5
 43 M e tás tas e ós s e a: revi s ã o da l i tera tur a B o ne m e tasta se s: li te r atur e r e vi ew 1  Mé dico Ti t ul ar da S ocieda de Bras i l e ira de Ort opedia. Mes t re em Or t opedia pe l a UFRJ. Chefe do S ervi ço de Tumor do Hos pi t a l de T raumato Or topedia-I NTO . M é di co da S e ção de Te cido Ós s e o-cone cti vo HC I -I NCA 2  M é di ca Or topedista . M e mbro Ass ociado da S BOT. Especiali s ta em Or topedia Oncológi ca pe lo INCA/ MS . 3  Médico Titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia. Médico da Seção de Tecido Ósseo- conectivo HC I-INCA. Especialista em Ortopedia Oncológica pelo INCA/MS. Médico do serviço de tumor do H.T.O.-INTO 4  Mé dica Or t opedista. Membro Ass ociado da S BOT. M e mbro Ti tul a r da S ociedade Brasil e ira de Or t ope di a P e di á t ri ca . 5  Chefe da S e çã o de Te cido Ós s e o- conecti vo H C I -I NCA. 6  Mé di co da S e çã o de Te cido Óss e o- conecti vo H C I -I NCA. M e s t re e m ci rurgi a pe l a UFRJ . Trabalho realizado no INCA - Instituto Nacional de Câncer Endere ço para c orr es pondê nci a:  Walter Meohas - Av. Ayrton Senna, 1850 sala241 - Barra da Tijuca. E-mail: [email protected] W al ter Me ohas 1 , Da niel l eProb stn e r 2 , R ob erto And T orresVasconcel l os 3 , An aC ri sti nad eSáLo pe s 4 , José Franc i sc oNe toRe zen de 5 , Ne l so nJ ab ourFi od 6 Resumo Os autores sumarizam os aspectos históricos relevantes e os conceitos atuais sobre abordagem de pacientes com doença óssea metastática. Eles mostram a importância da história clínica, evolução e diagnóstico, avaliando os estudos radiológicos, cintilográficos e opções de tratamento. A conclusão é que o manuseio da mestástase óssea deve levar em conta o prognóstico e a expectativa de vida. Palavras-chave:  M e t ástas e ; Carci noma ; Le são ós s e a metas t á t i ca .  A bs tra ct The authors summarize the most relevant historical aspects and current concepts on approach of patient with bone metastatic disease. They point out the importance of clinical issues and diagnostic evolution, taking a look of  radiologic and scintigrafic studies and treatment options. The conclusion is that management of bone metastasis should be tailored to the patient overall prognosis and life expectancy. K e y wo r ds : Metastasis; Carcinoma; Metastatic bone lesion. Revisão de Literatura  Met ást ase óss ea  Artigo su bm et ido em 29/06/ 04; a ce ito pa ra pu bl icaç ão em 05/01/ 05 Revista Brasileira de Cancerologia 2005; 51(1): 43-47

Metastases Implantes Osseas

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Metastases Implantes Osseas

5/17/2018 Metastases Implantes Osseas - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/metastases-implantes-osseas 1/5

 

Metástase óssea: revisão da literatura

 Bone metastases: literature review

1 Médico Titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia. Mestre em Ortopedia pela UFRJ. Chefe do Serviço de Tumor do Hospital de TraumatoOrtopedia-INTO. Médico da Seção de Tecido Ósseo-conectivo HC I-INCA2 Médica Ortopedista. Membro Associado da SBOT. Especialista em Ortopedia Oncológica pelo INCA/MS.3 Médico Titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia. Médico da Seção de Tecido Ósseo- conectivo HC I-INCA. Especialista em OrtopediaOncológica pelo INCA/MS. Médico do serviço de tumor do H.T.O.-INTO4 Médica Ortopedista. Membro Associado da SBOT. Membro Titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica.5 Chefe da Seção de Tecido Ósseo- conectivo HC I-INCA.6 Médico da Seção de Tecido Ósseo- conectivo HC I-INCA. Mestre em cirurgia pela UFRJ.Trabalho realizado no INCA - Instituto Nacional de Câncer Endereço para correspondência: Walter Meohas - Av. Ayrton Senna, 1850 sala241 - Barra da Tijuca.  E-mail: [email protected]

