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MELISSA ZENI STUEPP A ESCOLHA PROFISSIONAL E AS EXPECTATIVAS DE DESENVOLVIMENTO DE CARREIRA DOS ESTUDANTES DOS CURSOS DE PSICOLOGIA E CIÊNCIAS CONTABÉIS ITAJAÍ (SC) 2017

MELISSA ZENI STUEPP - univali.br · Este não é um estudo comparativo, ... Quadro 01 – Índices do ... Quadro 02 – Teorias Psicológicas em Orientação Profissional

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MELISSA ZENI STUEPP

A ESCOLHA PROFISSIONAL E AS EXPECTATIVAS DE DESENVOLVIMENTO DE CARREIRA DOS ESTUDANTES DOS CURSOS

DE PSICOLOGIA E CIÊNCIAS CONTABÉIS

ITAJAÍ (SC)

2017

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UNIVALI UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI

Vice -Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura Programa de Pós- Graduação em Educação – PPGE

Curso de Mestrado Acadêmico em Educação

MELISSA ZENI STUEPP

A ESCOLHA PROFISSIONAL E AS EXPECTATIVAS DE DESENVOLVIMENTO DE CARREIRA DOS ESTUDANTES DOS CURSOS DE PSICOLOGIA E

CIÊNCIAS CONTABÉIS

Dissertação apresentada ao colegiado do PPGE como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Educação – área de concentração: Educação – (Linha de Pesquisa - Práticas Docentes e Formação Profissional. Grupo de Pesquisa: Educação e Trabalho).

Orientadora: Dra. Tânia Regina Raitz

ITAJAÍ (SC)

2017

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DECLARAÇÃO DE APROVAÇÃO

A acadêmica Melissa Zeni Stuepp, foi aprovada pela banca por sua dissertação intitulada:

A ESCOLHA PROFISSIONAL E AS EXPECTATIVAS DE DESENVOLVIMENTO DE CARREIRA DOS

ESTUDANTES DOS CURSOS DE PSICOLOGIA E CIÊNCIAS CONTABÉIS

Prof. Dra. Tania Regina Raitz

Prof. Dra. Veronica Gesser

Prof. Dr. Iuri Luna.

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AGRADECIMENTOS

A trajetória para a conclusão desta dissertação tem uma história marcante em minha

vida, e muitas são as pessoas responsáveis por seu início e conclusão, todos de uma

forma ou outra tiveram participação especial nesta pesquisa.

Agradeço de ante mão a meus pais queridos, Roseli Baldisserotto Zeni e Heitor Zeni que

muito me auxiliaram em todo o caminho na vida, sempre contribuindo com o melhor que

possuem, agradeço a ajuda moral, emocional, financeira e o suporte que me dão ao longo

destes trinta e oito anos.

Minha filha amada, Beatrice Zeni Stuepp que ficou de lado inúmeras vezes enquanto eu

estava ao computador, tudo é e sempre será em prol de um futuro melhor para ela, a

razão de todo meu esforço e dedicação.

Meu companheiro querido, Eduardo Filgueiras dos Reis que muitas vezes se mostrou

mais motivado que eu em terminar esta dissertação, não para eu me livrar do trabalho,

mas para meu crescimento pessoal e profissional, aquele que vibra a cada nova linha

escrita, que liga para perguntar como está meu trabalho, que torce a cada nova

conquista. Muito obrigada meu amor, por todo carinho, paciência e atenção.

Uma família grande e feliz é repleta de pessoas especiais, agradeço minha sogra querida

Gigi, que com todo seu conhecimento contribuiu de forma especial, meu irmão Felipe

Zeni e seu amigo Luiz Eduardo Stein que com muito boa vontade me auxiliaram em uma

das coletas de dados.

Aquela, ah! aquela que possibilitou junto comigo o desenvolver desta pesquisa, que foi

meio mãe, mais que professora e uma parceira presente em todos os momentos nestes

dois longos anos, minha mais que querida Orientadora Dra Tânia Regina Raitz, um poço

de conhecimento e mais que isto, de humildade.

Por vezes acredito que a vida nos coloca em lugares determinados não apenas para o

fim esperado, mas para acontecimentos inusitados e que podem mudar ou mesmo

acrescentar algo importante e de valor em nossas vidas. O mestrado me proporcionou

muito mais que o conhecimento e o título, tive o prazer de conhecer uma amiga daquelas

que poucas pessoas tem a sorte de ter, amiga de todas as horas, que ajuda, que

compartilha, que divide e ao mesmo tempo soma, Jessica Pereira Cardozo.

Agradeço a banca, profa. Dra. Verônica e prof Dr. Iuri que aceitaram meu convite e

muito me honraram com todas suas considerações para uma pesquisa de qualidade.

E por fim aos meus queridos parceiros de trabalho que abriram as portas da instituição

para realização da pesquisa.

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RESUMO

Esta investigação faz parte da linha de pesquisa “Práticas Docentes e Formação Profissional” e se insere no Grupo de Pesquisa “Educação e Trabalho”, do PPGE, da Universidade do Vale do Itajaí-SC. Trata-se de um estudo que tem como objetivo compreender e analisar as escolhas profissionais e as diferenças da inserção profissional para jovens universitários dos cursos de Psicologia e Ciências Contábeis da UNISOCIESC. A investigação é de abordagem qualitativa, faz uso de informações estatísticas para aprofundamento dos dados através da utilização e aplicação de um questionário e entrevistas por meio de grupo focal. Este não é um estudo comparativo, porém demonstra a percepção dos jovens a partir das escolhas e como as semelhanças e diferenças dos cursos interferem na inserção profissional dos jovens universitários. Autores como Paixão e Melo (2005); Borges (2007); Pais (1993), Sposito (2003); Soares (2009); Bock (2010); Rocha-de-Oliveira (2011); Tolfo et al (2016); Ourique e Teixeira (2012); Lima (2007); Cattani (2000); Coutinho (2009); Lakatos e Marconi (2015) e Raitz (2014) foram fundamentais, pois contribuíram para as conexões e arranjos dos pressupostos teórico-metodológicos do estudo. Os resultados da investigação mostram que os alunos do curso de Ciências Contábeis estão todos praticamente empregados em sua área, em função de já terem experiência profissional na área antes mesmo de iniciar o curso de graduação, a prática fez com que fossem em busca da teoria, a experiência precedeu a academia, a escolha se dá em virtude do trabalho já executado. Em contrapartida quanto aos alunos da Psicologia que participaram da pesquisa, nenhum atua ou já atuou na área de formação. Além desta questão, quando se analisa sobre os sentidos do trabalho para estes jovens universitários, independentemente das diferenças, todos concordam que o trabalho está mais relacionado ao seu papel social e de importância para o crescimento individual do que atrelado à sobrevivência, apesar da importância que esse tem em suas vidas. .

Palavras Chave: universitários; inserção profissional; escolha profissional

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ABSTRACT

This investigation is part of the line of research “Teaching Practice and Professional

Education”, which is part of the Research Group “Education and Work” of the

Postgraduate Program of the University of the Itajaí, Santa Catarina. This study aims to

understand and analyze young university students’ professional choices and differences

in professional insertion in the job market among university students of courses in

Psychology and Accountancy at UNISOCIESC. This research uses a qualitative

approach, using statistical information to extend the data, through a questionnaire and

interviews with a focal group. This is not a comparative study, although it shows young

people’s perceptions of their choices, and how course differences and similarities

interfere with their professional integration. Some authors such as Paixão and Melo

(2005); Borges (2007); Pais (1993), Sposito (2003), Soares (2009); Bock (2010); Rocha-

de-Oliveira (2011); Tolfo et al (2016); Ourique and Teixeira (201112); Lima (2007);

Cattani (2000); Coutinho (2009); Lakatos and Marconi (2015); Raitz (2014) were of great

importance for their contribution to the connections and arrangements of the theoretical

and methodological premises of the study. The results of the research show that

Accountancy undergraduates are nearly all employed in their area, due to the fact that

they had professional experience in the area even before starting the graduation course. It

can be said that work experience was what led to the search for theoretical knowledge i.e.

the experience came before the academic studies, and the choice was influenced by the

jobs they had. On the other hand, none of the Psychology students work worked in the

area of their training. In addition, when it comes to the concepts of work, irrespective of

the course taken, all the students agreed that work is closely related to their social role,

and to the importance of individual growth, which is linked to survival, despite the

importance of this in their lives.

Key words: University Students, Professional Insertion, Professional Choice

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 – Índices do INEP para o decênio até 2013 ............................................... 28

Quadro 02 – Teorias Psicológicas em Orientação Profissional ................................... 29

Quadro 03 – Inserção Profissional ............................................................................. 33

Quadro 04 – Indicadores de Desenvolvimento de Carreira ......................................... 34

Quadro 05 – Alocação por Semestre .......................................................................... 42

Quadro 06 – Perfil dos jovens participantes do Grupo Focal ...................................... 48

Quadro 07 – Eixos Temáticos e Categorias de Análise ............................................... 50

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 – Curso dos participantes da pesquisa. ...................................................... 42

Gráfico 02 – Sexo dos participantes da pesquisa ......................................................... 43

Gráfico 03 – Idade dos participantes da pesquisa ........................................................ 44

Gráfico 04 – Estado Civil dos participantes da pesquisa ............................................. 45

Gráfico 05 – Escolha do Curso ................................................................................... 56

Gráfico 06 – Influência da Família ............................................................................. 57

Gráfico 07 – Orientação Profissional .......................................................................... 58

Gráfico 08 – Satisfação com o Curso .......................................................................... 60

Gráfico 09 – Mudança de Escolha. ............................................................................. 63

Gráfico 10 – Sentido do Trabalho. .............................................................................. 65

Gráfico 11 – Centralidade do Trabalho ....................................................................... 66

Gráfico 12 – Universidade e Mercado ........................................................................ 67

Gráfico 13 – Conhecendo o Mercado ......................................................................... 68

Gráfico 14 – Situação Profissional ............................................................................. 72

Gráfico 15 – Principais Dificuldades de Ingresso no Mercado .................................... 73

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LISTA DE ANEXOS

ANEXO A - Termo de Autorização da Instituição .................................................. 84

ANEXO B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (questionário) ............. 85

ANEXO C - Questionário de Pesquisa .................................................................. 86

ANEXO D - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (grupo focal) ............. 91

ANEXO E - Roteiro de Entrevista Grupo Focal ..................................................... 92

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LISTA DE SIGLAS

BDTD – Banco de Teses e Dissertações

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

EAD - Ensino à Distância

ETT - Escola Técnica Tupy

FGV – Faculdade Getúlio Vargas

FURB – Fundação Universidade Regional de Blumenau

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

LDB – Lei de Diretrizes e Base

MEP – Mapa Estratégia Profissional

OP – Orientação Profissional

PNE – Plano Nacional de Educação

UFG – Universidade Federal de Góias

UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina

UFRGS – Universidade Federal Rio Grande do Sul

UNB – Universidade de Brasília

UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí

UNISOCIESC- Universidade Sociedade Educacional de Santa Catarina

RBOP – Revista Brasileira de Orientação Profissional

RH – Recursos Humanos

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Sumário

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................... 19

1.1 Juventude, Educação e Trabalho. .................................................................. 19

1.2. Escolha Profissional. ..................................................................................... 25

1.3. Inserção Profissional. .................................................................................... 30

1.4. Sentido e Significado do Trabalho ................................................................ 35

2. TRAJETÓRIA METODOLÓGICA ................................................................. 38

2.1 Caminho Percorrido ...................................................................................... 38

2.2. Cenário da Pesquisa ...................................................................................... 40

2.3. Sujeitos e Instrumentos da Pesquisa .............................................................. 41

2.4. Procedimentos para coleta dos dados. ........................................................... 45

2.5. Tratamento e sistematização dos dados quantitativos e qualitativos: análise de conteúdo. ................................................................................................................. 49

3. RESULTADOS DA PESQUISA: ESCOLHA PROFISSIONAL, SENTIDOS

DO TRABALHO E INSERÇÃO PROFISSIONAL. ............................................... 52

3.1 EIXO 1 - Escolha Profissional .................................................................... 52

CATEGORIA 3.1.1 - Fatores que influenciaram na escolha do curso .................. 53

CATEGORIA 3.1.2 – Orientação Profissional (OP) ............................................. 57

CATEGORIA 3.1.3 - Satisfação com o curso/ escolha. ........................................ 60

3.2 EIXO 2 – Sentidos e Significados do trabalho ........................................... 63

CATEGORIA 3.2.1 – Sentido e Significado ......................................................... 64

CATEGORIA 3.2.2 - Centralidade do Trabalho ................................................... 65

3.3 EIXO 3 – Inserção profissional .................................................................. 66

CATEGORIA 3.3.1 - Conhecendo o Mercado ...................................................... 68

CATEGORIA 3.3.2 - Situação Profissional .......................................................... 71

CATEGORIA 3.3.3 - Dificuldades de Ingresso no Mercado ................................. 73

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 75

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 79

ANEXOS ................................................................................................................... 85

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INTRODUÇÃO

O objeto de estudo desta pesquisa está interconectado com minha área de

atuação, há um desejo e curiosidade em buscar conhecimento e aprimoramento para

trabalhar com os jovens que ingressam em cursos superiores e esta ponte graduação/

mercado de trabalho, a qual chamamos inserção profissional. Como psicóloga, professora

e profissional na área de Gestão Pessoal trabalhando em organizações, área na qual um

dos maiores focos é escolher, eleger quem aparentemente tem mais competência,

identificar talentos através de conhecimentos e habilidades técnicas, a busca constante

pelo profissional completo.

Para uma mudança no prognostico atual dos profissionais que se apresentam ao

mercado, podemos pensar em uma cultura profissional, compreender que não basta

apenas uma boa base acadêmica, mas sim ter diferencial, ser um profissional de iniciativa,

que se qualifica e busca seu desenvolvimento, se prepara para o mundo além das salas de

aula. Nesta perspectiva Tardif, (2008, p.77), menciona que "um profissional deve ser

capaz de emitir um julgamento crítico sobre sua própria prática, a fim de corrigi-la, se

necessário, e de melhorá-la de maneira contínua". No momento em que nos enxergamos

como profissionais e conseguimos nos avaliar com autocrítica demonstramos

amadurecimento profissional, e, com certeza, nos tornamos pessoas mais confiáveis no

ponto de vista do mercado.

Contudo para essa premissa é necessário preparar-se para enfrentar os desafios

que serão lançados, pois o mercado de trabalho não procura mais profissionais com uma

"grande habilidade" e sim, com "grandes habilidades" e com diversos conhecimentos.

Minarelli (1995) acrescenta "para aumentar a própria empregabilidade, os profissionais

precisam estar aptos do ponto de vista técnico, gerencial, intelectual, humano e social”,

empregabilidade entendida como qualificação para contratação. Esses fatores são

colocados como soluções rápidas de problemas cada vez mais sofisticados e específicos.

Portanto, como explica Paixão(2005); Melo e Borges (2007) um bom profissional é

aquele de iniciativa, que sabe vender seus serviços, que não espera a demanda, ou seja,

que sabe administrar seus talentos. Este deverá ser proativo, dinâmico, ágil, maleável,

capaz de criar, resolver problemas, flexível e com capacidade de adaptar-se.

Com base nestas reflexões, conectando com o que faço em minha trajetória

acadêmica no curso de Psicologia e depois com a minha trajetória profissional, posso

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pontuar que não fiz nenhum tipo de trabalho de orientação vocacional para a escolha do

curso que frequentei, a Psicologia. Foi um processo não por preferência, mas sim por

exclusão, de cursos que em nada me atraiam. Depois de ingressar no ensino superior, não

tive nenhuma informação sobre acesso ao mercado de trabalho, valores médios de

remuneração pagos nas diversas áreas que o psicólogo pode atuar, maior número de vagas

e demanda do mercado. Assim quando terminei minha formação superior não tinha um

planejamento de carreira e fui levada a trabalhar no que consegui como primeiro emprego.

Minha primeira experiência profissional como psicóloga foi em uma

contabilidade no município de Blumenau. Minha função era estruturar uma área de

Recursos Humanos e os desafios foram enormes para alguém recém-formada, porém, a

paixão pelo trabalho, pela realização e a possibilidade de auxiliar na concretização dos

sonhos de outras pessoas foram se tornando objetivos em minha carreira e, assim, segui

na área de Recursos Humanos, Gestão de Pessoas, Desenvolvimento Humano

Organizacional. Em síntese, tantas são as nomenclaturas que a área tem hoje em dia.

Entretanto, não contente em trabalhar apenas como analista coordenadora em RH estava

disposta a formar profissionais mais preparados para o mercado, mais assertivos, surgiu,

então, a possibilidade de ministrar aulas para diversos cursos superiores, para o Pronatec

e Cursos Técnicos.

Portanto, em 2012 comecei a ministrar aulas, como anteriormente surgiu a

vontade de auxiliar os jovens como professora, emergiu a vontade de pesquisar, me

aprimorar e me formar mestre. Participei do processo seletivo pela primeira vez no

segundo semestre de 2014, no Mestrado em Educação da Univali, passei na prova,

contudo, minha intenção de pesquisa estava em desencontro ao então grupo que tinha me

inscrito. Recebi a orientação das professoras para entrar como aluna especial, sendo o que

fiz. Frequentei um semestre como aluna especial e fiz a seleção novamente, agora para o

grupo que havia maior identificação para meu objeto de estudo e orientado pela professora

Dra. Tânia Regina Raitz.

Minha inserção no grupo de pesquisa oportunizou desenvolver um melhor

entendimento da perspectiva que esse desenvolvia e as pesquisas na área, muitos foram

os temas e os problemas de pesquisa que poderiam ser abordados aqui, visto que não há

hoje uma cultura profissional, pelo contrário, ocorre que estamos formando mais e mais

pessoas com pouca consciência de suas competências para o desenvolvimento das

atividades laborais e sem o preparo necessário para o mercado. Muito pouco se trabalha

com orientação profissional no âmbito do ensino médio e, posteriormente com a inserção

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profissional do universitário, muito se pesquisa a inserção profissional do egresso, no

entanto pouco se discute o assunto com o acadêmico. No cerne desta questão, com a

observação em diversas pesquisas, evidencia-se que, por vezes, os jovens, sem a menor

orientação, buscam o caminho oposto as suas habilidades, por não conseguirem

identificar suas verdadeiras competências anteriormente ao momento de escolha e se

veem mergulhados em tarefas e atividades que não lhes provocam o menor interesse.

Obviamente desenvolvemos e reconhecemos nossas habilidades no decorrer da

vida, elas não nascem da noite para o dia, são um processo de construção dos interesses

dos sujeitos, segundo Paixão (2005) são processos constituídos ao longo do

desenvolvimento escolar, contexto sociocultural, através de escolhas, notas, relações

interpessoais, habilidades cognitivas (raciocínio lógico e abstrato, resolução de

problemas, criatividade, capacidade de compreensão, julgamento crítico e conhecimento

geral), técnicas (informática, língua estrangeira...) e, por fim, as habilidades

comportamentais, como a cooperação, iniciativa, empreendedorismo, motivação,

responsabilidade, participação, disciplina e ética. Estes são alguns indicadores que podem

ser mensurados para analisar e possivelmente validar sua vocação

Analisam-se estes fatores refletindo que é necessário voltarmos o olhar para a

orientação profissional deste indivíduo que fez suas escolhas e em breve ingressará ao

mercado, sendo importante entender qual o sentido do trabalho para este jovem, como ele

entende e qual papel o trabalho tem em sua vida.

Durante séculos o trabalho vem assumindo diferentes formas, sendo configurado

a partir de diferentes paradigmas. Na Revolução Industrial, marco onde o trabalho passa

a ser remunerado como tal, porém longe de uma forma justa e honesta, homens, mulheres

e crianças, exerciam suas atividades laborais com jornadas de até 16 horas diárias de

trabalho. A sociedade experimenta efetivamente o capitalismo e com isto alguns

processos no mundo do trabalho vão sendo alterados. Tal momento, mais tarde, adota os

processos do taylorismo/fordismo, que tem como base a produção em massa, os

indivíduos trabalhando incessantemente para cumprir a programação da produção, época

mecanicista, em que o trabalho era baseado na produção independente das formas como

seria conseguida e a que esforço dos trabalhadores, as relações empregado x empregador

não existiam.

