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http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014. ISBN: 978-85-7506-232-6 MEIO AMBIENTE: PERSPECTIVAS E DESAFIOS NO MUNICÍPIO DE FRANCA (SP) Douglas Parreira Santos Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Geografia na Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão. [email protected] INTRODUÇÃO O presente artigo é resultado de um estudo teórico/analítico sobre o planejamento urbano na cidade de Franca (SP). Será discutido questões relacionadas as políticas públicas voltadas para o planejamento urbano ambiental, afim de promover uma reflexão sobre os problemas socioambientais antrópicos, com ênfase nas enchentes em áreas urbanas, decorrentes da gestão política da cidade. A construção de uma racionalidade ambiental vai muito além das condições econômicas, políticas, sociais e culturais que ditam as formas dominantes de produção. A racionalidade ambiental está ligada também a ideologias teóricas e delimitadas por paradigmas científicos que dificultam as possibilidades de reorganizar as ideias sobre uma gestão urbana e ambiental adequadas. Para o professor Milton Santos (1988, p. 89) "o homem vai impondo à natureza suas próprias formas, a que podemos chamar de formas ou objetos culturais, artificiais, históricos". Estes objetos culturais fazem com que: [...] a natureza conheça um processo de humanização cada vez maior, ganhando a cada passo elementos que são resultado da cultura. Torna-se cada dia mais culturalizada, mais artificializada, mais humanizada. O processo de culturalização da natureza torna-se, cada vez mais, o processo de sua tecnificação. As técnicas, mais e mais, vão incorporando-se à natureza e está fica cada vez mais socializada, pois é, a cada dia mais, o resultado do trabalho de um maior número de pessoas. Partindo de trabalhos individualizados de grupos, hoje todos os indivíduos trabalham conjuntamente, ainda que disso não se apercebam. No processo de desenvolvimento humano, não há uma separação do homem e da natureza. A natureza se socializa e o homem se naturaliza (SANTOS, 1988, p. 89). A complexidade da relação homem-natureza, atinge padrões, que em algumas vezes, foge da compreensão humana. Para Cunha e Guerra (1996) o meio ambiente, é o 2754

MEIO AMBIENTE: PERSPECTIVAS E DESAFIOS NO MUNICÍPIO DE ...6cieta.org/arquivos-anais/eixo4/Douglas Parreira Santos.pdf · Regional Catalão. douglas_santos88@ ... (Lei 10257 de 10

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http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014.ISBN: 978-85-7506-232-6

MEIO AMBIENTE: PERSPECTIVAS E DESAFIOS NOMUNICÍPIO DE FRANCA (SP)

Douglas Parreira Santos

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Geografia na Universidade Federal de Goiás –

Regional Catalão.

[email protected]

INTRODUÇÃO

O presente artigo é resultado de um estudo teórico/analítico sobre o

planejamento urbano na cidade de Franca (SP). Será discutido questões relacionadas as

políticas públicas voltadas para o planejamento urbano ambiental, afim de promover uma

reflexão sobre os problemas socioambientais antrópicos, com ênfase nas enchentes em

áreas urbanas, decorrentes da gestão política da cidade.

A construção de uma racionalidade ambiental vai muito além das condições

econômicas, políticas, sociais e culturais que ditam as formas dominantes de produção. A

racionalidade ambiental está ligada também a ideologias teóricas e delimitadas por

paradigmas científicos que dificultam as possibilidades de reorganizar as ideias sobre uma

gestão urbana e ambiental adequadas. Para o professor Milton Santos (1988, p. 89) "o

homem vai impondo à natureza suas próprias formas, a que podemos chamar de formas ou

objetos culturais, artificiais, históricos". Estes objetos culturais fazem com que:

[...] a natureza conheça um processo de humanização cada vez maior, ganhando

a cada passo elementos que são resultado da cultura. Torna-se cada dia mais

culturalizada, mais artificializada, mais humanizada. O processo de culturalização

da natureza torna-se, cada vez mais, o processo de sua tecnificação. As técnicas,

mais e mais, vão incorporando-se à natureza e está fica cada vez mais

socializada, pois é, a cada dia mais, o resultado do trabalho de um maior número

de pessoas. Partindo de trabalhos individualizados de grupos, hoje todos os

indivíduos trabalham conjuntamente, ainda que disso não se apercebam. No

processo de desenvolvimento humano, não há uma separação do homem e da

natureza. A natureza se socializa e o homem se naturaliza (SANTOS, 1988, p. 89).

