocasionou um aumento da população urbana, e as cidades foram gradativamente sofrendo modificações . A mão de obra operária amontoava-se em quartos e porões desconfortáveis, em subúrbios sem condições sanitárias . As cidades tornavam-se cada vez mais, sujas e envoltas em uma atmosfera “cinzenta” . Os problemas não param por aí . Em decorrência da industrialização, o processo de urbanização foi intenso, o que resultou em um “caos social” . Doenças como a peste negra e a cólera alastraram-se por toda Inglaterra, oriundas da poluição das águas dos rios e do ar . A expectativa de vida variava muito nas cidades industrializadas do século XVIII, na Inglaterra e França . Para Perry (2002), a proliferação das doenças era tão intensa, devido aos esgotos a céu aberto, à fumaça das fábricas, à água poluída e à sujeira nas ruas, que muitas crianças não chegavam aos 5 anos de idade . Para muitos adultos, a expectativa de vida era, em média, de 36 anos . Assim, emergem as primeiras preocupações com as transformações do espaço geográfico e as questões ambientais .

No desenvolvimento industrial, não só o meio ambiente passou por profundas transformações, mas também a própria população . A falta de políticas de urbanização e a falta de um modelo econômico (capitalismo) justo comprometiam a dignidade dos trabalhadores e sua possibilidade de uma vida digna .

Neste contexto, as fábricas de manufatura cediam lugar às indústrias, organizadas de acordo com os princípios empresariais . Os produtos desenvolvidos abasteciam um extenso mercado, por vezes incerto, e se firmava livremente contratos a longo prazo, o que exigia investimentos pesados de capital fixo e uso de dinheiro emprestado em escala liberal . Assim, as dificuldades financeiras tornavam-se cada vez maiores no círculo das empresas afetadas .

Um exemplo típico de poluição oriundo da Revolução Industrial foi a poluição do Rio Tâmisa, que atravessa Londres (Inglaterra) . Até o começo do século XX, o Tâmisa era um dos rios mais poluídos do mundo . Atualmente, é um modelo de despoluição . O processo de despoluição teve início em 1952 .


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A Revolução Industrial e as modificações concomitantes na organização do comércio e transporte passaram a apresentar o fenômeno dos ciclos econômicos . À medida que as indústrias e o comércio se tornavam dependentes dos mercados financeiros e de investimentos, as crises começavam a ser seguidas de períodos de liquidação nos círculos industriais e mercantis . (MITCHELL, 1984) .

Continuando o estudo, não se pode deixar de falar que a agricultura, segundo Perry (2002), gradativamente tornou-se uma empresa capitalista, cuja produção passou a ser destinada ao mercado (agricultura empresarial), e não mais ao consumo da família (agricultura de subsistência) . Uma nova estrutura econômica formava-se: as terras não eram mais “comunais”, o que ocasionou um exército de desempregados dependentes (PERRY, 2002) . Segundo o mesmo autor, o crescimento populacional e o aumento da produtividade agrícola também auxiliaram no que tange ao desenvolvimento do processo de industrialização . O enorme crescimento populacional da Europa no século XVIII forneceu, à indústria, mais consumidores e também mão de obra para o trabalho .

Vale lembrar que a fase pré-industrial é caracterizada pelo equilíbrio demográfico, ou seja, elevadas taxas de mortalidade e de natalidade (nasciam muitos e morriam muitos) . A fase transicional (Revolução Industrial) é marcada pela redução da mortalidade, devido principalmente ao avanço da Medicina, o que favoreceu a diminuição das epidemias e as melhores condições de higiene e saúde . A fase evoluída ou chamada de terceira fase é o período (Pós-Revolução Industrial) em que houve a retomada do equilíbrio demográfico, principalmente nos países desenvolvidos, com baixas taxas de natalidade e mortalidade .

A partir da metade do século XIX, novas tecnologias e formas de produção foram sendo rapidamente descobertas e incorporadas pelos países industrializados, marcando a Segunda Revolução Industrial . A produção industrial passou a crescer em ritmo acelerado, a fim de atender os prósperos mercados consumidores em expansão dos centros urbanos, assim como, a demanda por recursos naturais, fonte de matéria-prima para os diferentes segmentos industriais que começavam a emergir . O surgimento do automóvel, por exemplo, ao final do século, foi outro elemento importante, criando uma nova cultura industrial, social e ambiental .

Assim, ocorreu a consolidação da Revolução Industrial e do sistema capitalista no mundo ocidental, o que constituiu novas relações entre ser o humano, natureza e produção . Neste contexto de industrialização, a natureza deveria seguir o ritmo da produção, e não o contrário .

Variações periódicas nas variáveis econômicas (produção, emprego,

consumo, investimento, entre outros).

O uso comunal da natureza remonta às origens do ser humano. Ninguém era, no

sentido jurídico da palavra, dono da terra, esta era de

uso comum. O ser humano retirava dela tudo o que

necessitava (produtos da caça, pesca, coleta etc..) sem que se considerasse

seu proprietário.


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LO 2Outro momento importante para a economia global e expansão do

capitalismo foi a chamada Revolução Técnico-científica, que corresponde ao período de maior índice de modernização da atividade industrial Pós-Segunda Guerra Mundial . Na década de 1950, americanos e russos lançaram uma verdadeira corrida espacial . Esta por sua vez, induziu à busca de novas tecnologias, muitas delas, criadas para fins militares, foram adaptadas ao setor civil, desencadeando uma proliferação de produtos desenvolvidos em outros setores, como a Biotecnologia, Microeletrônica, Química Fina e Informática .

Qual a sua opinião sobre os avanços técnico-científicos e sua relação com a natureza? É possível que haja um

desenvolvimento econômico sem comprometer o meio ambiente?

A resposta a estas questões não são simples, percebe-se em seu desenvolvimento histórico que muitas são as opiniões e argumentos em torno deste tema . É possível verificar que, com os avanços em todas as áreas de conhecimento, a ideia que prevaleceu no plano econômico foi a de que natureza era aquilo que seria útil e passível de ser transformado pelos diferentes processos de produção .

É importante ressaltar que esta expansão do capitalismo, com as chamadas revoluções industriais e a modernização da produção calcada nas inovações, ocorreu de maneira diferenciada em todo o mundo, assim como, em períodos diferentes . Dessa forma, a noção de natureza foi se alterando nas diferentes culturas e períodos . No final do século XIX, surgiram críticas ao modo industrial de exploração da natureza, dando origem aos movimentos em prol da preservação do meio ambiente .

Portanto, retomando o estudo feito em relação à evolução histórica da atuação do ser humano sobre o espaço geográfico, verificam-se três momentos importantes de profundas modificações, sendo eles:

Primeiro momento: ser humano desenvolveu a agricultura e a domesticação dos animais, abandonando o nomadismo, tornando-se sedentário, estabelecendo novas relações sociais.

Segundo momento: Revolução Industrial, marcada por profundas transformações no espaço, pois, próximo às fábricas, surgiram bairros operários e houve abertura de ruas para o escoamento de matérias-primas e mercadorias.

Terceiro momento: associado ao segundo, acontece o desenvolvimento e disponibilização de novas tecnologias no mercado mundial, nas diversas atividades econômicas, alterando ainda mais as relações socioespaciais.


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Assim, é possível concluir que a relação entre a sociedade e a natureza é uma construção social e histórica, ou seja, o espaço geográfico produzido e organizado pela sociedade humana estabelece relações sociais, culturais, políticas e econômicas .

Muito bem, até o momento você pode compreender como os conceitos de natureza e meio ambiente foram sendo modificados ao longo da história, principalmente a partir dos avanços da ciência . A partir da próxima seção, você fará uma análise da crise socioambiental por meio dos principais problemas ambientais .

Seção 2 A Sociedade Pós-Moderna: globalização e a crise ambiental


» Compreender as múltiplas razões da crise ambiental da atualidade, associadas às inter-relações entre as condições socioespaciais, políticas, econômicas e culturais .

» Conhecer a amplitude da crise ambiental através dos problemas ambientais globais .

» Verificar a urgência da Educação Ambiental como uma ação e/ou medida para amenizar os problemas ambientais .

Nas leituras apresentadas até o momento, você pôde compreender a produção e/ou transformação do meio ambiente . Além disso, pode verificar que o espaço geográfico contemporâneo é resultado das transformações promovidas pelo ser humano em diferentes momentos e que o modo de vida atual é reflexo direta e indiretamente das inovações tecnológicas .

As inovações ocorridas durante as revoluções industriais foram responsáveis pelas grandes transformações urbanas, pela multiplicação de diversos ramos de serviços que caracterizaram a sociedade moderna e pelo desenvolvimento dos meios de transporte e comunicação que atualmente interligam o espaço mundial . Também foi responsável pelo aumento da produção agrícola . Com a Revolução Industrial, criou-se um novo modo de vida, com novos hábitos de consumo, ocorrendo assim uma nova


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LO 2estratificação da sociedade e uma mudança significativa de sua relação com

a natureza .

Neste contexto, emerge o chamado processo de globalização, que trouxe diversas mudanças de paradigmas para as sociedades contemporâneas . Este processo também provocou transformações nos diversos segmentos da vida humana e na economia mundial . Mas, afinal, o que é a globalização?

A globalização é um fenômeno social que atinge a escala global . Consiste principalmente na integração econômica,

social, cultural e política entre vários países . Sua origem é atrelada às várias transformações e/ou evoluções dos modos de produção .

Os avanços dos meios de transportes e as telecomunicações contribuíram para a “redução” de distâncias entre pessoas e o acesso às mercadorias ou produtos, bem como a rapidez ao acesso das informações no mundo todo, estreitando as relações comerciais entre os países e as empresas . As multinacionais ou transnacionais contribuíram fortemente para a efetivação do processo de globalização, por ampliarem o desenvolvimento de atividades em diferentes territórios .

Pode-se dizer que a globalização é uma fase avançada do capitalismo . E, como se sabe, o capitalismo visa lucros . A globalização emergiu justamente para atender e ampliar as necessidades do sistema capitalista, principalmente nos países desenvolvidos, nos quais o consumo interno já estava saturado .

Mas, será que a globalização acarreta consequências negativas ao meio ambiente?

Os efeitos da globalização no meio ambiente sem dúvida são muitos . A ampliação da economia mundial tem causado à natureza sérias consequências, como, por exemplo:

» a super exploração dos recursos naturais renováveis e não renováveis;

» o aumento de todo tipo de resíduos;

» a perda da biodiversidade;


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» o aumento do consumo energético, devido ao sistema de transporte a longas distâncias levando bens e mercadorias;

» a poluição dos rios;

» o aquecimento global, que está associado à emissão dos combustíveis fósseis;

» a poluição da atmosfera e o aumento da liberação de gás carbônico (CO2), oriundo principalmente dos combustíveis fósseis, a exemplo do petróleo que ainda hoje é a principal fonte energética utilizada no mundo;

» o acentuado desmatamento para ampliação das áreas urbanas e a ampliação das atividades agropecuárias, como acontece na Floresta Amazônica;

» as enchentes e os deslizamentos associadas à ocupação irregular do solo, entre outros;

A problemática ambiental acrescenta novos e importantes elementos para análise crítica dos efeitos da globalização . Daly (apud ROMEIRO, 1999, p . 148) chama a atenção para:

[ . . .] duas ordens de problemas: a primeira se refere aos impactos socioambientais locais (degradação ambiental e/ou esgotamento precoce de recursos naturais) que podem resultar das diferenças entre países em termos do grau de internalização dos custos sociais e ambientais . Países com baixo grau de internalização desses custos teriam vantagens comparativas inaceitáveis, o que justificaria a introdução de tarifas protetoras compensatórias . As multinacionais, por seu turno, escaparam das obrigações comunitárias, tornando-se internacionais o que, dado a inexistência de uma comunidade internacional, as torna praticamente isentas de qualquer compromisso comunitário . Seria necessário, portanto, criar um governo internacional capaz de controlá-las ou renacionalizar o capital, colocando-o novamente sob controle das comunidades nacionais . A segunda ordem de problemas provocada pela expansão excessiva do comércio internacional diz respeito à escala das atividades econômicas, além dos limites geográficos de cada país .

Contudo, à medida que ocorrem os avanços tecnológicos e a ampliação da economia mundial, mais se fará necessário produzir em nosso espaço geográfico, para assim, atingir as necessidades da economia mundial . Isso significa que a natureza vai se transformando em natureza segunda e/ou natureza cultural, como já mencionado anteriormente . Não há dúvida de que as inovações tecnológicas, uma das condições da globalização,


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LO 2possibilitam uma constante renovação e também inovação de produtos

no mercado mundial, isso, desperta o desejo das pessoas para o novo - o produto moderno .

O mesmo avanço tecnológico que produz conforto e praticidade à sociedade global (principalmente, para quem

dispõe de maiores recursos financeiros) também produz a degradação ambiental, a ponto de comprometer a sociedade vigente a as sociedades futuras .

Para Santos e Machado (2004, p . 81):

Indubitavelmente a sociedade atual caracteriza-se pelo avanço técnico-científico e informacional que lhe confere peculiaridades nunca antes imaginadas . É predominantemente urbana, da comunicação instantânea, das distâncias reduzidas, da robótica, da cibernética . Em contrapartida, é a sociedade do ter em detrimento do ser, da rapidez frenética, da competição acirrada, e, porque não dizer, marcada por profundas crises .

Veja que a crise ambiental repercute e se impõe de forma cada vez mais concreta perante a sociedade que, aos poucos, vem se conscientizando deste grave problema que põe em risco a sobrevivência de todas as espécies . Franco (2005, p . 25) relata que

[ . . .] o mundo desperta, repentinamente, assustado diante de alarmantes catástrofes naturais e de previsões ainda mais assustadoras . Toma consciência de que o desenvolvimento, a todo custo perseguido, apresenta efeitos colaterais distintos daqueles conhecidos .

Portanto, a crise ambiental não surgiu de uma hora para outra e sim há muito tempo, e se agravou especialmente no período da Revolução Industrial, quando começaram de fato as agressões ao meio ambiente .

Este quadro de degradação ambiental, que caracteriza a crise, nada mais é do que o conjunto de ações danosas que nós mesmos vimos cometendo ao longo de nossa existência . Indiscutivelmente, não se trata somente de uma crise ambiental, mas de uma crise da sociedade no ambiente, uma crise de valores, de percepção .


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Para Santos e Machado (2004), a sociedade do século XXI tem dois grandes desafios, o primeiro deles é conseguir produzir de forma sustentada, lembrando que existe o dever ético de garantir o abastecimento para as futuras gerações; neste caso, trata-se de investir em pesquisas e novas tecnologias, colocando-as a serviço da conservação, recuperação e preservação dos recursos naturais . O segundo desafio consiste em distribuir de forma equitativa a produção, tendo a necessidade de desenvolver mecanismos eficientes para acabar com a miséria de cerca de 20% da população mundial .

Para Braga et al . (2002), os principais componentes da crise ambiental são: população, recursos naturais e poluição .

O nível da qualidade de vida depende, diretamente, do equilíbrio entre esses componentes . Um aumento na população, sem qualquer tipo de controle, por exemplo, certamente causará um desequilíbrio neste sistema . A demanda por recursos naturais será maior para suprir as necessidades vitais dessa população que, inevitavelmente, acabará gerando algum tipo de poluição .

Como seres integrantes do meio ambiente, têm-se o dever de utilizar todo o avanço tecnológico e científico que se conquistou ao longo das gerações e aproveitar esta era da informação globalizada para criar formas efetivas de promover um meio ambiente equilibrado . Superar a crise ambiental implica

Esquema 2.1 - Componentes da crise ambiental


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LO 2não somente em conciliar desenvolvimento econômico e social com a

proteção do meio ambiente; são necessárias, acima de tudo, mudanças verdadeiras no modo de pensar e agir da humanidade .

A partir do momento em que os indivíduos passam a não se enxergar mais como parte integrante da natureza, inicia-se um processo de degradação ambiental e cultural, conforme estudado . Cabe dizer que, embora a percepção das origens da crise comece a ser compreendida pela humanidade, ela ainda está sendo atribuída a fatores externos, como:

[ . . .] excesso de emissões gasosas, poluição das águas e do solo por efluentes e por resíduos provenientes, dentre outros, do crescente processo de produção e de consumo, poluição do ar pela emissão excessiva de poluentes gasosos, [ . . .] explosão demográfica e da necessidade de aumento de áreas urbanas e rurais – para plantio ou pecuária – bem como da crescente demanda de matéria prima necessariamente extraída da natureza, acarretando, portanto, dizimação de grandes áreas de vegetação nativa e o desaparecimento de grande quantidade de animais e vegetais . (FRANCO, 2005, p . 27) .

Muito bem, vamos em frente! Conscientes do processo histórico que levou à crise ambiental hoje vivenciada, analise na sequência alguns aspectos causais relevantes que contribuíram e vem contribuindo para aumentá-la .