O trabalho só assume um processo mais adequado quando surgem os sindicatos

e estes instituem horários de trabalhos e regras primárias para que as pessoas continuem

a produzir sem adoecer. Assim, começam, então, mais uma vez, as transições no mundo

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laboral. Recentemente, mais precisamente no Brasil na década de noventa, século XX,

com a reestruturação produtiva nas empresas mais modernas, uma nova organização do

trabalho, com o avanço da tecnologia e outros processos, adota-se um novo modelo de

gestão, o Toyotismo. Nesse processo as pessoas passam a ser mais valorizadas no

trabalho, os objetivos de produção aumentam e se tornam mais complexos, agora não é

apenas produzir, mas produzir com o mínimo de desperdício e otimizando ao máximo o

tempo.

Coutinho (2009) aponta que o trabalho assume caráter de sustento material e

toma a forma de emprego – ou trabalho assalariado na sociedade capitalista industrial – a

partir do século XVIII. Com as crises do mercado de trabalho capitalista surgem o

desemprego e, mais recentemente, depois de meados do século XX, o subemprego ou

emprego de baixa qualidade. Partindo deste contexto, busca-se compreender acerca da

tríade juventude, educação e trabalho na atualidade. Desta forma, a questão norteadora

deste estudo é a seguinte: Quais as expectativas de desenvolvimento de carreira dos

estudantes dos cursos dos cursos de Psicologia e Ciências Contábeis? A problemática em

questão toma proporções expressivas quando se reflete sobre a inserção profissional de

estudantes já inseridos no mercado de trabalho e outros que só estarão inseridos na sua

área de trabalho quando estiverem no final do curso ou já formados, além disto a questão

da escolha e do sentido do trabalho para estes jovens, visto as mudanças na significação

do trabalho contemporâneo, como entender e o que buscar como emprego, as dificuldades

e desafios da escolha, como vislumbrar um futuro profissional se não há a compreensão

do sentido do trabalho e sua significação para este público que enfrenta ou enfrentará o

mercado de trabalho em sua área de atuação,

Pensar sobre o trabalho hoje é também assumir uma postura teórica sobre a sociedade atual. A opção pela categoria contemporaneidade supõe a compreensão das mudanças expressivas por que passam as sociedades capitalistas ocidentais, desde as últimas décadas do século XX, mas se opõe à ideia de ruptura com a sociedade moderna do século passado.( COUTINHO, 2009,p.191)

A revisão bibliográfica desta pesquisa foi sustentada pelas bases da BDTD (

Banco de Teses e Dissertações) compreendida entre os anos de 2010 a 2016, totalizando

(seis) anos de pesquisas voltadas a inserção profissional de acadêmicos não egressos.

Contudo, encontrou-se naquilo que chamamos de estado da arte um número significativo

de trabalhos devido aos descritores buscados: universitários, escolha e inserção

profissional, temas muito abordados em pesquisas. Num total volumoso, com mais de

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200 pesquisas, refinou-se a busca para as aproximações ao objeto de estudo desta

investigação a partir da leitura dos resumos das diversas dissertações e teses existentes

referentes ao tema proposto nesta dissertação e foi interessante constatar um número bem

reduzido de pesquisas sobre a inserção profissional dos estudantes universitários

regulares. Desta forma, a intenção foi identificar a existência de pesquisas sobre os alunos

matriculados em cursos superiores que conseguem atuar na sua área de formação antes

de se formarem, apresenta-se a seguir as teses e dissertações que mais se assemelham a

presente temática.

Ourique (2010), traz em sua pesquisa de mestrado um estudo que tem como

objetivo principal avaliar as relações da personalidade e da autoeficácia profissional com

o comportamento de planejamento de carreira de universitários e, posterior, inserção no

mercado de trabalho. Participaram do estudo 213 (duzentos e treze) alunos de graduação,

de ambos os sexos, com idade média de 24,8 (vinte e quatro e oito) anos. A pesquisa

apresenta dados quantitativos obtidos através de questionário sociodemográficos, as

Escalas de Desenvolvimento de Carreira de Universitários e a Bateria Fatorial de

Personalidade. Para a análise dos dados, a autora correlacionou Pearson e análises de

regressão. Os resultados indicaram que a autoeficácia profissional e os fatores de

personalidade desempenharam papéis específicos na predição do planejamento de

carreira e como consequência da inserção profissional, segundo a autora, a autoeficácia

profissional esteve positivamente correlacionada com o planejamento de carreira. Esta

pesquisa foi importante para conhecer as possibilidades metodológicas de estudos que

tratam de planejamento de carreira, mas distoa quando desenvolve sobre bateria fatorial

de personalidade.

Na tese “As Mudanças na corporeidade/subjetividade durante a formação

universitária: estudantes de Pedagogia e Psicologia”, Siqueira (2010) teve como objetivo

interpretar e analisar o processo contraditório da formação profissional da

corporeidade/subjetividade em estudantes dos cursos de Pedagogia e Psicologia em uma

das Universidades de Goiânia, que buscam na educação superior educação/conhecimento

para melhor inserção no mercado de trabalho e melhores condições de vida. A pesquisa

investigou: quem são esses sujeitos sociais alunos (as) do curso de Pedagogia e

Psicologia; que conceito ou conceitos de corporeidade seriam considerados nesse estudo;

que corporeidade/subjetividade esses (as) estudantes possuem; e as modificações que

ocorreram em relação a sua corporeidade/subjetividade.

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Esta pesquisa de caráter quantitativa e qualitativa envolveu a abordagem

fenomenológica para interpretar a percepção do próprio corpo, do corpo do outro, a

vivência da corporeidade e o materialismo histórico dialético para analisar o corpo

educado/profissionalizado e a suas relações sociais. O público participante da pesquisa

foram 142 (cento e quarenta e dois) alunos de ambos os cursos. Os instrumentos utilizados

para realização da pesquisa foram um questionário com 21 (vinte e uma) questões

objetivas e subjetivas, bem como entrevistas que englobavam aspectos ligados à

identificação do sujeito; territorialidade; aspectos socioeconômicos do estudante e

família; aspectos da escolha do curso; as questões de gênero; a formação da identidade

profissional; mudanças na lógica de raciocínio; formas de comportamento; valorização

do corpo; modo de se vestir e a relação desses aspectos com a formação para o trabalho.

Como resultado da pesquisa a pesquisadora apresentou que os estudantes do curso

de Pedagogia demonstraram que o curso os tem levado ao desenvolvimento do

pensamento mais organizado e entendimento das situações propostas pelo professor, com

perspicácia. Entretanto, as difíceis condições de trabalho/sobrevivência propiciam uma

formação aligeirada, ainda que mudanças no modo de ser, após a entrada na universidade,

fossem apontadas como positivas.

No curso de Psicologia, no que se refere ao desenvolvimento do raciocínio, os

alunos (as) informaram uma ampliação da visão de mundo em primeiro lugar, depois o

pensamento tornou-se mais organizado; e em terceiro lugar houve o desenvolvimento

intelectual. Eles (as) constataram que passaram a se perceberem com maior

responsabilidade, com necessidade de estudar e liberdade de agir. Com base nos

resultados, concluiu que houve mudanças na corporeidade/subjetividade dos estudantes

dos cursos de Pedagogia e Psicologia. Entretanto, tais mudanças foram insuficientes para

que os alunos (as) dos dois cursos compreendessem a educação como processo de

formação e de aprendizagem socialmente elaborado e destinado a contribuir na promoção

da pessoa humana enquanto sujeito da transformação social, que transforma e é

transformado e que prepara para o mercado de trabalho. Apesar de interessante essa tese

se distancia do objetivo central da presente dissertação.

A dissertação de Ferreira (2015) com o tema “A Inserção de jovens no mercado

de trabalho: o que eles têm a dizer”, trata do processo do primeiro emprego e inserção no

mercado. Nesta dissertação foi analisada a inserção no mercado de trabalho de jovens que

participaram de programa de formação profissional e os sentimentos por eles

experimentados, a partir de seus discursos sobre essa experiência. Buscou-se identificar

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os locais de primeiro emprego desses jovens, conhecer suas aspirações e os motivos que

os levaram a essas ocupações, bem como sua vivência nessa trajetória de inserção

profissional. Foi uma pesquisa de abordagem qualitativa mediada pela técnica de

entrevistas individuais, aplicada a 5 (cinco) jovens, 3 (três) homens e 2 (duas) mulheres,

entre 18 (dezoito) a 29 (vinte e nove) anos.

O estudo concluiu nos discursos dos/as participantes, todos/as eles/as jovens

atuantes, de iniciativa e condutores, não apenas expectadores, da própria vida - a presença

do protagonismo juvenil. Ao mesmo tempo, mostrou o reforço ao discurso neoliberal de

oportunidades para os/as competentes, esforçados/as e talentosos/as e de

responsabilização do indivíduo pelo seu fracasso, destacando que o seu sucesso

profissional depende de sua dedicação aos estudos, no tocante à sua capacitação e

qualificação para entrada no mercado de trabalho.

A tese de Ramos (2014) intitulada “Formação para o Trabalho: cursos superiores

de tecnologia” traz o tema da formação para o trabalho no contexto do ensino superior.

Entre os objetivos da pesquisa, estão: a investigação das características socioeconômicas

dos estudantes das instituições coparticipantes; a verificação da inserção e ascensão

profissional desses estudantes no mercado de trabalho; o confronto dos resultados obtidos

na instituição pública e na instituição privada; a avaliação dos motivos para a escolha dos

cursos superiores de tecnologia; a verificação do interesse do estudante na continuidade

dos estudos após a conclusão do curso superior de tecnologia; a avaliação da contribuição

do curso para formação integral do estudante; e o aprofundamento da organização

pedagógica dos cursos.

A pesquisa consistiu na revisão bibliográfica de documentos pertinentes à análise

do tema e na coleta de dados na perspectiva dos alunos e coordenadores de curso das

instituições. A pesquisa, a partir da coleta de dados nas instituições públicas e privadas

focalizadas, localizadas na região metropolitana da cidade de São Paulo, demonstra que

os resultados são representativos em relação aos dados censitários da Educação Superior

no Brasil. O trabalho ainda avalia a contribuição do curso na formação integral dos

estudantes e a organização pedagógica destes cursos superiores.

Esta revisão possibilitou verificar a incipiência dos estudos na área da inserção

profissional dos estudantes regulares de cursos superiores, a necessidade de

aprofundamento da temática, a ampliação de pesquisas que tenham como preocupação a

questão das escolhas e inserção profissional, ao mesmo tempo, demostrou que nenhuma

destas encontradas tem os objetivos do presente estudo. Ao mesmo tempo oportunizou

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lançar o seguinte problema de investigação: Quais as expectativas de desenvolvimento de

carreira de jovens universitários dos cursos de Psicologia e Ciências Contábeis da

UNISOCIESC? Desta forma, o objetivo central desta pesquisa foi compreender a escolha

profissional e as expectativas de desenvolvimento de carreira de jovens universitários dos

cursos de Psicologia e Ciências Contábeis da UNISOCIESC. Por sua vez, formularam-se

os objetivos específicos que contribuíram para dar conta de responder a problemática

inserida: a) Identificar a percepção de estudantes do curso de Psicologia e Ciências

Contábeis sobre os fatores que influenciaram sua escolha profissional; b) Verificar o nível

de satisfação dos estudantes em relação ao curso escolhido; c) Identificar o sentido e

significado do trabalho para estes jovens.

Assim, a presente pesquisa tem como enfoque primordial contribuir social e

cientificamente com a comunidade, que obtenha relevância para as considerações de se

fazer ciência frente a um tema efetivamente relevante pautado nas questões de escolha

profissional, inserção profissional, significados e sentidos em constantes mudanças na

educação e no trabalho e na relação que os jovens universitários estabelecem com eles,

seus diferentes perfis e seus anseios frente ao mercado de trabalho.

Na estrutura desta dissertação o primeiro capítulo trata-se da fundamentação

teórica, contextualização do problema de pesquisa, discussão dos principais conceitos e

teorias que possibilitaram os arranjos e conexões que contribuíram para a triangulação na

análise da pesquisa. São discutidos os temas referentes a juventude e sua relação com o

trabalho, a escolha profissional, a inserção profissional e planejamento de carreira.

No segundo capítulo discute-se a trajetória metodológica que norteou a pesquisa e os

desdobramentos para sua realização, o esclarecimento do cenário da pesquisa, os sujeitos

e instrumentos adotados, como se deu a coleta, o tratamento e análise dos dados que

possibilitaram a construção do terceiro capítulo, a análise de conteúdo propriamente dita,

com os resultados da pesquisa sobre a influência no processo de escolha, os sentidos do

trabalho e a inserção profissional no mercado de trabalho e finalmente apresenta-se as

considerações finais.

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1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo apresentam-se reflexões acerca dos conceitos principais sobre

juventude, educação e trabalho, bem como sobre escolha e inserção profissional,

desenvolvimento de carreira e sentido e significado do trabalho que se configuram os

assuntos chave para a condução da presente pesquisa.

1.1 Juventude, Educação e Trabalho.

Quando o assunto é adolescência/juventude as primeiras palavras associadas a

esta fase de nossa existência são dúvida, incerteza, insegurança... Mas quando falamos

juventude, estamos falando em que contexto? A pergunta em questão surge quando na

literatura encontramos termos diferentes para designar algo aparentemente com o mesmo

sentido, falamos nos termos adotados pelas áreas da saúde/ médicas, psicologia e

sociologia. Groppo (2000) afirma que, durante o período de transição da fase de ingresso

na sociedade para a maturidade, três termos aparecem com frequência: juventude,

adolescência e puberdade. As ciências médicas criaram a concepção de puberdade,

referente à fase de transformações no corpo do indivíduo que era criança e que está se

tornando maduro; a psicologia, a psicanálise e a pedagogia criaram a concepção de

adolescência, relativa às mudanças na personalidade, na mente ou no comportamento do

indivíduo que se torna adulto. Por fim, a sociologia costuma trabalhar com a concepção

de juventude quando trata do período transitório entre as funções sociais da infância e as

funções sociais do homem adulto. Adotaremos o termo juventude, no decorrer deste texto,

por entender que falamos de um ser social que ingressará na vida adulta e no mercado de

trabalho cheio de obrigações, direitos e deveres, comuns ao homem que vive em

sociedade, em um contexto sociocultural.

Muitos são os conceitos e concepções a cerca do tema juventude, Sposito (1999);

Chiesi e Martinelli (1993) afirmam que a juventude tem se estabelecido em momentos e

estruturas cada vez mais diferenciadas, manifestando-se no prolongamento de sua

permanência com os pais como uma prática habitual. A nomenclatura utilizada para

designar os jovens que tem esse hábito é geração canguru, uma denominação

contemporânea para uma sociedade em constantes mudanças, esta geração refere-se

aquele jovem/adulto que mesmo capaz de desenvolver suas atividades laborais prefere

permanecer na casa dos pais por conforto, segurança ou mesmo ter mais tempo e

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aprimorar suas qualificações sejam elas acadêmicas ou profissionais. Dolto (1988) afirma

que antigamente os pais ansiavam pela saída e independência dos filhos e estes sentiam

suas obrigações, o que hoje já não produz efeito inibidor que antes exercia. Se por um

lado os pais apresentavam aos filhos essa necessidade de sair de casa como parte do

processo de seu amadurecimento, por outro, hoje os pais estão acomodados e preferem

manter seus filhos por perto, ao alcance da vista onde eles se sentem mais seguros;

obviamente há um contexto financeiro envolvido neste processo referente à geração

canguru, identifica-se mais este jovem em famílias de classe média/ média alta que

consegue manter seus filhos em casa por um período maior de tempo.

Pais (1993), Sposito (2003), Melucci (2001), Peralva (1997) e Abramo (1997)

mencionam acerca dos jovens: são sujeitos sociais que se desenvolvem e se constituem

em diferentes contextos e realidades. Em concordância as menções de Groppo (2000), o

jovem seria uma construção social, ou mesmo como afirma Pais (2003) a juventude é

uma delimitação social, entre o término da infância e início da vida adulta, com todas as

suas responsabilidades e obrigações.

Com base nos conceitos de juventude, pretende-se fazer uma breve análise dos

processos de transição pelos quais o jovem passa, partindo do momento onde opta por um

curso em detrimento de outro, momento onde se finda o período do ensino médio e se

iniciam outros desafios, como ingresso no ensino superior e a transição e inserção no

mercado de trabalho.

Como ponto de partida surge a escola e os processos por ela adotados como

aspecto fundamental de atenção a este jovem. A escola tem como função social construir

conhecimentos, atitudes e valores que permitam ao estudante ouvir, pensar, analisar,

questionar, opinar, entender, decidir, resolver, ser ético e participativo, o que lhe permitirá

ir ao encontro de seus anseios futuros.

Porém, este papel, por vezes, se perde e a escola mostra-se pouco focada e sem

interesse real nesta construção o que afeta diretamente a próxima etapa vivida pelo jovem,

a saída da escola e a escolha profissional. Sobre isso, Sposito (2003) acrescenta que o

desencontro entre o “mundo da escola” e o “mundo dos jovens” traz perdas para todos os

atores escolares, já que eles acabam imersos numa rotina desinteressante e pouco

motivadora, num ambiente pouco propício para os aprendizados e vivências que a escola

pode e deve promover.

Esta não promoção citada pela autora, falando em termos de jovens, pode ser

notada pelo total desconhecimento e desinteresse destes frente ao mercado de trabalho.

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Este descaso é constatado por diversas pesquisas na área que apontam a insatisfação na

carreira escolhida, dificuldade de inserção no mercado, despreparo deste jovem ou

adolescente para uma escolha pautada em argumentos reais do mundo laboral, dentre

outros fatores, questiona-se o fato de a escola exercer seu papel como ente isolado e não

como elo no processo jovem, ensino superior e mercado de trabalho.

A escola entende seu papel até o término do ensino médio como obrigação de

ensino cumprida, porém não auxilia e pouco incentiva na formação deste aluno cidadão

apto e capaz de escolhas. Pouco se discute a orientação profissional no âmbito escolar e

as dúvidas começam a emergir nos jovens devido às cobranças externas. Mas porque

tantas dúvidas e questões emergem nesta fase da vida? Segundo Lisboa (1977) é porque

neste período o jovem começa a vislumbrar o futuro, é nesta fase que começam as

indagações advindas dos pais, parentes e amigos sobre o que fazer e qual carreira seguir.

Os anseios, até então subjetivos, começam a tomar forma e vêm à tona com uma série de

incertezas e buscando a objetivação e concretização, o jovem precisa construir sua

identidade e definir sua profissão. Este momento é tão difícil, porque, como afirma

Rappaport (1998), o final da infância é sinalizado pela primeira grande escolha

praticamente individual deste jovem, a escolha profissional e a entrada na vida adulta, um

passo bastante significativo para um indivíduo que se torna responsável por inúmeras

coisas de uma hora para outra, tal escolha, passo bastante significativo para um indivíduo

que se torna responsável por inúmeras situações e escolhas muitas vezes implicadas no

desconhecido

Por imaturidade, desconhecimento, inexperiência e falta de apoio, o jovem

brasileiro tem sérias dificuldades na escolha de sua carreira. A influência da família e de

amigos, aliada à falta de informações são os fatores que pesam na tomada de decisão por

parte do jovem. Na dúvida, cheio de insegurança, a maioria deles opta pelas carreiras

tradicionais, já totalmente saturadas no mercado, conforme afirma Bortolozzi (2014).

Caberia à escola o papel orientador? Imagina-se que sim, com o intuito de assegurar seu

papel social na constituição de indivíduos mais seguros e preparados para escolhas frente

ao seu futuro profissional.

A facilidade da transição escola-trabalho dependeria, então, não apenas de

características do indivíduo, ou da estrutura e funcionamento do mercado de trabalho,

mas também, e em grande medida, do modo como estão organizados os sistemas

educativos nas diferentes sociedades. Modelos que promovam a formação específica e

técnica se tornam um caminho possível e permitem um tipo de engajamento profissional,

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provavelmente serão diferentes grandemente de modelos de sistemas escolares que

almejam dotar os jovens de uma formação generalista, a ser completada fora da escola,

por novos diplomas específicos.

Valore (1999) assinala considerações significativas, afirmando que esta etapa de

escolha é uma das tantas que o jovem terá que encarar que envolvem o processo

profissional, processo este que não é engessado, ao contrário, é contínuo e o jovem precisa

estar apto a fazer sempre novas escolhas e a cada nova escolha se reconhecer e se

aprimorar, identificar suas melhores habilidades para futuramente torná-las

competências.