Walter Meohas1, Danielle Probstner2, Roberto André Torres Vasconcellos3, Ana Cristina de Sá Lopes4, José Francisco Neto Rezende5,Nelson Jabour Fiod6

Resumo

Os autores sumarizam os aspectos históricos relevantes e os conceitos atuais sobre abordagem de pacientes comdoença óssea metastática. Eles mostram a importância da história clínica, evolução e diagnóstico, avaliando os

estudos radiológicos, cintilográficos e opções de tratamento. A conclusão é que o manuseio da mestástase ósseadeve levar em conta o prognóstico e a expectativa de vida.Palavras-chave: Metástase; Carcinoma; Lesão óssea metastática.

Abstract 

The authors summarize the most relevant historical aspects and current concepts on approach of patient with bonemetastatic disease. They point out the importance of clinical issues and diagnostic evolution, taking a look of radiologic and scintigrafic studies and treatment options. The conclusion is that management of bone metastasisshould be tailored to the patient overall prognosis and life expectancy. Key words: Metastasis; Carcinoma; Metastatic bone lesion.

Revisão de Literatura Metástase óssea 

Artigo submetido em 29/06/ 04; aceito para publicação em 05/01/ 05 

Revista Brasileira de Cancerologia 2005; 51(1): 43-47

Page 2: Metastases Implantes Osseas

5/17/2018 Metastases Implantes Osseas - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/metastases-implantes-osseas 2/5

 

44

Meohas W, et al

INTRODUÇÃO

O termo "metástases" vem do Grego (meta = além ;stasis = parar)(7) sendo originalmente empregado nocontexto da Teoria Fisiológica Humoral vigente 400-500 anos A.C., segundo a qual, o equilíbrio dahomeostase corporal era dado pelo perfeitobalanceamento entre os quatro humores orgânicos :sangue , bile amarela , bile negra e fleuma. Esta teoriafisiopatológica foi criada em analogia à Teoria dos"Quatro Elementos", sendo documentada porHipócrates e posteriormente traduzida por Galeno noséculo 2 D.C., passando então à Escola Escolástica deMedicina da Idade Média.1, 2

Segundo a Teoria Fisiológica Humoral, o organismocozinhava o excesso ou o eliminava através dos dejetosorgânicos . Caso o material não fosse completamente"cozido" ou eliminado, era depositado ("apostasis") oumandado para outra parte do corpo ("metástases").Acreditava-se que o acúmulo de bile negra eraresponsável pelo surgimento dos tumores e que asmetástases eram depósitos desta bile transportados paraoutra parte do organismo. Estes conceitos influenciaramo meio científico até o século XIX, quando importantesdescobertas delinearam um novo panorama no campoda Oncologia.1,2

As bases celulares do câncer foram reconhecidas nestaépoca com a demonstração do crescimento através dadivisão celular por Raspail, em 1826, pela descrição da

estrutura celular como unidade básica da vida porSchwann e pela descoberta de Müller de que ocrescimento tumoral assemelhava-se ao do tecidonormal.1

O termo "metástases" com o contexto queconhecemos foi introduzido por Récamier (1774-1852).Entretanto cabe a Thiersch (1822-1895) e Waldeyer(1865-1921) a estrutura das bases da Teoria Mecanicistaque ganhou espaço a partir do século XIX através dacomprovação morfológica de êmbolos metastáticos decélulas epiteliais em vasos linfáticos e linfonodos. De

acordo com esta teoria, plenamente aceita no final doséculo XIX, as células tumorais seriam distribuídas viavasos sangüíneos e linfáticos, formando colônias tumoraisno local onde fossem depositadas.1