A complexidade da relação homem-natureza, atinge padrões, que em algumas

vezes, foge da compreensão humana. Para Cunha e Guerra (1996) o meio ambiente, é o

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espaço de caráter dinâmico, organizado segundo as relações homem/natureza de acordo

com cada contexto histórico. A insistente busca por metodologias adequadas, que

proporcionem o equilíbrio e harmonia necessários para sustentar essa relação, parecem

estar a cada ano, menos palpáveis.

É necessário dar importância às questões emergenciais ambientais, buscando

aprimorar os conhecimentos dessa área, bem como inovar nas questões metodológicas

vigentes (que em sua maioria, não são apropriadas) e a internalização do saber ambiental

emergente dentro dos vários paradigmas científicos. Com essa base podemos pensar em

articular e estruturar uma nova racionalidade produtiva da gestão urbana ambiental.

A cidade de Franca (SP) tem sempre se preocupado com a temática ambiental,

promovendo projetos de sustentabilidade e Educação Ambiental nas diversas esferas da

sociedade. Detentora de vários títulos e prêmios, a pequena cidade do interior de São Paulo

(localizada no noroeste do estado à 401Km da capital paulista), tem se destacado perante

outras grandes cidades no quesito Meio Ambiente.

Mapa 1: Mapa de localização do município de Franca – SP – 2014

Dados da Trata Brasil de 2011, empresa responsável por estudos na área de

Saneamento Básico (água e esgoto), perda de água e responsável pelo ranking de

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saneamento básico das cem maiores cidades do Brasil apontam que a cidade de Franca (SP)

é uma das poucas cidades brasileiras que têm 100% de água e esgoto tratados.1 Durante os

últimos anos a cidade tem ficado entre as primeiras colocações nesse ranking (3º em 2010 e

6º em 2011), mostrando a preocupação com sua população. Seja no quesito urbano ou

ambiental, os gestores da cidade tem se atentado para as questões sociais, para que assim

haja uma significativa melhora na qualidade de vida dos cidadãos.

Tabela 1. 20 Melhores cidades do ranking do saneamento de 2011

FONTE: Trata Brasil. Disponível em: <http://www.tratabrasil.org.br/datafiles/uploads/pdfs/relatorio-completo-GO.pdf>

Apesar de ser uma cidade referência na região e no Brasil com grande

preocupação de cunho ambiental, alguns problemas socioambientais ainda necessitam de

uma atenção maior, é o caso das enchentes.

PLANEJAMENTO URBANO AMBIENTAL

Planejamento ambiental urbano é o conjunto de mecanismos,

1 A cidade de Franca/SP obteve no ano de 1985 100% de abastecimento de água. Em 1994 100% de coleta de esgoto eem 1998 a cidade atingiu o índice de 100% de tratamento de esgoto. (Fonte: SABESP/Franca (SP)

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processos e ferramentas que visam analisar a realidade de uma área e a partir

disso, propor ações que possibilitem um aprimoramento dos aspectos de

qualidade de vida da população. Para resumir o que é o planejamento ambiental

e sua importância:

A sua execução é realizada através de programas de curto prazo. O controle de

tais programas conduz ao conhecimento sobre a posição e o cumprimento do

plano e permite ciclo de retorno entre planejamento a gestão. A realização dos

planos passa por determinadas etapas: a) Identificação e descrição do sistema:

reconhecimento das variáveis relevantes para a compreensão de sua estrutura e

funcionamento; b) Definição dos objetivos com base nos problemas atuais e

futuros e suas interações; c) Geração de soluções que melhor satisfaça os

objetivos sem violar as restrições do sistema; d) Seleção da solução que melhor

satisfaça os objetivos através de um processo de avaliação, no qual ter de dar

entrada a certas apreciações subjetivas e juízo de valor e: e) Execução e controle.