O jovem escolhe sua profissão, baseado no que acha melhor e mais interessante,

estuda por muitos anos com afinco e quando finda esta etapa se depara com um mercado

ocioso de seus serviços, com menos demanda que mão de obra, vem então o segundo

desafio a ser vencido, trabalhar com a frustração de estar pronto para o mercado, porém

este não o absorve por inúmeros motivos, um dos mais comuns é que o mercado busca

hoje por habilidades e competências, está baseado no ser e não apenas no saber, para

exemplificar isto podemos citar o exemplo de McClelland (1995, p 129), que há tempos

atrás já mencionava:

Meu exemplo clássico é o do Frentista de posto de gasolina. Você pode medir a habilidade de que ele precisa para desatarraxar a tampa do tanque de gasolina e colocar a gasolina, mas estas habilidades não irão influenciar na quantidade de gasolina que essa pessoa vai vender. Porém, algo que mais tarde viemos a chamar de ‘Orientação para Servir o Cliente’ - basicamente, se o Frentista se mostra simpático e limpo o para-brisa - tem mais influência na venda da gasolina do que as habilidades específicas de encher o tanque. Assim, chamamos de Competência essa Orientação para servi-lo o Cliente - uma característica humana ou uma habilidade que está associada com o sucesso no trabalho.

Dutra (2001) relata que no fim da Idade Média a expressão competência era

associada basicamente à linguagem jurídica, à faculdade atribuída a alguém ou a uma

instituição para apreciar e julgar certas questões; posteriormente o termo veio a designar o

reconhecimento social sobre a capacidade de alguém se pronunciar a respeito de

determinado assunto; mais tarde o conceito de competência passou a ser utilizado de forma

mais genérica para qualificar o indivíduo capaz de realizar determinado trabalho.

Muitas são as definições para o conceito de competência, diversos autores

pontuam as formas como as competências são expressas e as diversas formas de categorizá-

las. Segundo Teixeira (2004) existem as seguintes formas de expressão de competência:

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1. Conhecimentos sobre normas e procedimentos específicos (competência

para executar);

2. Capacidade para planejar cada passo do processo (competência para planejar).

3. Poder intuitivo (conhecimento intrínseco) para prever fatores imponderáveis

(competência para prever);

4. Experiência acumulada na solução de desvios na continuidade do processo

(competência para decidir).

Fleury e Fleury (2000) e Dutra (2001) procuraram, em sua proposta conceitual

Sobre competência, ir além das definições tradicionais da vertente norte-americana: que

propõe a somatória de conhecimentos, habilidades e atitudes proposta na qual a

competência somente se dá se houver conhecimento, habilidade e atitude (C + H + A)

englobando não somente as questões técnicas, mas também de cognição, necessárias à

execução de um determinado trabalho. A junção das três iniciais (CHA) seria o que uma

função/cargo de uma empresa exige para que o serviço/produto seja bem administrado e

de boa qualidade. Os autores acima desenvolveram um modelo focado na escola francesa,

com a abordagem mais comportamental para a noção de competência nas organizações,

onde os resultados estão atrelados ao desenvolvimento profissional e pessoal dos

indivíduos, como a aptidão que um indivíduo tem em ser proativo, de ir além do que está

previsto, relaciona a competência com o desempenho extra.

Para Resende (2003), as competências podem ser categorizadas da seguinte

forma:

• Técnicas: Domínio apenas de determinadas especialidades;

• Intelectuais: Aplicações de aptidões mentais;

• Cognitivas: Misto de capacidade intelectual com domínio de conhecimento;

• Relacionais: Envolvem atividades práticas de relações e interações;

• Sociais e políticas: Relações e participações na sociedade;

• Didático-Pedagógicas: Voltadas a educação e ensino;

• Metodológicas: Técnicas e meios de organização de atividades e trabalhos;

• Lideranças: Habilidades pessoais e conhecimentos de técnicas de influenciar e conduzir

pessoas;

• Organizacionais: Competências de organização e gestão empresarial. Todas elas são

levadas em consideração na avaliação de desempenho dentre da realidade e cultura da

organização.

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Assim, competência não é apenas o conhecimento do que fazer, não é apenas a

habilidade necessária, nem mesmo apenas a aptidão, o que faz o diferencial é o conjunto

de tudo isto atrelado a comportamentos que fazem a diferença. O profissional deverá ser

proativo, dinâmico, ágil, maleável, flexível, versátil, capaz de criar, resolver problemas,

adaptar-se, muito mais do que apenas um bom “fazedor” (PAIXÃO, 2005; MELO;

BORGES 2007). Silva (2013) afirma que ingressar no mercado de trabalho seria a

continuidade de uma trajetória de saída do sistema escolar, faces de uma mesma moeda,

a do processo de individualização, pensando do ponto de vista da autonomização do

jovem em relação à família; ou, pensando num sentido mais amplo, do seu processo de

autonomização de status, se tomarmos o ponto de vista dos elos entre indivíduo e estrutura

social.

Quando este processo de individualização não funciona como deveria, o jovem

sente-se totalmente incapaz e não consegue atingir o que para Pappámikail (2010) seria a

autonomia e liberdade, que estão intrinsecamente relacionadas a fatores sociais e

econômicos desta fase. Estes interferem fortemente no ingresso da vida adulta e permeiam

o sucesso ou fracasso deste jovem frente à sociedade, a dependência material de muitos

jovens das suas famílias pode inibir o reconhecimento público da sua autonomia, mas não

impede a sua construção. Muitos jovens reagem, justamente, reivindicando a autonomia

como um dos principais pontos de amadurecimento, além disto, tem a liberdade que diz

respeito à capacidade de agir sem constrangimentos e com os recursos e o poder

necessários para objetivar as intenções que motivam a ação em primeiro lugar e sustentam

a vida em sociedade.

Assim, feita a escolha, ingressado no mercado, a busca pela realização, tanto

profissional quanto pessoal perante a sociedade, torna-se um dos objetivos finais do

homem moderno, como sinal de sucesso e status. Neste aspecto, entende-se que o estar

jovem é um momento crítico, pois se espera o apoio da escola ou instituições de ensino

superior subsidiando as informações necessárias para que este indivíduo possa tomar

decisões balizadas em fatores reais e estar ciente do que o espera no momento final de

seu período como discente. Cabe às instituições fomentar o desejo do jovem por mais

conhecimento, auxiliar no desenvolvimento e reconhecimento de suas competências,

propiciar o autoconhecimento de suas habilidades para que consiga, assim, tomar

decisões assertivas frente a seu futuro. Quando se tem auto eficácia todas as demais ações

que virão se tornam mais fáceis e a busca pelos caminhos adequados passa a ser muito

mais acertada.

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O trabalho é, em primeiro lugar, um processo do qual participam igualmente o homem e a natureza, e no qual o homem espontaneamente inicia, regula e controla as relações materiais entre si próprios e a natureza. Ele se opõe à natureza como uma de suas próprias forças, pondo em movimento braços e pernas, as forças naturais de seu corpo, a fim de apropriar-se das produções da natureza de forma ajustada a suas próprias necessidades. Pois, atuando assim sobre o mundo exterior e modificando-o, ao mesmo tempo ele modifica a sua própria natureza (MARX, 1989, p.149).

Podemos entender o trabalho como uma experiência social, atividade de

produção de bens ou serviços que nos garante a sobrevivência, bem como nos dá alguma

posição dentro do grupo social no qual estamos inseridos. Segundo Cattani (2000) o

trabalho explica a sociedade capitalista nas situações laborais e relações sociais ali

produzidas, contextualizando o autor e estimulando o jovem quanto a sua inserção no

mercado, entende-se como um momento crucial, envolto por subjetividade e surpresas

que o mercado oferece para os jovens.

1.2. Escolha Profissional.

Nesta seção temas atuais que se tornam preocupações dos jovens, porque não

dizer, que assustam, serão abordados: o processo de escolha profissional, a contribuição

da orientação profissional neste momento e a inserção no mercado de trabalho. Soares

(2009) afirma que não é fácil escolher, neste sentido baseia sua afirmação no fato de os

jovens se depararem com um mundo de possibilidades, uma sociedade com

ambiguidades, pessoas de muito sucesso, felizes, infelizes e aquelas que mesmo inseridas

permanecem na incerteza. Isso quer dizer que há dúvidas quanto a saberem se o que fazem

é mesmo o que gostam.

Diante de tantos altos e baixos o jovem julga esta como uma fase decisiva em sua

vida, aquilo que desenhará seu futuro, uma decisão que, muitas vezes, não é única e vem

acompanhada com uma bagagem significativa de expectativas da família, amigos e a

cobrança natural de chegado o momento de saber o que fazer agora. Bauman (2001) já

dizia “A infelicidade decorreria, então, não da falta de escolhas, mas do excesso de

possibilidades e desejos nunca saciados”, o autor fala em infelicidade associada às muitas

possibilidades. É natural do ser humano a busca constante, a manivela motora para nossa

motivação é a busca insaciável por aquilo que nem sabemos bem o que é.

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Vivemos em uma sociedade de consumo de todos os tipos e para nos sentirmos

incluídos precisamos consumir, o dinheiro na maioria das vezes vem como consequência

do trabalho, a não ser em salvos casos de herança, ganhar na loteria e aplicações

financeiras. Excluindo estas possibilidades, é com o trabalho que conseguimos prover

nossas necessidades e alcançar suprir os desejos de consumo. Por estes e outros motivos

a escolha de uma profissão parece fundamental.

Bock (2010) afirma que uma boa escolha é a que consegue refletir sobre o maior

número de significações para eleger o projeto de vida, estas significações estão atreladas

ao que é importante para o indivíduo, além de determinantes externos, advindos da

situação e contexto social de cada um. .

Portanto, vamos entender o sujeito que é ao mesmo tempo único e singular, mas também social e histórico como aquele que transforma o social em psicológico, como aquele que vive a unidade contraditória do simbólico e do emocional e como aquele que vive a unidade contraditória do simbólico e do emocional e como aquele que produz sentidos subjetivos. Por isso, com certeza, ele escolhe. Colocadas tais ressalvas, voltamos a afirmar que o sujeito escolhe e que o ato de escolher é uma das expressões únicas, singulares, sociais e históricas (AGUIAR, 2006, pg.98).

Assim, a todo e qualquer processo de escolha, seja ele baseado na escolha

profissional ou nas escolhas que fazemos em todos os momentos de nossas vidas, estas

nunca estão embasadas apenas na escolha de um ou outro, no que gosto ou me atrai mais,

mas sim no contexto que cada escolha representa para o sujeito, carregadas de cargas

simbólicas, singulares, sociais e históricas, as quais não se dissociam. Aguiar (2006)

menciona, sobre a qualidade das escolhas, que o processo de orientação profissional pode

auxiliar este sujeito a entender o conhecimento que tem sobre si e sobre o que quer, ou

melhor, o que acha que tem de conhecimento sobre si e sobre o que quer. Este é o papel

fundamental do processo da orientação, promover estas indagações ao sujeito, questionar

sobre os porquês, auxiliar o jovem mediando suas afirmações e as contrapondo, bem

como questionando as suas justificativas. Portanto, proporcionar,

[...] que o sujeito aprenda a identificar o que terá de buscar para construir uma carreira que lhe traga essa satisfação, bem como favorecer a aprendizagem necessária à realização de escolhas e ao desenvolvimento de estratégias que permitam o alcance dos objetivos desejados (LUNA et al, 2014 p. 277).

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Um questionamento fundamental deve ser feito quando falamos de escolhas, de

onde vem esta construção da necessidade de escolha, busca incessante para suprir nossos

desejos de consumo. É necessário retomar a história na Grécia antiga, por exemplo,

aqueles que trabalhavam eram os menos afortunados e não havia escolha, era preciso que

alguns pensassem e outros produzissem, o trabalho era visto como algo degradador, com

o passar do tempo a necessidade foi fazendo com que novas atitudes surgissem. Bock

(2001) afirma que na idade média as experiências laborais passavam de pai para filho,

uns eram nobres, outros trabalhadores. Dessa maneira, neste modo de produção não havia

escolha de uma profissão por parte dos sujeitos, os laços de sangue é que determinavam

e explicavam a estrutura social.

Com a Revolução Industrial e a institucionalização do capitalismo, o trabalho

não tinha apenas a função de servir as necessidades e sim de gerar renda, o que mudou

as formas de trabalho e fez com que se criassem novas possibilidades, uma delas foi a

introdução das mulheres no mundo laboral. Novas profissões foram tomando forma e a

princípio algumas foram rotuladas como atividades masculinas e outras femininas, mais

ou menos promissoras, mas que levaram a ter também a inserção do tema sobre questões

de gênero na escolha profissional, assunto amplamente discutido na literatura e com

origem enraizada sócio historicamente.

Partindo de uma base privada, como diria Bonelli (2008), a mulher tem, ainda,

o papel de assumir as responsabilidades do lar, do núcleo familiar, por isto o termo

privado, já o homem, apesar das mudanças, ainda é visto como o responsável pelo

público, no sentido de suprir as necessidades da família. Lassance e Sparta (2003)

contribuem para esse entendimento quando mencionam sobre a atividade feminina,

Mesmo com atividade profissional regular, mulheres com carreiras, muitas vezes não se descrevem como trabalhadoras, mas como mães-esposas-donas-de-casa-que-trabalham.O trabalho passa a ser possível ou justificado e analisado em função das possibilidades de gerenciamento eficiente da esfera doméstica, pois mesmo que estas mulheres não o realizem, elas mesmas, o trabalho doméstico, são por ele responsáveis.

Assim, as diferenças que a princípio são gritantes, diferenças estas entre homens

e mulheres assumem papel importante quando da decisão da escolha profissional. Esta

pesquisa não tem por base discutir centralmente a questão de gênero, nem tão pouco

aprofundar sobre o assunto, uma vez que não é o foco principal, no entanto, não se pode

ignorar as marcas pertinentes que foram facilmente identificadas e emergiram no campo

da investigação. Como já se ponderou tem-se por fundamento que as mulheres buscam

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atividades mais relacionadas à área do cuidado, atividades culturais e de ensino, saúde,

em contrapartida os homens buscam com mais frequência áreas das ciências exatas, por

exemplo. Convém ressaltar que este fato não é uma regra que se segue, mas são apenas

números que contribuem para este segmento pesquisado, que são jovens universitários de

dois cursos, de Contabilidade e Psicologia. Como referência, temos no questionário

aplicado nesta pesquisa, 35 alunos do curso de Psicologia, (30 mulheres e 5 homens), no

curso de Contabilidade 23 alunos, (20 homens e 13 mulheres), vem de certa forma

corroborar com o exposto acima, demonstrando que em um curso em que se discutem

mais as questões de relações humanas as mulheres predominam, em contabilidade há um

equilíbrio maior, o que reforça também o fato das mulheres buscarem mais a formação

superior que os homens. Tal informação pode ser observada nos índices do INEP

apresentados no Portal Brasil. Como podemos verificar o número de mulheres que

ingressam no ensino superior supera o de homens.

Quadro 01 – Índices do INEP para o decênio até 2013

Fonte: (Portal Brasil)

Quando o assunto é escolha profissional, parafraseando Bock (2010), muitos

determinantes e significações são levados em consideração, não é apenas o que se quer e

o que se conhece que o mercado impõe, não importa se é homem ou mulher, mas toda

escolha é difícil, é um conjunto de variantes que interferem, e para auxiliar na organização

destas variantes que se fala em orientação profissional. Quando falamos nestes termos,

primeiro em “Orientação Profissional” e, posteriormente, “inserção profissional” se torna

1. O percentual médio de ingresso de alunas até 2013: 55% do total em cursos de

graduação;

2. No último ano do decênio, do total aproximado de 6 milhões de matrículas, 3,4

milhões foram de mulheres, contra 2,7 milhões do sexo oposto;

3. Na conclusão dos estudos, 491 mil alunas formaram-se, enquanto 338 mil homens

terminaram seus cursos em 2013.

4. Essa forte presença feminina está mais atrelada aos cursos de humanas. No ano de

2011, por exemplo, 64% dos bolsistas do CNPq na área de ciências exatas da terra

eram homens; em engenharia e computação, 66%.

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necessário antes de tudo definir a nomenclatura que utilizamos, visto a gama significativa

de expressões para definir esta área de trabalho. As definições mais comumente

utilizadas, segundo a Revista Brasileira de Orientação Profissional (ABOP), são

orientação vocacional, orientação profissional, orientação ocupacional e

orientação/aconselhamento de carreira.

Entretanto, no que consiste a prática de orientação profissional? Importante

mencionar e fazer um breve relato sobre o tema. Segundo Lima (2007), o trabalho da

orientação profissional é um processo de facilitação, baseado no autoconhecimento e

conhecimento de atividades laborais para uma escolha mais acertada referente à futura

profissão. Já Levenfus (1997) apresenta a questão da orientação vocacional a partir de

diversas perspectivas psicológicas.

Quadro 02 – Teorias Psicológicas em Orientação Profissional

TEORIA PROPOSTA AUTORES

Traço e Fator Método mais utilizado

entre 1900 a 1950

Análise das ocupações, conceito de aptidões inatas.

Utilização de Testes

Frank Parsons

Psicodinâmicas

Abordagem que utiliza a concepção dos instintos

acredita na continuidade de nossos desejos primários

que se atendidos na profissão terá êxito.

Anne Roe (1956) Bordin (1963) Nachmann (1963) Segall(1963) Meadow (1963)

Tipológicas

Interesses pessoais unificam com as

possibilidades ambientais. Elege tipos de

personalidade Ex: social convencional, artístico,

intelectual...

Holland (1966)

Desenvolvementista

Processo com início na infância e término na fase

adulta. Desejo x Possibilidades.

Eli Ginzberg (1951) Super (1953) Tieelman e O’Hara (1963)

SocioCognitiva

Autoconhecimento Análise Situacional

Busca de informações

Gellat (1962) Hilton (1962) Hershenson e Roth (1966)

Fonte: ( Levenfus, 1997)

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As teorias servem de esteio para a base de trabalho dos psicólogos e dos

orientadores, tomam o indivíduo em suas mais diversas perspectivas e levam em

consideração diversos fatores, que, como já mencionado anteriormente, é o que propicia

o processo de escolha.

Segundo Luna et al (2014) diversos estudos sobre jovens de escolas públicas e

privadas referente a escolha profissional foram realizados e os resultados apontam para

escolhas incertas, imaturidade, baixo conhecimento das profissões e dificuldades em

identificar seus interesses e desejos, fatos estes que podem justificar a evasão das

universidades e estudantes descontentes com suas escolhas.

Vivemos hoje questões da contemporaneidade que muito influenciam nos

resultados citados por Luna et al (2014), estamos envoltos em um momento da

modernidade líquida como comentam os autores, em que as coisas são efêmeras e

passageiras, com objetivos definidos, porém sem planejamento de ação. Os autores

também observam que o pouco engajamento e retorno em curto prazo são fatores

socioeconômicos que muito interferem nos processos de escolha pelos quais os jovens

passam. Diante da atual sociedade, de como se apresenta, reforçam a importância de

processos de orientação profissional, pois além de tratar as questões subjetivas do

indivíduo, também auxilia no entendimento das necessidade apresentadas pelo mercado

de trabalho, que exigem hoje as competências tão comentadas.

1.3. Inserção Profissional.

Nesta seção é importante destacar sobre a inserção profissional que é entendida,

como o próprio nome sugere, como a entrada no campo laboral, as primeiras experiências

profissionais, é o início da vida produtiva e porque não dizer, remunerada do indivíduo.

Segundo Rocha-de-Oliveira (2011) a expressão inserção profissional surge na década de

80, do século XX, utilizada em textos legais para expressar a dificuldade dos jovens

recém-formados de ingressar no mercado de trabalho, ingresso este, relacionado ao

término das atividades acadêmicas e acesso às atividades laborais propriamente ditas.

Muitas são as perspectivas de autores com entendimentos diferentes sobre este

assunto, com a finalidade de explicarem as facilidades ou dificuldades, de acordo com

pontos de vista a priori observados. Dubar (2005), por exemplo, sinaliza que há todo um

contexto social sobre as buscas de inserção, e estas estão, sim, relacionadas a contextos

familiares e escolares, cheios de carga subjetiva sobre o que se espera de tal indivíduo

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nas mais diferentes culturas e crenças compartilhadas. Para cada área, grupo, esfera,

escolhas e expectativas há um tipo de inserção, seja ela pública ou privada, que tantas

possibilidades surgem devido às diferentes juventudes e que para cada uma destas há uma

forma de inserção diferente, não podemos falar em generalização com a questão da

inserção, neste sentido, o autor questiona a respeito das políticas públicas e sobre a

construção desta força de trabalho para a adequada e ágil inserção do jovem no mercado.