Com a descoberta do microscópio tornou-se possívelrelacionar o tumor primário com os implantes ósseossecundários , inaugurando definitivamente o início daTeoria da Circulação. Paget, von Recklinghausen eSchmorl observaram que nem todos os ossos eramacometidos por implantes secundários com a mesmafreqüência , ficando claro que apenas o fluxo lentificado

Revista Brasileira de Cancerologia 2005; 51(1): 43-47

de sangue nos sinusóides da medula óssea e a poucaespessura da parede dos vasos não poderiam ser as únicasexplicações para este fato.1,2

Em 1889 Paget publica a Teoria do Solo e Semente,onde conclui que a influência combinada das célulastumorais com o meio na qual se encontram, permitiriamo crescimento tumoral secundário após uma fase delatência, de forma análoga às sementes cujo potencialdesenvolve em solo fértil.1

Em 1940 Batson comprova no meio científico aexistência de uma quarta via de disseminaçãometastática, somando o sistema venoso avalvular que seestende da base do crânio à pelve às outras três viasconhecidas: sistemas Cava, Porta e Pulmonar.1

A metástase é, portanto, o resultado final de váriasetapas interdependentes, um processo multifacetado queinclui uma complexa interação entre o tumor eorganismo hospedeiro, uma seqüência de eventos queainda hoje não foi completamente esclarecida.3

Desde 1970 as pesquisas neste campo vêm sendointensificadas, sabendo-se atualmente da importânciados fatores quimiotáxicos e de crescimento nodesenvolvimento da metástase óssea, corroborando ateoria proposta por Paget em 1889.1

Este trabalho faz um apanhado sobre a abordagemda doença óssea metastática, chamando atenção parasuas particularidades, tratamento e prognóstico,independente do tumor primário.

ASPECTOS CLÍNICOSA doença óssea metastática é responsável por mais

de 99% dos tumores malignos que acometem o osso etodo tumor maligno pode eventualmente produzirmetástase.1

Fisiologicamente, a metástase é um processoineficiente. Sabe-se, por exemplo, que após injeçãointravenosa experimental de células tumorais altamentemetastáticas, apenas 0,01% destas irão conseguir formarum foco tumoral.3

A ineficiência deste processo se deve às várias etapas

interdependentes que compõem a complexa cascata deeventos necessários ao estabelecimento do implantesecundário.3

O processo de disseminação metastática parece sersemelhante em todos os tipos de tumor, e suas etapasrelevantes são a oncogênese, a angiogênese, a existênciade células tumorais com fenótipo invasivo e com maiorvelocidade de crescimento, capacidade de sobrevivênciaà circulação sangüínea, adesão da célula tumoral aotecido-alvo, extravasamento e crescimento celular nalocalização secundária, angiogênese no foco metastático

Page 3: Metastases Implantes Osseas

5/17/2018 Metastases Implantes Osseas - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/metastases-implantes-osseas 3/5

 

Metástase óss

Revista Brasileira de Cancerologia 2005; 51(1): 43-47

e bloqueio da resposta imune hospedeira.3

As metástases para pulmão são mais comuns emsarcomas, as metástases ósseas surgem com maiorfreqüência dos carcinomas de mama (49%)(figura1),pulmão, rim, próstata e tireóide; localizando-se maiscomumente nas vértebras, arcos costais (esqueleto axial80%), na pelve e no fêmur7. Muitas vezes a localizaçãoprimária permanece desconhecida (3%), chamando aatenção para a doença apenas o quadro metastático. Osimplantes secundários são extremamente rarosdistalmente em cotovelo e joelho (0,3%), acometendode forma preponderante mulheres acima da quartadécada de vida.7,8

Clinicamente a dor é o principal sintoma, podendoser acompanhada de aumento de volume local e/oufratura patológica. A lesão, no entanto, pode evoluir deforma assintomática e só se mostrar em vigência defratura patológica ou do edema local, muitas vezesconfundido com trombose venosa.9