(A.C.S.Bastos, D.M. Silva, J.R.de Almeida, T.M. Malheiros, 2009 p.13)

A importância de seguir uma metodologia fundamenta e embasada é um

processo sistêmico que deve buscar avanços em todas as esferas da sociedade. A relevância

social nesse sistema de gestão e política é por vezes questionada, apesar de suas leis serem

claras e objetivas. O que enfraquece por vezes esse sistema é o cumprimento dessas leis.

Para que a função social da gestão pública e planejamento sejam cumpridas devidamente, o

Congresso Nacional criou o Estatuto da Cidade (Lei 10257 de 10 de Julho de 2001), que no

Art.2º estabelece o regulamento e algumas aplicações importantes dos instrumentos de

gestão pública urbana:

I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra

urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao

transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e

futuras gerações;

II – gestão democrática por meio da participação da população e de associações

representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução

e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento

urbano;

III – cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da

sociedade no processo de urbanização, em atendimento ao interesse social;

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IV – planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da

população e das atividades econômicas do Município e do território sob sua área

de influência, de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e

seus efeitos negativos sobre o meio ambiente;

V – oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços

públicos adequados aos interesses e necessidades da população e às

características locais;

VI – ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar:

a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos;

b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes;

c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em

relação à infraestrutura urbana.

d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como

polos geradores de tráfego, sem a previsão da infraestrutura correspondente;

e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou

não utilização;

f) a deterioração das áreas urbanizadas;

g) a poluição e a degradação ambiental;

h) a exposição da população a riscos de desastres naturais. (Incluído pela

Medida Provisória Nº 547, de 2011)

i) a exposição da população a riscos de desastres. (Incluído dada pela Lei nº

12.608, de 2012) (LEI No 10.257, DE 10 DE JULHO DE 2001. FONTE:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10257.html)

Apesar de embasar-se nesse contexto para manter a responsabilidade com o

ambiente e população, a cidade de Franca (SP), enfrenta um grande problema histórico de

gestão urbana que nos dias de hoje afeta grande parte da população da cidade. As cheias

dos córregos que cortam a cidade, são resultado de um mal planejamento urbano.

ENCHENTES NA ÁREA URBANA DA FRANCA (SP)

Muitas cidades brasileiras enfrentam o problema das enchentes, sendo essas,

causadas por diversos fatores, entre eles a urbanização e a ocupação do solo com

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superfícies impermeáveis. Essas condições ocorrem, em geral, devido às seguintes ações:

como, no Plano Diretor Urbano da quase totalidade das cidades brasileiras, não existe

nenhuma restrição quanto ao loteamento de áreas de risco de inundação, a sequência de

anos sem enchentes é razão suficiente para que empresários loteiem áreas inadequadas;

invasão de áreas ribeirinhas, que pertencem ao poder público, pela população de baixa

renda; ocupação de áreas de médio risco, que são atingidas com frequência menor, mas

que quando o são, sofrem prejuízos significativos.

Entre esses prejuízos podemos citar; prejuízos de perdas materiais e humanas,

interrupção da atividade econômica das áreas inundadas, contaminação por doenças de

veiculação hídrica como leptospirose, cólera, contaminação da água pela inundação de

depósitos de material tóxico, estações de tratamento entre outros. Embora o planejamento

urbano das cidades seja embasado em ferramentas e mecanismos interdisciplinares, o

mesmo fica restrito à ser elaborado por poucos profissionais.

Esse fato pode ser justificado pela; falta de conhecimento sobre controle de

enchentes por parte dos planejadores urbanos, desorganização, a níveis federal, estadual e

municipal, sobre controle de enchentes, pouca informação técnica sobre o assunto a nível

de graduação e planejamentos urbanos não pautados em prevenir as enchentes e sim

tentar cessar as mesmas por um curto período de tempo.