Se retomarmos algumas décadas atrás e pensarmos na inserção profissional do

jovem no Brasil, trazendo a tona às questões de políticas públicas e o que se menciona no

Plano Nacional de Educação PNE (2013), será possível entender que a inserção do jovem

no mercado de trabalho dava-se devido à situação sócio política do país, uma sociedade,

ainda, muito cindida em classes, em que os filhos dos mais abastados, da elite, iam estudar

fora do Brasil e os que aqui permaneciam precisavam ser mais bem aproveitados como

mão-de-obra. Assim, nas Leis de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1961,

aparecem objetivos da formação para o trabalho, em breves linhas, surge o ensino

profissionalizante como alternativa para suprir as necessidades.

Este fato mais tarde é inserido como discurso de manobra na LDB, de 1996,

quando surge uma nova nomenclatura para o ensino que até então era formador de

trabalhadores, o de preparar para a vida também, assim o que era ensino profissionalizante

entendido como ensino médio, torna-se obrigatório e o último estágio da educação básica.

Os processos vão se desenvolvendo e evoluindo dentro do PNE, são propostas melhorias

no currículo e nas políticas públicas com o objetivo de preparar melhor este jovem para

a vida, sociedade e, consequentemente, tornando-o mais apto a se inserir no mundo do

trabalho. A meta 3 (três) do PNE (2013), aborda questões pertinentes que podem interferir

positivamente, se bem administradas, para a formação do jovem e sua inserção acadêmica

e profissional. Entre elas universalizar o ensino, política curricular guiada pelo trabalho,

ciência e cultura, além de reconhecer o estágio como oportunidade de contextualização,

tende a ser benéfica aos jovens.

Este sucinto retorno à história nos remete apenas à questão da inserção atrelada

ao jovem e sua formação escolar ou acadêmica, no entanto, Cordeiro (2002) diz que a

inserção profissional está vinculada aos jovens e adultos, principalmente, porque trazem

estas questões muito associadas às instituições e suas formas de contratação, como lidam

com as mudanças do mercado e como os setores de Recursos Humanos sentem a equipe,

bem como o que é necessário para dados momentos da organização como, por exemplo:

renovação do quadro, busca por novas competências, contratações temporárias,

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terceirizadas, etc. Trata a inserção profissional não apenas pela ótica dos jovens

universitários em processo transitório academia/trabalho recém-formados, mas sim de

todos aqueles que pretendem ingressar ou se reinserir no mundo laboral.

Efetivamente todas as perspectivas têm sustentação para propiciar a costura desta

enseada de conceitos e nos fazer entender que o processo de inserção profissional conta

com a situação financeira e econômica do país, além de que sofre grande influência da

família e do contexto social de cada indivíduo, bem como a necessidade de ações das

instituições de ensino para preparar melhor este jovem, ou melhor, para alertá-lo sobre o

mercado, os programas institucionais, governamentais, programas de Trainee das

empresas que surgem para buscar esta nova força de trabalho.

O quadro a seguir exemplifica e resume bem os fatores que envolvem e

desenvolvem a inserção profissional citada pelos autores, os fatores sócios históricos

como pontos relevantes, a estrutura demográfica em que este indivíduo está inserido, a

conjuntura econômica e o desenvolvimento regional, dentre os aspectos individuais,

como a forte influência da família, das representações sociais e das expectativas

profissionais que irão refletir nos aspectos institucionais e nestes grupos anteriores, por

meio das políticas públicas, das organizações de um contexto mercadológico, que é todo

costurado em torno deste “eu” e a inserção profissional

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Quadro 03 – Inserção Profissional

Contexto Sócio histórico Estrutura Demográfica e ocupacional

Conjuntura Econômica

Níveis de formação da mão-de-obra

Desenvolvimento tecnológico e industrial

Inserção Profissional Aspectos Individuais Origem Familiar

Representações do trabalho

Experiências Profissionais

Expectativas Profissionais

Estratégias de Inserção

Aspectos Institucionais Regulamentações Estatais

Políticas Públicas

Políticas de Gestão de RH

Organizações Profissionais

Agentes Intermediários

Instituições de Ensino

Fonte: Rocha-de-Oliveira, 2011.

Outro aspecto importante relacionado aos fatores que envolvem a inserção no

mercado de trabalho através das constantes mudanças é que se percebe um movimento

em prol das competências comportamentais inventariadas ao ser e não apenas ao saber ou

saber fazer, o que de certa forma pode auxiliar o jovem se analisarmos isto como uma

tendência da contemporaneidade em buscar mais do que apenas a prática. Como

referência a este fator Barlach; Limongi-França; Malvezzi (2008) assinalam que a

resiliência é uma das competências mais importantes da atualidade, esta capacidade de

superar desafios e os jovens podem ser bons nesta habilidade de superação, por exemplo.

As competências, conforme comentado anteriormente, interferem

significativamente na facilidade ou não de inserção profissional, além das competências

um bom planejamento de carreira pensado no desenvolvimento desta ajuda muito na

inserção profissional acertada.

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Quando falamos em desenvolvimento de carreira Silva, Coelho, e Teixeira

(2013) salientam que as vivências acadêmicas são muito importantes neste processo,

durante a formação os estudantes têm oportunidade de conhecer a profissão, adquirir

conhecimentos, desenvolver as competências necessárias e repensar a escolha do curso,

verifica-se que o desenvolvimento de carreira é um processo que influencia mudanças

sistemáticas que podem ser observadas no comportamento.

Umas das principais teorias do desenvolvimento de carreira é a de Super (1980),

este autor entende que desenvolvimento de carreira ocorre por meio de cinco grandes

estágios: crescimento, exploração, estabelecimento, manutenção e desengajamento.

Segundo Ourique e Teixeira (2012), discutindo sobre a teoria, atentam que é difícil

determinar o conjunto de variáveis que compõe o desenvolvimento de carreira, com

base na multiplicidade de aportes teóricos e na importância de se avaliar o

comportamento vocacional.

Quadro 04 – Indicadores de Desenvolvimento de Carreira

Comprometimento Decisão Exploração Lócus de

Controle

Autoeficácia

Motivação,

Envolvimento

Satisfação

Referentes a

escolha

profissional

(Teixeira, 2010),

Objetivos

Interesses

Talentos

Busca de

ações para

alcance

(Teixeira

& Gomes,

2005

Auto reflexão

Monitoramento

de carreira

Networking

(Ourique &

Teixeira,

2012)

Relacionados

à crenças.

(Lent,

Brown, &

Hackett,

1994)

Capacidade

para

desempenhar

sua profissão.

Bandura

(2008)

Fonte:Teixeira, 2010

Considerando a importância dos indicadores de desenvolvimento de carreira, o

estudo de Ourique e Teixeira (2012) constatou que os construtos de vivência acadêmica,

o bem estar físico e psicológico, bem como as perspectivas sobre o curso e a carreira são

os aspectos que exercem efeito mais expressivo no desenvolvimento de carreira. Vale

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ressaltar ainda que a satisfação com o curso aparece muito relacionada com os

indicadores de desenvolvimento de carreira. Esses achados podem fornecer subsídios

para a atuação na área de orientação profissional, propiciando a escolha adequada do

curso.

Assim, quando pensamos em desenvolvimento de carreira, orientação

profissional, escolha profissional e inserção no mercado de trabalho, percebemos um

fluxo de processos que podem ser trabalhados para a auxílio nas escolhas e posterior

maior índice de sucesso dos futuros profissionais.

1.4. Sentido e Significado do Trabalho

Falar em sentido e significado do trabalho não seria possível sem mencionar o

que é o trabalho, este movimento contínuo de transformação entre o homem e a natureza

que resulta na produção de algo como menciona Marx(1989). Então, poderíamos supor

que trabalho e emprego, assim como sentido e significado todas seriam palavras

sinônimas? A resposta para esta pergunta é não, para ambas as comparações.

Partindo do pressuposto sobre o trabalho sendo a transformação da natureza pelo

homem para a satisfação de suas necessidades, sejam elas básicas ou não, temos a

conceituação do que seria o trabalho. No entanto, segundo Raitz (2008), o emprego

constitui uma relação diferente, que surgiu na Revolução Industrial, século XIX, quando

o homem percebeu as relações de troca, ou seja, a venda e a compra desta força de

trabalho. Segundo Coutinho (2009) o trabalho é componente central na vida do sujeito,

ao passo que permite aprimorar a subjetividade, construir identidade, agir, produzir, ter,

pensar, transformar. Avançando para a discussão do sentido do trabalho, destaca-se a

dimensão da subjetividade humana, pois o sentido que o trabalho tem para cada indivíduo

é construído por meio da compreensão da subjetividade individual. Pensar a subjetividade

relacionada ao trabalho implica pensar os modos como as experiências do trabalho

contribuem para formar modos de agir, pensar, sentir e trabalhar (LIMA et al, 2013).

Ao longo dos anos o trabalho vai se modificando de acordo com as necessidades

do homem e da sociedade onde está inserido, se o trabalho é mutante seu sentido e

significados acompanham este processo de remodelação. Assim o sentido que o trabalho

tinha séculos atrás pode não ser o mesmo de agora. Entendendo que sentido e significado

não são a mesma coisa, Tolfo et al (2016) afirma que as diferenças entre os dois termos

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está relacionada a forma como são entendidos pelo indivíduo, ou seja, o sentido do

trabalho é um termo de acepção individual e subjetivo que cada um carrega consigo a

partir de fenômenos epistemológicos e empíricos sobre o trabalho, enquanto que o

significado está atrelado há um contexto pré-estabelecido e coletivo.

Tolfo et al (2016) citam o MOW - Meaning of Work, um grupo de pesquisas

internacionais, sediado no Canadá, que investiga o sentido e a centralidade do trabalho

em diversos países, desde a década de 1970. Este tem dado suporte às pesquisas nacionais

no quesito sentido e significado do trabalho. Pesquisadores estabeleceram, a partir de

estudos empíricos, as seguintes dimensões: centralidade do trabalho (importância

atribuída a ele na vida da pessoa), normas sociais sobre o trabalho (derivadas de valores

morais relacionados ao trabalho) e resultados valorizados do trabalho, o que os levam a

trabalhar. Essa perspectiva consiste nos significados “como produtos históricos de um

grupo social, que, no âmbito do sujeito, remetem a um sentido, relacionado com a

realidade, com a própria vida e com motivos individuais” (TOLFO et al, 2016, p.114).

É pela inserção nas organizações e pelo exercício do seu trabalho que o homem

expressa suas ações e revela suas subjetividades. Lima et al. (2013, apud HELLER,

2004) explicam que o homem expressa sua subjetividade na vida cotidiana, anuncia sua

individualidade, os sentidos, as capacidades intelectuais, habilidades, sentimentos e

ideologias. Na perspectiva histórico-cultural Vygostky (1991) revela a diferença entre

significado e sentido, em que o primeiro é da ordem do público e o segundo é da ordem

do privado. A possibilidade de acessar a subjetividade de sujeitos acontece a partir do

sentido, tão logo, esta tem um caráter social, construído e determinado pelos grupos em

que se está inserido, pelo contexto cultural que está permeado, pela compreensão de

situações e fenômenos à sua volta.

Os significados podem ser compreendidos pela internalização de normas e

práticas sociais que afetam os processos psicológicos e são produtos das interações

sociais. Conhecer os significados que permeiam o sujeito é o início, pois por meio desta

apropriação pode-se mergulhar nas zonas de sentido. É a interpretação do mundo que

cada pessoa faz. Em relação dialética com a realidade, o sentido exprime uma produção

pessoal decorrente da apreensão individual das experiências cotidianas e dos significados

coletivos (RAITZ; SILVA, 2014).

Entendendo sentido e significado, o primeiro é sempre para alguém, e este

alguém produz significações a partir das relações que estabelece no mundo. Estas

significações, fazem parte de todo ato humano e se apresentam na história e pela história,

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fluindo em um movimento que transforma e supera novas significações, traduzindo

histórias passadas, em expectativas futuras e também no cotidiano, o segundo expresso

pelo contexto geral, pela união dos vários sentidos para a formação do significado.

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2. TRAJETÓRIA METODOLÓGICA

Neste capítulo apresentam-se informações referentes ao caminho percorrido na

pesquisa de campo, as conexões realizadas com dados estatísticos e qualitativos, os

instrumentos de coleta de dados, assim como o contexto e os sujeitos que participaram da

investigação.

A pesquisa encontra-se pautada na percepção dos participantes e para efetivar a

sua significação a abordagem qualitativa foi utilizada, não obstante utilizei dados

quantitativos coletados por meio de questionário aplicado e para análise qualitativa como

ferramenta foi utilizado o grupo focal.

Abordaremos as conceituações dos métodos, como se deu a aplicação de

questionário e o desenrolar do grupo focal referente à coleta de dados, como estes foram

tratados e por fim as observações possíveis através da análise de conteúdo pautada nas

categorias elencadas. Convém ressaltar que esta investigação não se configura como

estudo comparativo, no entanto, traz as semelhanças e diferenças que existem entre os

cursos e os sujeitos participantes apenas como reflexões analíticas compondo aquilo que

Pais (2005) menciona sobre o perfil heterogêneo e as situações vividas pela juventude na

atualidade.

2.1 Caminho Percorrido

Neste item será abordado o caminho percorrido para obtenção dos resultados

posteriormente apresentados, entendendo inicialmente a importância da conceituação do

que é uma pesquisa quantitativa e qualitativa, deixando claro de antemão que ambas se

complementam quando na análise dos dados, tanto no viés estatístico como na análise do

conteúdo. A pesquisa quantitativa faz uso de um número maior e mais genérico de

informações de modo geral, como o próprio nome já diz nos remete a interpretar números,

dados e percentuais com exatidão, objetividade, não subjetivos. A pesquisa qualitativa

considera como relevantes às formas individuais de entendimento do mundo social e

informações mais da subjetividade dos sujeitos.

Nesta perspectiva, Minayo (2010) trabalha com uma gama significativa de

motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes para fundamentar a pesquisa qualitativa.

Ainda, segundo esta autora, este tipo de investigação se divide em três partes, a primeira

é a fase exploratória, em que o pesquisador delimita seu objeto de estudo, a segunda está

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associada à pesquisa no campo, neste sentido, o pesquisador utiliza as técnicas que são

mais adequadas ao objetivo da pesquisa e aos agentes a serem pesquisados e, por fim, a

análise dos dados obtidos no campo, que ela chama de análise e tratamento do material

empírico.

Com adoção de ambas as técnicas de coleta, o questionário e a condução do

grupo focal, é importante descrever como foi o processo lançando reflexões significativas

sobre atribuições e o olhar sensível na relação pesquisador-pesquisado. A aplicação do

questionário foi muito prática, um contato apenas, sem o diálogo aprofundado com os

participantes, apenas transmitindo orientações sobre a pesquisa: objetivos, como

preencher o questionário e questões éticas da pesquisa. Em contrapartida, a condução do

grupo focal, proporcionou-me um contato maior com o grupo entrevistado, contribuiu

para minha compreensão de como os jovens universitários enxergam a situação referente

ao trabalho, escolha e todo o processo de inserção, tanto acadêmica quanto laboral ou

profissional.

Foi fundamental experimentar esse processo, inclusive perceber o timbre de voz

mudar e aumentar de acordo com a intensidade e significado da pergunta elaborada para

eles. A postura individual mediante o grupo, a visibilidade ao dar voz a estes sujeitos

opinantes sobre um tema tão expressivo na atualidade, foram extremamente gratificantes.

As duas técnicas foram essenciais no processo de pesquisa, porém como tudo e todos

divergem em seus papéis no mundo, eu como pesquisadora e psicóloga não poderia deixar

de pontuar as nítidas diferenças que senti na aplicação e utilização dos dois métodos.

Neste aspecto, como assinala André (2005, p.47), exemplifico meus relatos como

pesquisadora quando trata-se do contato com os sujeitos da pesquisa,

As abordagens qualitativas de pesquisa se fundamentam numa perspectiva que valoriza o papel ativo do sujeito no processo de produção de conhecimento e que concebe a realidade com uma construção social. Assim, o mundo do sujeito, os significados que atribui às suas experiências cotidianas, sua linguagem, suas produções culturais e suas formas de interações sociais constituem os núcleos centrais de preocupação dos pesquisadores.

Minayo (2010) baliza que o campo da pesquisa social não é transparente e livre

de interferências. Segundo ela, tanto os pesquisados quanto o pesquisador, influenciam

no conhecimento da realidade, que no trabalho de campo sempre há uma construção em

parceria.

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Independentemente da metodologia e dos instrumentos para realização e alcance

dos objetivos delimitados pela pesquisa, é de suma importância que o pesquisador tenha

o pleno consentimento de todos os envolvidos no processo de obtenção de dados, sejam

os indivíduos pesquisados, seja a instituição que abriu as portas para a realização do

estudo. A ética do pesquisador, o sigilo e o comprometimento no tratamento das

informações coletadas também constituem aspectos pontuais para o sucesso da pesquisa.

Neste sentido, cumprimos com todos os requisitos do comitê de ética da pesquisa, que

compreendem a apresentação e explicação dos documentos anexos (A e B), bem como o

recolhimento da assinatura dos participantes da pesquisa.

2.2. Cenário da Pesquisa

A pesquisa foi realizada com os alunos do ensino superior dos cursos de

Contabilidade e Psicologia da UNISOCIESC, unidades Blumenau e Balneário Camboriú.

A escolha da instituição se deve ao vínculo empregatício da pesquisadora com a

universidade em questão. Esta universidade foi fundada em 1959, inicialmente com o

nome de Escola Técnica Tupy – ETT, que surgiu como uma ideia do Sr.Hans Dieter

Schmidt, na época presidente da Fundição Tupy, que adotou o modelo da indústria suíça

da George Fischer com a proposta de capacitar e formar jovens para o promissor mercado

de trabalho de Joinville. Os primeiros cursos técnicos foram Máquinas e Motores,

transformando-se posteriormente em Mecânica e Metalurgia, pioneiros no país.

Durante anos muitos foram os processos de desenvolvimento da organização que

contou com apoio alemão aqui no Brasil, havendo intercâmbio de profissionais para o

aprimoramento da ETT em Joinville. Porém na década de 80, devido à grande crise

econômica no país, a Tupy Fundição precisou passar por reestruturação afetando a ETT

e para não acabar com a ideia de manter a escola técnica e o bom trabalho que estava

sendo desenvolvido, criou-se a Sociedade Educacional de Santa Catarina– SOCIESC,

apoiada por um conselho empresarial com representantes das principais empresas de

Joinville, a Escola técnica deixa de ser apenas do grupo Tupy e passa a ser gerida por

outros representantes.

Hoje a universidade está presente em Joinville, Blumenau, São Bento do Sul,

Balneário Camboriú e Florianópolis, em SC, e em Curitiba no PR. Atua no ensino

fundamental, fundamental bilíngue, médio, técnico, graduação, pós-graduação lato sensu

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e stricto sensu, cursos de extensão e capacitação empresarial na modalidade do ensino à

distância – EAD.

Cada unidade tem suas particularidades, cursos específicos e gestores

responsáveis. As unidades de Balneário Camboriú e Blumenau foram escolhidas, pois

ambas têm o curso de Contabilidade, porém somente Blumenau tem o de Psicologia

devido à infraestrutura para comportar o curso. Vale ressaltar que a instituição

representada por seu reitor e o responsável pelas unidades de Blumenau e Balneário

Camboriú incentivaram a pesquisa e mostraram-se solícitos em colaborar, bem como os

coordenadores dos cursos de Psicologia de Blumenau e Contabilidade de Balneário

Camboriú.

2.3. Sujeitos e Instrumentos da Pesquisa

Nesta parte da investigação destaca-se o perfil dos alunos. A pesquisa foi

realizada com todos os estudantes regulares dos cursos de Psicologia e Contabilidade das

unidades de Blumenau e Balneário Camboriú que não se opuseram em participar da

pesquisa e que se encontravam em sala no dia do questionário, independentemente do

semestre que estavam cursando e que estavam presentes em sala de aula no dia da

aplicação do questionário. Todos os alunos foram convidados a participar devido a

universidade não contar com um grupo significativo de alunos por turma, isto é válido

para ambos os cursos, seja Psicologia ou Ciências Contábeis. Ao todo foram 58

(cinquenta e oito) alunos participantes da primeira etapa da pesquisa que consistia na

aplicação de um questionário com vinte e duas perguntas, três perguntas abertas e

dezenove perguntas fechadas conforme anexo C. Deste montante total de 58 alunos, 35

(trinta e cinco) do curso de Psicologia e 23 (vinte e três) do curso de Ciências Contábeis.