O aumento da população

Como dito anteriormente, o crescimento populacional está diretamente relacionado ao aumento da demanda de recursos naturais e à geração de resíduos lançados no meio ambiente . Dados da ONU (apud SANTOS; MACHADO, 2004, p . 82) revelam que:

[ . . .] a população mundial, em 2050, poderá atingir 10,9 bilhões de pessoas, ou seja, um aumento real de 78% sobre o número atual de habitantes . Além disso, o número de pessoas com mais de 60 anos deve triplicar nesse mesmo período, chegando a 25% da população mundial .

Um fator muito importante relacionado ao aumento populacional observado ao longo dos últimos tempos é, justamente, a redução considerável das taxas de mortalidade . Para Braga et al . (2002, p . 3):


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A partir da Revolução Industrial, a tecnologia proporcionou uma redução da taxa de mortalidade, responsável pelo aumento da taxa de crescimento populacional anual, apesar de a taxa de natalidade estar se reduzindo desde aquela época até os dias atuais .

Ao se traçar uma linha, ao longo da história das civilizações, percebe-se que as pressões exercidas sobre o meio ambiente se intensificaram, tornando-o cada vez mais frágil . Diante desses dados e dessa perspectiva de crescimento populacional, a situação pode se agravar ainda mais .

Será que os recursos naturais disponíveis serão suficientes para garantir a sobrevivência dos “passageiros da astronave”

que aumentam a cada ano?

Ao se pensar a longo prazo, a redução da taxa de crescimento populacional é imprescindível para garantir a sobrevivência e restabelecer o equilíbrio necessário .

A exploração dos recursos naturais

Você verá agora alguns aspectos relacionados à exploração dos recursos naturais . Ao longo de todo estudo, você leu muitas vezes esta expressão: “uso inadequado dos recursos naturais”, “preservação dos recursos naturais”, “disponibilidade dos recursos naturais” . Mas o que isto significa realmente?

Braga et al . (2002, p . 4) definem recurso natural como “qualquer insumo de que os organismos, populações e ecossistemas necessitam para sua manutenção . Portanto, recurso natural é algo útil” . Assim, o termo está diretamente relacionado ao desenvolvimento e à economia, como concebidos pelo sistema socioeconômico . Quando algo é chamado de recurso é porque se pensa na sua utilidade e não na sua importância intrínseca (como natureza, ser vivo, entre outros) . Sendo assim, água, ar, minerais, biomassa, vento, combustíveis, entre outros, são exemplos de recursos naturais .

Analisando e/ou relembrando o processo evolutivo das relações entre sociedade e natureza e as rupturas que aconteceram nessas relações ao longo da história, torna-se possível compreender que quando o ser humano deixou de ser nômade para tornar-se sedentário, ele aprendeu a cultivar a


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LO 2terra e passou a acumular uma quantidade cada vez maior de riquezas e de

bens .

Acompanhando o aumento da produção e o crescimento econômico, vieram os impactos negativos da humanidade sobre o meio ambiente .

Agora, transponha o pensamento imediatista e projete toda essa situação estudada para algumas décadas à frente! Perceba que os impactos negativos podem levar a uma deterioração irreversível das reservas de recursos naturais, prejudicando desta forma o desempenho e a prosperidade das economias . Porém, isso não quer dizer que não possa existir “harmonia” entre os recursos naturais e o desenvolvimento econômico .

Recursos naturais e economia interagem de modo bastante evidente, uma vez que algo é recurso na medida em que sua exploração é economicamente viável . Exemplo dessa situação é o álcool, que antes da crise do petróleo de 1973, apresentava custos de produção extremamente elevados ante os custos de exploração de petróleo . Hoje, no Brasil, apesar da diminuição do Proálcool, o álcool ainda pode ser considerado um importante combustível para automóveis e um recurso natural estratégico e de alta significância, devido a sua possibilidade de renovação e consequente disponibilidade . Sua utilização efetiva depende de análises políticas e econômicas que poderão ser revistas sempre que necessário . (BRAGA et al ., 2002, p . 5) .

Segundo os mesmos autores, existe, também, um forte envolvimento entre recursos naturais e tecnologia, já que há a necessidade de existir um processo tecnológico para a utilização de um recurso . Observe um exemplo relatado por eles: o magnésio só passou a ser visto como um recurso natural quando, por meio dos avanços tecnológicos, descobriu-se sua utilidade na confecção de ligas metálicas para aviões .

Assim, pode-se dizer que atrás do conceito de recurso natural tem-se intrinsecamente relacionados o meio ambiente, a economia e a tecnologia . A questão ambiental reside no fato de que, nas últimas décadas, o uso irracional e inadequado desses recursos provocou uma série de problemas ambientais agravando a atual crise . Por isso, pode-se afirmar que o nível de degradação dos recursos naturais e o nível de crescimento econômico de uma nação estão intimamente relacionados .

Essa cultura do acúmulo de riqueza e de um consumo cada vez maior de bens e serviços hoje faz parte dos costumes de qualquer sociedade e economia no mundo .


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Os recursos naturais podem ser classificados em renováveis e não renováveis, como você pode observar no esquema a seguir .

Esquema 2.2 – Classificação dos recursos naturaisFonte: Adaptado de Braga et al. (2002)

Um fato interessante é que o uso inadequado desses recursos pode tornar um recurso renovável em um não renovável, isso “quando a taxa de utilização supera a máxima capacidade de sustentação do sistema” . (BRAGA et al ., 2002, p . 5) . É neste momento que a exploração destes recursos naturais torna-se um dos problemas ambientais globais tratados nesse tópico, quando o ser humano não respeita o tempo natural e necessário de renovação dos recursos na natureza .

A poluição ambiental

A população, ao fazer uso dos recursos naturais, automaticamente gera algum tipo de resíduo .

Ao escutar ou ler o termo “poluição”, o que lhe vem em a mente? Quais são as imagens que você produz ao pensar em

um ambiente poluído?

A poluição pode ser conceituada como alterações de ordem antrópica (ação do ser humano), nas características físicas, químicas ou biológicas da atmosfera, litosfera ou hidrosfera . Essas alterações causam ou podem causar prejuízos à saúde, afetar a sobrevivência ou as atividades dos seres humanos e outras espécies . (BRAGA et al ., 2002) .


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LO 2A quantificação da poluição está ligada à quantidade ou à concentração de

um determinado poluente . Assim, são estabelecidos padrões e indicadores de qualidade do ar, água e solo para que seja possível o controle da poluição de acordo com a legislação ambiental .

Esquema 2.3 – Classificação das fontes poluidorasFonte: Adaptado de Braga et al. (2002)

Como você pode perceber, os efeitos da poluição podem ser localizados, regionais ou globais . Os mais conhecidos e fáceis de serem percebidos são os de efeito local ou regional e normalmente ocorrem em lugares onde a concentração de pessoas é maior ou então áreas com grande atividade industrial .

Diante da crise ambiental atual, a humanidade pode seguir dois caminhos:

1º caminho: continuar a utilização desenfreada dos recursos naturais para atender necessidades imediatas acarretando danos talvez irreversíveis .

2º caminho: implementar medidas alternativas para a conservação da biodiversidade e utilizá-la de forma sustentável, o que pode ser alcançado através de um processo emergente de Educação Ambiental .

Podemos citar como alguns efeitos globais, em virtude do excesso de poluição no ambiente, as chuvas ácidas, a destruição da camada de ozônio, mudanças climáticas, efeito estufa/aquecimento global, perda da biodiversidade, entre outros.

Uma possibilidade real de reversão da crise ambiental e consequente manutenção do bem-estar biológico/físico, metal e social, consiste em promover uma profunda transformação no pensar e no agir da humanidade, sendo a Educação Ambiental a força propulsora desta transformação .


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Quando se perceber que os recursos naturais são parte integrante da vida e não apenas algo a ser utilizado como mercadoria para satisfazer necessidades, muitas vezes imediatistas, talvez se consiga reduzir em muito os impactos negativos da sociedade sobre o meio ambiente .

A espécie humana, pela primeira vez na história, pode ter o poder de contribuir de forma significativa às mudanças globais . Para tanto, é necessário a mudança também globalizada de pensamento e atitude por parte da humanidade . Só assim será possível amenizar os problemas, a ponto de garantir a sobrevivência e assegurar para as gerações futuras um ambiente saudável, sustentável e equilibrado .

Pense nisso e seja um ator social consciente de suas responsabilidades perante o coletivo e, mais do que isso, seja um agente promotor das mudanças necessárias para manter um ambiente saudável, livre de poluição e equilibrado . Faça a sua parte e ajude a disseminar as sementes da Educação Ambiental .

» O conceito de natureza foi sendo produzido principalmente a partir dos avanços da ciência, resultando significativas rupturas nas relações sociais e na relação sociedade-natureza .

» Um impulso para a Revolução Científica foi a obra de Nicolau Copérnico que defendeu matematicamente um modelo de cosmo em que o Sol é o centro do Universo, Teoria Heliocêntrica .

» Três momentos importantes modificaram profundamente o espaço geográfico natural no decorrer da história humana . O primeiro quando o ser humano desenvolveu a agricultura e a domesticação dos animais, o segundo momento deu-se com a Revolução Industrial e um terceiro momento, quando acontece o desenvolvimento de novas tecnologias .

» É evidente a emergência de um processo de conscientização e mudança de comportamento por parte da humanidade quando se trata de utilização dos recursos naturais .

» A crise ambiental não surgiu de uma hora para outra e sim há muito tempo, e se agravou especialmente no período da Revolução Industrial .



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LO 2 » O crescimento populacional está diretamente relacionado ao

aumento da demanda de recursos naturais e à geração de resíduos lançados no meio ambiente .

» Recursos naturais e economia interagem de modo bastante evidente, uma vez que algo é recurso na medida em que sua exploração é economicamente viável .

» Uma possibilidade real de reversão da crise ambiental e consequente manutenção do bem-estar biológico/físico, metal e social, consiste em promover uma profunda transformação no pensar e no agir da humanidade, sendo a Educação Ambiental a força propulsora desta transformação .



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1 . Com base no que você estudou neste capítulo, qual a relação da Revolução Industrial com as questões ambientais?

2 . Com relação à crise ambiental e à poluição em geral, faça pesquisas em outras fontes e relacione as colunas .

A – Camada de ozônio

B – Chuvas ácidas

C – Aquecimento global

D – Efeito estufa

( ) Fenômeno natural e vital para a manutenção da vida na Terra; responsável por temperaturas mais amenas e adequadas que permitem a grande biodiversidade .

( ) Fenômeno que vem aumentando desde a Revolução Industrial, com o aumento da emissão de gases poluentes na atmosfera e causando desequilíbrios nos ecossistemas, como por exemplo, o aumento do pH da água .

( ) O gás CFC (Cloro – Flúor – Carbono) é o grande responsável por este problema de degradação do ambiente em escala global .

( ) Causado pela excessiva emissão de gases poluentes na atmosfera, principalmente o CO2, intensificando um fenômeno natural .



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GRUN, Mauro . Em busca da dimensão ética da educação ambiental . Campinas: Papirus, 2007 .

» Esse livro defende o resgate da humildade, do respeito e do diálogo com a Natureza para a compreensão dos problemas ambientais que estão sendo vivenciados na atualidade. O autor desenvolve nessa obra uma ética de parceria com a Natureza em Educação Ambiental, uma simbiose, na qual os elementos se combinam num regime de coparticipação e integração.

DORST, Jean . Antes que a natureza morra . São Paulo: Edgard Blucher, 1998 .

» Obra lançada em 1998, continua a ser uma leitura básica para os que querem compreender as causas da crise ambiental do século XX. Trata sobre o meio de vida e o modo em que a sociedade foi educada para o trabalho e para a superprodução, resquícios da Revolução Industrial, aflorando a preocupação com a preservação do meio ambiente e a discussão sobre a qualidade de vida, e os efeitos causados pelas políticas de industrialização e produção de bens adotados pelos países da Europa.

SALDIVA, Paulo; VORMITTAG, Evangelina da M . Pacheco A . de Araujo (Orgs) . Meio ambiente e saúde: o desafio das metrópoles . São Paulo: Instituto Saúde e Sustentabilidade, 2010 .

» Atual, oportuno e preocupante, o livro vai ao encontro do Tema 2010 da Organização Mundial da Saúde: urbanização e saúde. O livro discute questões como habitação, saneamento, mobilidade urbana, ruído, poluição do ar, mudanças climáticas e congestionamentos, caracterizando-as como novos desafios para a saúde que vão muito além do próprio setor da saúde e exigem uma ação multidisciplinar e em várias esferas governamentais. A obra propõe um novo olhar sobre o assunto, colocando o ser humano e a saúde humana no centro do debate sobre o meio ambiente urbano.

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Visão Sistêmica e Interdisciplinar na Abordagem das Questões AmbientaisIsabel Cristina da Cunha Ana Waley Mendonça

Objetivo geral de aprendizagem

» Compreender a trajetória histórica e social das diferentes concepções teóricas que caracterizam a construção do conhecimento científico, favorecendo a formação de cidadãos comprometidos individualmente e socialmente com o meio ambiente.

Seções de estudo

Seção 1 – A visão sistêmica

Seção 2 – A interdisciplinaridade

Seção 3 – A Educação e a perspectiva do desenvolvimento sustentável

Estudar as questões ambientais, a partir de uma visão sistêmica, possibilita compreender que um particular objeto ou fenômeno é parte de um sistema maior e que existem interligações e interdependências entre todos os seus componentes. A proposta, então, é adotar práticas pedagógicas interdisciplinares e as baseadas na perspectiva do desenvolvimento sustentável. Elas favorecem a formação de cidadãos capazes de contribuir com a superação de problemas, além de promover mudanças nas relações humanas, sociais e ambientais que se tem hoje.

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Até o momento, você pode se apropriar de conhecimentos sobre o meio ambiente, conhecer os fundamentos da Ecologia e compreender como o conceito de natureza foi sendo produzido principalmente a partir dos avanços da ciência, resultando em significativas rupturas nas relações sociais e na relação sociedade-natureza . Neste capítulo, você estudará conteúdos de grande relevância para o contexto social e, principalmente, para o contexto escolar, pois o mesmo é considerado por excelência um espaço para a aquisição de novos saberes . No entanto, é de suma importância que a forma de ensinar e aprender permita a visão sistêmica, ou seja, o entendimento de que todos os aspectos sociais e culturais estão interligados e são interdependentes . Nosso olhar sobre todos estes aspectos deve ser abrangente e integrador, ao invés de fragmentado . Com base na visão sistêmica, a proposta é que o professor organize e problematize conteúdos de modo a promover o desenvolvimento intelectual do aluno na sua construção como ser biológico, psicológico e social, ou seja, que o aluno sinta-se parte integrante da natureza e perceba que tudo o que está ligado à natureza pode influenciá-lo diretamente . Nesse sentido, a interdisciplinaridade ou a integração disciplinar, trabalhada no espaço educacional, pode contribuir para que os temas voltados à educação ambiental apontem para a formação de cidadãos capazes de interferir em um problema, propondo soluções para superá-lo . O processo educativo é essencial para a elaboração dessa nova ética do desenvolvimento, estabelecendo novas e produtivas relações entre escolas e comunidades, estudantes e professores e entre o sistema educacional e a sociedade em geral .

Seção 1 A visão sistêmica


» Compreender o significado da visão sistêmica e sua aplicação na prática educativa .

» Reconhecer a necessidade da mudança de percepção e de consciência do contexto, para garantir a sobrevivência humana e o desenvolvimento social .

A partir do final do século XX, alguns segmentos da sociedade passaram a demonstrar preocupações com o meio ambiente, com os problemas


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CAPÍTU

LO 3globais, com os danos à biosfera e à vida humana, enfim, com uma série de

problemas que passaram, então, a abalar a humanidade . Estes problemas passaram a ser vistos sob diferentes perspectivas, a fim de que a reflexão sobre eles indicasse soluções adequadas para os mesmos, de modo a não comprometer a vida das futuras gerações no Planeta .

Ainda nesse período, passou a imperar uma filosofia fortemente orientada em termos de processo . Essa teoria serviu de base ao pensamento sistêmico, fundamento pelo biólogo austríaco Ludwig Von Bertalanffy . Esta teoria foi desenvolvida à luz de um modelo científico que explicava o comportamento de um organismo vivo, enfatizando o aspecto processual, o que foi amplamente reconhecido e difundido, devido à necessidade de síntese e integração que faltava nas concepções anteriores sobre a relação ser humano-natureza . A motivação principal foi, portanto, a busca por novas leis mais aplicáveis ao estudo dos seres vivos em sua relação com o ambiente . Estas deveriam ser menos afetadas pela rigidez das leis da física clássica newtoniana e, portanto, mais favoráveis ao conhecimento das complexas relações e interações imbricadas . (DA CUNHA et al ., 2003) .