A abordagem do paciente deve começar com oestadiamento clínico, representado na classificaçãoTNM da União Internacional Contra o Câncer (UICC).A metastáse óssea ou não, é representada pela letra "M"

(M0 ausência e M1 presença).10

O estadiamento clínico, inclui testes laboratoriaiscomo hemograma completo, dosagem de eletrólitos (ex.:sódio, potássio, cálcio, fósforo, magnésio), dosagem deenzimas (ex.: Fosfatase Alcalina, Desidrogenase Lática,Fosfatase Ácida), dosagem de marcadores tumoraisespecíficos (ex.: Antígeno Carcino-embrionário,Antígeno Prostático específico), dosagem deImunoglobulinas, de proteínas específicas (ex.: Bence-Jones) e dosagem hormonal (ex.:Paratormônio).3

Um criterioso estudo por imagem, deve também

Figura 1 - metástase de tumor de mama (carcinoma ductal infiltrante).

ser realizado, iniciando com radiografia simples do localacometido, procurando alterações como lesões líticas(com padrão geográfico, permeativo ou de "roído detraça"), lesões osteoblásticas ou mistas. É importanteestar atento a possíveis reações periosteais (ex.:espiculada, laminada, triângulo de Codman), que, pornão serem freqüentes, podem ser superestimadassimulando diagnóstico de tumor ósseo primário.3

A Cintilografia Óssea complementa a avaliação,mapeando todo o esqueleto e definindo se a lesão emquestão é única ou múltipla. O Tc99m-MDP é oradiofármaco mais utilizado para esta finalidade. Oestudo por radionuclídeos foi introduzido paraestadiamento por Sklaroff y Charkes em 19709, é umexame metabólico, para lesões osteoblásticas, comalguma repercussão por imagem, fazendo diagnósticode lesões ósseas com precocidade de até quatro mesesem relação à radiografia simples.7

A investigação por imagem deve seguir com estudotomográfico local e à distância (TC de tórax, abdome epelve) e RNM com contraste de Gadolíneo da regiãoacometida, com a finalidade de melhor avaliar ocomprometimento das partes moles ou compressãoneurológica nas metástases de coluna.

Mais recentemente a Tomografia por Emissão dePósitrons (PET Scan) vem sendo introduzida pararastreamento de metástase em alguns tipos de tumores,direcionamento de biópsias e estudo diferencial entrerecidiva tumoral em partes moles e fibrose. O potencial

clínico da PET ainda está sendo investigado para delinearclaramente seu papel na abordagem do pacienteoncológico.4

A última etapa do estadiamento clínico das lesõesósseas metastáticas é a biópsia, que pode ser feita deforma aberta (cirurgicamente) ou fechada (por trocarte).A biópsia óssea se faz necessária somente nos casos ondeos exames de estadiamento não conseguiram definir alocalização primária da lesão, devendo sempre ser feitaapós a investigação por imagem, para que o hematomadecorrente do trauma cirúrgico não altere o resultado

da cintilografia, tomografia, ressonância magnética eradiografia simples.

TRATAMENTO LOCALOs principais objetivos do tratamento local são: alívio

da dor, manutenção ou restauração da função, comdescompressão neurológica e controle do crescimentotumoral local quando possível.5

Para esta finalidade utiliza-se a radioterapia isoladae ou em conjunto com procedimentos cirúrgicos, quedevem levar em consideração o prognóstico do tumor

Page 4: Metastases Implantes Osseas

5/17/2018 Metastases Implantes Osseas - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/metastases-implantes-osseas 4/5

 

46

primário, a expectativa de vida e o estado geral de saúdedo paciente.5

A radioterapia pode ser empregada com intençãopaliativa, a fim de suprimir o crescimento tumoral naslesões metastáticas que não ameacem biomecanicamentea estrutura óssea, isto porque induz um aumento da

vascularização na periferia do tumor que enfraquece oosso adjacente a este, aumentando o risco de fraturaespontânea5.As doses usadas no tratamento paliativo vãode 2000 a 4000 cGy, em doses fracionadas(800cGy nosdias 0-7-21 ou 2000 em 7 dias ou 3000 em 2 semanasou 4000 em 4 semanas), a analgesia independe dofracionamento e sim da dose.11