Na segunda etapa, no grupo focal, técnica detalhada no próximo item desta

pesquisa, participaram 8 (oito) alunos, 4 (quatro) de cada curso. A proposta inicial seriam

10 alunos (dez), entretanto, dois se negaram a contribuir com a pesquisa, alegando falta

de tempo. A escolha dos alunos participantes foi aleatória e como mencionado

anteriormente, de acordo com presença em sala de aula no dia da realização do grupo

focal e interesse dos alunos em colaborar para o desenvolvimento da pesquisa.

Durante análise dos questionários observou-se que muitos dos alunos não se

identificaram, não preenchendo o campo dos dados de identificação, sendo esta uma das

primeiras orientações da pesquisadora, ressaltando a importância e o sigilo que envolvem

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a pesquisa. Conforme o gráfico 1 pode-se visualizar o percentual da população dos

acadêmicos dos dois cursos.

Gráfico 01 – Curso dos participantes da pesquisa.

Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora

No quadro que segue, observa-se como os alunos estão distribuídos nos

respectivos semestres:

Quadro 05 – Alocação por Semestre

Curso 1°Semestre 3°Semestre 5°Semestre 7°Semestre 9°Semestre Amostra

Psicologia xx 15 07 11 02 35

Contabilidade 02 xx xx 21 xx 23

Fonte: Dados da pesquisa e quadro elaborado pela pesquisadora

Os dados do quadro 5 denotam a diversidade no que se refere aos semestres.

Optou-se por trabalhar com semestres diversos para contrapor opiniões dos alunos

iniciantes com aqueles que já estão nos semestres finais dos respectivos cursos. A escolha

dos alunos, bem como dos cursos e da universidade foram por conveniência e pelo fácil

acesso aos estudantes.

40%60%

Cursos

Contabilidade Psicologia

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Gráfico 02 – Sexo dos participantes da pesquisa

Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora.

No gráfico 2, referente ao sexo dos participantes da pesquisa ora apresentada,

visualiza-se os percentuais gerais de homens e mulheres nos cursos Psicologia e Ciências

Contábeis. Obtivemos um percentual maior de mulheres correspondendo a 73% dos

participantes da pesquisa e 27% de homens cursando o ensino superior, o que significa

dizer que as mulheres tiveram mais acesso à universidade, bem como predominam.

Para tal afirmação Raitz (2008) observa que após a década de 90, no século XX,

com as transformações no mercado de trabalho (reestruturação produtiva, avanço das

tecnologias, novas mudanças organizacionais), muitas incertezas e inseguranças

assolaram os trabalhadores, alguns fatores como a informalidade do emprego e o

desemprego em massa foram visíveis no país.

Esse processo atingiu especialmente os jovens e adultos trabalhadores, o que

propiciou com que as mulheres fossem em maior número para o mercado com o objetivo

de contribuir com seus companheiros na manutenção dos salários e da casa, mas também

para obter maior independência e autonomia. Para tanto, novas exigências no mundo do

trabalho se fizeram presentes, uma delas foi o aumento da escolaridade para facilitar a

inserção e permanência no mundo do trabalho, as mulheres entendendo a necessidade e

demanda acabaram em grande número buscando a qualificação para atender as

necessidades do mercado.

Neste aspecto, conforme a literatura já explanada e também constatada, há

diferença significativa de estudantes do gênero feminino e masculino e à ocupação

significativa das mulheres nos cursos superiores. Reflete-se este fato, além dos já

27%

73%

SexoMasculino Feminino

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44

mencionados a analisarmos os dados de um curso teoricamente com predominância

feminina, a Psicologia, o que de certa forma também resulta do que foi estudado até o

momento ao se tratar do perfil feminino, a busca por profissões atreladas ao cuidado,

sendo 30 (trinta) as mulheres do total de 35(trinta e cinco) alunos pesquisados nos mais

diversos semestres do curso do Psicologia, não menos importante, porém menos

expressiva a diferença estatística no curso de Ciências Contábeis, onde novamente as

mulheres ocupam a maioria das vagas, dos 23(vinte e três) estudantes de contabilidade,

13 (treze) são mulheres e 10 (dez) homens.

Gráfico 03 – Idade dos participantes da pesquisa

Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora

De acordo com o gráfico 3, a porcentagem mais expressiva foi dos estudantes

entre 18 e 24 anos, idade em que coincide com término do ensino médio e ingresso no

Ensino Superior se avaliarmos que a maioria dos estudantes já passaram do segundo

semestre conforme informação visualizada no quadro 5, em sua maioria solteiros como

aparece nos dados da pesquisa.

A partir dos dados obtidos até o momento, podemos comprovar o que foi

constatado na literatura até então, a presença feminina mais significativa nos cursos

superiores, o índice de idade e estado civil condizente com a realidade da sociedade em

que os jovens buscam por formação para posteriormente ir de encontro com a

independência e quem sabe realização financeira.

41%

24%

19%

16%

Idade

18 - 24 25 -31 31-37 mais de 37

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45

Gráfico 04 – Estado Civil dos participantes da pesquisa

Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora

2.4. Procedimentos para coleta dos dados.

A primeira etapa da pesquisa aconteceu no dia 02/05/2016 na UNISOCIESC/

Unidade de Balneário Camboriú, neste dia foram aplicados 13 (treze) questionários com

os alunos do curso de Ciências Contábeis. O processo de aplicação do questionário

começou às 19hrs e 15min.

Inicialmente justifiquei a interrupção, visto que o questionário foi aplicado no

horário de aula com prévia autorização do professor que se encontrava em sala naquele

dia. Foi explicado que todos que não se opusessem participariam de uma pesquisa;

expostos os objetivos da mesma e a forma como seria composta por duas etapas, a

primeira um questionário com 22 (vinte e duas) questões, sendo 19 (dezenove) questões

fechadas e 3(três) abertas conforme anexo C, em um segundo momento, seguindo um

roteiro de entrevista com um grupo reduzido de participantes que seria o grupo focal,

solicitei a todos que preenchessem todas as perguntas, bem como a identificação ao final

do questionário.

O questionário foi entregue e os alunos iniciaram o preenchimento, a parte

inicial foi tranquila e transcorreu sem maiores problemas, alguns alunos demonstraram

dificuldade de compreender a questão 17(dezessete) referente ao sentido que o trabalho

tem e solicitava que classificassem os itens pré estipulados por importância de 1 até 15

em ordem crescente. O questionário demorou em média 20 (vinte) minutos para ser

respondido e todos concordaram em preenchê-lo.

69%

19%

5% 7% 0%

Estado Civil

Solteiro Casado Divorciado União Estavél Viuvo

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No dia 09/05/2016 a aplicação do questionário ocorreu com o segundo grupo

participante da pesquisa na UNISOCIESC/ Unidade Blumenau, nos cursos de Psicologia

e Ciências Contábeis, onde foram aplicados 35 (trinta e cinco) questionários para turmas

de Psicologia e 10 (dez) com estudantes de Ciências Contábeis.

A turma de Psicologia começou a responder o questionário às 19hrs e 30 min e

levaram em média 30 (trinta minutos) para finalização. Ao término da aplicação esperei

o intervalo e às 20hrs fui para a turma de Ciências Contábeis, o processo teve início às

20hrs e 15 min e término às 20hrs e 30min. A orientação para responder o questionário e

o motivo deste, seguiu todas as regras adotadas com a turma de Balneário Camboriú. Em

Blumenau os alunos não tiveram dúvidas no preenchimento do questionário, porém

mostraram-se menos receptivos que os alunos da mesma instituição da unidade de

Balneário Camboriú.

Realizada a aplicação do questionário, a segunda etapa da coleta de dados para

a pesquisa foi a realização do grupo focal que ocorreu em Blumenau no dia 06/06/2016,

com início previsto para as 18hrs e 30 min. A realização do grupo focal estava marcada

para 30/05/2016, porém não obtive sucesso nesta data, devido aos compromissos

acadêmicos dos alunos e assim foi preciso postergar a realização para a data em questão,

06/06/2016.

A escolha da unidade de Blumenau para realização do grupo focal se deu pela

concentração dos alunos de ambos os cursos e a escolha dos alunos foi aleatória e de

acordo com disponibilidade e vontade destes em colaborar com o desenvolvimento da

pesquisa, a única condição para a participação do grupo focal foi que estes alunos

deveriam ter participado da primeira etapa preenchendo o questionário de pesquisa.

O grupo focal segundo Gaskel (2002) é uma técnica de pesquisa qualitativa,

derivada de entrevistas grupais, que coleta informações por meio das interações entre os

participantes, seu principal objetivo é reunir informações detalhadas sobre os objetivos

específicos (sugerido por um pesquisador, coordenador ou moderador do grupo). O grupo

focal busca colher informações que possam proporcionar a compreensão de percepções,

crenças, atitudes sobre um tema determinado pelo pesquisador.

Para a realização do grupo focal, bem como qualquer outro procedimento de

entrevista, é necessário um espaço adequado, o mesmo autor pontua que para a realização

do grupo o ideal é um espaço reservado, de fácil acesso para os participantes e organizado

de forma que todos se sintam parte do processo. Sugere-se que o grupo fique em mesa

circular ou oval e, caso não seja possível que façam uma formação em U ou V, ressalta a

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importância de bons equipamentos para a filmagem e gravação para auxiliar nas

posteriores transcrições. Com relação ao número de participantes nos grupos focais,

encontramos na literatura uma variação entre 6 (seis) a 15 (quinze). O grupo focal ideal é

aquele que permite a participação efetiva dos componentes e fomenta a discussão

adequada dos temas (PIZZOL, 2004), há uma variação de tempo entre 90 (tempo mínimo)

e 110 minutos (tempo máximo) que deve ser considerada para um bom emprego da

técnica.

Com base nas orientações dos autores foi estruturada a segunda etapa da

pesquisa, grupo focal. A chegada na UNISOCIESC se deu 30 (trinta) minutos antes do

início combinado com o coordenador do curso de Psicologia, combinamos a realização

do grupo na semana em que apliquei os questionários e pedi autorização, a qual foi

concedida sem nenhum problema.

Na primeira data combinada para realização do grupo focal não consegui fazer

a aplicação, mudamos a data e durante as semanas que seguiram mandei dois e-mails

comunicando/ relembrando o encontro e questionando se estava tudo certo com os alunos.

Sempre recebi retorno positivo, entretanto, para minha surpresa no dia da realização do

grupo nenhum dos alunos havia sido comunicado. Mediante a situação, o coordenador da

Psicologia e eu fomos até as salas de aula, convidamos e explicamos aos alunos a segunda

etapa da pesquisa, que poderiam participar aqueles que responderam o questionário da

etapa anterior. Prontamente os alunos se interessaram em participar. Contudo, com os da

Contabilidade precisei conversar com diversos professores e com a coordenadora que se

mostrou pouco disposta em contribuir com a pesquisa, sendo que anteriormente também

havia concordado. Essa alegou que não podia obrigar os alunos a participar de nenhuma

pesquisa, mediante muita argumentação da importância da pesquisa no meio acadêmico

um dos professores prontamente cedeu espaço com seus alunos, os quais também foram

selecionados mediante participação no processo anterior de preenchimento do

questionário.

Passadas as intempéries do início do processo, começamos a organizar a sala

para receber os alunos, dos 10 (dez) alunos confirmados dois desistiram porque não

quiseram sair da sala, alegando não terem tempo. Portanto, o grupo contou com a

participação de 8 (oito) alunos, 5 (cinco) do curso de Psicologia e 3 (três) do curso de

Ciências Contábeis. A sala, por ser bastante grande e somente com cadeiras de braço, foi

organizada de modo que as cadeiras formassem um V, com o objetivo de ver todos os

participantes e estes fossem filmados. O encontro com o grupo ocorreu em horário de

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aula para que conseguíssemos juntar todos. Devido à complexidade da técnica do grupo

focal contei com a ajuda de dois voluntários que prontamente me auxiliaram no processo,

enquanto eu mediava o grupo um dos voluntários filmava e o outro fazia considerações

relevantes. O processo de pesquisa do grupo focal teve início às 18hrs e 50 min e se

estendeu até as 20hrs e 10 min.

O quadro abaixo representa os números e perfil dos alunos que participaram da

pesquisa no grupo focal, todos os nomes utilizados são fictícios para preservar a

identidade dos acadêmicos.

Quadro 06 – Perfil dos jovens participantes do Grupo Focal

Nome Idade Gênero Curso Semestre Trabalha Área

Beatrice 19 Feminino Psicologia 3 Sim Não

Isabele 21 Feminino C.Contábeis 5 Sim Sim

Sofia 23 Feminino Psicologia 3 Não Xxx

Felipe 23 Masculino Psicologia 3 Não Xxx

Gabriele 24 Feminino C.Contábeis 9 Sim Sim

Eduardo 26 Masculino C.Contábeis 9 Sim Sim

Heitor 33 Masculino Psicologia 3 Sim Não

Rose 53 Feminino Psicologia 3 Sim Não

Fonte: Dados da pesquisa e quadro elaborado pela pesquisadora

Depois de respondidas as 13 (treze) questões que compunham o roteiro de

entrevista, conforme anexo E, e o término do grupo os alunos foram liberados para que

voltassem a sala de aula conforme orientações de seus coordenadores de curso.

Infelizmente nenhum café foi oferecido aos estudantes após participação no grupo,

justamente pela cobrança de retorno as suas atividades acadêmicas. Entendendo a

importância do retorno às aulas agradeci a participação de todos e os liberei.

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49

2.5. Tratamento e sistematização dos dados quantitativos e qualitativos: análise

de conteúdo.

Na análise de dados partiremos da análise de conteúdo que segundo Bardin

(1977) é uma análise da comunicação, uma forma para investigar o conteúdo da

comunicação através da categorização e classificação de elementos que a compõe, assim

segundo a autora,

[...] descrever a história da análise de conteúdo é essencialmente referenciar as diligências que nos Estados Unidos marcaram o desenvolvimento de um instrumento de análise de comunicações é seguir passo a passo o crescimento quantitativo e a diversificação qualitativa dos estudos empíricos apoiados na utilização de uma das técnicas classificadas sob a designação genérica de análise de conteúdo; é observar a posteriori os aperfeiçoamentos materiais e as aplicações abusivas de uma pratica que funciona há mais de meio século (BARDIN, 2009, p.15)

A autora classifica que a análise de conteúdo é possível através de três etapas:

1) Pré-análise: que consiste na escolha de documentos, elaboração de objetivos

e indicadores; 2) Exploração do material: consiste em codificar, recortar, contar,

classificar e enumerar tudo o que ocorreu no decorrer do processo de pesquisa; 3)

Tratamento dos resultados e interpretação:análise dos dados obtidos na pesquisa em

contrapartida aos dados teóricos citados. Segundo Lakatos e Marconi (2015) o conteúdo

da comunicação expressa é analisado segundo uma pré-categorização e nos é possível

verificar o produto da ação humana voltada não para as palavras em si, mas para a

construção de ideias.

Tal afirmação vem ao encontro de Franco (2008) quando afirma que a análise de

conteúdo se firma na linguagem e, nesta, se constrói toda expressão da existência humana,

é por meio da análise de conteúdo que o pesquisador pode e deve fazer inferências, que

surgem a partir do resultado obtido transversalmente dos instrumentos utilizados na

pesquisa em construção ou conexão com a parte teórica descrita no trabalho. Nesta

investigação, no entendimento da necessidade de categorização para análise das

informações e resultados encontrados, 3 (três) eixos foram estabelecidos conforme os

objetivos da pesquisa, e nestes suas respectivas categorias.

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Como mencionado anteriormente a primeira etapa da pesquisa foi a aplicação de

questionário com perguntas abertas e fechadas, as questões fechadas foram tabuladas com

a ajuda do Excel e os resultados apareceram em forma de gráficos, tal qual expostos neste

capítulo, para as perguntas abertas foram analisadas uma a uma e tabuladas da mesma

forma, o que facilitou a visualização dos resultados de forma ampla e possibilitou então

algumas análises.

Após a realização e tabulação da primeira parte da pesquisa quantitativa, elaborei

junto com minha orientadora um roteiro de perguntas semi-estruturadas para o grupo

focal, com o objetivo de nortear o início do trabalho e para manter o direcionamento da

pesquisa.

Dos jovens interessados em participar do grupo focal, tomou-se o cuidado para

termos um grupo no mínimo equilibrado em número de participantes de ambos os cursos,

a preocupação em relação ao semestre não foi levada em consideração, visto que

queríamos efetivamente a heterogeneidade de pontos de vista e vivências.

Os relatos obtidos no grupo focal foram obtidos mediante dois dias de

visualização e transcrição das filmagens e gravações realizadas pelos voluntários que

acompanharam e auxiliaram nesta etapa da pesquisa.

Quadro 07 – Eixos Temáticos e Categorias de Análise

Fonte: Dados da pesquisa e quadro elaborado pela pesquisadora

• Fatores que influenciaram a escolha;

• Satisfação ou não;

• Contaram com auxílio da OP?

Eixo 1

Escolha Profissional

• Sentido e Significado do Trabalho;

• Centralidade do Trabalho;

Eixo 2

Sentidos do Trabalho

• Situação Profissional;

• Mercado de Trabalho;

• Dificuldades ou não de inserção.

Eixo 3

Inserção Profissional

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Os eixos e categorias foram definidos de acordo com os objetivos da pesquisa,

com o propósito de conseguir uma melhor análise do processo pelo qual a pesquisa se

deu. A construção das categorias foi desafiante, porque cabe ao pesquisador organizá-las

de forma que venham como auxiliares no processo de análise de conteúdo.

Desta forma, para o primeiro eixo referente às escolhas profissionais e

acadêmicas dos universitários, os estudantes foram questionados sobre sua situação atual

de trabalho e os fatores que envolveram sua escolha.

Já o segundo eixo perguntas referentes ao significado e o sentido do trabalho no

âmbito de importância que este exerce na vida de cada um foi a tônica central, para

abordarmos o eixo três segundo a inserção profissional foi considerado tudo que o jovem

já experienciou em sua vida profissional, se é que teve alguma experiência anterior e se

esta teve influência em sua escolha na graduação.

Os eixos remetem ao entendimento da visão de passado quando trata das

questões voltadas às escolhas profissionais e as motivações que levaram a estas escolhas

que foram pautadas em experiências e vivências reais ou subjetivas dos indivíduos. Trata-

se das questões atuais, do presente quando remete os alunos a questionarem sobre o

sentido individual que o trabalho assume e o conjunto destes sentidos emanados no

significado e na centralidade do trabalho frente ao mercado de trabalho. Neste aspecto

com a finalidade de compreender e discutir suas competências e o conhecimento que

possuem do trabalho na atualidade, o que nos leva a pensar no último eixo voltado a

inserção profissional e a efetividade de suas expectativas, bem como no planejamento de

carreira, como este pode auxiliar no futuro ingresso ao mercado partindo da premissa que

tudo pode mudar em decorrência das experiências e maturidade que irão adquirir no

decorrer do curso.

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3. RESULTADOS DA PESQUISA: ESCOLHA PROFISSIONAL, SENTIDOS

DO TRABALHO E INSERÇÃO PROFISSIONAL.

Este capítulo traz os resultados da pesquisa propriamente dita, conforme os eixos

estabelecidos e as respectivas categorias, a finalidade é dar conta de responder os

objetivos da investigação e aprofundar os dados das duas técnicas de coleta dos dados.

3.1 EIXO 1 - Escolha Profissional

Este assunto foi bastante abordado com os jovens que participaram da pesquisa,

tanto no preenchimento do questionário, como no grupo focal, as falas que seguem são

referentes ao grupo focal e obtidas mediante horas de transcrição e se encaixam na

categoria fatores que influenciaram a escolha. É importante salientar que mediar este

grupo foi muito interessante, os alunos de ambos os cursos têm visões distintas em muitos

pontos e o diálogo entre eles fluiu muito bem, todos devido às diferenças entre as opiniões

se interessaram e puderam perceber o outro no discurso.

Foi possível perceber no grupo o que Bock (2010) afirma que uma boa escolha

é a que consegue levar a refletir sobre o maior número de significações para eleger o

projeto de vida, estas significações estão atreladas ao que é importante para o indivíduo,

além dos determinantes externos, advindos da situação e contexto social de cada um, ou

seja, uns foram levados pela influência da família, outros pela possibilidade de emprego

rápido e, ainda, aqueles outros por refletir sobre si e seus desejos, assim entendemos que

os desdobramentos para as escolhas são muitos particulares. . Soares e Dias (2009)

sustentam as colocações acima e apontam que as escolhas se dão entre o que gostamos de

fazer, o que gostamos muito de fazer e aquilo que nos é conveniente fazer, além daquilo

que podemos fazer, que não há escolha certa, que é importante perceber as diferentes

motivações que podem mudar no decorrer do percurso.