Em face desse quadro, o início do século XXI está sendo marcado pelo reconhecimento da necessidade de uma profunda mudança de percepção e de consciência para garantir a sobrevivência humana e o desenvolvimento social . Esse reconhecimento indica que os problemas não deverão mais ser entendidos e tratados isoladamente, uma vez que são problemas sistêmicos, ou seja, estão interligados e são interdependentes .

Para uma melhor compreensão do que significa a nova visão, observe a definição de sistema .

Nesse caso, um sistema não se reduz a um mero agregado, uma vez que esse agregado está circunscrito a uma ideia de totalidade em que as partes estão conectadas e partilham de funções ou propriedades internas . Essa visão consiste na consideração de que todos os fenômenos ou eventos se interligam e se inter-relacionam de uma forma global, ou seja, tudo é interdependente .

Já em 1937, defendia a interdependência e integração entre todas as partes de um sistema, oposto ao reducionismo científico da época.

Um sistema pode ser definido como a relação entre fatos/objetos que interagem, um conjunto de elementos de

um todo interligados e coordenados entre si, ou seja, um todo organizado formado por elementos interdependentes, que está rodeado por um meio exterior (meio ambiente) .


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3

Por sua vez, a visão de mundo tornou-se mais abrangente, o ‘todo’ da era das máquinas passou a ser ‘parte’ da era dos sistemas . Não se nega a existência das partes, apenas se muda a direção do olhar; um olhar que se volta a um sistema maior do qual o particular objeto ou fenômeno é parte . Um olhar que tenta compreender as propriedades que emergem das relações entre os diferentes elementos do sistema e que não aparecem em nenhum elemento em particular . Veja um exemplo!

Fritjof Capra, em seu livro O Tao da Física, faz um paralelo entre a Física Moderna e o Misticismo Oriental . Quando expõe sua concepção relacional da natureza, o autor, claramente, reafirma as ideias de Bertalanffy: “À medida que penetramos na matéria, a natureza não nos mostra “blocos básicos de construção” isolados . Ao contrário, surge perante nós como uma complicada teia de relações entre as diversas partes do Todo” . (CAPRA, 1983, p . 58) .

Em suma, a abordagem sistêmica da realidade, assentada nos domínios da Biologia, aponta para a insuficiência de algumas concepções epistemológicas que orientaram o pensamento de cientistas da natureza, especialmente durante o século XIX e início do século XX . Um exemplo disto é o reducionismo mecanicista que tomava os procedimentos da Física Clássica como modelos perfeitamente transferíveis aos fenômenos orgânicos . Os fenômenos da vida poderiam ser reduzidos aos da Física ou da Química .

De acordo com Da Cunha et al . (2003), pode-se ilustrar o que foi dito acima . Observe na Figura 3 .1!

Sabe-se que água é uma combinação de hidrogênio e oxigênio . Esses dois elementos, estudados isoladamente, são combustíveis e comburentes, respectivamente . Chamam-se, portanto, de propriedades emergentes, as que aparecem quando os elementos interagem, nesse caso, a água propriamente dita .


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LO 3

Na visão reducionista, uma parte não se relaciona à outra e nem mesmo as funções estão ligadas . Nada se relaciona a nada, ou seja, a ideia do ‘todo’ que este conjunto representa, fica de lado . Não se pensa, por exemplo, como fica o solo na presença da raiz do pé de laranjas nem como todo o ambiente que envolve esta planta depende dela . Fala-se apenas no pé de laranjas, como se ele existisse isoladamente . As pessoas aprenderam a pensar dessa forma . No entanto, sabe-se que as plantas dependem de muitos fatores que influenciam no seu desenvolvimento, no desempenho de seus órgãos e no seu crescimento . Qualquer alteração como, por exemplo, falta de água ou água em excesso, pode acarretar um resultado totalmente diferente daquele que seria esperado no modelo linear . Por esse motivo, ao pensar em uma planta deve-se pensar em um sistema não linear que, como a maioria dos sistemas encontrados na natureza, tem o desenvolvimento mais complexo do que se imagina . (DA CUNHA et al ., 2003) .

Imagine um ser vivo; um pé de laranja, por exemplo . É possível pensar nesta planta como um sistema linear, mediante uma visão reducionista, que se pauta na linearidade e na redução das coisas maiores às menores . Pode-se prever o desenvolvimento dessa planta, linearmente, por meio das funções realizadas por seus órgãos (raiz, caule, folha, flor, fruto) e através de seu crescimento, ou seja, uma planta dividida em partes que executam determinadas funções, em uma ordem que se inicia, quase sempre, da raiz ao fruto .

Abordagem sistêmica da realidade

Figur

a 3.1

- Órg

ãos d

a lar

anjei

ra

Flor

Folha

Fruto

Caule

Raiz


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3

A ideia de que a natureza é ordenada e previsível, registra a utilização de modelos lineares, que limitaram o estudo dos fenômenos naturais por muitos anos, eliminando uma incrível possibilidade e variedade de transformações nos fenômenos estudados . Assim, nas Ciências Naturais, em uma abordagem sistêmica, cada objeto ou fenômeno passou a fazer parte de um todo maior .

Não se trata aqui de negar o procedimento analítico, tão necessário à ciência, o qual permite estudar profundamente cada aspecto da realidade . O que se propõem é que estes aspectos deve ser constantemente abordados nas relações entre si, com outros aspectos e com a totalidade que representa o sistema análise . Além disso, o desempenho de um sistema depende também de seu relacionamento com o ambiente, ou seja, com o sistema maior a qual ele está integrado .

A contribuição epistemológica do sistemismo tem sua importância para a Educação Ambiental (EA), permitindo reintegrar os conhecimentos como um todo coerente . Esta nova visão reconduz o ser humano a sua posição e ao seu papel no Universo e na natureza . Ampliar o pensamento, em termos de visão sistêmica, ajuda a entender a inter-relação existente entre o sistema humano e o sistema natural (meio ambiente), bem como as inter-relações existentes dentro de cada um destes sistemas e suas interações . Com isso pode-se ter uma visão de como eles são formados, quais são suas tendências para o futuro, como são organizados e quais são seus potenciais .

Após a mudança da visão reducionista para a sistêmica, o corpo de um ser vivo passou a ser visto como um conjunto de órgãos, e não como mera ‘soma de partes’ fragmentadas e isoladas uma das outras . No enfoque sistêmico, não se concebe mais analisar as partes do corpo separadamente, já que um órgão interfere no funcionamento de outro e no funcionamento do corpo em geral .

Isto significou colocar as partes – subsistemas – no contexto de um todo – sistema – mais amplo, com base na consciência

da inter-relação e interdependência entre todos os fenômenos físicos, químicos, biológicos, psicológicos, sociais, culturais, ambientais etc . (DA CUNHA et al ., 2003) .


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LO 3

Seção 2 A interdisciplinaridade


» Reconhecer a interdisciplinaridade como metodologia importante para o desenvolvimento da Educação Ambiental no ambiente escolar .

» Refletir acerca das relações entre ser humano e meio ambiente e suas consequências .

Diante do ritmo acelerado das inovações crescentes, torna-se difícil para o educador, a constante atualização na sua área de atuação, onde o papel mais destacado tem sido o da informática na organização e na estrutura do ensino atual . Com base na visão sistêmica, a proposta é que o professor organize e problematize conteúdos de modo a promover o desenvolvimento intelectual do aluno como ser biológico, psicológico, e social, ou seja, que o aluno sinta-se parte integrante da natureza e tudo o que está ligado à natureza influencie diretamente nele . E, mais do que isso, ele não deve ser indiferente ao que acontece no meio ambiente . Na Educação Ambiental, as atitudes, a cultura, a qualidade de vida, o respeito, a ética, a cidadania, a sociedade, a natureza, os recursos naturais etc . são necessariamente analisadas .

Portanto, conforme já mencionado, o olhar sobre todos estes aspectos deve ser abrangente e integrador, ao invés de fragmentado e descontextualizado . Além disso, os indivíduos devem olhar para si mesmos, para o outro e para o meio com uma nova maneira de ver, de perceber e se comportar . Nesse sentido, a interdisciplinaridade ou a integração disciplinar, trabalhada no espaço educacional, pode contribuir para que os temas voltados para a Educação Ambiental apontem para a formação de cidadãos capazes de interferir em um problema, propondo soluções para superá-lo .

Figura 3.2 - Integração ser humano-natureza


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A abordagem interdisciplinar deve proporcionar ao cidadão identificar a própria realidade, discutir as questões de seu cotidiano, reconhecer que os processos estão inter-relacionados, perceber, de diversos modos possíveis, as relações existentes na trama do conhecimento humano .

Vários documentos de Conferências Internacionais de Meio Ambiente e da legislação educacional brasileira, alguns dos quais serão estudados ao longo desta disciplina, mencionam que a interdisciplinaridade é imprescindível para o êxito das práticas de EA nos âmbitos formal e não formal . Por exemplo, a recomendação nº 1 da Primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental - a Conferência de Tbilisi - organizada pela UNESCO em 1977, diz que:

A educação ambiental é o resultado de uma orientação e articulação de diversas disciplinas e experiências educativas que facilitam a percepção integrada do meio ambiente, tornando possível uma ação mais racional e capaz de responder às necessidades sociais [ . . .] . Para a realização de tais funções, a educação ambiental deveria [ . . .] enfocar a análise de tais problemas através de uma perspectiva interdisciplinar e globalizadora, que permita uma compreensão adequada dos problemas ambientais . (UNESCO, 1977, recomendação nº 1) .

O mesmo documento inclui a interdisciplinaridade como um de seus princípios básicos, afirmando que à EA deve ser aplicado um enfoque interdisciplinar, de acordo com as especificidades de cada disciplina, enfatizando uma visão global e equilibrada . (DIAS, 1998) . Desta forma, pode-se afirmar que a origem da Educação Ambiental foi no berço da interdisciplinaridade .

Além da falta de uma definição objetiva sobre o conceito de interdisciplinaridade, as recomendações contidas nos documentos das Conferências de Meio Ambiente são, em geral, transpostas diretamente para o contexto escolar, ignorando suas especificidades .

Ao cruzar a discussão sobre as dificuldades em se definir esse conceito com estudos sobre os limites da prática interdisciplinar em uma escola de tradição disciplinar, Lima (2006) argumenta que a EA no contexto escolar não é interdisciplinar devido à fragmentação dos conteúdos por desinteresse dos professores . Outras dificuldades, como a falta de encontros para o planejamento de projetos interdisciplinares, de tempo e de formação dos professores em EA, deixam este quadro ainda mais complexo . Este mesmo autor afirma que, ainda assim, inúmeros trabalhos de EA - interdisciplinares ou não – vêm sendo realizados nas escolas brasileiras, com pouca ou nenhuma divulgação .


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LO 3Tendo em vista que a organização escolar está fragmentada, ou seja, por

disciplinas, cabe salientar que há uma longa caminhada a ser percorrida para que se possa alcançar práticas educativas interdisciplinares . A interdisciplinaridade exige atitude . Para que ocorra uma transformação interna que possibilite a mudança da visão fragmentada para a interdisciplinaridade ou para uma visão globalizante e complexa, a atitude, seja do educador ou do cidadão, deverá passar por uma reflexão profunda . (ADAMS, 2006) .

Nesse caminho, podem-se apontar várias possibilidades de trabalho com alunos . Uma delas sugere que os conteúdos sejam abordados por temas, proporcionando a interdisciplinaridade na EA . Convém salientar que são muitas as denominações que resultam a partir de iniciativas dessa natureza; assim é que se tem falado em currículo interdisciplinar, por exemplo .

Explorar o olhar e o perceber do mundo infantil é um desafio para os educadores que têm como objetivo despertar o interesse pela Educação Ambiental e a justificativa para alguns fenômenos que ocorrem no dia a dia . Para tanto, é fundamental tomar como ponto de partida esses conhecimentos trazidos pelas crianças e organizá-los de acordo com as

Figura 3.3- Projeto interdisciplinar na escola

Você saberia explicar alguma possibilidade de trabalho interdisciplinar em um sistema educativo disciplinar? Ou o

que seria trabalhar utilizando temas?


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3

afinidades e interesses . Deve-se levar em conta o trabalho espontâneo e movido pela integração, indagações e expectativas, fazendo com que as crianças ajudem umas as outras . Este contexto favorece a construção de uma concepção de mundo desenvolvendo, também, o gosto pela natureza .

Seção 3 A Educação e a perspectiva do desenvolvimento sustentável


» Compreender a relação entre a Educação Ambiental e o desenvolvimento sustentável .

» Reconhecer que o meio ambiente está inserido no contexto dos processos sociais, econômicos, políticos e educacionais .

As percepções humanas e as formas de utilização do meio ambiente e de seus recursos são socialmente construídas e essas construções envolvem interesses, valores, expectativas e instituições que influenciam as interações humanas com o ambiente natural e social . Por isso, o meio ambiente não pode ser tratado isoladamente, deve ser inserido no contexto dos processos sociais, econômicos, políticos e educacionais . A sociedade atual necessita de medidas que apoiem um tipo de crescimento econômico que minimize os efeitos e prejuízos gerados pelos problemas ambientais . (DA CUNHA et al ., 2010) .

Torna-se necessário encontrar novos modelos de desenvolvimento que viabilizem a sobrevivência de todos os seres . Portanto, é fundamental que haja uma nova ética social e que se reconheça as complexas relações entre as pessoas, destas com os demais animais e com o meio ambiente . Para essa nova ética social, mudanças significativas devem ocorrer globalmente, visando à divisão equitativa dos recursos mundiais, respeitando-se as necessidades de todos os povos e reduzindo-se os efeitos nocivos sobre o meio ambiente . Esse novo tipo de desenvolvimento vai exigir a busca por novas tecnologias que permitam atingir esses objetivos . (SEABRA, 2004) .

Neste sentido, na Conferência sobre o Meio Ambiente Humano de Estocolmo foi recomendado um maior desenvolvimento da EA, considerada como um


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LO 3

dos elementos fundamentais para se enfrentar a crise ambiental no mundo . Essa nova Educação Ambiental deve vincular-se amplamente aos princípios básicos definidos na Declaração das Nações Unidas sobre a Nova Ordem Econômica Internacional . (HOPKINS; McKEOWN, 2002) .

É nesse contexto que estão colocados os fundamentos para um programa mundial de Educação Ambiental possibilitando o desenvolvimento de novos conhecimentos e habilidades, de valores e atitudes . Enfim, há um esforço direcionado a uma melhor qualidade do ambiente e, de fato, para uma melhor qualidade de vida para as gerações presentes e futuras .

Na Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1987, surge o termo Desenvolvimento Sustentável (DS), assumido então como uma meta global . (HOPKINS; McKEOWN, 2002) . A partir daí, a ideia de Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS) foi se consolidando até adquirir uma forma mais precisa com o capítulo 36 da Agenda 21 – Promoting Education, Public Awarenessand Training, aprovada na Carta da Terra - Rio de Janeiro, 1992, sob a designação: Educação para o Ambiente e o Desenvolvimento . (UNESCO, 2005) .

Segundo Freitas (2005), pode-se considerar que a partir de 1992 nasce formalmente a EDS, de forma que as relações que se estabelecem com a Educação Ambiental são de natureza basicamente complementar . A EA é contextualizada ora como componente fundamental, ora como fonte de inspiração referencial da EDS . (Idem) .

O processo educativo é essencial para a elaboração desta nova ética do desenvolvimento, estabelecendo-se novas e

produtivas relações entre escolas e comunidades, entre estudantes e professores, e ainda entre o sistema educacional e a sociedade em geral .

“[...] desenvolvimento sustentável é aquele que prevê as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de prover suas próprias necessidades”. (BRUNDTLAND, 1987 apud MAWHINNEY, 2005, p. 11).


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3

Assim, de acordo com Freitas (2005), considera-se a EDS como uma das várias oportunidades educativas de analisar a crise do mundo atual e de construir uma cultura comum de sustentabilidade . A EDS favorece essa análise numa lógica de complexidade e de interdisciplinaridade, ocupando uma excelente posição para exercer uma atividade catalítica na congregação de diversas perspectivas preocupadas com a construção de um futuro mais sustentável .

Nesse contexto, a EDS tem se revelado como projeto alternativo global, cuja preocupação não está apenas na preservação da natureza ou no impacto das sociedades humanas sobre os ambientes naturais, mas em um novo modelo de civilização sustentável do ponto de vista ecológico que implica uma mudança nas estruturas econômicas, sociais e culturais . A EDS está ligada, portando, a um projeto utópico: mudar as relações humanas, sociais e ambientais que temos hoje . Aqui está o sentido profundo de uma nova educação . (GADOTTI, 2000) .

Diversas formas de conceber a relação EA/EDS

Entre os estudiosos, há muita discussão sobre os conceitos e abrangências da EA e da EDS; não se tem o intuito de abordar essa longa questão aqui, apenas pretende-se proporcionar as diversas visões sobre o assunto . Com certeza, o aprofundamento no tema vai exigir que você realize muitas leituras, mas, neste momento, o importante ter clareza que a história das relações entre a EA e a EDS é complexa e tem passado por diversas fases .