Nos pacientes sem condições de cirurgia, aradioterapia é usada com objetivo antiálgico, na tentativade melhorar a qualidade de vida.11

A radioterapia é ainda o principal método adjuvanteno tratamento cirúrgico, uma vez que promove o controletumoral nas áreas com implantes pela manipulação nacirurgia, mantendo a integridade estrutural e prevenindonovas fraturas ao longo do osso manuseado.5

O tratamento cirúrgico pode ser empregado nasfraturas patológicas iminentes ou naquelas jáestabelecidas. A indicação para cirurgia é controversa,variando de acordo com a experiência de cada centroespecializado em oncologia.5

São indicações cirúrgicas gerais de maior aceitação:fratura em ossos que sustentam carga onde a expectativade vida é maior ou igual a 1 mês; fratura em ossos quenão sustentam carga com expectativa de vida maior ouigual a 3 meses; estado geral de saúde adequado paraintervenção cirúrgica; estoque ósseo remanescente quesuporte implante ortopédico e se o procedimento trazbenefícios para o paciente , no sentido de permitir suamobilização e facilitar seus cuidados gerais5. A maioriados serviços utiliza ainda o escore desenvolvido porMirels (quadro 1) mesclado às próprias observaçõesclínicas, na polêmica indicação cirúrgica das fraturaspatológicas iminentes6. Este escore para cirurgia deveser acima de oito.

Com relação às indicações de tratamento cirúrgicopara descompressão de elementos neurais e estabilizaçãobiomecânica da coluna vertebral, a maioria dos autoresconcorda com intervenções nos seguintes casos: 1)mielopatia; 2) obstrução óssea do canal vertebralproduzindo compressão tecal; 3) instabilidade vertebralcom dor mecânica renitente; 4) fratura-luxação dacoluna; 5) radiculopatia com sintomas progressivos eincontroláveis; 6) crescimento tumoral não responsivoà radioterapia; 7) expansão direta de tumor de lesõesprimárias para a vértebra5.

Analisando-se com critério a peculiaridade de cadacaso, pode-se utilizar uma gama extensa de soluçõesortopédicas, desde a confecção sob medida deendopróteses diafisárias e articulares (rígidas ou não),placas, parafusos até hastes intramedulares, bloqueadasou não,colocadas a foco aberto ou fechado.

O cimento ósseo (polimetil metacrilato) vem sendoempregado com sucesso como método adjuvante paraaumentar a estabilidade obtida com a fixação interna epara preenchimento de defeitos causados pela curetagemintra lesional do foco. Em alguns serviços a crioterapiatambém é usada como método adjuvante, no controlede lesões quimio e radio resistentes.5

Nos tumores hipervascularizados, angiografia eembolização podem ser utilizadas de forma neoadjuvantecom o objetivo de reduzir o sangramento intra-operatório.

Imobilizadores e amputação ainda têm espaço no

tratamento local da doença óssea metastática. Oprimeiro pode ser empregado quando a doença local éextensa e a  performance status (P.S.) crítica, isto é,naqueles pacientes tidos como pré-terminais; enquantoa amputação tem sua utilidade nos casos de complicaçõesrelacionadas ao tumor ou ao tratamento (ex.: ulceração,sangramento e lesões infectadas), na dor intratável e namaioria dos casos de acrometástases5 (figura 2).

O prognóstico das lesões ósseas metastáticas estárelacionado à resposta clínica à doença primária, aonúmero de implantes no esqueleto e ao tipo

Pontos

Variáveis1 2 3

Local Membros superiores Membros inferiores Região peritrocantérica

Dor Leve Moderada Funcional

Lesão Blástica Mista Lítica

Tamanho < 1/3 1/3 a 1/2 > 2/3

Quadro 1-Quadro 1-Quadro 1-Quadro 1-Quadro 1- Escore para indicação cirúrgica das fraturas patológicas iminentes.