Nesse sentido torna-se necessário que as cidades que convivem com eventos de

enchentes elaborem um mapeamento detalhado das áreas com um maior risco, para que

medidas preventivas sejam tomadas para minimizar as perdas geradas por este tipo de

processo.

A impermeabilização do solo em área urbana é um dos pontos mais críticos

enfrentados pelas cidades brasileiras. Com o aumento das chuvas, a água não infiltra no

solo, tendo como escape as partes mais baixas da cidade, onde, em alguns casos se

encontra com rios ou córregos e ocasiona as inundações. Em Gomes (2005), o controle da

drenagem urbana na fonte, compensatória, sustentável ou ambiental tem sido a medida

mitigadora apontada por Planos de Drenagem Urbana e recentes legislações urbanísticas de

algumas cidades brasileiras para restabelecer o impacto ao ciclo hidrológico no próprio local

onde acontecem os impactos advindos da impermeabilização.

Os eventos chuvosos na cidade de Franca (SP), tem resultado em um estado de

alerta na cidade, cada vez que o nível dos córregos nas áreas centrais da cidade começam a

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subir, á uma grande evasão da população nessas áreas. Manifestações tem sido feitas,

cobrando dos administradores da cidade, soluções definitivas para o problema. Conhecida

também como cidade das três colinas a cidade do interior paulista tem quase todas as áreas

centrais impermeabilizadas, o que dificulta a infiltração e escoamento da água da chuva.

Obras vem sendo feitas nos últimos anos para conter esse problema, sem

sucesso. O município carece de um planejamento a longo prazo para conter esse problema.

Pode-se observar na figura abaixo que a cidade não possui diretrizes e ferramentas para

contenção das enchentes na área central da cidade à curto e longo prazo. Segundo dados

do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2013, o município de Franca/(SP)

não comporta; Projetos de contingência, Projetos de engenharia relacionados ao

evento(enchentes), Sistema de alerta antecipado de desastres e Cadastro de risco.

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Figura 1: Gerenciamento de riscos de desastres decorrentes de enchentes ou inundações graduais,enxurradas ou inundações bruscas.

FONTE: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Disponível em:<http://www.ibge.gov.br/munic2013/ver_tema.php?tema=t5_6&munic=351620&uf=&nome=franca>

Anos depois dos problemas persistirem e as pequenas obras, não terem

resultados, o município teve um gasto de R$320.000,00 (trezentos e vinte mil reais), a fim de

ter um estudo adequado sobre a real situação do problema. O estudo foi feito pelo Centro

Tecnológico de Hidráulica, entidade ligada à USP (Universidade de São Paulo), com o intuito

de apresentar diretrizes e ferramentas para a correção dos problemas de drenagem da

cidade.

A Secretaria de Meio Ambiente juntamente com a Secretaria de Serviços ligadas

à entidade responsável pelo estudo, apontaram que o problema decorrente na cidade de

Franca (SP), deriva de duas vertentes, primeiro da expansão urbana da cidade, onde a

capacidade dos canais de drenagem ficou insuficiente e segundo o alto percentual de

impermeabilidade do solo francano. O estudo ainda concluiu que o gasto dessas obras

estariam em torno de R$738.000.000,00 (setecentos e trinta e oito milhões de reais)

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Figura 2: Enchente na Avenida Hélio Palermo em Franca (SP)

Fonte: http://www.gcn.net.br/

Figura 3: Fórum Comarca de Franca (SP) após enchente

Fonte: http://www.gcn.net.br/

As avenidas Dr. Hélio Palermo e Ismael Alonso Y Alonso são as que mais

afetadas com a cheia dos córregos na cidade. As duas avenidas cortam a área central da