O que se pretende realçar aqui é que um dos grandes avanços que a consagração das perspectivas de DS e de EDS representa para a sociedade é o reconhecimento do caráter global e inter-relacionado da crise mundial atual e a necessidade de superá-la; da necessidade de alterar os pressupostos do desenvolvimento humano, social, econômico, visando à sustentabilidade; da perspectiva do caráter aberto dessas alterações; da necessidade de abrir o debate a todas as opiniões; da busca pela equidade social, pela paz e pela sustentabilidade ambiental, como eixos centrais das políticas de desenvolvimento . (UNESCO, 2004) .


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LO 3Hopkins e Mckeown (2002) consideram que a discussão a respeito da

abrangência da EA e da EDS depende do olhar sobre elas, ou seja, das concepções apresentadas por quem as estuda . Defendem que ambas “têm similaridades”, apesar de apresentarem abordagens e prioridades diferentes . Estes mesmos autores apresentam, ainda, a perspectiva de que não é porque é ambíguo que o conceito de DS deve ser abandonado — democracia é, também, um conceito com certo grau de ambiguidade e nem por isso deixamos de tê-lo no centro das políticas educativas .

Atualmente, percebe-se que há uma corrente de pesquisadores tendendo a utilizar a designação Educação Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável, visando superar a discussão entre EA e EDS . Esta designação, embora possa ter inconvenientes, tem uma vocação de síntese e pragmática . Ela parte dos seguintes princípios:

» A EDS nasceu da EA e mantêm-se com ela muito relacionada .

» A generalidade dos especialistas em EA defende uma EA que abrange as componentes sociais, políticas, econômicas e culturais .

» Quem mais tem defendido a EDS recusa uma mera interpretação neoliberal (que se revela, aliás, algo contraditória da essência do conceito) .

» Muitos dos que estão envolvidos na promoção de EDS estão envolvidos na promoção da EA .

» Podendo ser vista como uma evolução da EA, a EDS não pretenderá fazê-la desaparecer .

Em suma, procurando unir, utiliza-se uma nomenclatura que, mesmo longa, condensa a perspectiva de complementaridade e sinergia das duas designações e dos movimentos educativos .

Uma perspectiva integradora e complexa para EDS/EA

Imagine-se fazendo uma reflexão mais profunda sobre as questões relativas à EA e à EDS . Essas reflexões devem levar em consideração o que nos diz Morin:

Adquirimos conhecimentos inauditos sobre o mundo físico, biológico, psicológico, sociológico . […] E, no entanto, por todo o


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lado, erro, ignorância e cegueira progridem ao mesmo tempo em que os nossos conhecimentos . Necessitamos de uma tomada de consciência radical: 1 . A causa profunda do erro não está no erro de fato (falsa percepção) ou no erro lógico (incoerência), mas no modo de organização de nosso saber num sistema de ideias (teorias, ideologias); 2 . Há uma nova ignorância ligada ao desenvolvimento da própria ciência; 3 . Há uma nova cegueira ligada ao uso degradado da razão; 4 . As ameaças mais graves em que incorre a humanidade estão ligadas ao progresso cego e incontrolado do conhecimento (armas termonucleares, manipulações de todo o tipo, desregramento ecológico etc .) . (MORIN, 2005, p . 9) .

Essa incapacidade de compreender a complexidade do real, de acordo com Morin (2000a), é a responsável pelos erros, ignorâncias e cegueiras que a humanidade vem acumulando . Por isso, o autor defende a necessidade de que seja adotado um pensar complexo .

Pode-se considerar que a ideia de complexidade, numa lógica científica, surgiu associada ao movimento cibernético . A cibernética constitui um poderoso movimento, com forte impacto na ampla maioria dos domínios científicos com grandes consequências para as sociedades modernas . Por exemplo, o surgimento e consolidação da teoria sistêmica; o aparecimento da teoria da informação que constitui base teórica em tecnologia da comunicação; a formulação de princípios de uma nova interpretação do binômio ordem/desordem e, mais especificamente, como a perturbação pode gerar nova ordem; a consolidação da neurociência e consequentes aplicações a diversos domínios; a revolução da informática e eletrônica em fase de contínua expansão; etc .

As primeiras contribuições pós-cibernéticas importantes para a construção de um pensamento complexo se situam nas teorizações de Gregory Bateson, Humberto Maturana e Francisco Varela (FREITAS; FLEURI, 2006) . Além de Morin, eles são os teóricos do pensamento complexo que vai sendo defendido em diversos campos do saber, desde a Biologia e, em particular, Neurobiologia e Antropologia até a Cibernética e Inteligência Artificial, passando por certos ramos da Física, Linguística, Filosofia, Sociologia, Psicologia e Educação .

No que se refere à educação, os avanços proporcionados pela cibernética abriram portas às tecnologias educativas,

ao chamado ensino programado e à educação a distância .


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LO 3Ao interrogar-se: O que é a complexidade? Morin (2005, p . 35) começa por

afirmar que “à primeira vista, é um fenômeno quantitativo, uma extrema quantidade de interações e de interferências entre um número muito grande de unidades” e, logo acrescenta que, contudo,

[ . . .] a complexidade não compreende apenas quantidades de unidades e interações […] ela compreende também incertezas, indeterminações, fenômenos aleatórios […] num certo sentido sempre tem relação com o acaso […] está ligada a certa mistura de ordem e desordem . (Idem) .

Desta forma, pode-se concluir que, segundo Morin (2005), na Teoria da Complexidade, há muitos caminhos e possibilidades . Acompanhe!


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Em síntese, passado, presente e futuro articulam-se segundo lógicas multidimensionais, não totalmente previsíveis . Cada momento que passa, podem fazer variar a forma como se vê o passado (e, assim, o sentido desse próprio passado, sua projeção no presente e no futuro), como vive o presente e como projeta o futuro, considerando que esse futuro está sempre em aberto . (FREITAS; FLEURI, 2006) .

Para esta disciplina, uma explicação sobre a complexidade e o pensamento complexo não é primordial . Contudo, é importante ter o mínimo de noção sobre o assunto, uma vez que a EDS/EA é pautada na perspectiva da complexidade . Assim, apoiando-se nas diversas visões abordadas (e tantas outras que você poderá conhecer ou vir a estudar) você tem um papel importante na construção de um significado do conceito de complexidade que sirva para esclarecer a sua formação e ação como educador .

» A visão sistêmica permite reintegrar os conhecimentos como um todo coerente . Esta nova visão reconduz o ser humano a sua posição e ao seu papel no Universo e na natureza . Ampliar o pensamento, em termos de visão sistêmica, ajuda a entender a inter-relação existente entre o sistema humano e o sistema natural (meio ambiente), bem como as inter-relações existentes dentro de cada um destes sistemas e suas interações .

» Com base na visão sistêmica, a proposta é que o professor organize e problematize conteúdos de modo a promover o desenvolvimento intelectual do aluno na sua construção como ser biológico, psicológico, e social, ou seja, que o aluno sinta-se parte integrante da natureza e perceba que tudo o que está ligado à natureza pode influenciá-lo diretamente .

» A interdisciplinaridade ou a integração disciplinar trabalhada no espaço educacional pode contribuir para que os temas voltados para a Educação Ambiental apontem para a formação de cidadãos capazes de interferir em um problema, propondo soluções para superá-lo .

» A abordagem interdisciplinar deve proporcionar ao cidadão identificar a própria realidade, discutir as questões de seu cotidiano, reconhecer que os processos estão inter-relacionados, perceber, de diversos modos possíveis, as relações existentes na trama do conhecimento humano .



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LO 3 » A Educação para o Desenvolvimento Sustentável tem se revelado

como projeto alternativo global, preocupando-se não apenas com a preservação da natureza ou com o impacto das sociedades humanas sobre os ambientes naturais, mas com o desenvolvimento de um novo modelo de civilização, havendo mudanças significativas nas estruturas econômicas, sociais e culturais .

Você pode anotar a síntese do seu processo de estudo nas linhas abaixo:


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1 . Reflita sobre os conteúdos estudados neste capítulo e elabore uma redação destacando os termos enfatizados como a visão sistêmica, a interdisciplinaridade, a relação entre a Educação Ambiental e o Desenvolvimento Sustentável . Seu texto deve ter entre 8 e 12 linhas .


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LO 32 . A partir dos estudos realizados neste capítulo, leia com atenção a citação

abaixo, e descreva o sentido da mesma para o processo de ensino e aprendizagem:

A primeira finalidade do ensino foi formulada por Montaigne: mais vale uma cabeça bem-feita que bem cheia . O significado de “uma cabeça bem cheia” é óbvio: é uma cabeça onde o saber é acumulado, empilhado, e não dispõe de um princípio de seleção e organização que lhe dê sentido . Uma “cabeça bem-feita” significa que, em vez de acumular o saber, é mais importante dispor ao mesmo tempo de: - uma aptidão geral para colocar e tratar de problemas; - princípios organizadores que permitam ligar os saberes e lhes dar sentido . (MORIN, 2000b, p . 21) .


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Para que você aprofunde seus estudos nos diferentes temas abordados neste capítulo, sugerimos a leitura dos livros:

CAPRA, Fritjof . A Teia da Vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos . São Paulo: Cultrix, 2006 .

______ . O ponto de Mutação . São Paulo: Cultrix, 2006 .

MORIN, Edgar . Os sete saberes necessários à educação do futuro . São Paulo: Editora Cortez, 2000a .

______ . Saberes Globais e Saberes locais . São Paulo: Cortez Editora, 2000b .

Aprenda mais...


Abordagens Metodológicas e Práticas de Educação AmbientalIsabel Cristina da Cunha Ana Waley Mendonça

Objetivo geral de aprendizagem

» Compreender a Educação Ambiental como um meio ou processo que possibilita a formação de cidadãos mais sensibilizados com o meio ambiente, bem como, conhecer algumas orientações e sugestões para práticas pedagógicas, contempladas em documentos que norteiam o sistema educacional brasileiro.

Seções de estudo

Seção 1 – Breve histórico da Educação Ambiental

Seção 2 – Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs

Seção 3 – Projetos ambientais na escola

Nas últimas décadas, muitos são os eventos internacionais que promovem discussões acerca das influências do homem no meio ambiente, isto porque, muitos pesquisadores e governantes estão preocupados com os impactos gerados pela forma de vida humana. A partir destas discussões surgiu a Educação Ambiental como um meio ou processo para minimizar esta situação. Sua aplicação no meio educacional torna-se imprescindível para que se consigam mudanças significativas de hábitos, conscientizando a sociedade da importância da preservação e conservação dos recursos naturais, como garantia à sobrevivência das futuras gerações.

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Neste capítulo, você encontrará um breve histórico da Educação Ambiental - EA, a partir dos principais eventos mundiais que ocorreram em diversos contextos . Contextos em que a preocupação de vários governantes foi motivada pela grande interferência do homem no meio ambiente . Assim, surge a EA como um meio ou processo, que possibilita a adoção de novos comportamentos e atitudes pelos cidadãos, em prol do meio ambiente . É indicado que a EA seja abordada em todos os níveis de ensino, sendo trabalhada não como disciplina específica, mas como assunto/tema a ser contemplado pelos docentes nos conteúdos curriculares .

Já o meio ambiente é apresentado como Tema Transversal pelos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, devendo permear todas as disciplinas do currículo escolar, cujo momento de abordá-lo é definido pelo professor, em sua prática pedagógica . Nesta direção, a sugestão é que a comunidade escolar elabore projetos ambientais nas escolas, partindo sempre da realidade onde cada instituição está inserida .

Deve-se utilizar metodologias de acordo com o público alvo, para que atitudes e comportamentos sejam adotados em benefício do meio . Assim, torna-se possível sensibilizar cada vez mais pessoas para a preservação e conservação dos recursos naturais, garantindo a sobrevivência das futuras gerações . Atendendo a esta demanda, nesta disciplina, você estudará algumas possibilidades de desenvolvimento de projetos ambientais na escola, considerando sempre a realidade trabalhada .

Seção 1 Breve histórico da Educação Ambiental


» Conhecer a abordagem da Educação Ambiental nos principais eventos mundiais .

» Identificar alguns aspectos conceituais, objetivos, princípios e características da Educação Ambiental .

» Compreender as indicações para abordagem pedagógica da Educação Ambiental no currículo escolar .


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LO 4Na década de 60, a jornalista norte-americana Raquel Carson, publicou

uma obra com o título Primavera Silenciosa, que chamava a atenção para os problemas ambientais, provocados pela interferência do homem . Em continuidade a essas discussões contempladas na obra sobre os efeitos ambientais, em 1968, foi formado um Conselho para a Educação Ambiental – EA, com mais de 50 organizações voltadas para temas de Educação e Meio Ambiente .

No mesmo ano, a UNESCO desenvolveu um levantamento sobre a escola e o meio ambiente, em 79 de seus países membros já se afirmava que a EA não deveria ser considerada como uma disciplina específica no currículo escolar, “mas sim permear em toda a grade curricular, tendo em vista sua complexidade e interdisciplinaridade” . (TELLES et al ., 2002, p . 29) . Tal levantamento destacava que as questões ambientais e os cuidados com o meio ambiente constituem-se em conceitos mais elaborados, pois envolvem também aspectos de ordem socioeconômicos, culturais, políticos e éticos, além dos aspectos físicos, químicos e biológicos .

Também, no ano de 1968, foi fundado o Clube de Roma, constituído por 30 especialistas de diversas áreas do conhecimento, cuja atenção era voltada para questões econômicas e também ambientais . Essa organização publicou em 1972 um relatório chamado Os Limites do Crescimento . Este documento condenava o crescimento da economia de países que tinham como meta tornar-se mais rico e poderoso, sem levar em conta o custo ambiental .

Diante de vários movimentos que ocorreram ao longo das últimas décadas a favor do meio ambiente, destacam-se alguns eventos conhecidos:

I Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano

Mais conhecida como Conferência de Estocolmo, realizada em 1972 . Esta Conferência é considerada um marco histórico internacional na busca de políticas ambientais em diversos países, inclusive no Brasil . Como resultado deste evento se teve a elaboração da Declaração sobre o Ambiente Humano e o Plano de Ação Mundial, considerando como fundamental o desenvolvimento da EA, para resolver a crise ambiental de todo o mundo . (PEDRINI et al ., 1997) . A criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA também foi resultado deste evento, como uma nova estrutura da própria Organização das Nações Unidas - ONU . Outro ponto importante foi a recomendação para que fosse criado um Programa Internacional de Educação Ambiental - PIEA, o qual apoia o enfrentamento a crise ambiental no planeta .


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Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental

Aconteceu em Tbilisi, Geórgia, no ano de 1977, organizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura – UNESCO, em cooperação com PNUMA, cujo evento é considerado uma referência na evolução da EA . Nesta, foram definidos objetivos, princípios, estratégias e recomendações para a ampliação da EA no mundo, indicando o ensino formal como um dos eixos fundamentais para se atingir as metas estabelecidas .

Conferência Internacional da UNESCO-PNUMA sobre Educação e Formação Ambiental

Realizada em Moscou, em 1987, avaliando as conquistas e dificuldades na área da educação ambiental não governamental, para analisar o desenvolvimento da EA desde a Conferência de Tbilisi, em todos os países membros da UNESCO . (PEDRINI et al ., 1997) . De acordo com Telles et al . (2002, p . 30), “neste encontro que se reconheceu a importância da Educação Ambiental nos sistemas educacionais dos diversos países” .

Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

Realizada na cidade do Rio de Janeiro, em 1992, conhecida como Rio-92 . Desta conferência surgiu um documento chamado Agenda 21 . Tal documento é um roteiro, para garantir a qualidade de vida em nosso planeta, com vistas para o século 21 . (BRASIL, 1998) . Em um de seus capítulos é enfatizado, os princípios e as recomendações sobre a EA, salientando que ela deve ser uma proposta para reorientar o ensino formal e informal, possibilitando mudanças de atitudes e comportamentos, por meio da aquisição de novos conhecimentos e valores . Durante a Rio-92, também ocorreu o Fórum Internacional das Organizações Não Governamentais, do qual gerou o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, que reconhece a educação como direito de todos . (TOZONI-REIS, 2004) .

Quadro 4.1 – Eventos mundiais para discussão de aspectos ligados ao meio ambiente

Como você pode observar, o desenvolvimento da consciência ambiental, aconteceu em vários lugares do mundo, a partir de publicações e eventos internacionais, marcando a preocupação da humanidade com o ambiente . Articulada a discussão da problemática ambiental, a EA foi se constituindo como uma estratégia de ação importante, para enfrentamentos dos problemas ambientais, os quais foram se agravando no processo histórico da humanidade .