É necessário que se considere a trajetória que o jovem vem realizando, as variáveis psicológicas, afetivas, sociais e econômicas presentes em seu processo; porém, o fator crucial para a definição profissional é o modo como a pessoa se posiciona frente a todas essas variáveis, ou seja, o que ela faz disso, como se apropria das influencias e para que o futuro escolhe se lançar. (SCHEIBE citado por LEVENFUS; NUNES, 2010, p.39)

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CATEGORIA 3.1.1 - Fatores que influenciaram na escolha do curso

Nesta categoria visualizam-se os fatores que contribuíram na escolha do curso e

os caminhos que se seguiram nestas opções dos jovens de ambos os cursos, notam-se as

influências da família e também o interesse próprio.

Para mim foi à busca de conhecimento mesmo, foi algo que sempre me interessou e que tinha estudo por fora, eu queria conhecer mais a fundo e como consequência disto, trabalhar na área que eu gosto (Felipe).

Acho que para mim foi adquirir conhecimento e porque Psicologia foi o único curso que me interessou, na verdade estava em dúvida entre Psicologia e Direito porque minha mãe é advogada, mas optei por psicologia e foi um teste, hoje não me vejo em outro curso, Psicologia tem tudo a ver comigo, eu me encaixo totalmente em psicologia (Beatrice)

Quando questionada se foi difícil esta escolha, visto que sua mãe queria que ela

fizesse outro curso, Beatrice responde,

Foi um pouco, ela me influenciou e eu gosto da área jurídica, então fiquei muito tendenciosa e fui porque pensei, a minha personalidade, meu jeito, acho que vai fazer sentido e deu certo, mas foi meio complicado, eu estava com a inscrição na mão, eu vou fazer direito ou vou fazer psicologia? Vou fazer Psicologia.E sua mãe?? A minha mãe ficou bem tranquila, porque eu era mais por mim, minha mãe se formou faz 5 anos aqui na UniSociesc em Direito e como eu vivi muito esta fase com ela, eu super me interesso e fui me influenciando e ela gostava claro, quem não quer ver os filhos seguindo seus passos, daí fui me interessando, mas no fim eu vi, vai muito contra quem eu sou, não faz sentido para a minha pessoa. Mas na psicologia eu gosto da área jurídica, é uma área que me interessa muito, mas também já me interesso pela parte da docência, muda muito do inicio e no decorrer do curso.

Os depoimentos seguintes mostram decisões que tiveram a ver com observação

no ensino técnico e também influência familiar,

...eu fiz o curso devido há experiências anteriores, eu fiz o técnico em administração e eu não sabia o que queria a princípio, só que no técnico tinha uma cadeira de contabilidade e a partir daí eu me interessei e me apaixonei, fiz o técnico em contabilidade, e tive certeza que era o que queria, terminei o técnico e estou cursando o superior. Desde que comecei o técnico trabalho na área, sempre me preocupei em unir o teórico com o prático. (Gabriele)

...comigo também foi meio parecido, fiz técnico em administração, depois fui trabalhar em contabilidade, então uma coisa levou a outra, além disto, meu pai e meu irmão trabalham com contabilidade e foi meio instintivo, eu via que meu pai sempre trabalhou com isto. (Eduardo)

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54

Interessante que no decorrer do diálogo, muitas observações são feitas a partir

de sentidos particulares, de conceitos próprios e do entendimento que cada um tem das

decisões tomadas, Felipe ouvindo a fala dos colegas, percebe como o campo de exatas e

de humanas, neste caso a Psicologia, divergem no que se refere ao mercado de trabalho e

prontamente coloca sua opinião, demonstra nitidamente o que pensa sobre ambas as áreas,

...parece que contabilidade é uma área mais estável, que você parece ter maior garantia de renda e a outra é mais na área da paixão, você quer algo que te complete, como uma forma de vida que seu trabalho não seja apenas sua fonte de renda, mas sua paixão. (Felipe)

Nesse sentido, conforme ponderam Soares e Dias (2009, p. 40) percebe-se

vivemos num mundo em que “cada sujeito proclama a sua verdade sobre as escolhas, ou

melhor, proclama ao mundo verdades e uma verdade particular...”. Porém, como bem diz

a citação, a forma de ver a vida e fazer suas escolhas, ainda, conforme as autoras têm a

ver com a maneira como o indivíduo interpreta e se apropria do real e do vivido por ele,

isso sim pode delimitar porque uma escolha em detrimento de outra. A seguir pode-se

entender perfeitamente na fala do Felipe, no entanto, se diferencia da de Eduardo e

Gabriele.

...a contabilidade também é algo apaixonante, não é só financeiro, é muito interessante, pode parecer que é só 1 mais 1, um mais exato e outro mais humano, mas no final das contas é praticamente a mesma coisa. (Eduardo)

...é bastante reflexiva, a contabilidade (Gabriele)

Outra jovem universitária participante do grupo focal tenta interpretar a fala dos

seus colegas e explicita,

Acho que ele quis dizer é que a parte de exatas te dá uma garantia, a sociedade vai buscar o pessoal da área porque é obrigado pela lei, já a psicologia não. Por exemplo, em empresas são n pessoas trabalhando no financeiro, mas psicólogo quando tem é um trabalhando para a empresa toda, então acho que ele quis dizer isto, que é uma paixão particular do que pelo ganho de vida, e que é preciso aliar os dois para se ter sucesso, tu vem pela pegada que na psicologia tu vai ser bem sucedido, verá que não é bem este o caminho. Dos psicólogos que estão estudando, apenas uns 2 ou 3 atuam, contabilidade é mais fácil. (Sofia)

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Após as colocações dos colegas, Rose, explica seu motivo para a escolha,

Eu sempre fui uma apaixonada pela psique humana, desde criança, sempre quis entender o que passa na cabeça das pessoas, os comportamentos, muito ligada no sofrimento sempre, própria historia da minha vida me levou a isto e agora nesta idade me aposentei na área de beleza e estética, mas sempre preocupada com interior das pessoas, do ser humano, é um mistério muito grande e isto sempre foi muito forte em mim analisando as pessoas, porque elas se comportam assim, o que acontece, o que leva o ser humano a tantos extremos em um contexto geral. Sempre ouvi mais do que falei e chegou um momento que houveram trocas, então pratiquei muito, mas faltava a teoria uma coisa mais embasada.(Rose)

Já Isabele que é do curso de Contabilidade diz “a escolha veio por que meu tio

tem um escritório e trabalho lá no departamento de pessoal, mas não é o que gosto ou o

que quero, quero ser veterinária, só preciso juntar dinheiro para conseguir”. Assim de

acordo com as informações passadas pelo grupo focal e tabulação dos questionários

conforme gráficos abaixo as principais causas para as escolhas dos jovens universitários

foram em ordem de importância: 1) Por gostar da área; 2) Interesse Pessoal; 3) Devido ao

mercado de trabalho; 4) Como forma de aquisição de conhecimento.

Levenfus e Nunes (2010) esclarecem que o jovem avalia além do seu desejo e

preferência por determinada área a realidade do mercado de trabalho e reforçam que a

preocupação precisa ir além do que se apresenta no mercado, os profissionais precisam

saber aprender, ser flexíveis as novidades e mudanças, utilizar suas habilidades e

competências sem esquecer das atitudes e trabalhar de forma coletiva.

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Gráfico 05 – Escolha do Curso

Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora

Nas informações contidas no gráfico 5 os alunos apontam o que os motivou a

escolher os cursos em detrimento dos outros. Na realização do grupo focal eles colocaram

que suas escolhas foram pautadas em seus desejos pessoais e que a família pouco

interferiu, e as que o fizeram (família), deram apenas sua opinião, sem forçar ou interferir

na decisão individual dos jovens, tal fato pode ser constatado no gráfico apresentado.

Pode ser notado ainda, o fato de gostar da área, o curso ter um fator social e

contribuir de alguma forma positiva com a sociedade, foram determinantes significativos,

principalmente, para os alunos do curso de Psicologia que representam um número maior

da amostra. Na realização do grupo focal eles colocaram que suas escolhas foram

pautadas em seus desejos pessoais e que a família pouco interferiu, e as que o fizeram

(família), deram apenas sua opinião, sem forçar ou interferir na decisão individual dos

jovens, tal fato pode ser constatado no gráfico apresentado.

Vale ressaltar que o maior índice de jovens influenciados por seus familiares

foram oriundos do curso de contabilidade. No questionário não foi feito este

questionamento do por que ou de que forma a família interveio, apenas se houve a

influência, porém no grupo focal os alunos participantes do curso de contabilidade

afirmaram que seguiram a orientação de seus familiares por já possuírem uma empresa

que trabalha com contabilidade. Também porque verificaram junto à família como é fácil

a alocação no mercado. Mediante minha experiência como professora universitária do

curso de Ciências Contábeis, consigo validar no dia a dia as palavras dos acadêmicos

participantes, os fatores apontados pelos alunos conferem efetivamente com o que é

vivenciado e relatado pelos acadêmicos em sala de aula quando questionados sobre o

33%

18%20%

15% 14%

Gostar da área Mercado de trabalho Interesse pessoal

Adquirir conhecimento Ajudar pessoas

Motivos para Escolha do Curso

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57

porquê da escolha. Abaixo as falas dos alunos do curso de Ciências Contábeis que

participaram do grupo focal e no gráfico 6 quantos acreditam terem sofrido a influência

da família,

[...] eu também fui meio parecido, fiz técnico em administração, depois fui trabalhar em contabilidade então uma coisa levou a outra, além disto, meu pai e meu irmão trabalham com contabilidade e foi meio instintivo, eu via que meu

pai sempre trabalhou com isto. (Eduardo) ...a contabilidade veio porque meu tio tem um escritório e trabalho lá no departamento de pessoal, mas não é o que gosto ou o que quero, quero ser

veterinária, só preciso juntar dinheiro para conseguir. (Isabele)

Gráfico 06 – Influência da Família

Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora

Muitos são os fatores que influenciam na decisão de um ou outro curso, trabalho,

em toda escolha há uma preferência ou predisposição a algo , Dias e Soares (2009, p.44)

afirmam que:” Várias circunstâncias criam desafios e oportunidades de sucesso ou

insucesso nas escolhas profissionais”, assim mediante as mudanças constantes no mundo

do trabalho, a multiplicidade das opções de escolha, a influência direta ou indireta da

família, amigos e meio social, tudo contribui e se faz presente no momento da escolha

sobre que carreira seguir.

CATEGORIA 3.1.2 – Orientação Profissional (OP)

26%

72%

2%

Sim Não Não sabe

Sua família influenciou na escolha do curso?

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58

Nos gráficos que seguem de acordo com os resultados do questionário

aplicado na investigação, pode-se perceber o quanto o trabalho de orientação

profissional é pouco aproveitado, discutido e mesmo divulgado.

Gráfico 07 – Orientação Profissional

Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora.

Enquanto transcrevia a fala de Isabele, uma das jovens universitárias que

participou do grupo focal, achei importante mencionar sua pouca participação, não que

ela fosse tímida e quando questionada sobre seu entendimento acerca do grupo, esta

afirmou que o pouco interesse se justificava ao fato de cursar uma faculdade que não era

o que gostaria, que não tem interesse, faz apenas para ganhar melhor no local em que

trabalha. Associado a este fator lembrei prontamente de todos os jovens que estão em

cursos que não almejam, seja por influência dos pais, seja por poucas condições

financeiras para custear o curso dos sonhos, seja pela falta de informação na escolha do

curso, inúmeras podem ser as hipóteses e para algumas delas o processo de OP poderia

ser de grande valia se mais difundido e mais trabalhado no Ensino Médio.

Uvaldo e Silva (2010) citam uma pesquisa de Lehmann referente à evasão

universitária e esta vem de encontro ao mencionado, 76% dos alunos que pretendiam

abandonar o curso afirmaram que não refletiram muito a respeito da escolha, não

procuraram se informar ou foram influenciados pela família. Alertam que no ensino

médio não há este trabalho, obviamente não é possível generalizar, mas na maioria das

escolas o que acontece são feiras, ações, programas e acontecimentos pontuais para tratar

da orientação profissional, o que auxilia de forma paliativa a questão.

5%

95%

Recorreu a algum serviço de Orientação Profissional?

Sim Não

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59

Dados do grupo focal e dos questionários dão conta que os alunos afirmaram ter

participado de qualquer tipo de orientação profissional para a escolha do curso, nos

questionários 95% dos participantes afirmaram nunca ter feito nenhum processo de

orientação profissional e os que informaram positivamente quando questionados sobre

como foi o processo, comentaram ter realizado testes online ou que responderam

inventários isolados, como pontuam os acadêmicos participantes do grupo focal quando

questionados sobre em algum trabalho de Orientação Profissional, como Felipe “ não, eu

estudava no Universitário e os estudantes de psicologia fizeram o teste, mas nunca deram

retorno, risos..., também a jovem Beatrice “só os testes do Google, que dá se você é de

humanas ou exatas”. Rose menciona que aos trinta anos iniciou Pedagogia e lá tinha um

teste e já aparecia a Psicologia. Sofia disse não também, assim como os demais.

Dos 58 (cinquenta e oito) acadêmicos que realizaram o preenchimento do

questionário, apenas 3 (três) afirmaram ter participado de algum tipo de orientação

profissional, entretanto, quando questionados qual foi o tipo de orientação que receberam,

estes disseram ser feito um teste, ou seja, não podemos entender que o teste, muito

utilizado em processos de orientação constitui efetivamente a orientação profissional,

porque como discutido e já apresentado o processo de orientação profissional está

atrelado ao conhecimento, ao questionamento de si, de seus desejos e interesses, aptidões,

bem como apresentação de cursos e discussão do mercado de trabalho. O gráfico 8,

representa a satisfação dos alunos nas escolhas que fizeram, sugere-se que esta satisfação

está associada ao encontro do que almejavam e o que entendiam de cada curso com a

efetividade dos mesmos. A qualidade do ensino prestado também pode ser um agente de

satisfação, visto que a instituição de ensino muito pode contribuir para o interesse ou

desinteresse de seus alunos, dependendo da qualidade do ensino ofertado.

Entre aqueles que fizeram testes apareceu a crença de que o teste representa

importante ferramenta, se não a mais importante do processo de orientação profissional,

Lisboa (2000) afirma que uma das maiores distorções dos processos de orientação

profissional estão relacionados à aplicação de inventários, que se aplicados isoladamente

pouco contribuem para o processo de escolha. Lima também ajuda quando diz (2007,

p.149) “O “teste” surge, então, como um recurso mágico, idealizado, que aliviara a

pessoa, devolvendo-a a sua “zona de conforto”, no entanto, isso não necessariamente se

dá desta forma...”.

Assim, retomando o que foi discutido anteriormente, a questão da orientação

profissional transcende alguns processos como aplicação de testes, está muito mais ligada

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60

ao autoconhecimento, autodesenvolvimento e apropriação de cada profissão para uma

escolha mais assertiva e reflexiva.

CATEGORIA 3.1.3 - Satisfação com o curso/ escolha.

Os universitários, de acordo com os resultados obtidos na tabulação dos

questionários, bem como no grupo focal, sinalizaram que estão satisfeitos com o curso

que escolheram; 95% dos alunos que preencheram os questionários afirmam estar muito

satisfeitos ou satisfeitos com o curso; no grupo focal da mesma forma, além disso, um

número significativo de alunos não faria escolha diferente. Mediante os resultados

obteve-se um percentual considerável de satisfação.

Gráfico 08 – Satisfação com o Curso

Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora

Pelas falas dos acadêmicos do grupo focal a universidade tem-se mostrado muito

parceira e atende as necessidades dos alunos, seja em relação à grade curricular, seja em

relação aos professores. O grupo de estudantes da Psicologia inclusive afirmou auxiliar

na construção do curso, contribuem com opiniões e são levados em consideração, os

alunos do curso de contabilidade não se mostraram tão satisfeitos no que tange a

sugestões.

A seguir apresentamos o diálogo que se observou no grupo focal acerca do

assunto e as opiniões dos jovens universitários,

52%43%

5%

Muito satisfeito Satisfeito Pouco satisfeito

Satisfação com o Curso

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Eu acho que a Psicologia aqui é bem legal, traz os estágios para frente do curso e conseguimos agregar a teoria à prática e nos faz enxergar como está o mercado lá fora;( Beatrice) Nós na Psicologia falamos sobre a iniciação cientifica, em como escrever artigos científicos, ( Felipe) Esta questão dos artigos é bem legal porque nos abre uma nova perspectiva acadêmica, par mestrado e tal, é muito bom o currículo e este tipo de preparação nós temos psicologia esta 10. ( Beatrice) As produções acadêmicas, não temos, os estágios acontecem só no final e eu percebo que quem não tem experiência tem dificuldade em entender algumas coisas.( Gabriele) Nós temos o trabalho institucional, que é só a partir do terceiro semestre, tivemos que constituir uma empresa, para nós que já estamos na área foi um pouco difícil imagina para quem nunca trabalhou? Percebo e tiro por mim como base, no inicio quando não trabalhava pensei até em desistir do técnico, só permaneci porque comecei a trabalhar, senão teria desistido e acho que é isto que acontece quem não conhece a área ou teve qualquer experiência tende a desistir. ( Eduardo) Eu sinto que em Psicologia os alunos contribuem muito para a construção do curso, acho que todos que estão aqui são bastante dedicados, porém tem muita gente no curso que se limita ao que os professores falam, que não pesquisa fora, falta, não presta atenção...( Felipe) Tem gente que não consegue linkar a teoria com a prática;( Beatrice) No nosso curso por ser exatas, não tem como ter a teoria sem a prática, ( Gabriele) Engraçado que para nós não existe prática sem teoria; ...( Felipe) Mas no curso de vocês os professores conseguem colocar na prática? ;( Beatrice)

Sim, eles colocam, mas se você não esta vivenciando se torna muito difícil, de onde vem isto, como chegamos a estes valores? Acredito que um estágio ante, assim como Psicologia seria bem interessante, porque em contábeis estágios só no oitavo semestre. (Gabriele, Eduardo e Isabele) Ás vezes a questão passa pela elaboração da grade, eu analisei bastante a grade daqui e da Furb, na Furb os estágios são só no final, tu tem que ter uma noção básica, porque não adiante jogar toda a teoria, e no final fazer o link, tu esquece toda a teoria, tem que ir praticando, é o que algumas pessoas precisam, para conseguir entender. Todo o curso precisava ter, vai ver que por isto tenha tanta absenteísmo no curso de contábeis, (Beatrice)

Este diálogo dos alunos foi riquíssimo, porque conseguem identificar pontos que

podem ajudar na retenção dos alunos, bem como enriquecer seu processo acadêmico.

Independente do curso os alunos ao invés de promoverem críticas, como é usual,

percebem alternativas para o sucesso. Este olhar positivo frente às adversidades e a

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conquista de alternativas para a solução dos problemas é uma das competências mais

interessante das novas gerações, estes tendem a não se apegar a quem ou o que, mas sim

em como podemos resolver. Os alunos seguem com sugestões para o êxito e proposta

para a satisfação dos demais,

Quem sabe estágios extracurriculares, para ajudar a compreensão? Nós o que temos alguns poucos e estes não são remunerados, não interferimos só observamos. (Sofia) O que é complicado é o seguinte, se você trabalha em outra área e ganha R$ 2.000,00 mas estuda contábeis, uma hora terá que entrar na sua área e o salário base é R$ 930,00 salário inicial, quem vai querer trocar R$ 2.000,00 por R$930,00?( Gabriele) Bom, mas ai é hora da pessoa escolher, quem escolhe o salário é imediatista, não pensa em longo prazo e quando você opta por uma formação precisa ter em mente que chegara um momento que terá que começar naquilo que escolheu. justamente, tem pessoas que não fazem um planejamento, não pensam que agora R$ 930,00 é pouco, mas que no futuro breve, tende a ser bastante e na sua área de formação e conhecimento, eu tenho que ter ciência que o inicio será difícil; Comigo aconteceu, pedi demissão do meu emprego onde era feliz e ganhava R$ 1.200,00 para ganhar R$ 545,00 (salário mínimo) na época porque eu precisava ingressar na área. (Sofia)

Estes depoimentos ou falas dos alunos demonstram realidades bem diferentes

referente à inserção profissional de ambos os cursos. No eixo 3, que trata da inserção

profissional será possível identificar com clareza as facilidades e dificuldades dos alunos

no ingresso ao mercado. No gráfico 9 visualiza-se que 86% não fariam algo diferente de

sua escolha, apenas 14% apontaram que sim.