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cidade, onde se concentra grande parte dos comércios e é rota diária dos cidadãos

francanos bem como os turistas que passam pela cidade. As avenidas ligam as saídas da

cidade, o que impede o fluxo normal da população e dificulta o transito dos ônibus que

chegam e saem da cidade. No encontro das avenidas acontece um novo evento de

enchentes, pois também à o encontro dos córregos Cubatão, Espraiado e dos Bagres, que

mistura águas fluviais e pluviais, rumo ao Rio Sapucaí. Somados, os três córregos geram

uma vazão de 470 metros cúbicos de água por segundo, oriundos, principalmente, das

próprias chuvas e das bacias de contribuição – sistemas de captação de águas pluviais em

bairros e loteamentos, canalizados para os três canais. A velocidade e volume com que essa

água toda percorrerá os 15 quilômetros de extensão dos três córregos dependerão de

inúmeros fatores, mas, principalmente, do ponto em que a chuva os atingir. Assim, se

chover na região das nascentes é certo que à jusante o problema de transbordamentos e

enchentes estará instalado.

Na imagem a seguir pode-se observar uma das obras da prefeitura para

alargamento da via de encontro das duas avenidas:

Figura 4: Obras de contenção de enchentes na Avenida Hélio Palermo

Fonte: http://www.gcn.net.br/

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CONSIDERAÇÕES

É notório que a cidade de Franca/SP, precisa urgentemente de um planejamento,

que contenha diretrizes e ferramentas que tragam resultados a curto e à longo prazo. O

grande problema da impermeabilização do solo, se deu como um erro histórico de gestão e

planejamento. Na década de 1960 uma tentativa de canalizar o córrego Cubatão (sem

sucesso), ocasionou o começo desse problema socioambiental que a cidade passa todos os

anos.

O córrego dos Bagres foi canalizado quase por completo e hoje pela estrutura

como foram feitas as obras nos dois córregos, é inviável fazer uma recanalização deles. Já o

córrego do Espraiado é o único que pode ser canalizado de forma correta, pois suas

nascentes ainda correm na superfície do solo. É necessário que a prefeitura, juntamente

com a Secretaria de Meio Ambiente e outros órgãos e profissionais, adequem diretrizes para

que esse córrego não seja um erro histórico como foram os demais.

Apesar dos apontamentos sugeridos pelo Centro Tecnológico de Hidráulica, um

terceiro problema também precisa ser averiguado com atenção. O aumento da população

francana também é um fator que beneficia o aumento dos córregos, pelo aumento do

esgoto doméstico e industrial. Além disso os córregos canalizados foram construídos na

forma de trapézio, o que dificulta uma nova obra para mudar essa estrutura. Esse tipo de

obra também auxilia no aumento do nível dos córregos. A medida ideal para cessar com o

problema é um rebaixamento da calha dos córregos e o alargamento da via dos mesmos,

essa obra irá auxiliar na contenção das águas que terão mais espaço e assim evitar futuros

transbordamentos.

REFERÊNCIAS

ARAUJO, Gustavo Henrique de Sousa; ALMEIDA,Josimar Ribeiro de; GUERRA, Antonio JoséTeixeira. Gestão ambiental de áreasdegradadas. 5°. ed. rev. - Rio de Janeiro:Bertrand Brasil, 2010. 322 p.

Caminho dás águas de Franca/SP. Disponível em<http://gcnturismo.wordpress.com/2009/10/26/o-caminho-das-aguas>. Acesso em 5 de julhode 2014 às 23:50

GOMES, A. H. P. Identificação e Avaliação deTécnicas Não Convencionais para Drenagem

Urbana com Controle na Fonte. Dissertação -Mestrado em Engenharia Civil- UFF. Niterói,2005. 198 p.

GUERRA, Antônio José Texeira; CUNHA, SandraBaptista. Impactos ambientais urbanos noBrasil. 8°. ed. - Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,2011. 418 p.

LEI No 10.257, DE 10 DE JULHO DE 2001.Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10257.html>. Acesso em 05 de julho

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de2014 ás 20:50.

MALHEIROS, Telma Marques, Política eplanejamento ambiental. 3. ed. rev. e atual.,3.reimpr. Rio de Janeiro: Thex, 2009. 480 p.l_03/leis/leis_2001/l10257.htm

Ranking Trata Brasil de Saneamento Básico

Nacional. Disponível em:<http://www.tratabrasil.org.br/datafiles/uploads/pdfs/Tabela-Ranking.pdf> Acesso em: 05 deJulho de 2014 ás 21:18.