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LO 4

Alguns conceitos de Educação Ambiental

Várias definições foram pontuadas à EA, primeiramente enfatizando apenas os aspectos ecológicos, e ampliando posteriormente sua definição a outras esferas do conhecimento . A partir da Conferência de Tbilisi, 1997 surgiram as definições de EA mais aceitas internacionalmente, veja algumas a seguir:

[ . . .] a educação ambiental é um processo permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu Meio Ambiente e adquirem o conhecimento, os valores, as habilidades, as experiências e a determinação que os tornam aptos a agir –individual e coletivamente – e resolver problemas ambientais . (TELLES et al ., 2002, p . 34) .

A educação Ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificação de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos, suas culturas e seus meios físicos . (SATO, 2003, p . 23) .

[ . . .] educação ambiental é o resultado de uma reorientação e articulação de diversas disciplinas e experiências educativas, que facilitam a percepção integrada do Meio Ambiente, tornando possível uma ação mais racional e capaz de resolver as necessidades sociais . (DILL, 2008, p . 78) .

Portanto, a EA não se restringe somente ao ensino de conteúdos referentes à Ecologia e às Ciências Naturais, mas atua como um processo para a construção da relação harmônica do homem com o meio ambiente .

Muitas definições ainda podem ser destacadas para a Educação Ambiental, veja ao que é apresentada no Capítulo I, Art . 1º, da Lei nº 9 .795/99:

Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade . (BRASIL, 1999, Artigo 1º) .

Tal definição aponta para a formação de um ser humano mais responsável individual e coletivamente pela sustentabilidade, ou seja, a ação individual na esfera privada e a ação coletiva na esfera pública, promovendo o desenvolvimento sustentável .


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Alguns objetivos da Educação Ambiental

Telles et al . (2002), apresenta os seguintes objetivos da EA:

1 . Conscientização: contribuir para que os cidadãos adquiram consciência e sensibilidade ao ambiente como um todo .

2 . Conhecimento: proporcionar aos indivíduos a compreensão básica sobre os problemas relacionados ao meio ambiente, sobre a presença e o papel da humanidade crítica em relação a esse meio ambiente .

3 . Atitudes: possibilitar a todos os indivíduos a aquisição de valores sociais, favorecendo vínculos afetivos para o ambiente e motivação para a participação constante na sua proteção e melhoria .

4 . Habilidades: propiciar a todos os indivíduos condições para adquirirem as habilidades necessárias à solução dos problemas ambientais .

5 . Capacidade de avaliação: estimular a todos os indivíduos a avaliarem as providências relativas ao ambiente e aos programas educativos, no que diz respeito aos fatores ecológicos, políticos, econômicos, estéticos e educacionais .

6 . Participação: contribuir com todos os indivíduos para o desenvolvimento do senso de responsabilidade e de urgência, com relação aos problemas

ambientais, a fim de assegurar a ação apropriada para solucioná-los .

É possível evidenciar a ênfase na compreensão básica dos problemas relacionados ao meio ambiente, considerando o papel da humanidade em relação a este, ou seja, só assim será possível trabalhar para a conscientização e sensibilidade para com o ambiente . Atitudes, habilidades e participação efetiva na sociedade são fundamentais para que se minimizem os problemas ambientais .

Princípios da EA

Considerar o meio ambiente em sua totalidade em seus aspectos natural, tecnológico, social, econômico, político, histórico, cultural, técnico, moral, ético e estético .

Construir um processo permanente e contínuo em todas as etapas da Educação Básica .

Aplicar um enfoque interdisciplinar, de acordo com o conteúdo específico de cada disciplina, favorecendo uma perspectiva global da questão ambiental .

Examinar as principais questões ambientais em âmbito local, regional, estadual, nacional e internacional . Figura 4.1 - Princípios da EA

Promover a participação dos alunos na organização de todas as suas experiências de aprendizagem, dando-lhes a oportunidade de tomar decisões e aceitar as consequências .

Ajudar os alunos a descobrirem os sintomas e as causas reais dos problemas ambientais .

Utilizar diversos ambientes com a finalidade educativa e diversos métodos para a aquisição do conhecimento sobre o meio ambiente, enfatizando, principalmente, as atividades práticas e as experiências pessoais .

Fonte: Telles et al. (2002)


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LO 4

Alguns princípios e características da Educação Ambiental

Destacam-se aqui alguns princípios definidos na Conferência de Tbilisi para a EA no quadro a seguir .

Telles (2002) também ressalta que a EA se caracteriza como um processo dinâmico, contínuo, desenvolvida de acordo com cada realidade, sendo que a característica principal da EA está no objeto de estudo: o meio ambiente . Neste, deve ser considerado todos os aspectos sociais, políticos e culturais . Além disto, este mesmo autor destaca que a EA tem outras características, como ser:

Princípios da EA

Considerar o meio ambiente em sua totalidade em seus aspectos natural, tecnológico, social, econômico, político, histórico, cultural, técnico, moral, ético e estético .

Construir um processo permanente e contínuo em todas as etapas da Educação Básica .

Aplicar um enfoque interdisciplinar, de acordo com o conteúdo específico de cada disciplina, favorecendo uma perspectiva global da questão ambiental .

Examinar as principais questões ambientais em âmbito local, regional, estadual, nacional e internacional . Figura 4.1 - Princípios da EA

Promover a participação dos alunos na organização de todas as suas experiências de aprendizagem, dando-lhes a oportunidade de tomar decisões e aceitar as consequências .

Ajudar os alunos a descobrirem os sintomas e as causas reais dos problemas ambientais .

Utilizar diversos ambientes com a finalidade educativa e diversos métodos para a aquisição do conhecimento sobre o meio ambiente, enfatizando, principalmente, as atividades práticas e as experiências pessoais .

Fonte: Telles et al. (2002)


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» Transformadora, pois possibilita a aquisição de conhecimentos e habilidades, permitindo mudanças de atitudes .

» Participativa, uma vez que atua na sensibilização do cidadão, estimulando-o a participar nos processos coletivos, sobre a preservação do meio ambiente .

» Abrangente, pois deve extrapolar as atividades internas escolares, atingindo outros grupos sociais .

» Globalizadora, pois deve considerar o ambiente em seus múltiplos aspectos, alcançando todas as esferas .

» Permanente, pois a evolução do senso crítico e a compreensão da complexidade dos aspectos que envolvem as questões ambientais, acontecem de modo crescente e contínuo, não se justificando sua interrupção . Quando despertada a consciência ganham-se aliados para a melhoria das condições de vida do planeta .

» Contextualizadora, pois deve atuar diretamente na realidade de cada comunidade, sem perder de vista a sua dimensão planetária .

Neste sentido, Cascino (2003, p . 53) ressalta que:

A educação ambiental vem assumindo importante papel na consolidação de uma linguagem comum – coletivizada – sobre questões ambientais, favorecendo a mídia, as instituições governamentais, as não-governamentais, os organismos internacionais, os mais variados grupos de interesses e representações relativamente articuladas .

O papel da EA no processo de desenvolvimento, comunitário ou social, é de extrema importância, na medida em que seus princípios básicos envolvem uma maior interação entre ser humano e meio ambiente . Esta interação, por sua vez, reflete-se num melhor relacionamento do ser humano consigo mesmo e com a sociedade em geral . (CARVALHO, 2006) .

Franco (1993 apud CARVALHO, 2006, p . 89) assinala que:

A questão da educação ambiental é, antes de tudo, a questão da educação, da necessidade inadiável da democratização da cultura, do acesso e permanência da escola e da elevação do nível cultural da população para compreender os avanços científico-tecnológicos de nossa época e as perspectivas de soluções abertas por esse mesmo processo .


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LO 4A EA deve ser utilizada como um instrumento para a mudança de hábitos

da população em geral, em espaços como: o setor de educação formal, tanto nas etapas da educação básica, bem como na educação superior; e o setor da educação não formal, em todos os segmentos da população, ou seja, famílias, trabalhadores, administradores, dentre outros .

A EA possibilita aos indivíduos a compreensão de que suas ações modificam e interferem no ambiente, e que é urgente

a existência da harmonia entre os seres humanos e destes com outras formas de vida .

Verifique, nas Figuras 4 .2 e 4 .3, como a atuação do homem pode transformar o meio ambiente . Olhar de forma crítica esta realidade é fundamental para que haja mudanças na postura dos indivíduos, uma vez que revelam situações que muitas vezes passam despercebidas .

Nesta seção, você pode verificar a importância da EA para a conscientização da sociedade em relação à degradação do meio ambiente e da necessidade de mudanças de hábitos para a minimização da crise ambiental . A escola exerce papel primordial na promoção da EA, para que você compreenda melhor como operacionalizá-la, a seguir, serão apresentadas as principais diretrizes para o trabalho com as temáticas tratadas até aqui no ambiente escolar .

Figura 4.2 – Ambiente sem interferência humana Figura 4.3 – Ambiente após interferência humana


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Seção 2 Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs


» Conhecer a proposta, contemplada nos PCNs, para a prática pedagógica .

» Conhecer os Temas Transversais e sua aplicação na prática pedagógica .

Você já tem consciência que a chegada da tecnologia (computadores, internet, entre outros) mudou muito a vida das pessoas . Portanto, é de extrema importância que a escola acompanhe todas essas mudanças tecnológicas e sociais, assumindo o compromisso com a construção da cidadania e, assim, favorecendo a compreensão da realidade social e responsabilidades em relação à vida pessoal, coletiva, ambiental e outras questões sociais que estão em evidência neste contexto . (BRASIL, 1997b) .

Para formar cidadãos neste contexto, os conteúdos e o ensino das disciplinas precisam se adaptar . Esses novos rumos são abordados nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs . Eles não são obrigatórios, porém propõem orientações gerais sobre o básico a ser aprendido e ensinado em cada etapa escolar da Educação Básica, sendo de responsabilidade dos professores adaptar as sugestões contempladas à realidade em que atuam .

Os PCNs destinam-se a orientar todas as etapas da Educação Básica: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio . Estas diretrizes foram elaboradas pelo MEC e lançados em 1997 . Inicialmente o documento foi referente aos dois primeiros ciclos do Ensino Fundamental (séries iniciais) . E em 1998, foram publicados os parâmetros para os dois últimos ciclos (séries finais), constituindo-se como um referencial de qualidade para a educação nacional .

Os PCNs para o Ensino Fundamental constituem 10 volumes, onde um documento é a Introdução, que justifica e fundamenta a elaboração dos documentos de áreas e Temas Transversais; outros seis referem-se às áreas de conhecimento: Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais, História, Geografia, Arte e Educação Física; e os últimos três volumes apresentam seis subdivisões referentes aos Temas Transversais: o primeiro volume traz o documento de apresentação destes temas, que justifica a proposta de integrar questões sociais como Temas Transversais e o documento Ética; no


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LO 4segundo, encontram-se os documentos de Pluralidade Cultural e Orientação

Sexual, e no terceiro, os de Meio Ambiente e Saúde .

Os objetivos propostos nos PCNs concretizam as intenções educativas em termos de capacidades que devem ser desenvolvidas pelos alunos ao longo da escolaridade . O professor, consciente de que condutas diversas podem estar vinculadas ao desenvolvimento de uma mesma capacidade, tem diante de si maiores possibilidades de atender à diversidade de seus alunos . Assim os objetivos se definem em ordem de capacidades de ordem cognitiva, física, afetiva, de relação interpessoal e inserção social, ética e estética, tendo em vista uma formação ampla . (BRASIL, 1997a, p . 67) .

De acordo com a abrangência dos assuntos contemplados, bem como a forma como estão organizados, os PCNs podem ser utilizados com objetivos diferentes, de acordo com a necessidade de cada realidade e de cada momento . Estes documentos norteadores propõem uma mudança de enfoque no que diz respeito aos conteúdos curriculares . Ao invés de um ensino em que o conteúdo seja visto como um fim em si mesmo, a proposta é um ensino em que o conteúdo seja visto como meio, propiciando o desenvolvimento de capacidades aos alunos, permitindo-lhes produzir e usufruir dos bens culturais, sociais e econômicos . “A tendência predominante na abordagem de conteúdos na educação escolar se assenta no binômio transmissão-incorporação, considerando a incorporação de conteúdos pelo aluno como finalidade essencial de ensino” . (BRASIL, 1997a, p . 73) .

Como surgiram os PCNs?

Na década de 80, com o processo de abertura política, discussões em torno da realidade educacional brasileira aconteceram. Mas foi só nos anos 90 que rumos mais definidos foram delineados para a educação. Dois acontecimentos internacionais foram relevantes para as novas mudanças: a participação do Brasil na Conferência Mundial da Educação para Todos, na Tailândia e a assinatura da Declaração de Nova Délhi. O compromisso assumido pelo Brasil e outras nações foi “garantir a todos, crianças, jovens e adultos, educação básica de qualidade”. O compromisso aliado a uma análise dos problemas da educação brasileira levou o governo a estabelecer o Plano Decenal de Educação para Todos (1993-2003), sendo uma das tarefas deste plano a elaboração dos PCNs.

Os PCNs não trazem soluções prontas ou impostas, mas colocam em debate as atividades escolares e a questão curricular que não condiz mais com o contexto. Constituem um material de referência sobre a função da escola, a importância dos conteúdos e o tratamento a ser dados a eles. É uma proposta flexível, a ser abordada e concretizada nas decisões regionais e locais, para currículos e programas de transformação da realidade educacional. Não configuram, portanto, um modelo curricular homogêneo e impositivo, mas um conjunto de proposições expressas que correspondem às necessidades da diversidade sociocultural das diferentes regiões do país.

Fonte: Brasil (1997a, p. 14-15)


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Analisando a diversidade do nosso país, a definição dos conteúdos a serem tratados deve considerar o desenvolvimento de capacidades adequadas às características sociais, culturais e econômicas específicas de cada localidade .

Os PCNs contemplam sugestões e orientações para o professor, contribuindo no cotidiano da prática pedagógica . Algumas possibilidades para sua utilização são:

[ . . .] rever objetivos, conteúdos, formas de encaminhamento das atividades, expectativas de aprendizagem e maneiras de avaliar; refletir sobre a prática pedagógica, tendo em vista uma coerência com os objetivos propostos; preparar um planejamento que possa de fato orientar o trabalho em sala de aula; discutir com a equipe de trabalho as razões que levam os alunos a terem maior ou menor participação nas atividades escolares; identificar, produzir ou solicitar novos materiais que possibilitem contextos mais significativos de aprendizagem; subsidiar as discussões de temas educacionais com os pais e responsáveis . (BRASIL, 1997a, p . 10) .

O objetivo dos PCNs é contribuir para que profundas mudanças no processo de ensino e aprendizagem aconteçam efetivamente, sendo o professor o agente principal para tais mudanças . Os princípios e fundamentos dos PCNs reforçam que é papel do estado democrático o investimento nas escolas, garantindo o acesso das crianças e jovens à educação de qualidade, e assim, oportunizando a todos os cidadãos possibilidades de participação social . Neste sentido, faz-se necessária uma proposta educacional que tenha em vista a qualidade da formação a ser oferecida a todos os estudantes . (BRASIL, 1997a) .

O ensino de qualidade que a demanda social atual carece, exige e propõe que o sistema educacional ofereça uma prática educativa adequada às necessidades sociais, políticas, econômicas e culturais da realidade brasileira, garantindo “as aprendizagens essenciais para a formação de cidadãos autônomos, críticos e participativos, capazes de atuar com competência, dignidade e responsabilidade na sociedade em que vivem” . (BRASIL, 1997a, p . 33) .

Nesta direção, exercer a cidadania é ter acesso à totalidade dos recursos culturais relevantes para a intervenção e a participação responsável na vida social . Cabe ao espaço educacional propiciar aos educandos, as


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LO 4

Analisando a diversidade do nosso país, a definição dos conteúdos a serem tratados deve considerar o desenvolvimento de capacidades adequadas às características sociais, culturais e econômicas específicas de cada localidade .

Os PCNs contemplam sugestões e orientações para o professor, contribuindo no cotidiano da prática pedagógica . Algumas possibilidades para sua utilização são:

[ . . .] rever objetivos, conteúdos, formas de encaminhamento das atividades, expectativas de aprendizagem e maneiras de avaliar; refletir sobre a prática pedagógica, tendo em vista uma coerência com os objetivos propostos; preparar um planejamento que possa de fato orientar o trabalho em sala de aula; discutir com a equipe de trabalho as razões que levam os alunos a terem maior ou menor participação nas atividades escolares; identificar, produzir ou solicitar novos materiais que possibilitem contextos mais significativos de aprendizagem; subsidiar as discussões de temas educacionais com os pais e responsáveis . (BRASIL, 1997a, p . 10) .

O objetivo dos PCNs é contribuir para que profundas mudanças no processo de ensino e aprendizagem aconteçam efetivamente, sendo o professor o agente principal para tais mudanças . Os princípios e fundamentos dos PCNs reforçam que é papel do estado democrático o investimento nas escolas, garantindo o acesso das crianças e jovens à educação de qualidade, e assim, oportunizando a todos os cidadãos possibilidades de participação social . Neste sentido, faz-se necessária uma proposta educacional que tenha em vista a qualidade da formação a ser oferecida a todos os estudantes . (BRASIL, 1997a) .

