Memórias Póstumas de Brás Cubas - Resumos de Livros - UOL Vestibular.pdf

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    Machado de Assis

    Resumo

    Memrias Pstumas de Brs Cubas

    11/02/2005 10h54

    Esta uma histria fantstica, narrada por um defunto-autor. Brs Cubas, o

    narrador-personagem, apresentado nela, por Machado de Assis, como um

    homem pretensamente superior, a fim de revelar exatamente o oposto, ou seja, o

    quanto a condio huamana seria frgil, precria. Vemos que se revela o realismo

    irnico, de forma universal e intemporal, surgindo ante os leitores a postura niilista,

    ou seja, de completa negativa de tudo, misturada filosofia e metafsica.

    De acordo com Lcia Miguel-Pereira, a obra, em sua ousadia, deixa de fora o

    sentimentalismo, o moralismo de superfcie, a sonhada unidade do ser humano, o

    plavreado sentimentalide, o medo de escandalizar os preconceituosos, a ideia de

    que o amor sempre deveria prevalecer sobre qualquer outro tipo de paixo, a

    eterna recorrncia natureza, como se esta fosse a nica forma de se colocar a cor

    local para o leitor. Em contrapartida, homens e mulheres revelam-se como

    personagens, independentemente de nacionalidade ou regionalismos; a viso do

    ambiente e da poca aparecem com clareza e o humor u tilizado com maestria,

    em nossa literatura, pela primeira vez.

    "Memrias Pstumas de Brs Cubas" a obra que sela a nossa independncia

    literria, a nossa maturidade intelectual e social, a liberdade de concepo e

    expresso de que o Brasil se encontrava necessitado na poca. Machado de Assis

    atribuiu ao romance um carter regional, sem entretanto deixar de ser brasileiro.

    Apenas, no teve mais, como acontecia com autores de escolas anteriores, queficar provando brasilidade em seu texto.

    Como perfeitamente sabemos, essa obra conhecida como um "divisor de guas"

    na Literatura Brasileira. ela que divide em duas partes o trabalho do escritor

    Machado de Assis: a fase romntica e a fase realista, que tem incio com sua

    publ icao. Tambm ela, em 1881, que faz a passagem do Romantismo para o

    Realismo brasileiro.

    Supostamente, as memrias foram escritas por um "defunto-autor", ou seja, um

    narrador-personagem que conta sua vida depois de morto, do alm-tmulo, o que

    nos reporta aos "Dilogos dos Mortos" de Luciano de Samsata, escritor grego,dando obra um carter lucinico, o que tambm ocorre no "Auto da Barca do

    Inferno", de Gil Vicente, e em "Dom Casmurro", do mesmo Machado - uma obra

    aberta, tambm caracterstica herdada do escritor grego j citado.

    O foco narrativo em primeira pessoa d ao personagem Brs Cubas o monoplio do

    texto. Aparentemente, seu relato caracteriza-se por uma postura de iseno, ou

    seja, prima pela imparcialidade, j que um morto no teria qualquer necessidade

    de mentir, j que deixara o mundo dos vivos e, assim, abandonara qualquer

    comprometimento, iluso ou envolvimento.

    RESUMOS DE LIVROS

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    No entanto, se observarmos com cuidado, a obra s poder ser entendida se

    comearmos por analisar o que o personagem conta, procurando perceber certos

    sinais, que indicam que ele mente, exagera e chega, inclusive, a ser incongruente.

    Brs Cubas manipula a histria, mostra-se sempre superior, com mania de

    grandeza, desde o incio de seu relato. Chega a comparar seu relato ao

    Pentateuco, que um livro sagrado, histrico, fundador de uma tradio religiosa,

    atribudo a Moiss, um profeta universalmente importante, insinuando que a

    diferena radical entre este relato e o seu seria apenas o fato de Brs narrar sua

    existncia partindo da morte e Moiss, seguindo a cronologia normal, tomando onascimento como incio. Logicamente, apenas um grande presunoso no

    perceberia a diferena entre as duas narrativas, o grau de importncia de cada

    uma, o que nos revela o grande presunoso que ainda vive no "defunto-autor" Brs

    Cubas.

    A ironia destaca-se no decorrer da obra e direciona-se a vrios objetos. Um

    exemplo, seria a postura romntica, quando apresenta alguns trechos em que a

    ridiculariza - como a frase de que a natureza chora sua morte ou ao questionar a

    bondade e a fidelidade do amigo que o elogia em seu funeral, insinuando que o

    comprara.

    Mostra o ridculo de um enterro com onze pessoas presentes, mas no deixa de

    explicar que os anncios e cartas no foram feitos, portanto as pessoas no haviam

    sido avisadas de sua morte. Vemos, mais uma vez, o jogo de Machado de idas e

    vindas e suas colocaes, s que feitos por intermdio de Brs.

    como se Machado de Assis buscasse transmitir uma forma de encarar o mundo,

    mostrando que a piedade, a suavidade, o afeto, e tantos outros valores esto

    perecendo na conjuntura em que a Humanidade cada vez mais se acomoda.