Fonte: Mirels (6)

Meohas W, et al

Revista Brasileira de Cancerologia 2005; 51(1): 43-47

Page 5: Metastases Implantes Osseas

5/17/2018 Metastases Implantes Osseas - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/metastases-implantes-osseas 5/5

 

Figura 2 -Figura 2 -Figura 2 -Figura 2 -Figura 2 - acrometástase de tumor de pulmão (carcinoma

epidermóide).

histopatológico do tumor. Certos tipos de tumor, comoo Carcinoma Renal, Carcinoma de Mama e MielomaMúltiplo tem maior capacidade de consolidação,enquanto que neoplasias como Melanoma, Carcinomade Pulmão e Carcinoma Colo Retal raramenteconsolidam quando fraturados.5

CONCLUSÃO

As metástases para o tecido ósseo usualmente sãooriundas de carcinomas, que têm seu controle adequadoquando o tratamento da lesão primária é eficaz.

A combinação apropriada de cirurgia, terapia

sistêmica e radioterapia promove o controle da dor epreserva a função nos pacientes com implante ósseosecundário.

A abordagem da doença óssea metastática émultidisciplinar e deve ser adequada ao contexto geraldo paciente, levando em consideração fatores relevantescomo  performance status (P.S.), sobrevida e os reaisbenefícios que o tratamento proposto pode trazer paraaquele caso em particular.

O advento da Medicina de Cuidados Paliativos e daClínica da Dor trouxe inestimáveis contribuições para

a melhoria da qualidade de vida daqueles pacientesconsiderados fora de possibilidade de cura. Nestepanorama o cirurgião ortopédico tem papel fundamentalno tratamento dos implantes secundários, sendoimportante que compreenda que a alteração local é parteda doença sistêmica, e que, portanto, deve ser avaliada

de forma abrangente visando a melhoria da qualidadede vida da população acometida pela doença ósseametastática.

REFERÊNCIAS1. Diel IJ, Kauffamann M, Bastert G, editors. Metastatic bone

diseases, fundamental and clinical aspects. Berlin: SringerVerlag; 1994. p. 1-11.

2. Sim FH, Frassica FJ, editors. Diagnosis and management of metastatic bone disease, multidisciplinary approach. NewYork: Raven; 1998. p. 1-6.

3. Brown HK, Healey JH. Metastatic cancer to bone. In:DeVita VT Jr, Hellman S, Rosenberg AS. Principles andpractice of oncology. 6th ed. Philadelphia: LippincottRaven; 2001. chap. 56.

4. Bohuslavizki KH, Early JF, Brenner W. Pet imaging of osteosarcoma. J Nucl Med. 2003;40:930-42.

5. Healey JH, Brown HK. Complications of bone metastases.Cancer. 2000;88(12):2940-50.

6. Mirele H. Metastatic diseases in long bones, a proposedscoring system for diagnosis impending pathologic fractures.Clin Orthop. 1989;249:256-64.

7. Donato J. Tumores ósseos. In: Metástase de carcinoma. Riode Janeiro: Rocca; 2001. p. 211-6.

8. Câmera RLA. Metastatic ossea come segno único de umcarcinoma delle prostata. Minerva Urol. 1971;23:159.

9. Lichtenstein L. Tumores ósseos. In: SJM. Carcinomametastático en el esqueleto. Barcelona: Tallerer Gráficos;1975. p. 370-87.

10. Instituto Nacional de Câncer; Ministério da Saúde. TNMclassificação dos tumores malignos. 5a ed. Rio de Janeiro(Brasil); 1998.

11. Tong D, Gillick L, Hendrickson FR. Cancer. 1982;50:893-9.

Metástase óss

Revista Brasileira de Cancerologia 2005; 51(1): 43-47