O ensino de qualidade que a demanda social atual carece, exige e propõe que o sistema educacional ofereça uma prática educativa adequada às necessidades sociais, políticas, econômicas e culturais da realidade brasileira, garantindo “as aprendizagens essenciais para a formação de cidadãos autônomos, críticos e participativos, capazes de atuar com competência, dignidade e responsabilidade na sociedade em que vivem” . (BRASIL, 1997a, p . 33) .

Nesta direção, exercer a cidadania é ter acesso à totalidade dos recursos culturais relevantes para a intervenção e a participação responsável na vida social . Cabe ao espaço educacional propiciar aos educandos, as

capacidades de vivenciar as diferentes formas de inserção sociopolítica e cultural . A escola, hoje mais do que nunca, deve assumir-se como espaço social de construção dos significados éticos necessários e constitutivos de toda e qualquer ação de cidadania .

No contexto atual, a inserção no mundo do trabalho e do consumo, o cuidado com o próprio corpo e com a saúde, passando pela educação sexual, e a preservação do Meio Ambiente, são temas que ganham um novo estatuto, num universo em que os referenciais tradicionais, a partir dos quais eram vistos como questões locais ou individuais, já não dão conta da dimensão nacional e até mesmo internacional que tais temas assumem, justificando, portanto, sua consideração . Nesse sentido, é papel preponderante da escola propiciar o domínio dos recursos capazes de levar à discussão dessas formas e sua utilização crítica na perspectiva da participação social e política . (BRASIL, 1997a, p . 34) .

Neste contexto, exige-se da escola procedimentos didático-metodológicos mais amplos e diversificados do que os utilizados até poucas décadas atrás, que orientava a concepção e construção dos projetos educacionais .

Não basta apenas capacitar os estudantes para futuras habilitações em termos das especializações tradicionais, mas ter em vista uma formação em termos de capacitação para a aquisição e o desenvolvimento de novas competências . Novos saberes vão se constituindo neste contexto e que demandam um novo tipo de profissional, preparado para lidar com novas tecnologias e linguagens, capaz de responder a novos ritmos e processos .

Níveis de concretização curricular dos PCNs

Para compreender a natureza dos PCNs é necessário situá-los em relação a quatro níveis de concretização curricular considerando a estrutura do sistema educacional brasileiro . Tais níveis não representam etapas sequenciais, mas sim amplitudes distintas da elaboração de propostas curriculares, com responsabilidades diferentes, que devem buscar uma integração e, ao mesmo tempo, autonomia .

O primeiro nível de concretização curricular é a referência nacional para o Ensino Fundamental, estabelece uma meta educacional para a qual devem convergir as ações políticas do MEC . Têm como função subsidiar a elaboração ou a revisão curricular dos estados e municípios, dialogando com propostas e experiências já existentes, incentivando a discussão pedagógica interna das escolas e a elaboração de projetos educativos, assim como servir de material de reflexão para a prática de professores . Apesar de apresentar


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uma estrutura curricular completa, os PCNs são abertos e flexíveis, uma vez que, por sua natureza, exigem adaptações para a construção do currículo de uma secretaria ou mesmo de uma escola . Estão situados historicamente, não são atemporais . Sua validade depende de estarem em consonância com a realidade social, necessitando sempre de um processo de avaliação e revisão, a ser coordenado pelo MEC .

O segundo nível de concretização está relacionado às propostas curriculares dos estados e municípios, podendo ser utilizados como recurso para adaptações curriculares pelas secretarias de educação .

O terceiro nível de concretização refere-se à elaboração da proposta curricular de cada instituição escolar, contextualizada na discussão do seu projeto educativo . Os PCNs e as propostas das secretarias devem ser vistos como materiais que subsidiarão a escola na constituição de sua proposta educacional capaz de atender as necessidades reais dos educandos .

O quarto nível de concretização curricular é o momento da realização da programação das atividades de ensino e aprendizagem na sala de aula, é quando o professor, segundo as metas estabelecidas na fase de concretização anterior . Faz sua programação, adequando-se a cada grupo específico de alunos . Apesar de a responsabilidade ser essencialmente de cada professor é fundamental que esta seja compartilhada com a equipe da escola, através da corresponsabilidade estabelecida no projeto educativo .

Fonte: Brasil (1997a, p. 37-38)

Conforme o MEC, as relações entre conhecimento e o trabalho exigem capacidade de iniciativa e inovação e, mais do que nunca, “aprender a aprender” . (BRASIL, 1997a) . Sendo assim, a educação básica tem também como função incentivar o aluno a formação continuada . Para tanto, é necessário uma dinâmica no processo de ensino e aprendizagem que favoreça não só o descobrimento das potencialidades do trabalho individual, mas também, e, sobretudo, do trabalho coletivo, interagindo de modo orgânico e integrado em um trabalho de equipe e, portanto, sendo capaz de atuar em níveis de interlocução mais complexos e diferenciados .


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LO 4Temas Transversais

Os PCNs ao propor uma educação comprometida com a cidadania elegeram princípios com base no texto constitucional, segundo os quais orientam a educação escolar para dignidade da pessoa humana, igualdade de direitos, participação e corresponsabilidade pela vida social . Nesta direção, eleger a cidadania como eixo norteador da educação escolar é não aceitar valores e práticas sociais que desrespeitem tais princípios, comprometendo-se com perspectivas que os favoreçam .

Portanto, cabe a escola desenvolver projetos educativos comprometidos com o desenvolvimento de capacidades

para intervir na realidade e transformá-la .

Um projeto pedagógico quando atende a este objetivo poderá ser norteado por três grandes diretrizes:

[ . . .] posicionar-se em relação às questões sociais e interpretar a tarefa educativa como intervenção na realidade no momento presente; não tratar os valores apenas como conceitos ideais; incluir essa perspectiva no ensino dos conteúdos das áreas de conhecimento escolar . (BRASIL, 1997b, p . 27) .

A educação para a cidadania requer que questões sociais atuais sejam apresentadas nas atividades escolares, para a aprendizagem e reflexão dos alunos . Assim, estas foram incorporadas pelos PCNs no currículo, constituindo um conjunto articulado e aberto a novos temas, a partir de uma didática que contempla a sua complexidade e sua dinâmica, com o mesmo grau de importância dado as áreas convencionais . O currículo ganha flexibilidade e abertura, levando em conta que os temas podem ser priorizados e contextualizados conforme a realidade local e regional de cada instituição escolar, bem como a inclusão de outros temas .

Destaca-se como Temas Transversais, propostos pelos PCNs:

» Ética

» Meio ambiente

» Pluralidade cultural

» Saúde


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» Orientação sexual

» Trabalho e consumo

A metodologia e o tratamento didático para a inclusão destes temas no currículo escolar são indicados e/ou propostos em cada documento específico, no qual são aprofundados e apresentados seus objetivos, conteúdos e orientações didáticas .

Cabe ressaltar que muitas questões sociais poderiam ser elencadas como Temas Transversais para o trabalho escolar, uma vez que o eixo norteador é a construção da cidadania e da democracia, pois são questões que envolvem muitos aspectos e fatores da vida social .

O estabelecimento dos Temas Transversais obedeceu aos seguintes critérios:

Urgência social – este critério indica a preocupação de eleger como Temas Transversais questões graves, que se apresentam como obstáculos para a concretização da plenitude da cidadania, afrontando a dignidade das pessoas e deteriorando sua qualidade de vida .

Abrangência nacional – buscou contemplar questões que, em maior ou menor medida e mesmo de formas diversas, fossem pertinentes a todo o país .

Possibilidade de ensino e aprendizagem no ensino fundamental – este critério norteou a escolha de temas que estão ao alcance da aprendizagem dos educandos, nessa etapa escolar .

Favorecer a compreensão da realidade e a participação social – possibilidades dos alunos desenvolverem a capacidade de se posicionar diante de questões que interferem na vida coletiva, superar a diferença, intervir de forma participativa e responsável socialmente . (BRASIL, 1997b, p . 30-31)

A eleição dos Temas Transversais supracitados não exclui a possibilidade das redes de ensino municipais e estaduais, bem como das próprias unidades escolares, de acrescentarem outros temas, de acordo com a necessidade de cada realidade .


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LO 4 » Orientação sexual

» Trabalho e consumo

A metodologia e o tratamento didático para a inclusão destes temas no currículo escolar são indicados e/ou propostos em cada documento específico, no qual são aprofundados e apresentados seus objetivos, conteúdos e orientações didáticas .

Cabe ressaltar que muitas questões sociais poderiam ser elencadas como Temas Transversais para o trabalho escolar, uma vez que o eixo norteador é a construção da cidadania e da democracia, pois são questões que envolvem muitos aspectos e fatores da vida social .

O estabelecimento dos Temas Transversais obedeceu aos seguintes critérios:

Urgência social – este critério indica a preocupação de eleger como Temas Transversais questões graves, que se apresentam como obstáculos para a concretização da plenitude da cidadania, afrontando a dignidade das pessoas e deteriorando sua qualidade de vida .

Abrangência nacional – buscou contemplar questões que, em maior ou menor medida e mesmo de formas diversas, fossem pertinentes a todo o país .

Possibilidade de ensino e aprendizagem no ensino fundamental – este critério norteou a escolha de temas que estão ao alcance da aprendizagem dos educandos, nessa etapa escolar .

Favorecer a compreensão da realidade e a participação social – possibilidades dos alunos desenvolverem a capacidade de se posicionar diante de questões que interferem na vida coletiva, superar a diferença, intervir de forma participativa e responsável socialmente . (BRASIL, 1997b, p . 30-31)

A eleição dos Temas Transversais supracitados não exclui a possibilidade das redes de ensino municipais e estaduais, bem como das próprias unidades escolares, de acrescentarem outros temas, de acordo com a necessidade de cada realidade .

Por tratarem de questões sociais, os Temas Transversais são diferentes dos conteúdos abordados nas áreas convencionais, sua complexidade faz com que uma única área, isoladamente, seja insuficiente para abordá-los, pois a problemática dos temas atravessa diferentes campos do conhecimento . “Diante disso, optou-se em integrá-los no currículo por meio do que se chama de transversalidade, ou seja, a integração desses temas às áreas convencionais de forma a estarem presentes em todas elas, relacionando-as ás questões da atualidade” . (BRASIL, 1997b, p . 36) .

As problemáticas sociais são integradas na proposta educacional dos PCNs como Temas Transversais e não

constituem novas áreas, mas um conjunto de temas que aparecerem transversalizados nas áreas definidas, isto é, permeando a concepção, os objetivos, os conteúdos e as orientações didáticas de cada área, no decorrer de toda a escolaridade obrigatória .

A transversalidade pressupõe um tratamento integrado das áreas e um compromisso das relações interpessoais e sociais escolares com questões que estão envolvidas nos temas, a fim de que haja uma coerência com os valores experimentados na vivência que a escola propicia aos alunos, bem como o contato intelectual com tais valores .

A grande abrangência dos temas não significa que devam ser tratados igualmente, exigem adaptações para que possam corresponder às reais necessidades de cada região e/ou escola . Portanto, além das adaptações dos temas apresentados, é importante que sejam eleitos temas locais para integrar os Temas Transversais, de acordo com a realidade de cada contexto social, político, econômico e cultural . (BRASIL, 1997b) . Desta forma, as áreas convencionais devem acolher as questões dos Temas Transversais fazendo com que seus conteúdos as explicitem e os objetivos sejam contemplados .

Por exemplo, na área de Ciências Naturais, quando o professor desenvolver o conteúdo sobre o corpo humano, não deve restringir o ensino apenas à dimensão biológica, colocando este conhecimento a serviço da compreensão da diferença de gênero (conteúdo de Orientação Sexual) e do respeito à diferença (conteúdo de Ética) . (BRASIL, 1997b) .


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Os Temas Transversais são sugeridos, pois abordam assuntos que contribuem com a escola ao cumprir sua função de formar alunos cidadãos . Portanto, os Temas Transversais não são disciplinas, mas temas emergentes sociais, que devem permear todas as áreas de conhecimento, contribuindo para uma atuação crítica do aluno na sociedade .

Conforme as orientações contempladas nos PCNs, cabe ao professor trabalhar os Temas Transversais, concomitantemente, com os conteúdos das suas respectivas disciplinas curriculares . Relacionando-os diretamente com as questões cotidianas da vida em sociedade .

A transversalidade e a interdisciplinaridade

A transversalidade e interdisciplinaridade se fundamentam na crítica de uma concepção de conhecimento que torna a realidade como um conjunto de dados estáveis . Ambas apontam à complexidade do real e a necessidade de se considerar a teia de relações entre os diferentes e contraditórios aspectos, mas diferem uma da outra .

A interdisciplinaridade questiona a fragmentação entre as áreas de conhecimento, por conta de uma abordagem que não considera a inter-relação e a influência entre elas, questiona a visão fragmentada da realidade, conforme a escola se constituiu historicamente . Refere-se, portanto, a uma relação/conexão que há entre as disciplinas . (BRASIL, 1997b) .

Já a transversalidade está relacionada à possibilidade de se estabelecer na prática pedagógica, uma relação entre o aprender na realidade e da realidade de conhecimentos teoricamente sistematizados, ou seja, de questões da vida real . (BRASIL, 1997b) .

Na prática pedagógica, interdisciplinaridade e transversalidade alimentam-se mutuamente, pois a abordagem das questões trazidas pelos Temas Transversais indica as inter-relações entre os objetos de conhecimento, de forma que não é possível fazer um trabalho pautado na transversalidade tomando-se uma perspectiva disciplinar rígida . A transversalidade promove uma compreensão abrangente dos diferentes objetos de conhecimento, bem como abre espaço para a inclusão de saberes extraescolares .


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LO 4Os Temas Transversais são sugeridos, pois abordam assuntos que contribuem

com a escola ao cumprir sua função de formar alunos cidadãos . Portanto, os Temas Transversais não são disciplinas, mas temas emergentes sociais, que devem permear todas as áreas de conhecimento, contribuindo para uma atuação crítica do aluno na sociedade .

Conforme as orientações contempladas nos PCNs, cabe ao professor trabalhar os Temas Transversais, concomitantemente, com os conteúdos das suas respectivas disciplinas curriculares . Relacionando-os diretamente com as questões cotidianas da vida em sociedade .

A transversalidade e a interdisciplinaridade

A transversalidade e interdisciplinaridade se fundamentam na crítica de uma concepção de conhecimento que torna a realidade como um conjunto de dados estáveis . Ambas apontam à complexidade do real e a necessidade de se considerar a teia de relações entre os diferentes e contraditórios aspectos, mas diferem uma da outra .

A interdisciplinaridade questiona a fragmentação entre as áreas de conhecimento, por conta de uma abordagem que não considera a inter-relação e a influência entre elas, questiona a visão fragmentada da realidade, conforme a escola se constituiu historicamente . Refere-se, portanto, a uma relação/conexão que há entre as disciplinas . (BRASIL, 1997b) .

Já a transversalidade está relacionada à possibilidade de se estabelecer na prática pedagógica, uma relação entre o aprender na realidade e da realidade de conhecimentos teoricamente sistematizados, ou seja, de questões da vida real . (BRASIL, 1997b) .

Na prática pedagógica, interdisciplinaridade e transversalidade alimentam-se mutuamente, pois a abordagem das questões trazidas pelos Temas Transversais indica as inter-relações entre os objetos de conhecimento, de forma que não é possível fazer um trabalho pautado na transversalidade tomando-se uma perspectiva disciplinar rígida . A transversalidade promove uma compreensão abrangente dos diferentes objetos de conhecimento, bem como abre espaço para a inclusão de saberes extraescolares .

A problemática trazida pelos Temas Transversais está contemplada nas diferentes áreas curriculares . Está presente em seus fundamentos, nos objetivos gerais, nos objetivos do ciclo, nos conteúdos e nos critérios de avaliação das áreas . É preciso atentar para o fato de que a possibilidade de inserção dos Temas Transversais nas diferentes áreas de conhecimento, não é uniforme, uma vez que é preciso respeitar as especificidades dos diferentes temas e áreas . (BRASIL, 1997b) .

Meio ambiente

Você já tem conhecimento que a discussão sobre a questão ambiental é um assunto presente na sociedade, em diferentes esferas organizacionais . Um tema considerado urgente e importante, pois a sobrevivência no planeta das futuras gerações está ameaçada . “A qualidade de vida em nosso planeta tem sido rapidamente deteriorada, com o comprometimento não somente dos aspectos físicos e biológicos, mas principalmente dos fatores sociais, econômicos e políticos” . (SATO, 2003, p . 24) .