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Gráfico 09 – Mudança de Escolha.

Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora.

No grupo focal os acadêmicos foram questionados se o curso atende as suas

expectativas, sete dos oito participantes mencionam que sim e complementam que a

composição da grade curricular foi um agente de escolha da universidade, bem como um

ponto de satisfação dos alunos,

Eu trabalhei tanto nas exatas e agora estou nas humanas, eu sou técnico telecomunicações, trabalho na área, antes de fazer psicologia eu lia muito sobre filosofia, psicologia e tal, na minha cabeça era assim, primeiro vou me profissionalizar e depois procurar algo que me dê prazer e conhecimento, então fiz esta regra, quem sabe no futuro eu venha a trabalhar como psicólogo, mas o futuro é nebuloso. Não sei dizer onde teria mais sucesso financeiro, se em telecomunicações ou em psicologia. (Heitor)

[...] às vezes a questão passa pela elaboração da grade, eu analisei bastante a grade daqui e da Furb, na Furb os estágios são só no final, tu tem que ter uma noção básica, porque não adianta expor toda a teoria, e no final fazer o link, tu esquece toda a teoria, tem que ir praticando, é o que algumas pessoas precisam, para conseguir entender. Todo o curso precisava ter, vai ver que por isto tenha tanta absenteísmo no curso de contábeis... (Beatrice).

3.2 EIXO 2 – Sentidos e Significados do trabalho

Abordando o segundo eixo proposto nesta pesquisa a respeito do sentido e o

significado do trabalho para os universitários participantes é que este eixo foi estruturado.

14%

86%

sim não

Se pudesse escolher faria algo diferente?

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CATEGORIA 3.2.1 – Sentido e Significado

Considerando as diferenças entre sentido e significado, bem como o fato de esta

pesquisa ter sido realizada com um grupo pré-estabelecido de indivíduos, no caso de

jovens universitários, estes com objetivos e interesses em comum, optou-se por tratar, de

forma generalizada, quando estes expõem o sentido do trabalho a partir dos dados

estatísticos obtidos através de questionário com perguntas abertas e fechadas e a

apreensão na parte qualitativa no grupo focal quando foi possível chegar ao significado

do trabalho para este grupo especifico. O termo significado é proveniente das interações

sociais, de conceitos e normas existentes e o sentido exprime uma produção pessoal

decorrente da apreensão das experiências cotidianas (RAITZ; SILVA, 2014). O gráfico a

seguir demonstra o sentido que o trabalho tem para os jovens que participaram da

pesquisa para a obtenção dos dados quantitativos, que consistiu na resposta ao

questionário, aqui todos os universitários que responderam à pesquisa são representados,

inclusive aqueles do grupo focal.

O trabalho que os realiza é, no entendimento desses jovens, o que dá sentido ao

trabalho, seguido por aquilo que podem aprender e se aperfeiçoar e que respeite sua vida

pessoal, todos estes com percentuais muito aproximados, assim como aquele trabalho que

permita a este jovem ter influência no meio no qual está inserido. As questões básicas de

sobrevivência são por eles as menos consideradas.

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Gráfico 10 – Sentido do Trabalho.

Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora

CATEGORIA 3.2.2 - Centralidade do Trabalho

Interessante verificar os resultados apontados pelos estudantes para o sentido do

trabalho e o quanto este realmente vem mudando e se remodelando no decorrer dos anos.

Algumas décadas atrás o trabalho aparecia com um cunho de sobrevivência, sendo sua

primordial função de prover a subsistência humana, hoje aparece com uma roupagem de

realização pessoal, cunho social daquilo que sou capaz de fazer por mim e pelos outros.

Tolfo et al (2016) cita o MOW - Meaning of Work, um grupo de pesquisas

internacionais, sediado no Canadá, que investiga o sentido e a centralidade do trabalho

em diversos países, desde a década de 1970. Estes tem dado suporte às pesquisas

nacionais no quesito sentido e significado do trabalho, os pesquisadores estabeleceram, a

partir de estudos empíricos, as seguintes dimensões: centralidade do trabalho

(importância atribuída a ele na vida da pessoa), normas sociais sobre o trabalho (derivadas

de valores morais relacionados ao trabalho) e resultados valorizados do trabalho, o que

os levam a trabalhar. No gráfico, a seguir, podemos perceber que o trabalho ocupa a

terceira posição no que tange a centralidade, ficando atrás da família e da saúde, neste

quesito a perspectiva utilizada para análise dos dados foi a sócio- histórica, entendendo o

31%

19%18%

14%

18%

Um trabalho que tem sentido é aquele que:

Que eu possa me realizar e fazer o que gosto

Que me permite aprender e me aperfeiçoar

Que respeita minha vida pessoal

Que garante minha sobrevivência

Que me permite ter influência no meio em que vivo

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homem e suas vivências ao longo da história. Essa perspectiva consiste nos significados

“como produtos históricos de um grupo social, que, no âmbito do sujeito, remetem a um

sentido, relacionado com a realidade, com a própria vida e com motivos individuais”

(TOLFO et al, 2016, p.114).

Gráfico 11 – Centralidade do Trabalho

Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora

3.3 EIXO 3 – Inserção profissional

Este sem dúvida foi o eixo mais importante e concreto da pesquisa, os estudantes

puderam colocar o que entendem do mercado, a perspectiva que possuem referente a seu

planejamento ou mesmo projeto de carreira, o que a universidade passa e a marcante

diferença entre o mercado para o curso de Psicologia e Ciências Contábeis.

Neste eixo as categorias serão discutidas associadas. Nesse sentido, serão

tratadas as situações profissionais dos alunos, como percebem o mercado de trabalho e as

dificuldades que entendem como mais evidentes para inserção profissional. Uma das

perguntas importantes foi se o curso ou a universidade informa como está o mercado,

conforme o gráfico 12, 60% afirmou ter um retorno da instituição referente a como estão

as oportunidades de trabalho referente a futura profissão, 35% respondeu que

24%

20%

17%

15%

13%11%

O que é mais importante para você?

Família Saúde Trabalho Educação Lazer Religião

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eventualmente e 5% que não, que a instituição não apresenta como está o mercado de

trabalho.

Gráfico 12 – Universidade e Mercado

Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora

No grupo focal foi possível aprofundar as razões dos percentuais que aparecem

no gráfico, conforme os depoimentos,

Para nós sempre aparecem informações sobre o mercado, temos alguns professores que trabalham com auditoria e tem seu próprio escritório de contabilidade, eles estão sempre passando uma ideia como estão as coisas; (Eduardo) No nosso curso, principalmente o Marcelo (professor) ele coloca muito a questão do empreendedorismo para o psicólogo, para não ficar preso as opções de mercado, para buscar alternativas próprias que isto na verdade é o grande nicho que a gente tem; (Felipe)

Segundo as informações repassadas pelos alunos a universidade constantemente

informa sobre o mercado, mesmo no curso de Psicologia quando antes o foco era mais

acadêmico, hoje a universidade (partimos da instituição em questão) informa e trabalha

uma grade curricular interessante, discutindo sobre a prática de iniciação a ciência bem

como estágios antecipados.

Vale ressaltar a questão dos estágios antecipados, a possibilidade de estágios no

decorrer no curso e não apenas nos semestres finais, esta experiência, acredito, possibilita

um planejamento de carreira melhor estruturado, visto a possibilidade de experienciar a

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prática muito antes de sair para o mercado de trabalho. Referente a questão dos estágios

Caires & Almeida, (2001, p. 189) apontam:

...uma boa oportunidade para, num meio relativamente protegido (na medida em que ainda continua ligado à universidade e tem um supervisor a acompanhá-lo), ensaiar o seu novo papel e construir os alicerces básicos que sustentarão a sua 'sobrevivência' no mundo do trabalho.

CATEGORIA 3.3.1 - Conhecendo o Mercado

Gráfico 13 – Conhecendo o Mercado

Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora

Com base na análise do gráfico entende-se que 64% dos estudantes sabem e

conhecem as possibilidades de mercado que o curso oferece, em contrapartida, quando

no grupo focal a pergunta surge se eles têm auxílio do curso em relação a diagnóstico do

mercado, ofertas de emprego na área, parcerias com empresas, etc, podemos perceber que

faltam informações e conhecimentos sobre o assunto e a visão que possuem da

universidade:

Isto falta, eu já procurei e não achei, podia ter mais parcerias com hospitais, instituições... A faculdade aparece muito pouco. (Rose) Acho que o nome da faculdade tem muito peso nisto, acho que firmar parcerias com a Furb por exemplo deve ser muito mais fácil, (Sofia)

64%

0%

36%

Você sabe todas ou pelo menos a maioria das possibilidades e áreas que seu curso proporciona como oportunidade de trabalho?

sim parcialmente

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Acho que nome não é lá estas coisas, já foi, mas hoje não é mais, mas vamos pensar, pessoal estudamos em uma universidade nacional, muito maior que a FURB.(Beatrice) Instituições mais renomadas e antigas tipo a Furb, só tem dinossauro, aquele pessoal que não se renova e estes sim, não informam do mercado, dão sempre as mesmas coisas; (Gabriele)

Na continuidade do diálogo surgem questionamentos sobre a visão que possuem

do mercado e a relação com o curso,

Eu não faço ideia, e assim, pegando a clínica por exemplo, eu não sei como pode ser, quanto se pode ganhar, qual o salário do psicológico, se eu me formasse hoje eu irei trabalhar com a clínica, então estou meio assustado assim, ( Heitor) É que nós estamos no começo assim, não sabemos muito bem, (Felipe) A clínica na verdade é uma incógnita, tu pode ter paciente como pode não ter, é complicado, muito complicado (Beatrice) Pode não ser como quero; primeiro tem que se formar e depois ver o que vale para a nós.( Rose) E tem outra coisa assim que já ouvi outros professores falando, que só ter clinica não dá, precisa complementar a renda de alguma outra forma, aulas à noite, concurso público. (Beatrice) Precisa pensar, quantas pessoas buscam mesmo o serviço do psicólogo? (Felipe)

Eduardo ouvindo o discurso da Psicologia ponderou,

Diferente, mas para nós também parte de um princípio parecido, se quisermos ter uma remuneração diferente, precisamos ter algum diferencial, ou quem sabe abrir nosso próprio negócio, também não é fácil, demora algum tempo até obter um retorno financeiro bom, mas no final das contas não foge muito, hoje trabalhamos de empregados. (Eduardo)

Transcrevendo as falas e analisando as informações repassadas por estes alunos,

pode-se pensar que no curso de Ciências Contábeis existe um mercado com muita

demanda de emprego, porém pouca mão de obra qualificada como menciona Gabriele em

sua fala transcrita abaixo. Em contrapartida os estudantes de Psicologia pontuam que

existem muitos profissionais no mercado, porém acreditam que não tenha tanta demanda

de emprego como há profissionais.

Em contábeis nós já podemos dizer que é diferente, tem mercado, há muitas vagas de emprego, muita empresa procurando, porém a falta de mão-de-obra,

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não ter profissionais qualificados é um problema, nossa turma, por exemplo, nós iniciamos com 17 alunos hoje nós somos em 13; (Gabriele) É menos que psicologia, nós estamos com 20 e poucos; (Beatrice) Minha turma de contábeis iniciou com 8 alunos e juntou com a turma deles (Gabriele) dos 8 ficaram uns 2. (Eduardo)

A pesquisadora neste momento quis entender melhor e questiona se algum deles

já fez planejamento de carreira, ou pelo menos já pensou nele?

Tem muita gente formando que não sabe, que não sabe o que vai fazer, porque não parou para pensar antes...( Felipe) Eu tenho ideia de trabalhar com as crianças eu quero trabalhar no que gosto e tirar tempo para mim e para minhas filhas. Eu tenho duas filhas adotivas, eu preciso me formar, pensar em trabalhar, quem sabe em escola, conseguir um espaço onde tem espaço infantil, mas agora é uma fase bem complicada, a vida cobra muito de mim tem 11 anos. Eu conheço bastante escolas, amigas que tem clinicas, mas ainda não sei direito. (Rose) Acho que não tão no começo, porque estou só no terceiro semestre, eu entrei com uma cabeça e já estou com outra e durante o curso vamos mudar de opinião, tenho certeza que é em todos os cursos, não só psicologia. ( Beatrice) Sim concordo, mas você tem um norte, mesmo que não seja tão certo, mas você já tem que ter uma meta. ( Felipe) Concordo, não é só no final que tem que pensar, tanto que nós temos bastante a questão de estágios, que você consegue experienciar, no final temos bastante estagio em clínica e já conseguiremos ter uma ideia, mas agora é muito difícil. (Beatrice)

Naturalmente que os alunos tem suas preferências e alguma noção do que os

interessará desenvolver no percurso acadêmico que tem a seguir e por este motivo pensar

no planejamento de carreira é importante, eles terão que administrar o conhecimento, as

aprendizagens, as transições que sofrem no decorrer da vida, para Ourique e Teixeira

(2012) é a forma com que cada indivíduo é protagonista de sua vida em direção a um

estado futuro desejado. O indivíduo tem inúmeras possibilidades e alternativas que podem

influenciar a sua vida relacionada ao trabalho

Perguntados novamente a partir das respostas, eles respondem a que atribuem

esta falta de mão de obra,

Eu não sei o que as pessoas acham, que contábeis é matemática? As pessoas acham que é cálculo, cálculo, cálculo, mas é muito prática, muita teoria, muito raciocínio, calculo, nós temos bem pouco na verdade, para ser bem sinceros para vcs, se a pessoa não gosta de matemática ela nem cogita fazer o curso porque imagina que são apenas cálculos.( Gabriele)

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Eu acho, desculpe, mas é a impressão que eu tenho, (Beatrice) Sei lá, eu quando fui procurar um curso presencial para fazer eu pesquisei o que cada um tinha para oferecer antes de descartar pra justamente não ter esta visão distorcida assim. (Sofia) acho que a falta de pessoas é justamente isto, só faz ou busca o curso só quem já está na área, ninguém se joga para fazer o curso, porque tem medo que seja muita matemática, quem não gosta de matemática nem cogita a possibilidade de fazer o curso porque acha que são só cálculos . (Gabriele)

Ou seja, podemos entender que há um certo desconhecimento acerca dos cursos,

os alunos mesmo tendo acesso a diversos meios de informação, como eventos

promovidos pelas universidades para divulgação dos cursos, acesso à internet entre outros

e ainda assim, pouco sabem do que efetivamente se tratam e a demanda que o mercado

oferece.

Todos os alunos do curso de ciências contábeis que participaram do grupo focal

trabalham na área desde o início do curso, dos estudantes de psicologia nenhum atua na

área, ainda, e pontuam:

Para psicologia só conseguimos começar a trabalhar se for no RH, assistentes de Rh...eu trabalho em um consultório médico e não tem nada a ver com a minha área. Acaba que somos levados pelo mercado porque é a opção que temos, porém tem muitas alternativas, pode ser hospitalar, jurídica, não é tão pobre como parece. (Beatrice) É bem difícil, não existem nem estágios remunerados na nossa área, a maioria é para outras áreas, direito, adm... (Felipe) É que não tem como você ser auxiliar de psicólogo, ou você é ou não é. ( Rose)

CATEGORIA 3.3.2 - Situação Profissional

Especificamente sobre a situação profissional, visualiza-se no gráfico 14, que 74%

dos estudantes que participaram da pesquisa trabalham e apenas 26% não estão

trabalhando no momento.

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Gráfico 14 – Situação Profissional

Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora.

Em relação a todos os relatos dos alunos, chama a atenção suas respostas quando

se trata das diferenças no mercado de trabalho para os estudantes de ciências contábeis e

de psicologia.

A maioria dos estudantes trabalha, porém, nenhum dos alunos participantes do

grupo focal do curso de Psicologia, afirmou trabalhar na área. Estes mencionaram que

são poucas as oportunidades, de maneira geral, as vagas para Psicologia em grande parte

é para área de Recursos Humanos das empresas. Salientam que devido à situação

econômica e política do país no momento, afeta, ainda, mais a falta de oportunidades,

obviamente isto é pertinente ao curso de Ciências Contábeis também, que mesmo tendo

um prisma diferente da Psicologia e um campo com mais oportunidades, também sofre

com os reflexos da economia.

A escolha do curso e posterior a isto, a decisão de carreira segundo Silva (2010)

pode, de fato, não ter uma relação direta com uma percepção positiva do mercado e das

chances de inserção, visto que muitos são os fatores que interferem na construção de uma

carreira, uma delas como mencionado pelos alunos do grupo focal podem ser as questões

econômicas e a saúde financeira do país o que segundo Koen et al (2012) pode levar os

recém-formados a ter como preocupação principal conseguir se inserir de alguma forma

no mercado, o que pode os tornar menos criteriosos na busca de oportunidades e mais

sujeitos a empregos menos interessantes.

74%

26%

Situação Profissional

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CATEGORIA 3.3.3 - Dificuldades de Ingresso no Mercado

Para os alunos de maneira geral, conforme aponta o gráfico a seguir, as causas

mais significativas de dificuldade no ingresso no mercado são a concorrência e a falta de

oportunidade, levando em consideração o primeiro item e revisitando a teoria quando

tratamos do conceito de competência, podemos pensar no CHA, que é o conjunto dos

conhecimentos, habilidades e atitudes que o indivíduo adquire ou desenvolve e que

ajudam a diferenciar um profissional do outro e a torna tão importante no mercado de

trabalho atual.

Gráfico 15 – Principais Dificuldades de Ingresso no Mercado

Fonte: Dados da pesquisa e gráfico elaborado pela pesquisadora

Para profissionais atuantes no mercado é muito fácil falar em competências,

atitudes, identificar o que se precisa desenvolver para ter sucesso profissional ou mesmo

realização profissional, no entanto para os universitários este discurso não é tão simples,

visto o fato de muitos nem terem ingressado no mercado ainda. Bardagi et al (2006)

afirmam que a preocupação com o futuro profissional é comum entre os acadêmicos e

que os temores nesta fase podem desencadear maneiras diferentes de encarar o mercado

de trabalho, uns de forma mais passiva outros buscando tudo que lhe foi apresentado

durante a formação acadêmica como ferramenta para o alcance de seu planejamento ou

projeto, trabalhando com isto para desenvolver as competências necessárias,

31%

7%

7%

31%

24%

Concorrência Momento econômico do país

Idade Falta de oportunidade

Falta de experiência

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... a correlação positiva encontrada entre o comprometimento com a carreira e a avaliação positiva do mercado de trabalho sugere que a identificação com a profissão escolhida e a motivação para o exercício da mesma podem contribuir para o desenvolvimento de uma visão mais favorável sobre o mercado de trabalho ( OURIQUE E TEIXEIRA, 2012, pg.316)

Resgatando os autores que discutem a inserção no mercado de trabalho, bem

como as questões de planejamento de carreira podemos fechar este eixo entendendo o

quão importante é pensar no futuro, traçar metas e objetivos, entender de si e do mercado,

correlacionar os interesses pessoais as necessidades apresentadas com as tendências do

mercado de trabalho, a percepção de boas oportunidades perpassam e se sobrepõe as

eventuais dificuldades que podem aparecer.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No término deste estudo conclui-se como o conhecimento não tem fim, muitas

outras considerações poderiam ser ditas ainda sobre a temática, entretanto, destacam-se

as mais relevantes desta investigação. A pesquisa permitiu comprovar e demonstrar

pontos importantes da visão e do posicionamento dos universitários frente às escolhas, o

entendimento sobre os cursos e os sentidos do trabalho ou mercado de trabalho que os

espera após a conclusão do ensino superior.

A troca de experiências proporcionada no decorrer da coleta dos dados da pesquisa

qualitativa por meio da realização do grupo focal ou na relação pesquisador-objeto-

pesquisado apontou diferenças e semelhanças significativas na interação com os

estudantes. A cada diálogo, a cada nova pergunta propiciou-se um espaço para reflexão e

por que não dizer os instigou a planejar e pensar enquanto ainda estudantes no seu

ingresso ao mercado de trabalho, daqueles que ainda não atuam na área e a reflexão do

que efetivamente almejam aqueles que já trabalham em sua futura formação acadêmica.