    Notamos que o "defunto-autor" estabelece-se distanciado de Machado de Assis,

    assim como da humanidade, que no teme desmascarar, ferir, escandalizar,

    chegando a dizer ao leitor que, se no se agradar de sua obra, tome um piparote,

    como um inseto que incomoda ou um gro de poeira em nossa roupa, jogado para

    longe com a ponta dos dedos. Vemos que Brs Cubas no cr no ser humano, da

    escrever com a "pena da galhofa", da ironia, do rdiculo, sem, entretanto, sentir-se

    ferido, usando a "tinta da melancolia" para demonstr-lo.

    O verdadeiro carter do narrador-personagem revela-se gradativamente, no

    decorrer do romance. Aos poucos, o leitor v do que ele capaz, o que pensa

    sobre si e sobre os outros, como no tem limites para chegar ao que deseja atingir,

    sem freios, sem cuidados.

    Um forte niilismo pode ser verificado, quando, no captulo final do romance, eleenumera todas as negativas que lhe compuseram a existncia, em todos os

    sentidos e planos. Apenas alguns pontos positivos, como o fato de no ter que

    morrer pobre como D. Plcida, de no enlouquecer como Quincas Borba e de no

    necessitar de trabalho para sobreviver so mencionados, como uma pequena

    compensao para tantos "nos". um burgus, de acordo com os personagens

    realistas, cheio de iluses e empfias. Acha-se quite com a vida.

    No entanto, ao refletir melhor, em mais uma de suas voltas, acaba por desmentir

    aquilo que seria um consolo, uma conciliao com a vida. Diz que fez mais, e que

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    carrega um saldo, ainda que pequeno, o qual se constitui na derradeira negativa do

    romance e em mais uma grande ironia de Machado: em um radicalismo niilista,

    Brs nega que a Humanidade merea ter continuidade, vangloria-se de no ter tido

    filhos, de no dar prosseguimento a sua famlia.

    Vinga-se da vida, recusa-a radicalmente, trata de demoli-la. "No tive filhos, no

    transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa misria" uma frase que nos

    revela a universalidade da misria humana, tanto que o narrador troca o "eu" pelo

    "ns" e, assim, podemos verificar que Brs Cubas se revela como sntese demuitas, ou talvez, de todas as pessoas, com seus fracassos no assumidos,

    escamoteados, e no apenas um ser. Machado analisa a todos, de forma profunda,

    com sua capacidade imensa de penetrao psicolgica. Desvenda-nos as faces do

    ser humano, como se de um s falasse.

    Temos uma obra em estilo substantivo e anti-herico, revelado, em uma linguagem

    ambgua, sutil, repleta de causticidade e humor, usada para ironizar e destruir

    todas as iluses romnticas mencionadas.

    No romance, surgem o uso da linguagem e a interlocuo ou conversa com o leitor,

    que tambm denominada "processo do leitor incluso". O nosso narrador, que no nada confivel, ilude, provoca e desconcerta seu leitor, servindo-se de conversas

    nas quais ironiza suas expectativas, fazendo, inclusive, reflexes metalingusticas,

    usadas para criticar a linguagem e a estrutura das narrativas tradicionais e

    questionar o prprio processo de criao literria. Um exemplo disso quando Brs

    faz a metalinguagem, ironizando, por meio dela, o leitor apressado e acostumado

    com a estrutura utilizada nos folhetins romnticos, nas quais a narrao direta,

    regular e fluente.

    Ocorre, ainda, a quebra da linearidade do enredo, aparecendo microcaptulos

    digressivos, usados para comentar, explicar e exemplificar outros captulos. Essa

    atitude de Machado de Assis fragmenta o romance tradicional. Faz com que o leitor

    tenha que se esforar constantemente na montagem, organizao, recriao crtica

    e criativa da obra. Um bom exemplo disso seria o episdio da borboleta preta, uma

    alegoria personagem Eugnia, que manca e pobre. Outros exemplos de

    fragmentao mais radicais so "O velho dilogo de Ado e Eva" e "De como no

    fui ministro", captulos compostos apenas e to-somente de sinais de pontuao,

    repletos de ideias, mas vazios de palavras, levando a imaginao do leitor a

    funcionar.

    O romance tem como o espao o Rio de Janeiro e temos o tempo psicolgico - das

    memrias -, com quebra de l inearidade, embora diversas datas sejam citadas.

    Podemos dizer que Brs Cubas assume uma posio transtemporal, pois enxergaa prpria existncia de fora dela, de modo onisciente e descontnuo. Os fatos so

    narrados quando surgem na memria e vrias digresses so feitas.

    Veja tambm:

    Sntese (/ultnot/livrosresumos/ult2755u32.jhtm)Teste seus conhecimentos (/testes/quiz_literatura_memorias2004ve_2.jhtm)

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