O meio ambiente não deve ser considerado um objeto de estudo de cada disciplina, sendo isolado de outros aspectos . Deve ser tratado dentro da dimensão que aborda todos os aspectos físicos, biológicos, sociais e culturais dos seres humanos . Isto porque,

[ . . .] o futuro da humanidade depende da relação estabelecida entre a natureza e o uso pelo homem dos recursos naturais disponíveis . [ . . .] A abordagem do meio ambiente como tema transversal é tratar das questões relativas ao meio ambiente em que vivemos, considerando seus elementos físicos, biológicos e os modos de interação homem/natureza, por meio do trabalho, da ciência, arte e tecnologia . (BRASIL, 1997c, p . 15) .

Essa consciência já chegou ao espaço escolar e muitas iniciativas têm sido desenvolvidas por vários educadores . Neste sentido, é relevante incluir a temática do meio ambiente, como Tema Transversal, permeando constantemente a ação pedagógica .

Trabalhar esta temática no Ensino Fundamental objetiva formar alunos capazes de:

» Conhecer de modo integrado e sistêmico, as noções básicas relacionadas ao meio ambiente .


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» Adotar posturas na escola, em casa e em sua comunidade que os levem a interações construtivas, justas e ambientalmente sustentáveis .

» Valorizar a diversidade natural e sociocultural, adotando posturas de respeito aos diferentes aspectos e formas do patrimônio natural, étnico e cultural . (BRASIL, 1997c) .

A expressão meio ambiente “tem sido utilizada para indicar um ‘espaço’[ . . .] em que um ser vive e se desenvolve, trocando energia e interagindo com ele, sendo transformado e transformando-o” . (BRASIL, 1997c, p . 31) . No caso do ser humano, além do espaço físico e biológico, soma-se o espaço sociocultural . Diante disso, interagindo com os elementos do ambiente, a humanidade vem provocando várias mudanças no decorrer da história, e assim, ao transformar o ambiente, o homem acaba também mudando sua própria visão a respeito do meio onde habita .

Vale ressaltar que muitos estudiosos da área ambiental consideram que o conceito dado ao termo meio ambiente,

não configura um conceito estabelecido de modo rígido e definitivo . É mais viável estabelecê-lo como uma representação social, ou seja, uma visão que evolui no tempo e depende do grupo social em que é utilizada .

Portanto, as representações, juntamente com as modificações no decorrer do tempo, é que são importantes e é nelas que se busca intervir quando se trabalha com o tema meio ambiente . Deve-se identificar qual a representação social que cada parcela da sociedade tem do meio ambiente, a visão que cada grupo social tem do significado do termo e como percebe o ambiente em que se encontra inserido . Assim, torna-se possível trabalhar tanto com os alunos como nas relações escola-comunidade .

A principal função do trabalho com o meio ambiente é contribuir para a formação de cidadãos mais sensibilizados e aptos para decidirem e atuarem na realidade socioambiental, comprometido com a vida e o bem-estar de cada um e da sociedade .

Figura 4.4 – Comprometimento com o meio ambiente


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CAPÍTU

LO 4Portanto, é fundamental que mais que informações de conceitos, a escola

se proponha a trabalhar com atitudes, formação de valores, possibilitando o desenvolvimento de comportamentos ambientalmente corretos, os quais devem ser apreendidos no cotidiano do espaço escolar, como: gestos de solidariedade, hábitos de higiene pessoal e dos diversos ambientes, dentre outras situações .

Outros segmentos sociais devem juntar-se à escola nessa tarefa, como as famílias e os meios de comunicação, pois estes exercem grande influência sobre as crianças . Educadores devem considerar a bagagem de conhecimento que a criança traz para o espaço escolar, pois as mídias, por exemplo, apesar de oferecer informações importantes a respeito dos problemas ambientais, também veicula um discurso que conflita com o respeito ao meio ambiente . Muitas vezes suas mensagens propõem e estimulam o consumismo, desperdício, violência, preconceito e muitos outros comportamentos . (BRASIL, 1997c) .

Diante das questões apresentadas pelos meios de comunicação, é importante que o professor estabeleça objetivos para desenvolver nos alunos uma postura crítica diante das informações e valores divulgados, bem como os trazidos do ambiente familiar . No entanto, é fundamental que o professor conheça o assunto e estar constantemente atualizado sobre o tema, a partir de fontes consideradas confiáveis .

A tarefa do professor, associada ao meio ambiente, é favorecer para o educando o reconhecimento de fatores que permitem o bem-estar, criar condições para o desenvolvimento do espírito crítico sobre o consumismo e o senso de responsabilidade e solidariedade no uso dos bens comuns, buscando o respeito ao ambiente .

Fonte confiável é toda aquela que possui autoria e fundamentação dos argumentos, podendo ser científicas, quando resultante de estudos e pesquisas, ou legais, quando se trata de legislações ou documentos norteadores de origem institucional.

Por exemplo, o professor tem como apoio o volume 9, dos Temas Transversais, o qual aborda o meio ambiente . Traz, também, outros materiais de consulta, favorecendo o conhecimento sobre diversos termos como: proteção, preservação, conservação, recuperação, degradação e sustentabilidade . Além de orientações didáticas sobre os critérios de seleção e organização dos conteúdos, bem como, os blocos de conteúdos .


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4

O convívio escolar proporciona a aprendizagem de valores e atitudes, onde a compreensão das questões ambientais e as atitudes em relação a elas se darão a partir de práticas no próprio cotidiano escolar do educando .

Seção 3 Projetos ambientais na escola


» Reconhecer que o professor deve proporcionar e possibilitar a aplicação dos conhecimentos à realidade local para que o aluno se sinta capaz de contribuir com o meio .

» Identificar maneiras para trabalhar a temática ambiental nas atividades escolares, de forma a permitir o envolvimento dos alunos como agentes ativos .

Durante a Conferência de Tbilisi, em 1977, surgiu a proposta de se trabalhar com a resolução de problemas locais como estratégia metodológica para a Educação Ambiental . Imaginava-se que a aproximação do processo educativo com o cotidiano dos alunos geraria interesse e propiciaria a compreensão da complexa relação entre as diferentes dimensões presentes na questão ambiental: ecológicas, políticas, econômicas e socioculturais .

A partir desta proposta, o educador deve abordar, em seu cotidiano escolar, assuntos e problemas que afetam diretamente as comunidades envolvidas no processo educativo e não apenas temas globais, que, em sua maioria, são abstratos e distantes da realidade dos alunos . O professor deve sempre proporcionar e possibilitar a aplicação dos conhecimentos à realidade local, para que o aluno se sinta capaz de contribuir com o meio, exercendo assim a cidadania . O trabalho com a realidade mais próxima oferece um espaço acessível para a aplicação dos conhecimentos .

Este enfoque metodológico tem sido cada vez mais aceito e praticado em programas de Educação Ambiental, destacando-se como um importante instrumento de suporte para a prática pedagógica .

No desenvolvimento de trabalhos em prol do meio ambiente, deve-se aproveitar o interesse dos alunos pelo assunto, isto contribui para o desenvolvimento do senso crítico deles . Nos PCNs encontra-se


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CAPÍTU

LO 4que, na prática, fazem parte dos conteúdos de Educação Ambiental,

principalmente, do terceiro e quarto ciclos: maneiras de manutenção da limpeza do espaço escolar; modos de evitar o desperdício; como elaborar e participar de campanhas articuladas com a prefeitura ou organizações não governamentais, entre outros . Além disto, deve-se trabalhar a valorização da diversidade natural e sociocultural, para a compreensão de diferentes faces do patrimônio natural, étnico e cultural .

Recomenda-se que os conteúdos sejam compatíveis com cada etapa escolar, possibilitando a postura participativa, a sensibilização e proporcionando a motivação para o envolvimento afetivo; desenvolvimento de valores para o exercício da cidadania; visão integrada da realidade, contemplando a dinâmica local e planetária; e investigações das causas dos problemas ambientais . (BRASIL, 2004) .

Para tanto, cabe a escola oferecer meios efetivos para que os alunos compreendam os fatos naturais e humanos, desenvolvendo posturas pessoais e comportamentos sociais, “colaborando para que a sociedade seja ambientalmente sustentável, socialmente justa, protegendo e preservando todas as manifestações de vida no planeta” . (BRASIL, 1997c, p . 53) . Neste sentido, o trabalho com o meio ambiente deve proporcionar aos alunos uma visão ampla que envolva não só os elementos naturais do meio, mas também os elementos construídos e todos os aspectos sociais envolvidos na questão ambiental .

É fundamental introduzir mais criatividade nas metodologias, abandonando modelos tradicionais, sendo o professor o agente principal para mediar o processo de ensino e aprendizagem . Sato (2003, p . 25) ressalta que “o método selecionado pelo professor depende do que ele aceita como objetivo de educação ambiental, seu interesse e sua formação construída” . Isto significa que o desenvolvimento de atividades adequadas pelo professor depende de sua história de vida e convicções acerca da problemática ambiental . A formação adequada e a conscientização de qualquer indivíduo começa nos bancos escolares, nos mais diversos níveis de escolaridade . Não podendo, dessa forma, deixar de ser tratado nos cursos de graduação, como o que você está frequentando agora .

Os orientadores que elaboraram os PCNs, por conta da amplitude da temática ambiental e das diversidades das

realidades das regiões brasileiras, definiram como parâmetro uma aprendizagem que aborde as questões amplas e, ao mesmo, tempo atenda as especificidades locais e regionais .


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Como salientado por Sato (2003), não existe uma técnica especial para a disseminação da Educação Ambiental, mas a autora apresenta algumas recomendações para abordar a temática ambiental nas aulas:

» A coerência e a seleção dos materiais didáticos que serão utilizados .

» Promoção de debates na sala de aula sobre a problemática ambiental .

» O respeito às opiniões dos alunos .

» A promoção de alternativas aos problemas ambientais .

» O envolvimento da comunidade e experiências dos alunos, construindo novos conhecimentos .

» A utilização de jogos, teatros, saída de campo e outras metodologias que familiarizam os educandos com os problemas ambientais .

Sato ainda destaca diversas maneiras para se trabalhar a temática ambiental nas atividades escolares, como: atividades artísticas, experiências práticas, atividades envolvendo outros espaços além da sala de aula, produção de materiais, projetos ou qualquer outra atividade que permita o envolvimento dos alunos como agentes ativos .

Figura 4.5 – Mudanças nas práticas educativas


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LO 4Diante do exposto, entende-se que cabe aos professores, através de prática

interdisciplinar, adotar novas metodologias que favoreçam a implementação da Educação Ambiental . Estes devem levar sempre em conta o ambiente que faz parte da realidade dos educandos, estabelecendo relações com problemas ambientais atualizados . Deve-se inserir a dimensão ambiental dentro do contexto local, a partir das experiências dos próprios alunos, na família, nos locais preferidos de passeios, nos jogos, nas brincadeiras, nos animais domésticos ou até mesmo na flora e fauna presentes no entorno da escola ou de seus lares . (SATO, 2003) .

Portanto, a escola deve garantir meios que conduzam os alunos a colocar em prática o apreendido, por meio de ações interventivas que contribuam com o meio . Cabe ao professor selecionar atividades que além de estarem compatíveis com a realidade dos alunos, também estão de acordo com a faixa etária e o nível de escolaridade . A seguir, são apresentadas duas propostas metodológicas para se trabalhar a Educação Ambiental na escola, as quais podem lhe ajudar em seu trabalho docente .

Diagnóstico para Resolução de Problemas

O diagnóstico para resolução de problemas é uma metodologia participativa, centrada na análise de problemas ambientais locais . Esta metodologia trabalha a realidade, tomando como base o conhecimento que os participantes têm sobre o meio onde estão inseridos .

No âmbito da Educação Ambiental formal, a metodologia de resolução de problemas locais requer a constituição de equipes multidisciplinares, formadas por professores das diferentes áreas . Tais equipes devem aprender a planejar suas atividades conjuntamente, elaborando um marco referencial comum em torno do problema a ser analisado . O tema/problema é, então, transformado em um tema gerador, que norteará o processo educativo na instituição durante o tempo determinado pela equipe – um ano letivo, um semestre ou até mesmo um bimestre .

É por meio do diagnóstico e da análise do contexto socioambiental, no qual o processo educativo encontra-se

inserido, que alunos e professores tornam-se aptos a reconhecer as possíveis soluções para a situação-problema, identificando alternativas de participação do grupo e de ações concretas a serem realizadas .


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Projeto de trabalho

Este tipo de trabalho escolar parte da premissa que cada projeto deve surgir de uma necessidade percebida (um problema), relevante e que tenha um caráter real para os alunos, ou seja, que faça parte do seu contexto sociocultural . Capra (2011, s .p .) afirma que

O novo entendimento do processo de aprendizagem sugere a necessidade de estratégias de ensino mais adequadas . Em particular, torna evidente a necessidade de um currículo integrado que valorize o conhecimento contextual, no qual as várias disciplinas sejam vistas como recursos a serviços de um objetivo central . Uma boa forma de conseguir esse tipo de integração é a abordagem conhecida como “aprendizagem baseada em projetos“, que consiste em fomentar experiências de aprendizagem que engajem os estudantes em projetos complexos do mundo real, através dos quais possam desenvolver a aplicar suas habilidades e conhecimentos .

O objetivo central de um projeto constitui um problema que exige um plano de ação para sua resolução ou minimização dos seus efeitos . Para tanto, algumas etapas são importantes, tais como: planejamento, execução, avaliação e divulgação dos trabalhos.

Nesse processo, deve estar presente a valorização da participação de todos os sujeitos envolvidos . É importante, também, estar atento à flexibilidade que um projeto deve apresentar, sendo revisto sempre que houver necessidade em função da realidade, que é mutável e passível de imprevistos .

Um aspecto a ser considerado na elaboração de um projeto é que ele não pode prescindir de uma abordagem teórica, pois é esse embasamento que dá consistência e coerência a sua proposta . Segundo Leite (1996), o desenvolvimento de um projeto exige etapas, e elas podem ser agrupadas de três maneiras:

a) Problematização: é a organização inicial do projeto . Na problematização, acontece o levantamento das

Um projeto é, portanto, o desenho de um plano ordenado, coerente, sistemático e sequencial de todos os

fatores relevantes, com objetivos e propósitos definidos, a fim de solucionar um problema ou de atender a uma determinada necessidade, podendo ser entendido, na prática, como um plano de ação .


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CAPÍTU

LO 4concepções prévias dos alunos e das hipóteses explicativas

sobre o tema . É a partir desses conhecimentos e do nível de desenvolvimento dos alunos que a intervenção pedagógica deve ser norteada .

b) Desenvolvimento: é a delimitação de estratégias (pesquisas, entrevistas, debates) para atingir os objetivos do projeto .

c) Síntese: análise das novas aprendizagens que ocorreram ao longo do processo, como conceitos, valores, procedimentos construídos, informações adquiridas, identificação de novos problemas a serem resolvidos, entre outras .

Leite (1996) salienta, ainda, que estas etapas podem ser mutáveis e representam momentos de um processo, o qual pressupõe uma continuidade que requer, entre outras coisas, momentos de avaliação; refletem uma concepção de conhecimento como produção coletiva, onde a experiência vivida e a produção cultural sistematizada se entrelaçam, dando significado às aprendizagens construídas .

Um projeto para ser operacionalizado deve traduzir uma necessidade, ou seja, deve responder a uma demanda detectada . Deve-se realizar um estudo preliminar da demanda, para avaliar as diversas variáveis do problema . A partir destas informações é possível construir um projeto viável, integrando a ele processos interativos de solução com redução de incertezas .

Quando se inicia um projeto, o grau de incertezas é de 100%, no entanto, a avaliação das variáveis conduz à redução dessas incertezas . É preciso apresentar critérios para fundamentação e desenvolvimento do projeto . Também se torna importante que, desde o início do processo, sejam estabelecidas as condições de avaliação para se reconhecer o momento de prosseguir ou abandoná-lo .

Uma questão fundamental num projeto é a linguagem utilizada . Como instrumento de comunicação, a linguagem

deve, portanto, ser clara, objetiva e concisa . Todas as informações devem ser acompanhadas das respectivas fontes e todos os dados devem ser compatíveis .


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4

Durante a elaboração de um projeto é preciso que, inicialmente, sejam estabelecidas questões como:

A elaboração de um projeto é dinâmica . Muitas variáveis podem surgir . O desenvolvimento de projetos deve considerar a realidade dos educandos, pois as pessoas sempre protegem aquilo que amam e valorizam . Assim, é muito importante elencar objetivos e conteúdos que permitam abordar esses diferentes aspectos, bem como, é necessário que toda comunidade escolar se comprometa em alcançar os objetivos estabelecidos, a partir da concretização de diversas ações, que envolva a todos . Na elaboração e desenvolvimento de um projeto, deve-se atentar e observar inúmeras questões que não serão abordadas aqui, mas que podem ser consultadas para aprofundamento sobre o tema .