O quanto o planejar suas carreiras pode ser decisivo para o sucesso e realização

profissional de cada um.

A revisão da literatura contribuiu com informações para trabalhar o tema

apresentado na pesquisa, bem como evidenciou que trabalhar com a proposta de inserção

profissional para alunos regulares dos cursos de Psicologia e Ciências Contábeis seria

muito instigante e produtivo, visto que a maioria das pesquisas trata apenas da inserção

de estudantes egressos. As considerações foram apresentadas sempre relacionadas à

fundamentação teórica e aos resultados da pesquisa pautados nos eixos temáticos

estabelecidos.

A proposta inicial desta dissertação de mestrado era trabalhar com o sentido do

trabalho, no entanto no decorrer do processo de desenvolvimento da pesquisa a questão

norteadora tornou-se a inserção profissional, o que fez com que o pesquisador se

surpreendesse, mas também refletisse o respeito do que pondera Soares (2002) a respeito

das escolhas, que ao longo de nossa vida fazemos muitas escolhas e estas não são

definitivas. Portanto, não existe uma escolha certa ou errada e para o resto de nossas vidas,

tudo muda constantemente, as pessoas mudam, as vontades mudam, o mercado muda,

evolui e, nestas mudanças e evoluções, os atores sociais precisam acompanhar este

movimento de aprendizagens e aperfeiçoamentos. O que hoje está no auge amanhã pode

não estar mais e outras novas oportunidades surgirão. Assim, a curiosidade e o interesse

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em entender como os cursos e seus alunos se encontram estruturados e se inserem no

mercado tornou-se maior e o objetivo da pesquisa e foi alterado para entender, então, as

expectativas de carreira destes dois grupos distintos de alunos frente ao mercado de

trabalho.

No que tange as questões ainda referentes à escolha constata-se que os jovens

participantes da pesquisa afirmaram estarem satisfeitos com suas escolhas de curso,

Segundo Soares (2002) o melhor é pensar em fazer a melhor escolha de acordo com o

momento e as condições estabelecidas, nem todos têm consciência de suas escolhas,

limitações e determinantes, no entanto, elas acontecem e podem mudar.

Os estudantes universitários participantes da pesquisa pouco puderam contar com

o apoio de uma ferramenta bastante eficaz para auxiliá-los no processo de escolha

profissional, a orientação profissional, percebeu-se a partir das falas a inexistência deste

tipo de trabalho no processo de suas escolhas no que diz respeito ao curso, o

desconhecimento sobre o que é efetivamente e como se dá uma orientação profissional

feita adequadamente. Dos 58 (cinquenta e oito) alunos entrevistados, menos de 5 (cinco)

disseram que recorreram ao serviço e estes quando questionados sobre como se deu a

orientação profissional, mencionaram que fizeram testes on-line, o que obviamente não

caracteriza o trabalho desenvolvido no processo de orientação profissional.

Abramo (2008) contribui com a percepção que os jovens têm em relação ao

trabalho, sintetiza basicamente o que universitários participantes da pesquisa

responderam quando questionados sobre o que compõe o sentido e significado trabalho.

A autora comenta que o tipo de trabalho que realizam, a capacidade de realização, o

crescimento que este pode vir a proporcionar, bem como a forma como se encaixa nas

demais dimensões da vida é o que levam em conta. Segundo os acadêmicos participantes

do grupo focal, muitas palavras respondem a esta questão, todas estão ligadas ao

reconhecimento e realização profissional, as quais só podem acontecer se atreladas à

educação, que no conceito geral deles é a base de nossa evolução. É por meio dela que se

consegue constituir uma estrutura que nos propicia o desenvolvimento pessoal e,

consequentemente profissional. Não obstante do que então era a centralidade do trabalho

e sua função para nossa sobrevivência, hoje assume uma roupagem mais individual e, ao

mesmo tempo social, atrelada como já mencionado a realização mais do que a

sobrevivência.

A compreensão do sentido do trabalho e a realização profissional para estes jovens

participantes da pesquisa mostraram-se importantes, quando se evidenciaram as

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diferenças na inserção profissional dos alunos regulares do curso de Ciências Contábeis

e a facilidade com que ingressam no mercado de trabalho. Dentre as semelhanças e

diferenças entre os cursos, a pesquisa propiciou a saída do campo hipotético e abre

perspectiva para novas pesquisas no entendimento de que, os alunos do curso de

contabilidade procuram a formação superior por já estarem incluídos no mercado de

trabalho, ou seja, a inserção profissional precede a escolha do curso superior; todos os

participantes do grupo focal pontuaram que começaram a trabalhar na área antes de

escolher o curso, e optaram por Ciências Contábeis para agregar teoria.

Em contrapartida os estudantes de Psicologia somente estarão no mercado de

trabalho na sua área de formação, após terem concluído o curso e somente podem atuar

como psicólogos após registro no órgão regulador da profissão. Também o equívoco no

conceito que se tem sobre o Curso de Ciências Contábeis, e a falta de orientação dos

jovens em relação às profissões ficaram evidentes. No curso de Ciências Contábeis os

acadêmicos planejam suas carreiras por preferência de atuação, já no curso de Psicologia

os universitários avaliam além a preferência se haverá mercado para supri-los. Ao mesmo

tempo, assinalaram que sabem que mesmo depois de formados enfrentaram um mercado

com menos oportunidades e mais competitivo devido à grande demanda de profissionais

já no mercado e os que saíram das universidades e a baixa oferta de emprego, o oposto

ao curso de Ciências Contábeis. Estas informações foram obtidas pelos estudantes que

participaram do grupo focal.

A partir dos diversos discursos dos alunos tanto de ciências contábeis quanto de

psicologia é de fundamental importância que tenhamos o entendimento que as profissões além

das conhecidas diferenças, há o fato da necessidade e obrigatoriedade frente à sociedade de

uma e outra. O que isto quer dizer? Que as profissões assumem obrigatoriedade distintas.

Segundo Almeida (2002) o contador é o profissional responsável pela organização

financeira de uma empresa, controla receitas, despesas e lucros da organização, cabe entre suas

responsabilidades registrar todas as atividades financeiras, escrever relatórios e elaborar o

balanço patrimonial. Basicamente, toda a movimentação de ativos e passivos de uma

organização deve ser de conhecimento do contador, para que assim exista um controle seguro

do dinheiro que entra e sai da empresa.

Além disto o contador também pode trabalhar na regulamentação, sendo responsável

por verificar quais impostos a empresa deve pagar. E ainda, deve cuidar para que todos os

contratos estejam de acordo com a lei, do ponto de vista econômico e fiscal, seu trabalho diz

respeito a orientar o empresário sobre as questões contábeis, ou seja, é impossível que uma

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empresa exista sem a existência de um contador, este é de fundamental importância para a

saúde financeira das organizações o que faz com que o mercado se mantenha aquecido e com

oportunidades frequentes.

Em contrapartida a Psicologia assume uma postura de prestação de serviço em

diversas áreas nas quais o psicólogo pode atuar, no entanto, em todas elas há certa dificuldade

de inserção, seja pela falta de demanda, seja pela pouca necessidade criada para a profissão.

Desta forma, conseguem se manter na profissão somente aqueles que têm condições de

investir alto para continuar competindo no mercado de trabalho e, claro, manter a

expectativa de que poderão se realizar profissionalmente. Considerando-se que a

psicologia guarda certas características muito específicas, estas, quando confrontadas

com a realidade, formam o quadro certo para deixar um profissional indeciso e sujeito a

aceitar qualquer oferta independente se o desejo real e de acordo com o planejamento de

carreira desenhado pelo sujeito.

Tendo estas alusões frente às profissões esclarecidas, podemos concluir que os

resultados foram muito significativos e mostraram que os estudantes vivem um

movimento circundante, transitório e heterogêneo na sociedade e no mundo do trabalho,

considerando o que se trouxe nos objetivos alcançados na investigação. Muitas outras

vertentes poderiam se incluir quanto a esse objeto, no entanto, se deixa para futuros

pesquisadores ou quem sabe num futuro doutorado, por ora chega-se ao final. Essa

pesquisa se torna relevante do ponto de vista científica e socialmente, uma vez que por

meio da revisão da literatura, ainda, são poucas as pesquisas na área de estudos. Este

estudo não é conclusivo e inúmeras outras considerações seriam possíveis e que sugere

continuidade e aprofundamento das pesquisas num próximo alçar voos.

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ANEXOS

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ANEXO A

Universidade do Vale do Rio Itajaí – UNIVALI Programa de Pós – graduação em Educação – Mestrado Eixo: Educação e Trabalho Pesquisador: Melissa Zeni Stuepp Orientadora: Drª Tânia Regina Raitz

AUTORIZAÇÃO

A Coordenação do Programa de Mestrado Acadêmico em Educação da Universidade do

Vale do Itajaí – UNIVALI – Campus Itajaí – autoriza a realização da pesquisa com o

título: “OS SENTIDOS DO TRABALHO PARA JOVENS UNVERSITARIOS,

ESCOLHA E INSERÇÃO PROFISSIONAL”, a ser realizado pela mestranda Melissa

Zeni Stuepp, sob a orientação da Profª Drª Tânia Regina Raitz. Durante o

desenvolvimento da pesquisa, o acadêmico e sua orientadora estão autorizadas a

frequentar a instituição para realização de coleta de dados. Os horários e organização da

coleta serão negociados previamente com a direção e os professores responsáveis pelos

estudantes dos cursos de Contabilidade e Psicologia da UniSociesc. Todos os dados

coletados serão mantidos em sigilo e utilizados somente para objetivos de pesquisa. O

acadêmico e sua orientadora estarão disponíveis para esclarecimentos de dúvidas a

respeito da pesquisa, sempre que for necessário.

Mestrando: Melissa Zeni Stuepp. (47) 9181-2844

Orientadora: Profª Drª Tânia Regina Raitz (47) 33417516

Local de pesquisa: Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI

Validade desta autorização: maio de 2016 a Dezembro de 2016

Responsável pela Instituição (assinatura e carimbo)

Itajaí, 04 de maio de 2016.

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ANEXO B

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

A sua participação no preenchimento deste questionário é parte da Pesquisa de Mestrado,

intitulada “OS SENTIDOS DO TRABALHO PARA JOVENS UNVERSITARIOS,

ESCOLHA E INSERÇÃO PROFISSIONAL”, sob orientação da Professora Doutora

Tânia Regina Raitz, e da Pesquisadora Participante do Mestrado: Melissa Zeni Stuepp. O

projeto busca a participação dos alunos da graduação dos cursos de Contabilidade e

Psicologia da Unisociesc unidade Blumenau.

Informo que o participante poderá ou não aceitar participar da pesquisa, bem como ter a

liberdade de, a qualquer tempo, deixar de participar, sem que isso traga qualquer tipo de

prejuízo ou problema. Enfatizo que poderá, a qualquer momento, pedir informações e

esclarecimentos sobre a pesquisa.

Abono a garantia de sigilo e à confidencialidade das informações coletadas nesse estudo

e seu conhecimento caberá apenas aos pesquisadores. Serão divulgadas apenas as análises

realizadas a partir das respostas obtidas. Reenterro que sempre será respeitada sua

autonomia e dignidade.

Informo a não existência de benefícios diretos, no entanto, com a participação na pesquisa

contribuirá para o fomento dos temas educacionais.

Enfatizo que não haverá nenhum tipo de despesa para o participante, bem como nada será

pago na participação da pesquisa.

Coloco à disposição ao participante da pesquisa os nomes e os telefones dos

pesquisadores.

Nome do (a) estudante: __________________________________________________

Contato /Fone :__________________ e-mail:_________________________________.

Melissa Zeni Stuepp Tânia Regina Raitz

Mestranda em Educação Profa. Dra. em Educação

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ANEXO C

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO E DOUTORADO EM EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

Mestranda: Melissa Zeni Stuepp Orientadora: Dra. Tânia Regina Raitz

QUESTIONÁRIO A SER APLICADO AOS ALUNOS (AS) UNIVERSITÁRIOS

As informações obtidas a partir deste instrumento permitirão reconhecer e identificar sua

escolha profissional, além do sentido do trabalho que atribui.

LOCAL: UNISOCIESC

CURSO: ( ) CONTABILIDADE

( ) PSICOLOGIA

Semestre:_________________.

1.Sexo: Masculino ( ) Feminino ( )

2.Idade:________ anos.

3.Estado Civil:

Solteiro ( ) Casado ( ) Divorciado ( ) União Estável ( ) Viúvo ( )

4.Situação de Trabalho atual:

( ) Trabalha ( ) Não trabalha ( ) Nunca Trabalhou

5.Trabalha na sua área de formação?

( ) Sim ( ) Não

6.Se trabalha, qual sua situação de trabalho?

( ) autônomo

( ) Trabalho remunerado com CTPS assinada

( ) trabalho remunerado para terceiros de forma irregular, sem CTPS assinada;

( ) negócio familiar;

( ) servidor publico;

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( )trabalhador eventual;

( ) membro de associação;

( ) membro de ONG;

( ) trabalho voluntário;

( ) estagiário;

( ) menor aprendiz

( ) outro. Qual? ____________________________________________

7.Qual sua renda?

( ) menos de um salário mínimo;

( ) de 1 a 2 salários mínimos;

( ) 3 a 4 salários mínimos;

( ) 4 a 5 salários mínimos;

( ) 5 ou mais.

8.Se mora com a família, qual a renda familiar mensal:

( ) menos de um salário mínimo;

( ) de 1 a 2 salários mínimos;

( ) 3 a 4 salários mínimos;

( ) 4 a 5 salários mínimos;

( ) 5 ou mais.

9.Em relação a sua faculdade, quem custeia as mensalidades:

( ) você

( ) sua família

( ) possui bolsa de estudos

( ) financiamento estudantil ( FIES)

10.Qual seu meio de locomoção:

( ) carro ( ) moto ( ) ônibus ( ) bicicleta ( ) andando ( ) outro. Qual?

_______________________

11.Quais motivos levaram a escolha do curso? Liste 3 em ordem de prioridade.

______________________________________________________________________;

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88

______________________________________________________________________;

______________________________________________________________________.

12.Sua família teve influencia na escolha do curso?

( ) sim ( ) não ( ) não sabe responder

13.Você esta satisfeito com sua escolha ?

( ) muito satisfeito

( ) Satisfeito

( ) pouco satisfeito

( ) Insatisfeito

Justifique:

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

14. Se pudesse escolher novamente, faria algo diferente?

( ) sim

( ) não

O que?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

15. Fez algum teste ou recorreu a algum serviço de orientação vocacional para

auxiliar na escolha de sua futura profissão?

( ) sim

( ) não

Se sim, o que?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

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16.Qual o sentido do trabalho na sua vida? Liste 3 aspectos em ordem de

importância

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

17 . Um trabalho que tem sentido para mim é aquele: Coloque em ordem crescente

de importância para você:

( ) Que corresponde aos meus interesses e desejos

( ) Que me permite aprender e me aperfeiçoar

( ) Que eu possa ajudar os outros

( ) Que permite vislumbrar o futuro

( ) Que faz um trabalho útil para a sociedade

( ) Que me permite ter influência no meio em que vivo

( ) Que garante minha sobrevivência

( ) Que respeita minha vida pessoal

( ) Que reconheça minhas competências

( ) Cuja carga de trabalho é ajustada

( ) Que assegure minhas necessidades básicas ( alimentação, vestuário...)

( ) Que respeita as minhas convicções pessoais

( ) Que é feito em um local de justiça e igualdade

( ) Que me torne independente da família

( ) Que eu possa me realizar e fazer o que gosto

18.O curso lhe orienta ou discute sobre sua inserção no mercado de trabalho?

( ) Sim ( ) não ( ) eventualmente

19 . Você acredita que encontrara dificuldades para ingressar no mercado de

trabalho?

( ) Sim ( ) não ( ) eventualmente Quais são estas dificuldades, enumere?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________.

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90

20. Quais são as competências que acredita ter e que o diferenciam dos demais com o

mesmo grau de instrução que você na conquista de uma vaga de emprego. Liste 3

competências.

1. ______________________________________________________________________

2. ______________________________________________________________________

3. ______________________________________________________________________

21. Em relação ao mercado de trabalho, você sabe todas, ou pelo menos a maioria das

possibilidades e áreas que seu curso proporciona como oportunidade de trabalho?

( ) Sim ( ) não ( ) parcialmente

22. O que é mais importante na sua vida? Enumere por ordem de importância.

( ) Família ( ) Trabalho ( ) Lazer ( ) Educação ( ) Religião ( ) Saude

Muito obrigada por sua participação e colaboração, por favor, deixe seu contato com

telefone caso necessite conversar futuramente ou para participar da segunda etapa da

pesquisa.

Nome:

Endereço:

Telefone

Melissa Zeni Stuepp Tânia Regina Raitz

__________________________ __________________________________ Mestranda em Educação Prof. Dra. Orientadora

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ANEXO D

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

A sua participação neste Grupo Focal é parte da Pesquisa de Mestrado, intitulada “OS

SENTIDOS DO TRABALHO PARA JOVENS UNVERSITARIOS, ESCOLHA E

INSERÇÃO PROFISSIONAL”, sob orientação da Professora Doutora Tânia Regina

Raitz, e da Pesquisadora Participante do Mestrado: Melissa Zeni Stuepp.

O projeto busca a participação dos alunos da graduação dos cursos de Contabilidade da

Unisociesc unidade Balneário Camboriú e Psicologia da Unisociesc unidade Blumenau.

Informo que o participante poderá ou não aceitar participar da pesquisa, bem como ter a

liberdade de, a qualquer tempo, deixar de participar, sem que isso traga qualquer tipo de

prejuízo ou problema. Enfatizo que poderá, a qualquer momento, pedir informações e

esclarecimentos sobre a pesquisa.

Abono a garantia de sigilo e à confidencialidade das informações coletadas nesse estudo

e seu conhecimento caberá apenas aos pesquisadores. Serão divulgadas apenas as análises

realizadas a partir das respostas obtidas. Reenterro que sempre será respeitada sua

autonomia e dignidade.

Informo a não existência de benefícios diretos, no entanto, com a participação na pesquisa

contribuirá para o fomento dos temas educacionais.

Enfatizo que não haverá nenhum tipo de despesa para o participante, bem como nada será

pago na participação da pesquisa.

Coloco à disposição ao participante da pesquisa os nomes e os telefones dos

pesquisadores.

Nome do (a) estudante: __________________________________________________

Contato /Fone :__________________ e-mail:_________________________________.

Melissa Zeni Stuepp Tânia Regina Raitz

_____________________ ____________________

Mestranda em Educação Profa. Dra em Educação

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ANEXO E UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM EDUCAÇÃO MESTRANDA: Melissa Zeni Stuepp ORIENTADORA: Dra. Tânia Regina Raitz

ROTEIRO DE ENTREVISTA GRUPO FOCAL SOBRE SENTIDOS E SIGNIFICADOS DA EDUCAÇÃO E TRABALHO COM

FOCO NA ESCOLHA E INSERÇÃO PROFISSIONAL COM JOVENS UNIVERSITÁRIOS

1)Comente quais foram os fatores que influenciaram sua escolha do curso universitário?

2) Como se deu essa escolha? Fale em detalhes se teve dificuldade ou não?

3) Quando entrou no curso se sentia seguro da profissão escolhida?

4) Em seu processo educacional você passou por algum tipo de serviço ou programa de

orientação vocacional profissional ou apoio educacional nesse sentido?

5) Comente se está ou não satisfeito com o curso escolhido? Quais eram as expectativas

que tinham antes de entrar no curso e se estas foram atendidas?

6) Você acha que os conhecimentos que tem adquirido no curso, na grade curricular, são

suficientes para atuar no mercado de trabalho ou na área específica de atuação? Fale sobre

isso.

7) Você está trabalhando na área de atuação ou está desempregado? Fale de sua

experiência profissional.

8) Você teve ou tem dificuldades para se inserir na área ou no mercado de trabalho? Quais

são elas?

9) Você se sente preparado pela universidade para atuar na área escolhida ou no mercado

de trabalho? Comente sobre o assunto.

10) O curso lhe auxilia nessa transição da academia para o mercado de trabalho? Se sim,

fale como oferece estas oportunidades? Se não, mencione em sua opinião por que isso

não ocorre?

11) Dê sua opinião se o curso lhe traz diagnósticos do mercado de trabalho que possa

contribuir com as competências e exigências necessárias pelos empregadores na

atualidade?

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12) Comente qual o sentido de educação para você ?

13) Comente qual o sentido do trabalho para você?