SANTOS, M. Metamorfoses do espaço habitado.São Paulo: Hucitec, 1988. 89 p.

ANEXOS

Anexo 1: Encontro dos Córregos Cubatão e Bagres

Fonte: http://www.gcn.net.br/

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Anexo 2: Encontro dos córregos na Avenida Dr. Hélio Palermo

Fonte: http://www.gcn.net.br/

Anexo 3: Cachoeira na avenida Ismael Alonso Y Alonso em dia de chuva

Fonte: http://www.gcn.net.br/

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Anexo 4: Encontro dos córregos, área de risco

Fonte: http://www.gcn.net.br/

Anexo 5: Nascente do rio Cubatão canalizada

Fonte: http://www.gcn.net.br/

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Anexo 6: Canalização do rio em forma de trapézio na avenida Ismael Alonso Y Alonso

Fonte: http://www.gcn.net.br/

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MEIO AMBIENTE: PERSPECTIVAS E DESAFIOS NO MUNICÍPIO DE FRANCA (SP)

EIXO 4 – Problemas socioambientais no espaço urbano e regional

RESUMO

O presente trabalho buscou desenvolver uma análise crítica/reflexiva sobre as questões

ambientais no município de Franca (SP). Detentora de vários títulos e prêmios, a pequena cidade

do interior paulista é uma das pioneiras no país a ter o índice de 100% de água e esgoto tratados.

A cidade também é uma das primeiras no ranking da Trata Brasil, órgão que fiscaliza o índice de

saneamento básico nas cidades brasileiras, sempre oscilando entre as primeiras colocações. Além

do grande olhar para as questões de saneamento o município francano tem 100% de seus bairros

com ruas asfaltadas. A prefeitura em parceria com a secretaria de meio ambiente promove vários

projetos visando a educação ambiental na cidade, palestras em escolas, entidades de terceira

idade, coleta gratuita de entulho residencial, dentre outros. Contudo, apesar da grande

preocupação com a questão ambiental, a cidade tem sérios problemas com enchentes. Nas

épocas chuvosas do ano, o córrego transborda causando caos na cidade. População e comércio,

são afetados constantemente por conta desse problema em diversos pontos da cidade. Medidas

foram tomadas para que esse problema fosse resolvido, mas sem sucesso. A estrutura que

suporta a unção dos córregos na saída da cidade é precária, a quantidade de água não é

suportada, acarretando em uma nova enchente. Com o passar dos anos e o aumento da

população francana, a quantidade de água e esgoto nos córregos tem aumentado, mas o

planejamento sobre a questão das enchentes parece não ter sido acompanhado adequadamente.

Tentativas sem sucesso de conter o avanço das águas, tem sido feito pela prefeitura durante

vários anos, mas todos esses esforços são para “remediar” a situação por algum tempo. Outro

problema dessa falta de planejamento na cidade é o gasto de dinheiro público. A cada nova

gestão são feitas propostas e projetos que visam acabar com esse problema, mais uma vez sem

sucesso. A cidade necessita urgentemente de um planejamento que resolva o problema e não

apenas o cesse por um curto período de tempo. Várias cidades do Brasil sofrem com o problema

das enchentes, cidades mal planejadas ou com crescimento rápido e desenfreado são típicos

casos desse problema socioambiental. A cidade de Franca (SP), sempre serviu de referência para

cidades vizinhas e grandes cidades do país, pelos vários projetos que desenvolve no âmbito

ambiental, mas ainda peca na atenção e no planejamento com esse problema que afeta a

população todos os anos. Por fim o trabalho buscou trazer, com base em estudos e bibliografias

adequadas ao tema, propostas para que esse problema na cidade seja resolvido em definitivo.

Palavras-chave: meio ambiente; desenvolvimento ambiental; desafios contemporâneos.

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