Para explorar a temática ambiental, cabe ao professor a escolha de métodos e conteúdos adequados para o processo educacional . O valor atribuído a estes aspectos é de responsabilidade do mesmo, estabelecendo a forma como serão utilizados na prática . Isto se dará sempre na direção de um ensino que contribua para a formação de cidadãos críticos e participativos socialmente, comprometidos com um mundo mais sustentável para melhorar as condições de subsistência do meio ambiente .

A Educação Ambiental deve ser contemplada em todas as áreas de conhecimentos, ou seja, nas ciências sociais, naturais e de educação, pois as relações entre natureza, tecnologia e sociedade marcam e determinam o desenvolvimento de qualquer contexto social . Torna-se relevante que os alunos se familiarizem com a complexidade dos problemas ambientais, sempre na perspectiva interdisciplinar, evitando-se, dessa forma o conhecimento fragmentado .

» A que grupo se destina o projeto (público-alvo)?

» Quais as principais necessidades e problemas?

» Qual o propósito do projeto?

» Quais os objetivos e resultados a serem alcançados?

» Quais princípios devem ser adotados para realizar o projeto?


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LO 4Assim, como defendido por Sato (2003), somente a partir de práticas

pedagógicas como estas apresentadas é que os educandos são levados a se reconhecerem como parte integrante do meio em que vivem, compreendendo as relações de interdependência existentes no ambiente .

» O desenvolvimento da consciência ambiental aconteceu em vários lugares do mundo, a partir de publicações e eventos internacionais, marcando a preocupação da humanidade com o ambiente .

» Articulada a discussão da problemática ambiental, a Educação Ambiental foi se constituindo como uma estratégia de ação importante, para enfrentamentos os problemas ambientais, os quais foram se agravando no processo histórico da humanidade .

» A EA não se restringe somente ao ensino de conteúdos referentes à Ecologia e às Ciências Naturais, mas atua como um processo para a construção da relação harmônica do homem com o meio ambiente .

» Alguns dos principais objetivos da EA são: conscientização, conhecimento, atitudes, habilidades, capacidade de avaliação e participação.

» São características da EA, ser: participativa, abrangente, globalizadora, permanente e contextualizadora.

» A EA deve ser utilizada como um instrumento para a mudança de hábitos da população em geral, em espaços como: o setor de educação formal, tanto nas etapas da educação básica, bem como na educação superior; e o setor da educação não formal, em todos os segmentos da população, ou seja, famílias, trabalhadores, administradores, dentre outros .

» Os PCNs prevêem um ensino em que o conteúdo não seja visto como um fim em si mesmo, e sim como meio, propiciando o desenvolvimento de capacidades aos alunos que lhes permitam produzir e usufruir dos bens culturais, sociais e econômicos .



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4

» Os princípios e fundamentos dos PCNs reforçam que é papel do estado democrático o investimento nas escolas, garantindo o acesso das crianças e jovens à educação de qualidade, e assim, oportunizando a todos os cidadãos possibilidades de participação social .

» Os Temas Transversais propostos pelos PCNs são: ética, meio ambiente, pluralidade cultural, saúde, orientação sexual, trabalho e consumo.

» As problemáticas sociais são integradas na proposta educacional dos PCNs como Temas Transversais e não constituem novas áreas, mas um conjunto de temas que aparecerem transversalizados nas áreas definidas, isto é, permeando a concepção, os objetivos, os conteúdos e as orientações didáticas de cada área, no decorrer de toda a escolaridade obrigatória .

» Trabalhar o tema meio ambiente no Ensino Fundamental objetiva formar alunos capazes de: conhecer de modo integrado e sistêmico, as noções básicas relacionadas ao tema; adotar posturas na escola, em casa e em sua comunidade que os levem a interações construtivas, justas e ambientalmente sustentáveis; valorizar a diversidade natural e sociocultural, adotando posturas de respeito aos diferentes aspectos e formas do patrimônio natural, étnico e cultural . (BRASIL, 1997c) .

» Os projetos educativos devem partir de uma necessidade percebida (um problema), relevante e que tenha um caráter real para os alunos, ou seja, que faça parte do seu contexto sociocultural . O objetivo central de um projeto constitui um problema que exige um plano de ação para sua resolução ou minimização dos seus efeitos .



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CAPÍTU

LO 4

1 . Realize uma pesquisa buscando definições de Educação Ambiental apresentadas por outros autores que abordam este tema . Registre abaixo pelo menos duas das definições pesquisadas e compare-as com as que foram estudadas nesta disciplina, pontuando o que têm em comum .



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4

2 . Na seção 2 deste capítulo, há uma discussão a respeito do trabalho com o tema meio ambiente nas atividades escolares . Reflita sobre o que foi abordado e registre como poderia se trabalhar este tema dentro da atividade profissional que você exerce .

3 . Você percebeu que na elaboração de projetos que abordam a problemática ambiental, muitos fatores e/ou aspectos devem ser levados em conta . A partir de suas leituras simule uma situação em que você terá que trabalhar com um grupo de pessoas na forma de um projeto de Educação Ambiental . Pontue alguns aspectos fundamentais que devem ser levados em conta por você e pelos envolvidos para que tenha êxito na atividade proposta .


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CAPÍTU

LO 4

Para que você fique por dentro de outros eventos mundiais sobre a problemática ambiental busque os sites sobre o Protocolo de Kioto, Rio + 5, Rio + 10 e Rio + 20.

Os assuntos abordados neste capítulo não se esgotam aqui . Portanto visite os sites do Ministério do Meio Ambiente e de redes de educação ambiental, como: REBEA, REASUL, dentre outras, para aprofundar seus conhecimentos .

Para conhecer as Políticas Públicas em Educação Ambiental e o Referencial Curricular para a Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental, consulte as orientações e sugestões contempladas nos PCNs, no site do MEC, ou na biblioteca de escolas do seu município .

Outra sugestão é fazer uma pesquisa em revistas das universidades federais e estaduais do país, em artigos científicos publicados e em projetos sobre a problemática ambiental em obras de autores, além dos citados neste capítulo, que enfatizam a Educação Ambiental .

Aprenda mais...



Considerações finais

Como você pode perceber, a proteção e preservação do meio ambiente é de responsabilidade de todos e estas questões são parte integrante do contexto escolar, através de uma Educação Ambiental (EA) . A formação de uma sociedade sustentável, que busque o equilíbrio em suas relações com meio, com certeza, passa pela formação escolar que oportunize o desenvolvimento de uma consciência ambiental .

Nesse sentido, você estudou, nesta disciplina, aspectos sobre a evolução de nossa relação com a natureza ao longo dos tempos, conhecendo a amplitude da crise ambiental e um dos documentos de referência educacional – os Parâmetros Curriculares Nacionais (especificamente sobre o meio ambiente) . Você teve a oportunidade de interagir com conhecimentos práticos e teóricos, percebendo que a educação escolar deve ser pensada como um processo heterogêneo, múltiplo, crítico, reflexivo, pautado nos sujeitos que dela fazem parte e visando uma formação para a cidadania . A partir destes conhecimentos, tornou-se possível compreender a importância de se adotar fundamentos interdisciplinares quando se busca desenvolver a EA, verificando algumas possibilidades de atuação pedagógica por meio dos projetos de trabalho .

Como futuro(a) professor(a), você adquiriu conhecimentos para o desenvolvimento de projetos de EA na escola, bem como, conheceu os Temas Transversais apresentados pelos PCNs . Estes temas, e outros que podem ser inseridos, devem permear todas as disciplinas do currículo, buscando sempre conformidade com a realidade dos educandos e comunidade escolar . Como pode observar, cabe aos educadores fazer esta adequação às necessidades locais . É de extrema importância que você desenvolva projetos de EA no espaço de atuação profissional, contribuindo para a formação de indivíduos mais sensibilizados com as questões ambientais . Recomendamos, ao longo do caderno pedagógico, pesquisas e leituras sobre todos os assuntos contemplados neste material, desta forma você fará a aquisição de novos saberes, contribuindo para a execução de ações em prol do meio ambiente .

Esperamos que você tenha gostado de nossa viagem e que os conhecimentos construídos aqui sirvam de ponte para novas descobertas, novas leituras e novos aprendizados .

Professoras Ana Waley, Daniela e Isabel .



Conhecendo as professoras

Autoras

Isabel Cristina da Cunha (Org.)

Possui graduação em Ciências Biológicas - Licenciatura pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC (1984) . Realizou Especialização em Metodologia do Ensino Superior -UNISUL (1997) . Mestrado (2003) e Doutorado (2008) em Neurociências - CCB, UFSC . É Professora efetiva da Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC . Atua principalmente nos seguintes temas: Meio Ambiente - desenvolvimento sustentável; Ensino de Ciências; Psicofisiologia; Educação a distância (EaD) . Na EaD, leciona as disciplinas de Educação e Meio Ambiente e de Conteúdos e Metodologias do Ensino de Ciências para o Curso de Pedagogia . Atua como Professora em cursos de Extensão - CEAD/UDESC - Formação de Educadores em Educação para o Desenvolvimento Sustentável e Neurociências aplicada à Educação .

Ana Waley Mendonça

Possui graduação em Pedagogia pela Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL (1999) . Mestrado em Educação pela Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL (2003) . Atualmente é Professora de EaD na UNISUL e na UDESC . Professora do Centro Educacional Barriga Verde - UNIBAVE, nos cursos de Medicina Veterinária e Engenharia de Produção/Orleans/SC, em 2011/1 . Área de atuação: Educação Ambiental, Educação a Distância . Membro do grupo de pesquisa – ANPAP-EA, Análise e Planejamento da Paisagem e Educação Ambiental, na UNISUL, vinculado ao CNPq . Orientadora de Trabalhos de Conclusão de Curso, nos cursos de Pedagogia e Ciências Biológicas na Universidade do Sul de Santa Catarina .

Daniela Viviani

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (2004) e mestrado em Biologia Vegetal pela Universidade Federal de Santa Catarina (2007) . Atuou como Professora Tutora Interna, atuando como Orientadora de Disciplinas e Áreas de Estudo dos


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cursos de Ciências Biológicas e Gestão Ambiental, ambos oferecidos na modalidade à distância (EaD) pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI . Coordenou os cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas e Tecnologia em Gestão Ambiental da mesma Instituição . Atualmente é orientadora do curso de Especialização em Educação Ambiental oferecido pela Instituição SENAC - EAD/São José na modalidade a distância e Professora Colaboradora da Universidade Estadual de Santa Catarina - UDESC . Possui experiência na área de Educação e Botânica, atuando principalmente nos seguintes temas: Educação Ambiental (EA) e Ecofisiologia Vegetal . Na área da Educação, publicou ‘A Inserção Curricular da Educação Ambiental e a Formação de Professores’ e ‘Fundamentos da Educação Ambiental’, ambos para o Programa de Pós-Graduação EaD da UNIASSELVI .

Pareceristas

Ana Paula Netto Carneiro

Possui graduação e licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Santa Catarina (2000) e mestrado em Educação Científica e Tecnológica pela Universidade Federal de Santa Catarina (2004) . Atualmente é orientadora de cursos a distância e Design Instrucional de Cursos On-line- Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial . Também é Professora Substituta na Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC - atuando na disciplina de Fundamentos da Educação a Distância no Curso de Pedagogia UAB/CEAD/UDESC . Tem experiência em orientação de TCCs na área de Educação a Distância e Educação Ambiental . Experiência na área de Biologia Geral, com ênfase em Biologia Evolutiva, atuando principalmente nos seguintes temas: Evolução Biológica, formação de professores, educação ambiental, educação a distância, gerenciamento e edição do Moodle, educação .

Lidiane Goedert

Bacharel e Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC/2000) . Mestre em Educação Científica e Tecnológica (UFSC/2004) . Professora das disciplinas Fundamentos da Educação a Distância, Metodologia da EAD, Conteúdos e Metodologias do Ensino de Ciências I e II no Curso de Pedagogia do Centro de Educação a Distância (CEAD/ UDESC) . Professora voluntária do Programa de Extensão e Formação de Professores/Educadores em Educação para o Desenvolvimento Sustentável do CEAD/UDESC . Coordenadora Pedagógica dos cursos de Pós-Graduação a Distância oferecidos pelo Senac EAD . Tutora do Curso de Pós-Graduação em Educação a Distância oferecido Senac EAD dos módulos: Educação e EAD e Tutoria On-line .


Comentários das atividades

Capítulo 1

1 . Em relação ao desenvolvimento do ser humano, assinale a alternativa CORRETA . Resposta: letra (d)

2 . Como você definiria o termo meio ambiente? Esta resposta é de cunho subjetivo . O intuito é que o acadêmico formule um conceito de meio ambiente com base no conteúdo estudado, bem como de acordo com o seu ponto de vista . Porém é importante que ele tenha consciência da integração entre fatores ambientais, econômicos e sociais .

3 . Construa duas cadeias alimentares: em uma, você participará como consumidor primário; na outra, como consumidor terciário . Em qual delas você obtém maior quantidade de energia? Por que isso ocorre? Justifique sua resposta, com base no conteúdo estudado . 1ª cadeia (você como consumidor primário): Sugestão de resposta:Arroz (produtor) Homem (consumidor primário)

2ª cadeia (você como consumidor terciário):Sugestão de resposta:Algas (produtoras) peixes herbívoros (consumidor primário) peixes carnívoros (consumidores secundários) Homem (consumidor terciário)

A maior quantidade de energia estará disponível na primeira cadeia porque a cada passagem de nível trófico a energia disponível diminui . Assim, quanto menor a cadeia alimentar ou quanto mais próximo o organismo estiver do início da cadeia, maior será a energia disponível à população .


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Capitulo 2

1 . Com base no que você estudou neste capítulo, qual a relação da Revolução Industrial com as questões ambientais? Essa é uma pergunta de cunho pessoal, mas o acadêmico deve apontar aspectos como aumento da população urbana, condições precárias de saneamento básico, piorando a qualidade de vida e proporcionando a proliferação de doenças, aumento dos níveis de poluição (ar, solo, água), aumento da demanda por recursos naturais, entre outros .

2 . Com relação à crise ambiental e à poluição em geral, faça pesquisas em outras fontes e relacione as colunas . Resposta: D – B – A – C

Capitulo 3

1 . Reflita sobre os conteúdos estudados neste capítulo e elabore uma, destacando os termos enfatizados como a visão sistêmica, a interdisciplinaridade, a relação entre a Educação Ambiental e o Desenvolvimento Sustentável . Seu texto deve ter entre 8 e 12 linhas .

Aqui, nesta atividade, é importante que seja revisto o conceito de cada um dos termos e que você relacione a importância da visão sistêmica e da interdisciplinaridade nas atividades da Educação Ambiental . No momento em que se faz essa relação, é possível identificar que para que se tenha êxito na Educação Ambiental e no desenvolvimento sustentável é preciso que o ensino seja focado em uma perspectiva global, de que todas as coisas são interdependentes, estão em rede e interferem na qualidade da vida no planeta .

2 . A partir dos estudos realizados neste capítulo, leia com atenção a citação abaixo, e descreva o sentido da mesma para o processo de ensino e aprendizagem:

Nessa atividade, é fundamental que seja estabelecida a relação entre o saber acumulado e que não tem sentido para o aluno e o saber que possibilite condições de resolver problemas permitindo a associação dos diferentes


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saberes nas mais diversas situações que exijam tomadas de decisões pertinentes .

Capitulo 4

1 . Realize uma pesquisa buscando definições de Educação Ambiental apresentadas por outros autores que abordam este tema . Registre abaixo pelo menos duas das definições pesquisadas e compare-as com as que foram estudadas nesta disciplina, pontuando o que têm em comum .

A resposta desta atividade dependerá das definições encontradas em sua pesquisa, compare com os conceitos apresentados neste caderno pedagógico apontando semelhanças .

2 . Na seção 2 deste capítulo há uma discussão a respeito do trabalho com o tema meio ambiente nas atividades escolares . Reflita sobre o que foi abordado e registre como poderia se trabalhar este tema dentro da atividade profissional que você exerce .

Aqui, você vai optar por uma ou duas atividades que poderiam ser realizadas com os alunos (se você atuar em escolas) ou com outras pessoas em diferentes espaços informais de educação .

3 . Você percebeu que na elaboração de projetos que abordam a problemática ambiental, muitos fatores e/ou aspectos devem ser levados em conta . A partir de suas leituras simule uma situação em que você terá que trabalhar com um grupo de pessoas na forma de um projeto de Educação Ambiental . Pontue alguns aspectos fundamentais que devem ser levados em conta por você e pelos envolvidos para que tenha êxito na atividade proposta .

Esta resposta vai depender da realidade que o aluno atua, sendo que ele pode elencar situações como o consumo de descartáveis, ambientes que apresentam degradação, conforme tipos de atividades realizadas no local, que podem ser: poluição de rios, desmatamentos, acúmulo de lixos em terrenos baldios, ausência da coleta seletiva de lixo, entre outros .



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